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Governo prepara medida que prevê racionamento de energia

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Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto: Energia - Página: A1,B1,B3 - Publicação: 13/06/21

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Governo prepara medida que prevê racionamento de energia

Governo prepara medida que prevê racionamento de energia

Plano é criar, por meio de MP, comitê de crise que poderá adotar providências como redução obrigatória do consumo

O Estado de S. Paulo 13 Jun 2021

Marlla Sabino Anne Warth /

JF DIORIO/ESTADÃO-29/10/2014

Conta. Custo de medidas para economizar energia será pago novamente pelo consumidor

Em meio à mais grave crise hidrológica em 91 anos no País, medida provisória elaborada pelo governo cria condições para adoção de um racionamento de energia elétrica, informam Marlla Sabino e Anne Warth. Documentos revelam a intenção de criação de comitê de crise que terá o poder de adotar medidas como redução obrigatória do consumo, contratação emergencial de termoelétricas e mudança de vazão de hidrelétricas sem aval de Estados e municípios. Essas medidas seriam as mesmas adotadas em 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar o apagão. Os custos das medidas serão pagos pelo consumidor, por meio de taxas na conta de luz. “Diante do contexto crítico e excepcional que o País vivencia, para garantir a efetividade das deliberações desse colegiado com a tempestividade necessária, torna-se premente que essas (medidas) se tornem excepcional e temporariamente determinativas”, afirma o texto do governo.

O governo tem nas mãos uma medida provisória que cria condições para adoção de um racionamento de energia. O

‘Estadão/Broadcast’ teve acesso a documentos internos que revelam a intenção de criar um comitê de crise que terá o poder de adotar medidas como a redução obrigatória do consumo e a contratação emergencial de termoelétricas – mesmas medidas adotadas em 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar o apagão.

Publicamente, sempre que questionado, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tem negado o risco de um racionamento.

A MP propõe a formação de um grupo que poderá mudar a vazão de hidrelétricas de forma imediata, sem aval de outros órgãos e de Estados e municípios. Os custos das medidas serão pagos pelo consumidor, por meio de taxas na conta de luz. O texto está sendo analisado em meio à pior crise hidrológica que o Brasil viveu nos últimos 91 anos, sem perspectiva de chuvas nos próximos meses.

“Diante do contexto crítico e excepcional que o País vivencia, para garantir a efetividade das deliberações desse colegiado, com a tempestividade necessária, torna-se premente que essas se tornem excepcional e temporariamente determinativas, podendo prever, inclusive, o estabelecimento de programa prioritário de termoeletricidade e de programa de racionalização compulsória do consumo de energia elétrica”, diz a minuta a qual o Estadão/Broadcast teve acesso.

O racionamento de energia vigorou entre 1.º de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002. Quem não cumpria a meta pagava um adicional na conta de luz que variava de 50% a 200% e podia até mesmo ter a energia cortada como forma de punição. A minuta da MP em análise agora pelo governo não faz referência a incentivos

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para quem economizar além da meta a ser determinada, como ocorreu no passado, nem define qual seria o alvo.

Com o racionamento, as indústrias também tiveram de reduzir a produção, e o Produto Interno Bruto (PIB), que havia crescido 4,4% em 2000, desacelerou

para 1,4% em 2001. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que o apagão de 2001 causou perdas de R$ 45,2 bilhões, pagas em sua maioria pelo consumidor, que teve de arcar com reajustes elevados nos anos seguintes.

O desgaste político e econômico

é apontado como uma das causas do fracasso do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em fazer um sucessor.

Nas eleições de 2002, José Serra foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.

Pela minuta da MP, as usinas do Programa Prioritário de Termeletricidade,

mesmo nome de um programa criado em 2000, deverão ser contratadas em leilões como energia ou reserva de capacidade.

Para adotar essas e outras medidas, o governo vai criar a Câmara de Regras Operacionais Excepcionais para Usinas Hidrelétricas (CARE), grupo que poderá determinar mudanças imediatas na vazão desses empreendimentos.

A exemplo do que foi feito em situações de escassez hídrica que ocorreram no passado, prejuízos a geradores que tiverem de produzir menos energia para cumprir as determinações impostas pelo governo serão pagos pelo consumidor. Os custos para evitar o apagão serão pagos por meio de uma taxa – Encargos de Serviço do Sistema (ESS) – embutida na conta de luz de todos os consumidores.

Ministério diz que ‘explora todas as medidas’

Nota do Ministério de Minas e Energia não nega MP sobre proposta de racionamento

O Estado de S. Paulo 13 Jun 2021

Marlla Sabino Anne Warth

O Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou na tarde de ontem, 12, que instituições do setor energético continuam trabalhando para garantir a segurança energética, em meio à pior crise hidrológica já registrada no País, para evitar ter de impor racionamento de energia aos brasileiros.

A nota foi publicada após o Estadão/Broadcast revelar que o governo prepara uma Medida Provisória que cria condições para o racionamento de energia elétrica e para a contratação emergencial de termoelétricas. O comunicado da pasta não nega que a proposta esteja em discussão.

Publicamente, sempre que questionado, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tem afastado a possibilidade de apagão ou corte compulsório de energia, apesar de existirem alertas sobre a possibilidade de queda na geração de energia por falta de chuvas para encher os reservatórios de água das usinas hidrelétricas.

As medidas previstas na MP em estudo, no entanto, são as mesmas adotadas em 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga elétrica em 20% para evitar o apagão. “Com a atuação tempestiva de todos os envolvidos e considerando o quanto o setor elétrico brasileiro evoluiu, é que o governo federal, inclusive em coordenação com os entes federativos, vem explorando todas as medidas ao seu alcance que nos permitirão passar o período seco de 2021 sem impor aos brasileiros um programa de racionamento de energia elétrica”, diz o comunicado.

A pasta explicou que, apesar da geração hidrelétrica representar 65% da produção de eletricidade no Brasil, a participação da fonte na matriz elétrica vem cedendo espaço para outras alternativas desde os anos 2000, como usinas eólicas e energia solar.

A estratégia de diversificação busca reduzir a dependência das usinas hidrelétricas, uma das principais vulnerabilidades identificadas no racionamento em 2001, durante a gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O ministério afirma ainda que as instituições setoriais estão agilizando a implementação das ações que garantem o fornecimento normal de energia para toda a população.

“O MME reitera, desta forma, com transparência, que este é o momento em que cada um tem de fazer a sua parte, governo e sociedade, buscando o uso racional dos recursos hídricos e da energia elétrica, permitindo que todos nós passemos por esta conjuntura crítica com serenidade e sem alarmismos”, assinala o documento distribuído ontem. Segundo especialistas, o Brasil passa atualmente pela pior crise hidrológica dos últimos 91 anos.

Sinergia. Segundo a pasta, as medidas relacionadas à gestão dos recursos hídricos, como a maior retenção de água nos reservatórios, têm sido também discutidas na Sala de Situação do Governo Federal com diversos órgãos da administração pública. “Isso é importante para que haja sinergia, tempestividade e segurança jurídica nas respostas”, afirma a nota.

Além de criar condições para um racionamento e para a contratação emergencial de termoelétricas, a minuta da MP ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso também propõe a formação de um grupo, a Câmara de Regras Operacionais Excepcionais para Usinas Hidrelétricas (Care), que poderá determinar mudanças imediatas na vazão desses empreendimentos.

O colegiado, que será presidido pelo Ministro de Minas e Energia, poderá tomar decisões sem o aval de outros órgãos, que costumam ser consultados, entre eles a Agência Nacional de Águas (Ana) e o Ibama, além de governadores, prefeitos e concessionários.

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Especialistas criticaram o teor da MP. O ex-diretor da Aneel Edvaldo Santana afirmou que o governo precisa se organizar para o pior. “As incertezas podem ser reduzidas com ações também do lado da demanda, mas ou é uma medida compulsória ou é um simples programa de racionalização, que é voluntário. Não há um programa de ‘racionalização compulsória’, como imagina o governo. É melhor ir direto ao ponto. A sociedade compreenderá melhor”, disse.

Economista e sócia do escritório de advocacia Sergio Bermudes, Elena Landau afirma que a MP não deixa claras as atribuições e responsabilidades do comitê. “O texto é vago, a governança é difusa. Um comitê de crise precisa de comando, como foi dado a Pedro Parente no racionamento de 2001.”

Para ela, não há como restringir o uso da água por hidrelétricas e, ao mesmo tempo, atenuar impactos no custo da energia. “E ainda vão usar o racionamento para justificar o desvirtuamento das funções do planejamento por meio dos jabutis da MP de privatização da Eletrobrás, como contratar térmicas para entrarem em operação daqui anos fosse resolver.”

• Empresas fazem planos

Grandes consumidores querem reduzir pressão do sistema em horários de pico

O Estado de S. Paulo 13 Jun 2021

Renée Pereira

O setor produtivo faz planos para racionalizar o consumo de energia e evitar o colapso do sistema. Ideia de grandes consumidores é reduzir produção nos horários de pico, entre 18h e 21h, e acionar geradores a diesel.

De olho na deterioração do nível dos reservatórios das hidrelétricas e possíveis problemas de abastecimento nos próximos meses, os grandes consumidores de energia elétrica decidiram criar um programa de racionalização para evitar o colapso do sistema. A ideia surgiu após reunião com o Ministério de Minas e Energia, ocorrida no meio do feriado de Corpus Christi, para apresentar o cenário atual e pedir ajuda aos executivos do setor.

Depois da experiência do racionamento de 2001, que afetou o Produto Interno Bruto (PIB) do País e interrompeu a produção de várias empresas, o setor produtivo não quer ser surpreendido com cortes obrigatórios. O plano que vem sendo desenhado prevê medidas para aliviar o sistema nos horários de pico, normalmente entre 18h e 21h. A preocupação maior hoje é com aumento de apagões nesses períodos, quando a carga sobe e pressiona o sistema elétrico.

Por isso, uma das propostas em estudo é o deslocamento da produção para outros períodos, fora dessa faixa. Outra medida seria o acionamento de geradores a diesel no horário de ponta para desafogar o sistema. Desde o racionamento de 2001, muitas empresas adquiriram esses equipamentos para se precaver. Para as empresas que podem migrar de eletricidade para o gás, uma alternativa seria usar caldeiras a gás em vez de elétricas.

Medida voluntária. O presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, que participou da reunião com o Ministério, explica que a adoção das medidas é voluntária e exige, muitas vezes, soluções específicas para cada empresa. Algumas companhias têm produção constante e a interrupção poderia provocar prejuízos milionários, diz o executivo. Outras podem até deslocar produção entre fábricas localizadas em regiões diferentes.

“Estamos conversando com os associados e vendo o que dá para fazer de forma simplificada. Esse é um trabalho que tem de ser feito por empresa.” O objetivo, diz Pedrosa, é evitar que térmicas de R$ 1,5 mil o megawatt/hora (MWh) sejam despachadas, elevando o custo de todo o sistema. Hoje, ao contrário de 2001, há recursos que podem ser adotados previamente para evitar problemas maiores, afirma ele.

Na conversa inicial com o Ministério, a ideia era começar a adotar essas medidas a partir de julho ou agosto. O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, que também participou da reunião e acompanha a elaboração de um programa de racionalização, afirma que o marco regulatório já permite a adoção desses instrumentos. O que precisa é detalhar alguns pontos.

“As medidas serão necessárias por quanto tempo? Como será comprovado que uma empresa reduziu o consumo em determinado horário? Como seria a compensação na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)?”, questiona Menel.

Ele diz que já houve uma experiência no Nordeste, mas que, na ocasião, foi prejudicada pela inadimplência na CCEE.

A Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) também iniciou trabalho com propostas de racionalização para apresentar ao governo. Segundo o presidente Venilton Tadini, o sistema elétrico hoje, mais diversificado, permite o uso de vários dispositivos para amenizar os efeitos da crise, decorrente da pior crise hidrológica dos últimos 91 anos.

Faltam detalhes

“As medidas serão necessárias por quanto tempo? Como será comprovado que uma empresa reduziu o consumo em determinado horário? Como seria a compensação na CCEE?”

Mário Menel

PRESIDENTE DA ABIAPE

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Matriz elétrica ainda depende de volume de chuvas

Em 2001, 90% da energia vinha de hidrelétricas, porcentual que hoje é de 68%; dependência do clima, porém, segue alta

O Estado de S. Paulo 13 Jun 2021

/ R.P.

O aumento do risco de racionamento de energia neste ano tem origem semelhante à da crise de 2001, quando o País foi obrigado a reduzir o consumo de eletricidade. Naquela época, o nível de chuvas foi insuficiente para encher os reservatórios e garantir a passagem tranquila pelo período seco, que vai do fim de abril até outubro. Desta vez, a situação é parecida. As chuvas foram fracas, e os reservatórios estão vazios. A diferença é que hoje a matriz elétrica é mais diversificada, com novas fontes de energia.

Em 2001, quase 90% da matriz elétrica era hídrica e o restante térmica e nuclear. Hoje, esse porcentual caiu para cerca de 68%, e novas fontes ganharam importância na produção nacional, como a eólica, biomassa, solar e térmicas a gás (veja gráfico).

Ainda assim, a crise atual é um retrato de que a dependência dos reservatórios – e das chuvas – ainda é grande.

“A piora na hidrologia já foi apontada em outubro do ano passado e se aprofundou. Isso tem a ver com as mudanças climáticas”, diz a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. Segundo ela, desde 2013, a hidrologia vem caindo sensivelmente, sobretudo na área dos grandes reservatórios. Hoje, ao contrário do último racionamento, as soluções para o problema são diferentes. As eólicas, por exemplo, poderão chegar a 18% no pico de geração – isso significa segurar água nos reservatórios.

O professor da UFRJ Nivalde de Castro, coordenador geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), não acredita em apagão neste ano. Mas ele destaca que essa premissa segue duas variantes: o comportamento da demanda nos próximos meses e a entrada em operação de novas plantas – há expectativa de cerca de 10 mil MW de eólicas e térmicas. “De qualquer forma, as tarifas vão subir, pressionando a inflação porque todo o parque de termoelétricas terá de ser despachado continuamente.”

Base antiga. Segundo o presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, o problema é que o setor elétrico é intrinsecamente ineficiente. A base envelheceu. “O preço do sistema está em R$ 250 o MWh (valor do mercado à vista) e estamos chamando térmicas de R$ 1,5 mil.” Além disso, muita gente usa o sistema e não paga, como a geração distribuída que não tem o custo da tarifa fio.

“Há vários modelos que exportam custos e geram ineficiência. O sistema precisa ser modernizado.” Segundo ele, tudo mudou – a tecnologia, o clima e a participação do consumidor –, mas o sistema continua a socializar custos. Para ele, é necessário valorizar os atributos de cada fonte, sem subsídios.

Pedrosa se refere aos chamados jabutis incluídos na MP de privatização da Eletrobrás, que prevê a prorrogação do Proinfa – programa de incentivo às fontes alternativas criado em 2002, quando eólica e solar praticamente não existiam. De lá para cá, as fontes ganharam competitividade com o barateamento dos equipamentos e redução do preço da energia – o que não justificaria mais subsídios para o desenvolvimento das usinas.

Para o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, a expansão das térmicas a gás, prevista para os próximos anos, deverá reduzir o risco do sistema elétrica. Isso porque as usinas operam na base – ou seja, o tempo todo, ao contrário das eólicas e solares que dependem das condições climáticas.

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