Direito Penal
Professor Rafael Machado
TEORIA DO CRIME
Culpabilidade: grau de reprovabilidade da conduta.Elementos: imputabilidade:
Causa de exclusão: critério biológico: menor de 18 anos – art. 27 do CP critério Biopsicológico: Doente mental – art. 26 do CP. Potencial consciência da ilicitude.
Causa de exclusão: erro de proibição (art. 21 do CP).
• O sujeito sabe o que faz e acredita que é lícito, quanto na verdade é proibido. O agente não conhece a proibição. Este erro recai sobre a ilicitude do fato. Exclui ou atenua a culpabilidade, excluindo ou diminuindo a pena. O erro de tipo exclui o dolo e, em conseqüência, exclui a tipicidade, e não havendo esta não existe fato típico. Ex1: um holandês que vem ao Brasil com a sua quota diária de maconha, na crença que este fato era permitido. Está no art. 21 do CP.
TEORIA DO CRIME
• Após a reforma de 1984 este tema, influenciado pela doutrinal alemã, passou a ser • estudado em quatro temas:• 1- erro de tipo (art. 20); • 2- erro acidental (art. 20, § 3º, 73, 74); • 3- erro de proibição (art. 21);
• Erro de tipo:
O agente não tem ou não tem plena consciência da sua conduta (não sabe exatamente o que faz). O erro de tipo exclui o dolo. Ex2: uma pessoa que com a chave do seu carro entra em outro carro e sai com o mesmo supondo ser o seu.
• O erro de tipo incriminador ou essencial pode ser vencível ou invencível: · INVENCÍVEL ou ESCUSÁVEL. Recebe este nome porque liquida, escusa, absolve, arquiva. Jamais oferecer denúncia nestes casos. Sempre pedir o arquivamento. Está previsto no art. 20, caput, 1ª parte. Ex.: a pessoa que transportou drogas sem saber. VENCÍVEL ou INESCUSÁVEL. O sujeito atua abruptamente, rapidamente, sem cautelas. Exclui o dolo, mas como o sujeito agiu sem cautela, responderá por crime culposo se previsto em lei. Está previsto no art. 20, caput, 2ª parte. Ex.: A e B estão caçando de um mesmo lado da mata. B resolve ir para o outro lado. A vê um vulto do no lado em que B está e atira, supondo ser um animal. A fere B. A deverá ser condenado por lesão corporal culposa (resíduo culposo).
• ERRO ACIDENTAL:
• Não escusa o agente ou aproveita ao agente. Esta é a diferença entre erro acidental e erro de tipo.
• · “ERROR IN PERSONAE”: Está previsto no art. 20, § 3º.
• “ERRO IN OBJECTO”: O equívoco recai sobre o objeto do crime. Ex.: Y quer furtar jóias, mas acaba furtando bijuterias. Y responderá por furto normalmente.
TEORIA DO CRIME
“ABERRATIO ICTUS”: Tem-se uma relação pessoa / pessoa. Ex1: Y quer atingir
X mas atinge Z. Está no art. 73, o qual afirma que vale a pessoa que se
queria atingir.
Diferença entre o aberratio ictus e o erro in personae: no erro in personae há
um erro de representação, ou seja, representa-se mal (Ex.: o traficante viu
o vulto e pensou que foi o policial). Já no aberratio ictus há um erro de
execução (Ex.: Y quer matar X e acaba matando Z).
• “ABERRATIO CRIMINS”: Está no art. 74. É relação coisa / pessoa. Ex.: Y
quer atingir o carro de X com uma pedra, mas acaba errando o alvo e mata
um pedestre que passava na rua.
TEORIA DO CRIME
Exigibilidade de conduta conforme o direito.
Causa de exclusão(art. 22 do CP):
obediência hierárquica
Coação moral irresistível
Crimes contra a vida
• O bem jurídico protegido é a vida. O homicídio será consumado se
ocorrer a morte da vítima. Para o Direito Penal deve ser
considerada apenas a chamada morte anatômica, que é a que faz
cessar simultânea e irreversivelmente as funções circulatória,
respiratória e cerebral. Caso o agente não consiga esses três
resultados haverá hipótese de homicídio na modalidade tentada
(art. 121 c/c 14, II).
• Deve ser “alguém”. Se for feto é aborto (art. 124 a 128) e se for
ação contra morto será considerado crime contra o respeito aos
mortos, como, por exemplo, o art. 212 do CP.
• Exceção: o Presidente da República e as pessoas mencionadas nos
arts. 26 c/c 29, da Lei 7.170/83.
Crimes contra a vida
• O homicídio admite as seguintes espécies: doloso e culposo:
• Doloso poderá ser – simples, privilegiado e qualificado.
• Culposo poderá ser – simples, qualificado e culposo com previsão de perdão judicial.
• 2.1 – Homicídio doloso simples – é a o descrito no art. 121, caput.
•
• 2.2 – Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º) – é o cometido por motivo de relevante valor social ou moral,
ou sob o domínio de violenta emoção, após injusta provocação da vítima, sendo, nessas hipóteses, causas de diminuição de pena, posto que o juiz poderá reduzi-la de um sexto a um terço.
2.3 – Homicídio doloso qualificado (art. 121, § 2º) – o legislador prevê todas as hipóteses que aumentarão a
pena, e que são as chamadas qualificadoras do homicídio que podem ter caráter objetivo (são as formas de execução, incisos III e IV) ou subjetivo (o motivo pelo qual foi praticado, incisos I, II e V).
• 2.4 – Homicídio doloso qualificado contra menor (art. 121, § 4º, parte final, do CP).
• A pena do homicídio será aumentada de um terço se o crime é praticado contra menor de 14 anos.
Crimes contra a vida
• 3.1 – Homicídio culposo simples (art.121, § 3º)• É aquele praticado por falta de cuidado do agente, derivado de uma negligência, imprudência ou imperícia.
Em sede de crime de trânsito, o homicídio culposo passou a ser tipificado no art. 302 da Lei nº 9.503/97, Código de Trânsito Brasileiro.
• Homicídio culposo qualificado (art. 121, § 4º)
• Se o homicídio resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o sujeito deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências de seu comportamento, ou foge para evitar prisão em flagrante, a pena será
• 3 – Participação em Suicídio (art. 122 do CP)
• Para que haja esse crime, é necessário que resulte a morte ou lesão corporal grave, caso contrário, não haverá crime.
É necessário também que a vítima tenha capacidade de resistência, ou seja, não pode ser tratar de criança, alienado mental e embriaguez completa. Senão, a hipótese será de homicídio. • Instigação – Ocorre quando a vítima já tinha em mente a ideia do suicídio e o agente a
incentiva.
• Induzimento – É quando a vítima não pensava em suicídio e o agente dá a ideia, convencendo-a a cometer o suicídio.
• Auxílio – É quando o agente contribui materialmente com a intenção suicida da vítima, por exemplo, emprestando punhal, revólver, indicando um local para o suicídio etc... Aumento de pena: motivo egoístico, ou menor (entre 14 e 18 anos)
Crimes contra a vida
• Infanticídio (art. 123 do CP)
É crime próprio, pois só pode ser cometido pela
própria mãe durante o parto ou logo após. - A
mãe comete o crime sob influência do estado
puerperal,
que
é
um
conjunto
de
perturbações psicológicas e físicas sofridas
pela mulher em face do fenômeno do parto.
Crimes contra a vida
• Aborto (art. 124 a 128 do CP)• É a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto (produto da concepção).
• Espécies de aborto:
• Auto-aborto (art. 124, 1ª parte) – É o provocado pela própria gestante.
• Aborto com consentimento (art. 124, 2ª parte) – Neste caso, a gestante consente que outra pessoa lhe provoque o aborto.
• Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art. 125) – A gestante não consente com a prática abortiva e ainda assim o sujeito usa a violência, fraude ou grave ameaça (não concordância real). Esse aborto é a forma mais grave do crime, sendo apenado com 3 a 10 anos de reclusão.
• Obs.: O não consentimento da gestante será presumido se esta for menor de 14 anos, alienada ou débil menta.
• Aborto qualificado (art. 127) – É quando em decorrência das manobras abortivas, a gestante sofre lesões corporais graves ou morre, nesses casos, a pena de terceiro será acrescida de um terço.
Crimes contra a vida
• Aborto legal (art. 128) – É o aborto lícito praticado por médico. A prática
do aborto será autorizada por lei nas hipóteses do artigo 128, inciso I e II:
• I – Quando não há outro meio de salvar a vida da gestante – É o chamado
aborto terapêutico ou necessário, e deverá ser feito quando a gestante
corre risco de vida e a realização do aborto é necessária para preservar a
sua saúde.
• Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, do seu representante
legal. É o chamado aborto sentimental ou humanitário e será autorizado
porque a gravidez foi decorrente de violência física ou presumida.
Crimes contra a honra.
Honra objetiva: é o conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais que
uma pessoa goza perante a sociedade (Objetiva). Calúnia ( art.
138-imputação falsa a alguém de fato criminoso) e a Difamação (art.
139-imputação a alguém de fato ofensivo a sua reputação) ferem a honra
objetiva, sendo necessário à consumação o conhecimento de terceiros.
Honra subjetiva: é o sentimento à cerca dos próprios atributos (amor próprio,
auto estima), juízo do valor pessoal que é atingido pela injúria (art. 140-
CP- ofender a honra-dignidade: moral, ou à honra-decoro: atributos físicos
e intelectuais, bastando para consumar-se o conhecimento do ofendido)
Calúnia – art. 138 do CP
Conceito: Consiste em imputar, ou seja, atribuir falsamente a alguém a responsabilidade pela prática de algum fato tipificado como crime (não pode ser contravenção – ai seria difamação).
Falsidade é importante: ou do fato, ou da autoria.
Consumação: momento em que a imputação chega ao conhecimento de terceira pessoa independente do momento em que a vítima foi informada.
Calúnia x denunciação caluniosa (art. 339 do CP) p. 1 – incorre na mesma pena quem propala ou divulga a calúnia.
p.2 possível a calúnia contra os mortos – nesse caso o sujeito passivo são os familiares. Exceções da verdade: I-crime de ação privada sem condenação definitiva; II - a vítima é Presidente da
Conceito: É a imputação a alguém de um fato preciso e determinado que não
seja crime, podendo ser contravenção.
Consumação: Consuma-se com o conhecimento de terceira pessoa (honra
objetiva-o que os outros pensam da gente).
• Exceções da verdade: se o ofendido é funcionário público e trata-se de
ofensa relativa ao exercício de suas funções pois prevalece o interesse
público.
Difamação qualificada: c/c 141 do CP.
Injúria – art. 140 do CP
Conceito: pode ser expresso por gesto, aceno, palavra falada ou escrita ofensiva à dignidade e decoro da honra subjetiva de alguém.
Trata-se de juízo de valor que se presume falso de forma absoluta “iuris et de iure”(não admite exceção da verdade) e não “iuris tantum” como na calúnia e difamação que admitem exceção da verdade.
Consuma-se mesmo que o ofendido não se sinta ultrajado, sendo suficiente a possibilidade de vir sentir-se ferido na sua honra pessoal e no momento que chega ao conhecimento da vítima.
Art. 140, § 1º - Perdão judicial – deixar de aplicar a pena nas hipóteses de provocação reprovável e direta
intentada pelo ofendido consistindo na repulsa imediata, através de outra injúria replicadora.
Art. 140, § 2º - Injúria real – Nesta modalidade a afronta vem por violência ou vias de fato (LCP Art. 21).
Absorve as vias de fato, contudo, há concurso material (art. 70-CP, segunda parte) com a lesão corporal tentada ou consumada. Injúria real acompanhada de lesão corporal grave, ou gravíssima, quando então resultará em ação penal pública incondicionada (Art. 145 do CP)
Art. 140, § 3º - Injúria racista Sensivelmente recrudescida a pena na hipótese de injúria com utilização
consciente de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Injúria qualificada: c/c 141 do CP.
Disposições
Formas qualificadas:I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; c/c art. 145, PU (Ação procede-se mediante requisição do ministro da justiça). II – contra funcionário público, em razão de suas funções; c/c 145, PU (ação mediante
representação do ofendido). Ver S. 714 do STF – legitimidade concorrente. III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia,
da difamação ou da injúria
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Disposições
Excludentes de ilicitude dos crimes de injúria e difamação: art. 142 do CP
I – IMUNIDADE JUDICIÁRIA: A excludente alcança as partes, os procuradores e o Ministério Público quando intervir como parte processual.
O advogado conceito mais amplo: artigo 7º, § 2º, da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da OAB): “O advogado tem
imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.”
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar.
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. ISENÇÃO DE PENA – ART. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da