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Relação Forma/Comunicação nas Histórias em Quadrinhos 1

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Academic year: 2022

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Relação Forma/Comunicação nas Histórias em Quadrinhos

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Thiago Luiz Berzoini Machado Thiago Corrêa Haiashi

Resumo

Este trabalho apresenta a história, os gêneros e os estilos das histórias em quadrinhos.

Dando enfoque à geometria aplicada na apresentação das histórias, é analisada a relação entre as formas geométricas com a mensagem que se quer passar ao leitor.

Palavras-chave: Histórias em quadrinhos, comunicação visual, quadriláteros

Introdução

História em quadrinhos... Como sabemos é a arte de se contar histórias, sejam elas do gênero que forem, através de desenhos inseridos em quadros. Neste trabalho estaremos abordando o tema “Desenho Geométrico aplicado aos quadrinhos”, porém antes é necessário sabermos um pouco da História dos quadrinhos.

Não se pode definir, como este de fato surgiu, porém sabe-se que o Fotógrafo conhecido como Nadar pretendia realizar um filme (documentário), feito a partir de uma entrevista sua com um cientista. Todos sabemos que um filme consiste em um conjunto de fotografias, tiradas em série e reproduzidas em uma máquina projetora. Sua tentativa foi frustrada e sua entrevista acabou sendo publicada em um jornal periódico, com os textos e as fotos inseridas acima. Notamos aí, o que poderia ter sido o primeiro passo para as histórias em quadrinhos surgirem.

Mas desde os primórdios, o homem tem necessidade de contar sua história e a faz a partir de seqüências. Temos os egípcios com suas pinturas que retratavam o seu dia a dia, temos as pinturas rupestres, na idade média encontramos trabalhos que narram a partir de desenhos alguma história, nas tapeçarias francesas. Tudo isso muito antes de Nadar.

Qual foi a primeira história em quadrinhos? Impossível determinar, mas o primeiro personagem a ter suas histórias publicadas como a conhecemos hoje (com balões de fala) e cujo nome ficou marcado na história é, sem dúvida, Yellow Kid, o Garoto amarelo, criado por Richard F. Outcault, em 1895, e aclamado por ter conseguido reconhecimento internacional.

Porém, antes de Yellow Kid, muitos outros personagens já povoavam as tiras dominicais, na Inglaterra, Alemanha, França, e Japão e também no Brasil. As aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora começaram a ser publicadas no Brasil em 30 de agosto de 1896, criados por Angelo Agostini, em 1902, e publicado no jornal “Vida Fluminense”. Se nem todos conhecem a obra, é porque essa ainda não havia sido republicada. As aventuras dos personagens criados por Agostini tiveram 14 capítulos, sendo que os nove primeiros capítulos foram por ele desenhados e o restantes foram desenhados pelo seu colaborador, Candido A. Faria; foi a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das primeiras do mundo. Infelizmente, seu reconhecimento não foi grande, devido a vários

1 Trabalho de conclusão de curso da disciplina Desenho Geométrico Aplicado às Artes, primeiro semestre

letivo de 2002.

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fatores, principalmente o fato dos “Syndicates” estarem por trás dos Jornais Americanos e impulsionarem as vendas de seus jornais, e assim, esses personagens de tiras dominicais ganhavam maior reconhecimento lá fora. Com as personagens de Agostini isso não aconteceu, pois no país não haviam os Syndicates para apoiar e impulsionar tais personagens.

A partir de Yellow Kid, vários gêneros surgiram, tendo todos eles suas vertentes nos Estados Unidos da América, e também na Europa. Assim surgiram as “Strips”, assim chamadas devido ao fato de serem publicadas nos jornais.

Gêneros de Histórias em Quadrinhos

Kids Strips: seus temas eram abordados através de personagens infantis, as

”Tiras de crianças” muitas vezes traziam propostas sócio políticas, por trás de suas histórias inocentes. Deste gênero podemos citar exemplos como “Charlie Brown”, Little Lulu (Luluzinha, no Brasil), e diversas outras personagens.

Animal Strips: estas tiras tinham como protagonistas animais antropomorfizados, cujos defeitos e virtudes do homem eram transpassados aos animais de forma geralmente exagerada, para que assim se tornassem situações engraçadas. Tal tira tem suas origens nas fábulas. Como exemplo de animal Strips temos, o libertino Fritz, The Cat. Garfield (onde a preguiça fica evidente).

Family Strips: surgidas para impulsionar as vendas de jornais, pois as histórias que tinham como personagens membros de famílias, não causariam opiniões contrárias de leitores e estes estariam satisfeitos com o produto. Na maioria das vezes estas histórias retratavam o “ American Way of Life” .

Girls Strips: tem como protagonistas garotas, surgidas do movimento feministas de 1960/1970, apresentavam suas heroínas, com muita sensualidade e eroticidade, teve suas vertentes na Europa.

Action Strips: O gênero que mais impera no meio atualmente. Se trata de histórias de aventura e ação, e na década de trinta, os super heróis chegam ao estilo, e assim passam a ser sinônimos de histórias em quadrinhos. Tarzan, Buck Rogers, Superman, Batman, Homem-Aranha, Capitão América, integram o gênero.

Estilos de quadrinhos

Quadrinhos europeus: São caracterizados pela eroticidade, intelectualidade, e sensualidade, na maioria das vezes abordam temas de ficção científica. Como é o caso De “Druuna”, ficção erótica criada por Serpieri. Não só de erotismo vive o quadrinho europeu. Também são famosas as obras de Hugo Pratt, e sua personagem Corto Maltese, que beira as aventuras de Sherlock Holmes. Quanto ao traço, os quadrinhos Europeus são fiéis, na maioria das vezes a anatomia humana, assim como os quadrinhos americanos denominados “Comics”. Abaixo temos um exemplo de duas das mais bem sucedidas obras de Sérgio Bonneli, Tex, e Zagor (fig. 1 e 2)

Comics, os quadrinhos americanos: São muito conhecidos pelos seus super- heróis, embora o mercado não consista só destes. É de lá que surgem heróis como Batman, Superman, Homem-de-Ferro, Hulk, entre outros. Como vemos, sua anatomia é fiel á anatomia humana, e seus traços também muito parecidos com os dos quadrinhos europeus. São populares e mais difundidos no Brasil, do que os europeus. Usaremos

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exemplos deste para dissertamos sobre o desenho geométrico. Acima temos como exemplo “Os fabulosos X-Men” , criados por Stan Lee (fig. 3).

Fig. 1 Fig.2 Fig. 3

Mangá, os quadrinhos japoneses: Os mangás há algum tempo vêm chegando ao Brasil com força total, na verdade ao ocidente. Seus temas são os mais variados possíveis indo da ficção, do fantástico, ao pornográfico. São característicos pelos seus traços leves, e uso constante de hachuras, ao contrário dos americanos e europeus, utilizam de seus desenhos preto e branco, obtendo assim maior uso de técnicas, já que não são quadrinhos coloridos (na maioria das vezes). Geralmente tem olhos grandes, as personagens são mais magras ou então muito fortes, sempre exagerando a anatomia humana, não sendo fiel. Abaixo um exemplo de manga (fig. 4):

Fig. 4

Agora já conhecedores dos estilos, utilizaremos algumas páginas de quadrinhos, para exemplificarmos como o desenho geométrico pode ser usado nos quadrinhos.

Faremos isso tentando mostrar como conseguir obter um melhor resultado para transpassar ao leitor a intenção do artista, de forma que aplique dentro de figuras geométricas, a ação ou locação correta, para conseguir melhor desempenho.

O desenho geométrico na estrutura das histórias em quadrinhos

Para que comecemos a desenhar uma HQ (história em quadrinhos), é necessário, primeiro, termos um roteiro em mãos. Só assim, o desenhista pode ter idéia sobre o que vai precisar desenhar e, assim, começar a elaborar e enquadrar seus desenhos. Os esquemas dos quadrinhos são bem fáceis, pois geralmente se baseiam em inserir o

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desenho dentro de quadrados ou retângulos. Raramente, embora isto seja possível e só dependa do desenhista, teremos quadros provenientes de um círculo, ou triângulo, não muito raro, seria um quadrilátero. A partir destas figuras geométricas pode-se construir um ótimo storyboard. Mas antes tomemos nota de alguns tópicos importantes:

• Geralmente se desenha em folhas de formato A4, ou A3. As construções aqui citadas estão sendo feitas, tendo-se como base uma folha formato A4.

• É muito difícil estabelecer uma proporção para se desenhar os quadros, onde serão inseridas as figuras, ficando aí importante o bom censo do artista.

• Deve-se ter noção de quantas páginas serão necessárias para se contar a história.

Algumas editoras impõem aos seus desenhistas, que a história seja contada em cerca de trinta e duas páginas, daí podemos notar que se tem em média de quatro a seis quadrinhos por página. É raro ter mais de oito, pois fica apertado o espaço para se trabalhar, e também é difícil vermos uma página inteira só com um desenho, devido à imposição já citada, e também por se tratar de uma história e não, ilustração.

Vejamos agora como, geralmente são usados os retângulos e os quadrados, nas histórias em quadrinhos:

O retângulo que tem como base seu lado maior, é muito usado para visões panorâmicas (fig. 6). Geralmente o ambiente onde se começa a história deve ser apresentado dentro deste. Também pode ser usado para obter uma dinâmica entre dois personagens, tendo o cenário como fundo, ou também utilizá-lo, para obtermos um close nos olhos da personagem. Muito usado nos quadrinhos do Superman, quando este utiliza de sua visão raio X.

O retângulo que tem como base seu lado menor é muito usado para mostrar a personagem de corpo inteiro, ou então em cenas de luta que se alternam entre retângulos. Seria melhor que o desenhista não utilizasse este retângulo para closes faciais, porém é interessante para mostrar um punho fechado (demonstrando fúria e prontidão para a luta), ou então closes de objetos, ou lugares específicos.

O quadrado é muito utilizado para dar ênfase à face das personagens. A dramaticidade depende dos recursos utilizados, ou seja, sombra e enquadramento da figura. Para que fique com mais “ação”, pode se colocar apenas meia face no quadrado.

O quadrado é muito usado para diálogos entre dois ou três personagens. Não se deve utilizar o quadrado para visões panorâmicas, pois a figura fica comprimida, não obtendo, assim, uma utilização correta da imagem a qual se quer passar ao leitor. Costuma-se usar para dar ênfase a prédios importantes na história, colocando-o em primeiro plano, e os demais prédios em segundo plano, e sem detalhes.

Note-se na página acima (fig.5), como a história começa. No primeiro quadro, o desenhista enquadra o local onde se passa a história em um retângulo, assim ele nos dá uma certa sensação de liberdade, podendo identificar com clareza o pentágono - linha de defesa dos Estados Unidos - local onde será desenvolvida a história. No segundo quadro, temos um retângulo cujas laterais são maiores, e podemos ver três personagens dialogando (estão fazendo um interrogatório) e, no terceiro quadro, temos um quadrado, cuja figura inserida nele nos ajuda a dar uma impressão de confinamento. Tal sensação já nos é passada pela figura geométrica em que a cena está inserida. O fato da pessoa que está sendo interrogada estar amarrada em um local escuro e fechado também nos ajuda a captar mais facilmente a sensação que o artista quis passar. Vemos que último quadro, um retângulo que tem como base o lado menor, há um close da pessoa sendo interrogada. Embora este tipo de figura como quadro não seja o melhor para closes, ele se encaixa bem, pois o espaço lhe é adequado.

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Fig. 5 Fig. 6

Como vemos, as figuras geométricas em que as cenas estão inseridas interferem na emoção em que querem passar, na comunicação. Vejamos um exemplo retirado da revista Homem–aranha 5 (fig 7), onde a narrativa é feita através de uma seqüência de quadros quadrados, que nos colocam próximos as personagens, assim obtendo uma maior interação entre o leitor e a obra.

Podemos notar que com exceção das primeiras cenas, as próximas são quadrados, que a partir de closes nas faces das personagens, tornam possíveis ao leitor, recriar a atmosfera de ação e suspense que está se formando na história.

Fig. 7 Fig. 8

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Ao lado, temos uma página do estilo Mangá (fig 8), que trabalha apenas com retângulos. Note-se que a página parece ficar densa, e comprimida, o que ajuda a reforçar nossa tese de que os closes, em uma seqüência de diálogos de personagens devem ser feitos em quadrados como na página anterior.

Quanto às outras formas como um círculo ou trapézio, por exemplo, estas formas são mais difíceis de serem encontradas. O fato é que o círculo poderia ser usado para enquadrar um personagem e, no segundo plano, colocarmos o cenário um pouco mais detalhado.

Conclusão:

O desenho geométrico pode ajudar-nos, e muito, a conseguir um bom desempenho na hora de desenharmos uma história em quadrinhos. É fato que a maioria dos desenhistas experientes não trabalham com estas figuras a partir de sua construção com o uso de compasso, esquadro, etc. Porém, o conhecimento das formas geométricas e a sua relação com a comunicação é fundamental para o desenvolvimento do storyboard e da produção de quadrinhos de qualidade.

Bibliografia:

JORNAL O GLOBO, “Nhô- Quim e Zé Caipora Contra Yellow Kid”. Rio de Janeiro, 22 JUL. 2002. Segundo Caderno, p.8

MACKIE, Howard, “ Desgarrados”. HOMEM-ARANHA, São Paulo, ABR. 2002. Ano I,nº 4, p.77

MARVELCOMICS - http://www. marvelcomics.com OMELETE - http://www. omelete.com.br

PANINICOMICS - http://www. paninicomics.com.Br

PERROTA, M. P. Vicente, História da Arte: da catedral ao computador. 1º Ed. Rio de Janeiro, Princeps, 1974.

SHINRYUU - http://www. shinryuu.hpg.ig.com.br/manga/principal.html

Referências

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