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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ARTIGO CIENTÍFICO. Políticas Públicas Municipais Voltadas ao Combate do Êxodo Rural no Município de Itaocara

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

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Políticas Públicas Municipais Voltadas ao Combate do Êxodo Rural no Município de Itaocara

Walker de Azevedo Araújo – walkeraraujo@yahoo.com.br – UFF/ICHS Walter de Azevedo Araújo – azevedo.araujo@yahoo.com.br – UFF/ICHS

Resumo

Diante da importância da agricultura familiar para o município de Itaocara, buscou-se analisar a permanência dos jovens no setor e quais fatores contribuem para isso. Neste sentido, este estudo tem como objetivo identificar quais as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas pela gestão municipal para evitar o êxodo rural e a sucessão rural. Utilizou-se metodologia com abordagem qualitativa, em que foram realizadas 15 entrevistas em profundidade, de roteiro semiestruturado. A análise dos dados ocorreu a partir da análise de conteúdo e os principais resultados indicam que os jovens agricultores não estão preparados para assumirem a gestão das propriedades rurais e que existe uma necessidade urgente do desenvolvimento de políticas públicas municipais voltadas para a agricultura familiar.

Palavras-chave:Agricultura familiar; Êxodo Rural; Políticas Públicas.

1 Introdução

Em um mercado altamente competitivo e globalizado, desenvolver estratégias organizacionais que busquem descobrir quais oportunidades e ameaças é um desafio para a Administação Pública quando se fala em elaboração de políticas públicas. O setor agrícola tem ocupado um espaço na economia de forma efetiva, principalmente em municípios essencialmente agrícolas, como o caso de Itaocara, cidade do interior do Rio de Janeiro.

A agricultura familiar é responsável por 84,4% dos estabelecimentos rurais do país e os estabelecimentos que possuem menos de 1000 hectares representam 40% da área total ocupada no Brasil (IBGE, 2009). Neste cenário observamos que a realidade do município de Itaocara também condiz com esse dado, onde a maioria das propriedades são de agricultores familiares com diversidade de produção.

Como outros setores da economia, a agricultura familiar vem sofrendo mudanças, desde a sua estrutura, produção, exigência do mercado, etc. Com o êxodo rural, observa-se como maior desafio a continuidade das produções agrícolas em pequenas propriedades através da sucessão familiar e como as políticas públicas agem em relação a este processo.

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2 Diante desse contexto, a problemática da pesquisa envolve o questionamento acerca de quais políticas públicas vem sendo desenvolvidas pelo município de Itaocara para incentivar a permanência dos jovens na agricultura familiar, visando compreender os aspectos que determinam a permanência no campo, ou o que levaria a abandoná-lo, e o quê de fato os motivaria a escolher viver no meio urbano.

Em resposta a problemática, o objetivo geral do trabalho é identificar quais as principais políticas públicas que a gestão municipal vem desenvolvendo para incentivar os herdeiros a assumirem a gestão das pequenas propriedades familiares, evitando o êxodo rural.

Como objetivos específicos procura-se identificar quais as expectativas dos jovens quanto a sucessão familiar das pequenas propriedades familiares no município de Itaocara e quais as razões da migração do campo para cidade.

Para alcançar esses objetivos foi realizada uma análise bibliográfica em artigos científicos que tratam sobre o tema para fundamentar a revisão da literatura.

Esse artigo está estruturado em seis capítulos. O primeiro capítulo é a introdução que procura posicionar o leitor sobre a importância do tema e os objetivos que se pretende alcançar. O segundo capítulo procurou fazer uma revisão da literatura que trata sobre o tema agricultura familiar, buscando-se uma reflexão sobre o conceito, o que representa e seu enquadramento. O terceiro capítulo buscou apresentar o conceito de êxodo rural, os motivos e as consequências. O capítulo quarto apresenta o conceito e as principais políticas públicas voltadas à agricultura familiar. No capítulo cinco são apresentadas as considerações finais e no capítulo seis as referências bibliográficas.

2 Referencial Teórico

Com o objetivo de melhor descrever as características da agricultura familiar e os motivos e consequências do êxodo rural e o que está sendo desenvolvido de políticas públicas municipais, são apresentados nesta seção os referenciais inerentes à agricultura familiar, êxodo rural e políticas públicas voltadas à agricultura familiar.

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3 2.1 Agricultura Familiar

A agricultura familiar é definida como “uma forma de produção onde predomina a interação entre gestão e trabalho; são os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando ênfase na diversificação e utilizando o trabalho familiar” (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2014).

A agricultura familiar é uma atividade onde os proprietários exercem o ato laboral com base na “propriedade familiar”. A Lei n° 4.504 de 30 de novembro de1964, também conhecida como Estatuto da Terra, define a propriedade familiar:

[…] imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a forca de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros. (BRASIL, 1964).

Compreende-se que a prática da agricultura familiar representa um método de produção onde interagem gestão e trabalho, por meio de processos produtivos administrados pelos próprios agricultores. Nesta atividade predomina a utilização do trabalho familiar que concentra somente o núcleo (pai, mãe, filho e, eventualmente, avós e tios) no suporte da terra.

A prática da agricultura familiar ocupa um lugar significativo no espaço rural brasileiro. No entanto, faz-se necessário que os produtores rurais se enquadrem nos critérios estabelecidos para a categoria de Agricultor Familiar (SEBRAE, 2013, p.5).

À luz da Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, considera-se agricultor familiar aquele que exerça atividades no meio rural e que: não detenha mais que quatro módulos fiscais;

utilize predominantemente mão de obra familiar nas atividades; tenham percentual mínimo de renda exigido originado do estabelecimento rural; dirija seu empreendimento ou estabelecimento com a família. Esta lei serve de parâmetro para o sistema de enquadramento dos beneficiários nos programas de auxílio à agricultura familiar (BRASIL, 2006).

Conforme Brumer et. al.(2000), a agricultura familiar é a agricultura produzida pela própria família, ao passo que o agricultor é proprietário dos meios de produção e produtor de atividade. Essa característica familiar não é um mero detalhe. O fato de uma estrutura produtiva associar família, produção, trabalho, fundamenta a forma como ela se relaciona com a economia e com a sociedade.

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4 Para Bianchini (2005), o mais importante estudo sobre a agricultura familiar e sua contribuição ao desenvolvimento rural foi realizado no âmbito de um projeto de cooperação entre o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. O estudo FAO/INCRA iniciou-se em 1994 sendo complementado em 2000. Segundo este estudo, existe no Brasil 4.859.864 estabelecimentos rurais, destes, 4.139.369 estabelecimentos gerenciados por agricultores familiares (85% do total). O total do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) apurado no período foi de R$

47,8 bilhões, sendo que, deste valor, a agricultura familiar foi responsável por R$ 18,1 bilhões (38% do total). O estudo levantou ainda que os agricultores patronais gerenciam 554.501 estabelecimentos rurais (11%), e que os demais estabelecimentos rurais, 165.994 (3%), são de propriedade de entidades públicas e instituições pias/religiosas.

A agricultura familiar é a forma predominante de produção de alimentos no mundo, sendo que nove em cada dez das 570 milhões de propriedades agrícolas no mundo são geridas por famílias. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA – FAO, 2014). Este dado apresenta a importância deste setor para a economia e o desenvolvimento social do Brasil.

2.2 Êxodo Rural

De acordo com Damiani (2006), o êxodo rural pode ser entendido como uma migração espontânea (aparentemente espontânea), consequência de motivações políticas e econômicas conjunturais ou causas econômicas estruturais, não elucidando as condições históricas do processo de expropriação.

Para Evangelista e Carvalho (2001), o processo migratório é um movimento populacional que se dirige de uma região para outra e modifica o tamanho e a composição das populações de distribuição por sexo, idade e força de trabalho, e com isso, a migração é uma das variáveis mais importantes da dinâmica populacional, junto com a natalidade e a mortalidade. A migração é um processo seletivo que afeta indivíduos possuidores de determinadas características econômicas, sociais, educacionais e demográficas (TODARO, 1999).

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5 De acordo com Vesentini (1994), a intensa urbanização que vem ocorrendo no Brasil tem sido acompanhada por um processo de metropolização, isto é, a concentração demográfica nas principais áreas metropolitanas do país. Esse fenômeno se iniciou a partir do momento em que a indústria passou a representar o setor mais importante da economia nacional. Entre suas características, aparecem aspectos da passagem de uma economia agrário-exportadora para uma economia urbano-industrial, fato esse que só ocorreu no século XX e que se tornou mais pronunciado a partir da década de 1950.

Abramovay (1999) salienta que o êxodo rural brasileiro permanece muito significativo, em especial com a juventude rural, já a contrapartida é a precariedade com que os núcleos urbanos absorvem seus migrantes rurais: aqueles que mais saem do campo, sobretudo os jovens, são exatamente os que maiores dificuldades vêm encontrando em sua integração aos mercados urbanos de trabalho.

A questão do êxodo tem ganhado, aos poucos, a devida importância.

ACEPAL/FAO/IICA (2009) observa que a migração da população rural para as cidades, especialmente dos jovens, somado a diminuição das taxas de natalidade no meio rural, tem gerado entraves ao desenvolvimento econômico rural dos países da América Latina e Caribe.

No Brasil, as estatísticas do meio rural, elaboradas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e publicadas pelo MDA (2008), indicam que entre os anos 1950 e 2006 a população rural sofreu um decréscimo de mais de 47%, sendo que mais da metade desse percentual pode ser observada entre 1980 e 2000.

Merece destaque a falta de interesse dos jovens de origem rural pela vida “no campo”.

A desvalorização da vida no campo denota o interesse maior em permanecer na cidade para esses jovens de famílias rurais. A cidade e a promessa de futuro melhor, onde se encontram as oportunidades de trabalho e diversão.

De acordo com Siqueira (2012, p.8), a migração do homem do meio rural para a cidade parece vir de várias causas, como por exemplo: a seca que castiga algumas regiões do país, a falta de incentivo agrícola, os baixos preços de produtos, a precariedade das condições de vida em boa parte das áreas rurais brasileiras.

Para Abramovay (1998), as fronteiras entre o rural e o urbano estão muito diluídas e vários fatores diminuíram a distância entre essas realidades. Martins (2007) enaltece que

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6 nesse processo os jovens não estão excluídos, tão pouco incluídos, vivem uma realidade paralela, onde a ilusão do ideal urbano reside.

2.3 Políticas Públicas voltadas à Agricultura Familiar

Para Pitaguari e Lima (2005), políticas públicas que compreendem gastos públicos capazes de diminuir os custos de produção e viabilizar o setor produtivo melhoram as condições estruturais de crescimento e desenvolvimento da economia local. Nesse sentido, as políticas públicas voltadas à promoção da agricultura familiar seriam capazes de diminuir grandes dificuldades históricas para o desenvolvimento do setor.

As principais dificuldades para o desenvolvimento da produção agrícola familiar no Brasil são: baixa capitalização, acesso a linhas de crédito oficiais, acesso à tecnologia, disparidade produtiva inter-regional, acesso à assistência técnica à produção rural, e acesso aos mercados modernos. Características como: multisetoriedade rural; diversidade produtiva (através de sistemas integrados de produção animal, vegetal, e manejo florestal); e tipo de mão-de-obra utilizada na produção; são comuns a um grande universo de pequenos agricultores familiares (BIANCHINI, 2005).

A partir das características acima, refletiu-se sobre a base de um projeto nacional de desenvolvimento para este segmento rural brasileiro, através da implementação de uma política pública que atenda as especificidades da agricultura familiar no Brasil, na qual contextualiza a situação da agricultura familiar no Brasil e analisa as políticas públicas diretamente relacionadas a ela, que se centram basicamente no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

2.3.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)

Segundo Denardi (2001), a política pública em destaque atualmente no país referente à agricultura familiar é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O Pronaf foi em parte motivado politicamente pelos movimentos sociais e dos sindicatos dos trabalhadores rurais.

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7 O programa iniciou em 1995/96, com o fornecimento de financiamento para infraestrutura rural, para custeio, formação de técnicos para agricultores, entre outros (STEDILE, 2002).

O Pronaf tem como objetivo o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelo produtor familiar, de forma a integrá-lo à cadeia de agronegócios, proporcionando-lhes aumento de renda e agregando valor ao produto e à propriedade, mediante a modernização do sistema produtivo, valorização do produtor rural e a profissionalização dos produtores familiares. As famílias interessadas devem procurar o sindicato rural ou a empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), como a Emater, para obtenção da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que será emitida segundo a renda anual e as atividades exploradas, direcionando o agricultor para as linhas específicas de crédito a que tem direito (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2008).

Neste sentido, a criação do Pronaf teve por função a valorização e incentivo para as pequenas propriedades produtoras. Na década de 90, ocorreu uma significativa redução do crescimento do emprego rural de característica extremamente agrícola, em contraposição do aumento do emprego rural não agrícola (STOFFEL,2010).

2.3.2 Programa de aquisição de alimentos (PAA)

O Programa de Aquisição de Alimentos – PAA é um instrumento de política pública instituída pelo artigo 19 da Lei nº. 10.696/03. O Programa adquire alimentos, com isenção de licitação, por preços de referência que não podem ser superiores nem inferiores aos praticados nos mercados regionais, de agricultores familiares que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf (MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2014).

Os projetos do PAA têm a participação dos agricultores e/ou suas organizações (associações, cooperativas, sindicatos etc), e contam com a participação das prefeituras e de governos estaduais, que além de beneficiar os agricultores familiares que encontram dificuldades de escoamento de sua produção, passa a garantir sua inserção no comércio local, uma vez que eleva o poder aquisitivo dessa parcela da população rural. Denota-se ainda o

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8 aquecimento da economia dos municípios que implementam o programa (GUERRA et al., 2007).

3 Procedimentos Metodológicos

O estudo foi classificado como pesquisa aplicada, em que o objetivo é gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigida a solução de problemas específicos.

Quanto ao objetivo como exploratório descritivo, já que o mesmo possui o intuito de identificar quais as expectativas dos jovens quanto a sucessão familiar das pequenas propriedades familiares no município de Itaocara e quais as principais políticas públicas municipais desenvolvidas.

Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007).

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas em profundidade com um roteiro semiestruturado, desenvolvido com base na fundamentação teórica e também nas categorias deste estudo. Foram entrevistados quinze jovens agricultores do município de Itaocara, com idades entre 18 e 29 anos, que desempenham atividades agrícolas nas propriedades onde a agricultura familiar é exercida. As entrevistas duraram em média 30 minutos. Também foi entrevistado o Secretário Municipal de Agricultura representando o Poder Público municipal.

A classificação quanto a abordagem é qualitativa, em que não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria.

Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa (GOLDENBERG, 1997, p. 34).

A pesquisa teve por base, segundo Zanella(2009), a linha bibliográfica. Sua principal

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9 vantagem foi a adoção de uma ampla cobertura dos instrumentos coletados, como análise de livros, artigos, sites e revistas especializadas.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).

4 Desenvolvimento – Apresentação e discussão dos resultados

4.1 Perspectivas da Agricultura Percebida Pelos Jovens

Baseando na importância da agricultura familiar para o município de Itaocara, buscou- se entender como os jovens a percebem. Para os entrevistados, o termo agricultura familiar representa pequenas propriedades rurais com predominância da mão de obra familiar. Quanto à percepção que tem da importância da agricultura familiar para a economia do município, foram unanimes em defender que o município é essencialmente agrícola, citaram que no momento o setor passa por dificuldade pela escassez hídrica que vem ocorrendo nos últimos anos, pela queda do preço do leite e aumento do preço dos insumos agrícolas, mas que o município apresenta uma diversificação de produção.

Quanto aos principais desafios para a agricultura familiar, a maioria citou a comercialização dos produtos, mesmo com o CEASA - Ponto de Pergunta localizado no município e com a CAPIL – Cooperativa Agropecuária de Itaocara, questionando que o lucro acaba ficando na mão dos “atravessadores”. Também foi relatada a falta de mão de obra no meio rural e preço elevado cobrado pela prestação do serviço. Outra dificuldade relatada foi a busca de melhores condições de vida em que se almeja emprego com melhor renda e mais comodidade no meio urbano.

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10 Gráfico 1 – Transição demográfica dos espaços rurais para os urbanos no período de 1950 a 2010

Fonte: Alves e Cavenaghi (2010,p.6). Adaptado do Censo demográfico do IBGE (2010)

Ao analisarmos o gráfico 1, observamos que a realidade do município condiz com os dados do Brasil, na qual constatou-se que 40% dos entrevistados afirmaram que pretendem permanecer na atividade, 60% revelaram que pretendem buscar emprego no meio urbano, mas que no momento, pela crise que assola o país, não tem perspectiva no curto prazo e também pela falta de oportunidade na região.

Abramovay (1999) enfatiza que a saída do meio rural não significa o acesso às condições mínimas próprias da vida urbana. As modificações tecnológicas na cidade e na área rural expulsaram o trabalhador do campo, mas também não possibilitaram sua inserção nas metrópoles até os dias atuais, dada a dificuldade para aqueles que têm pouca escolaridade e quase nenhuma qualificação profissional.

Quanto ao futuro da agricultura familiar, a maioria acredita que tenha boas perspectiva, principalmente pela falta de alimentos no mundo e pela diversificação de produção municipal, por ter um centro de comercialização no município e da CAPIL para escoamento da produção do leite.

Para o entrevistado de número 10, o município não desenvolve políticas públicas que incentivem a permanência do jovem na agricultura familiar. Sugeriu ainda, uma ação que pode resultar em um programa contínuo a ser implementado pelo poder público municipal: a criação de uma feira na sede do município para que os mesmos possam vender seus produtos

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11 direto para o cliente final, sem passar pela mão dos “atravessadores”; a prefeitura seria responsável pela estrutura física da feira e pela logística de transporte, reduzindo o custo para o produtor.

4.2 Êxodo Rural e Sucessão Familiar Rural

As entrevistas revelaram que a maior parte dos jovens não está sendo preparada para assumirem a propriedade. E também mostraram que as decisões são tomadas pelos pais, sem a participação dos filhos, ficando evidente que não há um planejamento estruturado para a sucessão da propriedade da família.

O entrevistado número 2, tem boas expectativas para o futuro da agricultura familiar no município, mas acredita ser necessário a elaboração de treinamentos de qualificação e atualização dos jovens agricultores quanto as novas práticas de produção e comercialização, para maior produtividade com sustentabilidade e, consequentemente, maiores lucros.

Oliveira, Albuquerque e Pereira (2012) trazem a percepção que o processo sucessório só ocorre com a morte de um dos dirigentes. Na agricultura familiar isto se torna quase que uma regra, pois o filho realmente assume a propriedade, posse e poder, após o falecimento ou incapacidade dos pais.

Corroborando com Abramovay (1999), na visão dos jovens, sucessão rural representa também a continuidade da cultura, das tradições e das próprias comunidades que cercam as cidades, além da passagem e continuidade da propriedade. Sua importância reside não apenas na produção de alimentos dos postos de trabalhos no interior, mas para a reprodução social das comunidades.

4.3 Políticas Públicas voltadas à Agricultura Familiar

Diante da importância do setor para o município, observou-se que infelizmente não existe e nem foram desenvolvidas nas últimas gestões municipais políticas públicas voltadas para o setor.

Em entrevista, o Secretário Municipal de Agricultura destacou que, muito embora o município não tenha uma política pública própria voltada para a agricultura familiar, apoia e promove programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), em

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12 percentual superior ao previsto em Lei, ou seja, o município destina 35% do valor repassado para merenda escolar à compra direta do agricultor familiar, quando a legislação exige um mínimo de 30%. Citou também outro programa apoiado pelo governo municipal: PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Quanto à prefeitura, desenvolve ações pontuais tais como limpeza de açudes, transporte de cana de outros municípios no período de estiagem, melhorias das estradas, caminhão pipa para abastecimento das propriedades rurais.

Além do apoio direto da Secretaria Municipal de Agricultura a programas do governo Federal, como os exemplos citados no paragrafo anterior, o município é promotor de politicas públicas de agricultura familiar por intermédio de uma importante parceria firmada com a Emater–Rio– Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro.

O convênio municipal firmado com o Escritório Local da Emater–Rio prevê a cessão de espaço físico para instalação das atividades administrativas e de atendimento ao produtor local. Nesse espaço são recebidos os produtores, elaborados projetos, efetivadas consultorias e demais atividades do órgão. O convênio também prevê o abastecimento dos veículos para visitas in loco aos produtores, permitindo uma atuação mais próxima, de maior qualidade e resultados.

Os dois programas mais desenvolvidos no município por intermédio dessa parceria são: Programa Rio Rural, do Governo do Estado do RJ, e Pronaf.

5 Conclusão

Em relação à percepção dos jovens sobre a agricultura familiar, tem-se a comprovação que reconhecem sua importância. Contudo, não se envolvem na gestão da propriedade, vislumbrando um cenário positivo para médio e longo prazo. No que diz respeito à sucessão rural, ficou evidente que esta é uma questão que merece mais atenção, pois não é realizada de forma planejada. Inclusive, a maioria dos pais não incentiva a permanência do jovem no campo, não o envolvendo na gestão da propriedade, contribuindo para o seu êxodo.

No que tange aos fatores de permanência, o presente estudo identificou que os jovens não são motivados a permanecer na atividade, principalmente pela vivência com as dificuldades enfrentadas pelos pais.

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13 O homem do campo de Itaocara tem recebido incentivo dentro de suas propriedades, mas insuficientes para atender a demanda. Mesmo com todo esforço evidenciado pela parceria do Governo Municipal em apoiar e desenvolver as políticas públicas dos programas estaduais e federais, os recursos não são suficientes.

Conclui-se pela necessidade urgente do desenvolvimento de políticas públicas municipais que propiciem oportunidades como: chance do produtor rural comercializar diretamente seu produto, com melhor preço mínimo de oferta; industrialização/transformação para agregação de valor final ao produto, gerando emprego e renda, e talvez seja essa uma das maiores investidas para retenção do jovem no campo. Políticas como estas trariam resultados a médio e longo prazo, e transformariam a situação do êxodo presente.

A pesquisa apresentou como limitação a falta de referencial teórico específico sobre os fatores de permanência dos jovens no campo e a sucessão das pequenas propriedades rurais, o que impossibilitou a comparação, cruzamento de dados com outros locais e situações.

Para futuras pesquisas, sugerimos esmiuçar as limitações encontradas, desenvolvendo estudos que consigam retratar os fatores da não permanência dos jovens no campo e seu desinteresse pela sucessão das pequenas propriedades. Outro objeto importante a ser pesquisado é o percentual que a renda do setor rural representa para a economia do município de Itaocara.

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(16)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTIGO CIENTÍFICO

16

Apêndice

QUESTIONÁRIO APLICADO PARA OS JOVENS AGRICULTORES

1 - Identificação Nome (opcional):

Sexo ( ) M ou ( ) F Idade:

Estado Civil:

Filhos: ( ) S ou ( )N

Quantas pessoas residem com você?

2. Para você, o que significa agricultura familiar?

3. Qual importância da agricultura para a economia do Município?

4. Quais as atividades desenvolvidas na sua propriedade? Que outras fontes de renda possui fora da propriedade?

5. Você participa das decisões sobre as atividades desenvolvidas na propriedade? Como?

6. Você pretende permanecer trabalhando no meio rural? Ou pretende ir morar e trabalhar no meio urbano? Por quê?

7. Quantos hectares de terra sua família possui?

8. Que fatores em sua opinião têm contribuído ou não para a permanência dos jovens no meio rural?

9. Qual a importância da agricultura para a economia do município?

10. Quais as políticas públicas municipais você identifica que são desenvolvidas para incentivar a permanência do agricultor no meio rural?11. Quais ações que poderiam resultar em políticas públicas, você gostaria de sugerir ao Governo Municipal para desenvolver em Itaocara, visando incentivar a permanência dos jovens na agricultura?

12. Quais os principais desafios da agricultura familiar hoje?

13. Qual a sua expectativa quanto a agricultura familiar no futuro?

Referências

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