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MPF Ministério Público Federal Procuradoria da República no Paraná Força-Tarefa

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA/PR

Autos nº 5072204-90.2019.4.04.7000

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio de seus procuradores da República signatários, comparece, respeitosamente, perante Vossa Excelência, para retificar e aditar a medida cautelar de BUSCA E APREENSÃO formulada no evento 1, nos seguintes termos:

I – Breve síntese

Trata-se de pedido de busca e apreensão das obras de artes listadas na Informação nº 121/2019 – NUCRIM/SETEC/SR/PF/RJ, na residência de MÁRCIO LOBÃO (CPF

386.136.031-49) e de eventuais outras obras de arte que lá se encontrem por ocasião do

cumprimento da medida, bem como de quaisquer documentos, mídias e outras provas encontradas relacionadas aos crimes de corrupção passiva e ativa, fraude em licitações, contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e/ou documental e organização criminosa nas sedes das empresas BOLSA DE ARTE LTDA. (CNPJ 29.533.254/0001-57), e no endereço de seu responsável JONES PAULO BERGAMIN (CPF 369.941.207-59), e de TREVISAN COMERCIO DE OBRAS DE ARTE LTDA. - ME. (CNPJ 01.661.106/0001-07), e no endereço de seu responsável RICARDO ANTONIO TREVISAN (CPF 074.927.968-03)

Em decisão preliminar, proferida no evento 3, foi postergada a apreciação do pedido, em razão do afastamento dos sigilos fiscal e bancário de Trevisan Comercio de Obras de Arte Ltda., Ricardo Antonio Trevisan, Bolsa de Arte Ltda. e Jones Paulo Bergamin, estando pendentes os resultados (autos n.º 5064107-04.2019.4.04.7000), e da necessidade de se aguardar a análise desse material.

Após a dilação de prazo, vieram os autos ao Ministério Público Federal, que promove, nesta oportunidade, o aditamento do pedido inicial, nos termos abaixo.

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II – Aditamento do pedido inicial: apuração de possíveis atos de

lavagem praticados por EDISON LOBÃO, MÁRCIO LOBÃO e EDISON LOBÃO

FILHO através de transações imobiliárias

II.1 – Contextualização do esquema de corrupção no âmbito da Transpetro

No curso da “Operação Lava Jato” restou comprovado, resumidamente, o funcionamento de uma ampla organização criminosa, pelo menos entre 2004 e 2014, dedicada à prática reiterada de ilícitos em certames e contratos da PETROBRAS. Dentre os crimes praticados merecem destaque a formação de cartel, a frustração do caráter competitivo de licitações e o pagamento sistemático de propina, a mando de altos executivos de empresas nacionais e internacionais, por intermédio de profissionais da lavagem de dinheiro (operadores financeiros), aos diretores e gerentes da PETROBRAS, bem como aos agentes políticos que possuíam influência na Estatal.

A corrupção no esquema criminoso erigido no seio e em desfavor da PETROBRAS era bilateral e envolvia não só a corrupção ativa, por parte dos executivos das empreiteiras cartelizadas, como também, e de forma concomitante, a corrupção passiva de empregados da PETROBRAS, como Renato Duque, Pedro Barusco, Paulo Roberto Costa e Jorge Luiz Zelada, cooptados pelo cartel composto por diversas das maiores empreiteiras do país, a fim de que zelassem interna e ilegalmente por seus interesses. Os valores indevidos destinados aos Diretores da PETROBRAS eram por eles repartidos com agentes políticos responsáveis por sua nomeação e manutenção nos altos cargos da Estatal.

O complexo esquema de corrupção não se restringiu à PETROBRAS e também alcançou as subsidiárias integrais da companhia, entre elas a PETROBRAS TRANSPORTES S/A – TRANSPETRO, estatal responsável pelo transporte e logística do combustível no país, bem como operações de importação e exportação de petróleo e derivados.

Nesse período em que existente o esquema criminoso, no contexto da divisão dos altos cargos da PETROBRAS e subsidiárias, o PMDB foi o responsável pela indicação e manutenção de José Sérgio de Oliveira Machado [SÉRGIO MACHADO] no cargo de Presidente da Transpetro (período compreendido entre junho de 2003 e novembro de 20141). Em contrapartida à manutenção de SÉRGIO MACHADO, agentes ligados ao PMDB foram destinatários de propinas oriundas de grandes contratos públicos celebrados com essa subsidiária.

O ex-presidente da Transpetro SÉRGIO MACHADO firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, homologado pelo Supremo Tribunal Federal. O Ministro Teori Zavascki, na Petição 6.138/DF, decisão proferida em 22/09/2016, a fim de subsidiar investigações em curso perante esse d. Juízo a respeito de crimes praticados

1 SÉRGIO MACHADO, em depoimento perante o Juízo da 13a Vara Federal de Curitiba, afirmou que

exerceu o cargo de presidente da Transpetro de junho de 2003 a novembro de 2014, quando pediu licença da Transpetro e ficou licenciado até fevereiro de 2015, data em que renunciou ao cargo. Termo de Transcrição de Depoimento de SÉRGIO MACHADO, colhido na Ação Penal nº 5054186-89.2017.404.7000 (Evento 212, TERMOTRANSCDEP1). Audiência realizada no dia 05/03/2018 às 15h30.

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no seio e em desfavor da Transpetro, encaminhou termos de depoimento de SÉRGIO MACHADO e respectivos filhos: Daniel Firmeza Machado, Sérgio Firmeza Machado e Expedito Machado da Ponte Neto. 2-3-4

No âmbito do seu acordo de colaboração, SÉRGIO MACHADO afirmou5-6 que escolheu algumas empresas para pedir “apoio político”, consubstanciado em pagamento de vantagens ilícitas (em forma de doações oficiais ou dinheiro em espécie) oriundas de contratos firmados com a Transpetro. Para os fins de arrecadação de propina, os contatos eram feitos sempre com sócios ou presidentes das empresas.

O colaborador revelou que as empresas que pagaram vantagens ilícitas de forma continuada, tanto em doações oficiais quanto em dinheiro, ao longo de sua gestão (2003-2014), foram: QUEIROZ GALVÃO; Camargo Corrêa; Galvão Engenharia; NM Engenharia; Lumina; Essencis; Estre/Pollydutos/Estaleiro Rio Tietê; Irodotos Navigacion; Devaran International Ltd; além de algumas empresas esporádicas entre as quais: UTC Engenharia; GDK Engenharia; MPE Engenharia; Skanska Engenharia e Bauruense Tecnologia de Serviços Ltda.

Em depoimento perante esse Juízo7, SÉRGIO MACHADO detalhou que, em relação à propina em dinheiro, o esquema por ele montado funcionava da seguinte forma: SÉRGIO MACHADO se reunia mensalmente ou bimestralmente com os proprietários das empresas. As reuniões ocorriam na sede Transpetro, ocasiões em que discutiam a quantia de dinheiro que a empresa tinha condição de pagar naquele mês. O dono da empresa então definia o quanto poderia pagar, bem como o local e a hora em que seriam entregues os valores em espécie. Para as operações de entrega e recebimento de propinas, SÉRGIO MACHADO criava dois codinomes, um para quem receberia o dinheiro e outro para quem efetuaria o pagamento.

SÉRGIO MACHADO depois se reunia em Brasília com os políticos, passava para eles os dados para recebimento de propina (dia, hora, valor, codinomes), e os políticos mandavam seus intermediários receber junto às empresas no local em que elas sugeriam.

SÉRGIO MACHADO explicou8 que, como regra vigente na época, para permanecer na presidência da Transpetro, ele tinha que distribuir propina aos políticos que o colocaram no cargo, propina essa a que os políticos se referiam como “contribuição política”.

2 ANEXO 2. Ofício n° 19372/2016. Supremo Tribunal Federal. Encaminha cópia dos termos de colaboração 1 a 9, relativos José Sérgio de Oliveira Machado; 1 a 8, de Expedito Machado da Ponte Neto; 1, de Sérgio Firmeza Machado; 1, de Daniel Firmeza Machado, fim de subsidiar investigação em curso nos autos de inquérito 50001402420154047000.

3 ANEXO 3. STF. Petição 6.138/DF. Decisão de 22/09/2016. Ministro Teori Zavascki. Remessa de acordos de colaboração premiada ao Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba

4 ANEXO 4. Petição 6.138/DF. Supremo Tribunal Federal. Decisão de 24/05/2016. Ministro Teori Zavascki. Homologação dos Termos de Acordo de Colaboração Premiada firmado por SÉRGIO MACHADO e filhos. 5 ANEXO 5. Termo de Colaboração Nº 01 - SÉRGIO MACHADO

6 ANEXO 6. Termo de Colaboração Nº 02 - SÉRGIO MACHADO

7 ANEXO 7. Termo de Transcrição de Depoimento de SÉRGIO MACHADO, colhido na Ação Penal 5054186-89.2017.404.7000 (Evento 212, TERMOTRANSCDEP1). Audiência realizada no dia 05/03/2018.

8 ANEXO 7. Termo de Transcrição de Depoimento de SÉRGIO MACHADO, colhido na Ação Penal 5054186-89.2017.404.7000 (Evento 212, TERMOTRANSCDEP1). Audiência realizada no dia 05/03/2018

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O colaborador explicou ainda que as empresas pagavam propinas porque elas sabiam que essa era a regra do mercado: pagar propina nas obras públicas. Essas empresas visavam a carteira de obras da Transpetro. As empresas sabiam que o colaborador só permaneceria na presidência da Transpetro se ele conseguisse atender às reivindicações do grupo político que o colocou no cargo (no caso o PMDB). Se o colaborador não atendesse às reivindicações daquele grupo político, as empresas sabiam que ele seria retirado do cargo, caso em que elas perderiam a boa relação que tinham com o presidente da Transpetro.

O percentual de propina solicitado e efetivamente pago, detalha SÉRGIO MACHADO9, era de cerca de 3,0% na área de serviços e de 1,0% a 1,5% na parte dos navios. As propinas eram repassadas a políticos, e o colaborador ficava com as “sobras” desses repasses. O colaborador afirma que fez repasse de vantagens indevidas, sempre no Brasil, de pouco mais de R$ 100 milhões de reais a políticos, e estima ter recebido, para ele próprio, cerca de R$ 2 milhões, por ano, decorrentes das “sobras” dos repasses a políticos, além de R$ 70 milhões de reais recebidos em contas no exterior. O colaborador afirma ainda que nem sempre conseguia atender integralmente às demandas dos políticos. Acredita que alcançava cerca de 60% de taxa de sucesso em atender aos políticos nos montantes que eles pediam.

II.2. Pagamentos de propina em espécie em favor do ex-Senador EDISON LOBÃO

Conforme relatado no capítulo anterior, no período em que existente o esquema criminoso no âmbito da PETROBRAS, no contexto da divisão dos altos cargos da Estatal e subsidiárias, o PMDB foi o responsável pela indicação e manutenção de SÉRGIO MACHADO na presidência da Transpetro (período entre junho de 2003 e novembro de 2014). Em contrapartida à manutenção de SÉRGIO MACHADO, agentes ligados ao PMDB foram destinatários de propinas oriundas de grandes contratos públicos celebrados com essa subsidiária da Petrobras. Parte dessas propinas foram destinadas ao então Senador (PMDB-MA) EDISON LOBÃO.

No âmbito dos autos 5041434-17.2019.4.04.7000 (Busca e Apreensão), em que esse Juízo deferiu medidas cautelares em face de MÁRCIO LOBÃO e outras pessoas, foram apresentados fortes indícios de que EDISON LOBÃO designou seu filho MÁRCIO LOBÃO para o fim de operacionalizar coleta de propinas.

Nos referidos autos, foram narrados casos em que MÁRCIO LOBÃO operacionalizou recebimento de propinas em espécie, ao menos entre 2008 e 2014, na Rua México, 168, Centro, Rio de Janeiro, no escritório advocatício de sua esposa MARTA LOBÃO. Segundo foi apurado ao longo das investigações, mais de uma dezena de milhões de reais foram entregues somente pelo Grupo ESTRE e pela ODEBRECHT a MÁRCIO LOBÃO nesse local.

Relatos do colaborador SÉRGIO MACHADO dão conta, ainda, de que as entregas de propina em espécie no escritório da Rua México, 168, Rio de Janeiro, se iniciaram ainda antes de 2008, inclusive envolvendo propinas provenientes de outras empresas além de ESTRE e ODEBRECHT, no caso a QUEIROZ GALVÃO.

9 ANEXO 5. Termo de Colaboração Nº 01 - SÉRGIO MACHADO

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Em relação ao pagamento de propinas em espécie, SERGIO MACHADO esclareceu10 que, nas eleições de 2004 e 2006, com a pressão que estava recebendo, o colaborador precisou recorrer a pessoa de confiança que pudesse operacionalizar recebimentos e pagamentos a políticos; então, procurou a pessoa de nome FELIPE PARENTE, que trabalhava com o filho do colaborador de nome DANIEL, e que havia sido tesoureiro na campanha do colaborador ao cargo de governador em 2002.

O colaborador explica que instruía FELIPE PARENTE sobre o valor a recolher em cada empresa e o valor a entregar a cada político. As entregas de dinheiro em espécie para políticos se davam em mão de prepostos dos políticos. Os políticos diziam ao colaborador o nome e o contato dos prepostos que receberiam os valores ilícitos, e o colaborador repassava a informação a FELIPE PARENTE, que, por sua vez, procurava os prepostos indicados e realizava os pagamentos. O colaborador utilizou-se desse modelo operacionalizado por FELIPE PARENTE no período que se estendeu até meados de 2007 ou 2008.

O colaborador DANIEL FIRMEZA MACHADO, por sua vez, declarou11 que, no segundo semestre de 2003, o seu pai SÉRGIO MACHADO assumiu a presidência da TRANSPETRO e, em 2004, o pai do colaborador precisou de uma pessoa de confiança para auxílio na parte de movimentação de recursos destinados aos políticos que o apoiavam no cargo da TRANSPETRO. Esse auxílio, no período de 2004 até 2007/2008, foi prestado por FELIPE PARENTE, que, para tanto, recebia uma comissão de 5%, segundo recorda o colaborador.

Em Termo de Autodeclarações de 26 de Setembro de 201912-13, SÉRGIO MACHADO informou que, relativamente ao período anterior a 2008, recorda-se de propina ao ex-senador EDISON LOBAO, no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) em espécie,

paga pela QUEIROZ GALVAO no ano de 2006. A QUEIROZ GALVAO, segundo o colaborador,

teria efetuado a maior parte dos repasses em um prédio situado no centro do Rio de Janeiro. A operacionalização desses pagamentos, antes de 2008, teria ocorrido por intermédio de FELIPE PARENTE.

II.3 – Indícios da prática dos crimes de lavagem de dinheiro

Conforme relatado nos autos de n.º 5041434-17.2019.4.04.7000 (Busca e Apreensão) e n.º 5059500-45.2019.4.04.7000 (Ação Penal), EDISON LOBÃO, na condição de então Senador (PMDB-MA) e Ministro de Minas e Energia, solicitou propinas direta e indiretamente, inclusive por intermédio do ex-presidente da Transpetro SÉRGIO MACHADO, aos Grupos ESTRE e ODEBRECHT. Para operacionalizar a coleta de tais propinas, assim como os ajustes desses pagamentos, EDISON LOBÃO designou seu filho MÁRCIO LOBÃO.

MÁRCIO LOBÃO operacionalizou o recebimento de tais propinas em espécie,

ao menos entre 2008 e 2014, na Rua México, 168, Centro, Rio de Janeiro, no escritório advocatício de sua esposa MARTA LOBÃO. Segundo foi apurado ao longo das investigações, mais de uma dezena de milhões de reais foram entregues somente pelo Grupo ESTRE e pela ODEBRECHT a MÁRCIO LOBÃO neste local.

10 ANEXO 5. Termo de Colaboração Nº 01 - SÉRGIO MACHADO

11 ANEXO 8. Termo de Colaboração Nº 01 – DANIEL FIRMEZA MACHADO

12 ANEXO 9. Ofício Nº 7385/2019-PRPR/FT – Solicitação de esclarecimentos ao colaborador SÉRGIO MACHADO 13 ANEXO 10. Termo de Autodeclarações de 26 de setembro de 2019 - colaborador SÉRGIO MACHADO

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Parte substancial desses valores oriundos da prática de crimes de corrupção, foi sendo paulatinamente incorporada ao patrimônio declarado de MÁRCIO LOBÃO, por intermédio da realização de complexas operações de lavagem de dinheiro. Algumas dessas operações de lavagem de dinheiro foram pormenorizadas nos pedidos de medidas cautelares de busca e apreensão e prisão preventiva (5041434-17.2019.4.04.7000) e em ação penal em curso (5059500-45.2019.4.04.7000), antes referidas.

Entre os métodos utilizados por MÁRCIO LOBÃO para dar ar de licitude às propinas que recebeu em nome próprio e de seu pai estão: a) aquisição e posterior venda de obras de arte com valores sobrevalorizados; b) simulação de operações de venda de imóveis com empresa controlada por familiar; c) simulação de empréstimos com familiares; d) realização de operações fracionadas de depósitos em dinheiro; f) interposição indevida de terceiros em operações de compra e venda de obras de arte; g) movimentação de valores milionários em contas abertas em nome de empresas offshore no exterior, etc.

Neste tópico, busca-se aprofundar a análise da possível operação de lavagem de dinheiro envolvendo aquisição, no ano de 2007, e posterior venda, no ano de 2009, do apartamento n.º 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, em São Luís-MA.

Há fundadas suspeitas de que ao menos uma parte considerável dos valores em espécie, utilizados para aquisição desse imóvel, tenham sua origem em crimes de corrupção praticados em detrimento da TRANSPETRO, especificamente a propina de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), paga em espécie pela QUEIROZ GALVAO no ano de 2006 a

EDISON LOBÃO, conforme relatado pelo colaborador SÉRGIO MACHADO.

Com o aparente propósito de afastar a natureza de proveito do crime dos bens incorporados ao patrimônio de MARCIO LOBÃO foi praticada uma série de transações imobiliárias em relação ao referido apartamento, a seguir descritas:

II.4 – Aquisição do imóvel

O apartamento n.º 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, localizado na Av. São Marcos, Lote A-2, Ponta de Areia, São Luís-MA, foi adquirido em 04/05/2007, pelo valor de R$ 1.000.000,00, por intermédio da RADIO TV DIFUSORA DO MARANHÃO LTDA., empresa pertencente à família LOBÃO, especificamente EDISON LOBAO FILHO. Essa pessoa jurídica tem como sócios majoritários14 EDISON LOBAO FILHO, MARCIO LOBAO e LUCIANO

LOBAO. O numerário empregado na compra foi pago em espécie.

Para esse fim, foi firmado Contrato de Promessa de Compra e Venda entre a proprietária FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA e a adquirente

RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA. Na descrição do objeto, detalha-se o

apartamento n° 300 do EDIFICIO TWO TOWERS RESIDENCE, com 07 (sete) vagas de garagem e 01 depósito, e especifica-se que, do valor total da transação no montante de R$ 1.000.000,00, seriam pagos R$ 250.000,00 no ato de assinatura do contrato e outras 05 (cinco) parcelas mensais de R$ 150.000,00, a partir de 25/07/2007. Na imagem abaixo, trecho do contrato, conforme reproduzido no Relatório da Polícia Federal.

14 ANEXO 11. Relatório de Pesquisa Automático Nº 5969/2019 - RADIO E TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA

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Esse contrato foi apreendido em operação de Busca e Apreensão em endereços relacionados a MÁRCIO LOBÃO, dentre outros documentos relacionados ao mesmo imóvel, contidos em uma pasta da FRANERE COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA, materializados no Relatório de Material Apreendido nº 32/201715. Essa apreensão ocorreu no âmbito da Operação Leviatã, deflagrada em 16/02/2017, em cumprimento a determinação proferida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin no âmbito da Ação Cautelar n° 4292/STF. No relatório, a Polícia Federal analisou os documentos apreendidos na Rua Senador Dantas, 105, 9° e 10° andares, Centro, Rio de Janeiro/RJ, escritório profissional de

MÁRCIO LOBÃO à época, quando ocupava a presidência da BRASILCAP.

Entre os itens arrecadados no escritório de MÁRCIO LOBÃO, a Polícia Federal descreve16 conteúdo de uma pasta da FRANERE COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA

LTDA. A capa da pasta continha a seguinte inscrição manuscrita: “doação Edinho”, que se

refere à doação do apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE realizada por

EDISON LOBÃO FILHO em benefício de seu irmão, conforme será melhor detalhado adiante.

15ANEXO 12. Relatório de Material Apreendido nº 32/2017 (Documentos). Polícia Federal. Operação Leviatã. Ação Cautelar n° 4292/STF.

16 ANEXO 12, páginas 11 A 15. Relatório de Material Apreendido nº 32/2017 (Documentos). Item PASTA

-“GALERIA FORTES VILAGA”. Polícia Federal. Operação Leviatã. Ação Cautelar n° 4292/STF. ITEM 7 – Documentos relativos a imÓveis (Sala da Presidéncia) CJ. DE DOCUMENTOS 01 - Pasta da FRANERE COMERCIO, CONSTRUCOES E IMOBILIARIA LTDA

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O Ministério Público Federal solicitou17 à FRANERE COMERCIO CONSTRUÇÃO

E IMOBILIARIA LTDA. informações e documentos relacionados à venda do apartamento n.º

300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, pelo valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de

reais), tendo como adquirente RADIO TV DIFUSORA DO MARANHÃO LTDA. Em resposta18, a empresa apresentou cópia do contrato de venda19 e esclareceu que recebeu o valor de R$

1.000.000,00 na forma de dinheiro em espécie:

Por outro lado, a análise da quebra de sigilo bancário e fiscal da pessoa jurídica RADIO TV DIFUSORA DO MARANHÃO LTDA., realizada nos autos de n.º 5054520-55.2019.4.04.7000, não revelou a existência de saques ou outras transações financeiras realizadas, a partir do caixa da empresa, que dessem lastro suficiente a esses pagamentos em espécie20.

A partir dos dados obtidos, realizou-se levantamento nos dados bancários da empresa investigada RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA., na tentativa de apurar operações de saque ou saque com cheque, ocorridas no ano de 2007 – consideradas as operações em valor igual ou superior a R$ 3.000,00, em especial dentro do período acordado entre as partes para pagamento do imóvel em 04/05/2007 e entre 25/07/2007 e 25/11/2007.

No período da negociação do imóvel (maio/2007 a nov/2007), foi apurado tão somente o total de R$ 239.171,73 em operações de saque com cheque. Considerando todo o ano de 2007 (transações havida de 1º de janeiro a 31 de dezembro), verificou-se tão somente o valor de R$ 339.233,46, em operações com cheques nominais à própria emitente, 17 ANEXO 13. Ofício Nº 7414/2019-PRPR/FT – Solicitação de esclarecimentos à FRANERE COMERCIO

CONSTRUÇÃO E IMOBILIARIA LTDA

18 ANEXO 14. Resposta da FRANERE COMERCIO CONSTRUÇÃO E IMOBILIARIA LTDA.

19 ANEXO 15. Contrato de Promessa de Venda e Compra, datado de 04/05/2007, firmado entre a proprietária FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA e a adquirente RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA., REFERENTE ao apartamento n° 300 do EDIFICIO TWO TOWERS RESIDENCE.

20 ANEXO 12. Relatório de Informação n.º 249/2020 - RADIO E TV DIFUSORA DO MARANHÃO LTDA.

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RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO, ou endossados para o sócio EDISON LOBAO FILHO21.

Tendo em vista que, prima facie, o montante de recursos extraído em espécie das contas mantidas por RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA. durante todo o ano de 2007 foi aparentemente insuficiente para quitar o valor de R$ 1.000.000,00 que teria sido pago em espécie pela aquisição do bem, ganha substância a hipótese de que tenham sido empregados recursos de origem espúria, gerados em espécie a partir do esquema mantido por EDISON LOBÃO no âmbito da TRANSPETRO, para esse fim.

Após essa aquisição, em abril de 2009, integrantes da família LOBÃO realizaram sucessivas operações suspeitas: (1) 13/04/2009: firmado instrumento de Cessão de Direitos de Contrato de Compra e Venda por meio do qual a RADIO TV DIFUSORA DO

MARANHÃO cedeu a EDISON LOBÃO FILHO os direitos e obrigações do Contrato de

Promessa de Compra e Venda do apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE;

(2) 16/04/2009: firmado Contrato de Doação por meio do qual EDISON LOBÃO FILHO doa

o apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE para seu irmão MÁRCIO LOBÃO

(“doação Edinho”); (3) 17/04/2009: firmado contrato de venda por meio do qual MÁRCIO LOBÃO vende para MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL o apartamento nº 300 do Edifício TWO

TOWERS RESIDENCE pelo valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), especificadas a seguir:

III.2 – Cessão de direitos da RADIO TV DIFUSORA DO MARANHÃO a EDISON LOBÃO FILHO

Em 13/04/2009, a RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO firmou Cessão de Direitos de Contrato de Compra e Venda por meio da qual cedeu os direitos e obrigações do Contrato de Promessa de Compra e Venda do apartamento em favor de EDISON LOBAO

FILHO. Na imagem abaixo, trecho do instrumento, conforme reproduzido no Relatório da

Polícia Federal.

21 ANEXO 12 – Quadros 1 e 2 - pág. 4. Relatório de Informação n.º 249/2020 - RADIO E TV DIFUSORA DO MARANHÃO LTDA.

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II.5 – Doação do imóvel de EDISON LOBÃO FILHO a MARCIO LOBÃO

Em 16/04/2009, poucos dias após a Cessão de Direitos a EDISON LOBAO

FILHO, o imóvel é doado por este a MARCIO LOBAO. Na imagem abaixo, trecho do contrato

de doação, conforme reproduzido no Relatório da Polícia Federal.

Informações obtidas do afastamento de sigilo fiscal decretado por esse Juízo no processo 5021171-61.2019.4.04.7000 revelam que, na Declaração de Imposto de Renda do Exercício 2010 – Ano-Calendário 2009, MÁRCIO LOBÃO registrou ter recebido de seu irmão EDISON LOBÃO FILHO, em ABRIL/2009, a título de DOAÇÃO, o apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, localizado na Av. São Marcos, Lote A-2, Ponta de Areia, São Luís-MA, no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

III.6 – Venda do imóvel a MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL

No dia seguinte à doação, em 17/04/2009, o apartamento foi transferido de

MÁRCIO LOBÃO a MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL pelo valor de R$ 3.000.000,00, por meio

de contrato de promessa de compra e venda:

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Em sua Declaração de Imposto de Renda, MÁRCIO LOBÃO registrou essa venda a MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL pelo valor de R$ 3.000.000,00 e especifica que, desse montante, R$ 125.000,00 destinaram-se a pagamento de comissão em favor de RONIEND BARROS CONSULTORIA IMOBILIARIA, de modo que o montante destinado a MÁRCIO LOBÃO resultou em R$ 2.875.000,00.

Figura 1: Trecho da Página 12 da Declaração de Ajuste Anual Imposto sobre a Renda Pessoa Física Exercício 2010 -Ano-Calendário 2009 - MÁRCIO LOBÃO - CPF: 386.136.031-49

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Nos Demonstrativos de Apuração de Ganhos de Capital22-23 constantes nas Declarações de Imposto de Renda dos Anos-Calendário de 2009 e 2010, MÁRCIO LOBÃO declarou ter recebido, pela venda do apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, as seguintes parcelas mensais e correspondentes ganhos de capital, no período de 05/2009 a 12/2010.

Ano Mês Valor Recebido (R$) Ganho de Capital (%) Ganho de Capital Resultado (R$) 2009 5 125.000,00 64,99 81.237,50 2009 6 125.000,00 64,99 81.237,50 2009 7 125.000,00 64,99 81.237,50 2009 8 42.644,20 64,99 27.714,46 2009 9 42.686,81 64,99 27.742,15 2009 10 42.712,42 64,99 27.758,80 2009 11 42.836,29 64,99 27.839,30 2009 12 42.879,13 64,99 27.867,14 2010 1 42.830,60 64,99 27.835,60 2010 2 43.153,60 64,99 28.045,52 2010 3 43.299,66 64,99 28.140,44 2010 4 44.000,25 64,99 28.595,76 2010 5 44.796,65 64,99 29.113,34 2010 6 45.284,93 64,99 29.430,67 2010 7 1.675.185,77 64,99 1.088.703,23 2010 8 45.484,18 64,99 29.560,16 2010 9 45.547,86 64,99 29.601,55 2010 10 45.643,51 64,99 29.663,71 2010 11 45.734,80 64,99 29.723,04 2010 12 46.053,36 64,99 29.930,07 Totais 2.755.774,02 1.790.977,44

A análise do resultado de afastamento de sigilo bancário de MÁRCIO LOBÃO (quebra decretada por esse Juízo no processo 5021171-61.2019.4.04.7000) permitiu identificar as transferências aparentemente relacionadas à aquisição do imóvel: 27 (vinte e sete)

transferências, no período de 15/05/2009 a 01/08/2011, que totalizam R$ 2.648.900,91, em

favor de conta em nome de MÁRCIO LOBÃO, e tendo como origem as seguintes contas: (i) 01 22 ANEXO 17. DIRPF-2010-AC-2009 - MÁRCIO LOBAO. Demonstrativo da Apuração dos Ganhos de Capital.

Alienação de Bem Imóvel: APARTO DE NO 300 DO EDIF.TWO TOWERS RESIDENCE

23 ANEXO 18. DIRPF-2011-AC-2010 - MÁRCIO LOBAO. Demonstrativo da Apuração dos Ganhos de Capital. Alienação de Bem Imóvel: APARTO DE NO 300 DO EDIF.TWO TOWERS RESIDENCE

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(uma) transferência em 02/08/2010, no valor de R$ 359.910,50, originada de conta em nome de MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL; (ii) 26 (vinte e seis) transferências, no período de 15/05/2009 a 01/08/2011, que totalizam R$ 2.288.990,41, provenientes de conta em nome de POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA (empresa administrada por MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL24). Segue abaixo tabela com síntese dessas transações.

Nome Data Descricao Lancamento D/C NomeOd Valor Transacao

1 MARCIO LOBAO 15/05/2009 DEPOSITO BLOQUEADO 4DIAS UTEIS

* POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

125.000,00

2 MARCIO LOBAO 21/07/2009 DEPOSITO BLOQUEADO 4DIAS UTEIS

* POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

125.000,00

3 MARCIO LOBAO 01/09/2009 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

42.635,08

4 MARCIO LOBAO 02/10/2009 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

42.613,76

5 MARCIO LOBAO 03/11/2009 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

42.677,70

6 MARCIO LOBAO 30/11/2009 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

42.703,31

7 MARCIO LOBAO 01/02/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

42.869,95

8 MARCIO LOBAO 01/03/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

44.390,29

9 MARCIO LOBAO 30/03/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

43.299,66

10 MARCIO LOBAO 30/04/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

43.624,41

11 MARCIO LOBAO 31/05/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

43.990,86

12 MARCIO LOBAO 30/06/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

44.787,09

13 MARCIO LOBAO 30/07/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

45.275,27

14 MARCIO LOBAO 30/07/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

1.000.000,00

15 MARCIO LOBAO 02/08/2010 TED E C MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL 359.910,50

16 MARCIO LOBAO 30/08/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

45.274,57

17 MARCIO LOBAO 30/09/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

45.538,16

18 MARCIO LOBAO 01/11/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

45.787,44

19 MARCIO LOBAO 30/11/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

45.883,59

20 MARCIO LOBAO 30/12/2010 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

46.053,36

24 ANEXO 19. Relatório de Pesquisa Automático Nº 5970/2019 - POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

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Nome Data Descricao Lancamento D/C NomeOd Valor Transacao

21 MARCIO LOBAO 31/01/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

46.361,92

22 MARCIO LOBAO 28/02/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

46.552,01

23 MARCIO LOBAO 30/03/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

46.682,35

24 MARCIO LOBAO 02/05/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

46.883,08

25 MARCIO LOBAO 30/05/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

47.380,05

26 MARCIO LOBAO 30/06/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

48.773,02

27 MARCIO LOBAO 01/08/2011 TED E C POTIGUAR MATERIAIS DE CONSTRUCAO LTDA

48.953,48

Total 2.648.900,91

A partir das informações declaradas por MÁRCIO LOBÃO ao Fisco, observa-se que os ganhos de capital referentes às parcelas mensais recebidas, somam, ao final, o montante de R$ 1.790.977,44. MÁRCIO LOBÃO declara que, por essa operação de venda, efetuou pagamento de R$ 211.251,42 a título de impostos. A venda do apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, portanto, gerou em benefício de MÁRCIO LOBÃO lucro líquido de R$ 1.579.726,02.

Como já dito, antes data da venda (17/04/2009), MÁRCIO LOBÃO havia recebido o imóvel um dia antes (16/04/2009) por meio de DOAÇÃO efetuada por seu irmão

EDISON LOBÃO FILHO. Como destacado no Relatório da Polícia Federal, os documentos

apreendidos indicam que o imóvel foi adquirido pela família LOBÃO em 04/05/2007 por R$

1.000.000,00, e vendido em 17/04/2009 por R$ 3.000.000,00, valorização de 200% em um período menor que 24 meses.

Importante registrar, por fim, que a Declaração sobre Operações Imobiliárias (DOI), apresentada perante a Receita Federal do Brasil, referente à negociação do apartamento em questão, registra venda direta do bem da pessoa jurídica FRANERE - COMERCIO,

CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA a MARCELO JULIO VIEIRA BRASIL:

II.7 – Suspeitas em relação ao subfaturamento do valor de aquisição

No site da empresa FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA

LTDA25 constam informações do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE. A descrição revela que se

25http://www.franere.com.br/content/imoveis/imovel.php?codigo=64

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trata de empreendimento de ALTO PADRÃO, com apenas um apartamento por andar, de 843,92 m² de área privativa cada, piscina privativa e 7 vagas de garagem. Um cálculo simples baseado na metragem informada pela CONSTRUTORA FRANERE (843,92M²) e no valor pago pela RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA, (conforme valor de contrato – R$ 1 milhão) revela o valor de R$ 1.184,95 por metro quadrado, o que, mesmo considerando a data de aquisição no ano de 2007, representa valor abaixo do padrão de mercado.

A pesquisa em fontes abertas revela que um apartamento similar no Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, publicado no portal de vendas de imóveis Viva Real26, é anunciado pelo valor atual de R$ 8 milhões. Embora seja necessário ter em conta o valor de aquisição na época da negociação (2007-2008), trata-se de diferença substancial, de mais de 8 vezes. Conforme já apontado acima, a valorização exponencial do bem é evidenciada pelo próprio valor de venda, de R$ 3 milhões, pouco mais de 20 meses depois da aquisição.

A página da FRANERE descreve o edifício TWO TOWERS RESIDENCE:

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II.8 – Vínculos entre a FRANERE e a família LOBÃO

As relações entre a empresa FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E

IMOBILIARIA LTDA (06.066.229/0001-05) e a família LOBÃO vão muito além das

transações imobiliárias acima narradas.

A análise do sistema de doações eleitorais mantida pelo TSE indica que essa pessoa jurídica fez substanciais doações eleitorais em favor da campanha de EDISON LOBAO

FILHO nas Eleições de 2014:

A empresa FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA. foi também fornecedora de campanha (2014) de EDISON LOBÃO FILHO e outros:

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A pesquisa em fontes abertas identificou que MARCOS TULIO PINHEIRO

REGADAS FILHO (CPF 644.227.983-91), Administrador da da FRANERE e também filho do

sócio-administrador MARCOS TULIO PINHEIRO REGADAS (CPF 061.723.183-49), mantém vínculo conjugal com TATIANA QUINTAS LOBAO, filha de EDISON LOBÃO FILHO27-28.

A esse respeito, a própria FRANERE, em resposta enviada ao Ministério Público Federal em 02/10/2019, informou que o responsável pela negociação do imóvel com a RÁDIO TV DIFUSORA DO MARANHÃO foi MARCOS TULIO PINHEIRO REGADAS FILHO, genro, portanto, de EDISON LOBÃO FILHO29:

Conclui-se, assim, haver estreito vínculo pessoal entre os responsávies pelas pessoas jurídicas FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA. e RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA., que tomaram parte na aquisição e posterior transferência do apartamento n.º 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, localizado na Av. São Marcos, Lote A-2, Ponta de Areia, São Luís-MA.

III – Medidas cautelares de busca e apreensão

As provas anteriormente expostas constituem base jurídica suficiente para a realização de buscas nos endereços residenciais e profissionais de parte dos envolvidos, a fim de que sejam apreendidos: documentos e objetos necessários à comprovação dos delitos por eles praticados; numerários obtidos por meios criminosos e outros elementos de convicção para a completa identificação de todos os coautores e partícipes dos delitos.

Os elementos expostos na presente peça revelam fundamento suficiente para o deferimento da medida de busca e apreensão em face de EDISON LOBÃO FILHO e das empresas RADIO E TV DIFUSORA DO MARANHÃO LTDA. e FRANERE - COMERCIO,

CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA.

Conforme narrado nos capítulos anteriores, relatos do colaborador SÉRGIO MACHADO dão conta de que as entregas de propinas em espécie destinadas ao ex-senador EDISON LOBÃO se iniciaram antes de 2008. Relativamente ao período anterior a 2008,

27Matéria sob o título “Maior doadora de Lobão Filho é empresa pertencente ao pai do genro do candidato”. Disponível em < https://oglobo.globo.com/brasil/maior-doadora-de-lobao-filho-empresa-pertencente-ao-pai-do-genro-do-candidato-13532902>, acesso em 17/09/2020.

28Disponível em <https://www.blogsoestado.com/otonlima/2011/09/23/festa-para-edinho-lobao/>, acesso em 17/09/2020.

29 ANEXO 14. Resposta da FRANERE COMERCIO CONSTRUÇÃO E IMOBILIARIA LTDA.

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SÉRGIO MACHADO recordou-se de propina ao ex-senador EDISON LOBAO no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) em espécie, paga pela QUEIROZ GALVAO no ano de 2006.

Demonstrou-se possível operação de lavagem de dinheiro envolvendo aquisição, no ano de 2007, e posterior venda, no ano de 2009, do apartamento nº 300 do Edifício TWO TOWERS RESIDENCE, localizado na Av. São Marcos, Lote A-2, Ponta de Areia, São Luís-MA. O apartamento foi adquirido em 04/05/2007, pelo valor de R$ 1.000.000,00, com indícios de subfaturamento, sendo que tal valor foi pago integralmente em espécie.

O imóvel foi adquirido por intermédio da RADIO TV DIFUSORA DO

MARANHAO, empresa pertencente ao grupo familiar e controlada por EDISON LOBÃO

FILHO30, a partir de negociação entabulada com a empresa FRANERE - COMERCIO,

CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA., a qual, como visto, guarda estreitos vínculos com a

família LOBÃO. A busca por documentos referentes ao empreendimento e às negociações havidas à época, em especial acondicionadas na sede dessas empresas, a exemplo de registros contábeis, contratos e registros paralelos, entre outros, tem o condão de trazer elementos de prova concretos sobre os possíveis crimes em apuração.

Há fundadas suspeitas de que ao menos uma parte considerável dos valores em espécie utilizados para aquisição desse imóvel tenham sua origem em crimes de corrupção praticados em detrimento da TRANSPETRO, especificamente a propina de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), paga em espécie pela QUEIROZ GALVAO no ano de 2006 a EDISON LOBÃO, conforme relatado pelo colaborador SÉRGIO MACHADO.

Com efeito, sobretudo diante da natureza dos crimes praticados pelos indivíduos ora representados, trata-se de medida de fundamental importância para corroborar os elementos de prova já angariados no curso das investigações.

Nessa toada, requer o Ministério Público Federal, nos termos do artigo 240, §1º, alíneas “b”, “c”, “e”, “f” e “h”, do Código de Processo Penal, a expedição de mandados de busca e apreensão criminal com a finalidade de apreender quaisquer documentos, mídias e outras provas encontradas relacionadas aos crimes de corrupção passiva e ativa, fraude em licitações, contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e/ ou documental e organização criminosa, notadamente, mas não limitado, a:

a) registros e livros contábeis, formais ou informais, recibos, agendas, ordens de pagamento e quaisquer outros documentos relacionados aos ilícitos narrados nesta manifestação, notadamente aqueles que digam respeito à manutenção e movimentação de contas bancárias no Brasil e no exterior, em nome próprio ou de terceiros;

30 ANEXO 20. Relatório de Pesquisa Automático Nº 5986/2019 – Pesquisa sobre EDISON LOBAO FILHO

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b) HD´s, laptops, smartphones, pen drives, mídias eletrônicas de qualquer espécie, arquivos eletrônicos de qualquer espécie, agendas manuscritas ou eletrônicas, dos investigados ou de suas empresas, quando houver suspeita que contenham material probatório relevante, como o acima especificado; c) arquivos eletrônicos pertencentes aos sistemas e endereços eletrônicos utilizados pelos representados, além dos registros das câmeras de segurança dos locais em que se cumpram as medidas; e

d) valores em espécie em moeda estrangeira ou em reais de valor igual ou superior a R$ 50.000,00 ou US$ 25.000,00 e desde que não seja apresentada prova documental cabal de sua origem lícita.

Especificamente, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL a expedição

INDIVIDUAL de mandado de busca e apreensão PARA CADA LOCAL a seguir relacionado – a fim de que o conhecimento do conteúdo do mandado no momento da

busca em um local não frustre o sucesso do cumprimento em outros endereços que porventura venham a ser cumpridos posteriormente –, a ser cumprido com respeito às normas constitucionais e legais vigentes, no momento mais oportuno a ser considerado do ponto de vista da captura de eventuais procurados e da colheita de provas:

I – Nos endereços residenciais e profissionais de: 1. EDISON LOBÃO FILHO (CPF 386.136.031-49); II – Nas sedes das empresas:

1. RADIO TV DIFUSORA DO MARANHAO LTDA.

2. FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA (CNPJ 06.066.229/0001-05).

No caso de apreensão de dispositivos eletrônicos, tais como smartphones, o Parquet federal requer seja autorizada a extração de cópia dos dados armazenados em nuvem obtidos a partir do eventual conhecimento de credenciais de acesso colhidas no próprio aparelho, com o investigado ou obtidas por ocasião do cumprimento dos mandados de busca e apreensão.

A busca domiciliar em residências mostra-se fundamental, uma vez que consistem em locais que guardam vínculo muito próximo com os investigados, nos quais será possível arrecadar provas úteis à conclusão das investigações e que reforçarão o juízo

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Considerando-se ser comum que empresas utilizadas para a dissimulação de operações de lavagem de dinheiro mantenham salas e espaços à parte de seus endereços oficiais, justamente para esconder numerário (salas-cofre) ou documentos relacionados à prática de crimes, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer autorização para que a

autoridade policial realize as buscas e apreensões em quaisquer unidades do mesmo edifício que sejam identificadas como de utilização das empresas/pessoas acima listadas e

que possam ser de interesse da investigação e, no caso de imóveis de rua, em salas e imóveis adjacentes quando utilizados pela mesma pessoa ou empresa.

O Ministério Público Federal requer, ainda, autorização para que as diligências sejam efetuadas simultaneamente, permitindo-se o auxílio de autoridades policiais de

outros Estados, peritos ou ainda de outros agentes públicos, incluindo agentes da

RECEITA FEDERAL e membros do próprio MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

Finalmente, pugna o Parquet federal seja autorizado por esse Juízo desde já o

compartilhamento das provas colhidas quando do cumprimento destes mandados com a

Receita Federal do Brasil, ficando o compartilhamento a cargo do MPF, de acordo com os graus de sigilo necessário.

IV – Fatos novos que reforçam a imprescindibilidade da apreensão

das obras de arte em poder de Marcio Lobão – atuação reiterada e habitual na

lavagem de dinheiro através do mercado de obras de arte

Após a propositura do presente pedido de busca e apreensão, em 20/11/2019, chegaram ao Ministério Público Federal provas contundentes que reforçam a atuação ilícita, profissional e contumaz de MÁRCIO LOBÃO no mercado de arte, por meio do qual praticou sucessivas fraudes com o propósito de ocultar e dissimular valores de origem criminosa.

Com efeito, RICARDO ANTONIO TREVISAN [RICARDO TREVISAN] e RODRIGO LOBO SOTOMAYOR EDITORE [RODRIGO EDITORE], responsáveis pela galeria de arte “CASA TRIÂNGULO” (TREVISAN COMÉRCIO DE OBRAS LTDA. –ME), procuraram espontaneamente o Ministério Público Federal, representados por seus advogados, para confessar a prática do crime previsto no art. 1º da Lei 9.613/1998 e manifestaram a pretensão de firmar acordo de não persecução penal, nos moldes do art. 28-A do Código de Processo Penal, conforme o Requerimento PR-PR-00045505/2020, firmado em 08/06/2020 (evento 1, ANEXO 2, daqueles autos), relacionado ao objeto da Ação Penal de n.º 5059500-45.2019.4.04.7000, conforme registrado nos autos de n.º 5040462-13.2020.4.04.7000.

Os termos de depoimentos apresentados por RICARDO TREVISAN31 e RODRIGO EDITORE32, acompanhados da respectiva documentação comprobatória, corroboram as provas já apresentadas na Ação Penal de n.º 5059500-45.2019.4.04.7000 e no pedido formulado nestes autos (evento 1, INIC1).

31 ANEXO 21. Termo de autodeclaração de Ricardo Antonio Trevisan.

32 ANEXO 22. Termo de autodeclaração de Rodrigo Lobo Sotomayor Editore.

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Confirmam, em síntese, que MÁRCIO LOBÃO (CPF 386.136.031-49) adotou sucessivas fraudes no mercado especializado de obras de arte e antiguidades, notadamente o subfaturamento de obras adquiridas com valores espúrios, com o propósito de ocultar e dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes dos crimes de corrupção praticados em detrimento da TRANSPETRO, relativos a contratos celebrados com o Grupo ESTRE.

A galeria de arta Casa Triângulo apresentou provas materiais dos fatos, inclusive de notas fiscais, transferências bancárias, registros de diálogos em aplicativos de mensagens instantâneas WhatsApp, e-mail’s e outras33.

Nos itens 3.3 e 3.4 da denúncia oferecida na ação penal n.º 5059500-45.2019.404.7000, foram narrados atos de lavagem de dinheiro praticados por MÁRCIO LOBÃO na aquisição de uma obra de Mariana Palma, em 26/06/2013, e de Sandra Cinto, em

26/11/2013.

O valor refernete à obra de Sandra Cinto foi pago com dólares em espécie, que MÁRCIO LOBÃO trouxe camuflados em seu paletó e a eles se refere em mensagens de texto como “chocolates”, e entregue em mãos de RODRIGO EDITORE em 11/12/201334:

33 ANEXO 23. Documentos apresentados por Trevisan e Editore.

34 ANEXO 22, pág. 3. Termo de autodeclaração de Rodrigo Lobo Sotomayor Editore.

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As mensagens de texto mantidas à época corroboram a entrega de “chocolates” no aeroporto, como narrado acima35:

35 ANEXO 23, págs. 69/70. Documentos apresentados por Trevisan e Editore.

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Quanto às obras de Mariana Palma, RICARDO TREVISAN e RODRIGO EDITORE esclareceram o seguintes36-37:

As transações subfaturadas praticadas por MÁRCIO LOBÃO foram além daquelas narradas nos itens 3.3 e 3.4 da denúncia na ação penal n.º 5059500-45.2019.404.7000. RICARDO TREVISAN e RODRIGO EDITORE relatam que firmaram com

MÁRCIO LOBÃO 4 (quatro) operações de venda de obras de arte com MÁRCIO LOBÃO: 2

(duas) obras da artista Mariana Palma, 1 (uma) obra da artista Sandra Cinto e 1 (um) conjunto de 6 (seis) desenhos da artista Vânia Mignone. Quanto à aquisição desse conjunto de desenhos da artista Vânia Mignone foi narrado o seguinte 38-39:

36 ANEXO 22, pág. 2. Termo de autodeclaração de Rodrigo Lobo Sotomayor Editore. 37 ANEXO 21, pág. 2. Termo de autodeclaração de Ricardo Antonio Trevisan.

38 ANEXO 22, pág. 3. Termo de autodeclaração de Rodrigo Lobo Sotomayor Editore. 39 ANEXO 21, pág. 3. Termo de autodeclaração de Ricardo Antonio Trevisan.

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Força-Tarefa

MÁRCIO LOBÃO condicionava o pagamento das obras ao lançamento a

menor do valor de aquisição nas notas fiscais. A análise dos documentos apresentados permite verificar que LOBÃO chegava mesmo a exortar as galerias de arte a emitirem nota fiscal em valores subfaturados, de modo a incorporar, sob a forma dissimulada de ganhos de capital, os valores em espécie recebidos a título de propinas decorrentes do esquema da TRANSPETRO40:

Todos esses novos elementos reforçam a imprescindibilidade da apreensão das obras de arte em poder de MÁRCIO LOBÃO, tal como requerido na exordial (evento 1, INIC1), pois se unem ao conjunto probatório que demonstra a reiterada e habitual utilização do mercado de obras de arte e antiguidades para a prática dos crimes de lavagem de dinheiro.

RICARDO ANTONIO TREVISAN e RODRIGO LOBO SOTOMAYOR EDITORE, responsáveis pela galeria de arte Casa Triângulo, apresentaram espontaneamente provas materiais dos fatos (inclusive de notas fiscais, transferências bancárias, registros de diálogos em aplicativos de mensagens instantâneas WhatsApp, e-mail’s e outras provas), confessaram integral e circunstanciadamente os crimes e se submeteram às condições estabelecidas no acordo de não persecução penal41, em especial à prestação de pecuniária e de serviços à comunidade, além da obrigação de reparar o dano causado pelas infrações, também a cargo da pessoa jurídica TREVISAN COMÉRCIO DE OBRAS LTDA.–ME, que celebrou termo de ajustamento de conduta.

40 ANEXO 23, pág. 74. Documentos apresentados por Trevisan e Editore. 41 ANEXO 24. Termo de homologação de ANPP.

(26)

MPF

Ministério Público Federal

Procuradoria da República no Paraná

www.prpr.mpf.gov.br

Força-Tarefa

Em razão dessa postura adotada e da apresentação espontânea das provas que se pretendia obter na medida de busca, torna-se desnecessária, exclusivamente em relação a RICARDO ANTONIO TREVISAN e TREVISAN COMÉRCIO DE OBRAS LTDA., o cumprimento das medidas requeridas no evento 1, razão pela qual, nesta ocasião, o

Ministério Público Federal promove o aditamento e a consequente exclusão dos pedidos

formulados em relação a essas pessoas.

V – Conclusão

Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL:

(i) requer a exclusão, dos pedidos formulados no evento 1, INIC1, em relação a

RICARDO ANTONIO TREVISAN e TREVISAN COMÉRCIO DE OBRAS LTDA., pelas razões expostas no item IV, acima;

(ii) reitera integralmente o pedido exordial em relação MÁRCIO LOBÃO, BOLSA DE ARTE LTDA. e JONES PAULO BERGAMIN, conforme a petição INIC1, evento 1;

(iii) pelas razões apontadas acima, requer o deferimento de busca e apreensão

em face de EDISON LOBÃO FILHO (CPF 386.136.031-49), RADIO TV DIFUSORA DO

MARANHAO LTDA. e FRANERE - COMERCIO, CONSTRUÇÕES E IMOBILIARIA LTDA (CNPJ 06.066.229/0001-05), nos moldes do item III, acima.

Curitiba, 18 de setembro de 2020.

Alessandro José Fernandes de Oliveira

Procurador da República Procurador Regional da RepúblicaJanuário Paludo

Orlando Martello

Procurador Regional da República Procurador da RepúblicaPaulo Galvão Júlio Carlos Motta NoronhaProcurador da República

Roberson Henrique Pozzobon

Procurador da República Procuradora da RepúblicaLaura Gonçalves Tessler Procurador da RepúblicaAthayde Ribeiro Costa

Marcelo Ribeiro de Oliveira

Procurador da República Antonio Augusto Teixeira DinizProcurador da República Procurador da RepúblicaFelipe D'Elia Camargo

Alexandre Jabur

Procurador da República Luciana de Miguel Cardoso BogoProcuradora da República Procurador da RepúblicaJoel Bogo

(27)

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Assinatura/Certificação do documento PR-PR-00076961/2020 PETIÇÃO nº 216-2020

Signatário(a): ANTONIO AUGUSTO TEIXEIRA DINIZ

Data e Hora: 18/09/2020 18:08:16

Assinado com login e senha

Signatário(a): ALESSANDRO JOSE FERNANDES DE OLIVEIRA

Data e Hora: 18/09/2020 18:17:30

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Signatário(a): LUCIANA DE MIGUEL CARDOSO BOGO

Data e Hora: 18/09/2020 18:40:06

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Signatário(a): LAURA GONCALVES TESSLER

Data e Hora: 18/09/2020 18:20:29

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Signatário(a): ALEXANDRE JABUR

Data e Hora: 18/09/2020 18:06:14

Assinado com login e senha

Signatário(a): ROBERSON HENRIQUE POZZOBON

Data e Hora: 18/09/2020 18:07:40

Assinado com login e senha

Signatário(a): FELIPE D ELIA CAMARGO

Data e Hora: 18/09/2020 18:42:53

Assinado com login e senha

Signatário(a): JULIO CARLOS MOTTA NORONHA

Data e Hora: 18/09/2020 18:43:11

Assinado com login e senha

Signatário(a): MARCELO RIBEIRO DE OLIVEIRA

Data e Hora: 18/09/2020 18:17:04

Assinado com login e senha

Signatário(a): JOEL BOGO

Data e Hora: 18/09/2020 18:07:18

Assinado com certificado digital

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Referências

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