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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2015.0000933300 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0000909-28.2014.8.26.0042, da Comarca de Altinópolis, em que é apelante RODRIGO APARECIDO DIAS, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao apelo defensivo, mantendo-se, na íntegra, a r. sentença atacada. v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA.

São Paulo, 1 de dezembro de 2015.

Guilherme de Souza Nucci PRESIDENTE E RELATOR

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Apelação criminal nº 0000909-28.2014.8.26.0042 Comarca: Altinópolis

Apelante: Rodrigo Aparecido Dias Apelado: Ministério Público

VOTO Nº. 11.515

Apelação. Estupro contra a própria genitora. Absolvição. Alegada fragilidade probatória. Não ocorrência. Versão defensiva isolada nos autos. Versão acusatória confirmada por testemunha presencial dos fatos. Condenação mantida. Desclassificação para importunação ofensiva ao pudor. Inviabilidade. Masturbação da vítima. Conduta que atingiu de forma grave a liberdade e dignidade sexuais da ofendida.

Penas. Réu beneficiado. Existência de duas agravantes ascendência e idade , tendo sido aplicada apenas uma pelo juiz de piso. Ausência de recurso ministerial. Pena mantida. Regime fechado adequado à reprovabilidade da conduta. Apelo improvido.

Pela sentença de fls. 143/147, proferida em 28/01/2015 pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Aleksander Coronado Braido da Silva, da Vara Única da Comarca de Altinópolis, RODRIGO APARECIDO DIAS foi condenado à pena de 7 anos de reclusão, em regime inicial fechado, dando-o como incurso nos art. 213, caput, c.c. art. 61, II, e, ambos do Código Penal.

Irresignada, a defensoria do réu maneja o presente recurso de apelação, alegando fragilidade probatória. Subsidiariamente, pugnou pela desclassificação da conduta para

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importunação ofensiva ao pudor, ou a redução da pena e fixação de regime mais brando (fls. 163/167).

O Ministério Público se bateu pelo acerto do decisum (fls. 174/176) e a Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo improvimento do apelo (fls. 198/207).

É o relatório.

Segundo consta, em 24/04/2014, o acusado constrangeu sua genitora, mediante violência, a permitir que com ela praticasse ato libidinoso diverso de conjunção carnal.

Conforme apurado, o réu, ao chegar em sua residência, embriagado e drogado, ordenou que sua mãe tirasse a roupa, tendo esta ignorado os dizeres do acusado e se dirigido ao seu quarto. O acusado a perseguiu, jogando-a no chão e despindo-a de sua saia, vindo, em seguida, a colocar a mão sob sua roupa íntima, masturbando-a.

A filha da ofendida foi avisada por um vizinho que sua genitora gritava por socorro, tendo se dirigido imediatamente ao local. Lá chegando, deparou-se com seu irmão acariciando a vagina da vítima, tendo acudido a ofendida e posto fim ao ato criminoso. A polícia foi acionada, sendo o acusado preso em flagrante delito.

Interrogado em solo policial, o acusado negou os fatos imputados a sua pessoa. Admitiu beber com frequência e fazer uso de drogas, porém, esclareceu que, naquela ocasião, estava apenas alcoolizado.

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disse não se lembrar se acariciou as partes íntimas de sua mãe ou se lhe fez alguma brincadeira com conotação sexual. Relatou ter se dirigido ao quarto da ofendida, onde apenas teria feito um comentário jocoso sobre as dores nas costas por ela sentidas. Nesta ocasião, ao tocá-la, a mãe teria se assustado e gritado por socorro, dando ensejo à situação verificada,

A vítima confirmou seu depoimento prestado em solo policial, reforçando estar assistindo televisão na noite dos fatos, quando o réu chegou na residência visivelmente alterado, ordenando que tirasse a roupa. Após repreender o acusado, a vítima dirigiu-se ao seu quarto. Em seguida, foi surpreendida pelo réu, o qual a segurou à força, abaixou suas vestes e acariciou suas partes íntimas, sendo resgatada pela sua filha. Apontou apresentar o réu problemas com drogas, já tendo feito outras ameaças, inclusive de cunho sexual. Afirmou ter tentado buscar auxílio para a recuperação do acusado, contudo, este recusa qualquer tipo de ajuda.

A testemunha Rita Maria, filha da ofendida e irmã gêmea do réu, esclareceu ter sido avisada sobre o que ocorria por um vizinho, sendo que, ao chegar à casa da mãe, encontrou-a com a saia na altura dos joelhos e o acusado agarrando-a por trás. Confirmou ser o réu alcoólatra e viciado em drogas, estando visivelmente alterado no dia dos fatos. Informou que o réu já havia ameaçado sua mãe em outras ocasiões. No mesmo sentido, informou que o irmão já havia se insinuado para ela, ocasião na qual a depoente, para proteger a si e aos filhos, deixou o imóvel da família.

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O miliciano Carlos Alberto esclareceu ter sido acionado pelos vizinhos da ofendida, tendo se dirigido ao local acreditando tratar-se de situação de agressão. Ao chegar à residência, a vítima já havia sido encaminhada ao hospital e o réu encontrava-se deitado em uma cama. Devido ao estado de embriaguez, sendo incapaz de responder as perguntas que lhe eram feitas, o acusado também foi levado ao nosocômio. Lá, a irmã do acusado relatou o ocorrido aos policiais, os quais, diante dos fatos, conduziram o acusado à delegacia.

Do conjunto probatório coligido, verifico inexistir dúvidas quanto à materialidade e autoria delitivas.

Note-se restar absolutamente isolada nos autos a versão defensiva, enquanto os fatos narrados na denúncia foram devidamente comprovados pelos harmônicos depoimentos da ofendida e de sua filha, testemunha presencial dos fatos.

Desta feita, não se há falar em fragilidade probatória.

Também inviável a desclassificação da conduta para contravenção penal. A desclassificação para importunação ofensiva ao pudor apenas seria possível se a conduta do agente não houvesse atingido de forma séria a liberdade e a dignidade sexual da ofendida, ou seja, se houvesse apenas abalado seu sentimento de pudor.

Por evidente, não é esta a hipótese dos autos, sendo clara e cristalina a grave ofensa à liberdade sexual da ofendida, senhora de 70 anos de idade, maculada por seu

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próprio filho que com ela residia.

De rigor, portanto, a manutenção do delito de estupro.

Na dosimetria da pena, entendo tenha sido o réu inclusive beneficiado.

Isto porque, o magistrado sentenciante considerou a existência de apenas uma agravante, qual seja a circunstância de ser a vítima ascendente do réu (art. 61, II, e, CP), elevando a pena em 1/6.

Contudo, também deveria ter sido

aplicada a agravante referente à idade da ofendida (art. 61, II, h, CP), posto contar esta com mais de 60 anos.

Porém, inexiste recurso ministerial,

motivo pelo qual nada se pode fazer a respeito.

Assim, a reprimenda permanece em 7 anos de reclusão.

O regime inicial fechado mostra-se compatível com alta reprovabilidade da conduta praticada pelo apelante.

Ante o exposto, pelo meu voto, nego provimento ao apelo defensivo, mantendo-se, na íntegra, a r. sentença atacada.

GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator

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