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Perspectivas para a Biblioteca Universitária: novas perguntas e respostas

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria Acadêmica

Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do

Conhecimento e Tecnologia da Informação

Perspectivas para a Biblioteca Universitária: novas perguntas e

respostas

Autora: Leila Barros Cardoso Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Spindola Mariz

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LEILA BARROS CARDOSO OLIVEIRA

Perspectivas para a Biblioteca Universitária: novas

perguntas e respostas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Spindola Mariz

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

O48p Oliveira, Leila Barros Cardoso.

Perspectivas para a Biblioteca Universitária: novas perguntas e respostas. / Leila Barros Cardoso Oliveira – 2016.

81 f.; il.: 30 cm

Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2016.

Orientação: Prof. Dr. Ricardo Spindola Mariz

1. Biblioteca Universitária. 2. Produção do conhecimento. 3. Formador cultural-usuários. 4. Impactos tecnológicos. 5. Crise da universidade. I. Mariz, Ricardo Spindola, orient. II. Título.

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Aos profissionais que atuam em Bibliotecas Universitárias.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, toda gratidão a Deus, criador de tudo!

Agradeço de maneira especial ao orientador amigo e irmão que amorosamente não desistiu de mim, nem me deixou desistir, Prof. Dr. Ricardo Mariz.

Aos meus pais, Romualdo e Lizete, que me proporcionaram as primeiras lições de vida.

Aos meus anjos da guarda e com quem transformei minha vida: Mário Lúcio, Henrique e Leonardo. Vocês são mais que especiais no meu coração.

Aos amigos da vida toda: João Batista, Cassinha e Juliber. Vocês ajudaram minha formação como ser humano.

Às irmãs da vida e maiores incentivadoras do mestrado, Bia e Neide, gratidão por todo amor.

À Universidade Católica de Brasília por todas as oportunidades e aprendizados que tive nesta casa: minha gratidão sem palavras.

À querida Ângela, pessoa de muita determinação e doçura. Como você me ensina! Às amigas da jornada: Maria Angela, Leda, Nize, Mônica, Gladys, Ladymar, Tia Lilian, Ana Paula, Luciana, Fabrícia, Carolina, Brígida e Sybelle.

Aos amigos queridos do Clube de Leitura.

Aos profissionais valorosos com quem tenho orgulho de trabalhar e que aprendo sempre, especialmente Bartira, Lília de Sá, Raimunda, Rosângela e super Débora que me socorreu incontáveis vezes na “reta final”, minha eterna gratidão.

Aos meus queridos irmãos Roberto e Ricardo, pelas histórias e aprendizados juntos. Aos queridos familiares.

Aos amigos intelectuais e inspiradores: Agnaldo Portugal e Melillo Diniz.

A todos os colaboradores do SIBI-UCB que trabalham ou já trabalharam nesta super unidade de informação.

Aos professores e ex-professores do MGCTI pelos inúmeros ensinamentos e aos colegas da turma de 2014 pela parceria durante a construção do conhecimento.

À querida Diretora do Programa do MGCTI, Profª Dra. Luiza Alonso, pelo incentivo, carinho, sugestões e cuidado no processo de aprendizagem de todos nós, estudantes.

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À Profª Dra. Ilza Leite de Azevedo Santos Lopes, minha primeira mestra na Universidade Católica de Brasília, in memorian.

Ao Prof. MsC. Pe. Romualdo Degasperi, ex-reitor da UCB, que acreditou ser possível fazer gestão de Biblioteca Universitária de outra maneira e confiou nas minhas ações.

À Profª Dra. Maria Carmen Romcy Carvalho, grande mestra e incentivadora.

Ao Prof. Dr. Emir José Suaiden, que generosamente me atendeu e conversou sobre projetos e novos rumos de Bibliotecas Universitárias aqui e no mundo.

À Profª Dra. Sely Costa, que carinhosamente me recebeu em sua casa, para partilhar sua sabedoria e grande experiência em Bibliotecas Universitárias.

Aos queridos docentes e amigos do IESB, Profª Catia Cilene e Prof. Raul Reche, com quem muito aprendi sobre a maravilha da docência.

A todos os amigos bibliotecários que conheci ao longo de minha jornada profissional. Aos membros da Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias que entusiasticamente levam adiante o ideal de uma Biblioteca Universitária comprometida com a qualidade do ensino superior nesse país.

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Onde está a vida que perdemos vivendo? Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?

Onde está o conhecimento que perdemos na informação?

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RESUMO

Referência: OLIVEIRA, Leila Barros Cardoso. Perspectivas para a Biblioteca Universitária: novas perguntas e respostas. 2016. 83f. Dissertação (Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2016.

A Biblioteca Universitária tem sido vista como agente de formação do conhecimento para pesquisadores e comunidade em geral, indicando como os usuários podem utilizar melhor os acervos disponíveis devidamente catalogados e organizados. Esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar o papel da Biblioteca Universitária como espaço de produção e de estímulo para criação do conhecimento. Para alcançar esse objetivo foram discutidas esta e outras funções como papel de formador cultural de seus usuários, considerando o crescente desenvolvimento das tecnologias e recursos existentes. Foi avaliada a função depositária de acervo comparado à profusão tecnológica e identificadas mudanças com e no espaço da Biblioteca Universitária avaliando a evolução do impresso para o digital. Foram realizadas entrevistas com especialistas em gestão de Bibliotecas Universitárias que corroboraram as mudanças identificadas pelos autores pesquisados. A partir dos textos e entrevistas realizadas, pôde-se constatar que o espaço da biblioteca está sendo discutido e reformulado a partir das mudanças tecnológicas e da própria discussão do papel da universidade em nossa sociedade.

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ABSTRACT

The academic library has been seen as an agent of knowledge development to researchers and general community, indicating how users can make better use of properly cataloged and organized collections available. This search aimed to evaluate the role of the academic library as a place of production and stimulation for knowledge creation. To achieve this goal, were discussed that and other functions, as a role of cultural former of its members, given the increasing development of existing technologies and resources. The depositary function of the collection was compared to the technological and identified profusion changes with and within the academic library, considering that the evolution from print to digital has been evaluated. Interviews were conducted with academic libraries’ management experts, who corroborated with the changes identified by the authors surveyed. From the texts and interviews conducted, it was seen that the library space is being discussed and reworked from technological changes and the discussion itself on the role of the university in our society.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 – Total de IES por Categoria Administrativa 16

Tabela 2 – Total de Estudantes por Categoria Administrativa 17

Tabela 3 – Evolução do número de acessos ao Portal Capes (2004-2013) 18

Tabela 4 – Acervo do Sistema de Bibliotecas da UCB – 2010 a 2014 21

Tabela 5 – Crescimento do Acervo da Universidade de Brasília – 2010 a 2014 23

Tabela 6 – Dados de circulação e empréstimo da Biblioteca da UCB 24

Tabela 7 – Dados circulação e empréstimo da BCE-UnB 24

Tabela 8 – Síntese da revisão com os termos gerais pesquisados Portal Capes 27

Tabela 9 – Síntese da revisão com os termos específicos pesquisados Portal Capes

28

Tabela 10 – Gabinetes de Leitura em Paris, 1819-1883 47

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução do número de acessos Portal Capes 19

Gráfico 2 – Acervo do Sistema de Bibliotecas da UCB – 2010 a 2014 22

Gráfico 3 – Crescimento do Acervo da Universidade de Brasília– 2010 a 2014 23

Gráfico 4 – Dados de circulação e empréstimo da Biblioteca da UCB 24

Gráfico 5 – Dados circulação e empréstimo da BCE-UnB 25

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LISTA DE SIGLAS

ABBU – Associação Brasileira de Bibliotecas Universitárias BCE – Biblioteca Central da Universidade de Brasília BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações BU – Biblioteca Universitária

C&T – Ciência e Tecnologia

Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBU – Comissão de Bibliotecas Universitárias

CNBU – Comissão Nacional de Diretores de Bibliotecas Centrais Universitárias CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico DEED – Diretoria de Estatísticas Educacionais do Inep

FCCH – Faculdade Católica de Ciências Humanas

FEBAB – Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários FHC – Fernando Henrique Cardoso

FICB – Faculdades Integradas da Católica de Brasília FUB – Fundação Universidade de Brasília

IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IES – Instituições de Ensino Superior

IFES – Instituições Federais de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INL – Instituto Nacional do Livro

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LISA – Library & Information Science Abstract

LULA – Luiz Inácio Lula da Silva MEC – Ministério da Educação NAT – Núcleo de Assistência Técnica OMC – Organização Mundial do Comércio

PAAP – Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos PROUNI – Programa Universidade para Todos

RU – Reforma Universitária SIBI – Sistema de Bibliotecas

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SNBU – Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste TI’s – Tecnologias da Informação

TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação UCB – Universidade Católica de Brasília

UnB – Universidade de Brasília

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 14

1.1 Problema e questão da pesquisa... 15

1.2 Justificativa da pesquisa... 16

1.3 Objetivos... 26

1.3.1 Objetivo Geral... 26

1.3.2 Objetivos Específicos... 26

2 REVISÃO DE LITERATURA... 27

3 REFERENCIAL TEÓRICO... 37

3.1 História das Universidades no Brasil... 39

3.2 Gabinetes de Leitura... 45

3.3 Bibliotecas Universitárias no Brasil... 48

3.4 Definição de Biblioteca Universitária... 49

3.5 Futuro da Biblioteca... 51

3.6 Espaço das Bibliotecas... 54

4 METODOLOGIA... 58

4.1 Métodos e técnicas... 58

4.2 Instrumento de coleta... 59

4.3 Entrevistados... 61

5 RESULTADOS E ANÁLISES... 64

5.1 Discussão dos objetivos... 68

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 71

REFERÊNCIAS... 74

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1 INTRODUÇÃO

A Biblioteca Universitária – BU tem sido vista como agente de formação do conhecimento para pesquisadores e comunidade em geral, indicando como os usuários podem utilizar melhor os acervos disponíveis nas Bibliotecas Universitárias e o papel do profissional bibliotecário como facilitador para acesso ao conhecimento devidamente catalogado e organizado.

O presente estudo pretende avaliar o papel da Biblioteca Universitária como espaço de produção e de estímulo para criação do conhecimento e, ao mesmo tempo, discutir se este papel está relacionado somente ao espaço, aqui entendido como lugar físico do prédio da biblioteca, ou se assume papel de formador cultural de seus usuários.

Considerando o crescente desenvolvimento das tecnologias e recursos existentes, a comunidade universitária tem acesso mais rápido a uma variedade enorme de conteúdos, os quais se mostram, na maioria das vezes, mais interessantes e respondem rapidamente às suas demandas – embora muitas vezes esses conteúdos não forneçam informações corretas ou fontes confiáveis, como motores de busca, blogs, redes sociais – se comparado ao que é oferecido pela Biblioteca Universitária tradicional, seus livros, periódicos e bases de dados.

Dessa maneira, o desafio é discutir se o papel da Biblioteca Universitária está relacionado somente ao espaço, lugar físico do prédio biblioteca, ou se assume papel de formador cultural de seus usuários, assim como avaliar se as Bibliotecas Universitárias se traduzem em depósitos de acervo em função da profusão tecnológica do mundo moderno, e identificar as mudanças com e no espaço da Biblioteca Universitária, considerando a transformação do impresso para o digital em uma sociedade cada vez mais mutante e com necessidade de informação rápida.

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Pode-se dizer que a Idade Média conheceu três espécies diferentes de bibliotecas: as monacais, as bibliotecas particulares e as bibliotecas das universidades. Esta última marca o grande acontecimento que decidirá os destinos de toda a civilização ocidental, com a fundação das universidades. Ao redor da Universidade de Paris, multiplicam-se os “trabalhadores dos livros”. A Universidade de Oxford recebeu de seu fundador, Richard de Bury, bispo de Durham e grande chanceler da Inglaterra, em 1334, todos seus livros. No continente, as primeiras universidades são um prolongamento das ordens eclesiásticas: franciscanos e dominicanos. A própria Universidade de Paris tirou seu nome de um religioso, Robert de Sorbon, que igualmente iniciou a sua biblioteca com a doação dos primeiros livros. (MARTINS, 1996).

Desde a criação das universidades, as bibliotecas estão presentes, formando uma relação indissolúvel e promovendo o desenvolvimento de uma e de outra. Sempre tiveram a função de tornar possível o acesso a seus acervos com o objetivo de facilitar a docência e a pesquisa acadêmica.

Com todo este histórico, há que se perguntar: será que as Bibliotecas Universitárias tornar-se-ão em breve meros prédios bonitos e desabitados? Ou o desafio é agregar atividades culturais para garantir o público presente nestes espaços? Deve-se atender somente pesquisas a distância ou ainda existirão os usuários que necessitam de orientação do profissional que atua na biblioteca como “guia” para ajudar nas respostas de seus problemas? Segundo Santos (2008), o espaço é um “conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações”. Então, como estão as ações das Bibliotecas Universitárias para que os objetos (acervo) existentes nestas instituições sejam cada vez mais adequados aos seus usuários e, finalmente, será que este espaço contribui para resolução de problemas de quem ainda o frequenta? Ou será um espaço destinado a elaboração de novas perguntas?

Pretende-se discutir essas inquietações ao longo deste trabalho.

1.1 Problema e questão da pesquisa

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ocorridas, as organizações, entre elas as bibliotecas, são pressionadas a se adaptar de maneira ágil e eficaz às vontades de clientes cada vez mais exigentes e informados.

A partir dessa afirmação qual o papel da Biblioteca Universitária como espaço de produção e de estímulo para criação do conhecimento?

1.2 Justificativa da pesquisa

Com todas as mudanças que a sociedade tem sofrido nas últimas décadas e, em particular, com a entrada neste novo milênio, as universidades têm sido um dos espaços mais controversos e onde se podem perceber claramente essas contradições. Santos (2011) descreve três crises com que se confronta a Universidade do final do século XX e início do XXI:

Hegemonia, resultado das contradições entre as funções tradicionais e as que lhe tinham vindo a ser atribuídas: (...) a legitimidade, provocada pelo fato de a universidade ter deixado de ser uma instituição consensual em face da contradição das exigências sociais e políticas da democratização e da reivindicação da igualdade de oportunidades para os filhos das classes populares, por outro; e a crise institucional fruto da contradição entre a autonomia universitária e a pressão crescente para submetê-la a critérios de eficácia de natureza empresarial. (SANTOS, 2011, p. 9-10).

A universidade passa por transformações significativas internamente e também no aumento de Instituições de Ensino Superior - IES, bem como no número considerável de estudantes.

Tabela 1 – Total de IES por Categoria Administrativa

Total de IES 2010 2011 2012 2013

Brasil 2.378 2.365 2.416 2.391

Federal 99 103 103 106

Estadual 108 110 116 119

Municipal 71 71 85 76

Privada 2.100 2.081 2.112 2.090

Fonte: MEC/INEP/DEED, Dados Gerais das Instituições, 2014.

(19)

Tabela 2 – Total de Estudantes por Categoria Administrativa

Total de Estudantes 2010 2011 2012 2013

Brasil 5.449.120 5.746.762 5.923.838 6.152.405

Federal 833.934 927.086 985.202 1.045.507

Estadual 524.698 548.202 560.505 557.588

Municipal 103.064 120.103 170.045 174.879

Privada 3.987.424 4.151.371 4.208.086 4.374.431

Fonte: MEC/INEP/DEED, Matrículas em Cursos de Graduação Presenciais, por Organização Acadêmica, 2014.

A partir ou concomitantemente fruto dessa crise, as Bibliotecas Universitárias também aprofundam a discussão sobre seu papel na Universidade como órgão ou unidade de apoio na formação dos estudantes e no desenvolvimento de novos conhecimentos.

Diógenes (2012) descreve um momento inicial dessa crise nas bibliotecas a partir da transformação ou o que se designou de surgimento da Sociedade da Informação:

A informação é impulsionada pelo novo paradigma técnico-econômico centrado na aplicação de novas tecnologias de informação para geração de novos conhecimentos. Esse novo modo de desenvolvimento e organização da sociedade baseado no paradigma técnico-econômico originou o que se denominou de Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento.

No Brasil, esse momento está bem definido com a criação do Programa Sociedade da Informação no Brasil, com diretrizes claras do Governo Federal para democratizar o acesso à informação (MIRANDA et al, 2000). À época, os autores sugeriam, por meio de pesquisas, a criação da Rede de Bibliotecas Universitárias e Especializadas, a qual permitiria alavancar a mudança de paradigma nos processos pedagógicos, assim como a mudança dos costumes de uso da informação, tanto para o ensino formal, quanto para o ensino a distância (DIÓGENES, 2012).

Como consequência desse momento, as Bibliotecas Universitárias do país passam a se preocupar prioritariamente com o acesso à internet para seus usuários e todas as novidades de Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs em prol da melhoria da qualidade de vida das pessoas.

(20)

de 30 anos de experiência, no período de 2000-2016, foram encontrados 314 artigos sobre o termo específico: “futuro das bibliotecas universitárias” (“future and academic libraries”), a maioria trata das inovações tecnológicas nas bibliotecas, ou ainda serviços para os usuários e estudos de caso sobre estas inovações. Porém, somente 46 discorrem sobre o papel da biblioteca relacionado ao despertar para novas perguntas dos usuários, ou ainda como ser agente promotor de desenvolvimento para novos conhecimentos com tudo o que já se tem armazenado.

Cada vez mais os conteúdos eletrônicos são disponibilizados aos pesquisadores e em uma quantidade nunca vista anteriormente. Observe no Quadro 3 a evolução do número de acessos ao Portal de Periódicos da Capes, que este ano completa 15 anos de existência. A história do Portal de Periódicos remonta o ano de 1990, quando, com o objetivo de fortalecer a pós-graduação no Brasil, o Ministério da Educação – MEC criou o programa para bibliotecas de Instituições de Ensino Superior – IES. Foi a partir dessa iniciativa que, cinco anos mais tarde, foi criado o Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos – PAAP. O Programa está na origem do atual serviço de periódicos eletrônicos oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes à comunidade acadêmica brasileira.

O Portal de Periódicos foi oficialmente lançado em 11 de novembro de 2000, na mesma época em que começavam a ser criadas as bibliotecas virtuais e quando as editoras iniciavam o processo de digitalização dos seus acervos. Com o Portal, a Capes passou a centralizar e otimizar a aquisição desse tipo de conteúdo, por meio da negociação direta com editores internacionais.

Em 2000, o conteúdo do Portal contava com um acervo de 1.419 periódicos e mais 9 bases referenciais em todas as áreas do conhecimento. Atualmente, em 2015, ele conta com um acervo de mais de 37 mil títulos com texto completo, 126 bases referenciais, 11 bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual (Fonte: Portal Capes, 2015).

Para melhor ilustrar, podem-se observar as estatísticas de acesso de uma década:

Tabela 3 – Evolução do número de acessos ao Portal Capes (2004-2013)

Bases referenciais Textos completos

(21)

2005 18.975.465 13.754.226

2006 32.000.000 15.000.000

2007 38.538.452 18.058.420

2008 39.591.556 21.222.922

2009 41.642.827 23.386.833

2010 42.025.639 25.367.166

2011 42.107.835 34.231.457

2012 45.200.535 39.470.709

2013 56.524.022 44.420.626

Fonte: Capes, Estatísticas de uso 2015.

Gráfico 1 – Evolução do número de acessos Portal Capes

Fonte: Capes, Estatísticas de uso 2015.

Observa-se um crescimento de 310% nas bases referenciais e 239% nos textos completos nesse período. Esses dados dão a dimensão da quantidade de informação disponível aos pesquisadores do Brasil, que aumentam quase que exponencialmente.

(22)

número é equivalente a 4 vezes a produção de 2001 (14.642 trabalhos). Esse resultado dá uma média de 164 artigos por dia, ou 7 artigos por hora. (Capes, Scopus, 2016).

Tünnermann Bernheim e Chauí (2008) já apontam que “O conhecimento contemporâneo apresenta, entre outras características, as do crescimento acelerado, maior complexidade e tendência para a rápida obsolescência. O que tem sido chamado de explosão do conhecimento é um fenômeno tanto quantitativo quanto qualitativo.” (p. 9). Este fenômeno os autores chamam de explosão epistemológica.

Edgar Morin (2000) também aponta que a maior complexidade da estrutura do conhecimento contemporâneo, só pode ser assumida mediante “um pensamento complexo”, que impõe a interdisciplinaridade como resposta apropriada a tal complexidade, pois

[...] a supremacia de um conhecimento fragmentado, segundo as disciplinas, muitas vezes nos incapacita de vincular as partes e o todo, deveria ser substituído por um modo de conhecimento capaz de apreender os objetos nos seus contextos, nas suas complexidades, na sua totalidade (MORIN, 2000, p. 32).

De acordo com Brunner (1998 apud Tünnermann Bernheim e Chauí 2008) o conhecimento com base disciplinar registrado internacionalmente levou 1.750 anos para duplicar pela primeira vez, contando a partir do princípio da era cristã; depois disso a cada 150 anos e, por fim, a cada 50 anos. Atualmente, ele é multiplicado por dois a cada cinco anos, e projeta-se que, em 2020, duplicará a cada 73 dias. Estima-se que a cada quatro anos duplicará a quantidade de informação disponível; como os analistas observam, porém, somos capazes de dar atenção apenas a cerca de 5 a 10% dessa informação.

Larrosa Bondía (2001) fala sobre a “lógica de destruição generalizada da experiência, e como os aparatos educacionais também funcionam cada vez mais no sentido de tornar impossível que alguma coisa aconteça”. Não somente pelo funcionamento perverso e generalizado do par informação/opinão, mas também pela velocidade. Gradativamente fica-se mais tempo na escola (e a universidade e os cursos de formação do professorado são parte da escola), mas cada vez com menos tempo.

Outro exemplo de como o volume de informação disponível nas BU tem crescido bastante, pode ser observado no aumento do acervo impresso das 2 maiores BU do DF nos últimos 5 anos. É importante ressaltar que ambas as instituições possuem acesso integral ao Portal Capes.

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Ciências Humanas – FCCH e os cursos de Administração, Ciências Econômicas e Pedagogia. Em 1980, em razão das mudanças conjunturais e da crescente demanda pelos cursos iniciais e significativa expansão institucional, alteraram-se os Estatutos, iniciativa que permitiu a instalação das Faculdades Integradas da Católica de Brasília – FICB. No ano de 1994, em 31 de dezembro, as FICB foram reconhecidas como Universidade Católica de Brasília. Suas instalações deram-se no dia 23 de janeiro de 1995. Atualmente oferecem 37 cursos de graduação presencial, 10 programas de mestrado e 5 doutorados.

Dentro deste contexto, a história do Sistema de Bibliotecas – SIBI teve início em 1975, quando foi criado o Banco do Livro, que proporcionou aos estudantes da Universidade Católica de Brasília o acesso a todas as obras que eram indicadas pelos professores, de acordo com as disciplinas dos cursos.

Em 1993, foi inaugurada a Biblioteca Central, subordinada à Reitoria da Universidade, com a finalidade de prestar serviços de biblioteca e informação, necessários ao desenvolvimento dos programas de ensino, pesquisa e extensão da Universidade, oferecendo ao público recursos para a obtenção de informações em todas as áreas do conhecimento, em diferentes formatos, tornando-os acessíveis a todos.

Desde que foi instituído, o Sistema de Bibliotecas vem disponibilizando mecanismos de apoio ao processo pedagógico, buscando implantar ferramentas utilizadas nas melhores Bibliotecas Universitárias do Brasil e exterior, visando fornecer aos seus usuários subsídios para embasamento de suas pesquisas e produção acadêmico-científica. O SIBI também é responsável por reunir, organizar e preservar o conhecimento produzido pela comunidade universitária, e também incentiva a disseminação e o acesso aberto à produção da UCB. (Fonte: Universidade Católica de Brasília, 2015).

Tabela 4 – Acervo do Sistema de Bibliotecas da UCB – 2010 a 2014

ANO VOLUME

2010 183.515

2011 193.079

2012 212.099

2013 220.592

2014 229.978

Fonte: CSB/SIBI, nov. 2015.

Esse acervo é composto pelos seguintes tipos de documentos:  Livros;

(24)

 Folhetos.

Gráfico 2 – Acervo do Sistema de Bibliotecas da UCB – 2010 a 2014

Fonte: CSB/SIBI, nov. 2015.

A Universidade de Brasília – UnB foi inaugurada em 21 de abril de 1962. Atualmente, é constituída por 26 institutos e faculdades e 21 centros de pesquisa especializados. É uma instituição idealizada para combinar o rigor da ciência com a ousadia da arte. A produção de conhecimento na UnB obedece ao modelo tridimensional de ensino, pesquisa e extensão, o que favorece a uma formação universitária de qualidade, respeitosa com todas as formas de saber e comprometida com a cidadania.

A UnB oferece 109 cursos de graduação, sendo 31 noturnos e 10 a distância. Há ainda 147 cursos de pós-graduação stricto sensu e 22 especializações lato sensu. Os cursos estão divididos em quatro campi espalhados pelo Distrito Federal: Darcy Ribeiro (Plano Piloto), Planaltina, Ceilândia e Gama. Os órgãos de apoio incluem o Hospital Universitário, a Biblioteca Central, o Hospital Veterinário e a Fazenda Água Limpa.

A Biblioteca Central – BCE é o órgão da Universidade de Brasília responsável pelo provimento de informações às atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade.

A Biblioteca Central da Universidade de Brasília foi criada, em 1962, opondo-se à tradição da época de múltiplas bibliotecas dispersas nas várias unidades de ensino das universidades – um sistema oneroso que gerava duplicações desnecessárias de acervo e de

183.515 193.079

212.099 220.592

229.978

0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000

(25)

processos técnicos e administrativos. Desde então, percorreu uma trajetória ímpar de mudanças, recuos e avanços.

Mantém um rico acervo, atendendo às demandas dos discentes, docentes e comunidade. Sua equipe é composta por bibliotecários, auxiliares administrativos, auxiliares operacionais e estagiários preparados para atender aos usuários, orientando-os em suas necessidades informacionais.

Tabela 5 – Crescimento do Acervo da Universidade de Brasília – 2010 a 2014

ANO VOLUME

2010 575.441

2011 610.181

2012 623.155

2013 633.968

2014 649.795

Fonte: Relatório de Gestão BCE/UnB, out. 2015.

Gráfico 3 – Crescimento do Acervo da Universidade de Brasília – 2010 a 2014

Fonte: Relatório de Gestão BCE/UnB, out. 2015.

Porém, mesmo com este volume de acervo, observa-se um decréscimo nos empréstimos de materiais e aumento na frequência, conforme demonstrado a seguir nas 2 instituições:

575.441

610.181

623.155

633.968

649.795

520.000 540.000 560.000 580.000 600.000 620.000 640.000 660.000

(26)

Tabela 6 – Dados de circulação e empréstimo da Biblioteca da UCB

2010 2011 2012 2013 2014

CIRCULAÇÃO 240.379 410.303 272.625 232.418 318.810

EMPRÉSTIMO 155.192 169.049 169.788 156.216 128.601

Fonte: Relatórios Anuais do SIBI/UCB.

Gráfico 4 – Dados de circulação e empréstimo da Biblioteca da UCB

Fonte: Relatórios Anuais do SIBI/UCB.

Neste período observa-se aumento de 32% da circulação e uma diminuição de 17% no empréstimo de material bibliográfico.

Tabela 7 – Dados circulação e empréstimo da BCE-UnB

2010 2011 2012 2013 2014

CIRCULAÇÃO

417.500=167 dias de func.

759.000=253 dias de func.

1.280.000=320 dias de func.

1.350.000=300 dias de func.

1.200.000=300 dias de func.

EMPRÉSTIMO 111.025 208.824 222.228 223.617 430.968

Fonte: Relatórios Anuais da BCE/UnB.

Observação: A diferença nos dias de funcionamento é devido às greves dos funcionários que a Universidade enfrentou.

0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 400.000 450.000

2010 2011 2012 2013 2014

CIRCULAÇÃO

(27)

Gráfico 5 – Dados circulação e empréstimo da BCE-UnB

Fonte: Relatórios Anuais da BCE/UnB.

Cunha (2010) aponta questões fundamentais para o desenvolvimento desse espaço chamado biblioteca: “Além disso, como serão os universitários do futuro e as suas necessidades de informação?”.

Carvalho (2004) afirma que “da função de depósito do saber até atingir o status de espaço do saber, as bibliotecas passaram por etapas que representam o seu amadurecimento, sem perder de vista sua relação direta com a socialização do conhecimento, quer no formato tradicional, quer no eletrônico” (CARVALHO, 2004, p. 81).

Nesse cenário, e considerando o volume cada vez maior de informação disponível, as questões vinculadas às BU como espaço de comunicação do saber e como uma instituição que busca por meio das tecnologias de comunicação e informação disponibilizar mais aos seus usuários os conteúdos existentes, a pergunta sobre como avaliar que produção e socialização de conhecimento, no caso das BU existam para que, como afirma Lévy (2003) “tendo em sua base princípios éticos, edificados no reconhecimento e no enriquecimento mútuo dos indivíduos” (LÉVY, 2003).

0 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000

2010 2011 2012 2013

CIRCULAÇÃO

(28)

1.3 Objetivos

Na busca de propor solução para as questões definidas à pesquisa, foi estabelecido um objetivo geral e três respectivos objetivos específicos.

1.3.1 Objetivo Geral

Avaliar o papel da Biblioteca Universitária como espaço de produção e de estímulo para criação do conhecimento.

1.3.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral proposto, serão trabalhados os seguintes objetivos específicos:

a) Discutir se o papel da Biblioteca Universitária está relacionado ao espaço como lugar físico do prédio biblioteca, ou se assume papel de formador cultural de seus usuários;

b) Avaliar se as Bibliotecas Universitárias se traduzem em depósitos de acervo em função da profusão tecnológica do mundo moderno;

(29)

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura buscou expandir e complementar o entendimento a ser traduzido pelo referencial teórico utilizado para este estudo. A busca por fontes foi realizada em bases de dados, artigos técnicos e científicos, bem como na bibliografia disponível.

Os termos gerais pesquisados foram: Biblioteca Universitária; Fututo; Novas perspectivas; Informação; Conhecimento; Processamento. Todas elas combinadas entre si.

As bases de dados mais utilizadas nesta revisão foram do Portal Capes e na área de Ciência da Informação e Gestão do Conhecimento as mais representativas são: LISA, Scopus, Web of Science, Science Direct. A seguir os resultados e seus temas relacionados:

Tabela 8 – Síntese da revisão com os termos gerais pesquisados Portal Capes Termos de busca

2014/2016 LISA Scopus Science Web of Science Direct

Biblioteca Universitária 0 07 02 13

Academic/University Library 197 905 166 344

Biblioteca Académica/Universitaria 03 01 0 15

Futuro e “Biblioteca Universitária” 0 0 0 52

Future and “Academic library” 29 119 23 392

Futuro y "biblioteca académica" 0 0 0 05

Prospecção e “Biblioteca Universitária” 0 0 0 0

Prospection and “Academic Library” 0 0 0 0

Prospección y “Biblioteca Académica" 0 0 0 0

“Novas Perspectivas” e “Biblioteca

Universitária” 0 0 0 05

“New Perspectives” and “Academic library” 06 79 13 17

“Nuevas perspectivas” y “Biblioteca

Académica” 0 0 0 0

“Multiciplicidade de desempenho e

“Biblioteca Universitária” 0 0 0 0

“Multiplicity/Plurality of Performance” and

“Academic library” 05 0 03 214

Actuación y " Biblioteca Académica” 0 0 0 0

Transformação e Informação e Conhecimento 0 0 01 15 Transformation and Information and

Knowledge 0 718 175 229

Transformación e Información y

Conocimiento 0 0 0 05

(30)

“Knowledge processing” 0 73 28 531

“Procesamiento del conocimiento” 0 0 0 0

“Biblioteca Universitária” e“espaço de

aprendizagem” 0 0 0 0

“Academic library” and “Learning space” 01 14 02 25

“Biblioteca Académica” y “Espacio de

aprendizaje” 0 0 0 0

Fonte: Autora, 2016.

Com base nestes termos gerais foram geradas combinações para a busca de resultados mais significativos, sendo os mais representativos: Biblioteca Universitária e espaço de produção do conhecimento; mudança do espaço e depósito do acervo e que apresentassem resultados nos 3 idiomas ou pelo menos em 2 idiomas.

Os resultados demonstram um número maior de publicações no idioma inglês em relação aos demais, tanto na pesquisa de termos genéricos quanto na de termos específicos.

Tabela 9 – Síntese da revisão com os termos específicos pesquisados Portal Capes Termos de busca

2014/2016 LISA Scopus Science Web of Science Direct

“Biblioteca Universitária” e “Espaço de

produção do conhecimento” 0 0 0 0

“Academic/University Library” and

“Knowledge production space” 17 01 19 46

“Biblioteca Académica” y “Conocimiento del

espacio de producción” 01 0 0 0

“Biblioteca Universitária” e “Criação do

conhecimento” 0 0 0 0

“Academic/University Library” and

“Knowledge creation” 02 05 03 04

“Biblioteca Académica” y “Creación del

conocimiento” 0 0 0 02

“Biblioteca Universitária” e “Depósito de

acervo” 0 0 0 0

“Academic/University Library” and

“bibliographic/collection deposit” 0 06 39 0

“Biblioteca Académica” y “Depósito de

colección/fondo bibliográfico” 0 0 0 01

“Mudanças no espaço da Biblioteca

Universitária” 0 0 0 0

“Changes in academic/university library's

(31)

“Los cambios en el espacio de la biblioteca

académica” 0 0 0 0

“Arquitetura das Bibliotecas Universitárias” 0 0 0 0

“Academic/University Library architecture” 04 10 06 02

“Arquitectura de las bibliotecas universitarias” 0 0 0 0

Fonte: Autora, 2016.

Jaggars (2014) propõe e provoca a partir do debate com vários diretores de BU as questões sobre o futuro:

 Como é que vamos definir a biblioteca acadêmica no futuro?  Como parecerá uma biblioteca em rede global?

 Como vamos usar as informações de forma diferente?

 Onde é que a biblioteca começa e termina em relação à computação acadêmica e quais serviços de rede que estarão disponíveis para professores e alunos?

 Como será a educação superior e como é que a biblioteca acadêmica se alinhará com essa mudança?

 Como é que vamos definir coleções?

Ao antecipar futuras direções, esses diretores estão tentando ajudar a construir roteiros eficazes para o futuro que está sendo inventado coletivamente e, possivelmente, evitar caminhos que podem levar a consequências negativas. Jaggars aponta uma visão futurista de Drucker da universidade como “um sistema totalmente integrado e distribuído em plataformas”. Argumenta, também, que as bibliotecas acadêmicas e os bibliotecários devem tornar-se futuro-presente, promovendo uma nova cultura de aprendizagem em que a tecnologia seja totalmente interativa. Dentro dessa visão, a aprendizagem do aluno é o foco da atividade de biblioteca, e as questões fundamentais que os bibliotecários devem participar são como cultivar a imaginação dos alunos e melhor permitir sua aprendizagem e desenvolvimento (JAGGARS, 2014, p. 5).

(32)

Universitárias como sendo relevantes não apenas para o público local, institucional, mas as quais também poderiam beneficiar o público com uma educação mais ampla.

A autora afirma que as bibliotecas devem permanecer visíveis, a fim de continuarem a ser um componente vital da educação superior, e os bibliotecários devem querer adaptar a maneira como as bibliotecas são percebidas pelo público do ensino superior e a publicação de trabalhos acadêmicos nesses locais é uma forma de fazerem-se notar. Em seu estudo, ela investiga a visibilidade dos bibliotecários na maior universidade de educação e ensino multidisciplinar e aprendizagem com foco em educação de nível superior para o público nos Estados Unidos entre 2000 e 2012 (FOLK, 2014).

Howard (2011) já apresenta uma biblioteca sem livros, mas não necessariamente ligado a um edifício, um modelo que leva os profissionais e serviços para clientes em vez de esperar que eles venham à biblioteca. Existem 2 projetos em curso, um no nível de graduação e outro da área médica, bem estabelecidos. Quando a biblioteca livre de acervos é dirigida, o centro não é no espaço; mas os bibliotecários.

As Bibliotecas Universitárias foram assoladas por mudanças que levaram alguns observadores a se perguntarem se elas teriam futuro. Seus orçamentos têm sido duramente atingidos, com o custo de comprar e armazenar informação, até mesmo material impresso e bases de dados que continuam subindo. Os motores de busca substituíram os bibliotecários como fonte de informação para a maioria dos pesquisadores. E os alunos que vão agora para as bibliotecas estão mais propensos a buscarem uma xícara de café do que procurarem um livro.

Um dos modelos propostos chama-se Biblioteca Aprendizagem Terrace, na Philadelphia, o centro está aberto todos os dias para fornecer aos alunos o acesso a recursos digitais da biblioteca, bem como um lugar para se reunirem. Não está lotada em todos os momentos, mas os estudantes são capazes de se organizarem com um bibliotecário para se encontrarem com eles para trabalharem em projetos, e os professores atendem seus grupos de estudantes no local.

Muitas faculdades e universidades têm substituído esse espaço por um lugar comum de aprendizagem, um lugar dentro da biblioteca onde os estudantes podem vir a trabalhar e estudar juntos. A maioria das bibliotecas acadêmicas tem um espaço de mídia também, com o objetivo de interagir com estudantes e atendê-los virtualmente (HOWARD, 2011).

(33)

Aspectos como: a cooperação entre bibliotecas, mudanças nos papéis e funções de biblioteca na década de grande crescimento (1980), crescimento da coleção, a circulação de fundos, aumentos de preços e manutenção da aquisição, o papel da biblioteca no futuro em relação a sua missão de serviço público, estavam sob investigação com abordagens diferentes para o futuro da biblioteca acadêmica às vésperas dos anos 1990.

Nos últimos anos, tem-se assistido a um grande debate sobre as mudanças no ensino superior. Fala-se de um novo “quadro” que basicamente envolve uma mudança no modelo educacional, agora focada na aprendizagem baseada em um conjunto de habilidades que faz o aluno focar em seu próprio crescimento. Essa mudança integra o paradigma educacional à Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC e a abordagens para e-learning e literatura digital, em futuros modelos educacionais. As preocupações com o financiamento que está em declínio, perda de bolsas com o aumento das especialidades, a diminuição do prestígio entre ensino e pesquisa, superlotação, por um lado, e queda de qualidade, por outro, e o surgimento de concorrentes, são alguns dos temas em debate. Com tantas mudanças, Peter Drucker previu no final dos anos 90 que “em trinta anos os campi das grandes universidades seriam relíquias” (DRUCKER, 1997 apud SANTOS, 2010, p. 300).

Apesar desse cenário, a autora aponta que com a mudança dos documentos do formato tradicional em papel para o formato eletrônico, haverá mudança de papéis de pessoal, novos serviços e tarefas. Soma-se a isso a redução significativa do espaço dedicado à prateleira e vai ampliar o espaço dedicado à gestão de pessoal e atividade do usuário. Essa mudança substancial da estrutura do prédio da biblioteca para proporcionar espaço confortável para o usuário e grupos de aprendizagem, com encontros e atividades diversas, incluindo as culturais. As alterações afetarão o desenho do edifício, embora não tanto como declínio para o espaço de armazenamento. O espaço será necessário para que os funcionários cumpram as suas novas funções e equipamentos que irão permitir essas novas atividades.

(34)

apresentações visuais. As Bibliotecas Universitárias irão refletir melhor as necessidades de suas instituições que estão relacionadas ou perecerão.

Rodriguez-Yunta (2014) aponta para o modelo que já está em discussão na Espanha de “centros de humanidades digitais” nas universidades que tem, entre outras características:

 Formação para os estudantes e pesquisadores; utilização de ferramentas, orientações sobre melhores práticas, orientação em projetos. Garantir a experiência para evitar erros cometidos em projetos ou seleção anterior, escolha do software certo.

 O suporte técnico para projetos de DH – Digital Humanities, como a habitação e a criação de portal, repositório de acervos digitais, cumprimento das normas e preservação em longo prazo. Proporcionar o desenvolvimento técnico dos projetos para grupos de pesquisa: definição de requisitos técnicos, alojamento, segurança e gerenciamento.

 Manutenção de recursos gerais para os projetos: plataformas de notícias e blogs, e sistemas de navegação de pesquisa, modelos de publicação digital.

 Criação de aplicativos personalizados para usos específicos dentro de um projeto de pesquisa, soluções tecnologia adaptada às necessidades de DH.

No artigo, o autor pergunta quais benefícios podem as bibliotecas fornecer aos projetos de colaboração de DH, e responde:

- Abordar a necessidade comum para levantar novos desafios na preservação e acessibilidade dos dados.

- Desenvolvimento de novos modelos de acesso à informação, novas formas de visualização gráfica ou sistemas de navegação baseado em web semântica, apesar da experiência atual na organização de conhecimento, as interfaces de bibliotecas, ainda deixarem muito a desejar em termos de utilização eficaz de ter uma informação mais estruturada.

- Garantir o apoio tecnológico para cumprir os acordos sobre preservação digital e proteção de dados em longo prazo, serviços de manutenção para um grande número de usuários, usabilidade e acessibilidade a fontes confiáveis de informação e renovação de formatos para novos dispositivos, em linha com a evolução, demandas sociais e desenvolvimentos tecnológicos.

(35)

exploração de dados, que terão um forte impacto em sites de biblioteca. O conceito de biblioteca híbrida é um modelo que integra acervo físico tradicional com gerenciamento de ativos digitais. Neste contexto, o bibliotecário deve ser um profissional que domina tanto as ferramentas tradicionais como as novas tecnologias. Em outros aspectos, o perfil bibliotecário também tende a aproximar a indústria editorial, como ela se torna um agente ativo no processo de comunicação acadêmico.

As bibliotecas digitais ainda têm um longo caminho a percorrer. Como meros repositórios de documentos, devem evoluir para novos sistemas de consulta que permitam a interpretação de informação de dados, o desenvolvimento de informação estruturada extraído a partir dos próprios documentos, extração e análise de dados de texto e geração de novas formas de visualização a vários documentos. Da prática tradicional, o profissional deverá fazer um esforço especial pela aplicação de uma indexação de documentos digitalizados. As obras, os processos e as compilações coletivas devem ser identificados em todas as suas partes. Também é necessário identificar elementos de metadados próprios de todos os artigos ou livros com características independentes de autoria ou de origem, ou pode ser sujeita a identificar todo o restante do documento: fotografias, ilustrações, gráficos, tabelas, apêndices documentais ou arquivos anexados.

Por fim, observa que o e-book é uma nova forma capaz de gerar uma revolução cultural similar à prensa no Renascimento. A explosão da internet e acesso aberto estão expandindo esses recursos para facilitar a intertextualidade, característica de texto digital, e estabelecida fora do próprio documento a partir de dados ligados abertos. Iniciativas à publicação de plataformas de acesso aberto também proporcionarão oportunidades para abordar coletivamente novas formas de publicação digital.

Barrientos (2015), em seu artigo “Los servicios móviles de información en el Marco de la biblioteca académica” aponta um para um aumento gradual no uso de dispositivos móveis pelas comunidades de usuários em bibliotecas acadêmicas. Segundo o autor, estes serviços são caracterizados pela aplicação de tecnologias móveis e estão disponíveis para os usuários a partir de uma ampla gama de dispositivos inteligentes, dentre os quais podemos citar: laptops, netbooks, e-books, tablets, smartphones e iPads. Esses dispositivos ganharam popularidade considerável em grande parte devido à expansão da web móvel em diferentes ambientes econômicos, sociais e culturais.

(36)

desenvolvimento das suas atividades. Observou-se que as bibliotecas acadêmicas têm tentado responder a esta tendência a partir da criação ou adaptação dos serviços de informação móvel baseado na criação de soluções inovadoras de aplicações móveis.

As Bibliotecas Universitárias têm experimentado um período de mudanças rápidas e profundas no final do século XX. O impacto da Tecnologia da Informação e Comunicação em sua estrutura, coleções e serviços, a massificação do ensino superior, as mudanças sociais nas atitudes educacionais são fatores que levaram à transformação radical da biblioteca acadêmica. Como tem-se observado, a maioria dos serviços tradicionais foram adaptados ou criados na biblioteca digital acadêmica com apoio da comunidade de usuários imersa em um processo de educação a distância. No entanto, eles também são destinados a usuários que necessitam remotamente consultar os recursos documentais da biblioteca. No contexto das Bibliotecas Universitárias, a aplicação da tecnologia móvel começa a gerar uma série de fenômenos tais como o uso de dispositivos móveis por seus usuários, principalmente as comunidades para acessar suas coleções. Ele também promove o uso de várias aplicações que revelam, partilham e analisam as informações sobre o ambiente da web móvel. Nesse sentido, pode-se considerar que a tecnologia móvel tem sido aplicada ao contexto digital da biblioteca acadêmica e refere-se à transformação ou adaptação dos serviços, conteúdo e coleções digitais, para que os usuários tenham acesso remoto, a partir desses dispositivos, à vasta gama de recursos de informação digital que estão presentes nas bibliotecas.

Como resultado, as bibliotecas acadêmicas têm enfatizado a geração de serviços de informação móvel. A versão móvel dos sites dessas bibliotecas é um dos principais serviços que a comunidade usa a partir de seus dispositivos. A aplicação de Tecnologias de Informação e Comunicação em bibliotecas, tais como redes sociais e tecnologia móvel são fatores importantes para o desenvolvimento e divulgação dos seus serviços. Essa situação fornece ferramentas para melhorar a sua qualidade e visibilidade.

Uma das aplicações mais inovadoras das TICs em bibliotecas é a implementação de circulação de serviços de telefonia móvel. Atualmente, esse serviço faz parte dos chamados aplicativos móveis (LIPPINCOTT, 2010). A inovação de bibliotecas acadêmicas que utilizam aplicações móveis como uma forma de utilizar os seus serviços e ter acesso a suas coleções.

(37)

 Biblioteca da Universidade de Duke criou um aplicativo para iPhone chamado DukeMobile contendo informações de referência sobre os recursos disponíveis em sua biblioteca digital.

 Da mesma forma, a Universidade de Illinois desenvolveu uma aplicação para

iPhone e Android chamado Minrvaproject (disponível em <http://minrvaproject.org>). Essa aplicação permite que os usuários da biblioteca tenham acesso aos seguintes serviços: consulta sobre o catálogo móvel, diretrizes de revisão para a preparação de citações e referências, sobre a disponibilidade de um recurso de informação em todas as bibliotecas que compõem o sistema de bibliotecas da universidade, dividir o empréstimo um recurso de informação e usar o scanner para renovar o empréstimo.

 Biblio USAL (disponível em <http://bibliotecas.usal.es/aplicaciones-moviles-0>) é uma aplicação da rede de bibliotecas da Universidade de Salamanca criada para

smartphones e tablets iOS e sistemas operacionais Android. Com essa aplicação, o usuário

pode consultar o catálogo do sistema de bibliotecas e satisfazer as suas ofertas de serviços, localizar bibliotecas e faculdades da área e manter-se informado a partir dos vários meios de comunicação.

 Biblioteca móvel da Universidade de Cádiz (disponível em

<http://biblioteca.uca.es/accesoexterno/bibmovil>) é um aplicativo que fornece acesso ao site móvel da Biblioteca da Universidade de Cádiz. Ele oferece os seguintes serviços: localização de bibliotecas, seus números de telefone e localização no Google Maps; vezes: calendário acadêmico de abertura e de encerramento; Mopac: procura ferramentas das participações da biblioteca com disponibilidade e localização de cópias; Minha Conta: uma conta de usuário com empréstimos, reservas, empréstimos e históricos; Informações: bate-papo, comunicação

on-line com um bibliotecário.

 Provedores de conteúdo: são aplicações associadas a bibliotecas para fornecer audiobooks, e-books, cursos de línguas, streaming de música, filmes, fotos e outros conteúdos

audiovisuais que podem ser visualizados em dispositivos.

 Educação: algumas bibliotecas oferecem materiais e recursos, geralmente desenvolvidos para alfabetizadar suas comunidades de usuários.

(38)

 O acesso a coleções digitais de recursos de informação a partir de dispositivos móveis. Um serviço que permite que você pesquise as coleções da biblioteca e o acesso a recursos de informação digital que estão no formato pdf.

 Serviço de Mensagens Curtas (SMS) e notificações: várias bibliotecas usam SMS para uma variedade de fins, incluindo a notificação de recursos de informação disponíveis para cada perfil de usuário, lembretes de datas de vencimento, informações sobre a disponibilidade de uma cópia na biblioteca.

 SMS Referência: Algumas bibliotecas oferecem serviços de “ajuda do

bibliotecário”, ideal para perguntas simples que podem ser respondidas com uma resposta

curta.

Enfim, os serviços de informação móveis em bibliotecas universitárias são o resultado de inovação aplicada a bibliotecas. Esses serviços geram novo comportamento e informações entre os usuários, que devem ser identificados, analisados e conhecidos. Finalmente, os acessos a recursos de informação a partir da utilização desses serviços revelam uma constante evolução em termos de tecnologia aplicados às Bibliotecas Universitárias.

Embora a produção de artigos sobre o tema seja profícua, observa-se que a publicação de livros sobre o tema “Bibliotecas Universitárias” tem diminuído significativamente como demonstrado quando se pesquisa no Ngram do Google com o termo “academic library” ou “university library” nota-se uma redução a partir das décadas de 90, 80 e 70, conforme demonstrado na figura.

Gráfico 6 – Estatística Ngram – Academic Library

(39)

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Em “Uma breve história do mundo”, Wells (1991) relata que Ptolomeu I não somente buscou, com o espírito mais moderno, organizar a descoberta de conhecimentos novos, mas também tentou estabelecer um armazém enciclopédico de sabedoria na Biblioteca de Alexandria. Não era simplesmente um armazém, era uma organização de cópia e venda de livros, e ali foi posto a trabalhar um grande exército de copistas, multiplicando perpetuamente cópias de livros (WELLS, 1991 apud FLOWER, 1999).

Aqui, então se tem a clara cobertura do processo intelectual que se vive ainda hoje; ou seja, a reunião e distribuição sistemática do conhecimento. A fundação do Museu e da Biblioteca assinala uma das grandes épocas da história da humanidade. É o verdadeiro início da História Moderna (WELLS, 1991 apud FLOWER, 1999).

Demo (2005), no ensaio sobre o Ensino Superior no século XXI, afirma que:

A universidade seria a instituição mais adequada para dar conta deste cenário de mudanças que vivemos hoje, cada vez mais veloz, conturbado, complexo, não linear, imprevisível, estonteante, até porque se esperaria dela que pudesse estar à frente dos tempos e os conduzir. Conhecimento sempre foi a energia humana capaz de construir alternativas, movido pelo ímpeto desconstrutivo, disruptivo, na típica volúpia de um ser limitado que te ima em não aceitar limites (DEMO, 2005, p. 2)

Em grande medida, a universidade seria a casa privilegiada do conhecimento e da dinâmica de sua desconstrução e reconstrução sem fim. Nos alvores da universidade, há um milênio atrás, o ímpeto da mudança não era referência maior, mas o cultivo institucionalizado de energia forte voltada para a preservação dos patrimônios culturais, o fomento da docência e o cultivo do saber elaborado.

Ainda assim, a universidade sempre esteve vinculada ao conhecimento, embora tenha perdido a maior parte de suas energias criativas em equivocadamente “transmitir” conhecimento, sem perceber, por vezes, que só transmitimos informação. Na biblioteca não há conhecimento, mas informação que pode ser estocada, transportada. Sendo conhecimento, dinâmica disruptiva, seu modo de existir é a própria dinâmica desconstrutiva e reconstrutiva, do que também segue que, arrefecendo-se esta dinâmica, vai se desgastando e esvaindo (DEMO, 2005).

O Professor Sílvio Meira (2015), pesquisador brasileiro da área de software defende:

(40)

exceções, é conservadora, ortodoxa, avessa a mudanças e quase autista: ela se preocupa tanto com si própria que, na maioria dos casos e das principais competências demandadas pelo país, a economia e sociedade externas à universidade são quase um detalhe. Uma grande inovação, da qual o Brasil precisa muito e urgentemente, seria uma universidade inovadora, contemporânea, preocupada com e capaz de agregar mais valor à economia e à sociedade. (MEIRA, 2015, on-line).

Para Ortega y Gasset (1999) a missão da universidade é de preparar o estudante para “viver à altura do seu tempo”, não sendo suficiente a simples formação de profissionais, nem a dedicação exclusiva à pesquisa. A universidade teria um caráter integrador, mas que não seja a “imitação” de outros modelos universitários já existentes no mundo, como o alemão, inglês ou francês. Segundo o autor, nenhum modelo acadêmico, fora de seu contexto, torna o homem mais culto “o novo bárbaro, atrasado quanto à sua época, arcaico e primitivo” (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 23).

Ele afirmava que a integração entre as diversas missões da universidade – formação de profissionais, pesquisa, preparação para liderança política – só era possível por meio da formação do aluno na cultura geral e que a universidade deveria se submeter aos interesses reais dos estudantes e não aos interesses do Estado ou do Governo, pois a principal missão da universidade era “preparar o estudante para conhecer sua própria vida e vivê-la da maneira mais completa possível, tornar-se culto, autônomo, podendo impulsionar criativamente o destino político do país” (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 26).

Tünnermann Bernheim e Chauí (2008) afirmam que “uma das características da sociedade contemporânea é o papel central do conhecimento nos processos de produção, ao ponto do qualificativo mais freqüente hoje empregado ser o de sociedade do conhecimento” (p. 7). Para os autores, essa centralidade faz do conhecimento um pilar da riqueza e do poder das nações, mas, ao mesmo tempo, encoraja a tendência a tratá-lo meramente como mercadoria sujeita às leis do mercado e aberta à apropriação privada.

Em lugar de prometer significativo progresso e desenvolvimento autônomo das universidades como instituições sociais, comprometidas com a vida das suas sociedades e articuladas a poderes diretos democráticos, a noção de sociedade do conhecimento sugere, ao contrário, irrelevância da atividade universitária (...) Outro claro sinal da irrelevância é a deterioração e o desmantelamento das universidades públicas, cada vez mais tratadas pelo Estado como ônus (daí o avanço da privatização, da terceirização e da massificação) (TÜNNERMANN BERNHEIM; CHAUÍ, 2008, p.8).

(41)

refutá-la” e acrescenta: “A realidade deve ser vista mais como um sistema instável, do que uma nuvem”.

É possível observar em pesquisadores e educadores distintos à “inquietude” da crise que a universidade vivencia neste século. Enquanto a sociedade é imprevisível e sofre constantes mudanças, a universidade pretende ser um espaço muitas vezes linear e que tem a preocupação somente com suas próprias pesquisas, sem nenhuma inferência social.

Bem, esse não é o foco dessa pesquisa. Todavia, é importante situar esta crise institucional vivida pela academia para entender um pouco da crise de identidade porque passam as bibliotecas universitárias.

O desafio sugere o redesenho da Biblioteca Universitária como espaço para desenvolvimento de novos conhecimentos a partir de novas perguntas e para isso também é fundamental entender um pouco mais dessa história.

3.1 História das Universidades no Brasil

Diógenes (2012) apresenta uma excelente síntese sobre o surgimento das universidades brasileiras. Em sua tese, ela informa que o processo de criação da universidade no Brasil foi longo, tardio, envolvendo questões religiosas, ideológicas, uma marcante presença do Estado e, principalmente, envolvendo lutas de pessoas e grupos diversos que em diferentes momentos buscaram instituições diferentes que apenas tinham o nome de universidade.

A partir do final do Império até o final da Primeira República (1930), surgiram intermitentemente projetos de criação de universidade e as discussões para a criação da universidade pública, mas sem sucesso, pois no Período Colonial (1500-1822) não havia interesse da metrópole portuguesa em criar universidades nas suas colônias (SAVIANI, 2001; ROMANO, 2006b apud DIOGENES, 2012).

As profundas transformações ocorridas em Portugal durante a terceira quadra do século XVIII repercutiram no Brasil e resultaram em uma profunda reforma educacional empreendida por Pombal, inspirada nos ideais iluministas.

(42)

Nesse período dos jesuítas, houve expansão educacional e, embora possam ser discutíveis os resultados, havia um sistema organizado de ensino no Brasil, apresentando características eclesiásticas, monolíticas e de submissão.

Com a expulsão dos jesuítas houve uma desarticulação do sistema educacional da Colônia, a ponto de um crítico severo dos jesuítas, Fernando de Azevedo, censurar a destruição de toda uma organização escolar sem estar acompanhada de medidas para atenuar seus efeitos. Para Fernando de Azevedo, foi “a primeira grande e desastrosa reforma de ensino no País” (SECO; AMARAL, 2005 apud DIOGENES, 2012).

O ensino superior no Brasil nasceu em 1808. Com a transferência da sede da corte portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro e a emergência do Estado Nacional houve a necessidade de se fundar todo um grau de ensino superior diferente do que havia sido herdado da Colônia. O novo ensino superior nasceu sob o signo do Estado Nacional e para cumprir as funções próprias deste (CUNHA, 2007, p. 63, 71 apud DIOGENES, 2012).

No Império, as instituições de ensino superior eram responsáveis por uma formação profissionalizante e pela preparação de pessoal para o serviço público na Corte, não tendo preocupação com a criação e desenvolvimento de um modelo cultural brasileiro, não ocorrendo, portanto, no ensino superior brasileiro, mudanças significativas.

Foi no decorrer do século XX, a partir da Segunda Guerra até, aproximadamente, 1970, que o ensino começa sua caminhada para o ensino de massa, que a Biblioteca Universitária torna-se uma parte importante na universidade para contribuir com seus objetivos de ensino, pesquisa e extensão. Cresce a ênfase ao acesso das coleções, há financiamento do Estado para desenvolvimento de coleções e estruturação de suas bibliotecas, dão-se início às atividades de cooperação e às atividades de automação começam a transformar a forma como são oferecidos os serviços e produtos das Bibliotecas Universitárias (MAGALHÃES, 2004; WEINER, 2005; DUDZIAK, 2008; FERREIRA, 2009 apud DIOGENES, 2012).

As modificações mais notáveis no Ensino Superior foram a criação da Escola Politécnica, em 1874, no Rio de Janeiro, e da Escola de Minas de Ouro Preto, um ano depois (CUNHA, 2007, p. 71 apud DIOGENES, 2012 ).

(43)

Entretanto, foi somente após I Guerra Mundial (depois de 1918), com a crise econômica mundial que contribuiu para o desequilíbrio da estrutura social e econômica do Brasil, pela mudança do modelo de desenvolvimento econômico (o modelo agrário exportador foi parcialmente transformado em urbano-industrial), que o tema do Ensino Superior emergiu com força em debates sobre a necessidade de adaptação das escolas e currículos.

Somente depois de várias tentativas de criação de universidades, foi criada a Universidade do Rio de Janeiro, reunindo três faculdades já existentes, a de Direito, a de Medicina e a Politécnica por meio do decreto n. 14.343, de 7 de setembro de 1920, passando a ter um caráter integrado somente em 1931 (DIOGENES, 2012).

A criação da Universidade do Rio de Janeiro ocorreu sem debates e discussões. Foi recebida sem interesse, não modificou as escolas superiores, mas foi a primeira instituição universitária criada legalmente pelo Governo Federal (FÁVERO, 2006, p. 22 apud DIOGENES, 2012).

Após a criação da Universidade do Rio de Janeiro, as universidades públicas brasileiras começaram a nascer, nas décadas seguintes, sem que o Governo Federal e os governos estaduais tivessem a devida compreensão do valor da ciência e da pesquisa como impulsionadoras do desenvolvimento social, econômico e tecnológico; e sem a percepção política de rubrica orçamentária.

Depois de 1930, ano em que Vargas (1930-1945) assume o poder nacional, o regime universitário no Brasil foi instituído, com a Reforma Francisco Campos, promulgada em 1931 por meio do decreto n. 19.851, de 11 de abril de 1931, que trata do Estatuto das Universidades Brasileiras (SAVIANI, 2001; MORHY, 2004, p. 27; CUNHA, 2007, p. 205 apud DIOGENES, 2012).

Os conceitos de universidade oficializados pela Reforma Francisco Campos com tendências políticas e partidárias e até teóricas, que assumem conteúdos autoritários, foram superados pelas ideias associadas à criação da Universidade de São Paulo.

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Tabela 1  –  Total de IES por Categoria Administrativa
Tabela 2  –  Total de Estudantes por Categoria Administrativa  Total de Estudantes  2010  2011  2012  2013  Brasil  5.449.120  5.746.762  5.923.838  6.152.405  Federal  833.934  927.086  985.202  1.045.507  Estadual  524.698  548.202  560.505  557.588  Mun
Gráfico 1  –  Evolução do número de acessos Portal Capes
Tabela 4  –  Acervo do Sistema de Bibliotecas da UCB  –  2010 a 2014
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