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IO DO RIO GRANDE

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CDU 981.652 (Rio Grande) : 801. 311 = 98

MLKJIHGFEDCBA

T O P O N I M I A I N D l G E N A D O M U N l c f P I O D O R I O G R A N D E

GONÇALO RODRIGUES JrJNIOR'x, CARMEN HELENA BRAZ MIRCO·H.

R E S U M O

Toponímia Indígena do Município do Rio Grande, trata dos acidentes geográficos com nomes indígenas existentes no município. Além do seu significado e origem. eles são enfocados dentro do contexto histórico

que antecede a fundação do município até o final do século XVIII.

JIHGFEDCBA

" D e s c o n f i e m o s d a q u e l e s q u e

GFEDCBA

I I O S r e d i g e m

n a r r a t i v a s b e m o r d e n a d a s d o s t e m p o s r e m o t o s .

E s t e s p e c a m p e l o g o s t o d e t e s t á v e l d e q u e r e r

p o r f o r ç a , t o r n a r c l a r o o q u e é c o n f u s o . A

h i s t ó r i a d o s h o m e n s e d o s p a i s e s a n t i g o s p a r e c e

u m a r o u p a c h e i a d e f u r o s e c a d a o r i f i c i o

r e p r e s e n t a a s c o i s a s q u e i g n o r a m o s . D e q u e

s e r v e , a f i n a l o s t e n t a r u m s a b e r q u e d á a i m p r e s s ã o

d e q u e on a r r a d o r c o n h e c e t u d o , a o p a s s o q u e o

l e i t o r p o u c o s a b e ? "

I b n K h a l d u n

I N T R O D U Ç Ã O

Este trabalho sobre toponímia indígena trata dos nomes dos acidentes

geográficos existentes no município do Rio Grande com procedência indígena.

Além do significado e da procedência destes nomes eles são relacionados com a

história do município, no período que vai de sua fundação até o final do século

XVIII.

Por tratar a toponímia do nome de acidentes geográficos e devido ao

enfoque que os relaciona com a história é necessário fazer uma introdução tanto

sobre a geografia do município como sobre sua história.

*

Formando do curso de História, cre denciad o pelo SPHAN como arqueólogo.

*-l(. Prof." titular do Dcp,de Bibliotcconomia e História. Responsável pelas disciplinas de

His-tória cio Rio Grande do Sul I c11. Membro do Centro de Estudos Históricos da Biblioteca Rio-grandcnsc e da Academia Rio-Grandina de Letras.

(2)

Não se poderia falar em topônimos indígenas sem apresentar o homem

que os denominou, pois sem ele estes nomes não existiriam.

GFEDCBA

I

As fontes primárias são de difícil acesso, por isso muitas vezes foi necessário recorrer a trabalhos de outros autores sobre o assunto.

O objetivo do trabalho é resgatar para a atualidade o significado, a

proce-dência e a história dos nomes indígenas que convivem no nosso dia-a-dia. Muitos

são os trabalhos sobre toponímia, mas nenhum específico sobre Rio Grande, só este fato talvez já justifique a sua realização.

o

MUNICÍPIO DO RIO GRANDE

Aspectos Geográficos

O município do Rio Grande está localizado numa restinga na planície

costeira do Rio Grande do Sul.

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Ébanhado pelas águas do canal que liga a Lagoa dos Patos ao oceano Atlântico, que é o seu limite sudeste. Encontra-se geograficamente

situado entre os paralelos 310 47' 02" LaL Sul e 320 39' 45" Lat. Sul e, entre os meridianos 52003' 50" Long. Oeste e 52041' 50" Long. Oeste de Gw. (Vieira, 1983)

O município do Rio Grande possui uma área de 2680 Km2 ,na qual

encon-tramos as lagoas do Caiubá, Flores, Nicola, Verde, Jacaré e Peixe. No seu limite

oeste encontra-se a Lagoa Mirim e ao norte é banhado pela Lagoa dos Patos e canal São Gonçalo, importante pelo fato de ser o sangradouro que liga as lagoas dos Patos e Mirim. (Vieira, 1983)

No canal do Rio Grande estão localizadas as ilhas dos Marinheiros, Toro-tama, Pólvora, Cavalos, Mosquitos e Carneiros. Outras ilhas são encontradas no canal São Gonçalo como: Malandro, Martins Coelho, Grande e Pequena. (Vieira, 1983)

Pelo fato de ser praticamente rodeado de água, a região do município do

Rio Grande possui um grande potencial pesqueiro. Pode-se encontrar nesta região

muitos mamíferos, além de uma variada e abundante fauna aquática, o que torna

propícia a localização de grupos humanos. .

Sua História no século XVIII

Com o assédio que sofria a Colônia do Sacramento, localizada no Rio da

Prata na margem oposta a Buenos Aires, por parte das tropas castelhanas, a corte

portuguesa temerosa de perdê-Ia recomenda ao Governador das Capitanias do

Rio de Janeiro e Minas Gerais, a execução do projeto de estabelecimento de uma

Fortaleza na margem sul do Rio Grande de São Pedro, Este estabelecimento visava

dar apoio a Colônia do Sacramento, bem como assegurar a manutenção da região ao

sul de Laguna, o que fica patente nas cartas enviadas por D. João V a Gomes Freire de Andrade em 24 de março de 1736.

" ... Da mesma forma norneareis outro

official para ficar por Governador no

Rio Grande de São Pedro no cazo que se execute o projeto desta nova colonia

e da Fortaleza, a qual deveis mandar

levantar da parte do sul no citio, que se julgar mais vantajoso ... "

(RIHGRGS, Tr.l,4, 1948,p. 5)

56 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987.

Na mesma carta pode-se observar a preocupação de D. João V em que

além de um estabelecimento militar se procurasse o assen tamento de colonizadores, para melhor assegurar a posse desta região.

" .. aos novos povoa dores aos quaes

mandareis também prever de

instrumen-tos que vos remetem para cortar e lavrar

madeiras, mover terras, matar gado e

cul tivar os campos, como também dar

sementes necess.ês p.a a dita cultura, e de víveres, e tudo o mais que se julgar

precizo pa o estabelecirnen to de hua

Nova Colonia segundo as informações

que facilmt. podereis adquirir de pessoas práticas. "

(RlHGRGS, Tr. 1,4, 1948, p. 6)

Tal era a preocupação deste rei com os acontecimen tos que se desenrolavam no Rio da Prata, colocando em risco a perda de toda a região sul de seus dom ínios, que no dia 23 de março de 1736, que também enviou uma carta ao Coronel-do-Mar

Luis de Abreu Prego que se encontrava no Prata. Alertando -o para a importância

da posse da entrada do Rio Grande de São Pedro, e da região vizinha para um bom desfecho na luta que se desenvolvia no Prata.

"E porque não he menos importante a de segurar a Bahia de São Pedro , e campa-nhas circunvizicampa-nhas, que igualmente

per-tencem aos meus domínios, do perigo a

que estão expostas de que os Hespanhoes pretendão na presente ocasião usurpallas

tão bem como já intentarão em outro

tempo ... "

"' .. o Conselho Ultramarino me tem

representado em repetidas consultas a

necessidade que ha, de povoarem -sc sem

dilação as d.as camprnhas, levantando

na margem do mesmo Rio da parte do

Sul hua Fortaleza que sirva de dcfensa

ao porto e de amparo aos povoadores,

que quizerem estabelecer-se naquele

citio. "

(RIHGRGS. TI. 1,4, 1948, p.9)

Ainda visando a ocupação da margem sul do Rio Grande de São Pedra o Brigadeiro José da Silva Pais, encarregado do comando da expedição que se dirigia

(3)

para o Rio da Prata e, obedecendo ordens de Gomes Freire de Andrada, ao fazer

escala na Ilha de Santa Catarina em junho de 1736, entra em entendimento com

Cristóvão Pereira de Abreu, antigo campeador das bandas do Rio Grande e, no

momento Coronel-de-Ordenanças para que este se deslocasse até a margem sul do

Rio Grande de São Pedro e aí se fortificasse e, percorresse a campanha arrebanhando cavalos e gado. A missão de Cristóvão Pereira tinha como objetivo, preservar a referida região do ataque dos espanhóis, permitindo assim uma posterior ocupação por parte das forças portuguesas,já que a situação no Prata revelava -se cada vez mais calamitosa.

". . . Fazendo a boca do Rio Grande de São Pedro, e como a barra deste Rio não

permite entrar embarcação grande

man-dará V.S. tomar terra na parte, que os

práticos escolherem mais propria, e

passando a gente à banda do Sul, para executar na construção da Fortaleza tudo

o que entender em complemento do que

deterrninão as ditas instruções ... " (RIHGRGS, Tr. 1,4,1948.)

No desempenho de sua missão Cristóvão Pereira, juntamente com um grupo

.de aventureiros desloca-se em direção ao sul e lá chegando envia carta a Gomes Freire,

datada do Rio Grande de São Pedro, de 8 de novembro de 1736, dando conta de

que enviara já uma carta para a Colônia do.Sacramento. Na qual comunicava sua

chegada à margem Sul do Rio Grande de São Pedro e, solicitava informações sobre

o seu procedimento a seguir.

"Chegando a este Rio Grande com

bas-tante demora e não achando not.ê dos

próprios, nem da Colonia, despachey

quatro pessoas, p.a q. com toda a vigi-laneia, e cautela vicem se podiam

entro-duzir hua carta em que dava p.te de

acharme aqui com cento e oitenta e sete centos cavallos de EI Rey e de p.es q. me quizecem dizer o q. com estas forças podia obrar."

(RIHGRGS, Tr. 1,4,1948, p. 16)

Em janeiro do ano seguinte ainda encontrava-se Cristóvão Pereira de Abreu na margem do Rio Grande, como se pode observar pela carta do Brigadeiro José da Silva Pais a Martinho de Mendonça de Pina e Proença, datada do Rio da Prata, em

4 de janeiro de 1737, na qual comentava o envio de armas, e o pedido de que o

mesmo lá se mantivesse.

58 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987.

. " ... Do Rio Grande sei se acha Christovão Per. a em hum rincâo com perto de 180

pessoas, que o acornpanhão, e 1500

cavallos e quasi 1800 cabeças de gado: eu lhe mandei armas e dizer lhe segurasse naquelle citio the eu o avizar ... "

(RIHGRGS, Tr. 4,1946, p. 422·3)

Tornava -se cada vez mais evidente que a posição no Rio da Prata era

insus-tentável, tornando-se necessária a fortificação de um outro porto entre Laguna e

Rio da Prata. Ou seria Maldonado ou Rio Grande de São Pedro, revelando-se

posteriormente só ser possível a posse deste último.

A fundação da cidade do Rio Grande se dá finalmente com a vinda do

Bri-gadeiro José da Silva Pais, que se deslocando da Colônia do Sacramento e, na impos-sibilidade de fortificar-se em Maldonado pois este porto carecia de água potável e lenha. Dirige -se ele para Rio Grande onde chega a 19 de fevereiro de 1737, aí

estabelecendo-se na extremidade norte de uma península, na margem Sul do Rio

Grande de São Pedro. A posse deste local possibilitava a continuação do apoio à

Colônia do Sacramen to. bem como facili tava a ocupação de uma grande área que se encontrava praticamente despovoada.

Com a consolidação da ocupação do porto do Rio Grande, se desenvolve

uma povoação com a vinda de índios e brancos de Laguna, além de um grupo de

índios vindos de São Paulo para ajudar nas construções que se faziam necessárias.

Eram muitas as pessoas que queriam estabelecer-se em Rio Grande. Em abril de

1737 Silva Pais escreve a Gomes Freire falando-lhe sobre o assunto.

"São sem número os moradores que

querem vir estabelecerse neste Rio

Grande, e aqui me segura um Domingos

Martins, que saiu da Colonia e tinha

levado a sua familia para essa cidade, a

vai buscar para aqui e algumas mais,

porem espera se lhe de terreno para

fazer as suas searas, e algum gado, como é costume."

(Rodrigues, 1903, p. 238)

Em fins de 1737 Silva Pais transfere-se para Santa Catarina, deixando a

responsabilidade da nova povoação a cargo do Mestre-de-Campo André Ribeiro

Coutinho.

André Ribeiro Coutinho continua a obra de Silva Pais, aperfeiçoando as

obras militares deixadas por ele, ao mesmo tempo que tratava do assentamento de

novos colonos que ali chegavam. Muitos vinham da Colônia do Sacramento que

havia sido ocupada pelos espanhóis em 1738. Como se pode observar das Memórias

que André Ribeiro enviou a Gomes Freire relatando os serviços que prestara no

governo militar do Rio Grande.

(4)

"No caso de 1738 mandou V.Excia para o Rio Grande muitos casaes que tinham evacuado a praça de Colonia: alguns desta cidade (Rio de Janeiro) e outros da Villa de Laguna, além de muita gente de ambos os sexos para com todos se crear uma Povoação: para o qual fim levan tei casas

à maior parte dos povoadores: dei aos

lavradores terras, sementes e instrumen-tos. "

(Fortes, 1937, p. 214-5)

Com o decorrer dos anos é cada vez maior o número de colonos que chegam

ao Rio Grande, sendo muitos provenientes das ilhas açorianas. Tendo o Conselho

Ultramarino aconselhado a Silva Pais, então Governador dos territórios de Santa

Catarina e do Rio Grande de São Pedro, através de carta datada de Lisboa, em 26 de agosto de 1738, para que assentasse colonos vindos das ilhas no novo território, para que desenvolvessem o cultivo da terra e também servindo para sua defesa.

" . visto se achar estabelecida a Fortifi-cação do Rio Grande de São Pedro que V.Mag. e se sirva querer tomar a última

resolução nas consultas que o conselho

tem posto na RI. prezença de V.Mag. e para os transportes dos cazaes das ilhas

para o mesmo estabelecimento porque

só por este meio se poderá evitar a grande despeza que precizamente se ha de fazer

com os transportes dos mantimentos do

Ryo de Janeiro por falta de cultivadores que naquellas vastíssimas terras os

fabri-quem, além de ficarem estes tão bem

igualmente servindo a sua necessaria

defença ... "

(RIHGRGS, Tr. 1,4,1948, p. 62)

Em 1738 o Rio Grande de São Pedro desliga-se do governo de São Paulo e juntamente com Santa Catarina fica sob a jurisdição do governo do Rio de Janeiro.

Após permanecer por três anos no governo do Rio Grande André Ribeiro

Coutinho transmite seu cargo ao Coronel de dragões Diogo Osório Cardoso, no final

do ano de 1740.

Já que se encontrava há dois anos aqui o Coronel Diogo Osório Cardoso é

responsabilizado pela revolta dos soldados do regimento de Dragões, descontentes com a falta de pagamento de seus soldos. Consegue-se no entanto acalmá-Ios pagan-do-se o soldo.

60 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987.

Em 1745 Rio Grande é elevado a categoria de vila, mas que só é efetivada

em 1752.

No governo de Diogo Cardoso continua a desenvolver-se a povoação do

Rio Grande de São Pedro, tomando maior impulso com a chegada de famílias

açorianas em 1747. (Monteiro, 1979, p. 43)

Em 1750 é assinado o Tratado de Madri entre Portugal e Espanha. Através

desse tratado era entregue aos espanhóis a Colônia do Sacramento, recebendo

Por-tugal a região onde encontravam-se as missões jesuitas. Para tomar posse e demarcar

esse novo território Gomes Freire de Andrada desloca-se para o sul, chegando em

abril de 1752 ao Rio Grande de São Pedro.

Em junho do mesmo ano o governo passa às mãos do Tenente-Coronel

Pascoal de Azevedo.

Com a chegada de Gomes Freire é dado novo estímulo à Vila do Rio

Grande, pois o mesmo além de conceder sesmarias, manda construir uma nova igreja, já que a antiga capela havia incendiado com a explosão de um paiol de pólvora.

Em 1754 como parte das medidas de segurança para o desenvolvimento da

campanha de demarcação da zona missioneira, manda construir o pequeno Forte de

São Gonçalo, assegurando dessa forma uma das suas linhas de comunicação.

Gomes Freire retoma para o Rio de Janeiro em 1759, e em 1760 Rio

Grande de São Pedro passa a ser governado por Inácio Elói de Madureira, A partir

desse momento, Rio Grande de São Pedro passa a ser considerado comandância

militar e a depender diretamente do Rio de Janeiro.

Elói de Madureira no entanto não foi muito feliz no seu governo, pois além

de desentendimento com seus auxiliares, durante a sua permanência à frente da

nova Capitania é a mesma invadida por tropas espanholas.

Em 1762 com a conquista da Colônia do Sacramento pelas forças espanholas, iniciou-se os preparativos para a invasão do território português. Diante dessa

pos-sibilidade são ordenados preparativos para a defesa do Rio Grande de São Pedro,

procurando os portugueses reforçar às pressas a chamada Angustura de Castilhos,

com a construção do Forte de Santa Tereza, do qual foi encarregado o Coronel

Tomás Luis Osório.

Tanto o Forte de Santa Tereza COmo o de São Miguel eram muito impor-tantes pois protegiam o único lugar por onde poderiam passar as tropas espanholas para atacarem a Vila do Rio Grande.

A carta enviada pela Junta Governativa, que assumira o governo após a

morte do Conde de Bobadela, de 16 de janeiro de 1763 mostrava a preocupação

pela sorte do Rio Grande, aconselhando a Elói de Madureira tomar precauções para

a sua defesa e oposição ao avanço espanhol.

"Prevenimos a vossa senhoria o seguinte e

he que como essa Povoação do Ryo

Grande de Sam Pedro Com razão se julga

não ser defendida por ser hum lugar

aberto neste caso mandará vossa senhoria quanto antes passar todas as pessoas que tem nella ao lado do Norte e tambern

(5)

1II1 I

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todas as mais munições de polvora e

balla e ainda as de boca de sobrecellente poque dado o cazo de entrarem nella os

castelhanos se não utilizem do que ahi

pertencente a Real Fazenda ... " (Devassa, 1937, p. 9)

Pelo conteúdo desta carta percebe -se que aJunta Governatíva não descartava a idéia da ocupação da vila pelos castelhanos. Na mesma carta num trecho posterior,

é recomendado que se tivesse pronta as embarcações para a passagem do povo para

a margem do norte, sendo a tropa a última a passar.

Para o Coronel Luis Osório foi enviada uma carta datada também de dezesseis de janeiro, na qual lhe eram recomendadas as disposições que deveria tomar.

" ... Porém assentando vossa senhoria com

os seus Officiaes em conselho que hé

impossivel resistir a força do inimigo

será prudente acordo o retirarse para

conservar a sua Tropa pella não deixar ou morta ou prizyoneira ... "

(Deva~a, 1937,p. 10)

Contrariando as ordens da Junta o Coronel Tomás Luis Osório entregou-se

às tropas espanholas, possibilitando desta forma o livre avanço dos espanhóis sobre

Rio Grande. O Governador Elói de Madureira por sua vez também não havia tomado

as precauções ordenadas e, ao saber da queda do Forte de Santa Tereza, cruza para

a margem do Norte, deslocando -se mais tarde para Viamão, deixando o povo entregue a própria sorte.

No dia 24 de abril de 1763 o Capitão espanhol D. José de Molina ocupa a

Vila do Rio Grande, a mando de seu comandante D. Pedro de Cevallos que entra na

vila a 12 de maio.

Por treze anos permanece a Vila do Rio Grande ocupada pelas forças

espanholas. Em 1764 D. Pedro de Cevallos determina que seja fundado um povoado

próximo a Maldonado e que recebe o nome de S. Carlos, para onde são transferidas

as famílias que se encontravam na Vila do Rio Grande e seus arredores (Povo Novo

de Torotama, Ilhas do Martins e Torotama), quando da ocupação espanhola.

Com a morte do Coronel Elói de Madureira em Santa Catarina é nomeado

para Governador do Continente de São Pedro o Coronel José Custódio de SáeFaria,

em fevereiro de 1764.

O novo Governador reorganiza as forças portuguesas. Em 1767 é tentado

um assalto a Vila do Rio Grande, comandado por José Marcelino de Figueiredo,

sendo o mesmo desfechado em 29 de maio, que no entanto fracassou devido a forte cerração que cobriu a lagoa e, separou as embarcações que transportavam as tropas para o assalto. Em vista disto José Marcelino reconduz as suas tropas para a margem Norte e ataca a guarda espanhola que lá havia, conseguindo desta forma estabelecer uma ponta de lança para futuras tentativas de reconquista da Vila do Rio Grande.

62 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987.

Em 1769 é nomeado Governador do Rio Grande de São Pedro o Coronel

do Regimento de Cavalaria Auxiliar do Rio de Janeiro José Marcelino de Figueiredo.

Em 1776, mais precisamente na madrugada de 10 de abril é iniciado o

ataque das tropas sob o comando do General Henrique Bohm, que em nome de

Portugal libertariam a Vila do Rio Grande do domínio espanhol. No dia 7 é cantado Te Deurn, em agradecimento pela volta desta vila aos domínios portugueses.

Com a ocupação dos espanhóis e a transferência do governo do Rio Grande

de São Pedro para Viamão deixava de ser a Vila do Rio Grande o centro das decisões

desta Capitania, mas mantendo contudo sua importância, por ser o porto que

guardava a entrada desta região.

o

INDIGENA

Caçadores-Coletores

No município do Rio Grande, através de pesquisas arqueológicas até agora

realizadas se pode constatar que sua ocupação pelo homem ocorreu por volta de

500 anos antes de nossa era. Eram pequenos grupos de caçadores-coletores que

ocupavam sazonalmente aterros, barrancos ou dunas próximos aos cursos d'água.

Este grupo caçador-coletor desconhecia a cerâmica e, seus vestígios (materiallítico) são encon trados até aproximadamente o início de nossa era. A partir daí as pesquisas

revelam o aparecimento de cerâmica entre o grupo de caçadores-coletores. Sua

permanência na área é constatada até o início da colonização portuguesa na primeira metade do século XVIII.

Acerâmica deste grupo de caçadores -coletores é classificada como Tradição Vieira.

Estes caçadores-coletores viviam em pequenos grupos que se deslocavam

continuamente devido ao seu modo de subsistência. O seu sistema econômico

desenvolvia-se em um espaço geográfico determinado, sendo a divisão do trabalho

baseada no sexo, e a divisão dos recursos alimentares feita através da partilha entre

os componentes do grupo. Certamente havia intercâmbio matrimonial entre os

diversos bandos locais pertencentes a uma mesma unidade lingüística. (Schmitz, 1976)

No contato com os grupos horticultores desenvolvem uma agricultura

incipiente, adotando também outros traços culturais inclusive elementos da sua

cerâmica.

Na época da chegada do europeu na região habitava o grupo denominado Charrua na zona de campo e Minuano nas margens das lagoas dos Patos, Mirim e

Mangueira. No entanto não há dados suficientemente esclarecedores para que

possamos afirmar que haja um vínculo entre os elementos arqueológicos e históricos. Os Charruas e Minuanos eram nômades, ferrenhos adversários dos espanhóis e dos índios aldeados, tendo -sealiado aos portugueses auxiliando -os na defesa dos baluartes erigidos para proteger os núcleos recém fundados. Entre eles Rio Grande. Este auxilio aos portugueses já ocorre antes da fundação do Presídio de São Pedro, como se pode perceber na carta de Cristóvão Pereira a Gomes Freire de Andrada, de 8 de novembro de 1736, onde este comunica que já utilizava os préstimos dos índios Minuanos, porém com alguma desconfiança.

(6)

"Os Minuanos sempre se achão neutraes,

mas estão entrando em Montevideo e

prometendo dar p.te de qualquer novid.e

q. de cá ouver; e suposto intentava

valerme deles fiando no conhecimento

q. tem de mim, por ora me não animo a isso porq. são inconstantes e temo q.

me vendão querendo conservar húa e

outra parte".

(RIHGRGS, Tr. 1, 4, 1948, p. 16)

o

indígena passa a ser utilizado nos serviços de campo e como soldado nos

freqüentes confrontos entre Portugual e Espanha. O seu número vai aos poucos

reduzindo-se, e à medida que o conquistador se apossa de suas terras eles são

obrigados a pedir permissão para se estabelecerem em qualquer lugar.

"Na guarda do Carnaquã cobria Rafael Pinto Bandeira essa fronteira, quando a

4 de janeiro de 78 apresentou-se um

cacique Minuano com sua gente, cerca

de 60 pessoas, declarando desejar

esta-belecer-se aquém do Jaguarão contando

seu povo, que chegaria no máximo a

200 pessoas, e que estavam prontos para

ajudar os portugueses, como sempre o

fizeram."

(Monteiro, 1979, p. 322)

Aqui é necessario abrir um parêntese para que se possa fazer a distinção

entre os termos Tupiguarani e Tupi-guarani. O primeiro é usado para designar a

tradição ceramista estudada pela arqueologia, o segundo designa a família lingüística

falada pelo grupo agricultor de floresta subtropical no momento da chegada do

europeu.

Segundo Aryon Dall'Igna Rodrigues este grupo é classificado da seguinte

forma lingüisticamente: Tronco - Tupi; família - Tupi-guarani; língua - guarani;

dialetos - Kayová, Nandéva, Mbüa. (Melatti, 1970)

Os cultivadores Tupiguarani penetram no Rio Grande do Sul numa expansão lenta de pequenos grupos que vão deslocando-se para o sul e para leste até ocupar

completamente o território. O êxito de sua conquista se deve ao fato de serem

agricultores, o que lhes conferia uma capacidade logística de acúmulo de alimento,

sobrepondo-se desta forma aos grupos caçadores-coletores os quaís necessitavam

suspender a luta para suprir o seu abastecimento. (Mentz Ribeiro, 1979)

Ao estudar-se a dinâmica desse processo de expansão conclui-se que em

determinado momento há um intercâmbio cultural e até mesmo um certo convívio

entre os agricultores e o grupo portador da cerâmica de Tradição Vieira.

Da língua falada por eles muito raro são os vestígios que restaram, desig-nando localidades ou acidentes geográficos. O europeu como não consegue dominá-lo

completamente acaba por exterminá-Io. O seu fim como o de outros povos

con-quistados foi a assimilação ou o extermínio, sobrevivendo apenas os seus vestígios

misturados à terra que absorveu seu sangue, nas vitrines dos museus e na memória

daqueles que os respeitam.

Horticultores de Floresta Subtropical

Por volta do século IX de nossa era penetra na regiãô o grupo ,de qorticul-tores portadores da cerâmica denominada de Tradição Tupiguarani.. ' •...

Este grupo era especialista na ocupação dos matos.(floresta. sUbtropiçal), tendo se expandido dentro deste ambiente ocupando-o int~raImenté,'oc'así6nahdo com isso a expulsão de outros grupos. Na região do Rio Grande. estabél~cera.IÍl-se

nos matos situados nos pontos elevados na bordadas lagoas, alémde n.9ssítiQS do

grupo de Tradição Vieira. .. ..-..

Este grupo de horticultores no momento da penetração do europeu na

região é denominado de Tupi-guarani, sendo inegável a vínculação entre a tradição arqueológica Tupiguarani e o grupo histórico Tupi -guarani. (Schmi tz, 1976)

BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. 64

"No período anterior à ocupação

portu-guesa percebe -se um contato intenso

entre os dois grupos que chegam ao

ponto de conviver na mesma aldeia." (Schmitz, 1976, p. 221)

No entanto os agricultores recebem menos influência do grupo de

caça-dores-coletores do que estes daqueles.

Com a chegada do europeu esta cultura indígena, que rapidamente se

expandiu abrangendo uma área grande e exercendo uma forte influência sobre outros

grupos vai, aos poucos, sendo liquidada por meio de sua destruição e absorção na

nova sociedade que se impunha.

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...••

"Esta é a história do Guarani, primeiro o

colonizador mais efetivo do mato

sub-tropical, depois ou combustível de uma

plantation periférica, ou parcela

privi-legiada dentro de um grande império

colonial: os poucos sobreviventes são

mestiços incorporados na classe baixa

da pequena República subdesenvolvida

ou indígenas disperses sem nenhum

projeto que os possa entusiasmar." (Schmitz, 1976, p. 34) I

MLKJIHGFEDCBA

I I L I O T~_-C_-A. !;

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ILl'OR DE EDUCAçAO .;

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T O P O N Í M I A I N D I G E N A

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No município do Rio Grande não é difícil identificar os lugares em sua

geografia, que possuem nomes de origem indígena. Quase todos os que existem são

de origem Tupi-guarani. O que não se pode afirmar sobre os nomes indígenas

encontrados na sua topografia é se teriam eles sido denominados pelo nativo ou

pelos aventureiros que iam penetrando na região, em busca do gado disperso nos

campos. Há autores que afirmam terem sido estes que.juntamente, com missionários teriam colocado estas denominações em língua indígena, na geografia brasileira.

Um fator que temos que levar em conta é serem os aventureiros que

penetravam na região sul, provavelmente originários da Capitania de São Paulo,

onde era corren te o uso da língua geral até o fim do século XVII e início do século

XVIII. Apesar desta língua ter resultado da evolução do Tupi disciplinado pelos

missionários.

Sérgio Buarque de Hollanda ao citar o comentário de D. Félix de Azara em

sua "Viajes pur Ia América del Sur", deixa bem claro a importância do uso da língua geral pelos habitantes da Capitania de São Paulo.

"Deve-se notar, de passagem que ao

mesmo Azara não escapou as coincidên-cias entre o que lhe fora dado observar

no Paraguai e o que se afirmava dos

an tigos paulistas. "Lo mismo escreve - ha

sucedido exactamente em Ia imensa

provincia de San Pablo, donde los

por-tugueses, habiendo olvidado su idioma,

no hablan sino el Guarani".

QHollanda,1967:412)

Acredita Sérgio Buarque que, apesar da generalização do texto de Azara,

os paulistas do século XVII utilizavam, na maioria das vezes, a língua-geral, o que

não ocorria com o português.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Ogeneral Borges Fortes afirma categoricamente num trecho de seu trabalho "O Tupi na Corografia do Rio Grande do Sul", não ser o indígena o distribuidor destas denominações. Que apesar de transcrito aqui é visto com reserva, mas não se poderia omiti-Io pois haveria o risco de parcialidade.

"Correspondenternente a observação fun-damental que deve desde logo ser apren-dida, é que tendo a pitoresca linguagem

dos índios fornecido nomes que tanto

aformoseiam a nossa geografia, não foram entretanto eles os distribuidores .de tais denominações" .

(Fortes, 1930: 324)

66 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987.

No entanto é muito grande a possibilidade destas denominações terem sido

dadas pelo próprio indígena, e transmitidas aos desbravadores da região, que da

mesma forma que tomava posse de sua terra apossava-se de seus nomes. Muitas

vezes modificando a sua forma e seu significado, mas colocando-os em suas cartas

geográficas e transcrevendo -os em seus documentos.

"Fomos aos poucos nos assenhoreando

de nomes e frases guaranis mudando a

acepção a uns mutilando a outros e

aglutinando aqueles. Alguns exemplos

darão razão ao nosso acerto. O índio,

digamos isto preliminarmente fõra

real-mente conceituoso em .por nome às

coisas" .

(Martins, 1927 : 489)

O que torna esta hipótese bastante plausível são os subsídios fornecidos

pela antropologia e etnologia, que afirma darem os povos ágrafos denominações a

todos os elementos que compõem o seu universo.

"Um dos primeiros passos para entender o universo e agir dentro dele é ordenar seus elementos, classificando -os. Cada sociedade indígena dispõe de um sistema de classificação. (. . .) Ao aprender a

língua falada em uma sociedade, um

indivíduo entra em contato com uma

maneira de classificar os elementos." (Melatti, 1983, p. 149)

O indígena para uma eficiente relação com seu meio tinha necessidade de

conhecer com detalhe o território que ocupava, atribuindo nome para seus elementos.

"As atribuições do chefe Nambikuára

exigem dele grande conhecimento do

território percorrido pelo bando que

dirige; deve conhecer os campos de caça e os locais onde existem árvores frutíferas,

deve conhecer o itinerário aproximado

dos bandos amigos ou hostis, tudo isso pela segurança e sobrevivência do grupo de que esta à testa."

(Lévi-Strauss, 1957, p. 332)

Ainda relacionando a língua de um grupo com o universo que o rodeia

convém citar Beals e Hoijer.

(8)

"El lenguaje hace más aún: proporciona Ias categorías y divisiones de Ia

experien-cia en términos de Ias cuales los que

hablan contienden con el universo que

los rodea."

(Beals e Hoíjer, 1974, p. 631)

No tempo que decorreu do seu aparecimento, pela primeira vez em cartas

geográficas e citações em documentos, até o momento atual houve modificações na

grafia destes nomes, sua substituição por outros dados pelo colonizador, e ainda

existiram outros que se perderam para sempre. Mas assim mesmo e independente

de quem tenha sido o autor destes topônimos na geografia do Rio Grande eles

mantiveram-se até o momento, tornando-se parte do cotidiano desta terra e de seu

povo.

Alguns Topônimos - seu significado e sua história

Caiubá

Nome de uma pequena lagoa no município do Rio Grande, localizada entre

a Lagoa Mirim e o oceano Atlântico.

Observando a "Carta de Todo o Terreno Comprehendido desde a barra do

Rio Grande de S. Pedro a the Castilhos Pequeno que corre entre a costa do mar e alagoa de Merim levantada em 1737", feita pelo Brigadeiro José da Silva Pais cons-tata-se a existência da Lagoa do Caiubay. (ver mapa anexo)

Na concessão de sesmaria a Francisco Xavier por André Ribeiro Coutinho o nome desta lagoa aparece escrito Cayubá (Docca, 1924, p. 63), tendo sofrido uma

modificação em relação ao escrito na carta geográfica de Silva Pais. Passando a

denominar além da lagoa os campos que a rodeavam.

Em 1739 havia duas estâncias que tinham onome de Cayubá. Uma a "Estância de Cayubá" de Miguel Moreira e a outra "Estancia do Capão de Cayubá" de Francisco

Xavier Luis, o mesmo que recebera a sesmaria em 1738, a qual se confrontava de

um lado com a lagoa e do outro com o pântano que está na parte do mar. Os nomes

destas duas estâncias aparecem na portaria do Coronel Diogo Osório Cardoso de

29 de abril que determinava aos estancieiros, marcar o gado e cavalgaduras, sob

pena de os perderem. (AAHRGS, 1977, p. 95-6)

No mapa de Olmedilla de 1775 aparece, segundo o padre Carlos Teschauer,

uma pequena lagoa denominada Callua situada ao norte do F. Taity e ao sul de

Pueblo Nuevo. Na concessão de sesmaria de 1790 a João Duarte aparece o nome da lagoa como Cajubá. (Docca, 1924: 63)

Na "Corografia Brasilica ou relação Histórico-Geográfica do Reino do Brasil"

de Aires Casal, publicada em 1817 é escrito novamente o nome desta lagoa como

Cajuba. No século XX no entanto ela aparece em vários mapas como Caiubá ou

Caiuvá. .

Souza Docca em seu trabalho, Vocábulos Tupis na geografia Rio -grandense, nos apresenta várias grafias e vários significados para o nome desta lagoa.

Primei-ramente ele cita Teodoro Sampaio, que dá a seguinte grafia e significados:

MLKJIHGFEDCBA

C a i b ú

-68 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987.

Ca-ybu. a fonte das vespas ou dos marirnbondos ; Caá-ybú. o olho d'água da ma tu.

Docca ainda nos dá Caa-yuba, o mato amarelo ou Ca-yuba. a vespa

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

amaiclu:

Cayuvá - Caá-upá , a lagoa da mata, ou Cai-upa. a lagoa dos macacos. Docca Cala

também na tradução de Alfrcdo Carvalho Caiubá - Acayu-yha. o cajueiro ..Com o

mesmo significado mas escrito Caiuvá aparece na "História das Terras e Mares elo Chuí", de Péricles Azarnbuja.

Segundo o vocabulário Tupi -Guarani de Francisco da Silve ira Bucno , temos

Caiuá, morador, habitante da mata. De Caá. mata e ua, morador (Bucno, 1982: 83):

Poderíamos ter ainda Caá-y-uba. mato da cana d'água, sendo esta cana usada na

confecção das flechas dos indígenas. De Caá, mato. erva, planta em geral. Y. água. rio, líquido e ubá, cana caniço. flecha fei ta ele caniço. (Bueno. 1982. p. 341 )

Como foi dito acima Alfredo Carvalho e Péricles Azambuja nos dão a

tradução como sendo o cajueiro, mas corno nesta região não se encontra cajueiro é

provável que ambos tenham se enganado. Mas no entanto poderemos ter Caá-yuá

que significa mato de juá. este sim um fru to amarelo mui to comum nesta região.

Segundo Francisco Bueno juá seria derivado de ayuá, o fruto de espinhos. (Bucno. 1982: 123)

Uma lagoa pequena mas com um nome escrito em várias formas e com

significados tão diversos, que será ou não o significado que lhcs atribuíram os seus denominadores.

A última hipótese é a que procura relacionar o nome da lagoa com o nome do grupo Kayová, um dos três em que são divididos os Guaranis.

"Kayová é o terceiro grupo. também

conhecido como Te üi e Tcmbckuá. A

pronúncia do nome (corrutcla talvez de

Kaá y yguá) oscila entre Kaiuá e Kadjova

com as formas intermcdíárias Kaiouá c

Kayová".

(Schadcn, 1974, p. 3)

o

fato que acarreta esta relação é terem os Tupi-guaranis habitado vários

lugares no município do Rio Grande. principalmente próximo aos cursos d'água e

sobre as dunas na borda das lagoas. O que não se pode afirmar é ter habitado nesta

região um grupo específico que possu isse a denominação Kayová. Egon Schaden

fala em migrações deste grupo em direção a cosia atlântica há vários decênios. E por que não a algumas centenas de anos')

"Das fon tes bi bliográficas existen tes de-prende-se que outrora. isto

e.

há vários

decênios, os Kayová também

empreen-deram migrações em direção da costa

atlântica. Para época recente não há

indicações neste sentido."

(Schaden, 1974. p. 173)

(9)

Somcn te se conseguirá alguma indicação a rcspci to da ocupação das prox

i-midadc s da lagoa nos séculos passados, por um grupo ind ígena e a que cul tura

pertenciam através de pesquisa arqueológica no local.

Mirim

Lagoa no município do Rio Grande. Suas águas além do município do

Rio Grande. banham os municípios de Santa Vitória do Palmar e Jaguarão, e ainda

a República do Uruguai.

Mirim na língua Tupi significa pequeno, breve, pouco. Teria recebido este

nome por ser menor do que a lagoa dos Patos. Como o diz Aires Casal na sua

Coro-grafia Brasilica ... , editada em 1817.

,- A Lagoa Mirim que quer dizer pequena,

comparativamente àqueloutra(Lagoa dos

Patos), sendo 26 léguas de comprimento

com 7 para oito na maior largura ... "

(Casal, 1976, p. 68)

A primeira carta geográfica em que aparece esta lagoa com seu nome escrito

Merim. provavelmente seja a levantada pelo Brigadeiro José da Silva Pais em 1737

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(ver mapa anexo). Que segundo Borges Fortes teria sido o primeiro a divulgar a

,L1:\ existência.

"É notável a descoberta da Lagoa Mirim.

Nenhuma referência se encontra a seu

respei to nos documentos e cartas

geográ-ficas até o advento de Silva Pais."

(Fortes, 1980, p. 120)

Nos diz ele que na carta geográfica dos padres Techo e Ovale de 1703 no

IUc',!1 da Mirim se via apenas alguns montes (ver mapa anexo). Ainda segundo ele a

Lagoa Mirim. apesar de ser divulgada e talvez explorada pela primeira vez já seria

conhecida Uo\ espanhóis devido a nomes que ficam nas suas imediações serem de

proccdcncia espanhola, como Palrnaritos e Curral de Paio.

"Ainda não incorporada à geografia

universal a Lagoa Mirim cabe

indiscuti-velmente a Paes a primazia de trazê-Ia ao

conhecimen to da ciência, levantando -Ihe

a primeira planta."

(Fortes, 1980. p. 122)

Porém folheando o Alrnanaque Li terário e Estatístico de 1903, no trabalho

de Campos Júnior "Notas para a História do Rio Grande do Sul", aparece a seguinte

citação.

70 BIBLOS. Rio Grundc, 2 : 55 -90, 19H7.

"Na resposta ao enviado de Castela, por

ocasião da fundação da Colônia do

Sa-cramento, a Mirim se chama Lagoa dos

Patos. "

(Campos Júnior, 1903, p. 159)

Em 1680 portanto esta lagoa já seria conhecida, porém com nome trocado.

Anos mais tarde, Manuel] ordão da Silva numa carta ao Rei de Portugal,

datada de 1698, fala de uma lagoa denominada pelo indígena de Paramom.

" . Entrando pelo rio, à mão esquerda,

está a ilha das Garças; mais adiante, perto,

está o Rio Eume rim , capaz de sumaca.

Entrando por ele, tem quatro rios à mão

direita; saem em uma lagoa a que o gentio

chama Pararnorn, que quer dizer mar."

(Cesar, 1981.p. 53)

Guilhermino Cesar autor do trabalho no qual se encontrou esta referência,

em nota ao pé de página explica que, em lugar de Paramom, deve-se ler Pararne ri ou

Pará-mirim, que significa mar pequeno. Concluindo o autor ser esta a forma como

era designada a Lagoa Mirim no século XVIII.

No século XVIII, além da carta geográfica de Silva Pais, a Lagoa Mirim

aparece numa Outra que traz a assinatura Fr. Est. do Loreto, de 1739, (Fortes,

1980: 120), e na de D'Anville de 1748, em que aparece a Lagoa Mirim ligada por

um canal ao Rio Grande. (Teschauer, 1921, p. 234)

Na cópia da carta geográfica sobre a qual se fez e se firmou o Tra tado de

Limites assinado em 13 de janeiro de 1750, pelos Ministros Plenipotenciários dos

Reis de Espanha e Portugal em Madri no ano de 1751, esta lagoa aparece como

Laguna de Imeri. (Ver mapa anexo)

Em alguns documentos do século XVIII o seu nome aparece grafado de

várias formas mas todas semelhantes a da carta geográfica de Silva Pais; como 110

registro do despacho do Mestre-de-Campo André Ribeiro Coutinho sobre o

trans-porte de couros na Lagoa Mirim em 1738.

" ... como arrecadador dos quin tos e ma is

(ilegível) e do dito Brigadeiro cobrar o

frete a duzen tos e quaren ta réis de cada

como de Touro que vier nas embarcações

de EI- Rei da borda e Lagoa de Meri."

(AAHRGS. 1977. p. 58)

Também no registro de uma petição de 1738, de Francisco Lopes da Silva

e de Antonio dos Anjos feita ao Mestre-de-Campo André Ribeiro Coutinho. e

também referindo-se ao transporte de couros nesta lagoa.

BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90, 1987.

(10)

" ... a querem os suplicantes mandá-Ia

para a mesma cond ução de couros da

Lagoa de Merirn para este porto.. ,.

(AAHRGS. 1977. p. 74)

Numa portaria e instruções do Brigadeiro José da Si'va Pais ao Maioral da

Esiáncia Real de Torotama José da Silveira sobre o que deve fazer para melhorar a

proteção à referida estância. o nome da lagoa aparece escrita na forma atual.

"Como se tem reconhecido que a guarda

de que estava encarregado o cabo

-de-esquadra João Barbosa não cobre todos

os passos que há na Barra de Mirim,

(palavra ilegível) se conserve naquele

posto quatro soldados subordinados ao

cabo - de -esquadra Pedra Teixeira, para fazerem ali uma sen tinela, e os mais se recolherão ao corpo."

(AAHRGS, 1977, p. 182)

Ainda podemos citar a grafia Imeri que, segundo Souza Docca, é a forma

como está registrado o nome da lagoa Mirim no mapa das Côrtes. (Docca, 1924,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

p. 129)

A Lagoa Mirim no século XVIll tinha grande importância pois permitia o

deslocamento de embarcações ao longo de suas margens até São Miguel para fins de

comércio. principalmente de couros.

"Concedo licença aos suplicantes para

mandarem a mesma canoa a transportar

couros pela Lagoa de Mirim sem se afastar jamais da costa que COrrer pelas partes das nossas terras desde o arroio de Thay até a en trada do Rio de São Miguel."

(AAHRGS, 1977, p. 75)

Além de ser importante para o comércio, a Lagoa Mirim tinha também

grande utilidade do ponto de vista militar. Si.lva Pais ao se dirigir às terras ao sul onde construiria o Forte de São Miguel dela se utiliza para transportar armamento pesado e soldados, como se pode ver de sua carta ao Conde de Galveas, em 1738.

" ... e com efeito fazendo embarcar no

dia 28 de setembro em falua segunda

(embarcação que ali mandei fazer chata

no fundo) e armada com quatro peças

de libra, e de meia, e em lima lancha, e canoa de voga os 30 infantes à ordem de

72 13/I3LOS. Rio Grande. 2 : 55-9U. /987.

um bom ajudante que foi por cabo,

levando cavalinhos de frisa, e mais cinco peças de libra e de duas, e todas as mais

munições e ferramentas que entendi

seriam necessárias, as mandei para a

borda da Merim ... " .

(Fortes, 1980,p. 118)

Às vésperas da invasão espanhola no Rio Grande de São Pedra sua utilidade é citada pela Junta Governativa em carta ao Coronel Tomás Luis Osório, em 16 de janeiro de 1763.

" ... Porém assentando vossa senhoria com

os seus Officiais em conselho que hé

impossível resistir a força do inimigo será prudente acordo o retirarse para coservar a sua Tropa pella não deixar ou morta ou

prizyoneira e o mesmo destino poderá

seguir a que guarnece o Forte de Sam

Miguel por que sendo os inimigos senhores

da campanha tambem a guarnição deste

cortaram os socorros não só por terra

mas ainda os que lhe poderem vir pella Lagoa de Merim ... "

(Devassa, 1937, p. 10)

À medida que o homem "civilizado" foi penetrando nos territórios que

circundavam a Lagoa Mirim e se apossando das melhores terras o indígena que

habitava suas margens ou mudou-se para outro lugar ou ficou sob o domínio do

conquistador.

Taim

Arroio existente no município do Rio Grande, lançava suas águas na Lagoa

Mirim, comunicando esta com a Lagoa das Flores. Localizado aos 320 32' Lat. Sul

e 52038' 30" Log. Oeste de Gw.

Na carta geográfica levantada por Silva Pais em 1737 já aparece o arroio

Tairn. Neste mesmo ano Silva Pais fortifica o passo do arroio I'aim, estabelecendo

ali um posto avançado, que passa a ser chamado de Guarda do Arroio Taim. A

instalação deste posto às margens do arroio tinha a finalidade de proteger o acesso ao Rio Grande de São Pedro, pois esta guarda fechava um dos caminhos existentes entre a Lagoa Mirim e o oceano. Além de proteção a guarda servia para controle do

gado arrebanhado e conduzido por aquele caminho devendo pagar os quintos.

Como se vê de uma petição feita ao Brigadeiro José da Silva Pais em dezembro de 1737.

BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987.

(11)

"E será obrigado a pagar neste porto os

quintos dos couros ou xarque do que

carregar a sua embarcação e do gado que . correr apresentará certidão do que entrar

pela Guarda do. Arroio de Taim para

satisfação do que se dever a S.M. dos

quintos de que se lhe passará certidão."

(AAHRGS, 1977, p. 45,46)

Em fins de 1738 numa ordem do Mestre -de -Campo André Ribeiro Coutinho, Taim aparece escrito de outra forma.

" ... Ordeno que no dito campo e seus

rincões compreendidos desde a guarda

de Xueu e Forte de São Miguel até os

passos de Tehim, Albardão e Mangueira pelas margens do mar e Lagoa de Merin se não trabalhe mais na faina dos couros nem na corredoria das vacas."

(AAHRGS, 1977, p. 78)

Do mesmo ano num despacho também de André Ribeiro concedendo uma

licença a Francisco Lopes da Silva e Antonio dos Anjos, há uma referência ao arroio Taim mas escrito de forma diversa da anterior.

"Concedo licença aos Suplicantes para

mandarem a mesma canoa a transportar

couros pela Lagoa de Merim sem se afastar

jamais da costa que corre pelas partes

das nossas terras desde o arroio de Thay até a entrada do Rio de São Miguel."

(AAHRGS, 1977,p. 75)

Depois em 1739 no registro de uma portaria de André Ribeiro sobre as

obrigações de seus oficiais, vem mencionada a Guarda do Taim, porém com sua

grafia diferindo das anteriores mais uma vez.

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

" ... O comandante do Reduto de Tay

tomará o gado que lhe for preciso

para susten to de dois meses dos seus

soldados, ... "

(AAHRGS, 1977, p. 100)

Ainda no governo de André Ribeiro Coutinho a fortificação da Guarda do

Arroio Taim havia se deteriorado, tendo ele ordenado a construção de um forte

num lugar mais apropriado, e que foi executado pelo cabo-de-esquadra João

Gomes de Melo.

74 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987.

". . . e levado do seu zelo fez uma

repre-sentação do evidente perigo em que se

achava a Guarda do Arroio Tahy, por

se acharem inúteis as .defensas que por ele dito cabo -de -esquadra havia mandado construir o Brigadeiro José da Silva Pais

no tempo da sua comandancia; cuja

inutilidade havia causado a mudança do

terreno por lhe faltarem as águas com o

rigor do verão, e trazendo a planta e

relação daquele sitio ao Governador

André Ribeiro Coutinho, ouvindo-o ele

e reconhecendo a sua capacidade e o

evidente perigo em que se achava a dita guarda lhe ordenou construisse um forte em lugar mais próprio para a defensa, o que prontamente executou ... "

(AAHRGS, 1977, p. 124,125)

Em 1763 numa carta da Junta Governativa ao Coronel Tomás LuisOsório,

aconselhando-o sobre como proceder em caso de ataque da posição ocupada por

ele, por forças espanholas, o arroio é chamado de rio e vem escrito na sua forma

inicial, que foi a que se manteve até o momento.

" ... e esta averiguação também lhe deve servir para puder retirar a tempo a

arti-lharia e munições por se não expor a

perdellas ou já encaminhadoas ao passo

do Ryo Taim ou ao Ryo de Sam Miguel

por onde podem baixar embarcadas ou

por donde julgar mais facil e seguro." (Devassa, 1937, p. 10)

Por esta carta pode -se ver que a guarda do arroio Taim continuava a exercer a sua função em defesa de um ponto estratégico para se atingir a Vila do Rio Grande.

No mapa levantado pelo cosmógrafo D. Juan de La Cruz Cano y Olmedilla

no ano de 1775, aparece entre as lagoas Samarumbú e Mirim um F.Taity, é o que

constata Teschauer em suas "Investigações sobre as origens do Rio Grande do Sul",

sendo a forma mais estranha com a qual se encontra este nome. (Teschaver. 1921,

p.235)

Nas memórias do General Henrique Boehn mais uma vez se comprova a

importância estratégica da guarda do arroio Tairn para a defesa da Vila do Rio Grande

no século XVIII, pois, após a expulsão dos espanhóis, escrevendo ao Marquês de

Lavradio em 22 de abril de 1776 ele comentava que os Dragões haviam ocupado a

guarda do arroio Taim, precavendo-se desta forma da possibilidade de um

contra-ataque espanhol.

(12)

· . Le Dragons occupent 1es Postes avancés de l'Arroyo Tahim, de l'Albardão , et du Sangradouro de Mirim."

(Bbehn, 1979,p. 201)

Com o Tratado de Santo Ildefonso entre Portugal e Espanha firmado em

1777, que delimitava os territórios sul- americanos dos dois países, ficou acertado que haveria um espaço neutro que separasse as terras pertencentes as duas coroas.

Este espaço neutro ficaria entre o Chuí e o arroio Taim. Os limites portugueses

passariam sobre o leito deste arroio, no qual em 1784 foram colocadas três marcos de pedra, destacando mais uma vez a importância deste pequeno acidente geográfico.

Com o passar dos anos nas proximidades da Guarda do Arroio Taim formou-se

uma povoação que cresceu lentamente, passando a distrito municipal de Rio Grande

por decreto imperial de 24 de outubro de 1832. (Docca, 1925, p. 181) Esta povoação que recebera o nome de Taim é elevada a categoria de Freguesia em 6 de maio de 1846, através de provincial. (Faria, 1914)

Não fosse esta povoação que recebera o nome Taim, o mesmo teria desapa-recido da geografia do município de Rio Grande, pois no dia 14 de dezembro de 1878

uma chuva torrencial abateu-se sobre esta região, avolumando as águas das lagoas

Flores e Caiubá. Dias depois ao baixarem as águas o arroio Taim havia desaparecido, obstruindo ( digo) obstruído pelos detritos depositados pela enxurrada em seu leito.

(Montenegro, 1895)

Sobre a palavra Taim, Souza Docca afirma ser de origem Tupi, derivado de Tagí que significa o braço ou galho de rio, (canal, furo), já que o arroio Taim seria

um canal que ligava as lagoas Flores e Mirim. (Docca, 1925, p. 179) No entanto

Péricles Azambuja dá para ltaim ou Taim o significado de arroio das pedras. Segundo

ele esta denominação seria recente, do tempo em que foram levantadas as

fortifi-cações da guarda do arroio Taim, e que as mesmas teriam sido construídas com a

ajuda dos índios Minuanos, e que seriam eles os autores desta denominação

(Azam-buja, 1978, p. 190). O curioso é ser uma região em que não há pedras. As únicas pedras que existiam neste arroio foram os marcos da demarcação de limites colocados

em 1784, e como o nome Taim é encontrado em cartas geográficas e documentos a

partir de 1737 fica difícil afirmar o seu significado e a sua procedência, aceitando-se apenas a sua origem indígena.

Torotama

Nome atual de uma ilha no município de Rio Grande. No passado este

nome foi escrito de diversas formas e denominava uma região bem mais extensa.

Souza Docca dá o seguinte significado para este nome: Torore tama, a

região, a terra dos tatús (Docca, 1922, p. 219). NoVocabulário Tupi-Guarani/

Português do professor Silve ira Bueno encontramos o mesmo significado Torotama

- toró, espécie de tatu; tama, região lugar por eles habitado. (Bueno, 1982, p. 600)

Nos documentos do século XVIII este nome aparece escrito nas formas

mais diversas. Em 1738 numa portaria de André Ribeiro Coutinho está escrito Rincão

de Tororatama. Ainda no mesmo ano ele aparece na concessão de sesmaria a José

Ferreira Chaves, Torororitama (Docca, 1922, p. 219). Já na que é concedida a

76 BIELOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987.

João da Silva Souza no mesmo ano aparece Toruritama. (Monteiro e Trápaga,

1983, p. 14)

Na carta geográfica levantada por Silva Pais em 1737 aparece a

denomi-nação Rincão de Turoretama entre o canal que liga as lagoas Mirim e dos Patos, e o Rincão do Mercador. No início da ocupação do Rio Grande de São Pedro este rincão

era utilizado para se colocar a cavalhada e o gado que pertencia

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

àcoroa portuguesa. Em 1738 André Ribeiro Coutinho determina o seguinte sobre este rincão.

" ... o Rincão de Tororitarna é realengo, e nele pastará a cavalhada e vacaria que estiver da parte do Sul do Rio Grande de São Pedro; nele haverá um maioral,

um domador e cinco peões dos quais

serão destinados só para tratar do gado vacum; e à medida que crescer a cavalhada, se aumen tará o número de peões ... "

(AAHRGS, 1977, p. 111)

No entanto esta denominação não se limitava apenas ao rincão onde estava

a estância real, mas abrangia uma área bem mais extensa, incluindo o canal que liga as lagoas dos Patos e Mirim, além de uma ilha no canal do Rio Grande.

Na carta geográfica de Silva Pais aparece o canal de ligação entre as lagoas,

porém não há nenhuma denominação para ele. Em 1748 na carta geográfica de

D'Anville ele já aparece denominado Turerutama (Docca, 1921, p. 233-4). Mais

adiante em 1757 na concessão de sesmaria a Monoel Leite Vieira este canal é

denominado de Tororetama (Docca, 1922, p. 219). E ainda na carta da junta

Governativa ao Coronel Tomás Luis Osório datada de 1763 ele é escrito de forma um pouco diferente.

". . . por que sendo os inimigos senhores

da campanha também à guarnição deste

cortaram não só por terra os socorros

mas ainda os que lhe poderem vir pella Lagoa de Merim pondo no Sangra douro

de Turoretama quem os embarasse no

Ryo de Sam Miguel."

(Devassa, 1937, p. 10)

Quanto à ilha denominada Torutama há referência nas concessões de

ses-maria a Luiz de Vasconcelos e Souza em 1780 e 1782, (Monteiro &Trápaga, 1983, p. 15 -6), na de Manoel Marques de Souza em 1779 e na de Antonio Cabral de Mello em 1782. (Docca, 1921, p. 219)

Pelo fato do Rio Grande de São Pedro ser uma região de litígio entre

Portugal e Espanha, o sangradouro de Turoretama adquire importância estratégica,

pois quem detivesse a sua posse controlaria o tráfego de embarcações entre as lagoas dos Patos e Mirim bem como o acesso a região ao norte dele. Em vista disso Gomes

(13)

Freire de Andrada em 1754 manda construir o pequeno forte de São Gonçalo as

suas margens, para proteger a sua retaguarda quando ele se dirigisse às Missões.

(Barreto, 1973)

Na carta da Junta Governativa a Tomás Luis Osório em 1763 se destaca a

importância deste forte na defesa do sangradouro e de toda a região, pois a sua

ocupação pejos espanhóis poderia comprometer o abastecimento e o envio de socorro para a nova fortaleza de Santa Tereza, posto avançado dos portugueses.

" ... Entendendo vossa senhoria que a força do inimigo se pode fazer oppozição e essa nova fortaleza pode embaraçar a en trada do Paiz por essa parte estando esta em estado de defensa a deve guar-necer e sustentar porem com advertencia de que o inimigo lhe não possa cortar os socorros de que ha de carecer pois este o

poderá impedir ao mesmo tempo por

junto da fortaleza de Sam Miguel e por

Sam Gonçalo por onde se faz prezísso

trazer espias e partidas que avizem dos movimentos daquellas campanhas ... "

(Devassa, 1937, p. 10)

Durante alguns anos o canal continua denominado de Sangradouro de

Turoretama ou ainda Sangradouro de Mirim. Com a ocupação da Vila do Rio Grande

e regiões próximas pelas tropas castelhanas o canal passa a receber destes a denomi-nação do forte que ficava na sua margem.

"EI astuto Pombal había ido preparando

en Rio Grande una expedicion contra

Ias posesiones espafíolas en dicho punto. En 23 de Mayo de 1767 se descubrió

tropas portuguesas en Ia Sierra de los

Tapes, pertencientes al domínio espaãol y confinante con el rio de San Gonzalo,

acuartelandose y fortificandose en Ia

estancia deI P. Marques, território de Ia corona de Espana."

(Arana, 1937,p.334)

No pequeno mapa manuscrito de Millau de 1770, cujo original se encontra

no depósito Hidrográfico de Madri aparece o nome de S.Gonzalo para substituir o

de Turerutama (Docca, 1921, p. 236). Na mesma época os portugueses ainda fazem

distinção entre o forte e passo de São Gonçalo e o canal que é denominado de

Sangradouro de Merim. Na ordem de José Custódio de Sá e Faria a José Marcelino

de Figueiredo, sobre o ataque a Vila do Rio Grande em 1767 é eviden te esta distinção.

78 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90, 1987.

" ... Tambem incluo a V.S. as copias das

ordens que dey ao Cel, de Dragoens

José Cazemiro Roncally que sahio de

R.o Pardo pela parte de S. Gonçalo e

vão notadas com os ns. 1~ e 2~, e a

copia da carta que daqui lhe escrevi

debaixo do n. 3~.

Ao mesmo Coronel de Dragoens deve V.S. socorrer em cazo de lhe impedirem a passagem do R.~ chamado Sangradouro de Merim com o numero de Tropa que julgar conveniente, ... "

(Monteiro, 1979, p. 188)

No final de 1775 em carta ao Marquês de Lavradio, em que relatava os

preparativos para a retomada da Vila do Rio Grande, o General Henrique Boehn

fala sobre a necessidade de com a ajuda de Deus assenhorear-se do canal, chamando-o de Sangradouro de Mirim.

" ... Ce Poste embarassant

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toujours notre

communication avec Je Rio Pardo,

quoique Dieu nous aidât à rechasser les

Espanhols du Bord Méridional de Cette

Riviêre et nous rendit Maitres du San-gradouro Mirin."

(Boehn,1979,p.89)

No ano seguinte em outra carta ao Marquês de Lavradio datada de 10 de maio o General Boehn faz uma referência muito esclarecedora sobre a denominação que era dada pelos espanhóis ao sangradouro.

" ... J'avois dans ce mêrne voyage pour objet d'examiner les passages du Sangra-douro de Mirim (que les Espanhol appel-lent Rio de St. Gonzalo Gazu) ... "

(Boehn, 1979,p. 120)

Porém ainda em 1780 o canal era chamado pelos portugueses de

Sangra-douro de Mirim. (Rodrigues, 1898, p. 233)

No século XIX no entanto já se havia afirmado o nome de São Gonçalo

para denominar o canal de Turerutama.

" ... está também prolongada com a costa e desagua para a dos Patos por um canal

de 14 de comprido, largo, vistoso e

navegável, que é o mencionado Rio de

São Gonçalo."

BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987.

(Casal, 1976, p. 68)

(14)

Este nome permanece até os dias de hoje, tendo caído no esquecimento a

sua primeira denominação que o ligava ao indígena habitante de suas margens.

Na região que ficava entre o canal de Turerutama e a ilha do mesmo nome

no início da ocupação do Rio Grande de São Pedro formou-se uma povoação com

as famílias vindas da Colônia do Sacramento e das ilhas açorianas. Esta povoação

era conhecida como Povo Novo de Torontama (Bóehn, 1979, p. 120), ou ainda

Povo Nuevo de Torretama (Teschauer, 1921, p. 242). Com o passar dos anos perde

a denominação Torotama ficando conhecida apenas por Povo Novo.

O que se pode constatar é que os nomes indígenas além de sofrerem

modifi-cações, são muitas vezes substituídas por nomes dados pelo conquistador, perdendo-se

para a história de uma terra e de um povo.

Umbú

Com este nome existia em 1748 um capão no município do Rio Grande,

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icomo se pode observar na concessão de sesmaria a Pedro Teixeira Cardoso, e que

possuía as seguintes confrontações: Terras na cabeceira do Arroio das Corticeiras,

para noroeste e terminam no capão chamado "Umbu". (Monteiro &Trápaga, 1983,

p. 15)

Teodoro Sampaio o traduz como o que faz beber; o que dá a beber,

refe-rindo-se aos tubérculos grandes do umbú que guarda água em suas raízes. (Docca,

1925,p.223)

Atualmente, ainda existe um capão com este nome no lugar denominado

Barra Falsa, segundo o morador da região, Ariano Souza (comentário pessoal).

CONCLUSÃO

Ao terminar este trabalho sobre toporurma indígena no murucipio do

RíoCrande constata-se que muitas são as perguntas à espera de resposta. Pelo fato

de ele ter sido realizado com um tempo limitado muitas destas perguntas não puderam

ser respondidas, pois foram muitas as fontes que ficaram por consultar.

Espera -se que ele tenha cumprido a sua missão de trazer um pouco de luz

sobre a denominação indígena e a história dos acidentes geográficos de nossa terra.

ABREVIATURAS

AAHRGS - Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.

RIHGRGS - Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.

ABSTRACf

Rio Grande Municipal District Native Toponymy trcats 01' the gcographical accidents with nativo names that the district has. Besidcs the signification and origin, they have been focalized in the historical context until the eighteenth centery end.

80 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55-90, 1987.

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