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Redes sociais virtuais : um estudo sobre seu emprego como fontes abertas para a atividade de inteligência

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e

Tecnologia da Informação

REDES SOCIAIS VIRTUAIS: UM ESTUDO SOBRE SEU

EMPREGO COMO FONTES ABERTAS PARA A ATIVIDADE DE

INTELIGÊNCIA

Brasília - DF

2012

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LILIANA LUCILA KALED DA CÁS

REDES SOCIAIS VIRTUAIS: UM ESTUDO SOBRE SEU EMPREGO COMO FONTES ABERTAS PARA A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Scricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Amadeu Dutra Moresi

Coorientador: Prof. Dr. Edilson Ferneda

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7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

D117r Da Cás, Liliana Lucila Kaled.

Redes sociais virtuais: um estudo sobre seu emprego como fontes abertas para a atividade de inteligência. / Liliana Lucila Kaled Da Cás – 2012.

98f. ; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Prof. Dr. Eduardo Amadeu Dutra Moresi

Coorientação: Prof. Dr. Edilson Ferneda

1. Redes de relações sociais. 2. Inteligência computacional. 3. Gestão do conhecimento. 4. Governo eletrônico. I. Moresi, Eduardo Amadeu Dutra, oriente. II. Ferneda, Edilson, coorient. III. Título.

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Dissertação de autoria de Liliana Lucila Kaled Da Cás, intitulada “REDES SOCIAIS VIRTUAIS: UM ESTUDO SOBRE SEU EMPREGO COMO FONTES ABERTAS PARA A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA”, apresentada como requisito parcial para obtenção do

grau de Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, em 26 de março de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________

Professor Dr. Eduardo Amadeu Dutra Moresi Orientador

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação - UCB

____________________________________

Professor Dr. Edilson Ferneda Examinador Interno

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação - UCB

____________________________________

Professora Drª. Lillian Maria Araújo de Rezende Alvares Examinadora Externa

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília

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“As palavras têm significado: algumas delas,

porém, guardam sensações. A palavra

‘comunidade’ é uma dessas. Ela sugere uma coisa boa: o que quer que ‘comunidade’ signifique, é bom ‘ter uma comunidade’, estar

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DA CÁS, Liliana Lucila Kaled. Redes sociais virtuais: um estudo sobre seu emprego como fontes abertas para a atividade de inteligência. 97 f. 2012. Dissertação (Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012.

O senso comum normalmente associa a atividade de inteligência à espionagem, imagem amplamente incentivada pela literatura ficcional e pela mídia. De fato, é uma atividade que procura obter dados e informações de outros atores (usuários), mas não, obrigatoriamente, de modo não permitido. A inteligência baseada em fontes abertas vem confirmar essa nova abordagem. E, no meio das muitas fontes abertas de relevância na Atividade de Inteligência, encontram-se as redes sociais virtuais, altamente acessadas com a democratização do uso da Internet. Foi nelas que esta pesquisa se baseou, em especial, na rede social Twitter. Inicialmente, foram apresentados os conceitos sobre mídia e redes sociais. Foram identificadas algumas redes sociais virtuais entre elas o Twitter e apresentadas ferramentas para o seu monitoramento. A partir de algumas ferramentas eleitas, foram definidos dois fluxos para obtenção de informações de interesse do usuário: um, a partir de argumento constante nos tweets emitidos e outro, a partir de perfil. Ao longo desta pesquisa, pode-se observar que as redes sociais, em especial o Twitter, oferecem dados e informações de fácil acesso que permitem aos usuários a análise das informações de interesse, após coletadas, de modo a subsidiar decisões e satisfazer as necessidades apresentadas pelos usuários. Para se chegar a este ponto, todos os dados foram analisados, confrontados com o objetivo da busca e assimilados pelo usuário para sua tomada de decisão.

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The common sense usually associates intelligence activities with espionage, widely promoted image by fictional literature and the media. In fact, it is an activity that seeks data and pieces of information from other actors (users), but not necessarily those not allowed. Intelligence based on open sources confirms this approach. And among the many relevant open sources for the intelligence, we find the virtual social networks, highly in vogue, concerning the democratization of Internet use. This research was based upon them, in particular, upon the social network Twitter. Initially, the concepts of media and social networks were introduced. Then, some social networking, including Twitter and its monitoring tools, were identified. Taking some of the chosen tools, two processes were defined for obtaining information of interest to the user: one, based on one chosen argument (taken from de tweets) and the other, based on one chosen profile. Throughout this research, we could observe that social networks, especially Twitter, provide data and information easily accessible to users that allow the analysis of information of interest, after collected, in order to support decisions and reach the

users’ needs. To get to this point, all data were analyzed, confronted with the aim of the search

and assimilated by the user for their decision making.

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Figura 1 - Ciclo de Inteligência adotado para a pesquisa ... 28

Figura 2 - Tela Inicial do Twitter Counter ... 55

Figura 3 - Tela Inicial do Twitter Counter (Continuação) ... 56

Figura 4 - Tela Inicial do Twitter Grader ... 58

Figura 5 - Tela do Twitscoop mostrando a tag cloud ... 59

Figura 6 - Resultado das atualizações online no Twitscoop ... 61

Figura 7 - Tela do Twitscoop mostrando incidência de tweets. ... 61

Figura 8 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Influenciadores`... 63

Figura 9 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Influenciadores` (Continuação) ... 63

Figura 10 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Mais Ativos` ... 64

Figura 11 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Mais Ativos` (Continuação) ... 64

Figura 12 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Mais Recentes` ... 65

Figura 13 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Mais Recentes` (Continuação) ... 65

Figura 14 - Tela do TweetStats – Tweet Timeline Mensal ... 66

Figura 15 - Tela do TweetStats – Tweet Density ... 67

Figura 16 - Tela do TweetStats – Tweet Timeline ... 67

Figura 17 - Tela do Hashtag com o argumento ‘rocinha’... 69

Figura 18 - Tela do Trendistic ... 71

Figura 19 - Mentionmapp ... 72

Figura 20 - Trendistic com o argumento ‘Madrid’ ... 73

Figura 21 - Trendistic com o argumento ‘corrupção’ ... 74

Figura 22 - Twazzup com o argumento ‘Madrid’ ... 74

Figura 23 - Twazzup com o argumento ‘Madrid’ ... 75

Figura 24 - Twazzup com o argumento ‘Madrid’ ... 75

Figura 25 - Tweet Grader ... 76

Figura 26 - Tweet Grader (seguidores) ... 76

Figura 27 - Twitter Counter ... 77

Figura 28 - Mentionmapp ... 78

Figura 29 - Pesquisa por Argumento ... 80

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Figura 32 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Influenciadores`... 82

Figura 33 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Mais Ativos` ... 82

Figura 34 - Tela do Twazzup – Resultado para a pesquisa por perfis `Mais Recentes`. ... 83

Figura 35 - Tela do Tweet Grader– Resultado para a pesquisa por perfis ... 83

Figura 36 - Tela do Twitter Counter– Resultado para a pesquisa para seguidores do perfil .... 84

Figura 37 - Mentionmapp ... 84

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1 INTRODUÇÃO ... 12

1.1 TEMA ... 12

1.2 RELEVÂNCIA DO TEMA ... 16

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ... 16

1.4 OBJETIVOS ... 16

1.4.1 Objetivo Geral ... 16

1.4.2 Objetivos Específicos ... 17

1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 18

2.1 INTELIGÊNCIA DE FONTES ABERTAS ... 18

2.1.1 Informação no âmbito da Atividade de Inteligência ... 20

2.1.2 Fontes e meios de obtenção de dados ... 27

2.2 MÍDIAS E REDES SOCIAIS ... 28

2.4 REDES SOCIAIS VIRTUAIS ... 42

2.4.1 Twitter ... 43

2.4.2 Orkut ... 45

2.4.3 Facebook ... 47

2.4.4 Blogs ... 49

3 METODOLOGIA ... 50

3.1 PREMISSAS ... 51

3.2 PROCEDIMENTO DA ESCOLHA DO CAMPO DE PESQUISA ... 52

3.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ... 52

3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE... 53

4 RESULTADOS ... 54

4.1 FERRAMENTAS PARA MONITORAMENTO DO TWITTER... 54

4.1.1 Twitter Counter ... 55

4.1.2 Twitter Grader ... 57

4.1.3 Twitscoop ... 59

4.1.4 Twawzzup ... 62

4.1.5 TweetStats ... 66

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4.1.8 Mentionmapp ... 71

4.2 COLETA DE INFORMAÇÕES NO TWITTER ... 72

4.2.1 Pesquisa por argumento ... 73

4.2.2 Pesquisa por perfil ... 81

5 CONCLUSÃO ... 87

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

O mundo passa por um período de transformações intensas e variadas em diversos campos (político, econômico, social). Surgem maravilhas tecnológicas constantemente e há a criação e desaparecimento de mercados. Neste período, as fontes tradicionais de vantagem competitiva, por si só, não geram mais segurança em razão da velocidade e da agressividade dessas mudanças.

A crescente complexidade dos sistemas sociais tem impulsionado a chamada atuação em redes de indivíduos e sociedades de modo que as redes sociais têm assumido relevante papel nas relações sociais do mundo moderno (AGUIAR, 2006). As primeiras abordagens sobre o tema surgiram na antropologia social na década de 40, através do trabalho de Claude Lévi-Strauss (ACIOLI, 2007). De modo geral, pode-se afirmar que as redes sociais são formadas por relações complexas que podem ocorrer entre indivíduos, grupos ou organizações, os quais se organizam em torno de interesses, valores ou crenças comuns (MARTELETO, 2001).

O advento da Internet criou um novo ambiente de comunicação, interatividade e negócios mudando o modo com que as organizações trabalhavam até então.

Tradicionalmente, compradores e vendedores conduzem o negócio por meio de três canais: face a face, correio e telefone.

Segundo Amor (2000), a Internet viabilizou o quarto canal para o comércio. Mas o sucesso da utilização desse quarto canal para as negociações requer a habilidade das organizações no sentido de, evitando-se o conflito com os canais tradicionais, utilizar adequadamente os fatores conhecimento e conectividade.

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da informação, quem tem mais conhecimento possui vantagem competitiva.

Por outro lado, Glassman e Kang (2010) exploram as relações naturais entre a teoria pragmática do conhecimento, a dinâmica de estruturação da mente e do pensamento sugeridas pela teoria conexionista e o modo como a informação é distribuída e organizada por meio da web. Sugerem os autores que essas três vertentes podem ser trazidas juntas para oferecer uma melhor compreensão da forma como a mente humana trabalha. Eles afirmam que a internet e a revolução da informação poderão finalmente oferecer a oportunidade de usar e desenvolver práticas de aprendizagem indutiva e investigação social baseada em informações nos moldes que os filósofos pragmáticos imaginaram uma centena de anos atrás, enquanto a elevação recente de obras de arquitetura conexionistas e cognitivas fornece um contexto concreto para tais desenvolvimentos.

A revolução da informação traz junto o empirismo radical e a democratização da informação na prática da comunidade. Eles oferecem três realizações importantes em sua compreensão de como as informações são organizadas e progressos do pensamento tornados possíveis pelas crescentes comunidades virtuais na internet - o pensamento de fontes abertas, redes sem escala, e inter-relações no desenvolvimento de blogs.

Mas não só questões objetivas são tratadas ou conversadas em sites e não somente advindas de fontes acessíveis a todos. Temas mais subjetivos, interpretativos também são tratados em encontros virtuais e uma compreensão melhor da blogosfera pode facilitar o desenvolvimento da Web Social para atender às necessidades dos usuários, prestadores de serviços e dos anunciantes.

Portanto, para o atingimento desse fim, uma tarefa importante neste processo é o agrupamento de blogs. Uma das principais características da Web Social é que muitos blogueiros entusiasmados voluntariamente escrevem, marcam e catalogam seus postos, a fim de atingir o maior número possível de pessoas que partilham os seus pensamentos e apreciar as suas ideias. No processo, um novo tipo de sabedoria coletiva é gerado.

Todas essas situações somente são possíveis graças à tecnologia e sua constante adequação às necessidades de seus usuários.

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Para se obter vantagens, referindo-se à Inteligência, faz-se necessário monitorar o ambiente no qual os usuários ou organizações estão inseridos. Tal monitoramento pode ser realizado por meio de publicações, internet, mídias diversas e mesmo contatos pessoais, por exemplo, via redes sociais em ambiente virtual. A análise de redes, então, pode ser usada tanto para o estudo dos movimentos sociais mais abrangentes (MARTELETO, 2001) quanto para o entendimento das redes temáticas ou de relacionamentos informais, ou ainda de relacionamentos técnicos (ACIOLI, 2007). Seu estudo também pode ser feito dentro das comunidades ou instituições e organizações onde se formam, caracterizando as redes intraorganizacionais (CROSS et al. 2001), ou ainda a partir da interação entre várias instituições ou organizações, constituindo-se nas redes interorganizacionais (ACIOLI, 2007).

Segundo Cardoso Júnior (2003), analisar fracassos também é uma atividade relevante, pois eles contêm informações sobre situações idênticas que se repetem envolvendo pessoas, preconceitos, métodos ineficazes e a tomada de decisões inadequadas.

Porém, não basta somente obter as informações: estas necessitam ser avaliadas para verificar sua relevância, confiabilidade, precisão além de serem interpretadas e transformadas em informações gerenciais (DEGENT, 1986).

Dada a importância da informação para a tomada de decisão, faz-se necessário a definição do termo. De um modo geral, é utilizado para se referir às maneiras de descrição ou representação de dados. No entanto, é preciso reconhecer algumas diferenças nos termos: dado, informação, conhecimento e inteligência que possuem valores distintos no contexto do processo decisório (TARAPANOFF, 2001).

Para Tarapanoff (2001), dado é a classe mais baixa da informação, incluindo representações de fatos, textos, gráficos, imagens estáticas, sons, segmentos de vídeo analógicos ou digitais entre outros. Informação são dados que passam por algum tipo de processamento para serem entregues de forma que sejam compreendidos por quem dela se utilizará. Conhecimento é definido pela autora como informações que foram avaliadas sob o aspecto de sua relevância, confiabilidade e importância, sua obtenção se dá pela interpretação e integração de vários dados e informações para se iniciar a visão de uma situação. Acima, encontra-se a Inteligência, entendida como a informação com oportunidade, o conhecimento relevante dentro do contexto observado que permite atuar com vantagem no ambiente de interesse, ou seja, o conhecimento sintetizado e aplicado à determinada situação, oferecendo maior profundidade e consciência dela.

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E tal conhecimento poder ser acessados organizado e analisado mentalmente e resultará em embasamento para qualquer ação por parte de indivíduos: servirá para instrumentar o processo decisório segundo o modo particular do processamento desse material.

Nesse contexto, dados e informações são encontrados em fontes em que não há preservação de segredos, não estão fechadas: daí a expressão Fontes Abertas. Parte desse material pode ser proveniente do mundo virtual, sem que ele seja, entretanto, midiático: são produtos das modernas comunidades sociais, em suas diferentes expressões. Uma característica do produto de tal tipo de fonte é o fato de ele ser de conteúdo gerado pelo próprio usuário. É o caso das redes sociais, sítios pessoais em geral, sítios de material visual compartilhado, wikis, blogs e similares.

Atualmente, a Internet oferece mais do que informação gratuita, configurando-se como um espaço para as manifestações sociais em que as pessoas retratam opiniões, buscam identidades e se relacionam com amigos e desconhecidos. É a partir da análise da estrutura e da dinâmica de uma rede é que se pode mapear a rede social configurada de modo a compreender seu impacto gerado nos processos, ambientes e instituições em que atua. Dessa forma, a análise de redes sociais se ocupa em identificar como se formam as redes de conhecimentos no interior de sua estrutura que constantemente influenciam os comportamentos dos atores da rede, (re) alimentando o funcionamento da mesma (MARTELETO, 2001). Neste contexto, destaca-se o importante papel das lideranças naturais, conforme aponta Aguiar (2006, p. 16):

Os ‘animadores’ de uma rede – que podem ser lideranças ‘naturais’ ou moderadores instituídos – procuram superar as barreiras de comunicação dos participantes em potencial, de forma a ampliar o espectro de alcance da rede, quando desejável. Para isso, procuram facilitar o ‘trânsito’ de mensagens, lançando mão de traduções, explicações complementares, glossários etc, sempre que identificam ruídos de comunicação. Além disso, têm que lidar com eventuais falas dissonantes e/ou clusters desagregadores que possam perturbar a dinâmica da rede. Ou seja, a comunicação horizontal, não-hierárquica, é sujeita a controvérsias no processo de construção de consensos.

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1.2 RELEVÂNCIA DO TEMA

Com o desenvolvimento da tecnologia da informação e o acesso a ela cada vez mais facilitado ao público em geral, quer seja na aquisição de hardware, quer seja no aprendizado do software, o conhecimento torna-se mais fácil de ser veiculado e construído. O que antes era direcionado às corporações exclusivamente, atualmente, é utilizado pelo usuário comum. Exemplo disso é o Twitter, atualmente considerada a segunda maior rede social do planeta, anteriormente utilizado como ferramenta para facilitar a troca de mensagens de trabalho via celular restrito às empresas. Companhias de diversos segmentos utilizam a rede para se relacionar com seu público de forma mais íntima e instantânea além de oferecer promoções exclusivas a seus seguidores.

Dessa forma, as redes sociais, com a abrangência cada vez maior de público, reúnem condições para veicular informações e influenciar decisões.

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Nesse sentido, a problema de pesquisa é:

Como as informações publicadas em redes sociais, em especial o Twitter, podem ser empregadas na atividade de inteligência?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

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1.4.2 Objetivos Específicos

- Analisar as redes sociais mais populares no Brasil;

- Identificar aplicativos para coleta e análise de informações em redes sociais; - Realizar experimento a partir da identificação de argumento de pesquisa;

- Realizar experimento utilizando o nome de pessoas como argumento de pesquisa; - Sintetizar processo de emprego de redes sociais como fonte aberta para a

Atividade de Inteligência.

1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

O capítulo 2 discorre sobre inteligência de fontes abertas e redes sociais. Como o tema da dissertação foca as redes sociais, são apresentadas aquelas consideradas mais populares.

No capítulo 3, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados nesta dissertação. Em seguida, são apresentados procedimentos de coleta e análise dos dados. Também, são apresentadas as premissas e a delimitação da pesquisa.

No capítulo 4, apresentam-se as ferramentas de monitoramento do Twitter, bem como uma síntese de funcionamento das mesmas. Em seguida, identifica as duas linhas de pesquisa do experimento: uma por argumento e outra por perfil. Para cada linha de pesquisa elencada, é mostrado o fluxo que será seguido e o experimento em si. Ao final, é apresentado o resultado.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 INTELIGÊNCIA DE FONTES ABERTAS

As últimas décadas do século XX foram marcadas pelo avanço da democratização do acesso a informações em todas as áreas de conhecimento.

Segundo Sims (1995), a atividade de inteligência é toda a informação coletada, organizada e analisada para atender quem se utiliza dela em suas atividades para a tomada de decisões, não se constituindo em simples disseminação de dados coletados para atendimento das solicitações das autoridades decisoras.

Para Shulsky (1991), a área de atuação da Inteligência está vinculada à competitividade entre as nações, ao segredo e ao formato das organizações, ou seja, é

“coleção e análise de informações relevantes para a formulação e implementação da política

de segurança nacional”.

As definições apresentadas, ainda que de autores distintos, são unânimes ao afirmar que a responsabilidade de subsidiar o tomador de decisão é a principal função da atividade dos órgãos de inteligência. Para eles, a principal competência é a de se colocar em prática um conjunto de métodos materializado durante o ciclo da inteligência com imparcialidade, clareza e concisão. Se a Inteligência for executada de forma adequada, torna-se explicativa e preditiva.

Obtém-se Inteligência de Fontes Abertas a partir de informações que se encontram disponíveis a qualquer um: não são sigilosas. Essas informações passam por um processo que engloba coleta, processamento, análise e, por fim, disseminação para utilização dos usuários. Esse processo tem como objetivo o atendimento das necessidades de tomadores de decisão nos vários níveis das mais diversas organizações.

Existe um considerável diferencial entre a obtenção de informações a partir das fontes abertas em detrimento das sigilosas: baixo custo para sua obtenção e um alto grau de oportunidade. Em períodos de contingenciamento, são as mais adequadas, sem contar que não são invasivas, uma vez que estão disponíveis ao público.

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reside outro aspecto capital para a atividade: a informação visa gerar ação, podendo vir a transformar-se em “decisão de nada fazer” que, apesar da aparência, é ação.

Segundo Berkowitz (1997) a Inteligência é informação e nenhuma tecnologia está evoluindo mais rápido do que a tecnologia da informação. E nenhum aspecto da nossa sociedade está mudando tão rápido quanto a maneira como é utilizada a informação. Além do mais, não é somente a tecnologia que está mudando. Também mudou a maneira pela qual as pessoas usam e interagem com a informação. Atualmente, as pessoas esperam receber a informação imediatamente, e em uma forma que possa ser facilmente usada. Mas por que recorrer à Inteligência de Fontes Abertas? A era da informação, por meio da maior oferta de fontes abertas, tem influenciado a área de Inteligência, visto que o contínuo fluxo de dados subsidia a elaboração de novos estudos, paradigmas e formas de produção de conhecimento. Segundo Ugarte (2004), a democratização do acesso à informação passou a ser incrementada e problematizada.

Inteligência diz respeito a uma informação categorizada e específica que atende necessidades de usuários e exige acuidade de análise, precisão de conteúdo, apresentação clara e objetiva do tema tratado além de eficiência e rapidez na elaboração do produto. Neste caso, as fontes abertas apresentam-se como opção útil e vantajosa para a obtenção desses dados disponíveis de forma ética e legal e a um baixo custo.

Portanto, levando-se em conta o alto custo dispendido com recursos especializados, com espionagem, com operações de campo etc, percebe-se que esse ônus seria desnecessário se se entender que existe uma tendência a se confundir Inteligência com segredo.

Fontes abertas mostram-se capazes de conduzir a conclusões tão estratégicas quanto as fontes secretas o fazem. Esse entendimento é corroborado por Mercado (2004) quando afirma que gerenciar a coleta de informação nos dias atuais “é menos um problema de se esgueirar

em becos escuros em terras estrangeiras para encontrar algum agente secreto do que surfar na internet, debaixo das luzes fluorescentes de um escritório apertado, a fim de encontrar alguma

fonte aberta”. Mais do que ressaltar as capacidades de mesclar oportunidade e clareza,

conhecer quem tem a informação e onde se encontra quem a detém, esse comportamento vem como um exercício de eficiência e bom senso financeiro. Dentro dessa ideia, percebe-se a grande vantagem das fontes abertas no que diz respeito ao alto grau de oportunidade e o baixo custo para obtê-las.

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de natureza ostensiva. Nos países centrais, cerca de 80 a 90% dos investimentos governamentais na área de Inteligência são absorvidos por este estágio do ciclo. Os trabalhos acadêmicos que versam sobre Inteligência definem as técnicas de coleta por meio de acrônimos derivados do uso norte-americano: Inteligência de Fontes Humana (HUMINT), Inteligência de Sinais (SIGINT), Inteligência de Imagens (IMINT) e Inteligência de Fontes Abertas (OSINT).

OSINT é definida como a análise baseada na:

obtenção legal de documentos oficiais sem restrição de segurança, da observação direta e não clandestina dos aspectos políticos, militares e econômicos da vida interna de outros países ou alvos, do monitoramento da mídia, da aquisição legal de livros e revistas especializadas de caráter técnico-científico, enfim, de um leque mais ou menos amplo de fontes disponíveis cujo acesso é permitido sem restrições especiais de segurança (CEPIK, 2003, p. 32).

A grande vantagem das fontes abertas é o alto grau de oportunidade e o baixo custo para obtê-las. A OSINT torna-se atraente principalmente em épocas de contingenciamento orçamentário quando, então, amplia as possibilidades da atividade de Inteligência.

Nesse contexto, a Inteligência Competitiva (IC), uma ferramenta básica de coleta e disseminação da informação para tomada de decisão, pode minimizar as incertezas do ambiente, provocadas pela alta competitividade de avanços tecnológicos nos mais diversos setores.

A IC estrutura-se a partir de dados e informações coletados em bases cognitivas públicas ou não para responder às necessidades tecnológicas de uma organização. Nesse processo, um instrumento de canalização e otimização da coleta de informação podem ser as redes sociais que auxiliam o desenvolvimento da IC trazendo dados e informações de difícil acesso que não estão em base de dados, mas, sim, nas pessoas e indivíduos.

2.1.1 Informação no âmbito da Atividade de Inteligência

Segundo Polmar e Allen (1998) a Inteligência é uma das profissões mais antigas do mundo. Pode-se citar, como exemplo, obras de Sun-Tzu (século IV a.C), renomado general Chinês que afirma em seu livro A Arte da Guerra dedicou seu último capítulo inteiramente à atividade de inteligência como fator essencial para a vitória:

Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso.

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Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas (TZU, 2000, p. 41).

Entretanto, os registros de utilização das práticas de Inteligência sob a óptica da competitividade surgem após a Segunda Guerra Mundial, ligadas à reconstrução da Europa e do Japão (KAHANER, 1996).

As organizações, com relação ao ambiente globalizado em que estão inseridas, necessitam, cada vez mais, adaptarem-se às mudanças, prevê-las e influenciá-las. Somente assim poderão sobreviver à concorrência.

Com base nessa constatação, o controle da informação do ambiente ao redor das organizações é indispensável para a tomada de decisões. É necessário que as organizações saibam utilizar as informações direcionadas para a inovação em seu campo de atuação e competir no mercado globalizado. Por outro lado, o constante crescimento do volume de dados se apresenta como um dificultador para o usuário, revertendo-se em obstáculo em relação à obtenção da informação.

Dentro desse contexto, e para tornar mais eficiente o processo de tomada de decisão, é fundamental que as informações não sejam meramente um aglomerado de dados, isto é, deve-se estabelecer uma ‘área interativa’ no ambiente empresarial, tornando-se acessível a toda a organização, proporcionando vantagens em relação às outras empresas (PRESCOTT, MILLER, 2002).

Segundo Kahaner (1996), o processo de Inteligência Competitiva tem sua origem nos métodos utilizados pelos órgãos de Inteligência estatais, que visavam basicamente identificar e avaliar informações ligadas à defesa nacional. Essas ferramentas foram adaptadas à

realidade empresarial, onde o “inimigo” passa a ser o concorrente.

Algumas definições de Inteligência Competitiva:

Para Fuld (1995), Inteligência Competitiva é a informação analisada sobre os concorrentes que tem implicações no processo de tomada de decisão da empresa. Já Herring (1996) entende Inteligência como o conhecimento do ambiente competitivo da organização e de seu macroambiente, aplicado a processos de tomada de decisão, nos níveis estratégico e tático. Sistema de Inteligência Competitivo (SIC), por aus vez, pode ser entendido como o processo organizacional de coleta e análise da informação, que por sua vez é disseminado como inteligência aos usuários, em apoio à tomada de decisão, tendo em vista a geração ou sustentação de vantagens competitivas.

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atividade especializada e permanentemente exercida com o foco nos interesses de clientes, usuários ou consumidores, tem-se a Inteligência. A essa atividade especializada dá-se o nome de Atividade de Inteligência que é sigilosa e cuja finalidade é atender à demanda específica,

portanto, “inteligência é informação descoberta, discriminada, destilada e difundida para um

decisor a fim de responder uma questão específica” (CEPIK, 2003).

Os princípios básicos da atividade de inteligência são: segurança, clareza, amplitude, imparcialidade, objetividade, oportunidade, utilidade e exclusividade. O Quadro 1 apresenta um resumo proposto por Gonçalves (2008) sobre o significado de cada um dos princípios acima citados.

Quadro 1 - Princípios da Atividade de Inteligência

PRINCÍPIO ORIENTAÇÃO/SIGNIFICADO

Objetividade

A inteligência deve ter utilidade, finalidade ou objetivo específico, além de expressar os conhecimentos sobre atos ou fatos com a maior precisão possível, mediante o emprego de linguagem caracterizada pela clareza e simplicidade. Ademais, toda ação de inteligência deverá ser planejada e executada em estrita consonância com os objetivos a alcançar, não devendo fugir deles.

Oportunidade

As informações devem ser produzidas e difundidas dentro de prazo que possibilite sua completa e adequada utilização. Afinal, a inteligência como produto é passível de rápido processo de deterioração diante do tempo. “Daí porque seu valor e utilidade dependem, essencialmente, da oportunidade com que seja elaborada e difundida aos destinatários e utilizadores, tendo em vista o planejamento das ações decisórias”.

Segurança

Estabelece que o planejamento, a produção e a difusão de inteligência devem ocorrer sob a égide do sigilo, de modo a limitar o acesso a essa inteligência apenas às pessoas que devam realmente tomar conhecimento dela, ou seja, apenas àqueles que tenham “necessidade de conhecer”. Assim, em virtude de suas características intrínsecas, a atividade de inteligência deve revestir-se de profundo grau de sigilo o que, de forma alguma, significa que seja atividade ilegal e sem qualquer controle. Portanto, esse princípio carrega a idéia central de que inteligência e sigilo são indissociáveis.

Imparcialidade

A inteligência como produto deve conter conhecimentos essenciais e imprescindíveis, referentes aos atos e fatos que a originaram, e ser isenta de posição pessoal do analista e de outras influências que possam prejudicar sua exatidão. Portanto, qualquer conhecimento produzido sem a preocupação com a imparcialidade desvirtua a atividade de inteligência. Controle

Esse princípio busca garantir certa ordem à produção do conhecimento e sua difusão. É por meio do controle que se consegue a orientação metodológica no ciclo da inteligência. Em sentido mais amplo, o controle relaciona-se com a supervisão e o acompanhamento adequado requeridos para as ações de inteligência. Atualmente, nos regimes democráticos, o controle interno e orgânico continua de grande relevância, mas não se pode mais desconsiderar outra forma de controle de suma importância: o controle externo, realizado pelo Poder Legislativo. Clareza Preconiza que a inteligência como produto deve ser clara a ponto de permitir a imediata e integral compreensão de seu significado, bem como primar pela evidência dos

conhecimentos elaborados. Simplicidade

Associado ao princípio da clareza, em virtude da percepção de que o conhecimento produzido deve ser essencial e facilmente compreensível, o princípio da simplicidade preconiza que o produto da inteligência deve ser simples, de forma a conter unicamente os conhecimentos essenciais, isentos de expressões e conceitos dispensáveis.

Amplitude

A inteligência produzida deve ser tão completa quanto possível, de maneira a conter conhecimentos amplos e exatos, obtidos de todas as fontes disponíveis. Esse princípio deve ser aplicado de maneira moderada, sobretudo em virtude do princípio da oportunidade. Ética Além desses princípios de caráter metodológico e técnico-operacional, a atividade de inteligência deve ser pautada em preceitos éticos e levar em conta os princípios legais e

(25)

Quanto ao princípio da imparcialidade, em que a informação difundida deve ser isenta de ideias preconcebidas, subjetivismos e outras inferências que gerem distorções em sua interpretação, entende-se que deve existir a forte intenção de se atingir esse objetivo, mas sabe-se ser impossível na sua totalidade, uma vez que o indivíduo é influenciado por fatores biológicos, culturais, linguísticos e pessoais inerentes ao ser humano.

Para a Atividade de Inteligência, com relação ao princípio de segurança, em todas as fases de sua produção, a informação deve ser protegida de modo que o acesso a ela seja limitado apenas a pessoas credenciadas. Esse tipo de comportamento acontece também em relação às fontes abertas. Apesar da grande quantidade de informações hoje disponível de forma ostensiva, há frações de informação indisponíveis nas fontes abertas e protegidas contra o acesso público. Trata-se do dado negado. Este estudo, porém, não levará em conta esse contexto; ao contrário, terá como ponto central Operações de Fontes Abertas.

A atividade de Inteligência deve ser desenvolvida, no que se refere aos limites de sua extensão e ao uso de técnicas e meios sigilosos, com irrestrita observância dos direitos e garantias individuais, fidelidade às instituições e aos princípios éticos que regem os interesses e a segurança do Estado.

De acordo com Medeiros (2009), o conhecimento tecnológico é cada vez mais um produto comercial entre os estados, as empresas e organizações. Não há dúvida de que, na atual conjuntura deste mundo globalizado, com rápidas mudanças, esses atores procuram mais eficiência para a proteção do conhecimento por eles produzidos e guardados e acrescenta que a Atividade de Inteligência é um campo que cresce dia a dia com a necessidade de diminuir as incertezas e melhorar a projeção das organizações ou empresas no futuro (Medeiros, 2009).

Para que esse resultado seja atingido, é fundamental que as necessidades do usuário sejam atendidas e, no caso das organizações, esse atingimento deve ocorrer de modo que as organizações atuem de acordo com a Inteligência obtida. Para que haja sucesso da atividade de Inteligência é preciso que as necessidades gerenciais sejam claramente identificadas. Faz-se, então, necessário um processo formal.

O ciclo de Inteligência, encontrado na literatura especializada, não é um processo rígido podendo ser adaptado às necessidades de quem o utiliza. Cepik (2003, p.32) elenca 10 etapas que seriam encontradas na maioria dos métodos empregados:

I) Requerimentos informacionais; II) Planejamento;

(26)

V) Processamento;

VI) Análise das informações obtidas de fontes diversas; VII) Produção de relatórios, informes e estudos;

VIII) Disseminação dos produtos;

IX) Consumo pelos usuários e avaliação.

Miller (2000) identifica quatro fases no ciclo da inteligência:

1) Identificação dos responsáveis pelas principais decisões e suas necessidades em matéria de inteligência;

2) Coleta de Informações;

3) Análise da informação para transoformá-la em inteligência e 4) Disseminação da inteligência entre os tomadores de decisão.

Para Cardoso Júnior (2003), o Ciclo de Produção de Inteligência (CPI), apresenta quatro fases que caratcterizam os instrumentos destinados a elaborar questões, buscar respostas, processá-las e difundir o conhecimento resultante do processo:

1) Identificação dos usuários e determinação das suas necessidades; 2) Reunião das informações;

3) Processamento do material reunido e

4) Disseminação da Inteligência para os usuários.

Para Chee Wee (1992), as fases que compõem o processo de inteligência são: I) Reconhecimento da importância da inteligência competitiva;

II) Priorização; III) Coleta;

IV) Interpretação e

V) Utilização para a tomada de decisão pelos tomadores de decisão estratégicos. Para Degent (1986), o processo de inteligência apresenta seis fases principais:

1) Gerenciamento: definição das necessidades de informação, prioridades para a obtenção das informações, fontes a serem consultadas e processo de coleta;

2) Coleta: obtenção dos dados junto às fontes de informação de acordo com necessidades e processos definidos;

3) Avaliação: análise dos dados obtidos para verificar sua relevância, confiabilidade, precisão e transformados em informações gerenciais;

4) Divulgação: distribuição das informações de acordo com o perfil de interesse e necessidades de cada usuário;

(27)

organizacional e

6) Realimentação: constante adaptação do serviço de acordo com os resultados obtidos.

Segue um processo representado por cinco atividades que se repetem: planejamento e direção, coleta, processamento e análise, produção, disseminação.

Tomando-se como base o Glossário da Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ANALISTAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, 2012.), têm-se as seguintes etapas: Planejamento, Coleta de Dados, Processamento e Análise, Produção descritas abaixo:

- Planejamento (Definição de Necessidades de Inteligência) como sendo um: Estudo preliminar e geral do problema na qual se estabelece os procedimentos necessários para o cumprimento de missão específica de Inteligência. Busca identificar a real necessidade de Inteligência, quem irá utilizá-la e com qual propósito o produto da Inteligência será usada. É estabelecida a data limite para a entrega do trabalho e traçado plano de coleta, análise e disseminação em função do tempo disponível. O plano deverá conter alternativas capazes de garantir seu cumprimento independente de movimentos externos. Constitui-se na primeira fase do processo de Inteligência.

Planos de coleta devem estabelecer claramente os requisitos de inteligência em ordem de prioridade, identificar os tipos e o montante de informação necessária, adequar as fontes de informação aos requisitos e identificar os aspectos que requerem monitoramento contínuo.

Coleta de Dados (Definição de Necessidades de Informação) é a “segunda fase do

Processo de Inteligência que visa a obtenção de dados por meio de diversos métodos e

fontes”. Nesta segunda etapa, são realizadas as atividades de identificação e classificação das fontes de informação, a coleta de dados e seu tratamento (BERNHARDT, 2003). É nesta etapa em que, preferencialmente, o relacionamento do ciclo de inteligência com o meio externo se dá.

Segundo Gomes e Braga (2002), a atividade de coleta poderá utilizar ferramentas que permitam a sua automatização, uma vez que os parâmetros de busca estejam bem definidos. Dados relativos ao macroambiente podem ser colhidos a partir de sites de bancos, revistas e de notícias em que é possível atualizar-se sobre economia e política, além de sites de concorrentes que apresentam informações sobre novos produtos, relatórios financeiros e ações comerciais (CASTILHO, 2005).

- Processamento e análise (Organização, Avaliação e Classificação de Informações) é

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Terceira fase do processo de Inteligência. composta pelas etapas de seleção e reunião, exames e testes e conclusão. As análises poderão ser qualitativas (de visão de futuro) ou quantitativas (de visão de presente e de passado). São exemplos: brainstorming, Delphi, jogo de atores, cenários prospectivos, benchmarking, análise competitiva de Porter, sinais fracos, matriz SWOT, diagrama de causa e efeito, inferência e análise automática da informação, utilização de modelos e testes estatísticos. É composto pelos processos a seguir descritos: · Seleção e reunião - Os dados são reunidos, filtrados, checados e integrados. É a montagem do quebra-cabeça, em que são verificadas a qualidade dos dados e sua pertinência ao estudo que será desenvolvido. · Exames e testes - O analista já possui a visão do todo e parte para o seu entendimento como conjunto coerente. São examinadas a natureza, a função e as relações entre os dados. As hipóteses a respeito do assunto são formuladas e testadas. Modelos são elaborados e testados. · Conclusão - Fase final e decisiva do processo de análise. Momento em que são elaboradas as antecipações de movimentos através de inferências, projeções ou cenários prospectivos, bem como as respectivas análises dos impactos para a organização. São apresentadas sugestões de ações ou redefinição de estratégias.

Esta etapa deveria se denominada ‘gerador de inteligência’. Neste ponto, o analista

transforma as informações coletadas em uma avaliação significativa, completa e confiável. A análise é um resumo ou síntese na qual são apresentadas conclusões sobre ao assunto que está sendo pesquisado (GOMES; BRAGA, 2002).

- Produção (Geração de Produtos de Inteligência), tem-se o provimento a determinado usuário com dados e informações acionáveis relevantes que os auxiliem no processo

decisório. Nessa etapa, converte-se o produto de todo o esforço preliminar em um inteiro significativo que inclui avaliações dos eventos e das informações coletadas.

Constitui a quarta e última fase do processo de Inteligência Competitiva. Consiste na remessa de Inteligência formalizada, apresentadas de forma lógica e de fácil absorção para respectivo usuário das questões originalmente formuladas. O modelo mental dos decisores e a cultura da empresa são levados em consideração para definir a melhor forma de disseminação do relatório produzido. Os métodos mais usados para a disseminação da Inteligência são: comunicação verbal - principalmente no nível estratégico; relatórios de Inteligência Competitiva e avaliações customizadas para o usuário. O relatório de Inteligência deve atender aos "Princípios Básicos de Inteligência" (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ANALISTAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA, 2012)

Segundo Bernhardt (2003), a disseminação envolve a distribuição da inteligência analisada, de forma coerente e convincente, para os usuários e tomadores de decisão.

Para Gomes e Braga (2002), os formatos de distribuição são definidos de acordo com as necessidades dos usuários do sistema. Podem ser relatórios customizados, apresentações, análises setoriais e boletins.

Esta pesquisa adotar-se-á a sequência de atividades mostrada no diagrama da Figura 1 e descrita abaixo:

- Necessidade de informação: definição do fluxo de pesquisa a ser seguido. Em

(29)

ferramentas de monitoramento compatíveis;

- Coleta: esta etapa diz respeito às informações observadas e armazenadas na

pesquisa por perfil e por argumento por meio das ferramentas de monitoramento. A efetivação desta fase dependeu do resultado da fase anterior em que foi definido o processo a ser seguido. A partir dessa escolha, ferramentas distintas foram utilizadas em cada etapa. Fez-se necessária a criação de perfil no Twitter para efetivação do fluxo de pesquisa por perfil dada a necessidade de sua validação;

- Análise: esta fase se dá quando os dados obtidos a partir de uma ferramenta de

monitoramento servem de subsídio para as funcionalidades da ferramenta subsequente. Tendo em vista que tanto o Twitter como as ferramentas utilizadas são livres, qualquer usuário com interesse nos dados e informações obtidas pode se utilizar do processo. Esta fase trata também os dados obtidos. É quando os dados obtidos são organizados de forma a gerar informação para o usuário;

- Disponibilização: esta etapa consiste na disponibilização das informações geradas

a partir das pesquisas efetuadas. Disponibiliza também os fluxos (processos) a serem seguidos para a obtenção das informações a partir de objetos diferentes (argumento/perfil).

2.1.2 Fontes e meios de obtenção de dados

(30)

Figura 1 - Ciclo de Inteligência adotado para a pesquisa

2.2 MÍDIAS E REDES SOCIAIS

Os traços especificamente humanos são adquiridos no domínio da cultura por meio da interação social uns com os outros. As pessoas constroem-se como seres sociais a partir das trocas culturais, comunicacionais com semelhantes; agrupam-se, constituem comunidades, redes, sociedades baseadas em instrumentos e signos.

Cândido e Abreu (2005) definiram o termo rede, de modo geral, como um sistema integrado de elos.

Já Castells (1999) define a rede como estruturas abertas, compostas por um conjunto de nós interconectados que podem se expandir ilimitadamente, desde que esses nós consigam se comunicar dentro dessa rede. Para tanto, a rede necessita manter um código único de comunicação entendido por todos os nós da rede. Nesse contexto, a intensidade e frequência da interação entre esses nós é que irá definir o tipo de estruturação de cada rede social.

As redes podem criar valores que são imitáveis e insubstituíveis além de trazer recursos tanto para a rede quanto para seus integrantes (GULATI, 1999) e pode ser definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões (WASSERMAN, FAUST, 1994, DEGENNEE, FORSÉ, 1999).

Para Garton, Haythornthwaite e Wellman (1997), a abordagem de rede é importante

1. Necessidade de Informação

2. Coleta 4. Disponibilização

(31)

porque enfatiza as conexões entre os indivíduos no ciberespaço.

Para Nolan (1999), as redes sociais são muito eficazes para a coleta de informações de qualidade quando bem desenvolvidas. Cunha (2006) corrobora afirmando que as redes sociais objetivam a interação entre pessoas que necessitam de informação com aquelas que detêm a informação.

Segundo Marteleto (2001, p.72), as redes sociais podem ser definidas como um

“conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”.

Downes (2005, p.411), por sua vez, compreende que “uma rede social é um conjunto de indivíduos ligados entre si por um conjunto de relações”. As redes ainda podem ser

entendidas como o conjunto das relações sociais existentes entre conjuntos de atores e também entre estes atores individualmente (COLONOMOS, 1995 apud ACIOLI, 2007).

Somente recentemente, os profissionais de Inteligência Competitiva reconheceram a importância das redes interpessoais ou sociais como veículos de coleta e disseminação eficiente de informações. É por meio delas que as informações são obtidas e que o conhecimento tácito, mais difícil de ser transmitido, é difundido nas organizações.

Segundo Tomaél (2007, p. 12):

A proliferação da informação em grupos é comum nas redes, isto em virtude dos atores aproximarem-se de indivíduos que lhes inspirem confiança, ou que tenham relações de amizade e em muitos casos relações profissionais também.

Neste contexto, o indivíduo se caracteriza por possuir múltiplas relações, que podem ser motivadas pela amizade, pelas relações de trabalho ou pela simples troca de informações.

Para que essas redes sociais se desenvolvam é necessário haver interação entre seus atores e que estes se comuniquem. Essa interação propicia ainda a diminuição de custos de produção e comercialização quando for o caso.

A partir do final do século XX, a popularização do acesso à Internet fez com que o ciberespaço passasse a ser partilhado por um número crescente de pessoas tendendo à sua universalização.

Antes da criação da Internet, o relacionamento social em comunidades se dava em um território físico bem definido. Naquele momento, não se tinha ideia das modificações que ocorreriam na forma de se relacionar na sociedade humana.

Tal afirmação é ratificada por Bauman (2003, p.18-19):

(32)

humana ”natural”. A distância, outrora a mais formidável das defesas da comunidade, perdeu muito de sua significação. O golpe mortal na “naturalidade” do entendimento comunitário foi desferido, porém, pelo advento da informática; a emancipação do fluxo de informação proveniente do transporte dos corpos. A partir do momento em que a informação passa a viajar independente de seus portadores, e numa velocidade muito além da capacidade dos meios mais avançados de transporte (como no tipo de sociedade que todos habitamos nos dias de hoje), a fronteira entre o “dentro” e o “fora” não pode mais ser estabelecida e muito menos mantida

A territorialidade passa a não encerrar em si seu caráter físico ou geográfico: passa a ter uma conotação simbólica, principalmente nos dias atuais, como elos de união entre os membros de uma comunidade propiciando a criação e potencialização de vínculos. Perde expressão como território físico quando comparado às modernas e comtemporâneas comunidades.

Nesse sentido, independente do caráter físico das comunidades, o ser humano nutre o desejo de segurança e de pertencimento a um ou mais grupos em que possa compartilhar sentimentos e sentir-se seguro como consequência.

As comnunidades, portanto, sofrem alterações conceituais significativas segundo Recuero (2006, p. 110):

Haveria, assim, uma transição do sentido do conceito de comunidade, de uma organização social baseada em parentesco, em relações mais orgânicas, para um novo tipo de organização social, voltada para a mobilidade, o aparecimento de grupos mais fluídos e pontuais. Esses novos conceitos, diferenciados dos conceitos utópicos, trabalham com diferentes princípios de coesão entre os seus elementos constituintes, como o contraste entre parentesco e território, sentimentos e interesses.

A partir do momento em que se internaliza a virtualidade da Internet, o deslocamento do conceito de comunidade, tradicionalmente aceito, é de extrema relevância.

O conceito de comunidade tem evoluído com o tempo. Idéias de pertencimento, de localização numa mesma área geográfica, ou de uma estrutura social formada, já revelaram o seu significado. Hoje esse conceito já abrange outro significado: o das comunidades virtuais. Com o incremento das redes telemáticas (a união das telecomunicações com a informática), essas novas comunidades puderam surgir, trazendo a união dos seus participantes não por localização geográfica, mas pela conexão com a rede. As proximidades intelectuais passam a ser mais importantes do que proximidades físicas (COSTA, 2008, p.1).

Alguns autores (RECUERO, 2006; MCLUHAN, 1996; CASTELLS, 2003) entendem que a mudança acerca do conceito de territorialidade não surgiu com a web. Uma diversidade de outros meios como cartas, telefone, telégrafo, por exemplo, já exerciam esse papel. A Internet encarregou-se de potencializar e sedimentar os espaços para além do geográfico apresentando novas formas de interação e comunicação.

(33)

A criação das redes sociais, a partir de softwares que permitem a gravação de perfis, com dados pessoais, que são utilizados para a interação pessoal e para o compartilhamento de arquivos textos, imagens, fotos, vídeos entre outros, abriu-se um espaço de interação social fora do território físico.

Recuero (2007) chama a atenção para que não haja confusão entre software (ou sistema) e grupo social. Lembra que o sistema sem o grupo limita-se a site/software, mas que o grupo continua sendo um grupo mesmo que não haja sistena. E completa que tratar os sistemas como comunidades ou como redes é um risco, visto que nem todos os sites possuem um grupo social associado assim como nem todo grupo social associado constitui-se numa comunidade virtual.

Lemos (1999) afirma que os sistemas de Comunicação Mediada por Computador

(CMC) oferecem vantagens ‘fundamentais’ às pessoas que dela se utilizam, pois extrapolam o

conceito de território e da presença e assim possibilitam efetivação e consolidação de relações sociais mantidas à distância. Estas relações são produzidas, conservadas e têm, na web, um espaço a mais de interação. Isso significa que tanto as pessoas conhecem-se por meio das ferramentas de comunicação da internet, como podem consolidar relacionamentos que têm seu início presencialmente. Além destes, tem o caso das pessoas para as quais a internet é mais um canal de comunicação e vivência. Mas mesmo que exista este leque de diversidade, critérios e possibilidades, a natureza social das relações na Internet é evidente, uma vez que estas interações, colaborações e intercâmbios ocorrem entre pessoas.

São estes grupos de pessoas conectados a outros grupos é que formam redes sociais. Na Internet, estas conexões são potencializadas pelo rompimento da barreira de tempo e espaço. Softwares de mensagem instantânea, rede de relacionamentos, simuladores de vida real e repositórios on line de informações podem constituir redes sociais à medida em que seus atores interagem uns com os outros, criando vínculos, projetos comuns e formas de comunicação específicas daquele espaço.

Segundo Nelson (1984) essas redes são compostas por atores que interagem entre si e, dependendo do tipo de interação entre seus atores, podem ser classificadas como fortes ou fracas, formais ou informais, com caráter emocional forte ou podem ser utilizadas exclusivamente para ganhos comerciais e financeiros.

(34)

usuários da IC possuem interesses diversificados (permite buscar rápida e amplamente informações e conhecimentos explícitos).

Hoje, mais do que preconizava Negroponte (2006, p. 218) em relação às crianças, todo cidadão pode se libertar, pela Internet, do requisito de proximidade geográfica para desenvolver amizades, colaborações e se divertir. Mais recentemente, com a interatividade trazida pela Web 2.0, surgem as comunidades virtuais.

As comunidades virtuais são formadas pelas redes sociais virtuais e hoje são comuns e populares em todo o mundo. É fácil encontrar pessoas usuárias dessas redes sociais que utilizam uma ou mais dessas redes, um recurso inclusive utilizado por empresas para divulgação de serviços, devido ao grande número de usuários conectados.

Rheingold (1996, p. 44) afirma:

Na comunidade tradicional, fazemos amigos procurando o círculo de vizinhos, os colegas de profissão, os conhecidos de conhecidos de modo a encontrarmos os mesmos valores e interesses. Já em uma comunidade virtual, podemos ir diretamente ao lugar onde os assuntos preferidos são discutidos e conhecer alguém que partilhe dos mesmos gostos ou use palavras de uma maneira atraente.

O território, no caso das comunidades tradicionais, pode ser considerado limitador de possibilidades de relacionamento, mas pode também criar vínculos mais fortes entre as pessoas, pois o integrante da comunidade tradicional, em princípio, se expõe ao relacionamento de forma mais ampla do que ocorre com as comunidades virtuais (RHEINGOLD, 1996).

O convívio entre integrantes de uma comunidade tradicional se dá de forma mais constante, muitas vezes de forma alheia à vontade das pessoas. Encontram-se, veem-se, cumprimentam-se pelo simples fato de dividirem um espaço físico comum. Diferentemente das comunidades virtuais, as pessoas tendem a se conhecer melhor e os laços tendem a ser mais estruturados, uma vez que estão associados a laços culturais e de linguagem. O contato é pessoal, abrindo espaço para a espontaneidade, a pessoalidade, o improviso, a subjetividade.

Negroponte (2006, p. 135) dá continuidade a essa ideia:

A palavra falada carrega vasta quantidade de informação além das palavras em si. Ao falarmos, podemos transmitir paixão, sarcasmo, exasperação, ambiguidade, subserviência e cansaço: tudo isso por intermédio das mesmas palavras. [...] São essas características que tornam a fala mais rica que a digitação.

(35)

Para Capra (1996, p. 227), numa conversa humana, nosso mundo interior de conceitos e de ideias, nossas emoções e nossos movimentos corporais tornam-se estreitamente ligados numa complexa coreografia de coordenação comportamental. Análises de filmes têm mostrado que toda conversa envolve uma dança sutil e, em grande medida, inconsciente, na qual a sequência detalhada de padrões da fala é sincronizada com precisão não apenas com movimentos diminutos do corpo de quem fala, mas também com movimentos correspondentes de quem ouve. Ambos rítmicos, sincronizados com precisão e a coordenação linguística de seus gestos, mutuamente desencadeados, dura enquanto eles continuam envolvidos na conversa.

A comunicação em uma comunidade envolve um extenso conjunto de sinais, conforme destaca Santaella (2004, p. 160-162):

Embora, via de regra, as conversações sejam tomadas como objeto de estudo dos linguistas e analistas do discurso, sempre mais interessados nos elementos verbais da comunicação, os aspectos semióticos envolvidos na interação conversacional são fundamentais. A postura do corpo, sua tensão ou distensão, o nível de proximidade ou distância que os falantes mantêm entre si, as paisagens do rosto e os infindáveis sentidos que transmitem, o ar de interesse ou tédio [...], os risos e as meias palavras, as interjeições, tudo isso compõe um conjunto complexo de sinais e signos sem os quais a interatividade não seria possível.

No caso do ambiente virtual, passa-se a ter maior controle sobre a exposição de sua imagem. Seus integrantes podem, caso queiram, não mais participar das comunidades, pois podem simplesmente desaparecer virtualmente. O usuário não é obrigado a permanecer nessas redes sociais virtuais, ou seja, tem-se o livre arbítrio de se retirar quando lhe for conveniente.

Facultando aos membros de suas comunidades a decisão sobre como se expor, usando os aspectos apontados acima por Santaella (2004), o espaço virtual permite a manipulação das identidades, conforme observa Rheingold (1996, p. 43):

Como não podemos nos ver uns aos outros no ciberespaço, o sexo, a idade, a nacionalidade, e o aspecto físico não transparecem a menos que pretendamos tornar públicas essas características. Quem tem dificuldade de fazer novas amizades devido a deficiências físicas descobre que nas comunidades virtuais é tratado como sempre desejou: como um ser racional, transmissor de ideias e sentimentos e não um recipiente carnal com determinada aparência.

O espaço virtual torna-se um local de inclusão social, como comenta Rheingold (1996), é o local onde todos são tratados igualitariamente sem distinção de cor, raça, idade, sexo ou limitações físicas é um espaço acolhedor a qualquer indivíduo, o que permite que todos sejam iguais.

(36)

Por sua vez, o espaço virtual libera os membros de suas comunidades daquelas amarras das redes tradicionais, permitindo que a comunicação ocorra em zonas de proximidade, outrora impossíveis de se contatar, mas hoje facilmente acessíveis.

Segundo Recuero (2001), as comunidades virtuais não são nada mais do que junções sociais que surgem na Internet a partir de interesses comuns.

As redes são montadas pelas escolhas e estratégias de atores sociais, sejam indivíduos, famílias ou grupos sociais. Dessa forma, a grande transformação da sociabilidade em sociedades complexas ocorreu com a substituição de comunidades espaciais por redes como formas fundamentais de sociabilidade (CASTELLS, 2003, p. 107).

As novas possibilidades de CMC estão superando as limitações de relacionamento caracterizadas pelas dificuldades de locomoção e pela comunicação ‘um a um’, agora substituídas pelas potenciais possibilidades da comunicação ‘muitos a muitos’. As comunidades tradicionais tendem a ser estruturadas dentro de uma visão cultural menos diversificada, enquanto as comunidades estruturadas em ambiente virtual possibilitam a participação de pessoas de diferentes culturas. Isso, em alguns aspectos pode enriquecer os relacionamentos. No entanto, em alguns outros aspectos, pode ser um gerador de dificuldades. Nesse sentido, o tempo é outro diferencial entre as comunidades tradicionais (físicas) e virtuais. Esta última permite maior reflexão nos atos relacionais possibilitando o controle da espontaneidade e, por consequência, da forma de construir relações. Existe a possibilidade de pensar e compor uma resposta exibindo-a do modo que melhor aprouver ao interlocutor; mas, por outro lado, a demora excessiva pode tirar desse tipo de comunicação o caráter interativo.

Jungblut (2004, p.108) confirma essa colocação:

Assim, o processo de compreensão responsiva na comunicação síncrona mediada por computadores, tomando o aspecto do tempo de efetivação da resposta, corresponde quase que totalmente ao do diálogo oral sendo como que uma simulação deste. Todavia, há que se considerar que, por esse tipo de comunicação eletrônica em tempo real ocorrer da forma escrita, o processo de compreensão responsiva não deixa de sofrer significativas alterações na forma que se dá. Já foi referido que sendo as mensagens, nesse tipo de comunicação, trocadas sob forma de textos escritos, ocorre a possibilidade de um maior controle reflexivo sobre o conteúdo destas e isso facilita a confecção de uma melhor resposta, já que há uma melhor compreensão reflexiva [...]. A resposta escrita, editada por computador e por ele enviada toda vez que adquirir um formato satisfatório é mais econômica e tem mais chances de corresponder plenamente aos termos autorizados pela compreensão responsiva do que a resposta construída com recursos das oralidades.

A forma escrita da palavra, o que ocorre nos ambientes digitais, é de mais fácil compreensão. Para se escrever, pensa-se e escreve-se, sendo de melhor entendimento para o receptor dessa mensagem.

(37)

Existe um forte questionamento sobre o que resulta dessas relações que surgem no ciberespaço sobre o fato de essas relações efetivamente contribuírem para aproximar as pessoas. Para Costa (2005, p. 45-46):

É exatamente essa ambiguidade produzida pelo conceito de 'comunidade' que a noção de 'rede social' vem contornar. Não se trata mais de definir relações de comunidade exclusivamente em termos de laços próximos e persistentes, mas de ampliar o horizonte em direção às redes pessoais. É cada indivíduo que está apto a construir sua própria rede de relações, sem que essa rede possa ser definida precisamente como 'comunidade'.

Nessa interatividade, a Comunicação Mediada por Computador (CMC) possibilita a ampliação das relações, dos diálogos e da dialogicidade contribuindo para a construção de relações colaborativas e amistosas entre os seres humanos; mas pode também, ao contrário, gerar certa fragilidade nos laços. Segundo Castells (2005, p. 445), a Internet “[...] favorece a expansão e a intensidade dessas centenas de laços fracos que geram uma camada de interação social para as pessoas que vivem num mundo tecnologicamente desenvolvido [...]", e pode também colaborar para construção do ambiente social do indivíduo gerando uma interação do mesmo para com as demais pessoas.

Um segundo questionamento recai sobre os novos problemas que a sociedade enfrenta a partir de intenso relacionamento social proporcionado pela CMC. Nesta, cada um pode se apresentar como quer e não como é realmente.

Outro ponto: podem tais agrupamentos ser realmente considerados ‘comunidades’? Quanto a isso, Castells (2005, p. 445-446) conclui que:

[...] são comunidades, porém não são comunidades físícas, e não seguem modelos de comunicação e interação de comunidades físicas. Porém não são irreais, funcionam em outro plano da realidade. São redes sociais interpessoais em sua maioria baseadas em laços fracos, diversificadíssimas e especializadíssimas também capazes de gerar reciprocidade e apoio por intermédio da dinâmica da interação sustentada.

De acordo com Wasserman e Faust (1994), a ligação existente entre dois atores em uma rede social é denominada laço social.

Uma rede social é possível a partir dos softwares e sistemas que lhe dão origem. Esses sistemas funcionam com o primado fundamental da interação social, ou seja, buscando conectar pessoas e proporcionar sua comunicação e, portanto, podem ser utilizadas para forjar laços sociais. (RECUERO, 2004, p. 3).

Imagem

Figura 1 - Ciclo de Inteligência adotado para a pesquisa
Figura 2 - Tela Inicial do Twitter Counter
Figura 3 -  Tela Inicial do Twitter Counter (Continuação)
Figura 5 - Tela do Twitscoop mostrando a tag cloud
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Referências

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