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o anglo resolve a prova da 2ª- fase da FUVEST 2008

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(1)

É trabalho pioneiro.

Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.

Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras em sua tarefa de não cometer injustiças.

Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no processo de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de cada questão, seguida da resolução elaborada pelos professores do Anglo.

No final, um comentário sobre as disciplinas.

A 2ª- fase da Fuvest consegue, de forma prática, propor para cada car- reira um conjunto distinto de provas. Assim, por exemplo, o candidato a Engenharia da Escola Politécnica faz, na 2ª fase, provas de Língua Portuguesa (40 pontos), Matemática (40 pontos), Física (40 pontos) e Química (40 pontos). Já aquele que pretende ingressar na Faculdade de Direito faz somente três provas: Língua Portuguesa (80 pontos), História (40 pontos) e Geografia (40 pontos). Por sua vez, o candidato a Medicina tem provas de Língua Portuguesa (40 pontos), Biologia (40 pontos), Física (40 pontos) e Química (40 pontos).

Vale lembrar que a prova de Língua Portuguesa é obrigatória para todas as carreiras.

Para efeito de classificação final, somam-se os pontos obtidos pelo candidato na 1ª- e na 2ª- fase.

A tabela seguinte apresenta todas as carreiras, com o número de vagas, as provas da 2ª- fase, acompanhadas da respectiva pontuação.

o anglo resolve

a prova da 2ª- fase da FUVEST 2008

Código: 83542108

(2)

ÁREA DE EXATAS

PROVAS DA 2ªFASE E

CÓD. CARREIRAS VAGAS RESPECTIVOS NÚMEROS

DE PONTOS

600 Ciências Biomoleculares – São Carlos 40 P(40), M(40), B(40), F(40)

602 Ciências da Natureza – USP – LESTE-SP 120 P(40), B(40), Q(40), F(40)

603 Computação – São Carlos 100 P(40), M(40), F(40)

604 Engenharia Aeronáutica – São Carlos 40 P(40), M(40), F(40)

605 Engenharia Ambiental – São Carlos 40 P(40), M(40), F(40), Q(40)

606 Engenharia Bioquímica – Lorena 40 P(40), M(40), F(40), Q(40)

607 Engenharia Civil – São Carlos 60 P(40), M(40), F(40)

608 Engenharia de Alimentos – Pirassununga 100 P(40), M(40), F(40), Q(40)

609 Engenharia de Materiais — Lorena 40 P(40), M(40), F(40), Q(40)

620 Engenharia Industrial Química — Lorena 80 P(40), M(40), F(40), Q(40)

622 Engenharia (POLI) e Computação 800 P(40), M(40), F(40), Q(40)

623 Engenharia Química – Lorena 80 P(40), M(40), F(40), Q(40)

624 Engenharias– São Carlos 280 P(40), M(40), F(40)

Física – São Paulo e São Carlos (Bacharelado), Meteorologia e 625 Geofísica, Matemática e Estatística (Bacharelado), Matemática

440 P(40), M(40), F(40) Aplicada e Computação (Bacharelado) São Paulo, Física

Computacional – São Carlos

626 Física Médica — Ribeirão Preto 40 P(40), M(40), F(40)

627 Geologia 50 P(40), M(40), F(40), Q(40)

628 Informática Biomédica – Ribeirão Preto 40 P(40), M(40), F(40), B(40)

629 Informática – São Carlos 40 P(40), M(40), F(40)

630 Ciências Exatas – São Carlos (Licenciatura) 50 P(40), M(40)

632 Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental 40 P(40), F(40), Q(40), G(40) 634 Matemática e Física – São Paulo (Licenciatura) 260 P(40), M(40), F(40)

635 Matemática Aplicada – Ribeirão Preto 45 P(40), M(80), G(40)

636 Matemática Aplicada e Computação Científica —

55 P(40), M(40), F(40) São Carlos (Bacharelado e Licenciatura)

637 Oceanografia – São Paulo 40 P(40), M(40), B(40), Q(40)

638 Química Ambiental – São Paulo (Bacharelado) 30 P(40), M(40), F(40), Q(40)

639 Química (Bacharelado) – Ribeirão Preto 60 P(80), Q(40)

640 Química (Bacharelado e Licenciatura) – São Paulo 60 P(40), M(40), F(40), Q(40)

642 Licenciatura em Química – São Paulo 30 P(40), M(40), F(40), Q(40)

643 Química (Licenciatura) – Ribeirão Preto 40 P(80), Q(40)

ÁREA DE BIOLÓGICAS

PROVAS DA 2ªFASE E

CÓD. CARREIRAS VAGAS RESPECTIVOS NÚMEROS

DE PONTOS

400 Ciências Biológicas – São Paulo 120 P(40), Q(40), B(40)

402 Ciências Biológicas – Piracicaba 30 P(80), Q(40), B(40)

403 Ciências Biológicas – Ribeirão Preto 40 P(40), Q(40), B(40)

404 Ciências da Atividade Física – USP – LESTE-SP 60 P(40), F(40), B(40), H(40)

405 Ciências dos Alimentos – Piracicaba 40 P(80), B(40), Q(40)

406 Educação Física 50 P(40), F(40), B(40), H(40)

408 Enfermagem – São Paulo 80 P(40), B(40), Q(40)

409 Enfermagem – Ribeirão Preto 80 P(80), B(40), Q(40)

420 Engenharia Agronômica – Piracicaba 200 P(40), M(40), Q(40), B(40)

422 Engenharia Florestal – Piracicaba 40 P(40), M(40), Q(40), B(40)

423 Esporte 50 P(40), HE(40),B(40), Q(40)

424 Farmácia – Bioquímica – São Paulo 150 P(40), F(40), Q(40), B(40)

425 Farmácia – Bioquímica – Ribeirão Preto 80 P(40), Q(40), B(40), F(40)

426 Fisioterapia – São Paulo 25 P(40), F(40), Q(40), B(40)

427 Fisioterapia – Ribeirão Preto 40 P(40), F(40), Q(40), B(40)

428 Fonoaudiologia – São Paulo 25 P(80), F(40), B(40)

429 Fonoaudiologia – Bauru 40 P(40), F(40), Q(40), B(40)

430 Fonoaudiologia – Ribeirão Preto 30 P(80), F(40), B(40)

432 Gerontologia – USP – LESTE-SP 60 P(40), M(40), B(40), H(40)

433 Licenciatura em Enfermagem – Ribeirão Preto 50 P(80), B(40), H(40)

Medicina (São Paulo), Ciências Médicas

434 (Ribeirão Preto) e Santa Casa 375 P(40), F(40), Q(40), B(40)

435 Medicina Veterinária 80 P(40), F(40), Q(40), B(40)

436 Nutrição 80 P(40), F(40), Q(40), B(40)

437 Nutrição e Metabolismo – Ribeirão Preto 30 P(40), F(40), B(40), Q(40)

438 Obstetrícia – USP – LESTE-SP 60 P(40), M(40), B(40), H(40)

439 Odontologia – São Paulo 133 P(40), F(40), Q(40), B(40)

440 Odontologia – Bauru 50 P(40), F(40), Q(40), B(40)

442 Odontologia – Ribeirão Preto 80 P(40), F(40), Q(40), B(40)

443 Psicologia – São Paulo 70 P(40), M(40), B(40), H(40)

444 Psicologia – Ribeirão Preto 40 P(80), B(40), H(40)

445 Terapia Ocupacional – São Paulo 25 P(80), B(40), H(40)

446 Terapia Ocupacional – Ribeirão Preto 25 P(80), B(40), H(40)

447 Zootecnia – Pirassununga 40 P(40), M(40), Q(40), B(40)

FUVEST — TABELA DE CARREIRAS E PROVAS

(3)

LEGENDA P — Português M — Matemática F — Física Q — Química B — Biologia H — História G — Geografia A — Aptidão

HE — Habilidade Específica

ÁREA DE HUMANAS

PROVAS DA 2ªFASE E

CÓD. CARREIRAS VAGAS RESPECTIVOS NÚMEROS

DE PONTOS

200 Administração – São Paulo 210 P(40), M(40), H(40), G(40)

202 Administração – Ribeirão Preto 105 P(40), M(40, H(40), G(40)

203 Arquitetura – São Paulo 150 P(40), F(20), H(20), HE(80)

204 Arquitetura – São Carlos 30 P(80), H(40), HE(40)

205 Artes Cênicas (Bacharelado) 15 P(40), H(40), HE(80)

206 Artes Cênicas (Licenciatura) 10 P(40), H(40), HE(80)

208 Arte e Tecnologia – USP – LESTE-SP 60 P(40), H(40), F(40)

209 Atuária 50 P(40), H(40), G(40), M(40)

220 Biblioteconomia 35 P(40), H(40)

222 Ciências Contábeis – São Paulo 150 P(40), M(40), H(40), G(40)

223 Ciencias Contábeis – Ribeirão Preto 45 P(40), M(40), H(40), G(40)

224 Ciências da Informação e da Documentação

40 P(80), H(40), G(40) (Bacharelado) – Ribeirão Preto

225 Ciências Sociais 210 P(80), H(40), G(40)

226 Ciências Econômicas – Piracicaba 40 P(40), M(40), H(40), G(40)

227 Audiovisual 35 P(40), H(40), HE(80)

228 Design 40 P(40), H(20), F(20), HE(80)

229 Direito 560 P(80), H(40), G(40)

230 Economia – São Paulo 180 P(40), M(40), H(40), G(40)

232 Economia Empresarial e Controladoria – Ribeirão Preto 70 P(40), M(40, H(40), F(40)

233 Economia – Ribeirão Preto 45 P(40), M(40), H(40), G(40)

234 Editoração 15 P(40), H(40)

235 Filosofia 170 P(80), H(40), G(40)

236 Geografia 170 P(80), H(40), G(40)

237 Gestão Ambiental – USP – LESTE-SP 120 P(40), F(40), Q(40), B(40)

238 Gestão Ambiental – Piracicaba 40 P(80), B(40), H(40)

239 Gestão de Políticas Públicas – USP – LESTE-SP 120 P(40), M(40), H(40), G(40)

240 História 270 P(80), H(40), G(40)

242 Jornalismo 60 P(80), H(40), G(40)

243 Lazer e Turismo – USP – LESTE-SP 120 P(40), M(40), H(40), G(40)

244 Letras – Básico 849 P(80), H(40), G(40)

245 Marketing – USP – LESTE-SP 120 P(40), M(40), H(40), G(40)

248 Oficial da PM de São Paulo – Masculino 150 P(40)

249 Pedagogia – São Paulo 180 P(80), H(40)

250 Pedagogia – Ribeirão Preto 50 P(80), H(40), G(40)

252 Publicidade e Propaganda 50 P(40), H(40)

253 Relações Internacionais (Bacharelado) 60 P(80), H(40), G(40)

254 Relações Públicas 50 P(40), H(40)

255 Turismo 30 P(80), H(40), G(40)

Artes Plásticas 30 P(40), H(40), HE(80)

Música – São Paulo 35 P(40), HE(120)

Música – Ribeirão Preto 30 P(40), HE(120)

(4)

Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo. Raramente se dão ao trabalho de prestar contas quando erram. Quando o fazem não é decerto com a ênfase e o destaque conferidos às poucas previsões que acertam.

Marcelo Leite, Folha de S.Paulo.

a) Reescreva o trecho “Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo”, iniciando-o com

“Embora os jornalistas...”

b) No trecho “Quando o fazem não é decerto com a ênfase (...)”, a que idéia se refere o termo grifado?

a) “Embora os jornalistas não devessem fazer previsões, fazem-nas (= eles as fazem ou eles fazem-nas) o tempo todo”.

b) O pronome oblíquo grifado “o” é um anafórico que tem como referência a idéia: dar-se “ao trabalho de prestar contas” dos erros que eles cometem.

Devemos misturar e alternar a solidão e a comunicação. Aquela nos incutirá o desejo do convívio social, esta, o desejo de nós mesmos; e uma será o remédio da outra: a solidão curará nossa aversão à multidão, a multidão, nosso tédio à solidão.

Sêneca, Sobre a tranqüilidade da alma. Trad. de J.R. Seabra Filho.

a) Segundo Sêneca, a solidão e a comunicação devem ser vistas como complementares porque ambas satis- fazem um mesmo desejo nosso.

É correta essa interpretação do texto acima? Justifique sua resposta.

b)“(...) a solidão curará nossa aversão à multidão, a multidão, nosso tédio à solidão.”

Sem prejuízo para o sentido original, reescreva o trecho acima, iniciando-o com “Nossa aversão à multidão...”

a) Não. De fato, da afirmação inicial de Sêneca (“Devemos misturar e alternar a solidão e a comunicação”), depreende-se que solidão e comunicação são complementares. Note-se, entretanto, que ambas não satisfazem um mesmo desejo nosso, uma vez que a solidão origina “o desejo do convívio social”, enquanto a comunicação, “o desejo de nós mesmos”.

b) Nossa aversão à multidão será curada pela solidão,(;) nosso tédio à solidão, pela multidão.

Em janeiro de 1935, um grupo de turistas pernambucanos passeava de carro quando deu de cara com Lampião e seu bando. Revirando a bagagem do grupo, um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou a quem ela pertencia. Apavorado, um deles levantou o dedo. “Quero que o senhor tire o meu retrato”, disparou o “rei do cangaço”, pondo-se a posar. O homem, esforçando-se, bateu uma chapa, mas avi- sou: “Capitão, esta posição não está boa”. Dando um salto e caindo de pé, Lampião perguntou: “E esta? Está melhor?” Outra foto foi feita. Quando libertava os turistas, após pilhá-los, o “fotógrafo” de ocasião indagou- lhe como podia enviar as imagens. “Não é preciso. Mande publicar nos jornais”, disse o cangaceiro.

Carlos Haag, Pesquisa FAPESP.

Questão 3

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Resolução Questão 2

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Resolução Questão 1

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U U N U

N

N P P P O O OR R R T T T U U U G G G U U U E E E S S S A A A L ÍÍÍ

L

L G G G A A A

(5)

a) No texto, as aspas em “rei do cangaço” e “fotógrafo” foram empregadas pelo mesmo motivo? Justifique sua resposta.

b) Os trechos abaixo encontram-se em discurso indireto e discurso direto, respectivamente.

Transforme em discurso direto o primeiro trecho e, em discurso indireto, o segundo.

I. (...) um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou a quem ela pertencia.

II.“Quero que o senhor tire o meu retrato”, disparou o “rei do cangaço”. (...).

a) Em cada um desses casos, as aspas foram empregadas por motivos diversos. Em “rei do cangaço”, elas assinalam que o enunciador do texto não elaborou a expressão, mas apenas recorreu ao epíteto de Lampião.

Já em “fotógrafo”, o enunciador quer indicar, por meio das aspas, que o termo não foi empregado no rigor de seu significado, uma vez que o proprietário da máquina não era exatamente um fotógrafo, estando apenas a desempenhar um papel determinado pelo “rei do cangaço”. Esse caráter circunstancial de sua fun- ção é reforçado, inclusive, pelo adjunto adnominal “de ocasião”.

b) Transformando o primeiro trecho em discurso direto e o segundo em indireto, temos:

I. Um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou:

— A quem ela pertence?/ A quem pertence isto?/ A quem pertence esta máquina?

II. O rei do cangaço disparou que queria que aquele senhor tirasse o seu retrato.

O autoclismo da retrete

RIO DE JANEIRO — Em 1973, fui trabalhar numa revista brasileira editada em Lisboa. Logo no primeiro dia, tive uma amostra das deliciosas diferenças que nos separavam, a nós e aos portugueses, em matéria de língua.

Houve um problema no banheiro da redação e eu disse à secretária: “Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada.” Isabel franziu a testa e só entendeu as quatro primeiras palavras. Pelo visto, eu estava lhe pedindo que chamasse a Banda do Corpo de Bombeiros para dar um concerto particular de mar- chas e dobrados na redação. Por sorte, um colega brasileiro, em Lisboa havia algum tempo e já escolado nos meandros da língua, traduziu o recado: “Isabel, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete.”

E só então o belo rosto de Isabel se iluminou.

Ruy Castro,Folha de S.Paulo.

a) Em São Paulo, entende-se por “encanador” o que no Rio de Janeiro se entende por “bombeiro” e, em Lis- boa, por “canalizador”. Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um uso equivocado da língua portuguesa? Justifique sua resposta.

b) Uma reforma que viesse a uniformizar a ortografia da língua portuguesa em todos os países que a utilizam evitaria o problema de comunicação ocorrido entre o jornalista e a secretária. Você concorda com essa afir- mação? Justifique.

a) A língua portuguesa, como aliás todas as línguas, não é uma entidade homogênea, monolítica. É, na verdade, uma abstração. Ela abarca toda uma série de variantes e de níveis, que constituem manifestações ou realizações concretas de si mesma. Assim, não se pode falar de “uso equivocado” da língua portuguesa na situação referida. O emprego das palavras “encanador”, “bombeiro” e “canalizador” para designar o mesmo profissional é um bom exemplo do que se chama de variantes léxicas regionais: empregam-se vocábulos di- ferentes, em diferentes lugares, para designar a mesma realidade, em função da variada gama de possi- bilidades de apreensão de um mesmo fenômeno por variados grupos humanos. Trata-se de usos locais ou re- gionais, sancionados por uma tradição. Isso, porém, não constitui violação de nenhuma das normas admissí- veis dentro do sistema da língua em si, nem compromete a sua unidade. Pelo contrário, é manifestação do poder criativo que caracteriza o ser humano e, em decorrência, a sociedade de que ele faz parte.

b) Não se pode concordar com essa afirmação. Com efeito, a uniformização de que se trata diz respeito exclusivamente à ortografia das palavras da língua. Não afeta sua estrutura morfológica e sintática, e muito menos afeta o seu patrimônio léxico. Ainda que fosse aprovada uma reforma que unificasse a ortografia do português em todos os países que o utilizam, o que é “encanador” em São Paulo continuaria sendo

“bombeiro” no Rio de Janeiro, e “canalizador” em Lisboa...

Resolução Questão 4

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Resolução

FUVEST/2008 – 2ª- FASE 6 ANGLO VESTIBULARES

(6)

Para Pirandello, o cômico nasce de uma “percepção do contrário”, como no famoso exemplo de uma velha já decrépita que se cobre de maquiagem, veste-se como uma moça e pinta os cabelos. Ao se perceber que aquela senhora velha é o oposto do que uma respeitável velha senhora deveria ser, produz-se o riso, que nasce da ruptura das expectativas, mas sobretudo do sentimento de superioridade. A “percepção do contrário”

pode, porém, transformar-se num “sentimento do contrário” — quando aquele que ri procura entender as razões pelas quais a velha se mascara, na ilusão de reconquistar a juventude perdida. Nesse passo, a velha da ane- dota não mais está distante do sujeito que percebe, porque este pensa que também poderia estar no lugar da velha — e seu riso se mistura com a compreensão piedosa e se transforma num sorriso. Para passar da atitude cômica para a atitude humorística, é preciso renunciar ao distanciamento e ao sentimento de superioridade.

Adaptado de Elias Thomé Saliba, Raízes do riso.

a) Considerando o que o texto conceitua, explique brevemente qual a diferença essencial entre a “percepção do contrário”e o “sentimento do contrário”.

b)“Ao se perceber que aquela senhora velha é o oposto do que uma respeitável velha senhora deveria ser, pro- duz-se o riso (...)”.

Sem prejuízo para o sentido do trecho acima, reescreva-o, substituindo se perceber e produz-se por formas verbais cujo sujeito seja nóse é o oposto por não corresponde. Faça as adaptações necessárias.

a) A “percepção do contrário” consiste no reconhecimento de uma situação que contraria o esperado, isto é, significa notar que algo é o oposto do que deveria ser. O “sentimento do contrário” implica não só reconhecer essa situação oposta, mas também entender os motivos que a provocaram. Num caso, o contrário é reconhe- cido: o sujeito, na esfera do cômico, mantém-se distante do objeto observado e numa posição superior a este.

No outro, toma-se consciência das razões que motivaram a oposição entre a expectativa e o resultado: o sujeito, na passagem do cômico para o humorístico, aproxima-se do objeto, identificando-se com ele. Renunciando à posição de superioridade, ele substitui o riso pelo sorriso. O sentimento, assim, é posterior à percepção, nascen- do a partir dela.

b) Ao percebermos que aquela senhora não corresponde ao que uma velha senhora deveria ser, rimos (...).

I. Não deis aos cães o que é santo, nem atireis aos porcos as vossas pérolas (...).

(Mateus, 7:6)

II.Você pode atirar pérolas aos porcos. Mas não adianta nada atirar pérolas aos gatos, aos cães ou às galinhas porque isso não tem nenhum significado estabelecido.

Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.

a) Considerando-se que o texto II tem como referência o texto I, qual é a expressão que, de acordo com Millôr Fernandes, tem um “significado estabelecido”?

b) No texto I, os significados dos segmentos “não deis aos cães o que é santo” e “nem atireis aos porcos as vossas pérolas” reforçam-se mutuamente ou se contradizem? Justifique sucintamente sua resposta.

a) A expressão com significado estabelecido é ”atirar pérolas aos porcos”.

b) Os dois segmentos expressam por meio de imagens concretas — ou seja, figuras — um mesmo conceito abstrato — um mesmo tema: a condenação do desperdício, do esforço inútil de oferecer serviços ou bens preciosos a um público que não saberia aproveitá-los ou reconhecer-lhes o valor.

Portanto os significados dos segmentos reforçam-se mutuamente.

Resolução Questão 6

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Resolução Questão 5

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(7)

Considere os dois trechos de Machado de Assis relacionados a Iracema, publicados na época em que apare- ceu esse romance de Alencar, e responda ao que se pede.

a)A poesia americana está completamente nobilitada; os maus poetas já não podem conseguir o descrédito desse movimento, que venceu com o autor de “I - Juca Pirama”, e acaba de vencer com o autor de Iracema.

Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.

Machado de Assis refere-se, nesse trecho, a um movimento literário chamado, na época, de “poesia ame- ricana” ou “escola americana”. Sob que outro nome veio a ser conhecido esse movimento? Quais eram seus principais objetivos?

b)Tudo em Iracemanos parece primitivo; a ingenuidade dos sentimentos, o pitoresco da linguagem, tudo, até a parte narrativa do livro, que nem parece obra de um poeta moderno, mas uma história de bardo*

indígena, contada aos irmãos, à porta da cabana, aos últimos raios do sol que se entristece.

Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.

*bardo: poeta heróico, entre os celtas e gálios; por extensão, qualquer poeta, trovador etc.

No trecho, Machado de Assis afirma que a narração de Iracemanão parece ter sido feita por um “poeta mo- derno”, mas, sim, por um “bardo indígena”. Essa afirmação se justifica? Explique sucintamente.

a) Essa tendência também era conhecida como indianismoe marcou o Romantismo sobretudo na América, sob inspiração do medievalismo romântico europeu.

Entre os principais objetivos do indianismo romântico encontram-se os esforços para a criação de uma literatura nacional (nacionalista), por meio da valorização da língua característica do país e da temática sugerida pela natureza e pela história colonial, entendidas como elementos fundadores da particularidade brasileira. A valorização do índio, como modelo de heroísmo para a criação de uma nova simbologia de exal- tação nacionalista, faz parte dessa proposta.

b) A afirmação de Machado de Assis justifica-se na medida em que José de Alencar criou uma representa- ção da maneira “primitiva”, “ingênua” e “pitoresca” de como o índio supostamente pensa, visualiza com o seu universo, que é a natureza selvagem, e interage com ele. Para isso, estilizou a linguagem de modo a per- mitir que a narrativa de Iracemase articule como prosa-poética, valorizando os efeitos de sentido decor- rentes da musicalidade expressiva, das comparações metafóricas e das prosopopéias, para compor artis- ticamente uma imagem idealizada do índio e da natureza.

Sou o Descobridor da Natureza.

Sou o Argonauta* das sensações verdadeiras.

Trago ao Universo um novo Universo Porque trago ao Universo ele-próprio.

Alberto Caeiro, Poesia.

*Argonauta: tripulante lendário da nau mitológica Argo; por extensão, navegador ousado.

Nos versos acima, Alberto Caeiro define-se a si mesmo de um modo que tanto indica sua semelhança como sua diferença em relação a um tipo de personagem de grande importância na História de Portugal.

a) Em sua definição de si mesmo, a que tipo de personagem da História portuguesa assemelha-se o poeta? Expli- que brevemente.

b) Considerados no contexto geral da poesia de Alberto Caeiro, que diferença esses versos assinalam entre o poeta e o referido tipo de personagem histórica de Portugal? Explique sucintamente.

a) O eu lírico se coloca como “o Descobridor da Natureza”, traduzindo por meio de uma metáfora sua vocação para desbravar universos inexplorados. O tipo de personagem da história de Portugal ao qual Alberto Caeiro se compara, é o navegador dos séculos XV e XVI (período marcado pela expansão ultramarina), representado, por exemplo, na figura de Vasco da Gama, imortalizado como herói em Os Lusíadas(1572), de Camões.

Resolução Questão 8

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Resolução Questão 7

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FUVEST/2008 – 2ª- FASE 8 ANGLO VESTIBULARES

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b) O enunciador se coloca como um poeta que se dedica a revelar “sensações verdadeiras” e ao propósito de trazer “ao Universo ele-próprio”. Considerando o contexto geral da poesia de Caeiro, de redescobrimento da realidade a cada momento por meio da experiência concreta, fica clara a diferença entre o navegador — que vai descobrir o mundo a partir de uma viagem exploratória de mundos distantes — e o poeta que busca revelar de forma renovada, que pode ser chamada de “realismo sensorial”, aquilo que pertence à sua rea- lidade próxima. Um exemplo dessa postura encontra-se nos primeiros versos do poema VII de O Guardador de Rebanhos: “Da minha aldeia vejo tudo quanto da terra se pode ver no Universo... / Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer / Porque eu sou do tamanho do que vejo”.

— Você janta comigo, Escobar?

— Vim para isto mesmo.

Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha, e ele respondeu com muita polidez, ainda que um tanto atado, como se carecesse de palavra pronta. (...)

Todos ficaram gostando dele. Eu estava tão contente como se Escobar fosse invenção minha. José Dias des- fechou-lhe dois superlativos, tio Cosme dois capotes, e prima Justina não achou tacha que lhe pôr; depois, sim, no segundo ou terceiro domingo, veio ela confessar-nos que o meu amigo Escobar era um tanto metediço e tinha uns olhos policiais a que não escapava nada.

— São os olhos dele, expliquei.

— Nem eu digo que sejam de outro.

— São olhos refletidos, opinou tio Cosme.

— Seguramente, acudiu José Dias, entretanto, pode ser que a senhora D. Justina tenha alguma razão. A ver- dade é que uma coisa não impede outra, e a reflexão casa-se muito bem à curiosidade natural. Parece curioso, isso parece, mas...

— A mim parece-me um mocinho muito sério, disse minha mãe.

— Justamente! confirmou José Dias para não discordar dela.

Quando eu referi a Escobar aquela opinião de minha mãe (sem lhe contar as outras naturalmente) vi que o prazer dele foi extraordinário. Agradeceu, dizendo que eram bondades, e elogiou também minha mãe, se- nhora grave, distinta e moça, muito moça... Que idade teria?

Machado de Assis, Dom Casmurro.

a) Um crítico afirma que, “examinada em suas relações, a população de Dom Casmurrocompõe uma paren- tela, uma dessas grandes moléculas sociais do Brasil tradicional, no centro da qual está um proprietário mais considerável, cercado de figuras que podem incluir, entre outros, um ou mais agregados, vizinhos com obri- gações, comensais, parentes pobres em graus diversos, conhecidos que aspiram à proteção (...).” (Adaptado de Roberto Schwarz, Duas meninas.)

Identifique o papel que cada uma das personagens que aparecem no trecho de Dom Casmurro desempe- nha na composição da referida “parentela”.

b) Na conversação apresentada no trecho, as falas de José Dias refletem a posição social que ele ocupa nessa

“parentela”? Justifique sua resposta.

a) Escobaré companheiro de seminário de Bentinho. Na condição de amigo, passa a freqüentar a casa de Dona Glória aos domingos. Segundo as categorias da “parentela”, referida por Roberto Schwarz, Escobar desempenha o papel dos “conhecidos que aspiram à proteção”. Posteriormente, ele sai do seminário e abre seu próprio negócio, com um empréstimo de Dona Glória.

Dona Glória (mãe de Bentinho)representa o “proprietário mais considerável”, ou seja, o centro da

“parentela”. No romance, essa personagem pode ser entendida como metáfora da aristocracia escravocra- ta, classe que dava sustentação à monarquia.

José Diasé figura representativa da categoria dos “agregados”, gente desprovida de posses cuja vida dependia dos favores senhoris.

Tio Cosme, velho advogado e homem bonachão, é viúvo e, como irmão da também viúva Dona Glória, mora com ela. Entre as categorias sociais arroladas por Roberto Schwarz, não há uma que se encaixe perfeitamente à personagem, pois Tio Cosme, se é parente, não pode ser considerado “pobre”, uma vez que mantinha seu próprio escritório especializado em direito criminal.

Resolução Questão 9

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Prima Justina, sim, representa o papel de “parente pobre”. Igualmente viúva, vivia com a prima Dona Glória, que sentira a necessidade de uma companhia feminina desde que lhe morrera o marido.

b) As falas de José Dias denunciam o comportamento de quem deseja agradar. Ele concorda com as opniões de todos, mesmo quando são contraditórias, sugerindo a bajulação característica dos agregados temerosos de perder o favor daqueles de quem eles dependem.

Em seu poema chamado “Graciliano Ramos:”, João Cabral de Melo Neto coloca-se no lugar desse escritor e de- senvolve quatro afirmações:

I.“Falo somente com o que falo:” (= com os meios que uso para expressar-me, com o estilo que emprego).

II. “Falo somente do que falo:” (= dos assuntos de que trato, dos aspectos que privilegio).

III.“Falo somente por quem falo:” (= em nome de quem falo, a quem dou voz em minha obra).

IV.“Falo somente para quem falo:” (= a quem me dirijo ao escrever, de que modo trato o leitor).

Imitando o procedimento de João Cabral, coloque-se no lugar de Graciliano Ramos e desenvolva cada uma dessas quatro afirmações, tendo como referência o romance Vidas secas.

I. “Falo somente com o que falo”: Graciliano expressa-se por meio de frases curtas, orações coordenadas, pouca adjetivação e economia no emprego de figuras de linguagem. Tais recursos caracterizam o conhe- cido “estilo seco” ou “estilo cacto” do autor.

II. “Falo somente do que falo”: Graciliano Ramos aborda a vida sofrida dos nordestinos do semi-árido, obrigados a viverem uma vida de privação e nomadismo. O livro apresenta toda sorte de opressões que marcam a vida dessas pessoas, como a opressão da natureza, representada pela seca, e a opressão social, representada pela submissão dos pobres aos proprietários e aos agentes do Estado.

III. “Falo somente por quem falo”: o autor dá voz a toda uma classe de retirantes desvalidos que, carentes de qualquer tipo de formação cultural, não conseguem articular convenientemente a linguagem verbal pa- ra expressar seus pontos de vista, o que os leva a uma condição de seres embrutecidos, animalizados. Ape- sar disso, apresentam um complexo mundo interior, o qual é exposto pelo narrador em terceira pessoa por meio do discurso indireto livre.

IV. “Falo somente para quem falo”: Vidas Secas é um romance-denúncia. Antes de mais nada, quer alertar e conscientizar os leitores sobre a miséria de parte da população brasileira. Assim, o autor prefigura um lei- tor que precisa conhecer a condição de vida miserável dos nordestinos castigados pela seca. Convém notar que o narrador se mantém distanciado do leitor, pois não o trata diretamente como interlocutor em ne- nhum momento da obra.

Resolução Questão 10

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FUVEST/2008 – 2ª- FASE 10 ANGLO VESTIBULARES

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Vigilância epistêmica* é a preocupação que todos nós deveríamos ter com relação a tudo o que lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não sermos enganados, para não acreditarmos em tudo o que é escrito e dito por aí. É preciso vigiar o futuro para sabermos separar o joio do trigo**.

Hoje boa parte dos sites de busca indexam tudo o que encontram pela frente à internet, mesmo que se trate de uma grande bobagem ou de evidente inverdade. Qualquer opinião emitida, vista como um direito de todos, é divulgada aos quatro cantos do mundo. De fato, alguns desses sites de busca deveriam colocar, nos primeiros lugares, páginas de renomadas Universidades, preocupadas com a verdade.

Todos precisamos estar muito atentos a dois aspectos com relação a tudo o que ouvimos e lemos:

• se quem nos fala ou escreve conhece a fundo o assunto, se é um especialista comprovado, se sabe do que está falando;

• se quem nos fala ou escreve, na verdade, é um idiota que ouviu falar algo e simplesmente repassa, aos outros, o que leu e ouviu, sem acrescentar absolutamente nada de útil.

Aumentar nossa vigilância e preocupação com a verdade é necessidade cada vez mais premente num tempo que todos os gurus chamam de Era da Informação.

Discordo, profundamente, desses gurus. Estamos, na realidade, na Era da Desinformação, de tanto lixo e ruído sem significado que, na maior parte das vezes, nos são transmitidos, todos os dias, eletronicamente, sem que exista o menor cuidado com a precisão e seriedade do que se emite, por parte das fontes que colocam matérias na rede. É mais uma conseqüência dessa idéia que a maioria das pessoas tem sobre a liberdade de expressar o que bem quiser, de expressar qualquer opinião que seja, como se opiniões não precisassem se ba- sear no rigor científico, antes de serem emitidas.

Stephen Kanitz, Revista Veja, 03/10/2007. Adaptado.

* Vigilância epistêmica= capacidade de ficar atento e perceber se uma afirmação tem ou não valor científico.

** Separar o joio do trigo= no contexto, capacidade de diferenciar observações equivocadas, mentiras mesmo, de outras afirmações que contêm verdades.

Países se unem em projeto da ONU

Tesouros informativos de vários países estarão disponíveis gratuitamente para qualquer internauta, a partir deste mês, com a formação da Biblioteca Digital Mundial, uma iniciativa da ONU. O portal terá, na primeira fase, mapas, fotografias e manuscritos, com textos explicativos em sete línguas, inclusive português. Na segunda fase, será possível consultar livros.

A Biblioteca Nacional brasileira é uma das participantes.

O Estado de S. Paulo, 02/10/2007. Adaptado.

CULTURA NA REDE

HISTÓRIA — D. Pedro II em viagem: fotografia na web

O O R O

R

R E E E D D D A A Ç Ç Ã Ã Ã

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O acesso à Informação (em sua maioria, eletrônica) se tornou o direito humano mais zelosamente defendido. E aquilo sobre o que a informação mais informa é a fluidez do mundo habitado e a flexibilidade dos habitantes.

O noticiário — essa parte da informação eletrônica que tem maior chance de ser confundida com a verdadeira representação do mundo lá fora é dos mais perecíveis bens da eletrônica. Mas a perecibilidade dos noticiários, como informação sobre o mundo real, é em si mesma uma importante informação: a transmissão das notícias é a celebração constante e diariamente repetida da enorme velocidade da mudança, do acelerado envelheci- mento e da perpetuidade dos novos começos.

Zygmunt Bauman. Modernidade Líquida. Adaptado.

Instrução:Os textos apresentados trazem reflexões e notícias sobre o mundo digital. Com base nesses textos e em outras informações e idéias que julgar pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando de modo claro e coerente.

Análise da proposta

Segundo as instruções da prova de redação, o candidato deveria escrever uma dissertação em prosa, com cerca de 30 linhas, sobre o mundo digital. Embora o tema fosse amplo, a coletânea, composta de três textos, delimitou a discussão à qualidade da informação na era digital. Caberia ao enunciador somar às informações dos textos subsidiários seu repertório pessoal a fim de garantir maior peso a sua argumentação.

O texto 1, adaptado de artigo do professor Stephen Kanitz publicado na Revista Veja — alerta para a necessidade de questionar se o que é divulgado no mundo virtual merece ou não a credibilidade do internauta.

Para o autor, estamos na “Era da Desinformação”, já que as idéias veiculadas nos meios digitais deveriam passar por um crivo de rigor científico antes de serem defendidas.

Já o texto 2, adaptado de O Estado de S. Paulo, destaca a possibilidade de se obterem “tesouros infor- mativos” no mundo virtual. O projeto da ONU de criar a Biblioteca Digital Mundial exemplifica essa idéia: a foto de D. Pedro II em viagem dificilmente seria acessível sem a internet.

O texto 3, de Zygmunt Bauman — adaptado do livro Modernidade Líquida—, trata, por sua vez, de um paradoxo do mundo atual: ao mesmo tempo que há um grande zelo em preservar o acesso à informação, acre- ditando que ela tenha em si um grande poder revelador sobre a realidade, a sucessão vertiginosa das informações revela sobretudo a velocidade das transformações e a efemeridade do noticiário.

Para desenvolver sua dissertação, o candidato poderia se valer, entre outras, das seguintes idéias:

• as informações veiculadas pela internet exigem vigilância. De fato, quem escreve pode não ser um especia- lista ou não apresentar nada de útil;

• a existência de lixo virtual é um efeito colateral da liberdade de expressão garantida, sobretudo, no mundo virtual;

• na época da “desinformação”, tanto a quantidade quanto a qualidade da informação não permitem que o receptor desenvolva senso crítico;

• o mundo virtual facilitou o acesso a informações antes restritas a poucas pessoas, socializando bens cul- turais;

• a internet promove a democracia da informação: múltiplos pontos de vista podem ser confrontados;

• a velocidade e a efemeridade da informação são características do mundo moderno acentuadas pela internet, que multiplica as fontes de dados e acelera sua divulgação;

• a velocidade das notícias torna as anteriores obsoletas, num processo que provoca estresse e ansiedade naqueles que dependem da informação no campo profissional.

FUVEST/2008 – 2ª- FASE 12 ANGLO VESTIBULARES

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Mais uma vez, a prova da FUVEST merece nossos elogios. Neste exame, como de costume, foram seis ques- tões de Gramática e Texto (cada uma com dois itens), todas elas propostas a partir de textos criteriosamente selecionados para ilustrar, de maneira exemplar, a ocorrência lingüística posta sob análise.

Com enunciados redigidos com precisão e clareza, levantaram-se aspectos relevantes para mensurar a competência lingüística dos candidatos, incluindo assuntos como coesão (questão 1), apreensão de sentido (questões 2 e 5), conversão de um discurso em outro (questão 3), reestruturação sintática com manutenção de sentido (questões 1, 2 e 5), uso das aspas (questão 3), intertextualidade (questão 6), temas e figuras (questão 6), variantes lingüísticas (questão 4).

Quatro obras da lista de leitura obrigatória foram contempladas com questões da prova: Iracema(José de Alencar), Poemas completos de Alberto Caeiro(heterônimo de Fernando Pessoa), Dom Casmurro (Machado de Assis) e Vidas secas(Graciliano Ramos). A abordagem dessas obras vai além de simples dados de enredo, buscando confrontar o candidato com aspectos relativos a elementos estruturais, bem como à linguagem artís- tica e seus efeitos de sentido. Assim, a questão 7 aborda a prosa poética de Iracema, e a 10 trata da economia verbal de Vidas secas. Além disso, a expressividade significativa da personagem José Dias, de Dom Casmurro, é explorada em um dos itens da questão 9.

Merecem destaque ainda a riqueza e a pluralidade na abordagem das questões. Temos um fragmento crítico moderno (Roberto Schwarz, na questão 9) e outro contemporâneo da obra tratada (Machado de Assis, escrevendo sobre Iracema, na questão 7). Esta última questão ainda confere certa importância à história literária, cujo estudo anda um pouco desvalorizado. O diálogo entre circunstâncias históricas e produção artís- tica é o mote da questão 8, que sugere uma relação entre a obra poética de Alberto Caeiro e a história de Portugal. Arte e história se encontram mais uma vez na questão 9, que aborda a tendência de Machado de Assis a analisar relações sociais a partir de gestos corriqueiros e falas aparentemente casuais de suas persona- gens. Finalmente, a última questão da prova sugere que a resposta desenvolva uma análise de aspectos for- mais de Vidas secas, a partir de fragmentos de um poema de João Cabral.

A única ressalva que se pode fazer à prova está justamente neste paralelo entre o poeta pernambucano e o escritor alagoano. Ao sugerir que o candidato se coloque “no lugar de Graciliano Ramos”, a questão pode gerar alguma confusão.

No entanto, isso em nada perturba o nível de excelência da prova, que mantém a tradição da FUVEST, ao mesmo tempo que acrescenta novidades de tratamento (como a riqueza já apontada) e a inovação formal do espaço previamente diagramado para o candidato estruturar a resposta das questões 9 e 10.

Literatura

Gramática e Entendimento de Texto

T T N T N E N E M E M

M Á Á Á O O OS S S O

O C O C

C R R R III

Referências

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