As contradições do embate contemporâneo
Professora India Mara Ap.
Dalavia de Souza Hollebn
TEORIA CRÍTICA E PÓS-CRITICA DE
CURRÍCULO
O que é uma teoria de currículo?
Que implicações tem uma determinada Teoria de Currículo sobre o
o processo de ensino e aprendizagem na escola?
Que implicações uma determinada Concepção de Currículo tem sobre a
seleção do conhecimento escolar presente nos ordenamentos jurídicos e nas diferentes
instâncias sociais que os sustentam?
O que diferencia uma teoria de Currículo de
uma teoria
educacional mais ampla?
Onde começa e como se desenvolve a história das
Teorias de Currículo?
Que implicações uma determinada Concepção de Currículo tem sobre o
conhecimento escolar presentes nos livros didáticos, no PPP, na PPC
E PTD da escola?
IN DA
GA ÇÕ
ES ..
.
CURRÍCULO Etimologia
Do grego curriculum
“pista de corrida”
Conceitos
é a expressão de uma concepção de mundo, de
homem, e de sociedade
CURRÍCULO
O currículo diz respeito a seleção, seqüenciação e dosagem de
conteúdos da cultura a serem desenvolvidos em situações de
ensino-aprendizagem.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
Compreende conhecimentos, idéias, hábitos, valores,
convicções, técnicas, recursos, artefatos, procedimentos, símbolos
etc... dispostos em conjuntos de matérias/disciplinas escolares e
respectivos programas, com indicações de
atividades/experiências para sua consolidação e avaliação.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
Conjunto de atividades
desenvolvidas pela escola, na distribuição das disciplinas/áreas
de estudo (as matérias, ou
componentes curriculares), por série, grau, nível, modalidade de ensino e respectiva carga-horária –
aquilo que se convencionou chamar de “grade curricular”
(SAVIANI, Nereide, 2002)
Compreende também os programas, que dispõem os
conteúdos básicos de cada componente e as indicações
metodológicas para seu
desenvolvimento. Por conseguinte, a organização curricular supõe a
organização do trabalho pedagógico.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
O saber escolar, organizado e
disposto especificamente para fins de ensino-aprendizagem,
compreende não só aspectos ligados à seleção dos conteúdos,
mas também os referentes a
métodos, procedimentos, técnicas, recursos empregados na educação
escolar. Consubstancia-se, pois, tanto no Currículo quanto na
Didática.
(SAVIANI, Nereide, 2002)
O currículo deve ser entendido como processo, que envolve uma
multiplicidade de relações, abertas ou tácitas, em diversos âmbitos, que vão da
prescrição à ação, das decisões
administrativas às práticas pedagógicas, na escola como instituição e nas
unidades escolares especificamente.
Para compreendê-lo e, principalmente, para elaborá-lo e implementá-lo de modo a transformar o ensino, é preciso
refletir sobre grandes questões”
(GIMENO SACRISTAN, J. 1998)
QUE QUESTÕES SÃO ESSAS?
“Que objetivos, no nível de que se trate, o ensino deve perseguir?
O que ensinar, ou que valores, atitudes e conhecimentos estão implicados nos
objetivos?
Quem está autorizado a participar nas decisões do conteúdo da escolaridade?
Por que ensinar o que se ensina, deixando de lado muitas outras coisas?
Todos esses objetivos devem ser para todos os alunos/as ou somente para
alguns deles?
Quem tem melhor acesso às formas legítimas de conhecimento?
Esses conhecimentos servem a quais interesses?
Que processos incidem e transformam as decisões tomadas até que se tornem
prática real?
Como se transmite a cultura escolar nas aulas e como deveria se fazer? [Já que a forma de ensinar não é neutra quanto ao
conteúdo do ensinado].
Como inter-relacionar os conteúdos selecionados oferecendo um conjunto
coerente para os alunos/as?
Com que recursos metodológicos, ou com que materiais ensinar?
Que organização de grupos,
professores/as, tempo e espaço convém adotar?
Quem deve definir e controlar o que é êxito e o que é fracasso no ensino?
Como saber se houve êxito ou não no
ensino e quais conseqüências têm sobre o mesmo as formas de avaliação
dominantes?
Como podem se mudar as práticas
escolares relacionadas com esses temas?”
Com que recursos metodológicos, ou com que materiais ensinar?
Que organização de grupos,
professores/as, tempo e espaço convém adotar?
Quem deve definir e controlar o que é êxito e o que é fracasso no ensino?
O QUE SÃO TEORIAS DE CURRÍCULO?
•Conjunto de representações, imagens, reflexões, signos que produze e descrevem
uma realidade sobre o que significa currículo.
•Campo de estudo que define-se pelos conceitos que utiliza para conceber a
“realidade” (nesse caso, a realidade do que é “currículo”)
ONDE COMEÇA E COMO SE DESENVOLVE A HISTÓRIA DAS
TEORIAS DE CURRÍCULO ?
ANOS 20 - EUA
AS PRINCIPAIS TEORIAS DE CURRÍCULO
Teorias Tradicionais de Currículo Teorias Críticas de Currículo
Teorias Pós-Críticas de Currículo
TEORIAS TRADICIONAIS (NÃO CRÍTICAS) DE CURRÍCULO
Contexto:
Processo de industrialização,
movimentos migratórios, massificação da escolarização
Racionalização da construção, desenvolvimento e testagem dos
currículos
Revolução Industrial (Europa, século XVIII)
incorporação de tecnologia no processo produtivo
êxodo rural
formação de cidades
concentração de renda
X
aumento da pobreza
A divisão do trabalho torna o trabalhador “
A divisão do trabalho torna o trabalhador “cada vez mais cada vez mais unilateral e dependente
unilateral e dependente” por exigir especializações sempre ” por exigir especializações sempre crescentes que têm como objetivo a adaptação dos sujeitos às crescentes que têm como objetivo a adaptação dos sujeitos às
máquinas e aos processos industriais.
máquinas e aos processos industriais.
(MARX) (MARX)
Tempos Modernos. Charles Chaplin
“Quanto mais o trabalhador produz, menos tem de
consumir; quanto mais valores cria, mais sem valor e
desprezível se torna; quanto mais refinado o seu produto, mais desfigurado o trabalhador;
quanto mais civilizado o produto, mais desumano o
trabalhador; quanto mais poderoso o trabalho, mais
impotente se torna o trabalhador; quanto mais
magnífico e pleno de
inteligência o trabalho, mais o trabalhador diminui em inteligência e se torna escravo
da natureza.”
Tempos Modernos. Charles Chaplin
(MARX, Manuscritos econômico- filosóficos. 2004.)
Bobbit - 1918: The currículum: escolarização da massas
Princípios da administração científica:
Taylorismo aplicado à escola
princípios da administração, da racionalidade técnica.
Cienficismo e padronização nos processos pedagógicos
Tyler (1949)– preocupação com
organização e desenvolvimento do currículo
Modelos de produção industrial
Taylorismo / Fordismo
Sistema MECÂNICO de produção
o trabalhador age sozinho
os trabalhadores dependem de um supervisor central
Através do Currículo, a escola ensina o controle do tempo e
do espaço
Objetivos
Educacionais
Tecnocratismo:
escola como via de adaptação aos
preceitos mercadológicos base no controle de
resultados e na explicitação de
objetivos com base na formação para a base
mercantil.
TEORIAS CRÍTICAS
• Crítica aos processos de convencimento,
adaptação e repressão da
hegemonia dominante
• Contraposição ao empiricismo e ao pragmatismo das teorias tradicionais
• crítica à razão iluminista e
racionalidade técnica
• Busca da ruptura do status quo
Materialismo Histórico Dialético - crítica da
organização social pautada na
propriedade privada dos meios de
produção.
(Fundamentos em Marx e Gramsci)
Crítica à escola como reprodutora
da hegemonia dominante e das
desigualdades sociais. (Michael
Apple) F
U D A M E N
T O S
TEORIAS CRÍTICAS
Principais fundamentos
Escola Francesa: teoria da reprodução cultural - “capital cultural”. O currículo da escola está baseado na cultura dominante, na linguagem dominante, transmitido através do código cultural (Bourdieu e Passeron)
Escola de Frankfurt – crítica à racionalidade técnica da escola “pedagogia da possibilidade”- da resistência: Currículo como emancipação e libertação
(Giroux e Freire)
Escola de Frankfurt
TEÓRICOS DA ESCOLA DE FRANKFURT
WALTER BENJAMIN THEODOR ADORNO
MAX HORKHEIMER
HERBERT MARCUSE
JÜRGEN.
HARBEMANS
TEÓRICOS DA ESCOLA FRANCESA
PIERRE BORDIEU
LOUIS ALTHUSSER
BORDIEU/PASSERON
BAUDELOT/ ESTABLET BOWLESE GENTIS
TEORIAS CRÍTICAS O currículo oculto
Crítica à reprodução não expressa no currículo oficial, mas manifestada pelas relações sociais na e da escola (currículo
oculto)
Bowles e Gintis : as relações sociais na escola mais que o conteúdo eram
responsáveis pela socialização necessárias para boa adaptação às exigências do
trabaho capitalista
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS
FUNDAMENTADAS NO PÓS ESTRUTURALISMO –
Multiculturalismo : movimento ambíguo de adaptação e resistência
NO CONTEXTO DA PÓS MODERNIDADE
Idéia de “mudança de paradigmas”
Crítica aos padrões considerados “rígidos” da modernidade – rompimento à lógica,
positivista, tecnocrática e racionalista.
Fim das metanarrativas
Tentativa de dar voz aos subalternos excluídos de um sistema totalizante e
padronizado.
PÓS MODERNIDADE
Superação das verdades absolutas
Primazia do discurso sobre a realidade explicada em sua concretude.
Currículo multiculturalista.
( Foucault, Derrida, Lyotard, Deleuze, Cheryholmes )
TEÓRICOS DA PÓS MODERNIDADE
DELEUZE LYOTAR
D
FOUCAULT DERRIDA
CONTEXTO DA PÓS MODERNIDADE
•Busca de superação da visão de mundo positivista, tecnocrática e racionalista de conhecimentos padronizados e verdades,
•
A vida cultural é vista sob a pós-
modernidade “como uma série de textos em intersecção com outros textos,
produzindo mais textos [...]
•
O impulso destrucionista é procurar dentro de um texto por outro, dissolver um texto em outro ou embutir um texto
em outro”.
Harvey
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS
(Nos fundamentos do PÓS ESTRUTURALISMO:
O significado não é centrado ou fixo por que está preso num jogo de referências ou de
palavras. Os significados estão dispersos indo da palavra à definição e vice versa,
assim por diante .. ) (Cheryholmes 1993)
“A existência do objeto é inseparável da trama lingüística que supostamente o
descreve”
(Silva, 2007)
superação de verdades totalizantes e
“absolutas”
“democratização cultural”
volatilidade de discursos diversidades culturais
pulverização social.
...Como se as classes não mais existissem....
Os pós-estruturalistas reivindicam conhecer impossibilidade do conhecimento sistemático Não existe um significado transcendental e sim o
relativismo determinado pelo contexto “o significado não é centrado ou fixo por que está preso num jogo de referencias entre as palavras e
definições
CURRÍCULO COMO DISCURSO
Não toma a realidade tal como ela é e sim como o que os discursos sobre elas dizem
como ela deveria ser:
a realidade não pode ser concebida fora dos processos lnguisticos de significação.
UMA ANÁLISE COMPARATIVA
TEORIAS CRÍTICAS
• conceitos e conhecimentos históricos e científicos
• concepções
• teoria de currículo – conceitos
• trabalho
• materialidade/ objetividade
• realidade
• classes sociais
• emancipação e libertação
• desigualdade social
• currículo como resistência
• currículo oculto
• definição do “o quê” e “por quê” se ensina
• noção de sujeito
TEORIAS PÓS CRÍTICAS
• fim das metanarrativas
• hibridismo
• currículo como discurso- representações
• cultura
• identidade/ subjetividade
• discurso
• gênero, raça, etnia, sexualidade
• representação e incertezas
• multiculturalismo
• currículo como construção de identidades
• Relativismo
• compreensão do “para quem” se constrói o currículo – formação de identidades
INSUFICIÊNCIAS DAS TEORIAS PÓS CRITICAS
Harvey e Eagleton
Pode
contraditoriaemancipadorreacionário.mente ser e Primazia da ambiguidade
e da indeterminação – insuficiente para se
captar o real
Relativização
dos conhecim
entos
Hibridismo de
concepções relativizam as possibilidades de compreender o real em
sua totalidade
Não há o real para se fazer a critica, não há
conhecimento para ser sistematizado
Fragmentação das relações sociais
Insuficiente para ser
“transformador”
“Não haverá burguesia nem proletariado numa sociedade emancipada, mas certamente haverá
mulheres e celtas. Pode haver mulheres
liberadas, isto é, indivíduos do sexo feminino que são ao mesmo tempo emancipados, mas não podem existir assalariados liberados dada a impossibilidade de ser as duas coisas ao mesmo
tempo. [...] Masculino e feminino, como
caucasiano e afro-americano são categorias bem mais reciprocamente definidoras.(..)
Eagleton (1998 p. 63).
... Ninguém, entretanto tem um tipo de
pigmentação da pele porque outra pessoa tem outra, nem é homem porque alguém é
mais mulher, mas certas pessoas só são trabalhadores sem terra por que outros
são senhores fazendeiros“.
(grifo nosso) Eagleton (1998 p. 63).