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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar CTTMar Curso de Oceanografia

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar Curso de Oceanografia

Taxa de crescimento de juvenis de robalo-peva Centropomus parallelus (Poey,1860) em tanque-rede para diferentes densidades na fase de pré-engorda na Enseada da

Armação do Itapocoroy, Penha-SC

REGES ROOS

ITAJAÍ 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar Curso de Oceanografia

Taxa de crescimento de juvenis de robalo-peva Centropomus parallelus (Poey,1860) em tanque-rede para diferentes densidades na fase de pré-engorda na Enseada da

Armação do Itapocoroy, Penha-SC

REGES ROOS

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de oceanógrafo, na Universidade do Vale do Itajaí

Orientador: Gilberto Caetano Manzoni

ITAJAÍ 2011

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i DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Roger e Rejane e aos meus irmãos Roger e Roberta que não mediram esforços e acreditaram em mim. Amo vocês.

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ii AGRADECIMENTOS

Família, nenhum dicionário pode explicar o que esta palavra representa na prática para mim. Nesta palavra existem mais significados que apenas pessoas de uma mesma descendência. Junto com ela tem o amor, a segurança, o carinho, o conforto que me deram enquanto eu apenas tinha que estudar. Amo vocês mais que qualquer coisa no mundo! Mais que um rabo de macaco. Muito obrigado mãe, pai, irmão e irmã! Ah, agora tem mais uma, também te gosto bastantão Júlia.

Também existe uma morena, muito linda, que logo no primeiro dia que a vi, tive certeza que era ela que eu queria ao meu lado. Me ajudou muito com seu companheirismo, inteligência,amizade, paciência e amor. Débora te amo demais.

Grande Kadu, pode ser chamado de ventania, Casemiro.... Amigaço de verdade, me ajudou muito durante toda a faculdade. Inventamos uma metodologia de estudo de cálculo muito eficiente, mas para poucas pessoas. Valeu e desejo muita sorte e sucesso porque competência não falta.

Ao meu orientador Gilberto Caetano Manzoni vulgo Giba, que confiou em mim e me deu a oportunidade de desenvolver esse trabalho. Desculpa alguns dribles e gols no futebol as terças, mas não leva para o lado pessoal. Ah, vê senão manipula mais as tampinhas e o goleiro.

Pati, essa não podia faltar, sempre com seu sorrisão e almoços deliciosos!! Uma amigona, viagens, pescarias, bebedeiras, churras. Grande abraço para a Saio, Minhoca, teu vô puçuca e a vó com sua culinária que muito nos alimentou aqui.

Mineiro, sempre fazendo a gente rir, mesmo sem ter a intenção!! Grande amigo e caçador de ratos que só tive a oportunidade de conviver melhor no último ano. Sempre disposto a ajudar, me acompanhou em varias idas ao mar.

Jeferson, alemão véio de Santa Cruz do Sul não tinha tempo ruim literalmente, várias trocas de rede com mar crescido e chuva. Sempre disposto a ensinar e dar dicas para publicações e TCC, além de ajudar a tomar aquela bem gelada.

Everton, sempre disposto a ajudar, tanto nas trocas das redes como na alimentação dos peixes nos fins de semana.

Renatinho, esse é o cara! Deu problema, não sabe o que fazer? Pergunta pro Renatinho! Uma criatividade inacreditável para achar soluções. Quebrou muito galho durante o tempo que trabalhei no CEMar.

Leo Lynce que teve papel fundamental no tratamento estatístico dos dados e “perdeu” muitas horas com minhas dúvidas e invenções do Giba.

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iii É difícil falar de todos, mas também houve muitas outras pessoas que tiveram a sua contribuição e espero que sintam-se agradecidas. O nome pode não aparecer aqui no texto, mas estarão na lembrança e na festa para comemorarmos.

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iv SUMÁRIO DEDICATÓRIA ... i AGRADECIMENTOS... ii SUMÁRIO ... iv LISTA DE FIGURAS... vi

LISTA DE TABELAS ... vii

RESUMO ... viii 1. INTRODUÇÃO ... 1 2. OBJETIVOS ... 4 2.1. Objetivo Geral ... 4 2.2. Objetivos Específico ... 4 3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 5 4. MATERIAIS E MÉTODOS ... 9 4.1. Área de estudo ... 9 4.2. Tanques-rede ... 9

4.3. Transporte dos peixes ... 11

4.4. Aclimatação dos peixes ... 11

4.5. Delineamento experimental ... 12

4.6. Alimentação ... 13

4.6.1. Ração ... 13

4.7. Troca das redes. ... 13

4.8. Limpeza das redes ... 14

4.9. Biometria ... 14

4.10. Parâmetros físico-químicos ... 16

4.11. Despesca ... 16

4.12. Parâmetros para análise do crescimento ... 18

4.12.1. Taxa de conversão alimentar aparente (CAA) ... 18

4.12.2. Taxa de crescimento específico (TCE) ... 18

4.12.3. Biomassa final... 18

4.12.4. Sobrevivência ... 19

4.13. Análise estatística ... 19

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 20

(7)

v

5.1.1. Ganho de peso médio ... 20

5.1.2. Conversão alimentar aparente (CAA)... 21

5.1.3. Taxa de crescimento específico (TCE) ... 22

5.1.4. Sobrevivência ... 22 5.1.5. Biomassa final... 23 5.2. Parâmetros físico-químicos ... 24 5.2.1. Temperatura ... 24 5.2.2. Oxigênio... 25 5.2.3. Salinidade ... 26 5.2.4. Potencial hidrogeniônico... 27 5.2.5. Amônia total ... 28 5.3. Área de estudo ... 29 5.4. Tanques redes ... 29

5.5. Transporte dos peixes ... 30

5.6. Aclimatação dos peixes ... 30

5.7. Delineamento experimental ... 30

5.8. Troca das redes ... 30

5.9. Limpeza das redes ... 31

5.10. Biometria ... 31

5.11. Despesca ... 32

6. CONCLUSÕES ... 33

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 34

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vi LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Posição dos quatro tanques-rede, paralelos ao parque aquícola da Fortaleza localizado na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC. ... 9 Figura 2: Tanque-rede usado no experimento, com suas estruturas principais identificadas, flutuadores com diâmetro de 140mm, anel superior com diâmetro de 50mm e o bracked que une as duas estruturas. ... 10 Figura 3: juvenis de robalo-peva nos sacos plásticos usados para o transporte do laboratório de piscicultura marinha da Universidade Federal de Santa Catarina até os tanques-rede na Enseada do Itapocoroy, Penha-SC. ... 11 Figura 4: Soltura dos peixes vindos do LAPMAR-UFSC, no tanque-rede após a aclimatação. ... 12 Figura 5: Representação dos quatro tanques-rede divididos em duas densidades (g/m³). ... 13 Figura 6: Troca da rede realizada nos 4 tanques-rede. A rede antiga era paneada até a metade do tanque e na outra metade amarrada a rede nova. ... 14 Figura 7: Juvenis de robalo-peva retirados para biometria mensal, sendo anestesiados com benzocaína antes de serem medidos e pesados. ... 15 Figura 8: Medição do comprimento total com paquímetro dos robalos-peva retirados para biometria mensal. ... 15 Figura 9: Despesca com auxilio de peneiras e baldes, para contagem e separação por tamanho no mar. ... 17 Figura 10: Selecionador de tamanho para peixes usado no momento da despesca. ... 17 Figura 11: Crescimento médio em peso(g) da densidade A 74,4g/m³ (tanque 1 e 2) e

densidade B 159/m³ (tanques 3 e 4) nas 5 biometrias realizadas durante o período de

estudo com seus respectivos desvio padrão. ... 21 Figura 12: Variação temperatura (°C) nos 4 tanques-rede no período de março/2011 a setembro/2011 ... 24 Figura 13: Regressão linear simples correlacionando o incremento de peso (g) e a

temperatura (°C), os pontos azuis representam as biometrias de cada tanque. ... 25 Figura 14: Variação do OD (mg/l) nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a

setembro/2011 ... 26 Figura 15: Variação da salinidade(psu) nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a

setembro/2011 ... 27 Figura 16:Variação do pH nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a setembro/2011 .. 27 Figura 17: Variação da amônia (mg/l) nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a

setembro/2011 ... 28 Figura 18: Rompimento do flutuador mais externo do Tanque-rede 1. ... 29 Figura 19: Incrustação da rede que está sendo retirada após 30 dias no mar. ... 31

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vii LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores em % de umidade, proteína bruta (PB), cinzas, gordura, calcio, fosforo e fibra bruta contidos na ração fornecida para os juvenis de robalo-peva. ... 13 Tabela 2: Valores da taxa de conversão aparente (CAA), taxa de crescimento específico (TCE) e sobrevivência para os quatro tanques ao final do período de estudo ... 23 Tabela 3: Valores da biomassa inicial, biomassa final e o incremento de biomassa em g/m³ para os quatro tanques-rede ao final do período de estudo. ... 23 Tabela 4: Valores da correlação dos parametros fisico-quimicos analisados durante o estudo com o ganho de peso dos peixes. ... 28

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viii RESUMO

Apesar das excelentes condições naturais, abundância de recursos hídricos e potenciais espécies para o cultivo, hoje a piscicultura marinha no Brasil não existe em escala comercial. Uma dessas espécies é o robalo, conhecido assim nas regiões sul e sudeste e como camori ou camorim nas outras regiões, esse peixe é apreciado em toda costa brasileira. Seu potencial para piscicultura vem da sua grande tolerância as variações na qualidade da água, salinidade e manejo, além do alto valor no mercado. Este trabalho tem como objetivo avaliar a taxa de crescimento do robalo-peva (Centropomus parallelus) em diferentes densidades em tanques-rede marinhos na fase de pré-engorda. O estudo foi realizado na Enseada da Armação do Itapocoroy no município de Penha-SC no período de março a setembro de 2011. Os peixes foram divididos em duas densidades, 1500 peixes (74,4g/m³) chamada de tratamento A e 2700 peixes (159g/m³) chamada de tratamento B. Cada densidade foi realizada em duplicata. Os peixes do tratamento A possuíam peso médio de 3,18±1,06g e os peixes do tratamento B possuíam peso médio de 3,77±1,12g. A alimentação era manual até a saciedade uma vez por dia. A ração era para carnívoro marinho, constituída de 48,6% de proteína bruta e tamanho do pellet de 2,5mm. A cada mês era realizada uma biometria com cerca de 100 indivíduos por tanque para acompanhar o crescimento. Parâmetros físico-químicos (temperatura, salinidade, OD, amônia e pH) eram medidos semanalmente. A sobrevivência foi de 92,47%, 71,8%, 60,0% e 56,3% para os tanques 1,2,3 e 4 respectivamente. A taxa de crescimento específico (TCE) expressa em (%/dia) foi maior para o tanque 1 (0,56), 0,32 para o tanque 2, 0,13 para o tanque 3 e 0,05 para o tanque 4. A conversão alimentar aparente (CAA) também acompanhou os outros parâmetros de crescimento e foi mais satisfatória para o tanque 1 (1,23), para os tanques 2,3 e 4 a CAA ficou em 2,48, 4,8 e 10,7 respectivamente. A temperatura variou entre 27 e 16,2°C, ficando abaixo dos 22°C a partir do mês de maio, sendo o único parâmetro fora da zona de conforto para espécie. Oxigênio manteve-se perto da saturação. Salinidade média foi de 32ppm. Apenas uma vez foi verificada a presença de amônia total. Ao final do estudo o peso médio dos peixes era de 8,06 ± 2,7g para o tratamento A e 7,59 ± 2,55g para o tratamento B. O ganho de peso médio foi significativamente maior (p=0,00000) no tratamento A. Contudo não foi possível afirmar se a diferença no ganho de peso dos robalos é efeito da densidade ou de outro parâmetro físico, químico ou biológico.

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1 1. INTRODUÇÃO

A piscicultura com espécies marinhas começou por volta do ano 1.400 na Indonésia, onde juvenis do peixe-leite (Chanos chanos) eram capturados nas marés altas e colocados em viveiros. Somente a partir de 1954, no Japão, com a utilização de tanques-rede e o desenvolvimento do cultivo marinho do olhete (Seriola quinquerradiata) que a piscicultura marinha iniciou sua expansão. Em 1973 o cultivo de garoupas foi introduzido na Malásia e se espalhou nos países asiáticos na década de 1980. Os anos 1990 caracterizaram-se pela expansão mundial deste segmento produtivo (SHEPHERD & BROMAGE, 1988).

No Brasil, o cultivo de peixes marinhos provavelmente teve início no século XVII no Estado de Pernambuco, durante o governo do holandês Maurício de Nassau onde, naquela época, robalos (Centropomus), tainhas (Mugil) e carapebas (Eugerres e Diapterus) eram cultivados extensivamente em viveiros de maré (VON IHERING, 1932 apud CAVALLI, 2007). Em 1935, somente na cidade de Recife, existiam cerca de 100 hectares de viveiros de maré com juvenis de diversas espécies de hábitos costeiros (SCHUBART, 1936 apud SILVA, 1992).

Apesar das excelentes condições naturais, abundância de recursos hídricos e potenciais espécies para o cultivo, hoje a piscicultura marinha no Brasil não existe em escala comercial (OSTRENSKY et al., 2007). Segundo Sanches et al. (2008) atualmente algumas entidades dedicam-se ao estudo de espécies de peixes marinhos com potencial para cultivo, dentre elas se destacam o Instituto de Pesca/SP, Universidade Federal de Santa Catarina/SC, Fundação Universidade do Rio Grande/RS e Universidade Federal do Ceará/CE, que têm investido em espécies como o linguado (Paralichthys orbignyanus), garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus), badejo (Mycteroperca microlepis), vermelhos (Lutjanus synagris e Lutjanus analis), os pampos (Trachinotus carolinus, T. goodei) e os robalos (Centropomus parallelus e C. undecimalis).

Os robalos são peixes classificados taxonomicamente dentro daOrdem Perciformes, Família Centropomidae, Gênero Centropomus. Para a costa brasileira são citadas quatro espécies: Centropomus undecimalis, Centropomus parallelus, Centropomus ensiferus e Centropomus pectinatus (FIGUEIREDO & MENEZES, 1985), sendo as duas primeiras predominantes. Segundo Rivas (1986), são consideradas 12 espécies válidas, com distribuição geográfica nas Américas do Norte, Central e do Sul, sendo seis espécies no Pacífico e seis no Atlântico. Os robalos são peixes marinhos de águas costeiras que adentram os estuários e rios de água doce nas diferentes fases de seu ciclo de vida. Habitam, portanto, os cursos inferiores das principais bacias hidrográficas de sua área de ocorrência (GILMORE et al., 1983; ALVAREZ-LAJONCHERE et al., 1982). Os

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2 centropomídeos podem alcançar tamanhos superiores a 1 metro de comprimento e 20 quilogramas de peso (FIGUEIREDO & MENEZES, 1980).

Conhecido como robalo nas regiões sul e sudeste e camori ou camorim nas outras regiões, esses peixes são apreciados em toda costa brasileira (CERQUEIRA, 2004). Muitos autores relatam o seu potencial para piscicultura, pois seus estudos mostram a sua grande tolerância as variações na qualidade da água, salinidade e manejo, além do alto valor no mercado (TEMPLE et al, 2004; MACIEL, 2006; TSUZUKI et al, 2007). O preço de venda do robalo está abaixo somente do preço do atum, estando acima do valor do salmão e da maioria das demais espécies de peixes comercializadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP, 2010).

O robalo-peva (Centropomus parallelus), dificilmente ultrapassa 75 centímetros de comprimento e 4 quilogramas. Além do tamanho menor, o corpo mais alto, a linha lateral menos enegrecida e o espinho da nadadeira anal mais desenvolvido são as principais diferenças entre as espécies Centropomus parallelus e C. undecimalis (FIGUEIREDO, 2000).

Ao longo do desenvolvimento da piscicultura tem-se observado uma tendência ao uso de sistemas de cultivo cada vez mais intensivos. A intensificação dos processos de produção busca alcançar maior produtividade em menores áreas, menor tempo e custo racionalizado (KUBTIZA, 1999). Na aqüicultura intensiva, a densidade em que uma espécie pode ser estocada é um importante fator na determinação da viabilidade econômica. Uma maior densidade de estocagem permite um menor custo de produção por peixe, desde que não haja redução substancial na taxa de crescimento e que a sobrevivência seja satisfatória (BJÖRNSSON, 1994).

Uma forma comum de cultivo intensivo é a utilização de tanques-rede, que além de suportar maiores densidades, facilitam a despesca, melhoram o desenvolvimento pela diminuição dos fatores que provocam o estresse, e facilitam também a alimentação por possuírem uma maior concentração de indivíduos (MORALES 1983 apud GUARIZI, 2010).

A alevinagem, ou a pré-engorda, é a primeira fase do cultivo após o desmame (transição entre o alimento vivo e o artificial) e a metamorfose das larvas, quando ainda ocorrem algumas perdas devido à sua fragilidade e dificuldade para a aceitação do alimento artificial. Depois que o organismo alcança de 5 a 10g de peso, já está mais resistente e apto para ser colocado em sistema de engorda (CERQUEIRA, 2002).

Com relação a informação sobre o cultivo de robalo-peva, são poucos os trabalhos envolvendo o efeito da densidade de estocagem no crescimento em condições intensivas em tanques-rede marinho na fase de pré-engorda. Existindo ainda a necessidade de estudos que ampliem as informações sobre o comportamento dessa espécie em diversas

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3 condições de cultivo, o que torna esse trabalho uma importante referência para análise da viabilidade de implantação de cultivos desta espécie a nível comercial.

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4 2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar o desenvolvimento de juvenis de robalo-peva (Centropomus parallelus) na fase de pré-engorda cultivados em diferentes densidades em tanque-rede marinho na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC.

2.2. Objetivos Específico

a) Analisar a taxa de conversão alimentar dos robalos-peva cultivados;

b) Determinar o ganho de peso médio dos robalos (Centropomus parallelus) nas diferentes densidades de cultivo;

c) Verificar a sobrevivência dos robalos nas diferentes densidades de cultivo; d) Analisar os parâmetros ambientais;

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5 3. REFERENCIAL TEÓRICO

A pesca e a aqüicultura forneceram ao mundo cerca de 142 milhões de toneladas de pescado em 2008. Desses, 115 milhões de toneladas se destinaram ao consumo, proporcionando um abastecimento per capita aparente aproximado de 17kg. A aqüicultura foi responsável por 46% do total de pescado comestível. O incremento do pescado aquícola compensou o ligeiro descenso da produção da pesca e o aumento da população. A aqüicultura segue crescendo mais rapidamente que qualquer outro setor de produção de alimentos de origem animal, e a maior ritmo que a população, um crescimento médio anual de 6,6% e se espera que supere a pesca como fonte de pescado comestível (FAO 2010). Apesar de uma produção expressiva de pescados originária da aqüicultura o cultivo de peixes exclusivamente marinhos corresponde há apenas 3% do total (FAO, 2009).

No cenário mundial, a piscicultura marinha vem crescendo nos últimos anos, baseada em determinadas espécies como o bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua) na Noruega, que aumentou consideravelmente no período de 2000-2008. Os peixes planos como o Psetta maxima, Paralichtys olivaceus e Cynoglossus semilaevis que passaram de 26.300 toneladas em 2000 para 148.800 toneladas em 2008, sendo a China e a Espanha os principais produtores (FAO, 2010). O pargo europeu (Sparus aurata), o robalo europeu (Dicentrarchus labrax) e o robalo asiático (Lates calcarifer) também são responsáveis pelo crescimento da piscicultura marinha (FAO, 2006).

O pargo europeu Sparus aurata é uma espécie comum no mar Mediterrâneo, também presente ao longo da costa leste do Atlântico desde a Grã-Bretanha até o Senegal. Devido a seus hábitos eurihalinos e euritérmicos, a espécie se encontra tanto em ambientes marinhos e águas salobras, como lagunas e áreas estuarinas, em particular durante as etapas iniciais do seu ciclo de vida (FAO, 2006a).

Em média, os pargos europeus maiores e pré-engordados (10g) alcançam o primeiro tamanho comercial (350-400g) em aproximadamente um ano, enquanto que juvenis menores (5g) levam 16 meses para atingirem o mesmo tamanho. A engorda em tanques-rede marinhos é o sistema de cultivo normalmente usado nos países do mediterrâneo, com densidades de 10-15kg/m³ (FAO, 2006a).

A maior parte da produção do pargo vem da Grécia, que foi o maior produtor em 2002, com 49% do total produzido, Turquia 15%, Espanha 14% e Itália 6%. Além desses países, ainda existe uma produção considerável na Croácia, Chipre, Egito, França, Malta, Marrocos, Portugal e Israel (FAO, 2006a).

O robalo europeu (Dicentrarchus labrax) foi à primeira espécie marinha não salmonida que se cultivou comercialmente na Europa e atualmente é o peixe comercial mais importante e amplamente cultivado nas áreas mediterrâneas. Grécia, Turquia, Itália,

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6 Espanha, Croácia e Egito são os maiores produtores. Durante o fim dos anos 1960, França e Itália competiam para desenvolver técnicas confiáveis de produção de juvenis de robalo europeu, e até fim dos anos 1970, estas técnicas foram suficientemente bem desenvolvidas na maioria dos países mediterrâneos para produção de larvas e alevinos. (FAO, 2006b)

O robalo europeu é euritérmico (5-28 °C) e eurihalino, assim esta espécie é capaz de freqüentar águas costeiras interiores e ocorrem em estuários e lagunas. (FAO, 2006b)

Apesar do robalo-europoeu poder ser cultivado em tanques de terra e lagunas de água salgada, atualmente a maior parte de sua produção provem de cultivos em tanques-rede marinhos com dimensões de 4 até 10m² e 6-8 metros de profundidade (FAO, 2006b)

Os juvenis de 1,5-2,5g são pré-engordados até 10-15g, com alimentação automática a cada 10-15 minutos. Após esse tamanho a freqüência alimentar diminuí e podem alcançar o tamanho comercial de 400-450g em 18-24 meses (FAO, 2006b).

Para o cultivo em tanques de terra é mantido um sistema de fluxo aberto, alimentado com água bombeada do mar ou de lagunas adjacentes sob temperatura ambiente. Aplicam-se altas densidades iniciais (20-35 kg/m³); isto significa que é esAplicam-sencial um controle preciso da qualidade da água e da saúde dos peixes. Para controlar a temperatura da água (entre 13-18 °C) durante outono/inverno, nas fases de larvicultura e pré engorda é usado um sistema de recirculação. Algumas fazendas com maior estrutura utilizam o sistema de controle da temperatura também na fase de engorda, mas este processo é muito caro devido à tecnologia requerida. As densidades finais são extremamente altas e podem chegar entre 70-100kg/m³ (FAO, 2006b).

O cultivo de robalo asiático (Lates calcarifer) começou nos ano 70 na Tailândia e se expandiu rapidamente pelo sudeste asiático. É uma espécie eurihalina pertencente a família Centropomidae, que habita águas doces, salobras e marinhas. É encontrado no pacifico indo-ocidental, (Golfo arábico, China, Taiwan, Papua Nova Guiné e norte da Austrália) (FAO,2006c).

O robalo asiático cresce rapidamente, alcançando o tamanho comercial (350 g a 3 kg) entre seis meses e dois anos respectivamente. Geralmente seu cultivo é feito em tanques-rede que variam entre 3x3m e 10x10m com profundidades entorno de 2-3m (FAO,2006c).

A produção anual de robalo asiático se mantém estável desde 1998, em 20.000-27.000 toneladas. Tailândia é o principal produtor com 8.000 toneladas/ano desde 2001. Indonésia, Malásia e Taiwan também são produtores importantes. (FAO,2006c). A Austrália alcançou uma produção de 2.800 toneladas nos anos de 2003/04 gerando um valor de 17,7 milhões de dólares (O’SULLIVAN et al. 2005).

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7 As densidades utilizadas em jaulas de cultivo para esta espécie oscilam geralmente entre 15 a 40kg/m³, podendo chegar até 60kg/m³ (RIMMER, 1995). O mesmo autor afirma que o aumento das densidades reduz os índices de crescimento, sendo este efeito menor em densidades inferiores a 25kg/m³.

No Brasil algumas espécies de robalo apresentam grande potencial para cultivo, principalmente devido ao seu alto valor comercial. Este é o caso do robalo-flecha (Centropomus undecimalis) (TUCKER, 1987), pertencente à família Centropomidae e o robalo-peva (Centropomus parallelus), sendo esta uma das poucas espécies das quais são disponíveis maiores informações sobre sua tecnologia de produção (CERQUEIRA, 2002).

Estudos dirigidos com C. parallelus no Brasil demonstram a sua adaptação ao cultivo em água doce ou marinha. Porém pouco se sabe sobre produção comercial deste peixe, bem como sua sobrevivência em cultivos intensivos. A espécie C. parallelus é ainda pouco estudada em nosso litoral, principalmente sobre seus aspectos biológicos e de cultivo (JUNIOR et al., 2009).

Brugger e Freitas (1993) em Angra dos Reis-RJ realizaram uma avaliação da viabilidade técnica do cultivo do robalo-peva em tanque-rede flutuante com volume de 72m³ instalado no mar. Com 580 indivíduos de 2,7g, os autores verificaram um ganho de peso de aproximadamente 160 gramas em 380 dias, o que equivale a uma densidade final de 539g/m³, com uma conversão alimentar de 2,2 e 41% de sobrevivência final.

Em Conceição da Barra-ES com um tanque-rede de 12m³, os robalos-peva com 1,5g atingiram em média 62,4g (7,5kg/m³) em 270 dias de estudo (OLIVEIRA apud BALDISSEROTO 2005). Outro trabalho realizado com tanque-rede com a espécie Centropomus parallelus no município de Iguape-SP mostra que indivíduos com peso inicial de 1,4g e densidade inicial de 28g/m³ alcançaram peso médio de 333g em 450 dias totalizando uma densidade final de 5,9kg/m³ (NETO apud BALDISSEROTO, 2005).

Outros pesquisadores vêm buscando encontrar informações sobre as melhores densidades de estocagem para cultivos de robalos. Ostini et al (2007) em Ubatuba-SP, comparando densidades de 660,8 g/m³ e 1291,2 g/m³ da espécie C. parallelus durante 160 dias em tanques-rede de 1m³ e indivíduos com peso médio inicial de 32,5g, concluem que a maior densidade apresenta melhor desempenho produtivo. Tsuzuki et al (2008) testaram juvenis de robalo-peva com peso médio inicial de 5,75g e mostram em sua comparação entre as densidades 290, 580 e 1160g/m³, que após 59 dias a densidade não afetou o crescimento e a sobrevivência dos peixes.

Para a espécie Centropomus undecimalis Souza-Filho et al (2003) testou 3 densidades 69,3, 136,2 e 204,3g/m³, mostrando que a taxa de crescimento, de sobrevivência e conversão alimentar do robalo-flecha são influenciadas pelas densidades de

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8 estocagem. Sendo o melhor desempenho na menor densidade e ainda confirmando a relação direta entre a densidade e biomassa final.

A engorda em viveiros de terra, abastecidos com água salgada, é outra forma de se cultivar o robalo intensivamente. Em um teste realizado no litoral do Ceará em uma fazenda de criação de camarão, 15.000 juvenis de robalo-peva com peso médio de 3,2g foram mantidos por 12 meses em um viveiro de 1ha, alimentados com uma dieta comercial com 40% de proteína bruta. A sobrevivência estimada foi de 90% e o peso final médio de 192g (COMPESCAL apud BALDISSEROTO, 2005).

A fim de encontrar as melhores condições para criação de robalos, foram realizados testes de cultivo em água doce. No Espírito Santo, município de Castelo, 3.500 indivíduos da espécie C. parallelus, com peso médio de 1,5g foram estocados em um tanque cilíndrico de 7,5m de diâmetro e 44m³ de volume. A dieta utilizada era comercial, extrusada, com 48% de proteína bruta. A água doce provinha de uma nascente em altitude, fornecendo uma renovação de 30 a 40%/h. A temperatura da água foi de 17 a 28°C e o oxigênio perto da saturação. Ao final de 21 meses, os peixes alcançaram peso entre 300 e 400g, com sobrevivência de 80%. A densidade final girou entorno de 25kg/m³ (PERIN apud BALDISSEROTO, 2005).

Junior et al (2009), em Camboriú-SC, nas dependências do Campo Experimental de Piscicultura de Camboriú – CEPC/EPAGRI, cultivaram em tanques circulares de cimento com volume de 2m³ de água doce, robalos-peva com peso inicial de 11,5g e densidade de 863g/m³. Em 240 dias atingiram peso médio de 46g. A temperatura sempre esteve acima dos 20°C.

No México, no município de Alvarado, o policultivo entre Centropomus parallelus e C. undecimalis em água doce, apresentou bons resultados. Em tanque de concreto com volume de 96m³ foram colocados 132 peva com peso médio de 5,6g e 68 robalos-flecha com peso médio de 29g. A temperatura media foi de 28°C durante os 12 meses de estudo. Ao final obteve-se robalos-peva com peso médio de 124g e robalos-flecha com peso médio de 212g (MEZA et al, 2006).

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9 4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Área de estudo

O Experimento foi realizado no parque aquícola localizado na ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, no município de Penha-SC, (26º58’S ; 48º38’ W) (Fig.1), durante o período de março a outubro de 2011. Nesta região a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), através do Centro Experimental de Maricultura (CEMar) (CTTMar), possui uma área onde desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão relacionadas ao cultivo de organismos marinhos desde 1994.

Figura 1: Posição dos quatro tanques-rede, paralelos ao parque aquícola da Fortaleza localizado na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC.

4.2. Tanques-rede

As estruturas de cultivo de peixes denominadas de tanques-rede foram confeccionados com tubos de polietileno de alta densidade (PEAD), sendo que na linha da água (superfície) os tanques apresentam 2 tubos (flutuadores) circulares com o diâmetro de 140 mm. Nestes tubos foram encaixados estruturas de PEAD, denominados de “bracked”

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10 que permitem a fixação de outro anel, também de PEAD (diâmetro 50 mm) que fica aproximadamente 1 metro acima da superfície (Fig.2).

Os tubos que ficam na linha de água apresentam a função de manter a flutuabilidade da estrutura de cultivo e o anel superior é utilizada para a amarração das redes de cultivo e de proteção anti-pássaro, além de servir de apoio para as atividades de manejo (alimentação e troca de redes) realizadas nos tanques.

Figura 2: Tanque-rede usado no experimento, com suas estruturas principais identificadas, flutuadores com diâmetro de 140mm, anel superior com diâmetro de 50mm e o bracked que une as duas estruturas.

As redes utilizadas nesta etapa do cultivo apresentaram abertura de 5mm entre nós adjacentes e foram confeccionadas com fio multifilamento PA 210/08 . Estas redes apresentavam o diâmetro de 5,7 m e altura de 3,5 metros. Considerando que 1 metro desta rede ficava fora da água e 2,5 metros submerso o volume útil de cultivo disponível para os peixes foi de 64m³.

A rede de proteção (anti–pássaro) utilizada foi confeccionada com fios de PE com tamanho de malha 30 mm e tinha a função de evitar a predação dos peixes por aves. As duas redes foram amarradas no anel superior do tanque-rede.

Cada estrutura de cultivo (tanque-rede) foi ancorado (fundeado) com auxilio de cabos de polietileno 22 mm comprimento médio de 30 metros, que ligavam os tanques a 6 estacas de ferro (diâmetro 100mm) de 2 metros de comprimento, que foram enterradas em pontos georeferênciados e eqüidistantes. A profundidade variou de 6 a 12 metros. Estes tanques foram ancorados paralelamente ao parque de cultivo de moluscos sendo que o tanque 1,

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11 ficou localizado a cerca de 1 km da linha de praia a uma profundidade de 8 metros e o tanque 4 (mais para fora da enseada), ficou distante de 1,5 km da praia a uma profundidade de 12 metros (Fig.1).

4.3. Transporte dos peixes

Os juvenis de robalo-peva (Centropomus parallelus), procedentes do Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC – Florianópolis, foram transportados por 130 quilômetros em sacos plásticos com aproximadamente ⅓ de água salgada e ⅔ de oxigênio (Fig.3), na carroceria de um veiculo utilitário (camionete). Imediatamente após a chegada no município de Penha, os peixes ainda nos sacos plásticos foram colocados nas embarcações (2 Barcos de alumínio 5 metros, motor de popa 15 hp) para serem transportados para os tanques.

Figura 3: juvenis de robalo-peva nos sacos plásticos usados para o transporte do laboratório de piscicultura marinha da Universidade Federal de Santa Catarina até os tanques-rede na Enseada do Itapocoroy, Penha-SC.

4.4. Aclimatação dos peixes

Para aclimatação dos juvenis antes da soltura, os sacos foram abertos e preenchidos gradativamente com cerca da metade do volume de água que continha nos sacos com água

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12 do ambiente, ficando assim por 5 minutos. Após, os peixes foram liberados vagarosamente para o tanque (Fig.4). Os primeiros 30 dias foram considerados como período de aclimatação dos peixes nos tanques de cultivo.

Figura 4: Soltura dos peixes vindos do LAPMAR-UFSC, no tanque-rede após a aclimatação.

4.5. Delineamento experimental

Os peixes foram divididos em duas densidades, 1500 peixes (74,4g/m³) e 2700 peixes (159g/m³)(Fig.5). Cada densidade foi realizada em duplicata. Após os 30 dias de aclimatação foi realizada uma nova contagem dos peixes nos tanques com a finalidade de ajustar as densidades de cultivo substituindo a mortalidade desse período e deixando os tanques com o número de peixes propostos inicialmente no estudo.

Os peixes dos tanques 1 e 2 possuíam peso médio de 3,18±1,06g e comprimento médio de 6,92±0,86cm. Os peixes dos tanques 3 e 4 possuíam peso médio de 3,77±1,12g e comprimento médio de 7,38±0,86cm.

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13 Figura 5: Representação dos quatro tanques-rede divididos em duas densidades (g/m³).

4.6. Alimentação

A alimentação dos peixes foirealizada manualmente até a saciedade, e de maneira geral uma vez por dia no período da manhã. Somente nos casos em que as condições climáticas ou oceanográficas não eram favoráveis os robalos não recebiam alimentação.

Para avaliar a quantidade de ração consumida e a taxa de conversão alimentar, cada tanque apresentava um pote identificado com o respectivo número do tanque. Este pote com ração era pesado diariamente, sendo assim possível avaliar a quantidade de alimento fornecido aos peixes em cada tanque, através da diferença de peso inicial e final dos potes.

4.6.1. Ração

A ração oferecida, para peixes carnívoros marinhos, foi do tipo extrusada, constituída com 48,6% de proteína bruta, pellet de diâmetro 2,5mm e foi fornecida gratuitamente pela empresa de Rações Nicoluzzi (Penha-SC).

Tabela 1: Valores em % de umidade, proteína bruta (PB), cinzas, gordura, calcio, fosforo e fibra bruta contidos na ração fornecida para os juvenis de robalo-peva.

4.7. Troca das redes.

Devido ao desenvolvimento de organismos incrustantes (fouling ou fauna associada) nas estruturas de cultivo, mensalmente era realizada a substituição das redes em cada tanque de cultivo. A troca das redes iniciou logo após a aclimatação e semanalmente era

Umidade (%) PB (%) Cinzas (%) Gordura (%) Calcio (%) Fósforo (%) Fibra Bruta (%)

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14 realizado a troca da rede de um dos 4 tanques, sendo assim, o tempo estimado para a próxima troca em um mesmo tanque era de 4 semanas. Para a troca, a rede antiga era desamarrada até a metade da estrutura e paneada para um lado do tanque, enquanto a rede nova era amarrada no lado oposto (Fig.6). Com isso a parte solta da rede antiga era posta para dentro da rede nova, liberando os peixes para rede limpa.

Figura 6: Troca da rede realizada nos 4 tanques-rede. A rede antiga era paneada até a metade do tanque e na outra metade amarrada a rede nova.

4.8. Limpeza das redes

Após a retirada, a rede era suspensa na balsa de manejo da UNIVALI, fundeada na área de cultivo. A rede permanecia cerca de cinco dias secando ao sol para facilitar a limpeza com a lavadora de alta pressão.

4.9. Biometria

A cada troca de rede, eram selecionados aleatoriamente cerca de 100 indivíduos para biometria. Estes peixes eram transportados da área de cultivo para o laboratório em caixas de 300 litros com água do mar, sendo que durante o transporte o oxigênio dissolvido era monitorado nas caixas com oxímetro digital.

Os peixes selecionados permaneciam de um a dois dias no laboratório, somente após este período eram medidos. Este procedimento foi adotado para evitar que os peixes fossem submetidos a um stress excessivo causando mortalidade durante a anestesia. Os peixes eram sedados com benzocaína (0,07g/L) (Fig.7), sendo pesados em balança eletrônica digital (0,01g) e medidos (comprimento total) com paquímetro (Fig.8). Para recuperação dos indivíduos, os mesmos eram transferidos para bacias com volume de 20 litros com fluxo de água contínuo e no outro dia levados para o seu tanque de origem na área de cultivo.

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15 Figura 7: Juvenis de robalo-peva retirados para biometria mensal, sendo anestesiados com benzocaína antes de serem medidos e pesados.

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16 4.10. Parâmetros físico-químicos

Após a aclimatação, semanalmente os parâmetros físico-químicos foram medidos. Para medir o oxigênio dissolvido e a temperatura foi utilizado o oxímetro modelo AT-150 da Alfa kit com capacidade de leitura de 0-20mg/L ± 2% da leitura para o O2 e capacidade de 0-100°C ± 0,5°C para temperatura. A salinidade foi medida através do refratômetro. Para amônia total foi utilizado fotocolorímetro Alfa Kit modelo AT 10P e para o pH o pHmetro digital Alfa Kit.

4.11. Despesca

Para a despesca foram utilizadas duas embarcações de alumínio e 4 caixas com capacidade para 300 litros cada. Para os tanques 1 e 2 a despesca realizou-se nos dias 05/09/11 e 08/09/11 respectivamente. Os peixes foram retirados e colocados nas caixas e em seguida levados para o laboratório onde foi realizada a contagem dos indivíduos, separada uma amostra para biometria final e depois colocados em dois tanques de 1600 litros. Após um dia no laboratório os robalos foram separados em duas classes de tamanho com selecionador da marca Bernauer edepois levados para o mar. Para os tanques 3 e 4 o processo de despesca foi efetuado no mesmo dia (15/09/11). A contagem e seleção por tamanho foi realizada na embarcação junto ao tanque-rede (Fig.9). Os peixes eram retirados com baldes e colocados no selecionador de tamanho que encontrava-se no barco dentro de uma das caixas com água do mar (Fig.10). Os robalos menores ficavam nesta caixa enquanto os maiores eram colocados em outra caixa. Quando a densidade nas caixas começava aumentar muito, os robalos eram levados para seus respectivos tanques (tanque 2 maiores e tanque 4 menores). Ao final da despesca dos 4 tanques, os indivíduos selecionados que estavam no laboratório foram levados para os tanques no mar. A seleção por tamanho dos peixes é feita para evitar o canibalismo. Também será realizado outro trabalho para avaliar o crescimento do robalo-peva no período de primavera e verão.

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17 Figura 9: Despesca com auxilio de peneiras e baldes, para contagem e separação por tamanho no mar.

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18 4.12. Parâmetros para análise do crescimento

Com os valores de peso observado ao longo do período amostral foram determinados os seguintes parâmetros:

4.12.1. Taxa de conversão alimentar aparente (CAA)

No final do experimento, a CAA foi avaliada de acordo com (BALDISSEROTO 2009), onde:

 Conversão alimentar aparente (CAA) = Onde:

 Af = quantidade de alimento fornecido;  Gp = ganho de peso no período

4.12.2. Taxa de crescimento específico (TCE)

Esta taxa assume que o peso do peixe aumenta de forma exponencial (BALDISSEROTO 2009), essa estimativa é valida para peixes jovens e é expressa em (%/dia).

 (TCE)= Onde:

 Pt1 = peso total médio da amostra no início do experimento;  Pt2 = peso total médio da amostra no final do experimento;  t = tempo em dias.

4.12.3. Biomassa final

Em cada tanque foi quantificada a biomassa final, multiplicando a media de peso pelo numero de indivíduos vivos, dividido pelo volume total do tanque, que terá como unidade

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19 4.12.4. Sobrevivência

A sobrevivência foi estimada pela contagem dos indivíduos no início e no final do experimento. O resultado foi expresso em porcentagem.

 S=

Onde:

 n = número de animais mortos no tanque,  N = número total de indivíduos no tanque;

4.13. Análise estatística

As analises estatísticas foram realizadas no programa STATISTICA 6.0. Primeiramente foram verificadas as correlações entre os parâmetros e a biometria (peso). Após aplicou-se uma analise de covariância (ANCOVA), com p<0,05, para testar a diferença na biometria de acordo com a densidade. Para isso os tanques de mesma densidade foram considerados como réplicas, ou seja, o tratamento A refere-se a densidade 74,4g/m³ (tanques 1 e 2) e o tratamento B refere-se a densidade 159g/m³ (tanques 3 e 4). Foi aplicada uma análise de regressão linear simples correlacionando a temperatura e o incremento de peso.

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20 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Parâmetros para análise do crescimento

5.1.1. Ganho de peso médio

A menor densidade de cultivo (tanques 1 e 2) chamado de tratamento A, onde os peixes apresentavam peso médio inicial de 3,18 ± 1,06 g ao final do estudo alcançaram peso médio de 8,06 ± 2,7g (Fig.11), ou seja, um ganho de peso médio de 4,89g e comprimento médio inicial de 6,92±0,86 cm e comprimento médio final de 9,47± 1,04 cm. A maior densidade de cultivo (tanques 3 e 4) chamado de tratamento B, que no início do experimento apresentava peso médio de 3,77 ± 1,12 g atingiram peso médio final de 7,59 ± 2,55g (Fig.11), ou seja ganho de peso médio de 3,82g e comprimento médio inicial de 7,38 ± 0,86 cm e comprimento médio final de 9,47 ± 1,15 cm.

A análise de covariância (ANCOVA) mostrou que o ganho de peso do tratamento A que possuí menores densidades de cultivo de 74,4g/m³ foi estatisticamente superior (p=0,00000) que o tratamento B onde estão as maiores densidades de cultivo (159g/m³). Os resultados verificados no presente estudo divergem de valores apresentados por outros pesquisadores, pois em Ubatuba-SP, entre densidades de 660,8 g/m³ e 1291,2 g/m³ da espécie C. parallelus durante 160 dias em tanques-rede a maior densidade apresentou melhor desempenho (OSTINI et al., 2007). Outro estudo com juvenis de robalo-peva com peso médio inicial de 5,75g, mostrou que após 59 dias entre as densidades 290, 580 e 1160g/m³, a densidade não afetou o crescimento dos peixes (TSUZUKI et al., 2008). Entretanto, é importante destacar que estas comparações devem ser realizadas com restrições, pois as condições de cultivo são completamente distintas entre elas.

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21 Figura 11: Crescimento médio em peso(g) da densidade A 74,4g/m³ (tanque 1 e 2) e densidade B 159/m³ (tanques 3 e 4) nas 5 biometrias realizadas durante o período de estudo com seus respectivos desvio padrão.

5.1.2. Conversão alimentar aparente (CAA)

A CAA indica se o peixe está aproveitando bem o alimento, pois é obtida através da relação entre a quantidade de ração fornecida aos peixes e o ganho de peso. É considerada conversão alimentar aparente pois é difícil de precisar se realmente os peixes comeram todo o alimento fornecido. A quantidade de ração fornecida durante o período de estudo foi de 8,9 kg, 8,2kg, 12,4kg e 11,7 kg para os tanques-rede 1, 2, 3 e 4 respectivamente.

Os valores de CAA observados no presente trabalho demonstram que no tanque 1 a CAA foi de 1,23 e para o tanque 2 foi de 2,48 (Tab.1). Estes valores estão dentro do esperado,pois em outros trabalhos realizados com robalo-peva na fase juvenil e de pré-engorda Tsuzuki et. al., 2008, alcançaram CAA entre1,3 e 1,6. Para a mesma espécie também na fase de pré-engorda, alimentados duas vezes ao dia com dietas de 47,3 e 49% de proteína bruta foram encontrados valores para CAA de 1,6 e 1,5, respectivamente (NEVES, 2008). Brugger e Freitas (1993) em Angra dos Reis em tanque-rede marinho,com indivíduos de 2,7g, em 380 dias, obtiveram uma conversão alimentar de 2,2. Guarizi (2010) em Florianópolis-SC apresentou CAA entre 3,5 e 1,7 em seu estudo com o robalo-peva.

Por outro lado, os tanques 3 e 4 tiveram os maiores valores de CAA 4,8 e 10,7 respectivamente (Tab.1). Estes elevados valores de CAA foram conseqüência de vários fatores, a mortalidade contribuiu para este valor, pois, a diminuição na biomassa final interfere no resultado da CAA. Também deve-se levar em conta que nem toda ração fornecida aos peixes foi consumida. Com relação a ração pode-se afirmar que ela foi bem aceita pelos juvenis de robalo, pois visualmente foi possível observar que os peixes

dirigiam-0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Peso m é d io ( g) biometrias Tratamento A Tratamento B

(32)

22 se a ração no momento da alimentação. O fato de não ser uma ração especifica para robalos, possivelmente interferiu nos valores finais de crescimento. Outro fator que pode ter contribuído com o crescimento lento foi a baixa freqüência alimentar, pois a alimentação era fornecida somente uma vez por dia. Em estudos realizados com juvenis de robalo-peva, alimentando uma, duas e quatro vezes dias, Corrêa et al. (2010), concluíram que o fornecimento de ração deve ser feito pelo menos duas vezes ao dia, também havendo uma tendência de melhores resultados para TCE e CAA com o aumento das freqüências de alimentação. Além disso a temperatura da água que durante a etapa final de cultivo estava entorno de 17°C, interferiu no metabolismo dos peixes cultivados.

5.1.3. Taxa de crescimento específico (TCE)

Com relação à TCE os quatro tanques apresentaram valores de (0,56, 0,32, 0,13 e 0,05%/dia) (Tab.1). Estes números mostram que o tratamento A (tanques 1 e 2) que possui menor densidade obteve melhores resultados que o tratamento B (tanques 3 e 4) que possui maior densidade. Os valores encontrados para os quatro tanques são muito inferiores aos relatos por Tsuzuki & Berestinas (2008), que alimentando juvenis de robalo-peva duas vezes ao dia com ração comercial constituída de 45% de proteína bruta, obtiveram índice de 1,3%/dia de taxa de crescimento específico. Guarizi (2010) alcançou valores de TCE entre 2,05 e 2,13%/dia para mesma espécie, alimentando duas e quatro vezes ao dia respectivamente. A ração era composta por 40% de proteína bruta. As densidades iniciais foram 639g/m³ e 1278g/m³. Souza (2005), utilizando juvenis de robalo-peva, alimentados a saciedade aparente, obteve uma TCE de 1,6%/dia com uma ração experimental com 46% de proteína bruta. Um fator importante que contribuiu com a baixa taxa de crescimento específico foi a mortalidade, pois com a diminuição da biomassa final a TCE também diminui.

5.1.4. Sobrevivência

A sobrevivência para os tanques com menor densidade foi de 92,47% para o tanque 1 e 71,8 para o tanque 2. Para as estruturas com maiores densidades a sobrevivência foi de 60% para o tanque 3 e 56,3% para o tanque 4. Como os tanques 3 e 4 possuíam maior densidade é provável que o manejo tenha sido mais estressante para os peixes desses tanques aumentando a mortalidade, pois Tsuzuki et al (2008) testaram juvenis de robalo-peva com peso médio inicial de 5,75g e mostram em sua comparação entre as densidades

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23 290, 580 e 1160g/m³, que após 59 dias a densidade não afetou o a sobrevivência dos peixes. Outro fator que pode ter contribuído com os menores valores de sobrevivência dos tanques 3 e 4, é que os mesmos estavam localizados na área mais externa da enseada em relação aos tanques 1 e 2 (Fig.1), sujeito a ação de ventos e de ondas, a uma maior dinâmica oceanográfica que pode ter causado um maior estresse dos peixes cultivados.

Tabela 2: Valores da taxa de conversão aparente (CAA), taxa de crescimento específico (TCE) e sobrevivência para os quatro tanques ao final do período de estudo

Tabela 3: Valores da biomassa inicial, biomassa final e o incremento de biomassa em g/m³ para os quatro tanques-rede ao final do período de estudo.

5.1.5. Biomassa final

Os tanques 1 e 2 com densidades iniciais de 74,4g/m³ apresentaram biomassas finais de 187 e 126g/m³ (Tab.2) respectivamente. Para o tanque 1 o incremento de biomassa foi de 112,6g/m³ e para o tanque 2 o incremento foi de 51,6g/m³.

O tanque 3 que inicialmente possuía biomassa de 159g/m³ apresentou a maior biomassa final (199g/m³), incremento de 40g/m³ O tanque 4 que apresentava biomassa inicial igual ao tanque 3 (159g/m³) alcançou biomassa final de 173g/m³, possuindo incremento de

tanque CAA TCE (%/dia) Sobrevivencia (%) 1 1,23 0,56 92,47 2 2,48 0,32 71,8 3 4,8 0,13 60 4 10,7 0,05 56,3 Tanque Biomassa Inicial (g/m³) Biomassa final (g/m³) Incremento biomassa (g/m³) 1 74,4 187 112,6 2 74,4 126 51,6 3 159 199 40 4 159 173 14

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24 14g/m³(Tab.2) o menor valor de incremento entre os quatro tanques estudados. Entretanto nesta analise se deve considerar que os dois tratamentos (A e B) apresentavam biomassas iniciais distintas e o incremento da biomassa está relacionado com a sobrevivência dos peixes nos tanques. Neste sentido, pode-se afirmar que o tanque 1 proporcionalmente foi o que apresentou melhor resultado, pois apesar de ter sido povoado com menor densidade foi o tanque que apresentou o maior incremento de biomassa.

5.2. Parâmetros físico-químicos

5.2.1. Temperatura

A temperatura no início do experimento no mês de março estava em 27°C e foi diminuindo gradativamente até o fim do período de estudo com atingiu 17,5°C. Nos meses de julho e agosto foi onde se registrou os menores valores para temperatura (16,2°C). A partir do mês de maio a temperatura esteve sempre abaixo dos 22°C (Fig.12). As temperaturas foram semelhantes para os quatro tanques em todo momento. As temperaturas verificadas estão dentro dos valores esperados para região, onde foram detectadas temperaturas mínimas de 12°C e máximas de 30,5°C (PEDROSA, 2011).. Os robalos em temperaturas inferiores a 22°C baixam o consumo, alimentam-se razoavelmente (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). Este efeito da temperatura na alimentação dos peixes e conseqüentemente no ganho de peso foi observado no trabalho.

Figura 12: Variação temperatura (°C) nos 4 tanques-rede no período de março/2011 a setembro/2011 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 18/03/2011 02/04/2011 17/04/2011 02/05/2011 17/05/2011 01/06/2011 16/06/2011 01/07/2011 16/07/2011 31/07/2011 15/08/2011 30/08/2011 Tem p e ratu ra C) dias tq1 tq2 tq3 tq4

(35)

25 Figura 13: Regressão linear simples correlacionando o incremento de peso (g) e a temperatura (°C), os pontos azuis representam as biometrias de cada tanque.

Baldisseroto (2009) afirma que os peixes por serem ectotérmicos, em baixas temperaturas, o metabolismo é muito baixo e não há crescimento. Como mostra o gráfico de regressão linear simples, onde o incremento de peso dos robalos decresce com a diminuição da temperatura (Fig.13). Este fator ambiental teve uma forte influencia (r²=0,4631) nos resultados finais do trabalho.

5.2.2. Oxigênio

O oxigênio dissolvido manteve-se sempre acima dos 5,25 mg/l, valor registrado no mês de maio, alcançando concentração máxima de 8,63 mg/l no mês de julho (Fig.14). Não houve diferença significativa nas concentrações de OD entre os quatro tanques durante o período estudado. Estes valores são considerados adequados, pois o robalo é pouco exigente em termos de oxigênio, possivelmente a seu comportamento calmo e gregário, onde freqüentemente são encontrados em ambientes com baixa concentração , até 1mg/l, sem sinal de estresse (BALDISSEROTO & GOMES, 2005).

17 18 19 20 21 22 23 Temperatura (°C) -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 In c re m e n to d o p e s o ( g )

(36)

26 Figura 14: Variação do OD (mg/l) nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a setembro/2011

5.2.3. Salinidade

A salinidade foi semelhante para os quatro tanques durante o estudo. A salinidade máxima foi verificada em maio (36psu). Após esse registro a salinidade manteve-se praticamente constante em 35psu até o mês de agosto onde provavelmente com a ocorrência de chuvas na região foi diminuindo e atingiu 27psu no final desse mesmo mês (Fig.15). Com relação a salinidade, os robalos são considerados eurialinos e adaptam-se facilmente a variação de salinidade. Juvenis a partir de 0,5g podem ser aclimatados para água doce em menos de 24 horas. Mas ainda são necessários estudos mais conclusivos sobre a faixa de salinidade ideal para o crescimento do robalo-peva (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 18/04/2011 03/05/2011 18/05/2011 02/06/2011 17/06/2011 02/07/2011 17/07/2011 01/08/2011 16/08/2011 31/08/2011 OD ( m g/ L) dias tq1 tq2 tq3 tq4

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27 Figura 15: Variação da salinidade(psu) nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a setembro/2011

5.2.4. Potencial hidrogeniônico

O pH é definido como o logaritmo negativo da concentração (em moles/L) dos íons H+ na água. Os íons H+ apresentam reação ácida na água, enquanto os íon OH- apresentam reação alcalina ou básica. Os valores de pH da água indicam se esta possui reação ácida ou alcalina (KUBITZA, 2003). O pH oscilou entre 7,93 a 8,58 (Fig.16). Em águas marinhas o efeito tampão evita que o pH tenha grandes variações e mantém este parâmetro sempre próximo a neutralidade. Para o robalo ainda não se tem informações sobre qual o pH ideal para esta espécie.

Figura 16:Variação do pH nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a setembro/2011 0 5 10 15 20 25 30 35 40 18/04/2011 03/05/2011 18/05/2011 02/06/2011 17/06/2011 02/07/2011 17/07/2011 01/08/2011 16/08/2011 31/08/2011 Sal ( p su ) dias tq1 tq2 tq3 tq4 6 6,3 6,6 6,9 7,2 7,5 7,8 8,1 8,4 8,7 9 18/04/2011 03/05/2011 18/05/2011 02/06/2011 17/06/2011 02/07/2011 17/07/2011 01/08/2011 16/08/2011 31/08/2011 pH dias tq1 tq2 tq3 tq4

(38)

28 5.2.5. Amônia total

A amônia total foi constatada apenas uma vez no tanque 1 (0,05mg/l) e no tanque 2 (0,01mg/l), no mesmo dia (28/04/11). Nos tanques 3 e 4 não foi verificada a ocorrência de amônia em nenhum momento do estudo (Fig.17). Em relação a influencia da amônia no cultivo de robalos-peva, há poucas informações (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). Eddy (2005) apresenta concentrações de 0,5 mg/l de amônia total como o limite máximo para peixes marinhos.

Figura 17: Variação da amônia (mg/l) nos 4 tanques-rede no período de abril/2011 a setembro/2011

Todas as correlações entre os parâmetros e o peso foram significativas. Percebe-se que a temperatura tem as maiores correlações com o peso (Tab.3). Apesar de estatisticamente os parâmetros serem significativos, somente a temperatura esteve fora do intervalo de conforto para o robalo-peva.

Tabela 4: Valores da correlação dos parametros fisico-quimicos analisados durante o estudo com o ganho de peso dos peixes.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 A m ô n ia (m g/ L) dias tq1 tq2 tq3 tq4 Parâmetros peso temperatura -0,6 OD 0,51 salinidade 0,16 pH 0,09

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29 5.3. Área de estudo

Com relação a tecnologia de cultivo com os tanques-rede ancorados na Enseada da Armação do Itapocoróy pode-se afirmar que a área de estudo se mostrou adequada dentro das condições oceanográficas. Um problema é a incrustação das redes e de outras estruturas (tanques, cabos, bóias). O aumento da incrustação esta associada a produção de moluscos que é uma atividade comum na enseada.

5.4. Tanques redes

Com relação à metodologia de cultivo empregada pode-se afirmar que o sistema de ancoragem se mostrou eficiente, pois durante todo o período de estudo não ocorreu soltura das estacas de ancoragem. Os cabos que fixam as estruturas nas estacas não sofreram nenhum tipo de avaria. No tanque 1 ocorreu o rompimento do flutuador mais externo (Fig.18). Entretanto como no interior deste tubo existia tampão que evitava a entrada de água em todo o flutuador, o anel externo manteve-se flutuando evitando assim que o tanque afundasse.

(40)

30 5.5. Transporte dos peixes

A duração do transporte, do laboratório da UFSC até a área de cultivo foi cerca de três horas e meia. A temperatura média nos sacos plásticos foi de 26°C. O oxigênio dissolvido variou de 7,2 a 5,8mg/l. A salinidade media entre os sacos de transporte foi de 33ppm e a amônia oscilou entre o,45 e 0,36mg/l. Todos esses valores encontram-se dentro das necessidades exigidas para espécie. A mortalidade durante o transporte foi de aproximadamente 2%.

5.6. Aclimatação dos peixes

Todo o processo desde a chegada dos organismos nas embarcações até a soltura levou aproximadamente 20 minutos. Este processo se mostrou adequado.

5.7. Delineamento experimental

As densidades usadas foram adequadas para tipo de manejo. O número de tanques apesar de estatisticamente não ser o ideal foi considerado o número limite para o tamanho da equipe e estrutura envolvida.

5.8. Troca das redes

O tempo entre a troca de rede em cada tanque foi de aproximadamente 30 dias. Esse procedimento é de grande importância para garantir a durabilidade da rede, pois o desenvolvimento desta fauna associada proporciona um aumento significativo no peso da rede(Fig.19), podendo inclusive ocasionar um rompimento da tralha da rede que esta amarrada no anel superior do tanque-rede. Além disso, a troca da rede diminui a interferência dos organismos incrustantes no fluxo (troca) de água entre a área externa e interna dos tanques. Houve o rompimento de vários cabos que seguravam os pesos e mantinham a rede armada devido a incrustação.

(41)

31 Figura 19: Incrustação da rede que está sendo retirada após 30 dias no mar.

5.9. Limpeza das redes

A limpeza de cada rede levava aproximadamente três horas. A cada limpeza eram retirados cerca de 90kg de organismos incrustantes.

5.10. Biometria

O procedimento de anestesiar os peixes com concentração de 0,07g/l de benzocaina nas biometrias se mostrou efetivo. Os peixes levaram em média 30s para adormecer com a anestesia e 50s para se recuperarem da mesma. O tempo total desde a colocação do peixe na anestesia até a recuperação foi de 3 minutos. Não houve mortalidade pela anestesia, isso indica a correta utilização das concentrações de anestesia e tempo de manejo.

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32 5.11. Despesca

Na etapa final do experimento foi realizada a contagem para avaliar a sobrevivência final e posteriormente a seleção dos peixes por tamanho através do uso de um selecionador. Este procedimento de seleção por tamanho foi realizado em dois locais, no mar próximo ao tanque-rede e no laboratório. A seleção realizada em laboratório obteve mortalidade de 20%. Com a realização da seleção por tamanho no mar a mortalidade diminuiu consideravelmente, sendo inferior a 1%. O deslocamento para o laboratório em caixas com alta densidade de peixes pode ter contribuído para uma maior mortalidade.

(43)

33 6. CONCLUSÕES

De acordo com as condições de cultivo observadas no presente experimento pode afirmar que:

 O tratamento A de menor densidade (74,4g/m³) apresentou os melhores resultados;  A sobrevivência foi maior nos tanques de menor densidade (74,4g/m³);

 A conversão alimentar aparente (CAA) foi melhor nos tanques de menor densidade (74,4g/m³);

 A taxa de crescimento específico (TCE) foi maior nos tanques de menor densidade (74,4g/m³);

 Não é possível afirmar que a diferença no ganho de peso foi efeito da densidade;  A temperatura foi a variável com maior influencia no crescimento dos robalos;  São necessários estudos na região com períodos mais longos de observação.

(44)

34 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com relação a tecnologia de cultivo recomenda-se:

 O transporte de 300 peixes com peso médio de 3,5 g em sacos plásticos com ⅔ de oxigênio por 3,5 horas se demonstrou adequado;

 O sistema de ancoragem dos tanques-rede com estacas é adequado para as condições oceanográficas da região.

 Aumento no diâmetro dos flutuadores dos tanques-rede para oferece mais estabilidade durante o manejo.

 Troca da rede em períodos mais curtos facilitaria a limpeza e diminuiria o rompimento de cabos e da própria rede.

 A concentração de 0,07g/l de anestésico (Benzocaína) é suficiente para peixes com peso médio entre 3 e 12g .

 O tempo de 3 minutos entre o peixe ser anestesiado, medido, pesado e ser colocado em recuperação com fluxo de água continuo não causa mortalidade.

 Sugere-se que o procedimento de contagem e seleção por tamanho realizado no momento da despesca diminuem a mortalidade dos peixes.

(45)

35 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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