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UFMG/Departamento de História/FAFICH, UFMG/Departamento de História/FAFICH,

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Academic year: 2021

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DISCUTINDO QUESTÕES

HISTÓRICO-SOCIAIS EM SALA DE AULA: O CASO DE

UM GRUPO DE TRABALHO

DIFERENCIADO NO CENTRO

PEDAGÓGICO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE MINAS GERAIS

Gabriel Schunk Pereira1, Davi Leonardo Mota2, Lucas Macedo Gomes3, Juliana

Taynara Dantas Leite4 e Mateus Augusto Lima e Silva5

1UFMG/Departamento de História/FAFICH, gabrielschunk@hotmail.com 2UFMG/Departamento de História/FAFICH, davileomota@hotmail.com 3UFMG/Departamento de História/FAFICH, lucasgomes98@hotmail.com

4UFMG/Departamento de História/FAFICH, juhtaynara@hotmail.com 5UFMG/Departamento de História/FAFICH, mateuslimaesilva@hotmail.com

Resumo: O objetivo do Grupo de Trabalho Diferenciado “História, Cinema e Ficção”

(grupo 2, que leciona para alunos do 5º e 6º ano do Centro Pedagógico da UFMG) é provocar reflexões a fim de produzir relações entre o cotidiano e filmes sobre as temáticas de preconceito e conflitos sociais. Além disso, propiciar discussões acerca do estigma de “herói” e relacionar os filmes a eventos históricos, de modo que os alunos possam assimilar que, mesmo produções cinematográficas possuem relações com nosso cotidiano. Ao fim do GTD, espera-se que os alunos sejam capazes de dominar os conceitos de representação, verdade, alteridade e

temporalidade.

Palavras-chave: Ensino de História, cinema, representação, verdade, alteridade e

temporalidade.

Abstract: The objective of the Grupo de Trabalho Diferenciado “História, Cinema e

Ficção (group 2, that teaches the classes of the 5º and 6º grades on the Centro Pedagógico of UFMG) is to induce reflections wanting to produce relations between everyday life and the movies, regarding the themes of prejudice and social conflicts. Besides that, to propitiate discussions about the stigma of “hero” and relate movies to historical events, in a way that students can assimilate that even cinematographic productions can produce connections to everyday life. By the end of the GTD, is

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2 expected from the students, that they’re able to grasp concepts of representation,

true, otherness and temporality.

Keywords: History knowledge, cinema, representation, true, otherness and

temporality.

Quando o GTD foi pensado, colocamos como prioridade o questionamento das imagens construídas acerca de personagens, sejam reais ou fictícios. Trabalhar esse conceito tendo como base o cinema de animação nos pareceu pertinente pela narrativa predominantemente dualista nesse gênero (heróis versus vilões). O objetivo fundamental seria mostrar a maneira como é a representação, e não os atos do ou da personagem em si que o credita o posto heroico na narrativa. E, a partir daí, compreender que esse padrão se repete na vida real e que é preciso atentar-se, sempre, ao locutor do discurso para saber a quais interesses ele atende e o que o leva a fazer tais representações seguindo determinado discurso.

Para iniciar esse debate, optamos pela exibição de Os Simpsons: O Filme, animação irônico-satírica que apresenta uma importante virada na história. A princípio, o protagonista Homer Simpson é a causa de todos os problemas ambientais que culminarão com o plano de destruição da cidade de Springfield, considerada pelo governo uma hecatombe ecológica. No fim, todavia, é ele quem salva a cidade da destruição. Essa inversão narrativa, somada à natural empatia com o personagem, extremamente carismático e engraçado, o eleva à posição de herói, despertando sentimentos positivos no espectador. Não obstante, suas atitudes (irresponsabilidade ambiental, paternidade ausente) explicitam um personagem que está bastante longe de ser um bastião da ética. Portanto, é a maneira como se conduz a narrativa do filme que o eleva à posição heroica.

Além da questão central, o filme ainda permite debates importantes no que se refere às questões ambientais e às críticas à sociedade estadunidense, uma constante também na versão para televisão da animação. Sua narrativa escrachada e carregada de sarcasmo é utilizada, não raro, para questionamentos de ordem

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3 política, o que mostra a possibilidade de politização de praticamente qualquer obra

cinematográfica. É importante que os alunos saibam se atentar a essas questões, o que colabora não só para a formação foco do GTD, mas também para uma formação cidadã num sentido mais amplo.

No que se refere a esse filme, as dinâmicas elaboradas se dividiram em duas etapas. Na primeira, análises de cenas pontuais do filme suscitaram o debate entre professores e alunos e possibilitaram uma compreensão mais profunda da narrativa por parte dos estudantes. Na segunda, seria de responsabilidade do estudante a elaboração de uma história que articulasse três personagens, reais ou fictícios, sendo pelo menos um real, como heróis, e outros três como vilões. O convencimento de quem ocupa cada espaço na história deveria surgir através de uma narrativa que conduzisse o leitor a tal conclusão. Além do texto escrito, propõe-se que os alunos façam uma aprepropõe-sentação, teatralizada ou através de uma narração, que mantenha a linha de levar o espectador a constatar quem são os heróis, quem são os vilões e o porquê disso. A partir do momento que o aluno se submete a construir a estória, ele consegue perceber quais são os artifícios utilizados para constituir uma narrativa dualizada e pode, através dessa experiência, desenvolver a habilidade de perceber esses processos nas obras alheias, historiográficas ou não. É uma atividade que visa o desenvolvimento de senso crítico nos alunos, somado à percepção de que o heroísmo é uma questão de perspectiva. O segundo filme escolhido para trabalho foi Der Fuehrer’s Face, um curta-metragem de animação da Disney, de 1942. A partir dele, pretendemos discutir as representações produzidas por Walt Disney acerca do regime nazifascista e das forças do eixo. Após discutir as diferentes possibilidades representativas, que são produzidas de acordo com a perspectiva de alguém, nossa proposta é produzir uma atividade que permita aos alunos construir a sua própria representação de algum personagem histórico escolhido previamente: Tiradentes, Juscelino Kubitschek, Dom Pedro II e Zumbi dos Palmares. Optou-se por fazer, em seguida, uma breve

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4 explanação sobre a vida destes atores históricos, ressaltando elementos que

possam ser controversos.

Na execução da atividade, os alunos, divididos em grupos de três alunos (com um dos grupos contendo quatro), farão uma representação dos personagens que acessaram na aula por meio de um desenho, que poderá ser uma representação que envolva aspectos físicos, de personalidade da figura histórica indicada ou aspectos abstratos (lugares, função social, obras) que estejam relacionados ao sujeito histórico. Será solicitado que os estudantes apresentem, em seguida, para a turma, a representação produzida das figuras históricas, explicando quais aspectos quiseram ressaltar e justificar suas escolhas. Será montado um painel na sala de aula com os quatro desenhos feitos pelos alunos e com um pequeno texto no verso da folha, onde os discentes expliquem as escolhas feitas, quem foi retratado e aspectos dos personagens que quiseram ignorar.

O terceiro filme selecionado é Zootopia: essa cidade é o bicho, animação de 2016. O filme retrata a história de uma coelha, de origem pobre (família de agricultores), que tem o sonho de mudar para o meio urbano (Zootopia, onde todos os animais vivem harmonicamente, de forma igualitária) e consolidar uma carreira como policial, tornando-se, assim, a primeira coelha policial. A coelha Judy enfrenta muito preconceito, mas com a ajuda de uma raposa, investiga o misterioso desaparecimento de um animal. Com esta obra cinematográfica, temos por objetivo trabalhar as temáticas de desigualdade social - visto que Judy tem origem humilde - e desigualdade de gênero - pois o filme apresenta diferença de tratamento dos demais animais com a coelha, considerada mais frágil.

A atividade relativa ao filme Zootopia é montar uma oficina, onde os alunos identifiquem, no filme, quais grupos discriminados e as características destes que são inferiorizadas. A partir desta, espera-se que os alunos sejam capazes de relacionar o filme ao cotidiano e notabilizar agrupamentos que sofrer inferiorização em nossa sociedade, isto é, que os estudantes percebam as situações retratadas no

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5 filme e traçar paralelos com a realidade em que estão inseridos. Discutiremos a

questão do preconceito e a importância do respeito às diferenças Em seguida, os alunos produzirão um texto falando de algum grupo que percebem sofrer discriminalização em nossa sociedade. Por fim, elaboraremos um mural expondo frases que mobilizem o respeito às diferenças.

O quarto filme selecionado pelo grupo foi Vida de Inseto, um filme de animação que relata a história de superação de Flik e seu formigueiro. A princípio, Flik é uma formiga estabanada e sem sucesso com as suas invenções. Prova disso é que no início do filme uma de suas invenções destrói a colheita de comida do seu formigueiro. É importante salientar que mais da metade dessa colheita iria parar nas mãos dos gafanhotos, que exploravam o formigueiro de Flik. Dessa forma, encontrar uma estratégia que contornaria tal situação seria essencial para a sobrevivência do formigueiro.

A fim de encontrar uma salvação para o seu formigueiro, Flik sai em busca de alternativas que pudessem ajudar na luta contra os gafanhotos. No final da trama podemos observar que apesar de todas as dificuldades encontradas, Flik vence os gafanhotos usando a máxima de que “a união faz a força”. Unindo outros insetos e diferentes classes de dentro do seu formigueiro (operárias, soldados e família real), Flik consegue derrotar os gafanhotos.

Logo, podemos relacionar Vida de Inseto com Os Simpsons, pois essas duas produções possuem um enredo parecido. A partir da reviravolta na história dos protagonistas desses dois filmes, os mesmos, ao final, foram elevados ao posto de heróis. Além disso, é possível introduzir o conceito de resistência a partir da história de Flik e seu formigueiro. Para isso, discutiremos em sala, aspectos do movimento negro e LGBT, bem como a resistência contra o nazi-facismo.

Para executar a atividade proposta ao fim da discussão, os alunos devem formar grupos de no máximo três integrantes. A partir disso, cada grupo irá escolher um personagem ou grupo, seja ele real ou fictício, que seja símbolo de alguma

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6 resistência. Após realizar essa primeira parte da tarefa, os grupos deverão

apresentar para o resto da sala o seu personagem ou grupo e justificar a sua escolha.

Em suma, nosso objetivo com o Grupo de Trabalho Diferenciado é tratar de conceitos históricos importantes, e tocar em questões contemporâneas fundamentais, como a desigualdade social e a questão de gênero. Ao final, espera-se que, por meio do cinema, possibilitemos, em sala de aula, a discussão de importantes assuntos, que numa aula de história convencional e cronológica-linear, por vezes são esquecidos. Priorizamos uma metodologia que envolve a realização de atividades lúdicas, para que a disciplina não seja meramente expositiva.

FILMOGRAFIA

DER Fuehrer’s face. Direção: Jack Kinney. EUA, Walt Disney Animation Studios, 8 min. 1945.

OS SIMPSONS: o filme. Direção: David Silverman. EUA, 20th Century Fox, 93 min. 2007.

VIDA de inseto. Direção: John Lasseter. EUA, Pixar Animations Studios e Walt Disney Pictures, 96 min. 1998.

ZOOTOPIA: essa cidade é o bicho. Direção: Byron Howard e Rich Moore. EUA, Walt Disney Animation Studios, 108 min. 2016.

Referências

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