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O MOVIMENTO OPERÁRIO NO ESPÍRITO SANTO: UM ESTUDO DE CASO - A GREVE DE 1908

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Academic year: 2021

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¹Graduando do 5º período do Curso de História, participante do Grupo de Estudos em Instituições, Violência e Cidadania no âmbito do Laboratório de Pesquisas Históricas e Sociais Aplicadas - LAPHS - do Centro Universitário São Camilo - ES isaac-correia@hotmail.com;

² Graduando 5º período do Curso de História, participante do Grupo de Estudos em Instituições, Violência e Cidadania no âmbito do Laboratório de Pesquisas Históricas e Sociais Aplicadas - LAPHS - do Centro Universitário São Camilo - ES, edilsonsaloto@gmail.com;

³ Graduando do 5º período do Curso de História, participante do Grupo de Estudos em Instituições, Violência e Cidadania no âmbito do Laboratório de Pesquisas Históricas e Sociais Aplicadas - LAPHS - do Centro Universitário São Camilo - ES, romulo.historia20@gmail.com;

Professor orientado: Doutorando em Ciências Humanas - Sociologia pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (capes 7);

Professor e coordenador do Grupo de Pesquisas em Instituições, Violência e Cidadania e do

Laboratório de Pesquisas Históricas e Sociais Aplicadas - LAPHIS no Centro Universitário São Camilo - ES; Pesquisador associado do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana

(UFRJ).

O MOVIMENTO OPERÁRIO NO ESPÍRITO SANTO: UM ESTUDO DE CASO - A GREVE DE 1908

CORREIA, Isaac de Almeida¹ MOREIRA, Edilson Salôto² PARIS, Romulo Paneto³ COSTA, Marco Aurélio Borges⁴

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa analisar o Movimento Operário e os grupos de trabalhadores urbanos da federação do Espírito Santo nas primeiras décadas do século XX, verificando se havia algum tipo de consciência política por parte dos operários ou algum tipo de organização de classe procurando relacioná-los ao contexto nacional, usando como estudo de caso a greve realizada no ano de 1908 pelos ferroviários da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo. Outra temática abordada será a maneira como se tem escrito a história do Espírito Santo, ou seja, como o tema da greve foi abordado por alguns autores a partir da análise da imprensa da época.

Os principais objetivos deste trabalho são: comparar a situação dos grupos formados pelos operários que viviam no Espírito Santo com a vida do proletariado dos grandes centros urbanos da época; apresentar, através do estudo de caso, que não havia mobilização político operária no Espírito Santo e nem consciência de classe no período estudado neste trabalho e que existiam grupos de trabalhadores,

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mas não compunham uma classe e nem organizaram a greve com interesses políticos; e investigar a forma que alguns escritores mencionaram o episódio da greve criando equivocadamente o mito da presença do Movimento Operário e da consciência de classe por parte dos trabalhadores no Espírito Santo.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a confecção do trabalho, a metodologia utilizada consiste em uma revisão bibliográfica acerca da história do Movimento Operário no Brasil, para comparar o contexto do Espírito Santo com os grandes centros urbanos do início do século XX, análise da imprensa local com destaque para o jornal Cachoeirano que circulava no Espírito Santo a época da greve.

Outro método empreendido nesse trabalho é o estudo das bibliografias ditas tradicionais referentes a historiografia espiritossantense, que relatam sobre o fato estudado aqui, a greve.

DESENVOLVIMENTO

O ponto de partida acerca de qualquer assunto que envolva trabalhadores urbanos, deve ser a questão terminológica, ou seja, é necessário fazer uma análise com relação à conceituação de alguns termos para que não haja algum entendimento errôneo em torno dessa linha de pesquisa. É comum haver uma certa confusão acerca do conceito do Movimento Operário. Segundo Hobsbwam (2000) o Movimento Operário é a organização política em forma de sindicatos ou partidos políticos. Outro conceito relevante para o tema é o da classe operária, que segundo Thompson (1989, p. 304) surgiu a partir da experiência própria dos trabalhadores, formando um quadro fundamentalmente político da organização da sociedade, ou seja, a consciência de classe só existe a partir da interação e divisão de experiências, isso de forma gradual, entre os operários criando uma espécie de identidade coletiva.

No início do século XX existe um princípio de industrialização no Brasil para desenvolver a infra-estrutura ligada ao sistema cafeeiro. Isso fez com que surgissem agrupamentos de trabalhadores nos centros urbanos, como a cidade do Rio de

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Janeiro. Embora houvesse uma certa industrialização, as empresas criadas no período da Primeira República serviam de sustentação para essa infra-estrutura da dinâmica cafeeira que a época sustentava a economia brasileira, mostrando ainda o caráter agroexportador do país como uma permanência do período imperial, ou seja, não existia um projeto de industrialização a nível nacional para o país e sim "ilhas industrias" voltadas quase exclusivamente para ao sistema cafeeiro por intermédio da iniciativa privada.

Um aspecto importante dessa infra-estrutura é a construção, ampliação e manutenção da malha ferroviária brasileira para exportação do café, logo, temos uma parcela dos trabalhadores urbanos que são os ferroviários, que possuem características peculiares que os diferencia dos trabalhadores fabris devido ao seu regime de trabalho, pois não possuem uma sede fixa evitando a solidariedade entre os membros desse grupo, já os trabalhadores fabris possuem um elo que os liga, assim eles desenvolvem a solidariedade que é o ponto de partida das instituições políticas como sindicatos ou mesmo partidos políticos.

O desenvolvimento do Movimento Operário nas grandes cidades brasileiras, onde se concentravam as "ilhas-industriais" levou um bom tempo para eclodir as manifestações políticas, pois o processo de conscientização da classe trabalhadora foi lenta. Cláudio Batalha ilustra isso com os seguintes dizeres "A formação de classe é um processo mais ou menos demorado, cujos resultados podem ser verificados na medida em que concepções, ações e instituições coletivas de classe, tornam-se uma realidade" (2006, p.163).

Existem registros de que ao final do século XIX começara no Brasil, a partir do surto de industrialização citado acima e o desenvolvimento da classe dos trabalhadores urbanos, a organização política operária com a criação do Partido Operário e a realização do I Congresso Operário Brasileiro por volta do ano de 1890.

Nesse começo de organização as principais bandeiras defendidas foram: "eleição direta em todos os postos eletivos pelo sufrágio universal, determinação de um salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho e proibição de trabalho de crianças de doze anos." (REZENDE,1990: 9). Esse foi o início da conscientização política por parte da classe trabalhadora, logo passava a existir ai o que hoje podemos chamar de Movimento Operário.

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TRABALHADORES URBANOS E O MOVIMENTO OPERÁRIO NO ESPÍRITO SANTO

O caso da industrialização no Espírito Santo é peculiar, pois o interesse da infra-estrutura cafeeira não partiu de iniciativa privada, mas sim do Estado. O desenvolvimento dessa infra-estrutura criou um grupo de trabalhadores livres, que fugiam da dinâmica fabril de possuir uma base fixa de trabalho. Os ferroviários se enquadram nesse perfil, inclusive é um dos primeiros grupos de trabalhadores urbanos existentes na federação, sobretudo na região sul devido a construção e manutenção da Estrada de Ferro Leopoldina. Mesmo a dinâmica da ferrovia não favorecer a solidariedade entre os operários eles se uniram e organizaram uma greve, no ano de 1908, que teve como um dos principais objetivos segundo o jornal O Cachoeirano datado de 21 de Novembro de 1908, o pagamento dos salários atrasados e a melhora nas condições de trabalho.

A partir de uma análise do relato é possível perceber que a houve uma mobilização motivada por um conjunto de fatores isolados e não de viés político, logo é possível criar uma hipótese de que a greve de 1908 não tem ligação com o movimento operário, pois não havia uma organização política por parte dos trabalhadores e também não caracterizava consciência de classe, pois não existia coerência entre o grupo. Diferente do que se tem escrito sobre essa greve por autores como José Teixeira de Oliveira e Evandro Moreira. O primeiro, que utiliza a notícia do jornal escreve que a manifestação foi pacífica e criou uma áurea em torno da greve como se fosse a grande manifestação operária do início do século XX no Espírito Santo. (2008, p. 443). Já o segundo autor, Evandro Moreira, dá a entender em seu livro Cachoeiro uma história de lutas, que a "greve foi o primeiro grande movimento operário do Espírito Santo" (2004, p.162). Lembrando dos termos ao início deste ensaio, o Movimento Operário possuí tendências políticas, o que não está presente na greve ocorrida em 1908 na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, pois após a manifestação não houve continuidade da mobilização operária ou alguma formação de instituições políticas. Para Schayder (2011, p.14-15) a história regional tem sido escrita de forma tendenciosa atendendo a interesses do Estado, empresa e mídia, portanto isso afeta de forma incisiva a veracidade histórica.

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PERIÓDICOS

O Cachoeirano - Cachoeiro de Itapemirim, 21 de Novembro de 1908.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATALHA, Claudio. Formação da classe operária e projetos de identidade coletiva. in. O tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 30. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. - (O Brasil Republicano; vol.1). p. 161-189.

HOSBBAWM, Eric. Mundos do Trabalho – Novos Estudos sobre História Operária.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

MOREIRA, Evandro. Cachoeiro, uma história de lutas. Vol. I - 1539 a 1930.

Cachoeiro de Itapemirim: Gracal, 2004. p. 162-163.

OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Espírito Santo. Vitória: APES, 2008. p.

443.

REZENDE, Antônio Paulo. História do Movimento Operário no Brasil. São Paulo:

Ática,1990. p. 8-23.

SCHAYDER, José Pontes. Como se tem escrito a história do Espírito Santo:

Pequeno ensaio das "histórias miúdas" de dois imigrantes portugueses. Cachoeiro de Itapemirim: Cachoeiro Cult, 2011.

THOMPSON, E. P. A Formação das Classe Operária Inglesa. 2ed. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1989. (A força dos trabalhadores; vol.3).

Referências

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