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Capítulo 14
Expandindo as portas de
comunicação 8031 com a PPI 8255
Como discutido ao longo do livro, o 8031 deixa 8 bits para controle genérico de dispositivos. Em situações nas quais se necessita um número muito maior de bits, pode-se lançar mão de dispositivos auxiliares como a PPI 8255 para multiplicar por 3 esse número.
14.1 Interface PPI 8255
8255 é o código comercial de uma interface programável de periféricos (Peripheral Programmable Interface - PPI 8255) apresentada num circuito integrado (CI) de 40 pinos. O chip (parte interna do CI) é fabricado usando
a tecnologia de portas canal-N de silício e funciona como uma interface paralela de entrada e saída (E/S).
A configuração funcional do 8255 é composta por três portas de comuni-cação com o ambiente externo e é programada por software não requerendo nenhuma lógica externa para “interfacear” dispositivos periféricos.
Os três modos básicos de operação, selecionados por software são: • Modo 0: o 8255 tem operações de entrada e saída simples para três
por-tas de 8 bits cada. Os dados são lidos e escritos na porta especificada (Porta A, B ou C) sem o uso do sinal de handshaking ;
• Modo 1: a PPI habilita a transferência de dados de entrada e saída nas portas de 8 bits A e B, em conjunto com o sinal de handshaking .
As portas A e B neste modo, usam as linhas da porta C para gerar ou aceitar o sinal de handshaking com o dispositivo periférico;
• Modo 2: ele habilita a comunicação com dispositivos periféricos por via de um barramento bidirecional de 8 bits (Porta A). Os sinais de
handshaking, são preparados sobrepondo as linhas da Porta C (a porta
B, neste modo, não é utilizada). Características físicas:
• Alimentação: 0 e 5 Volts • Fonte de saída: 1mA e 1,5 Volts • Apresentação: pastilha de 40 pinos
• 24 pinos para portas de entrada e saída programáveis • Capacidade de bit de set/Reset direto
• Compatível com os níveis TTL
14.1.1 Sistema de conexões
Do lado esquerdo da Figura 14.1, observa-se os sinais que serão conectados ao barramento interno do computador, ou seja, os sinais de controle (RD, WR,
Reset, CS), de endereçamento (A0, A1) e os oito pinos de entrada e saída de
dados (D7-D0) através dos quais se efetuará a comunicação com a CPU. Do lado direito da Figura 14.1 pode-se observar os 24 pinos que compõem as portas de entrada e saída (PA, PB, PC) a serem conectadas com os perifé-ricos do ambiente externo.
grupo A porta A grupo B porta B grupo A porta C grupo B porta C controle do grupo A controle do grupo B buffer do barramento de dados 0! 0! 0# 0# 0# 0# 0" 0" p e r i f é r i c o s lógica de controle leitura e escrita barramento interno de 8 bits A0 A1 Reset CS RD WR barramento de dados 8255 barramento de endereço barramento de controle
Figura 14.1 – Diagrama em blocos do 8255.
14.1.2 Definição funcional dos pinos de entrada e saída
A distribuição física dos pinos presente no circuito integrado é mostrada na Figura 14.2. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 40 39 38 37 36 35 34 33 32 31 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 PA3 PA2 PA1 PA0 RD CS Terra A1 A0 PC7 PC6 PC5 PC4 PC3 PC2 PC1 PC0 PB0 PB1 PB2 PA4 PA5 PA6 PA7 WR RST D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 Vcc PB7 PB6 PB5 PB4 PB3
8255
14.1.3 Sinais de entrada
Esta interface possui pinos que dão fluxo à entrada e saída de dados, ende-reços e controle. O primeiro grupo a ser estudado admite apenas a entrada de sinais de controle e endereço.
• Chip select (-CS), pino 6 – Quando baixo, o chip é selecionado. Isto
habilita a comunicação entre 8255 e o microprocessador.
• Read (-RD), pino 5 – Quando baixo, permite à CPU ler dados ou
in-formações de estado a partir do 8255.
• Write (-WR), pino 36 – Quando baixo, permite à CPU escrever dados
ou palavras de controle no 8255.
• Port Select (A0, A1), pinos 9 e 8 – Estas duas entradas são normalmente
conectadas aos bits menos significativos (LSB) do barramento de ende-reços do sistema, como exemplificado na Figura 14.3. São utilizadas para selecionar um entre quatro registradores: porta A, B, C ou registrador da palavra interna de controle como indicado na Tabela 14.1.
A1 A0
barramento de endereços
Figura 14.3 – Ligação entre os pinos de seleção das portas e o barramento do computador.
Tabela 14.1 – Endereços das portas e registrador de controle
A1 A0 Selecionado
0 0 Porta A
0 1 Porta B
1 0 Porta C
1 1 Registrador da palavra de controle
• Reset, pino 35 - Quando alto, limpa todos os registradores internos do
chip e ajusta as portas A, B e C para o modo de entrada para alta
impe-dância, conhecido como terceiro estado (tri-State). Esta técnica é utilizada
para prevenir a destruição de circuitos eletrônicos conectados às portas, pois, em geral, dispositivos periféricos utilizam o mesmo método. Assim, poderia haver uma ligação de porta de saída após um Reset e isto poderia
danificar um deles ou ambos (computador e periférico).
14.1.4 Sinais de entrada e saída
Este grupo de pinos do chip admite entrada e saída de dados, não sendo utilizado para controle ou endereçamento.
• Data (D7-D0), pinos 27 a 34 – Este barramento é composto de 8 linhas
de entrada e saída em tri-State. O barramento possui comunicação
bidi-recional entre o 8255 e a CPU. Os dados são movimentados para (ou do)
buffer de barramento de dados, logo após a execução da instrução OUT ou IN, respectivamente, pela CPU. As palavras de controle e informações de estado também são transferidas via buffer do barramento de dados.
• Port A (PA7-PA0), pinos 37 a 40, 1 a 4 – Estas portas de entrada e saída
de 8 bits formam um latch/buffer de saída de dados de 8 bits e/ou um latch de entrada de dados de 8 bits.
• Port B (PB7-PB0), pinos de 18 a 25 – Esta porta de entrada e saída de
8 bits forma um latch/buffer de saída de dados de 8 bits ou um buffer
de entrada de 8 bits.
• Port C (PC7-PC0), pinos 10 a 17 – Esta porta de entrada e saída de 8
bits forma um latch/buffer de saída de dados de 8 bits ou um buffer de
entrada de 8 bits.
Esta última porta pode ser dividida em duas portas de 4 bits através do registrador de controle de modo. Cada uma destas portas de 4 bits possuem um latch de 4 bits que podem ser usados para sinais de controle e de estado,
que por sua vez trabalham em conjunto com as portas A e B.
Através de software pode-se incluir uma palavra de controle de set/Reset
para ligar ou desligar qualquer um dos 8 bits da porta C.
14.2 Formatos das palavras de controle
Como mostra a Figura 14.4, a palavra de controle pode ter dois sentidos: • O primeiro, quando o bit 7 é alto (MSB = 1), utilizado para definir o
modo de operação das portas de entrada e saída desta PPI. Sempre que o modo é trocado, todas as saídas dos registradores (e flip/flops) são ajustadas para zero (desligadas).
• O segundo, quando o bit 7 é baixo (MSB = 0), utilizado para ligar ou desligar um bit da porta C, ou quando se quer habilitar os sinais de interrupção (saída) para transferência de dados para handshaking.
0 = set/reset dos bits da porta C 1 = definição de modo 7 6 5 4 3 2 1 0
Figura 14.4 – Destaque do bit 7 da palavra de controle e exemplo de programação.
Como a palavra que controla a programação da PPI depende do bit 7, as Figuras 14.5 e 14.6, mostram as possíveis composições do conjunto de bits que definem o modo de operação das portas.
D7 D6 D5 D4 D3 D2 D1 D0 AJUSTE MODO 0ORTA 0ORTA !LTA 3ELE¥ÎO 8 3ELE¥ÎO
DE 0ORTA 0ORTA"AIXA
Grupo A Grupo B
Figura 14.5 – Formato da palavra de controle e definição de modo.
D7 D6 D5 D4 D3 D2 D1 D0
bit de set / reset
ajusta o valor no bit selecionado 0 = set / reset bits de seleção 000 = 0 001 = 1 010 = 2 011 = 3 100 = 4 101 = 5 110 = 6 111 = 7 não utilizados
Figura 14.6 – Formato da palavra de controle para ajustar (set/Reset) os bits da porta C.
14.3 Modos de operação
O 8255 possui 3 modos de operação que podem utilizar sincronização dos dados através de handshaking ou leitura e escrita não sincronizada.
14.3.1 Modo 0 – Entrada e saída básicas
Neste modo (Tabela 14.2) existem operações de entrada e saída simples para cada uma das três portas. O sinal de handshaking não é utilizado; os dados
são simplesmente lidos ou escritos na porta especificada.
Tabela 14.2 – Definição das portas no Modo 0.
no D7 D6 D5 D4 D3 D2 D1 D0 A C(HI) B C(LO)
0 1 0 0 0 0 0 0 0 saída saída saída saída
1 1 0 0 0 0 0 0 1 saída saída saída entrada
2 1 0 0 0 0 0 1 0 saída saída entrada saída
3 1 0 0 0 0 0 1 1 saída saída entrada entrada
4 1 0 0 0 1 0 0 0 saída entrada saída saída
5 1 0 0 0 1 0 0 1 saída entrada saída entrada
6 1 0 0 0 1 0 1 0 saída entrada entrada saída
7 1 0 0 0 1 0 1 1 saída entrada entrada entrada
8 1 0 0 1 0 0 0 0 entrada saída saída saída
9 1 0 0 1 0 0 0 1 entrada saída saída entrada
10 1 0 0 1 0 0 1 0 entrada saída entrada saída
11 1 0 0 1 0 0 1 1 entrada saída entrada entrada
12 1 0 0 1 1 0 0 0 entrada entrada saída saída
13 1 0 0 1 1 0 0 1 entrada entrada saída entrada
14 1 0 0 1 1 0 1 0 entrada entrada entrada saída
15 1 0 0 1 1 0 1 1 entrada entrada entrada entrada
14.3.2 Modo 1 – Entrada e saída com strobe
Este modo possui o recurso de transferência de dados de entrada e saída para ou de uma porta especificada, em conjunto com os sinais de strobe ou handshaking. As portas A e B são linhas de dados que utilizam as linhas da
porta C para gerar ou aceitar os sinais de handshaking. O programa pode,
por exemplo, ler o conteúdo da porta C para testar ou verificar o estado de
cada dispositivo periférico.
A seguir, dois exemplos (Figuras 14.7 e 14.8) baseados nos sinais de
8255 dispositivo externo CPU -OBF -ACK INTR dado
Figura 14.7 – Saída de dados com handshaking .
• Saída: O 8255 disponibiliza o dado no barramento e, logo após, en-via um sinal OBF (output buffer full) baixo, para avisar o dispositivo
que o dado está disponível. Este, por sua vez, retorna-lhe o sinal ACK (ackowledge) baixo, reconhecendo o protocolo e avisando que já
“pe-gou” o dado. Logo após, o 8255 pode disparar um sinal para a CPU através da linha de interrupção, com o intuito de executar uma rotina específica, por exemplo, gerar novos dados.
8255 CPU IBF -STB dado INTR dispositivo externo
Figura 14.8 – Entrada de dados com handshaking .
• Entrada: O dispositivo disponibiliza o dado no barramento e, logo após, envia um sinal IBF (input buffer full) para avisar o 8255 que o
dado está disponível. Este, por sua vez, retorna-lhe o sinal STB (strobe)
baixo, reconhecendo o protocolo e avisando que já “pegou” o dado. Logo após, o 8255 pode disparar um sinal para a CPU através da linha de interrupção, com o intuito de executar uma rotina específica, por exemplo, para tratar os novos dados.
14.3.3 Modo 2 – Entrada e saída em barramento bidirecional com strobe
Este modo habilita a comunicação com os dispositivos periféricos, através de um único barramento de 8 bits, tanto para transmissão quanto para recepção de dados (barramento de dados bidirecional). Os sinais de handshaking são
A Tabela 14.3 apresenta um resumo de definição dos modos possíveis.
Tabela 14.3 – Descrição dos sinais em cada modo
Modo 0 Modo 1 Modo 2
Bits das portas Entrada Saída Entrada Saída Entrada/Saída
PA0 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA1 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA2 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA3 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA4 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA5 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA6 entrada saída entrada saída Bidirecional
PA7 entrada saída entrada saída Bidirecional
PB0 entrada saída entrada saída
Somente no Modo 0
ou Modo 1
PB1 entrada saída entrada saída
PB2 entrada saída entrada saída
PB3 entrada saída entrada saída
PB4 entrada saída entrada saída
PB5 entrada saída entrada saída
PB6 entrada saída entrada saída
PB7 entrada saída entrada saída
PC0 entrada saída INTRB INTRB E/S
PC1 entrada saída IBFB -OBFB E/S
PC2 entrada saída -STBB -ACKB E/S
PC3 entrada saída INTRA INTRA INTRA
PC4 entrada saída -STBA E/S -STBA
PC5 entrada saída -IBFA E/S -IBFA
PC6 entrada saída E/S -ACKA -ACKA
14.4 Projetando o decodificador de endereços
Como o 8255 tem duas linhas de endereço (A1 e A0) para selecionar seus quatro registradores e o chip select (-CS) para ativar a sua pastilha, este circuito
foi projetado para utilizar os últimos endereços do barramento de endereços (A-BUS) de dezesseis linhas (A15 a A0).
Um barramento deste tipo pode endereçar de 0000h até FFFFh, portanto os quatro últimos valores são: CFFF, DFFF, EFFF e FFFF. Repare na Tabela 14.4 que, nestes quatro números, os bits A15, A14, A11 até A0 são sempre altos (1) e as linhas A13 e A12 variam seqüencialmente.
Tabela 14.4 – Conexões do 8031 com o 8255
Lado do 8031
C-BUS Endereços (A-BUS)
RST -RD -WR A15 A14 A13 A12 A11-A8 A7-A4 A3-A0 HEXA
0 0 0 0 1111 1111 1111 0FFF 0 0 0 1 1111 1111 1111 1FFF 0 0 1 0 1111 1111 1111 2FFF 0 0 1 1 1111 1111 1111 3FFF 0 1 0 0 1111 1111 1111 4FFF 0 1 0 1 1111 1111 1111 5FFF 0 1 1 0 1111 1111 1111 6FFF 0 1 1 1 1111 1111 1111 7FFF 1 0 0 0 1111 1111 1111 8FFF 1 0 0 1 1111 1111 1111 9FFF 1 0 1 0 1111 1111 1111 AFFF 1 0 1 1 1111 1111 1111 BFFF 1 1 0 0 1111 1111 1111 CFFF 1 1 0 1 1111 1111 1111 DFFF 1 1 1 0 1111 1111 1111 EFFF 1 1 1 1 1111 1111 1111 FFFF RST -RD -WR -CS A1 A0 -CS Lado do 8255
As linhas A15, A14, A11 a A0 serão combinadas por duas portas “NÃO E” e uma porta “E”, para gerar o sinal chip select (–CS) do 8255. A Figura 14.9
8031
8255
P0 parte P0 parte P2 P3 P1 A12 A13 A7 A6 A5 A4 A3 A2 A1 A0 1 2 3 4 5 6 11 12 -RD -WR RST A0 A1 -RD -WR RST CS P27 P26 P25 P24 P23 P22 P21 P20 P17 P16 P15 P14 P13 P12 P11 P10 P07 P06 P05 P04 P03 P02 P01 P00 D0-D7barramento de dados
1 2 37430
87430
Vcc Vcc A15 A14 A11 A10 A9 A8 1 2 3 4 5 6 11 12 87430
Figura 14.9 – Decodificador de endereços para o 8255.
Outra forma de criar um decodificador de endereços para este chip é
uti-lizar os endereços FFFF, FFFE, FFFD e FFFC para ativar o chip e endereçar
seus quatro registradores.
De forma semelhante, as linhas de endereço A13 até A0 devem compor o chip select e as linhas A15 e A14 são ligadas respectiva e diretamente aos