• Nenhum resultado encontrado

SORO HETERÓLOGO NA PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO ANTIRRÁBICA HUMANA NO ESTADO DE MINAS GERAIS: análise epidemiológica.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "SORO HETERÓLOGO NA PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO ANTIRRÁBICA HUMANA NO ESTADO DE MINAS GERAIS: análise epidemiológica."

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

SORO HETERÓLOGO NA PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO ANTIRRÁBICA HUMANA NO ESTADO DE MINAS GERAIS: análise epidemiológica.

HETEROLOGIST SERUM IN PROPHILAXY AFTER HUMAN ANTIRABIC EXPOSURE IN THE STATE OF MINAS GENERAL: Epidemiological analysis.

Adelma Aparecida MARTINS¹, Victor Melo PEREIRA, Gabriela Rossi FERREIRA3, Mariana Gontijo de BRITO4, Ludmila Ferraz de SANTANA5, Rodrigo Itaboray FRADE6, Miriam de Oliveira Alves RIBEIRO7

Resumo

A raiva é uma antropozoonose, com letalidade próxima a 100%, transmitida pela inoculação do vírus presente na saliva e/ou secreções de animais contaminados através de mordedura, lambedura e/ou arranhadura. As profilaxias pré e pós exposição da raiva estão asseguradas e padronizadas no Manual de Normas Técnicas de Profilaxia da Raiva Humana do Ministério da Saúde, que aborda, dentre outros assuntos, a conduta a ser tomada em caso potencial de exposição ao vírus rábico, como a lavagem com água abundante e sabão ou outro detergente, uso de antissépticos e avaliação do grau da lesão. O artigo objetivou a avaliar o perfil de atendimento antirrábico humano pós-exposição e comparar com a compatibilidade em relação ao protocolo do Ministério da Saúde. Teve caráter observacional e descritivo retrospectivo, utilizando-se a análise exploratória de dados secundários registrados nas fichas de notificação/investigação de atendimento antirrábico humano do estado de Minas Gerais, no período de 2017 a 2018, no banco de dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.

Os resultados da pesquisa permitem avaliar a coerência na indicação de soroterapia nos casos de profilaxia antirrábica humana.

Descritores: Encefalopatias; Profilaxia; Raiva; Zooantroponose; Epidemiologia.

1 Acadêmica em enfermagem. Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. adelma177@gmail.com

2 Acadêmico em enfermagem. Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. vmelop@gmail.com

3 Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde pelo Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte (EPSC-BH). Especialista em Nefrologia (FCM-MG) e Oncologia (EPSC-BH) Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. Coordenadora de Cursos de Aperfeiçoamento em Enfermagem. gabirossi23@yahoo.com.br

4 Médica Veterinária (UFMG). Doutora em ciência animal área de epidemiologia (UFMG). Especialista em Vigilância Ambiental (UFRJ). Coordenadora de Zoonoses e de Fatores de Risco Biológicos na Secretaria de estado de Saúde de Minas Gerais.

5 Médica Veterinária (UFMG). Especialista em Saúde Pública e Educação (UNIFENAS). Especialista em Políticas e Gestão da Saúde (SES-MG). Referência técnica zoonoses e Fatores de Risco Biológicos na Secretaria de estado de Saúde de Minas Gerais.

6 Físico (UFMG) e Pedagogo (UNIUBE), Mestre em Educação Tecnológica (CEFET-MG). Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. itaboray78@gmail.com

7 Enfermeira. Mestre em Cultura e Organizações Sociais (FUNEDI). Especialista em Saúde Pública (UNAE-RP). Coordenadora e docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. miriam.ribeiro@izabelahendrix.metodista.br

(2)

Abstract

The rabies is an anthropozoonosis with lethality of, nearly, 100%, transmitted by the inoculation of the virus that’s present in gob and/or secretions of contaminated animals, by bite, licking and/or scratching. The rabies pre and post exposure prophylaxis is secured and standardized by the Ministry of Health through the Technical Rules Manual of the human rabies prophylaxis, which approaches, among other subjects, the conduct to be taken in potential case of rabies virus exposure risk, like wash the lesion with abundant water associated with soap or other detergent, use of antiseptics and evaluation of the lesion degree. The article aimed to evaluate the post exposition anti-rabies treatment with the use of heterologous serum and make a comparison with Health’s Ministry’s protocol through observational, descriptive, and retrospective characterization, utilizing the exploratory analysis of Minas Gerais state secondary data files around the anti-rabies treatment, from 2017 to 2018. The article results allowed to evaluate the coherency on the serum therapy indication on human anti-rabies prophylaxis.

Keywords: Encephalopathy; prophylaxis; rabies; Zooantroposis; epidemiology.

INTRODUÇÃO

A raiva é uma antropozoonose com letalidade próxima a 100%, transmitida pela inoculação do vírus presente na saliva e secreções de animais contaminados, através de mordedura, lambedura e/ou arranhadura. Pertencente à família Rhabdoviridae e ao gênero Lyssavirus, o vírus rábico é constituído de genoma RNA, com 8 genótipos diferentes, sendo o genótipo 1 – Rabies vírus (RABV), o único presente na América Latina e no Brasil, podendo ser expresso, em 12 variantes antigênicas (BRASIL, 2019).

A doença apresenta no Brasil, sete variantes antigênicas (AgV) identificadas, sendo as variantes AgV1 e AgV2 encontradas em cães (Canis familiaris). A variante AgV3 é encontrada no morcego hematófago Desmodus rotundus; a variantes AgV4 e AgV6 são encontradas em morcegos insetívoros, e as variantes encontradas no cachorro do mato (Cerdocyon thous) e no sagui de tufos brancos (Callithrix jacchus) de ciclo silvestre, AgV2*, não são reconhecidos perante ao Centers for Disease Control and Prevention (CDC) (BRASIL,2019).

Os morcegos, podem ser portadores latentes do vírus apresentando grande importância epidemiológica, uma vez que, podem carrear o vírus por longos períodos sendo assintomáticos e transmissores. Ao desenvolverem a doença apresentam mudança de comportamento e morte (BRASIL, 2019).

Tanto os morcegos não hematófagos como o Artibeus lituratus e Glossofaga soricina, exclusivamente fitófagos (se alimentam de seiva de plantas), quanto os hematófagos (se alimentam de sangue) como o Desmodus prevalentes em território nacional devem ser acompanhados mais rigorosamente pela vigilância para contenção de população por meio do uso de pasta hemofílica (Warfarina) e encaminhados para análise aos laboratórios de referência em caso de epizootias (morte de animais por possível zoonose) (FERRAZ, ACHKAR, KOTAIT, 2007).

Os morcegos hematófagos têm baixa reserva energética e grande necessidade de se alimentar continuamente, aumentando o risco de transmissão, já os não hematófagos entram no quadro transmissivo evidenciados pela mudança comportamental causada pelo agravo da doença,

(3)

tornando-se mais terrestres e perdendo sua rotina noturna o que propicia o contato com outros mamíferos com o risco potencial de transmissão por mordedura defensiva (FERRAZ, ACHKAR, KOTAIT, 2007).

Nos últimos 30 anos, o Brasil apresentou casos de raiva humana transmitidas por cães e gatos em caráter esporádico e acidental, devido a intensificação das ações de vigilância e controle da raiva canina e felina, reduzindo as taxas de mortalidade (BRASIL, 2019). Logo, evidencia-se a importância da vacinação dos animais domésticos e o tratamento adequado e oportuno na profilaxia pós-exposição.

Minas Gerais é uma região endêmica para a circulação das variantes virais 2, isolada a partir de cães, e 3, de morcego hematófago Desmodus rotundus. Nas áreas urbanas as principais fontes de infecção são canídeos, felídeos não vacinados e quirópteros. Na zona rural os bovinos e equinos são os animais mais afetados pelo vírus (BRASIL, 2016).

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2019) em 5 milhões de notificações de atendimento profilático antirrábico humano pós-exposição, 84% foram por agressões de cães e gatos domésticos, e apenas 0,67% por morcegos no período 2007 a 2017.

O MS, recomenda que, ao ser notificado acidente com cão ou gato domésticos passíveis de observação, seja realizado o acompanhamento do animal por dez dias, se o mesmo não desaparecer, morrer ou se tornar raivoso interrompe-se o tratamento sem necessidade da continuação do esquema profilático pós exposição no indivíduo acidentado (BRASIL, 2019).

Desta forma, se mostra necessária a avaliação de cães e gatos agressores como medida de vigilância, antes da indicação de vacina/soro e vacina como medida profilática imediata, uma vez que, o cenário epidemiológico aponta que cães são as maiores fontes de notificação e atendimento profilático antirrábico humano (BRASIL, 2019).

Como primeira medida profilática pós exposição em possível contato com o vírus rábico é essencial a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão, devendo a mesma ser repetida na unidade de saúde. Após limpeza cuidadosa, devem ser utilizados antissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato de clorexidina ou álcool-iodado (BRASIL, 2019).

Em busca da indicação oportuna da profilaxia antirrábica deve ser feita uma anamnese do indivíduo agredido com avaliação das características do ferimento (tipo de exposição e gravidade) e do animal agressor, utilizando a Ficha de Atendimento Antirrábico Humano do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) (BRASIL, 2019).

Diante do exposto este artigo objetivou avaliar o uso e indicação do soro antirrábico humano heterólogo na profilaxia pós exposição (SARH) no estado de Minas Gerais e analisar indicação e assertividade com a diretriz do Ministério da Saúde no estado de Minas Gerais, e mapear as notificações de raiva animal no território estadual, delimitando as áreas de maior circulação dos tipos virais.

A profilaxia e vigilância epidemiológica acerca da raiva humana é bastante onerosa à federação.

O custo unitário da vacina antirrábica humana é de 10 dólares (R$ 38,80), já o soro antirrábico é de 19,89 dólares (R$ 77,17) o tratamento de um paciente com raiva, levando em consideração a internação e diárias no CTI, chega a custar cerca de 32 mil dólares (R$ 124.160) (CALDAS, 2015).

(4)

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa observacional, descritiva retrospectiva, utilizando-se a análise exploratória de dados secundários registrados nas fichas de notificação/investigação de atendimento antirrábico humano do estado de Minas Gerais, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018, nos bancos de dados Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e EpiInfo6 em Disk Operating System (DOS) sistema de notificação de diagnóstico laboratorial da raiva.

Foram utilizadas as informações dos atendimentos antirrábicos humanos e classificação de gravidade, retirados do banco em janeiro de 2019. Devido as constantes atualizações os dados estão sujeitos a alterações. Os dados de identificação do paciente foram excluídos, para avaliação do seguimento, seja ele oportuno ou não, do protocolo de profilaxia antirrábica, preconizada pelo MS pelas Unidades Regionais de Saúde do estado, assim como o mapeamento destas notificações. A avaliação foi autorizada pela coordenadoria de zoonoses e fatores de riscos biológicos da SES-MG, após solicitação oficial.

Foi realizada análise qualiquantitativa das notificações do atendimento antirrábico. Para a tabulação foram utilizadas as variáveis de condição do animal por espécie agressora, gravidade do acidente, indicação de tratamento, quantidade de soro heterólogo utilizado, quantidade de vacina utilizada, classificação de gravidade da lesão, se foi possível a observação do animal e condição do animal após tempo de observação. Os dados foram tabulados e tratados com auxílio da plataforma Excel. Para o mapeamento de regiões de ocorrência de casos e de tratamento foram utilizadas as ferramentas Excel, EpiInfo6, TabWin, DataSus e SINANNet.

PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO DA RAIVA

As profilaxias pré e pós-exposição da raiva são asseguradas e padronizadas pelo MS através do Manual de Normas Técnicas De Profilaxia Da Raiva Humana. (BRASIL, 2014)

De acordo com o Manual de Normas Técnicas da Profilaxia da Raiva Humana 2014, os profissionais que entram em contato com mamíferos e correm risco de exposição ao vírus rábico são orientados a realizar o esquema de pré exposição que consiste na administração de 3 doses de vacina, via intradérmica ou intramuscular seguida pela realização da titulação, que caso seja insatisfatória realiza-se a quarta dose de reforço. (BRASIL, 2014).

Conforme comunicado pela nota informativa Nº 26-SEI/2017-CGPNI/DEVIT/SVS/MS e oficializado no Guia de Vigilância em saúde 2019, a profilaxia pós exposição deverá ser realizada com 4 doses de vacina raiva (inativada) nos dias 0,3,7,14. E quando indicado o tratamento com SARH, administrar a dose do soro no período máximo de 7 dias do intervalo da primeira vacina.

Em de 2006 um profissional de saúde (veterinário) no município de Prados contraiu o vírus rábico em um acidente na coleta de material biológico de um herbívoro não especificado. Ele não possuía o esquema pré exposição, e negligenciou o esquema pós exposição, vindo a óbito posteriormente. O exemplo demonstra a tamanha importância da profilaxia pré e pós exposição antirrábica (BRITO et al, 2011).

A vacina utilizada no Brasil é a vacina de cultivo celular (células vero), pode-se utilizar a via intradérmica (ID), aplicando em locais com drenagem linfática, geralmente nos braços na inserção do músculo deltoide ou pela via intramuscular (IM) profunda, com escolha de vasto lateral da coxa ou região do deltoide, não sendo indicada aplicação em glúteo (BRASIL, 2014).

(5)

Após aplicação da 3ª dose da vacina a utilização do soro não é mais necessária, devendo ser aplicado preferencialmente nas primeiras 48 horas (BRASIL, 2019).

Em caso do uso de SARH é necessário que seja infiltrado na lesão em maior quantidade possível da dose, e se necessário aplicar o restante do soro via intramuscular na região glútea, A aplicação deve ser em local diferente de onde foi aplicada a vacina, a dose de soro pode ser diluída, o menos possível em soro fisiológico para infiltração de múltiplas lesões (BRASIL, 2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na vigilância epidemiológica de zoonoses os dados divulgados das partes assistenciais do Sistema Único de Saúde (SUS) são vitais, pois é possível demarcar e dividir ações e recursos entre o território. A figura 1 demarca epizootias positivas para raiva nos municípios em Minas Gerais nos anos de 2017 e 2018, nota-se que em cinco das vinte e oito regionais de saúde não foram detectadas epizootias positivas para raiva no período descrito, tal dado leva ao questionamento se de fato não houve circulação do vírus nesse período nas regiões, ou a coleta e envio de amostras foi insatisfatória para conclusão dos exames laboratoriais.

Figura 1 – Municípios de Minas Gerais com ocorrência de epizootias positivas para Raiva por confirmação laboratorial no período de 2017/2018

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (IMA e PBH 2019)

(6)

A tabela 1 demonstra que os animais positivos para raiva no exame laboratorial no período analisado são bovinos 70,37%, equinos 10,70%, morcegos não hematófagos 17,70% Ovinos 0,82% e Morcego (sem espécie descrita) 0,41%. Neste período não houve nenhuma epizootia positiva para cães ou gatos confirmadas.

Tabela 1 – Resultados laboratoriais de epizootias de animais positivos para raiva em Minas Gerais no período de 2017/2018.

Espécie 2017 2018 Total Frequência

Bovino 83 88 171 70,37%

Equino 14 12 26 10,70%

MH 0 0 0 0,00%

MNH 18 25 43 17,70%

Canino 0 0 0 0,00%

Felino 0 0 0 0,00%

Caprino 0 0 0 0,00%

Ovino 1 1 2 0,82%

Suíno 0 0 0 0,00%

Primata 0 0 0 0,00%

Outro 0 0 0 0,00%

Morcego sp. 1 0 1 0,41%

Total 117 126 243 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG MG (IMA e PBH 2019).

De acordo com os dados obtidos através da plataforma SINAN, as agressões mais comuns são de caninos e felinos que, somados, totalizam 94,94% das agressões por mamífero notificados no período como demonstra a tabela 2.

Outros autores como Cabral et al. (2018), Campos et al. (2018) e Frias, Nunes, Carvalho (2016) descrevem resultados similares.

Tabela 2 – Frequência de animais agressores notificados no SINAN Jan/2017 à Dez/2018 em Minas Gerais

Espécie de animal agressor Notificações Frequência

Canina 118667 82,52%

Felina 17898 12,45%

Quiróptero (morcego) 921 0,64%

Primata (macaco) 335 0,23%

Raposa 43 0,03%

Herbívoro Doméstico 777 0,54%

Outra (Não especificado) 5159 3,59%

Total 143800 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (SINAN 2019).

(7)

Ao cruzar os dados da Tabela 3 onde foram observados 80.900 cães e 10.992 gatos, com a Tabela 2 onde foram notificados 118.667 cães e 17.898 gatos obtemos apenas um percentual de apenas 68,17% de cães observados e 61,41% gatos.

O acompanhamento da condição dos animais agressores, passíveis de observação é um ato primordial para conduta e prescrição correta do tratamento podendo assim reduzir prescrições desnecessárias e gastos para o sistema de saúde.

Visto que, Cabral et.al (2018) em seu estudo realizado na cidade de Belo Horizonte demonstrou que 85% dos cães observados eram sadios e em 83,4% dos cães poderiam ser observados. Nota- se uma subnotificação ou a não observação dos animais passiveis dela como demonstra a tabela 3. Assim como Frias, Nunes, Carvalho (2016) informaram que 89% dos animais estavam sadios no momento do agravo e 84,6% mantiveram-se sadios durante o período de observação em Jaboticabal. Campos et al. (2018) em Petrolina identificaram que 81,8% estavam sadios e cães e gatos representaram 98,4% das espécies agressoras.

Segundo o M.S. (BRASIL, 2014), a transmissão do vírus pela saliva do animal agressor só ocorre ao final do período de incubação do vírus, próximo ao início sintomático e varia entre dois e cinco dias do início do aparecimento dos sintomas, que persistem até a morte, sendo assim, é padronizado para que observem cães e gatos (quando possível) por 10 dias.

Após o final do período de observação sem alterações comportamentais, morte ou desaparecimento do mesmo, é indicativo que o animal não esteja infectado com o vírus rábico.

E tratamento seja interrompido. Reiterando a importância do preenchimento correto da ficha de notificação no SINAN que contribui com o controle de distribuição de insumos, e futuras análises epidemiológicas.

Tabela 3 – Frequência de animais agressores observados notificados no SINAN Jan/2017 à Dez/2018.

Espécie do animal agressor (observável) Observados Frequência de observados

Canina 80900 88,04%

Felina 10992 11,96%

Total 91892 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (SINAN 2019).

Quanto a condição apresentada dos animais no momento da agressão Tabela 4, a maior parte dos animais se apresenta sadio (62,42%) seguido dos animais suspeitos (20,86%) e mortos/desaparecidos (12,59%).

Foram informados que no momento da agressao no período estudado 647 (0,45%) animais raivosos (cães e gatos), porém não houve confirmações para cães e gatos positivos para raiva nesse período no estado de Minas Gerais (Tabela 1) o que leva a presumir que foram dados preenchidos de forma incorreta.

(8)

Tabela 4 – Frequência de animais agressores por condição no momento da agressão independente do tratamento Jan/2017 à Dez/2018.

Condição do animal agressor (cão e gato) Notificações Frequência

Sadio 89962 62,42%

Suspeito 30071 20,86%

Raivoso 647 0,45%

Morto/Desaparecido 18143 12,59%

Ignorado/não preenchido 5306 3,68%

Total 144129 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (SINAN 2019)

Quanto da indicação de tratamento antirrábico a Tabela 5 demonstra a frequência de indicação de soro heterólogo por condição do animal (Cães e gatos) no momento da agressão. Sendo mais prevalente a indicação para animais mortos/desaparecidos (63,67%) seguido de animais suspeitos (23,40%) e sadios (10,39%) tendo em vista que Cabral et.al (2018) demonstrou que 83,4% dos cães são passiveis de observação, sendo assim, a frequência de indicação de soro heterólogo para acidentes com animais sadios e suspeitos que somam 33,79% das indicações poderiam ser ainda menores se os animais passíveis de observação fossem observados.

Tabela 5 – Frequência de animais agressores por condição no momento da agressão com indicação de soro heterólogo. Tabulação feita a partir de tratamento indicado, tipo de soro, e ano da notificação no SINAN Jan/2017 à Dez/2018.

Condição do animal agressor (cão e gato) Notificações Frequência

Sadio 298 10,39%

Suspeito 671 23,40%

Raivoso 41 1,43%

Morto/Desaparecido 1826 63,67%

Ignorado/não preenchido 32 1,12%

Total 2868 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (SINAN 2019)

O tipo de conduta tomada em caso de acidentes por quirópteros no estado de Minas Gerais no período estudado é evidenciado na Tabela 6, que de acordo com BRASIL, 2014 são acidentes graves independentemente do grau da lesão, necessitando assim de soro vacinação.

As dispensas de tratamento em caso de acidentes com quirópteros podem ocorrer se o tipo de contato for indireto. Foram evidenciadas observação do animal (2,83%) observação e vacina (2,72%) e apenas vacina (23,13%) que totalizam 28,68% condutas erradas ou preenchidas de forma incorreta na ficha do SINAN. São apresentados 1,93% de dados não preenchidos, e dos tratamentos corretos 66,67% com soro-vacinação de acordo com o Manual de Normas Técnicas de Profilaxia da Raiva Humana (2014).

(9)

Tabela 6 – Frequência de indicação de tratamento para acidentes com quirópteros em Minas Gerais, no período de 2017/2018.

Tratamento indicado Número de casos Frequência

Não preenchido 17 1,93%

Dispensa de tratamento 24 2,72%

Observação do animal 25 2,83%

Observação + vacina 24 2,72%

Vacina 204 23,13%

Soro + vacina 588 66,67%

Total 882 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (SINAN 2019).

O tipo de exposição entrará em três classificações, sendo elas: contato indireto, acidente leve, ferimentos superficiais, pouco extensos e lambedura de pele com lesões superficiais; e graves, ferimentos na cabeça, face, pescoço, polpa digital e/ou planta do pé e ferimentos profundos por unha de animais ou mordedura, múltiplos ou extensos em qualquer região do corpo, lambedura de mucosa e de pele não íntegra, ou qualquer ferimento por morcego (BRASIL, 2014).

Todos os ferimentos próximos a áreas de grande inervação são considerados graves, como exemplo em polpa digital, face e planta dos pés. Em profundidade são considerados superficiais ou profundos, também avaliadas a quantidade de lesões e extensão da lesão (BRASIL, 2014).

Avaliando a tabela 7 nota-se que, O tipo de exposição mais frequente é a de mordedura (81,95%) com localização mais acometida sendo mãos e pés (37,77%) e membros inferiores (33,28%) com ferimento único (65,26%) e superficial (60,98%) avaliando a lesão juntamente da possibilidade de observação do animal é possível reduzir indicações desnecessárias de vacina e soro antirrábico. Resultados semelhantes ao estudo de Cabral et.al (2018).

(10)

Tabela 7 –Frequência de acidentes por tipo de exposição, localização do ferimento, quantidade de ferimentos e classificação, por todas espécies agressoras. 2017/2018

Variável Número de agravos Frequência%

Tipo de exposição

Contato Indireto 2311 1,52%

Arranhadura 21013 13,85%

Lambedura 4063 2,68%

Mordedura 124326 81,95%

Total 151713 100,00%

Localização

Mucosa 3449 2,26%

Cabeça/Pescoço 12417 8,12%

Mãos/Pés 57730 37,77%

Tronco 5669 3,71%

Membros sup. 22714 14,86%

Membros inf. 50863 33,28%

Total 152842 100,00%

Ferimento

Único 90028 65,26%

Múltiplo 47927 34,74%

Total 137955 100,00%

Profundo

Tipo de Ferimento

48135 34,52%

Superficial 85044 60,98%

Dilacerante 6280 4,50%

Total 139459 100,00%

Fonte: Coordenação de Zoonoses/DVAT/SVE/SubVS/SES-MG (SINAN 2019).

CONCLUSÃO

O estudo permitiu avaliar o preenchimento incorreto das fichas de notificação e prescrições em desconformidade com a norma técnica padronizada pelo MS.

Os dados preenchidos de forma incorreta dificultam a análise e pesquisa que são ferramentas dos órgãos de controle das esferas governamentais para capacitação e distribuição de imunobiológicos.

Avaliando o banco de dados foi possível verificar 28,68% de condutas em desconformidade com a norma técnica no manejo de acidentes com quirópteros, o que evidencia a importância de capacitações para atendimento antirrábico e educação continuada para médicos, médicos veterinários, em função do caráter zoonótico da doença, e enfermeiros.

Também avaliada a indicação de soro heterólogo em acidentes causados por animais observáveis, nota-se que, de 33,79% de cães e gatos sadios e suspeitos 83,4% poderiam ser observados, reduzindo indicações erradas e custos para o SUS.

O Estudo indica também a maior frequência de atendimentos de acidentes causados por cães, por mordedura em mãos/pés e membros inferiores com maior prevalência, em ferimentos únicos e superficiais.

(11)

Portanto o planejamento na saúde e educação continuada onde priorize-se intervenções em acidentes comuns seriam válidos desde que pudessem ser avaliados seus resultados, por meio dos bancos de dados preenchidos corretamente.

O tratamento de um paciente é muito mais oneroso para o sistema de saúde que sua profilaxia, considerando a alta mortalidade da doença, aproximadamente 100% (BRASIL, 2019). A profilaxia, se feita de maneira correta e com indicações previstas no manual de profilaxia da raiva humana do MS 2014, economiza recursos, e diminui a incidência de casos humanos da doença.

Considerando o caráter zoonótico da enfermidade raiva, seus ciclos epidemiológicos de transmissão (silvestres: terrestre e aéreo; rural e urbano), há necessidade de implementação de medidas de vigilância e controle de animais susceptíveis, procedendo medidas cabíveis para a redução e/ou eliminação do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão de acordo com a variante circulante de cada área.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Raiva. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília, Ed. 3, 2019.

Disponível em <https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia- vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf>. Acesso em 08 de outubro de 2019.

BRASIL, Ministério da Saúde. Raiva. NOTA INFORMATIVA Nº 26-SEI/2017- CGPNI/DEVIT/SVS/MS. Brasília, Ed. 1, 2017. Disponível em

<http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/agosto/04/Nota-Informativa-N- 26_SEI_2017_CGPNI_DEVIT_SVS_MS.pdf >. Acesso em 10 de maio de 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Normas técnicas de profilaxia da raiva humana. Ministério da Saúde,

Brasília, 2014. Disponível em:

<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/19/Normas-tecnicas-profilaxia- raiva.pdf>

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância, prevenção e controle de zoonoses:

normas técnicas e operacionais. Ministério da Saúde, Brasília: 121 p, 2016. Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_prevencao_controle_zoonoses .pdf>. Acessado em 04 de dezembro de 2018.

BRITO, Mariana Gontijo, et al. Rabies Antemortem diagnosis of human rabies in a veterinarian infected when handling a herbivore in Minas Gerais, Brazil. Revista de Medicina Tropical.

São Paulo, vol. 53 nº1. 2011. Disponível em

<Http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46652011000100007>.

Acesso em 28 de novembro de 2018.

(12)

CABRAL, K.C. et.al. Avaliação do tratamento antirrábico humano pós-exposição, associado a acidentes com cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. Belo

Horizonte, v.70, n.3, p.682-688, 2018.Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-

09352018000300682&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 14 de agosto de 2018.

CALDAS, Eduardo Pacheco de. Situação da Raiva no Brasil. VIII Seminário do Dia Mundial Contra a Raiva. São Paulo, set. 2015. Disponível em

<http://saude.sp.gov.br/resources/instituto-pasteur/pdf/wrd2015/situacaodaraivanobrasil- eduardopachecodecaldas.pdf> Acesso em 20 de agosto de 2018.

CAMPOS, Maria Elda Alves de Lacerda; MACEDO, Bruna Coelho de; SILVA, Glenda Katherine Silvestre da; FERNANDES, Flávia Emília Cavalcante Valença. Avaliação dos profissionais de saúde no atendimento antirrábico Humano. Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(5):1233-40, maio., 2018

Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-980412> Acesso em 20 de agosto de 2018.

FRIAS, Danila Fernanda Rodrigues; NUNES, Juliana Olivência Ramalho; CARVALHO, Adolorata Aparecida Bianco. Proposta de nova metodologia de apoio para indicação racional de profilaxia antirrábica humana pós-exposição. Arquivo de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v. 20, n. 1, p, 9-18, jan./abr. 2016. Disponível em

<http://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/viewFile/4955/3274>. Acesso em 20 de agosto de 2018.

FERRAZ, Claudia; ACHKAR, Samira Maria; KOTAIT, Ivanete. First report of rabies in vampire bats (Desmodus rotundus) in an urban area, Ubatuba, 2007, São Paulo state, Brazil.

Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&nrm=iso&lng=pt&tlng=pt&pid=S0036- 46652007000600010> Acesso em 02 de outubro de 2018.

Referências

Documentos relacionados

Essas informações são de caráter cadastral (técnico responsável pela equipe, logradouro, etc.), posicionamento da árvore (local na rua, dimensões da gola, distância da

Em relação à (i) administração pública, Andriollo, Vieira e Medeiros (O&amp;S, 2002) apresentam um modelo para analisar o desempenho de organizações da administração

As an example, instead of using one application to execute with 16 threads on the compute-711 system (consider the shared memory implementation on section 4.1 ), two applications with

Quanto às orientações apresentadas através do mapa Figura 39, são objetos passíveis de problematização as áreas de especial interesse, que requerem aprofundamento e discussões

O projeto foi estruturado como uma pesquisa-ação (Barbier, 1996; Thiollent, 1988), prevendo-se a participação dos professores de acordo com os requisitos dessa modalidade de

No tocante à psicodinâmica, a abordagem permite a compreensão da relação entre a organização, a subjetividade e as relações de prazer e sofrimento, ao tratar dos

Em seguida aborda-se estresse e seu contexto geral: tipologias de estresse, estresse ocupacional, fontes de tensão no trabalho, sintomas de estresse, estratégias de

Para Azevedo (2013), o planejamento dos gastos das entidades públicas é de suma importância para que se obtenha a implantação das políticas públicas, mas apenas