Conselho da União Europeia Bruxelas, 10 de dezembro de 2020 (OR. en) 13850/20 LIMITE PECHE 425 Dossiê interinstitucional: 2020/0308(NLE) NOTA de: Presidência para: Conselho
Assunto: Proposta de Regulamento do Conselho que fixa, para 2021, as
possibilidades de pesca para certas unidades populacionais de peixes e grupos de unidades populacionais de peixes, aplicáveis nas águas da União e, para os navios de pesca da União, em certas águas não pertencentes à União
– Acordo político
I. INTRODUÇÃO
1. Em 27 de outubro de 2020, a Comissão apresentou ao Conselho a sua proposta de regulamento do Conselho que fixa, para 2021, as possibilidades de pesca para certas unidades populacionais de peixes e grupos de unidades populacionais de peixes, aplicáveis nas águas da União e, para os navios de pesca da União, em certas águas não pertencentes à União. A proposta destina-se a fixar, para 2021, as quantidades máximas de pesca para unidades populacionais específicas.
2. Não é exigida nem a participação do Parlamento Europeu no procedimento nem o parecer do Comité Económico e Social (artigo 43.º, n.º 3, do TFUE).
4. Os membros do Grupo da Política Interna das Pescas analisaram a proposta da Comissão1 e os documentos oficiosos2 nas reuniões informais que se realizaram por videoconferência entre 28 de outubro e 8 de dezembro de 2020. As delegações salientaram uma série de princípios gerais a seguir na fixação dos totais admissíveis de capturas (TAC). Além disso, foi elaborada uma lista de unidades populacionais para as quais não se consideram
necessários novos debates sobre os níveis dos TAC, a qual consta do anexo da presente nota. Esta abordagem tem por base o princípio de que não há acordo sobre nada enquanto não houver acordo sobre tudo.
5. O Comité de Representantes Permanentes debateu a proposta em 9 de dezembro de 2020, tendo em vista a preparação do Conselho (Agricultura e Pescas) de 15 e 16 de dezembro de 2020. As delegações reiteraram as suas principais prioridades para as possibilidades de pesca em 2020. No que diz respeito ao documento oficioso relacionado com as unidades populacionais partilhadas com o Reino Unido e a Noruega, embora tenham, de um modo geral, apoiado a abordagem de uma solução provisória, as delegações também manifestaram a sua preocupação quanto ao calendário proposto, tendo algumas preconizado um período de quatro a seis meses. Para ir ao encontro destas preocupações, e caso os três meses se
afigurem insuficientes no início de 2021, a Comissão comprometeu-se a reagir em
conformidade para assegurar a estabilidade do setor e tempo suficiente para a realização de consultas exaustivas com os parceiros internacionais. Além disso, as delegações aprovaram a abordagem geral do documento oficioso sob reserva de duas condições: uma no sentido de exigir que a Comissão submeta a questão ao Conselho caso o Reino Unido e a Noruega não aceitem a abordagem sugerida; outra relacionada com a necessidade de se realizarem novos debates, inclusive possivelmente no Conselho, sobre as exceções à recondução.
1 Doc. 12189/20 + ADD 1 e 2
6. Em geral, e a menos que se verifiquem circunstâncias especiais aplicáveis a
determinadas unidades populacionais, a Presidência considera que os debates e a decisão
definitiva se deverão pautar pelos seguintes princípios:
– O firme empenhamento nos objetivos da política comum das pescas (PCP) enunciados no artigo 39.º do TFUE e no artigo 2.º do regulamento PCP3, incluindo a consecução do rendimento máximo sustentável (RMS);
– O cumprimento das disposições dos planos plurianuais em vigor;
– A fundamentação das decisões nos melhores pareceres científicos disponíveis; – Para as unidades populacionais em relação às quais os dados sejam limitados e os
pareceres científicos indicativos, a aplicação de uma abordagem caso a caso, tendo em conta as tendências das populações:
1) Quando a tendência for positiva, deverá aplicar-se um aumento moderado do TAC;
2) Quando a tendência for negativa, deverá aplicar-se uma diminuição moderada do TAC;
3) Quando a tendência for estável, deverá aplicar-se uma recondução do TAC; – Quando não existir nenhum parecer científico, deverá ser feito um exame caso a caso de
cada unidade populacional pertinente.
7. Há ainda algumas questões pendentes, que se apresentam na parte II infra. As observações apresentadas por escrito contêm mais pormenores sobre as posições das delegações
relativamente a esses pontos4.
3 Regulamento (UE) n.º 1380/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2013, relativo à política comum das pescas, que altera os Regulamentos (CE)
n.º 1954/2003 e (CE) n.º 1224/2009 do Conselho e revoga os Regulamentos (CE)
n.º 2371/2002 e (CE) n.º 639/2004 do Conselho e a Decisão 2004/585/CE do Conselho (JO L 354 de 28.12.2013, p. 22).
II. QUESTÕES PENDENTES
8. As delegações manifestaram as seguintes preocupações:
a. Quanto à orientação geral definida no documento oficioso5 relacionada com os TAC partilhados com o Reino Unido e a Noruega, embora as delegações tenham, de um modo geral, manifestado o seu apoio ao princípio geral de se proceder a uma recondução
temporária, que consideram uma abordagem sensata e prática, subsistem muitas questões que se prendem com o prazo de três meses proposto, as exceções devidas à sazonalidade ou as alterações drásticas no parecer CIEM. As delegações mantiveram reservas de análise. Em 9 de dezembro de 2020, foi recebido um documento oficioso adicional6 com os valores para cada unidade populacional, bem como com disposições sobre trocas de quotas e medidas técnicas, que tem ainda de ser analisado pelas delegações. A Comissão explicou que os documentos oficiosos serviriam de base para consultar o Reino Unido e a Noruega sobre esta solução provisória, antes de a submeter ao Conselho. As delegações foram unânimes em considerar que a prioridade é assegurar a continuidade das atividades de pesca em 1 de janeiro de 2021. A Comissão garantiu às delegações que partilha do objetivo de evitar uma
interrupção das atividades de pesca. Tal como referido no ponto 5. supra, o Comité de
Representantes Permanentes aprovou a linha geral apresentada nesse documento oficioso, sob reserva das duas condições definidas e à luz do compromisso da Comissão acima referido. b. Neste contexto, várias delegações salientaram a importância das unidades populacionais
partilhadas com a Noruega, bem como de outros acordos bilaterais, que dependem igualmente do resultado das negociações com o Reino Unido, devido à presença simultânea de várias unidades populacionais em diferentes águas nacionais. As delegações salientam a importância de concluir as consultas bilaterais e mantêm uma reserva de análise até que os valores
definitivos sejam conhecidos. Algumas delegações reiteram igualmente a necessidade de encontrar uma solução pragmática para aproveitar as possibilidades de pesca do
caranguejo--das-neves.
5 Doc. 13775/20
c. Devido a estas circunstâncias, as delegações recordam que o processo deste ano para chegar a um acordo político é muito diferente dos anos anteriores, também atendendo a que a
Comissão propõe uma recondução temporária geral para uma grande maioria das unidades populacionais partilhadas com o Reino Unido e a Noruega.
d. As delegações apoiam a abordagem que visa a consecução e manutenção do RMS, tal como estabelecido na PCP. No entanto, em casos específicos, algumas delegações consideram que seria adequada uma maior flexibilidade, em especial no contexto das pescarias mistas, da aplicação efetiva da obrigação de desembarque e da tomada em consideração dos aspetos
socioeconómicos. Neste contexto, as delegações pedem que, na medida do possível, se tire
pleno partido dos intervalos previstos nos planos plurianuais, em vez de se escolher
sistematicamente o valor mais baixo. Algumas delegações questionam igualmente o parecer
do CIEM sobre unidades populacionais específicas. Por conseguinte, as delegações
contestam alguns dos níveis de TAC propostos.
e. Muitas delegações sublinham as dificuldades encontradas no que toca às pescarias mistas, em especial na questão das espécies bloqueadoras, caso em que, no âmbito da obrigação de desembarque, os baixos níveis de quotas (para as capturas acessórias) ou a existência de TAC nulos podem levar à suspensão da pescaria de um navio, mesmo que não tenha esgotado a sua quota para outras espécies. Várias delegações apoiam a continuação do mecanismo de troca de quotas (artigo 8.º do atual regulamento relativo às possibilidades de pesca7) acordado para 2019 e 2020.
f. Várias delegações assinalaram a importância de proteger unidades populacionais vulneráveis e a sua disponibilidade para debater eventuais medidas técnicas, embora não necessariamente no contexto do presente regulamento.
7 Regulamento (UE) 2020/123 do Conselho, de 27 de janeiro de 2020, que fixa, para 2020, em relação a determinadas unidades populacionais de peixes e grupos de unidades populacionais de peixes, as possibilidades de pesca aplicáveis nas águas da União e as aplicáveis, para os navios de pesca da União, em certas águas não União
g. Para as unidades populacionais relativamente às quais os dados sejam limitados, a maioria das delegações prefere que se adote uma abordagem caso a caso, dando a devida importância aos melhores pareceres científicos disponíveis e à tendência verificada nos indicadores. Entre as preocupações específicas manifestadas pelas delegações contam-se as reduções sistemáticas dos TAC de precaução, devido a alterações dos modelos científicos ou à dificuldade de realizar avaliações científicas normais. Além disso, no caso das unidades populacionais para as quais o parecer do CIEM foi emitido por um período de dois anos, várias delegações instam a Comissão a reconduzir o TAC do primeiro ano para o segundo ano, a fim de assegurar a estabilidade na ausência de novos pareceres científicos.
h. Algumas delegações solicitam a inclusão ou o aumento dos níveis da flexibilidade
interzonal, bem como da flexibilidade interespécies. A este respeito, certas delegações
também recordam a obrigação de cumprir várias condições e manifestam preocupação quanto ao potencial impacto sobre as espécies vulneráveis. No que diz respeito à flexibilidade
interanual, algumas delegações interrogam-se sobre a possibilidade de aumentar as
transferências de 2020 para 2021, tendo em conta a baixa taxa de utilização decorrente das restrições da COVID-19.
i. Uma delegação refere o seu direito de invocar as preferências da Haia. Quanto à abordagem da Comissão para incluir as preferências da Haia conforme acordado no ano passado8 na recondução temporária, tal como consta do documento oficioso 13775/20, algumas delegações mantiveram as suas reservas.
III. CONCLUSÃO
9. Convida-se o Conselho a analisar as questões pendentes acima referidas no ponto II, tendo em vista a obtenção de um acordo político no Conselho.
Anexo
ANEXO I A:
Lagostim nas divisões 8abde Carapau na subzona 9 Anexo I B:
Capelim na divisão 2b
Escamudo nas águas internacionais das subzonas 1 e 1
Alabote-da-gronelândia nas águas internacionais das zonas 1 e 2
Cantarilhos (pelágicos de águas pouco profundas) nas águas da União e internacionais da divisão 5, nas águas internacionais das subzonas 12 e 14
Cantarilhos (pelágicos de águas mais profundas) nas águas da União e internacionais da divisão 5, águas internacionais das subzonas 12 e 14
Cantarilho nas águas internacionais das subzonas 1 e 2 Todas as unidades populacionais para:
Anexo IC – Atlântico noroeste – área da Convenção NAFO Anexo IE – Atlântico sudeste – zona da Convenção SEAFO Anexo IH – Zona da Convenção SPRFMO
Anexo IJ – Zona de competência da IOTC Anexo IK – Zona do Acordo SIOFA Anexos II – VIII