A Economia Como Um Sistema
Complexo (Adaptativo)
Prof. Dr. Carlos de Brito Pereira
NISC/USP
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Introdução
● Apresentação
● Questões Econômicas
– Micro x Macro
– Positiva x Normativa etc. – Valores
● Sistemas Complexos (não é teoria
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Introdução
Economia ComplexosSistemas
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Da “Economia
Política” à “Economia”
● História da Ciência (“HPE”)
– Smith, Ricardo, Marx – Marshall
– Keynes x Keynes – Alternativos
● Mundo Moderno
● Matemática x História (o debate inútil) ● Teorias & Modelos
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Economia Moderna
● “A Teoria” x “Síntese Neoclássica”
● Teorias & Modelos
– Racionalidade – Competição
– O homem egoísta – A informação
● Risco x Incerteza → informação
imperfeita
– O futuro é a média do que supomos
ter sido o passado (aprox.).
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Economia: Problemas
● Ciclo Econômicos
– Bolhas & Quebras
● Papel do Governo
– Regras & Limites
● Como as empresas funcionam
– Lucro acima de tudo? – Escala e seus retornos
● Externalidades são mesmo
externas?
● O consumidor é racional, embora
nem sempre...
– Cidadão não é sinônimo de
consumidor (mas, cuidado!)
● O problema da agregação
– Até Robinson Crusoé tinha um
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Problemas & Respostas?
● A questão fundamental: o
homem é bom ou ruim?
● Resposta da Psicologia Social:
– Depende das circunstâncias
● Weber: racionalidade
econômica não é a única
– Daí a ilusão do universalismo da
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Respostas de fora da Economia
● A questão fundamental: o
homem é bom ou ruim?
● Resposta da Psicologia Social:
– Depende das circunstâncias
● Weber: racionalidade
econômica não é tudo
– Daí a ilusão do universalismo da
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Economia: uma abordagem
complexa
✗ Introdução ✗ Economia ✗ Sistemas Complexos ✗ Economia Complexa ✗ Modelos de Agentes ✗ Futuro (Conclusão)Old Economics New Economics
Decreasing returns Much use of increasing returns Based on 19th century physics
(equilibrium, stability, deterministic dynamics)
Based on biology (structure, pattern, self-organization, life cycle)
People identical Focus on individual life; people separate and different
If only there were no externalities and all had equal abilitites, we’d reach Nirvana
Externalities and differences become driving force. No Nirvana. System constantly unfolding
Elements are quantities and prices Elements are patterns and possibilities No real dynamics in the sense that
everything is at equilibrium
Economy is constantly on the edge of time. It rushes forward, structures
constantly coalescing, decaying, changing Sees subject as structurally simple Sees subject as inherently complex
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O que é um sistema complexo?
● Não há uma definição
universalmente aceita de “sistema complexo”.
● "Sistema complexo é aquele
composto por muitas partes interagentes cujo
comportamento coletivo não decorre trivialmente do
comportamento de seus constituintes."
● (Definição usada para catalogarmos os
livros na nossa biblioteca, elaborada pelos colegas do NISC).
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Características
● Emergência ● Transições de Fase ● Universalidade ● Adaptabilidade ● Auto-organização ● Imprevisibilidade ● Redes Complexas● Causas Múltiplas & Efeitos
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Redes Complexas
● Uniforme (quadrada, p.ex.)
● Mundo Pequeno
● Livre de escala etc.
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A economia como um sistema
complexo: os agentes
● Adaptativo
– Agentes reagem aos eventos – Agentes são racionais, pero no
mucho e nem sempre em termos
econômicos
● Agentes são ligados por redes
– Nem todos, nem sempre – Superposição de redes
– Hierárquicas (firmas, governos,
p.ex.) & Não-Hierárquicas
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A economia como um sistema
complexo: outras características
● Feedbacks
– Retornos crescentes (Arthur) – É irracional ser “decrescente”
(Sraffa)
● Equilíbrio é uma possibilidade
– Não é uma tendência obrigatória
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A economia como um sistema
complexo: redes
● Economia é composta por dois
tipos de redes:
– reais (estradas, rede elétrica,
telefonia, fibra ótica etc.); e
– virtuais (interações entre pessoas,
entre e intra mercados – informações).
● INTERAÇÃO é fundamental para
um sistema ser complexo.
– Isto que falta aos modelos
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Redes e externalidades
● Efeito Rede ou Externalidade de
Rede: telefones, internet, uso de um dado software etc.
● Deseconomias de escala grau
de conectividade (degree of connectedeness). A relação
número de conexões/nós afeta o comportamento da rede.
– A interdependência cresce mais
rápido do que a própria rede impacto em cadeia (ripple efffect).
● Exemplo: crescimento da companhia x
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Redes nas empresas
● Duas forças opostas em uma
rede: economia de escala da informação x deseconomia de
escala das restrições conflituosas
– Reações locais a mudanças gerais.
● Duas possíveis soluções para
organizações que são redes complexas:
– 1. Reduzir a densidade das
conexões; e/ou
– 2. Aumentar a previsibilidade das
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Redes nas empresas
● Uma solução possível é quebrar a
rede em partes menores (com bridges ou não entre as partes).
– Organizar as redes em hierarquias, – Quebrar empresas em divisões
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Redes nas empresas: a hierarquia
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Hierarquia como solução (sic)
● Resultados contraintuitivos:
eventualmente, o problema das grandes companhias não é ser insensível a mudanças mas, ao contrário, ser excessivamente sensível às mudanças.
● “Para resolver, nomeie uma
pessoa. Se não quiser uma solução, crie uma comissão.”
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A economia como um sistema
complexo
● Sistema é DINÂMICO: muda ao
longo do tempo
● Economia é um sistema evolutivo:
– Competição
– Seleção natural
● Não confundir com Spencer e tentar
obter alguma justificativa moral para a pobreza, p.ex.
● Futuro a longo prazo: imprevisível
– Quando muito, é possível apontar
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A Ferramenta “Modelo Baseado em
Agentes”
● Não necessariamente demanda
uso de computador (geralmente, sim)
● Agentes heterogêneos
– Geografia
– Interação local
– Racionalidade limitada (imperfeita)
● Dinâmica sem equilíbrio
● Redes são opcionais
● Quando não há solução formal
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Formas de Uso
● Quando não há solução formal
(única)
● Testar hipóteses de
comportamento & Interação
● Explorar cenários
● Depende das premissas, como
em qualquer modelo ou teoria.
● Gera probabilidade de eventos
– Respostas precisas são raras
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Exemplo: Distribuição de Renda
● Distribuição de Pareto
(“80/20”)
– Regularidade encontrada em várias
sociedades modernas
– Como explicar?
● Sugarscape (Axtel & Epstein)
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Distribuição de Renda: Sugarscape
● Agentes espalhados
aleatoriamente (quadrado 50 x50)
● Características dos agentes têm
distribuição normal
● Fonte de energia: dois montes
açúcar
● Terreno diferenciado
● Agentes procuram, movem-se e
comem açúcar ● Metabolismo aleatório ● Vida/Morte ● Capacidade de enxergar à distância aleatoriamente distribuída
● Dois agentes não podem ocupar o
mesmo lugar no espaço
● Há uma taxa de reposição de
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Distribuição de Renda: Sugarscape
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Sugarscape modificado: sexo
● Prole recebe características
aleatoriamente, sendo metade da mãe, metade do pai.
● Resultados:
1.Média das características aumenta (metabolismo e visão)
2.Sexo provoca mudanças nas
características: ciclos de fome e fartura
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Sugarscape modificado: comércio
● Inclusão de mais um produto no
modelo: pimenta (spice).
– Agentes devem consumir
minimamente os dois alimentos para não morrerem.
● Inclusão de possibilidade de
comércio
– Comércio acontece com os vizinhos.
O preço é relativo (quantidade de açúcar x quantidade de pimenta)
● Resultados:
– Vizinhança passa a ser importante:
rede de comércio, por assim dizer (lembrar do “clustered world”).
– Surgem rotas de comércio (lembrar
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Cadê o equilíbrio que estava aqui?
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Outros resultados com Sugarscape
● Volume de produtos é maior do
que o necessário
– (como acontece em mercados reais
e no mercado financeiro) → equilíbrio não existe e há mais
comércio do que o necessário para cada agente se satisfazer →
geografia, informação
● Há vários preços diferentes sendo
praticados ao mesmo tempo.
– tempo passa a ser uma variável
importante
– as ações acontecem ao longo do
tempo e não simultaneamente (como na teoria tradicional).
● Não há Ótimo de Pareto
– agentes separados no espaço e no
tempo.
– equilíbrio é perdido, bem como o
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Outros Exemplos
● Tributação & Distribuição de
Renda
● Eficiência nas empresas (IgNobel)
● Cascata de falências (bancos &
empresas)
● Mercado financeiro
● El Farol Bar (estratégia/ jogo da
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Outros Exemplos
● Tributação & Distribuição de
Renda
● Eficiência nas empresas (IgNobel)
● Cascata de falências (bancos &
empresas)
● Mercado financeiro
● El Farol Bar (estratégia/ jogo da
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Em busca da teoria de tudo
● Como congregar tantos modelos
em uma teoria unificada?
– O desafio da formalização
matemática
● Volta às origens: “Economia
Política” & as “ciências morais”
– Usar teoria & hipóteses de outras
ciências sociais (alguns físicos são contra)
● Tornar a economia tradicional um
caso especial (estratégia metodológica)
● Um olho no gato, outro no queijo
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Em busca da teoria de tudo
● Um olho no gato, outro no queijo
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Bibliografia Básica
● Beinhocker, E.D. (2006): The
Origin of Wealth. Boston: Harvard
Business School Press, 2006.
(Figuras usadas)
● Epstein, J.M. & Axtell, R. (1996):
Growing Artificial Societies.
Cambridge: The MIT Press, 1996.
● Keen, S. (2011): Debunking
Economics. London: Zed Books
Ltd., 2011 (2nd. Ed.).
● Kirman, A. (2011): Complex
Economics. London: Routledge,
2011.
● Waldrop, M.M. (1992): Complexity.
New York: Simon & Schuster
Paperbacks, 1992. (Figura usada)