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ECLI:PT:TRC:2012: TBOFR.C1.92

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ECLI:PT:TRC:2012:267.11.9TBOFR.C1.92

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:TRC:2012:267.11.9TBOFR.C1.92

Relator Nº do Documento

Carlos Querido

Apenso Data do Acordão

24/04/2012

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Oliveira De Frades

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público

Meio Processual Decisão

Apelação parcialmente revogada

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais

Jurisprudência Nacional

Legislação Comunitária

Legislação Estrangeira

Descritores

interesse em agir; pedido subsidiário; servidão de passagem;

(2)

Sumário:

1. Verifica-se o pressuposto processual de interesse em agir sempre que o direito do demandante careça de tutela judicial.

2. O pedido formulado pelos autores, de condenação dos réus no reconhecimento da existência de uma servidão de passagem a favor do seu prédio, pressupõe a alegação do seu direito de

propriedade sobre o prédio dominante e o consequente pedido de condenação do reconhecimento desse direito, o qual tem natureza instrumental e constitui condição legitimadora do pedido

principal.

3. Não poderá, em consequência, considerar-se que se verifica a falta de interesse em agir

relativamente ao pedido de reconhecimento do direito de propriedade, ainda que o direito em causa não seja impugnado.

4. Na relação de subsidiariedade, ou “alternativa aparente”, prevista no n.º 1 do artigo 469.º do CPC, o autor formula vários pedidos, reconhecendo que só um é substancialmente procedente e solicitando ao tribunal que atenda um deles apenas.

5. A procedência de um dos pedidos formulados em relação de subsidiariedade (qualquer um), afasta ou impede em absoluto a possibilidade de procedência de qualquer dos outros.

6. Tendo o autor formulado um pedido (prioritário) de reconhecimento de uma servidão de passagem sobre o prédio dos 1.ºs réus, um pedido (1.º subsidiário) de constituição de servidão legal sobre o prédio dos 1.ºs réus e um outro pedido (2.º subsidiário) de constituição de servidão legal sobre o prédio dos 2.ºs réus [apenas para a hipótese de se entender que causa menor prejuízo ao prédio serviente], vindo a ser proferida sentença na qual foi atendido o último pedido subsidiário, transitando em julgado nessa parte, torna-se impossível a lide de recurso onde se visa a apreciação do pedido prioritário e do 1.º pedido subsidiário.

7. Consolidando-se na ordem jurídica a decisão judicial que determina a constituição de uma servidão legal a favor do prédio dos autores (2.º pedido subsidiário), os restantes pedidos, embora tivessem uma precedência lógica relativamente a este, deixam de ser viáveis porque, na relação de subsidiariedade apenas um dos pedidos pode proceder.

Decisão Integral:

Acordam no Tribunal da Relação de Coimbra I. Relatório

JM (…), MG (…), intentaram a presente acção declarativa com processo comum na forma sumária, contra: a) ME (…), MM (…) e marido, AV (…), AT (…) e mulher, PC (…); b) MA (…) e marido, AM (…), formulando os seguintes pedidos de condenação dos réus:

«A) a reconhecer que os autores são possuidores e legítimos proprietários do prédio identificado no artigo 1.º deste articulado, descrito na Conservatória sob o número z...da freguesia de P...;

(3)

Condenando-se ainda os réus da alínea a)

B) a reconhecer que o prédio deles, autores, beneficia do direito de passagem de carro agrícola e animais à soga, que onera e se efectua por sobre o prédio deles réus, descrito na Conservatória sob o número x... da freguesia de P..., nos termos e pelo local mencionados nos artigos 27 a 34 desta petição e instituído por destinação de pai de família;

Subsidiariamente, e para a hipótese de este pedido não ser reconhecido e declarado

C) a verem constituído, por sobre o local do prédio deles que se mencionou e nos mesmos termos referidos, uma servidão legal de passagem de carro agrícola, para afrutar e desafrutar,

Subsidiariamente ainda, e para a hipótese de se entender que este não é o local que menor prejuízo causa, ao prédio serviente,

D) condenada a ré da alínea b) a ver constituído, por sobre o seu prédio também mencionado, e nos termos referidos retro, uma servidão legal de passagem de carro agrícola, para afrutar e desafrutar.»

Como fundamento da sua pretensão, alegaram em síntese os autores: são donos e legítimos possuidores do prédio rústico denominado R.... , composto de terreno de cultura, sito ao Sobreiro, a confrontar do Sul com a Ré MA (….), de nascente e norte com o prédio dos RR da alínea a) adiante identificado e de poente com (…) inscrito na matriz sob o artigo z...e descrito no Registo Predial sob o número z... da freguesia de P... , ali estando inscrita a aquisição dele a favor do autor; tal prédio foi adquirido pelos autores por compra, sendo que há 10, 15, 20 e mais anos se encontra na posse e fruição exclusiva dos autores, por si e antecessores; ao património que ficou por óbito de (…), do qual são os únicos titulares e interessados os réus da alínea a) pertence, por seu turno, o prédio rústico denominado R.... , a confrontar do Sul com (…), de nascente e norte com o caminho e de poente com o prédio mencionado no artigo primeiro da petição inscrito na matriz sob o artigo y... e descrito no Registo Predial sob o número x... da freguesia de P...; os referidos prédios (o dos autores - artigo matricial z...e o dos réus da alínea a) - artigo matricial y...) são contíguos entre si e em tempos idos constituíam uma única realidade predial, que a ambos englobava, estando todo ele, enquanto tal, na titularidade de um único dono, o qual se decidiu então (há já mais de 37 anos) vendê-lo; nesse contexto o prédio acabaria por ser adquirido por dois vizinhos: (…), avô dos réus da alínea A), e (…), avô da autora, que o adquiriram em comum; de acordo com a intenção que presidiu à sua aquisição, os referidos compradores (antecessores dos réus e dos autores), procederam logo à divisão material do prédio, de forma consensual; divisão esta feita através de uma linha divisória entre duas partes do prédio primitivo e estabelecida no sentido norte/sul; ficando para os antecessores dos réus da alínea a) a parcela dele situada mais para nascente (e confinante com o caminho público) e para os antecessores dos autores a parcela dele situada mais para poente; cada um dos antecessores passou então a fruir exclusivamente da parcela que lhe coube; quando o prédio constituía uma única realidade predial, o acesso a ele (a todo ele), para o seu cultivo, com carros agrícolas e animais à soga, para levar os estrumes e os meios de cultura e para retirar dele os frutos, era feito, a partir do caminho público com que o mesmo confinava a nascente, através de um portal com a largura de cerca de 2,00mts existente na parte mais a norte daquela confinância; por esse portal se entrando, através de uma pequena rampa (com aquela mesma largura), na parte que pertence agora aos réus e por ela se seguia, no sentido nascente/poente, em linha recta e numa extensão de cerca de 7,50 mts, até se entrar na parte que ora pertence aos autores; e se ao tempo em que o prédio pertencia a um só dono era por ali que se fazia a ligação da parte dele mais a poente (que constitui hoje o prédio dos autores) com a via pública, por ali se continuou a fazer tal ligação ao tempo da separação dos prédios e depois,

(4)

após a sua autonomização servindo tal passagem para que os antecessores dos autores

“afolhassem e desafolhassem” o seu prédio; passagem essa que aliás se revelava em permanência pelo portal, rampa e pela passagem entre os dois prédios e entre o prédio dos referidos réus e a via pública, locais que os referidos antepassados deixaram livres dos arames e das arriostas com que suportavam as videiras que entretanto plantaram na estrema do prédio (dos réus) com o caminho; pelos factos mencionados ter-se-á constituído, por destinação de pai de família, uma servidão de passagem, em benefício do prédio dos autores e a onerar o dos réus; a mencionada passagem e servidão, assim constituída por destinação de pai de família, é essencial ao grangeamento das utilidades próprias do prédio dos autores; já que sem tal servidão o prédio está encravado “se não de forma absoluta, pelo menos de forma relativa”; na verdade, como resulta da descrição registral, o prédio dos AA não confina, de lado algum, com a via pública; e mesmo que enteste, pelo seu lado Norte, com uma eira com barraca igualmente pertencentes aos autores, o certo é que a passagem da eira e barraca para o terreno culto, com carros agrícolas (sejam eles de tracção animal ou mecanizados) ou com animais à soga, revela-se impraticável, dado o desnível de pelo menos 3 metros existente no local; se se considerar inexistente a invocada servidão de passagem constituída por destinação de pai de família, ainda assim pelo mesmo local terá de impor-se a constituição de uma servidão legal de passagem, a que, nessa hipótese, o prédio dos autores teria óbvio direito; mas se essa não fosse a decisão do Tribunal, o acesso ao prédio dos AA teria de buscar-se mais a sul, pelo vizinho prédio da Ré da alínea b), por uma faixa com a largura adequada (1,80 a 2,00 metros) junto (e a acompanhar) à sua estrema norte,

percorrendo neste distância similar (de cerca de 7 metros) no sentido nascente poente, e curvando depois para Norte, para atingir e entrar no prédio dos autores; prédio este (o da ré) denominado “ FA.... ”, inscrito na matriz sob o artigo a... e descrito na Conservatória sob o número b.... da freguesia aludida de P....

Citados, apenas os réus ME (…), MM (…) e AT (…) , vieram contestar, alegando em síntese:

Excepção do caso julgado: quer a causa de pedir nos presentes autos (existência do direito de servidão de passagem em beneficio do prédio dos AA. e ou o seu encrave) quer os pedidos formulados (reconhecimento do direito de servidão de passagem e ou constituição do direito de servidão de passagem) são os mesmos da acção sumaria n.º 83/07.2TBOFR que correu termos por esse tribunal; e também as partes (Autores e Réus ME (…), MM (…) e AT (…) ) e são as mesmas;

na verdade, na P.I. que apresentaram naquela acção 83/07.2TBOFR os aí e aqui Autores confessaram (judicialmente) nos artigos 5.º, 6.º e 10.º daquele articulado que o seu prédio e o prédio dos Réus faziam parte de uma única realidade predial, isto e, formavam um único prédio, mas que o seu dono decidiu vende-lo a duas pessoas, procedendo a sua divisão material,

originando dois prédios distintos, independentes e autónomos; confessaram, ainda, os Autores, no artigo 22.º daquela P.I. que o prédio deles “e encravado, por ausência de titulo que permita a existência de servidão de transito necessária.”; e acrescentam no artigo 24.º da mesma P.I., que

“foi a própria divisão que resultou no alegado encrave do dito prédio dos Autores”; pedindo, na referida acção, que seja “decretada judicialmente uma servidão de trânsito de carros de lavoura e a pé posto para fins exclusivamente agrícolas e com carácter de permanência ou quando necessário sobre o prédio dos Réus em beneficio do prédio dos autores, com a obrigação destes pagarem aqueles a quantia em que for computada a indemnização devida pela constituição de tal encargo”;

ocorre caso julgado com a presente acção pois nesta se repete a causa de pedir e os pedidos e os autores e os réus são os mesmos; estando confessado judicialmente (art. 22.º da petição da acção anterior) que não tinham o direito de servidão de passagem constituída por destinação de pai de

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família, não podem em nova acção invocar aquele titulo aquisitivo do direito só para conseguirem demandar os mesmos réus.

Inexistência de encrave do prédio dos AA: conforme se infere dos factos alegados nos artigos 38.º a 42.º da P.I. o prédio dos AA. tem ligação a via pública através da eira e barraca existente no seu prédio, pois confronta a norte com o caminho publico do Sobreiro e o prédio dos réus e é sobre a referida eira e barraca que os AA, desde há mais de 20 anos, acedem a parte culta do mesmo prédio.

Incompetência do Tribunal: acresce que a execução do acesso pelo prédio dos réus implica,

sempre, nos termos da Lei 2110, de 19 de Agosto de 1961, autorização ou licença, a conceder pela autoridade administrativa que exerce jurisdição administrativa sob o mesmo caminho; trata-se, assim, de uma constituição de servidão administrativa por acto administrativo, razão pela qual o Tribunal competente para conhecer e constituir a servidão peticionada é o Tribunal Administrativo e Fiscal.

Concluem os réus, que os autores litigam com má fé, pedindo a sua condenação em multa e indemnização.

Os autores responderam à excepção do caso julgado, preconizando a sua improcedência e alegando a inexistência de litigância de má fé.

Foi proferida sentença, na qual se decidiu:

a) Declarar a competência material do Tribunal, por mero despacho tabelar (como se a questão não tivesse sido suscitada pelos réus)[1].

b) Julgar procedente a excepção do caso julgado no que respeita aos pedidos formulados sob as alíneas B) e C), absolvendo da instância quanto a estes pedidos, os réus identificados na alínea a) da petição: ME (…), MM (…) e marido, AV (…), AT (…)e mulher, PC (…).

c) Absolver os mesmos réus da instância quanto ao pedido formulado na alínea A), por falta de interesse em agir.

d) Absolver os autores do pedido de condenação como litigantes de má fé.

e) Considerar que o estado dos autos permitia o conhecimento do mérito uma vez que os RR MA (…) e marido, que subsistem na lide, não contestaram e, em consequência, proferir a seguinte decisão:

«Pelo exposto, julgo a presente acção procedente por provada e, consequentemente decide-se:

a) Reconhecer os AA como possuidores e legítimos proprietários do prédio rústico denominado “ R.... ”, inscrito na matriz sob o artigo 1495 e descrito na Conservatória do Registo Predial de Oliveira de Frades sob o número z... da freguesia de P... ;

b) Constituir sobre o prédio dos RR MA (…) e marido AM (…), denominado “ FA.... ”, inscrito na matriz sob o artigo a... e descrito na Conservatória do Registo Predial de Oliveira de Frades sob o n.º b.... da freguesia de P... , servidão legal de passagem de carro agrícola para afrutar e

desafrutar, por uma faixa com a largura de 1,80m a 2,00m junto e a acompanhar a estrema norte deste prédio, percorrendo distância de cerca de 7m no sentido nascente poente e curvando depois para norte para atingir e entrar no lado sul do prédio dos AA.»

Inconformados, apelaram os réus, apresentando alegações, onde formula as seguintes conclusões:

(…)

Não foi apresentada qualquer resposta às alegações de recurso dos autores.

II. Do mérito do recurso

1. Definição do objecto do recurso

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O objecto do recurso, delimitado pelas conclusões das alegações (artigos 684.º, n.º 3 e 685.º-A n.ºs 1 e 3 do CPC), salvo questões do conhecimento oficioso (artigo 660º, nº 2, in fine), consubstancia- se nas seguintes questões: i) apreciação da invocada nulidade por falta de especificação dos fundamentos de facto; ii) apreciação da invocada nulidade por omissão do contraditório, no que concerne ao pressuposto processual do interesse em agir; iii) apreciação do mérito do pedido A), nos termos do art. 715/1 CPC; iii) apreciação da impossibilidade da lide recursiva, face ao trânsito em julgado da condenação da 2.ª ré no pedido D).

2. A nulidade invocada por falta de especificação dos fundamentos

Nas conclusões 1.ª, a 3.ª, os recorrentes vêm arguir a nulidade prevista na alínea b) do número 1 do artigo 668.º do C.P.C., alegando que é “por demais evidente a falta de especificação dos fundamentos de facto que justificam a decisão, uma vez que tais factos não vêm ali elencados de forma discriminada”.

Referem os apelantes que apesar de constar dos autos que foi presente à M.mª Juiz do processo a acção sumária n.º 83/07.2TBOFR “tal apresentação não deixou traços físicos no processo que permitam o controle jurisdicional, designadamente em sede de recurso, de tal matéria de facto, dessa forma impedindo a efectiva reapreciação do decidido”.

Vejamos.

Por imperativo constitucional (art. 205/1 CRP), vertido no artigo 158.º do CPC, as decisões dos tribunais que não sejam de mero expediente são fundamentadas.

O dever de fundamentação, para além de legitimar a decisão judicial, constitui garantia do direito ao recurso, na medida em que uma decisão só pode ser objecto de impugnação eficaz, se o

destinatário tiver acesso aos seus fundamentos de facto e de direito.

Nos termos do disposto no art.º 668º, n.º 1, alínea b), é nula a sentença quando não especifique os fundamentos de facto e de direito que justificam a decisão.

No entanto, como ensina o Professor Antunes Varela[2]: «Para que a sentença careça de fundamentação, não basta que a justificação da decisão seja deficiente, incompleta, não convincente; é preciso que haja falta absoluta […]»[3].

Visando a lei evitar a decisão arbitrária e insindicável, isso só acontece com a total falta de fundamentação.

Se a fundamentação existe, ainda que incompleta, errada ou insuficiente, deixa de ocorrer o arbítrio ou impossibilidade de impugnação.

Por outro lado, a avaliação da existência ou não de fundamentação, para efeitos de integração da previsão legal enunciada (art.º 668º, n.º 1, alínea b), terá que ter em conta a natureza da

“sentença” ou do despacho judicial em causa, particularmente no que concerne à sua simplicidade, ou ao seu grau de complexidade.

Na situação em apreço, é verdade que a M.ª Juíza não definiu o elenco factual sobre o qual incidiu a aplicação do direito[4], não determinando a inclusão no processo de certidões do Processo n.º 83/07.2TBOFR, de forma a permitir a este Tribunal a imediata reponderação da decisão.

No entanto, ao contrário do que referem os recorrentes, a falta que legitimamente invocam não obsta ao controle jurisdicional da sentença sob censura, na medida em que este Tribunal supriu a omissão do Tribunal de 1.ª instância e solicitou a apresentação do processo em causa.

Por outro lado, face à natureza (formal) da decisão, a factualidade a considerar é apenas a que resulta da tramitação dos autos (deste processo e do processo 83/07), sendo facilmente

especificável.

(7)

Finalmente, há que considerar, como ensina o Professor Antunes Varela[5], que: «Para que a sentença careça de fundamentação, não basta que a justificação da decisão seja deficiente, incompleta, não convincente; é preciso que haja falta absoluta […]»[6].

Visando a lei evitar a decisão arbitrária e insindicável, isso só acontece com a total falta de fundamentação.

Se a fundamentação existe, ainda que incompleta, errada ou insuficiente, deixa de ocorrer o arbítrio ou impossibilidade de impugnação, o que por maioria de razão acontece nas situações em que o tribunal de recurso está em condições de, a partir do confronto dos processos, definir o elenco factual na reponderação da decisão recorrida.

Decorre do exposto a improcedência do recurso nesta parte[7].

3. A nulidade invocada por omissão do contraditório

Nas conclusões 4.ª e 5.ª, referem os recorrentes que os recorridos não excepcionaram a falta de interesse em agir, não lhes tendo sido dada a possibilidade de se defenderem de tal excepção.

Mais alegam que, ao conhecer da excepção dilatória da falta de interesse em agir, que não havia sido invocada pelos réus e não havia sequer sido aflorada nos autos, sem previamente dar a possibilidade aos autores de se pronunciarem quanto à mesma, tomou o juiz conhecimento de matéria que lhe estava vedada, violando o disposto nos artigos 3.º, n.º 3 e 668.º, n.º 1, d) do C.P.C.

Com o devido respeito, parece-nos mais do que evidente a razão que assiste aos recorrentes.

Nenhum dos intervenientes na acção deduziu a excepção dilatória de falta de interesse em agir, tendo a M.ª Juíza decidido oficiosamente, sem contraditório, considerar verificada tal excepção e, em consequência, absolver os 1.ºs réus da instância relativamente ao pedido que restava [pedido A), porque quanto aos pedidos B) e C), já havia absolvido os mesmos réus da instância com fundamento no caso julgado].

Parece-nos também evidente que não se verifica a ausência do pressuposto processual em causa, encontrando-se este Tribunal em condições de conhecer do mérito do pedido em apreço (pedido A).

Dispõe o n.º 1 do artigo 715.º do CPC: «Ainda que declare nula a decisão que põe termo ao processo, o tribunal de recurso deve conhecer do objecto da apelação.»

Em anotação a esta norma, refere Abrantes Geraldes[8]: «No despacho saneador o juiz conheceu, oficiosamente ou não, de uma excepção dilatória e, por isso, absolveu o réu da instância, com fundamento na sua ilegitimidade. Se a Relação expressar um entendimento oposto, deve determinar a baixa do processo para que se conheça do mérito se acaso houver factos

controvertidos que devam ser objecto de prova. Na situação inversa, verificando que, pela posição adoptada pelas partes ou pela análise dos autos, todos os elementos necessários ao

enquadramento jurídico do mérito da causa se encontram presentes, deve proferir decisão de mérito».

Na situação sub judice, estamos em condições para concluir que: i) ocorreu a violação do princípio do contraditório por parte da M.ª Juíza; ii) não se verifica a ausência do pressuposto processual referido (falta de interesse em agir); iii) encontrando-se reunidos todos os elementos necessários ao enquadramento jurídico (e decisão) do mérito da causa (no que concerne ao pedido A).

Vejamos.

Quanto ao interesse em agir.

Adoptando a designação de interesse em agir, o Professor Domingos de Andrade[9] refere outras designações, como causa legítima de acção (ou motivo justificativo dela) e necessidade de tutela

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jurídica (designação utilizada pela doutrina alemã).

Na definição proposta pelo Professor citado, o interesse em agir consiste em o direito do demandante estar carecido de tutela judicial. É o interesse em “utilizar a arma judiciária”, em recorrer ao processo. Não se trata de uma necessidade estrita, nem tão-pouco de um qualquer interesse por vago e remoto que seja; trata-se de algo de intermédio: de um estado de coisas reputado bastante grave para o demandante, por isso tornando legítima a sua pretensão a conseguir por via judiciária o bem que a ordem jurídica lhe reconhece[10].

Também se pode falar de interesse processual pela parte do demandado, existindo tal interesse, desde logo, quer quanto à obtenção duma declaração judicial de conteúdo oposto ao solicitado pelo demandante (em geral uma declaração negatória do direito que este se arroga), quer quanto aos pedidos reconvencionais processualmente admissíveis.

No que concerne à necessidade deste requisito, refere o mesmo autor que seria injusto que o titular dum direito subjectivo material (no sentido latíssimo de posição jurídica material favorável; isto por causa das acções de simples apreciação negativa) pudesse, sem mais, solicitar para ele uma qualquer das formas de tutela judiciária legalmente autorizadas, impondo assim à contraparte a perturbação e o gravame inerente à posição de demandado - perturbação e gravame que se traduzem principalmente em ter ela de deduzir a respectiva defesa, sob pena de a ver precludida.

Acresce uma razão de interesse público: sendo as jurisdições estaduais mantidas a expensas da colectividade, os particulares só devem ser admitidos a tomar-lhes o tempo e a actividade quando os seus direitos estejam realmente carecidos de tutela judiciária.[11]

Regressando ao caso concreto, constatamos que os autores alegam que são donos de um prédio e pedem a condenação dos réus, nestes termos: a) de todos os réus, no reconhecimento do direito de propriedade que alegam; b) dos 1.ºs réus, a título principal, no reconhecimento da existência de uma servidão constituída por destinação de pai de família, a favor do prédio dos autores; c) dos 1.ºs réus, a titulo subsidiário, na constituição sobre o seu prédio, de uma servidão legal de passagem; d) subsidiariamente, caso não sejam atendidos os pedidos b) e c), a constituição sobre o prédio da 2.ª ré, de uma servidão legal de passagem a favor do prédio dos autores.

Como qualquer pressuposto processual, o interesse em agir deverá ser aferido na fase inicial do processo, em função da pretensão nele formulada.

Ora, requerendo os autores a condenação dos réus nos termos que se sintetizaram (no reconhecimento de um direito de servidão de passagem a favor do prédio dos autores, ou, subsidiariamente, na constituição de uma servidão legal que onere os seus prédios a favor do prédio dos autores), parece-nos, salvo o devido respeito, que não o poderiam fazer sem

previamente invocarem: i) que são donos do prédio “dominante”; ii) que tal prédio é confinante com os prédios servientes (pertencentes aos réus).

Afigura-se assim plenamente correcta a formulação da pretensão dos autores, que na sua petição requerem: a) a condenação dos réus no reconhecimento do seu direito sobre o prédio dominante;

b) a condenação dos réus no reconhecimento da existência de uma servidão de passagem

(subsidiariamente, a constituição de uma servidão legal), sobre o seu prédio (serviente) a favor do prédio dos autores (dominante).

Nem poderia deixar de ser assim, porque o domínio do prédio dominante é condição absoluta do interesse em agir (sendo também pressuposto da legitimidade activa) numa acção em que se pede a condenação do dono do prédio serviente no reconhecimento da existência de uma servidão.

Nesse sentido se decidiu nesta Relação, em acórdão de 12.03.2002[12]:

«Na acção de reconhecimento do direito de servidão de passagem, a designada acção confessória

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de servidão, o autor não deve limitar-se a pedir o reconhecimento do direito de servidão de passagem, a demolição da coisa e a sua reposição no estado anterior, mas, também, como seu antecedente lógico, a solicitar o reconhecimento do domínio, em relação aquele pedido fundante, (…) sendo aquele pedido de reconhecimento da propriedade, de natureza implícita ou instrumental (…)»

Perante o exposto, afigura-se manifesta a razão que assiste aos autores/recorrentes, nesta parte.

Quanto ao mérito da pretensão.

Os autores alegaram e provaram documentalmente, relativamente ao prédio rústico denominado R.... , composto de terreno de cultura, sito ao Sobreiro, a confrontar do Sul com a Ré MA (…), de nascente e norte com o prédio dos RR da alínea A) adiante identificado e de poente com (…), inscrito na matriz sob o artigo z...e descrito no Registo Predial sob o número z...da freguesia de P..., que se encontra inscrita a sua aquisição a favor do autor, casado com a autora no regime da comunhão de adquiridos, por compra (doc. 1 e 2 junto com a petição).

Mais alegaram os autores os factos integradores da aquisição por usucapião, nos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 7.º e 8.º da petição.

Vejamos agora a posição assumida pelos réus na contestação:

Alegaram no artigo 3.º: “… na P.I. que apresentaram naquela acção 83/07.2TBOFR os ai e aqui Autores confessaram (judicialmente) nos artigos 5.º, 6.º e 10.º daquele articulado que o seu prédio e o prédio dos Réus faziam parte de uma única realidade predial, isto e, formavam um único prédio, mas que o seu dono decidiu vende-lo a duas pessoas, procedendo a sua divisão material,

originando dois prédios distintos, independentes e autónomos.”

Alegaram no artigo 14.º “… o prédio dos AA. tem ligação a via publica através da eira e barraca existente no seu prédio.”

Alegaram no artigo 30.º “O acesso a parte culta do prédio dos AA. sempre se fez pela parte onde se localiza a eira e canastro do mesmo.”

Finalmente, alegaram no artigo 33.º “Desconhecem, sem obrigação para conhecer, os factos alegados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 7.º e 8.º da P.I. (factualidade referente à usucapião), os quais vão impugnados.”

Em suma: i) está provada, não tendo sido objecto de impugnação, a descrição do prédio no registo predial, com inscrição da propriedade a favor dos autores; ii) os réus aludem sucessivamente na contestação ao “prédio dos autores”; iii) em sede de impugnação genérica, os réus limitam-se a dizer que “desconhecem, sem obrigação para conhecer, os factos alegados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 7.º e 8.º da P.I.” (factualidade referente à usucapião).

Dispõe o artigo 7.º do Código do Registo Predial: «O registo definitivo constitui presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, nos precisos termos em que o registo o define».

Como refere Isabel Pereira Mendes, em anotação ao normativo transcrito[13], emergem da

presunção juris tantum ali prevista, os seguintes corolários: 1.º o direito registado existe e emerge do facto registado; 2.º pertence ao titular inscrito; 3.º e tem uma determinada substância (a que o registo define).

Nos termos do n.º 1 do artigo 342.º do Código Civil «Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito alegado», dispondo o n.º 2 do citado preceito: «A prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito invocado compete àquele contra quem a invocação é feita».

Decorre do exposto que, face à sua natureza juris tantum a presunção prevista no artigo 7.º do CRP poderá ser elidida mediante prova em contrário, prova essa que deverá consistir na

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comprovação da nulidade de tal registo ou da prova da invalidade do acto substantivo que lhe serviu de base

Não tendo os réus alegado qualquer facto susceptível de pôr em causa a veracidade do registo, não ilidiram a presunção, o que é quanto basta para considerar procedente o pedido (instrumental) de reconhecimento do direito de propriedade dos autores sobre o prédio dominante[14] (a favor do qual pretendem ver reconhecida a existência de uma servidão).

Atento o exposto, nos termos do no n.º 1 do artigo 715º do Código de Processo Civil: a) considera- se que assiste razão aos recorrentes quanto à invocada nulidade por violação do contraditório, relativamente à apreciação oficiosa do pressuposto processual de interesse em agir; b) considera- se que tal pressuposto existe; c) verificando que, pela posição adoptada pelas partes e pela análise dos autos, se encontram reunidos todos os elementos necessários ao enquadramento jurídico do mérito da causa [no que se reporta ao pedido A)] profere-se decisão de mérito, condenando os réus a reconhecer que os autores são possuidores e legítimos proprietários do prédio identificado no artigo 1.º da petição, descrito na Conservatória sob o número z...da freguesia de Pinheiro.

4. A impossibilidade da lide no recurso, face ao trânsito em julgado da condenação da 2.ª ré no pedido D)

Face à complexidade da questão, há que recapitular:

Os autores pediram: a condenação dos 1.ºs réus [pedido B)], no reconhecimento de uma servidão instituída por destinação de pai de família; subsidiariamente, a condenação dos mesmos réus [pedido C)], a verem constituído sobre o seu prédio, uma servidão legal; subsidiariamente ainda, e para a hipótese de se entender que este não é o local que menor prejuízo causa, ao prédio

serviente, a condenação dos 2.ºs réus a verem constituído sobre o seu prédio, uma servidão legal sobre o seu prédio.

A M.ª Juíza decidiu: a) julgar procedente a excepção do caso julgado no que respeita aos pedidos formulados sob as alíneas B) e C), absolvendo da instância quanto a estes pedidos, os 1.ºs réus; b) considerar que o estado dos autos permitia o conhecimento do mérito uma vez que os 2.ºs réus, que subsistem na lide, não contestaram e, em consequência, decidiu:

b) Constituir sobre o prédio dos RR MA (…) e marido AM (…), denominado “ FA.... ”, inscrito na matriz sob o artigo a... e descrito na Conservatória do Registo Predial de Oliveira de Frades sob o n.º b.... da freguesia de P..., servidão legal de passagem de carro agrícola para afrutar e

desafrutar, por uma faixa com a largura de 1,80m a 2,00m junto e a acompanhar a estrema norte deste prédio, percorrendo distância de cerca de 7m no sentido nascente poente e curvando depois para norte para atingir e entrar no lado sul do prédio dos AA.»

Nem os 2.ºs réus (condenados no pedido), nem os autores[15], impugnaram esta decisão, que, em consequência, transitou em julgado.

Ou seja, consolidou-se na ordem jurídica a decisão proferida, que julgou procedente o pedido D) e, em consequência, constituiu sobre o prédio dos 2.ºs réus uma «servidão legal de passagem de carro agrícola (…), por uma faixa com a largura de 1,80m a 2,00m», a favor do prédio dos autores.

Perante esta constatação óbvia, suscita-se uma curiosa questão: que efeitos tem sobre os restantes pedidos (pedido principal e 2.º pedido subsidiário), a condenação com trânsito em julgado, no 3.º pedido subsidiário?

Vejamos.

Dispõe o n.º 1 do artigo 469.º do CPC: «Podem formular-se pedidos subsidiários. Diz-se subsidiário o pedido que é apresentado a tribunal para ser tomado em consideração somente no caso de não

(11)

proceder um pedido anterior.»

O Professor Castro Mendes define esta relação entre pedidos como “alternativa aparente”[16], nestes termos: “é a situação em que o autor formula dois pedidos, reconhecendo que só um é substancialmente procedente; e solicita ao tribunal que atenda um deles apenas, porque só a um (embora só a final se determine qual), sabe que tem direito”[17].

É manifesta a ênfase que o autor citado coloca no facto de apenas um dos pedidos poder proceder e de o autor saber que “tem direito” apenas a um deles.

Ou seja, a procedência de um dos pedidos formulados em relação de subsidiariedade, afasta ou impede em absoluto a possibilidade de procedência de qualquer dos outros.

Como refere Abrantes Geraldes[18], quando se formulam pedidos subsidiários, a apreciação do pedido secundário ficará dependente da improcedência (ou de qualquer outra forma de extinção da instância) do pedido prioritário.

Na situação sub judice, a M.ª Juíza julgou procedente a excepção do caso julgado e, absolvendo da instância os 1.ºs réus, relativamente ao pedido prioritário (B) e ao 1.º pedido subsidiário (C),

condenou os 2.ºs réus no 2.º pedido subsidiário (D), constituindo uma servidão legal de passagem sobre o prédio destes réus, a favor do prédio dos autores.

Tal decisão transitou em julgado, passando os autores a ser titulares do direito de servidão que peticionaram, a favor do seu prédio.

Ora, como refere o Professor Castro Mendes na obra citada, só um dos pedidos pode proceder, tornando-se impossível a lide neste recurso, na qual se visa a procedência dos restantes dois pedidos (o prioritário e o 1.º subsidiário).

Constituiria, aliás, um clamoroso abuso de direito, a constituição de duas servidões de passagem a favor do mesmo prédio (a que já está constituída e qualquer outra peticionada em relação

subsidiária na mesma acção).

Não ignoramos que se trata de uma situação inusitada. No entanto, restringindo os recorrentes o seu recurso à questão do caso julgado (conclusões 6.ª a 14.ª)[19], não tendo sido impugnada a decisão constitutiva da servidão a favor do seu prédio (nem pelos autores nem pelos 2.ºs réus), face ao óbvio trânsito em julgado da mesma tornou-se impossível a apreciação dos restantes pedidos, daí decorrendo a manifesta impossibilidade da lide de recurso relativamente aos mesmos.

Com estes fundamentos, deverá a mesma impossibilidade ser declarada, não se apreciando a excepção do caso julgado relativamente aos pedidos B) e C), atenta a absoluta inutilidade de tal apreciação.

III. Dispositivo

Com fundamento no exposto, acordam os Juízes desta Relação:

a) em julgar parcialmente procedente o recurso e, em consequência, em condenar os réus ME (…), MM (…) , e marido, AV (…), AT (…) e mulher, PC (…), a reconhecerem que os autores são possuidores e legítimos proprietários do prédio identificado no artigo 1.º da petição, descrito na Conservatória

sob o número z...da freguesia de Pinheiro;

b) em manter a condenação dos réus MA (…) e marido AM (…), nos precisos termos que constam da sentença (reconhecimento do direito de propriedade dos autores sobre prédio identificado no artigo 1.º da petição, e constituição da servidão legal de passagem sobre o prédio destes réus, a favor do prédio dos autores);

c) em declarar a impossibilidade superveniente da lide de recurso, no que concerne à apreciação da excepção do caso julgado e posterior apreciação do mérito dos pedidos B) e C) [referentes à

(12)

servidão de passagem sobre o prédio dos 1.ºs réus, a favor do prédio dos autores].

Custas do recurso pelos Apelantes e 1.ºs réus, na proporção dos decaimentos, que se fixa, respectivamente, em 2/3 e 1/3.

* Carlos Querido ( Relator )

Virgílio Mateus Carvalho Martins

[1] Independentemente da falta de fundamento (ainda que manifesta) de qualquer excepção dilatória deduzida, sempre que tal dedução ocorre, terá que ser apreciada de forma específica e não genericamente em despacho tabelar. Acontece, no entanto, que a parte que deduziu a

excepção em apreço se conformou com a decisão, não a impugnando, pelo que a mesma transitou em julgado.

[2] Antunes Varela e Outros, Manual de Processo Civil, Coimbra Editora, 1985, 2.ª edição, página 687.

[3] No mesmo sentido: Alberto dos Reis, CPC Anotado, Vol. V, Coimbra Editora, 1984, pág. 140; J.

Lebre de Freitas, e outros, CPC Anotado, volume 2, Coimbra Editora, 2001, pág. 669; acórdão do STJ de 28.10.1999, CJ, III, 1999, pág. 66; e acórdão da RC de 11.01.2005, Proc. 1862/04,

acessível em http://www.dgsi.pt.

[4] Omissão que se traduz na violação do n.º 2 do artigo 659.º do CPC.

[5] Antunes Varela e Outros, Manual de Processo Civil, Coimbra Editora, 1985, 2.ª edição, página 687.

[6] No mesmo sentido: Alberto dos Reis, CPC Anotado, Vol. V, Coimbra Editora, 1984, pág. 140; J.

Lebre de Freitas, e outros, CPC Anotado, volume 2, Coimbra Editora, 2001, pág. 669; acórdão do STJ de 28.10.1999, CJ, III, 1999, pág. 66; e acórdão da RC de 11.01.2005, Proc. 1862/04,

acessível em http://www.dgsi.pt.

[7] Pese embora a justiça da censura feita à decisão sob recurso, no que respeita à apontada omissão.

[8] Recursos em Processo Civil, Novo Regime, Almedina, 2.ª edição, pág. 319 [9] Noções Elementares de Processo Civil, Coimbra Editora, 1979, pág. 79 a 82

[10] O Professor Antunes Varela (Manual de Processo Civil, Coimbra Editora, 2.ª edição, página 179) sintetiza o mesmo conceito, nestes termos: “o interesse processual consiste na necessidade de usar do processo, de instaurar ou fazer prosseguir a acção”.

[11] O interesse processual, ou interesse em agir, não está expressamente consagrado na nossa lei processual civil, ao contrário do que sucede, por exemplo, nas legislações italiana e germânica.

Não obstante, tanto a jurisprudência como a doutrina têm entendido que se trata de um

pressuposto ou duma condição da acção. Nesse sentido, veja-se o acórdão do STJ, de 6.09.2011, proferido no Proc. 660/07.1YXLSB.L1.S1, acessível em http://www.dgsi.pt: «A condição ou

pressuposto processual genérico da acção denominado “interesse em agir” não constitui uma categoria autónoma ou diferenciada no conspecto do direito processual vigente, embora se possam detectar na lei adjectiva afloramentos da necessidade de ele estar presente no momento em que o titular do direito (interesse material ou jurídico) pretenda utilizar um meio processual para a

definição do respectivo direito.»

(13)

[12] Proferido no Processo n.º 274/2002, acessível em http://www.dgsi.pt [13] Código do Registo Predial, 7.ª edição, 1995, Almedina, pág. 74

[14] (cfr. nesse sentido, por todos, os Acórdãos do STJ de 11.01.1979, in BMJ nº 283, p. 234; de 2.12.1986, BMJ nº 362, p. 537; de 27.04.2005; de 24.10.2006 e de 24.04.2007, in

http://www.dgsi.pt).

[15] Poderá legitimamente suscitar-se a questão de saber se os autores (que obtêm vencimento) poderiam recorrer, nomeadamente equacionando a sua falta de interesse processual. Com efeito, os autores formularam três pedidos um principal e dois sucessivamente subsidiários, tendo o tribunal condenado os 2.ºs réus no último pedido (no 3.º pedido subsidiário). Ora, face à forma como elencaram os pedidos, parece lógico que os autores pretendiam o provimento do 1.º pedido e, caso não fosse viável, o do 2.º, e, finalmente, e apenas se nenhum desses fosse viável, o 3.º.

Nessa medida, seria defensável o decaimento, ainda que parcial, dos autores. No entanto, como se referiu, a questão deixa de interessar, na medida em que nenhuma das partes recorreu.

[16] Direito Processual Civil, II, AAFDL, 1980, pág. 319.

[17] O autor citado (ob cit., pág. 321), refere a possibilidade de formulação de “pedidos subsidiários de pedidos subsidiários em grau teoricamente infinito”.

[18] Temas da Reforma do Processo Civil, I Volume, Almedina, 1988, pág. 157.

[19] Para além das questões processuais já apreciadas.

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