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XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

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Academic year: 2021

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EQUOTERAPIA: RELAÇÕES ESTABELECIDAS NOS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO PARA INCLUSÃO SOCIAL

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Janaina Lucia Rodrigues (PPGE/UFMT) - janainapsicologia@hotmail.com 2

Luiz Augusto Passos (PPGE/UFMT) - passospassos@gmail.com

Resumo: Esta comunicação é parte de uma pesquisa em nível de doutorado que está sendo desenvolvida no GPMSE Grupo de Movimentos Sociais Política e Educação, do Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, e apresenta reflexões acerca a relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, e a influencia desta correlação no processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social do aluno praticante de equoterapia. Compreendemos a equoterapia como um ato terapêutico e educacional que acontece através da relação que se estabelece entre o cavalo e o praticante no ambiente equoterápico, pretendemos avaliar qual a natureza possível desta relação, posto que ela, efetivamente, contribui para desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes que na maioria das vezes são pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, sendo que as observações e coletas de informações foram realizadas no Hospital Veterinária da UFMT, e no Rancho Dourado, local em que acontece o Projeto Anjos de Quatro Patas, que objetiva observar o desenvolvimento da Equoterapia, enquanto recurso terapêutico complementar, no tratamento de crianças com diagnóstico de distúrbio autista. As análises compreensivas das informações apontam as contribuições da equoterapia para o desenvolvimento da função motora, atenção e concentração da criança propiciando melhoras significativas nos aspectos físicos e psicológicos do praticante que favorecem o ensino-aprendizagem. Adotou-se a abordagem qualitativa de questões educacionais de cunho dialético fenomenológico. A opção por este tipo de investigação é justificada pelas possibilidades de compreensão do fenômeno, das relações que este estabelece com o mundo e com o outro. Para a leitura teórica será utilizada as contribuições de Merleau-Ponty e Paulo Freire de uma concepção de educação inclusiva e dialógica que visa à autonomia do educando no processo de ensino aprendizagem, bem como demais autores de grande importância para temática.

Palavras-Chave: Educação inclusiva. Equoterapia. Cavalo.

INTRODUÇÃO

A equoterapia segundo a Associação Brasileira de Equoterapia – Ande-Brasil é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo a partir de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, que objetiva o

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Psicóloga. Mestra em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT.

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desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Ela utilizaria o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais, sendo uma atividade em que estimularia o corpo, contribuindo assim, para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, consciência do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio e auxilia na interação, socialização, autoconfiança e autoestima. O termo utilizado para designar a pessoa com deficiência e/ou com necessidades especiais quando em atividades equoterápicas é chamado de equoterapia; pois nesse processo a pessoa participa de sua reabilitação, na medida em que interage com o cavalo. (BRASIL, 2012) É justamente compreender essa relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, em especial o aluno praticante de equoterapia, objetivo desta pesquisa, que pretende descrever compreensiva e interpretativamente, as possíveis influências do que chamamos relação no desenvolvimento e processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social. Uma vez que compreendemos a equoterapia como um ato terapêutico e educacional que acontece através da relação que se estabelece entre o cavalo e o praticante no ambiente equoterápico, pretendemos avaliar qual a natureza possível desta relação, posto que ela, efetivamente, contribui para desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes que na maioria das vezes são pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. As formas descritivas, contudo, que fundam e antecedem a literatura atual é a de um substancialismo de natureza exclusivamente mecânico, e que nos parece inadequado, sob ponto de vista da visão filosófica merleaupontyana.

O que nos remete a busca por compreender os inúmeros benefícios psicológicos que a equoterapia pode proporcionar. Sendo que neste ambiente a relação estabelecida com o cavalo é fortemente marcada pela confiança, nas quais existem trocas afetivas e corporais, que auxilia a busca por construção de identidade. O cavalo é um ser que pode ser cativado e cuja dominação pode vir a passar, através dele, e contribuir para aumentar a autoestima do praticante. Sendo assim, neste processo o cavalo se torna o ‘outro eu’, sujeito de da interação e das vivências na relação praticante-cavalo, que funcionaria como uma relação especular. Por outro, os neurônios espelhos demonstram a interação de natureza bem mais profunda e significativa, nada disso porém está espelhado, até então, na literatura que temos encontrado, de maneira ordinária, no levantamento bibliográfico concernente à Equoterapia.

Sendo que para Merleau-Ponty (2006) estar no mundo é visto a partir das relações entre corpos que se inicia desde a gestação, e segue com o colo oferecido ao

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bebê pelo cuidador. É por meio dessa relação entre o ser e o mundo que reside a compreensão fenomenológica da vida humana, que busca por meio da linguagem corporal e da fala a capacidade para relacionar se e buscar o entendimento de si, do outro e do mundo.

Procedimentos metodológicos

O atendimento equoterápico busca o desenvolvimento do praticante como um todo, em uma perspectiva biopsicossocial e holística. É por meio da relação com o cavalo que o equoterapeuta auxiliará ao praticante, a desenvolver suas relações interpessoais e sócio-afetivas entre seres que possuem em comum a animalidade e a carnalidade. Por esse motivo acreditamos ser extremamente importante compreender essa relação entre o cavalo e o aluno praticante, e a abordagem fenomenológica oferece os subsídios necessários para compreensão desta relação.

A orientação fenomenológica pode, também, nos ajudar na compreensão do fenômeno desta relação que se estabelece entre o cavalo e o aluno praticante no ambiente equoterápico, e na iminência da necessidade de contribuir de forma científica com o estudo desta relação, que traz a proposta de relatar esta vivência, buscando compreender e descrever em que sentido e em que aspectos se estabelecem essa relação, assim como, possibilitar compreender as possíveis influências desta no ensino-aprendizagem e inclusão social dos alunos praticantes.

Na abordagem fenomenológica toda observação pressupõe uma ação, sendo que para o Merleau-Ponty (2006, p.84) não existe neutralidade na observação, pois “Quando se trata de seres vivos, e com mais razão de seres humanos não existe observação pura: toda observação é uma intervenção; não se pode experimentar ou observar sem mudar alguma coisa no objeto de estudo”. Assim, pressupõe toda que teoria é ao mesmo tempo prática, e inversamente, toda ação supões relações de compreensão. A orientação fenomenológica fundamentada em Merleau-Ponty, que pressupõe a intersubjetividade e a recriação de significados no processo da relação com o objeto de pesquisa.

A experiência vivenciais que pretendemos relatar neste estudo, é possível a partir da metodologia fenomenológica sob a luz dos pressupostos de Merleau-Ponty, que tem ênfase na dimensão biológico e existencial do viver humano e nos significados vivenciados desta relação entre alunos praticantes e o cavalo durante os atendimentos equoterápicos, buscando compreender os sentidos tal como se apresentaram na relação, em uma descrição densa desta vivencia.

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Essa pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, sendo que as observações e coletas de informações foram realizadas no Hospital Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, e no Rancho Dourado, local em que acontece o

Projeto Anjos de Quatro Patas: equoterapia para pessoas com diagnóstico transtorno

autista, este projeto tem como objetivo o estudo por meio da observação no desenvolvimento da Equoterapia, enquanto recurso terapêutico complementar, no tratamento de pessoas com diagnóstico distúrbio autista.

O Projeto Anjos de Quatro Patas: equoterapia para pessoas com diagnóstico transtorno autista é coordenado pela professora Doutora Lisiane Pereira de Jesus, que também é coordenadora do Neeq – Núcleo de Estudos em Equoterapia da Universidade Federal de Mato Grosso.

Participam deste projeto, alunos (as) dos cursos de Psicologia, Pedagogia e Zootecnia da UFMT, e também alunos (as) do curso de Fisioterapia da Unic – Universidade de Cuiabá, no projeto são atendidas 16 crianças da AMA – Associação de Amigos do Autista de Cuiabá-MT, sendo 15 crianças do sexo masculino e uma do sexo feminino. Essas crianças são levadas até o local pelos pais e/ou responsáveis, que na maioria das vezes são as avós.

As observações compreensivas e interpretações das informações apresentadas até o momento são parciais e demonstram que a relação estabelecida entre o cavalo e a pessoa com deficiência e/ou necessidades especiais no ambiente equoterápico é uma construção e que permite quando o praticante se sente aceito ele consegue estabelecer um nível profundo de comunicação nesta relação com o cavalo, talvez porque o cavalo não tenha o olhar social do preconceito e se permita tocar e ser tocado nesta relação.

Considerações para o momento

Como proposto o objetivo desta comunicação é propiciar reflexões e acerca da relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, e a influencia desta correlação no processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social do aluno praticante de equoterapia. Essa pesquisa ainda se encontra em fase de desenvolvimento, e as análises compreensivas apresentadas até o momento são parciais e demonstram que a relação estabelecida entre o cavalo e a pessoa com deficiência e/ou necessidades especiais no ambiente equoterápico é uma construção, sendo que quando o praticante se sente aceito ele consegue estabelecer um nível profundo de comunicação nesta relação com o

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cavalo, talvez porque o cavalo não tenha o olhar social do preconceito e se permita tocar e ser tocado nesta relação.

Nesse contexto, o diálogo surge como forma de compreensão do outro midiatizado pelo mundo. Para Freire (1987, p.29) “o educador já não é o que apenas educa, mas o que , enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa”. Dessa forma somos capazes de intervir na realidade e mudar a história, a política, o mundo. Afirma ainda que o processo para essa mudança seja justamente a educação enquanto fonte de conhecimento, que permite a pessoa sair da condição de impotência e ser agente modificador da realidade.

Fica claro que essas práticas educativas geram transformações no contexto social e conduz a reflexão sobre a importância de reflexões práticas educativas que possibilitem a construção de uma relação autêntica de aceitação, e que permita que quem ensine também aprenda ao ensinar, e que essa vivencia conduza o educando a autonomia. Quando a prática educativa possibilita a autonomia do educando ela contribui para mudanças significativas no contexto social através de espaços de diálogo, da política e de interação e socialização como forma de construção do conhecimento.

As reflexões aqui propostas não esperam esgotar o assunto mais apontar a importância de espaços de diálogos e reflexões acerca a relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, e a influencia desta correlação no processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social do aluno praticante de equoterapia que compreende o cavalo como recurso terapêutico e educacional, bem como refletir sobre o movimento da educação inclusiva e social em especial das possibilidades de contribuição da equoterapia nesse contexto com uma política educacional que vise à autonomia do educando no processo de ensino aprendizagem. Percebemos ainda a necessidade de maior investigação deste fenômeno devido a complexidade da temática.

Referências

BRASIL, ANDE - Associação Nacional de Equoterapia. Disponível em: www.equoterapia.org.br/metodo.php. Acesso em 10 de outubro de 2012.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Psicologia e Pedagogia da Criança. trad,. Ivone C. Benetti. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

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__________________________. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006b.

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