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A MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL I NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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ISSN 2176-1396

A MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL I NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Isabela Mantoan1 - PUCPR Weliton Pivovar2 - PUCPR Maria Cristina Kogut3 - PUCPR Grupo de Trabalho: Educação, Arte e Movimento Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

A motivação dos alunos de Ensino Fundamental I nas aulas de Educação Física é quase unânime, porém identificar os conteúdos que são menos motivantes e buscar maneiras de trabalhá-los de forma mais cativante é um desafio no cotidiano escolar. Para identifica-los, foi realizada uma pesquisa qualitativa e descritiva, com alunos do Ensino Fundamental I de uma escola da Rede Municipal de Ensino de Curitiba e outra de Tijucas do Sul, região metropolitana da capital paranaense. Utilizando o questionário de Kobal (1996), buscou-se saber entre esses estudantes qual a motivação que sentem para participar das aulas de Educação Física na escola. Os resultados mostraram que os fatores intrínsecos que mais interferem na motivação dos alunos são o prazer que as aulas lhe proporcionam, o sucesso ao aprender uma nova habilidade, além da sensação de boa saúde. Entre os fatores extrínsecos, pode-se destacar a empatia com o professor, a grade curricular da escola, a necessidade de alcançar boas notas ao final do período e a falta de tempo para praticar tudo o que gostariam interferem na vontade de participar das aulas. Para discutir os resultados, foram usados livros sobre Psicologia do Esporte, Pedagogia e Educação Física, destacando Cratty (1984), Samulski (2002), Weinberg & Gould (2001) e Reeve (1995), além de publicações em revistas científicas como Paideia, Revista Educação Física e Revista Digital. A partir desses indicativos pode-se observar que os alunos sentem-se motivados para participar das aulas, levando-nos à conclusão que a motivação por atividades físicas já é inerente nessa faixa etária. Cabe, então, ao professor saber utilizar toda essa vontade dos alunos para lapidar e aperfeiçoar suas habilidades motoras.

Palavras-chave: Motivação. Educação Física Escolar. Ensino Fundamental.

1 Especialista em Educação Física Escolar pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professora de Educação Básica da Prefeitura Municipal de Curitiba. E-mail: isabela.pape@gmail.com.

2 Especialista em Educação Física Escolar pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professor de Educação Básica da Prefeitura Municipal de Tijucas do Sul. E-mail: weliton.pivovar@hotmail.com.

3 Mestre em Educação. Professora do curso de Licenciatura em Educação Física da PUCPR. Email:

cristina.k@pucpr.br.

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Introdução

O interesse e a participação dos alunos nas aulas de Educação Física têm preocupado os professores e a direção das escolas. Estudos realizados (SANTOS; DUQUE, 2010;

BOERA et al, 2011 e OLLE; TEIXEIRA, 2012) têm demonstrado que vários fatores levam os estudantes a participar ou não das atividades propostas na disciplina. Entre eles destacam-se o papel da família, dos contextos social e escolar, a importância da participação em atividades extraclasse e o medo de se expor são fatores que motivam ou desmotivam os alunos. Esses aspectos devem levar os professores a identificarem e compreenderem os estímulos que motivam a criança a aprender, pois a desmotivação interfere negativamente no ensino- aprendizagem.

A motivação pode ser definida, segundo Samulski (2002) como a totalidade daqueles fatores que determinam as formas de comportamento dirigido a um determinado objetivo.

Para Weinberg & Gould (2001), motivação pode ser definida simplesmente como a direção e a intensidade de nossos esforços.

Samulski (2002) aponta que ela pode ser caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Com isso, a motivação apresenta uma determinante energética (nível de ativação) e uma determinante de direção do comportamento (interações, interesses, motivos e metas).

Durante a prática esportiva dentro das aulas de Educação Física, pode-se ver que a motivação depende da interação entre a personalidade (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente como facilidades, tarefas atraentes, desafios, influências sociais e ação do professor.

Weinberg & Gould (2001) mostram que existe a motivação que se refere aos esforços de uma pessoa para dominar uma tarefa, atingir seus limites, superar obstáculos e desempenhar-se melhor do que os outros.

Considera-se neste trabalho dois tipos de motivação: extrínseca e intrínseca. A motivação extrínseca compreende fatores externos que levam os jovens à prática da atividade física, como, por exemplo, influência de colegas, dos pais e do professor. Já a motivação intrínseca inclui fatores internos, como o prazer, satisfação, força de vontade em realizar as aulas.

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A Educação Física escolar vem buscando meios e estratégias para atender as necessidades educacionais dos alunos e para isso torna-se importante o professor buscar alternativas inovadoras, que estimulem o aluno a identificar as suas capacidades e competências; a conhecer a sua cultura corporal, assumindo uma posição de reflexão sobre o que aprende e sobre o contexto social em que vive.

A partir desse contexto, o objetivo do estudo buscou identificar quais são os fatores intrínsecos e extrínsecos que motivam os estudantes do Ensino Fundamental I a participar das aulas de Educação Física na escola, assim como elencar, segundo os alunos, os conteúdos mais motivantes desse nível de ensino.

Referencial Teórico

Por motivação entendem-se os fatores e processos que levam as pessoas a uma ação ou à inércia (CRATTY, 1984). Estes fatores e processos são de extrema importância para o desenvolvimento das aulas de Educação Física, pois, se elas forem motivadoras, terão a tendência de conquistar o aluno, o qual não criará resistência à aprendizagem, porém, se ocorrer a situação oposta, o próprio aluno acabará por excluir-se do grupo (MARZINEK, 2004). Os fatores motivacionais não são imutáveis, podendo alterar-se com o tempo, com novas experiências vividas, com determinados acontecimentos, com o contexto sociocultural e outros fatores diversos.

As aulas de Educação Física na escola estão entre um dos poucos momentos que os alunos possuem para trabalhar seu corpo, as dificuldades de coordenação, agilidade, os aspectos afetivos e outros. É visível em muitos alunos a falta da prática de atividades físicas regulares (HANAUER, 2008), por isso, é preciso respeitar a faixa etária dos alunos e também estimular cada fase de desenvolvimento com atividades variadas (MARZINEK, 2004), tendo um planejamento bem fundamentado e uma prática bem fundamentada.

Zenorini et al. (2011) mostra que variáveis relacionadas a postura do professor interferem no nível de motivação do aluno. A autora destaca o ambiente de sala, as ações do professor, o aspecto emocional e o uso inadequado de estratégias de aprendizagem.

Não é incomum encontrar alunos que se recusam a participar das aulas de Educação Física. Quando isso acontece, o professor deve intervir no processo para que todos os alunos tenham a oportunidade de participar das aulas. Buscar novas alternativas e abordagens, atividades variadas, espaços diferentes e lançar desafios aos alunos é um trabalho diário do professor.

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Instigar no aluno a vontade de aprender novas habilidades é fundamental. A criança deve buscar durante as aulas de Educação Física na escola superar-se, fazendo a atividade de forma que não contenha erros, assim podendo mostrar para si e para os demais colegas de que é capaz, como nos aponta Marzinek (2004, p. 17).

O êxito que a criança busca nas aulas de Educação Física é conseguido quando ele realiza a atividade física com o máximo de eficiência e competência, muitas vezes mostrando para si mesmo e para seus colegas que é capaz de se superar diante dos problemas que surgem diariamente; mesmo com dificuldades como a de relacionamento com seus familiares ou de desempenho escolar, eles se sobressaem no esporte.

Segundo Franchin e Barreto (2006), “as aulas devem dar oportunidade a todos os alunos, e não somente aos mais habilidosos, possibilitando que ocorra uma maior motivação e interesse em participar das aulas”.

O ensino da Educação Física deve capacitar os alunos a tratar dos conteúdos esportivos nas mais diversas condições, dentro e fora da escola, e para que tenham condições de criar, no presente ou no futuro sozinhos ou em conjunto, situações esportivas de modo crítico, determinadas autonomamente ou em conjunto (MATTOS; NEIRA, 2000).

Franchin e Barreto (2006) apontam que as pessoas são altamente motivadas quando se sentem valorizadas e competentes para executar determinadas tarefas. Logo, é papel do professor fazer com que o educando sinta-se valorizado durante as aulas de Educação Física.

Motivar é provocar as fontes de energia dentro do educando para as atividades, segundo Oliveira (1978), sempre o incentivando mostrando-o que está dando o melhor de si e conseguindo superar os desafios propostos.

A Educação Física escolar tem o grande papel de educar, socializar e motivar, proporcionando uma vida saudável e melhorando a qualidade de vida dos alunos, como apontam Franchin e Barreto (2006). Cabe ao professor mostrar aos seus alunos tudo isso, tornando-os cidadãos mais conscientes com o ambiente e com o próprio corpo.

Procedimentos Metodológicos

O presente artigo caracteriza-se como estudo de caso, exploratório e quantitativo. Os participantes investigados nesta pesquisa foram cinquenta alunos do Ensino Fundamental I, sendo metade pertencente à Rede Municipal de Ensino de Curitiba e a outra metade de Tijucas do Sul. Participaram crianças de ambos os sexos, escolhidas por amostragem aleatória simples. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário constituído por uma série

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ordenada de perguntas, composto por questões fechadas elaboradas a partir do estudo de Kobal (1996). Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCPR, a pesquisa foi realizada no ambiente escolar, onde, com a aprovação da instituição foi agendado previamente o dia para a entrega dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, que foram devidamente assinados pelos responsáveis. Posteriormente, num segundo encontro, realizou-se a pesquisa através do preenchimento do questionário, pelo aluno participante. Os resultados foram organizados, lidos, tabelados e discutidos após a finalização da coleta de dados, por meio de análise de dados, apresentando os números das tabelas em números absolutos. O trabalho tem aprovação do CEP nº 852.463 de 28/10/2014.

Resultados e Discussão

Na primeira pergunta, os alunos foram questionados a respeito dos principais motivos que os levam a participar das aulas de Educação Física na escola.

Figura 1 – Participo das aulas de Educação Física porque...

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Fonte: os autores, 2015.

As alternativas da questão 1, em sua maioria, caracterizam fatores intrínsecos de motivação. A motivação intrínseca se dá quando o jovem realiza a atividade física por vontade própria na escola, surgindo em decorrência da própria aprendizagem. O material aprendido fornece o próprio reforço, e a tarefa é cumprida porque é agradável.

Para Puente (1982), a motivação intrínseca é um comportamento mediado por reforços sobre os quais o próprio indivíduo tem controle. No caso desse estudo, este agente externo será a escola, que buscará o seu encaminhamento para a aprendizagem, porém a criança, como todo indivíduo, possuirá sua própria motivação.

Com base nas respostas dos alunos entrevistados, pode-se perceber que não há variação considerável entre os dois municípios. Em Tijucas do Sul, apenas, houve variação na alternativa relacionada ao prazer que as aulas proporcionam aos estudantes. Importante destacar o fato de que nenhum aluno apontou que não gosta de aprender novas habilidades ou que não gosta de atividades físicas, mesmo havendo dois em cada cidade apontando que seu rendimento não é melhor do que de seus colegas.

A segunda pergunta do questionário indagava os alunos sobre os melhores momentos das aulas de Educação Física.

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Figura 2 – Eu gosto das aulas de Educação Física quando...

Fonte: os autores, 2015.

Kobal (1996) fala que de modo geral, os alunos gostam das aulas. Além disso, Lovisolo (1995) mostra em seu estudo que a disciplina de Educação Física é a de que os alunos mais gostam.

Com base na figura pode-se destacar que o ponto mais citado pelos educandos foi o fato de gostarem das aulas de Educação Física quando aprendem uma nova habilidade. A dedicação que dizem ter nas atividades e a vontade de querer praticar mais atividades físicas devido ao que aprenderam nas aulas na escola também foram citadas por 84% dos participantes da pesquisa.

Para Souza (2010), o processo ensino-aprendizagem requer um papel ativo por parte do aluno. É muito importante que o aluno desenvolva as próprias metas, planeje e monitore seus esforços para melhorar o desempenho. Desse modo, a motivação pode interferir na aprendizagem e no desempenho, assim como a aprendizagem pode interferir na motivação (MARTINELLI e GINARI, 2009).

Betti (1992) apud Marzinek (2004) afirma que, apesar da deficiência da Educação Física nas escolas, os alunos ainda conseguem sentir muito prazer em participar das aulas.

Nessa questão, as afirmativas são, em sua maioria, intrínsecas, sendo assim podemos observar, segundo a figura 2, o fato dos alunos serem intrinsicamente motivados. Reeve

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(1995) aponta que a motivação intrínseca é uma conduta realizada por interesse e prazer, baseada em uma série de necessidades psicológicas, dentre elas a autodeterminação, a efetividade e a curiosidade.

A terceira pergunta buscava dos alunos quais os momentos que eles menos gostavam nas aulas de Educação Física.

Figura 3 – Não gosto das aulas de Educação Física quando...

Fonte: os autores, 2015.

Dentre as três questões, a figura acima é a que mais apresenta variação nas respostas dos alunos. Muitos apontaram não gostar quando o professor compara seu rendimento com o de outros colegas, dando liberdade aos outros zombarem de suas falhas e querem demonstrar que são melhores que outros.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) citam que o receio ou a vergonha do aluno em correr riscos é um dos motivos para que ele se negue a participar de uma atividade.

Se deparar com suas potencialidades e limitações é parte do processo de aprendizagem da Educação Física e o aluno sempre corre um certo risco, pois o êxito pode gerar sentimentos de satisfação e competência, porém experiências de fracasso e frustração geram sensação de impotência e inviabilizam a participação do aluno e por consequência, a aprendizagem (BRASIL, 1997).

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A partir do momento que o professor compara o desempenho de um aluno com o de outro, ele passa a sentir-se ameaçado e bloqueado no seu desempenho e na sua participação.

Este tipo de experiência favorece o surgimento de comportamentos incongruentes, isto é, estabelecer-se-á uma falta de comunicação do estudante consigo mesmo, com o seu eu, e os conhecimentos que foram impostos causarão um desacordo interno favorável à frustração, à timidez e à angústia (BRITO, 1986 apud MARZINEK, 2004).

As perguntas 4 e 5 buscaram elencar os conteúdos mais motivantes e os menos motivantes, na opinião dos alunos participantes da pesquisa.

Figura 4 – Qual (is) conteúdo (s) você mais gosta nas aulas de Educação Física?

Fonte: os autores, 2015.

Figura 5 – Qual(is) conteúdo(s) você menos gosta nas aulas de Educação Física?

Fonte: os autores, 2015.

Analisando a figura acerca dos conteúdos preferidos pelos alunos, destaca-se em primeiro lugar os Jogos, tendo a preferência dos estudantes dos dois municípios nos quais a pesquisa foi realizada.

Huizinga (1990) define jogo como sendo uma atividade voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas,

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mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. Os jogos têm função de permitir ao indivíduo realizar o seu eu, ostentar sua personalidade, seguir momentaneamente a trilha de seu maior interesse. Ou seja, o jogo, além de ser relacionado à diversão, permite que todos participem, sem grandes preocupações com regras ou desempenho motor.

Marcellino (1989) menciona que o conteúdo das atividades de lazer pode ser altamente educativo, também a forma como tais atividades são desenvolvidas abre possibilidades pedagógicas muito grandes, uma vez que o componente lúdico, com seu faz-de-conta que permeia o lazer, pode se constituir numa espécie de denúncia da realidade, à medida que contribui para mostrar, em forma de sentimento, a contradição entre obrigação e prazer.

O segundo colocado na preferência dos alunos de Tijucas do Sul foi o conteúdo Esportes. Acredita-se que o desporto é um rico conteúdo das aulas de Educação Física.

Entretanto, não pode-se deixar de lado a preocupação com a integração dos alunos que estão envolvidos nessa prática. Em Curitiba, esse conteúdo foi citado pelos alunos como o que menos gostam. As aulas de Educação Física não podem se restringir somente ao esporte, visto que existem muitos alunos com dificuldades técnicas e que necessitam de atendimento e compreensão para a realização das aulas com entusiasmo e motivação. Cabe ao professor ser o principal agente no processo de ensino.

Em Curitiba, além do conteúdo Jogos, os alunos elegeram como os conteúdos que mais gostam as Ginásticas, a Dança e as Lutas. Muitos professores sentem-se inseguros em ministrar aulas destes conteúdos, porém seus excelentes fatores pedagógicos e motivantes se dão ao desafio que existem em suas entrelinhas. Pode-se associar a eles, ainda, o fato de, infelizmente, não serem conteúdos comumente abordados nas aulas de Educação Física na escola, o que desperta mais a curiosidade e o interesse por parte dos discentes.

Comparando as Motivações Intrínseca e Extrínseca entre Alunos de Curitiba e Tijucas do Sul

A tabela 1 aponta os itens relacionados à motivação intrínseca nas aulas de Educação Física. Os números apontam os alunos que concordaram muito com as afirmações.

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Tabela 1 – Motivos Intrínsecos

Fonte: os autores, 2015.

Tabela 2 – Motivos Extrínsecos

Fonte: os autores, 2015.

Analisando as tabelas 1 e 2, pode-se verificar que o perfil dos alunos das duas cidades é bastante parecido. A maioria dos dados não apresenta variações consideráveis. O nível de motivação intrínseca e extrínseca dos educandos antes, durante e depois da Educação Física é consideravelmente bom, fazendo-nos acreditar que os mesmos gostam de participar das aulas.

Freire (1997) afirma que o que se aprende com prazer fica melhor aprendido, dando à disciplina o poder de proporcionar uma aprendizagem com alegria. Esse prazer pela atividade física deixa os alunos eufóricos e que quando chegam às aulas motivados tem mais envolvimento e facilidade para realizar as atividades propostas pelo professor.

Questão 1

Motivos intrínsecos Curitiba Tijucas do Sul

Gosto de atividades físicas. 14 14

As aulas me dão prazer. 20 4

Gosto de aprender novas habilidades. 13 11

Acho importante aumentar meu conhecimento sobre esporte e outros conteúdos.

13 12

Sinto-me saudável com as aulas. 19 16

Questão 2 Aprendo uma nova habilidade. 23 19

Dedico-me ao máximo à atividade. 15 15

Compreendo os benefícios das atividades propostas em aula.

11 10

As atividades me dão prazer. 12 12

O que aprendo me fazia querer praticar atividades físicas. 12 12 Questão 3 Não consigo realizar bem as atividades. 8 5

Não sinto prazer nas atividades propostas.

Quase não tenho oportunidade de jogar.

7 3

7

Exercito pouco o meu corpo. 10 8

Não há tempo para praticar tudo o que gostaria. 8 5

Questão 1

Motivos extrínsecos Curitiba Tijucas do Sul

Faz parte do currículo da escola. 18 16

Estou com meus amigos. 23 15

Meu rendimento é melhor que dos meus colegas. 14 14

Preciso tirar notas boas. 17 19

Questão 2 Esqueço-me das outras aulas. 6 5

O professor e/ou meus colegas reconhecem minha atuação.

8 8

Minhas opiniões são aceitas. 6 5

Saio-me melhor do que meus colegas. 4 4

Questão 3 Não me sinto integrado ao grupo. 8 5

Não simpatizo com o professor. 9 6

O professor compara meu rendimento com o de outros. 12 7

Meus colegas zombam de minhas falhas. 11 7

Alguns colegas querem demonstrar que são melhores do que outros.

13 8

Tiro nota ou conceito baixo. 7 3

Minhas falhas fazem com que eu não pareça bom para o professor.

7 4

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Witter (1984) destaca que, na prática, estes dois tipos de motivação estão presentes, embora seja importante lembrar que, mesmo empregando-se recursos extrínsecos, espera-se obter motivação intrínseca, pois a aprendizagem baseada apenas em motivação extrínseca tende a deteriorar-se, tão logo seja satisfeita a necessidade ou o alvo extrínseco.

O motivo intrínseco que obteve variação significativa foi “as aulas me dão prazer”, com diferença de 16 pontos. Uma justificativa pode ser a interpretação que alguns estudantes deram a essa afirmação, achando que não participam das aulas de Educação Física apenas porque lhes dão prazer, mas também por outros motivos, como o interesse em aprender novas habilidades.

O motivo extrínseco que mais variou foi a afirmativa “estou com meus amigos”, podendo usar a justificativa anterior. Os alunos não participam da aula apenas porque estão com os amigos, mas porque precisam tirar boas notas ou porque faz parte do currículo da escola.

Considerações Finais

A partir dos resultados da pesquisa, pode-se concluir que os participantes gostam e sentem-se motivados para participar das aulas de Educação Física na escola.

É necessário que o professor fundamente seu planejamento. É evidente a necessidade de motivar sempre todos os alunos: os menos habilidosos devem querer desenvolver cada vez mais suas habilidades motoras, assim como os mais talentosos devem ter vontade de aprimorar ainda mais o que já sabem. Fazer com que todos os alunos participem efetivamente é um grande passo, pois a participação é a base para que novas práticas educacionais sejam concretizadas.

Os aspectos negativos em relação ao professor não foram citados pelos alunos. Apesar do pouco tempo para praticar as atividades, dos conteúdos muitas vezes repetitivos, da falta de espaço e materiais, os alunos ainda gostam de Educação Física. Esses aspectos são coerentes com a indicação de Betti (1992, p.166) que problematiza acerca do poder que o movimento humano consegue exercer sobre as pessoas. Apesar da falta de comunicação entre professor e aluno, das desavenças com os colegas, do conteúdo que não muda, das condições das quadras e dos materiais, os alunos, em sua maioria, continuam sentindo motivação em fazer as aulas.

Entre os fatores intrínsecos que mais interferem na motivação dos alunos destacam-se o prazer que as aulas lhe proporcionam além da sensação de boa saúde. Entre os fatores

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extrínsecos, pode-se destacar a empatia com o professor e a falta de tempo para praticar tudo o que gostariam.

Dentre os cinco eixos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (ano), os jogos foram elencados como o conteúdo preferido pelos alunos participantes desta pesquisa.

A ludicidade, característica própria dos jogos, está presente cotidianamente na infância, então jogar está associado a brincar, e isso na escola torna o aprendizado significativo e prazeroso.

Conclui-se então que a motivação dos alunos nessa faixa etária não precisa ser o topo da lista de prioridades do professor, pois a motivação deles por atividades físicas é inerente.

Faz parte da criança o gosto por correr, pular, brincar e aprender novas habilidades. Cabe ao professor saber utilizar toda essa vontade dos alunos para lapidar e aperfeiçoar suas habilidades. Porém, não se pode descartar a necessidade de levar aos alunos aulas e atividades cativantes, para que o gosto pela Educação Física só aumente.

REFERÊNCIAS

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Dissertação (Mestrado em Educação Física). UNICAMP, Campinas, 1992.

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Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Educação Física – Campinas, 1996.

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Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Centro de Ciências da Educação e Humanidades, Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF, 2004.

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Referências

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