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Anatomo-Histo-Fisiologia I Cristina Teixeira

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Academic year: 2021

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SISTEMA OSTEO – ARTICULAR I ASPECTOS HISTOLÓGICOS SUMÁRIO 1 – Introdução à osteologia. 2 – O esqueleto humano: 2.1 – Importância funcional 2.2 – As principais divisões

2.2.1 – Esqueleto axial: cabeça óssea, coluna vertebral e caixa torácica 2.2.2 – Esqueleto apendicular: membros superiores e inferiores

3 – Classificação macroscópica do osso 3.1 – Osso esponjoso e osso compacto

3.2 – Ossos longos, ossos curtos, ossos chatos e ossos irregulares

4 – Tecido ósseo como principal componente do esqueleto

4.1 – A matriz óssea: componente orgânico e componente inorgânico 4.2 – As células: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos

4.3 – Endósteo e Periósteo

4.4 - Organização estrutural do osso:

• sistemas de Havers (ósteon) e sistemas circunferenciais interno e externo

• canais de Havers, lamelas ósseas, lacunas, canalículos, canais de Volkman

• medula óssea 5 – Histogénese do osso

5.1 – Ossificação intramembranosa 5.2 – Ossificação endocondral

5.3 – O disco epifisário e sua importância no crescimento longitudinal do osso longo 5.4 – Reparação da fractura óssea

Referências Bibliográficas:

1 - Williams PL, Warwick R. Gray’s Anatomy. 38th Edition. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1995. p. 425 – 484. 2 - Junqueira LC, Carneiro J. Histologia Básica. 10ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 130-153. 3 - Kierszenbaum AL. Histologia e Biologia Celular. Uma Introdução à Patologia. Rio de Janeiro: Elsevier; 2004. p. 103-156

4 – Murray RK, Granner DK, Mayes PA, Rodwell VW. Harper`s Illustrated Biochemistry. 36th. New York: Lange Medical Books/Mc Graw Hill; 2003. p. 514-555.

5 – Williams PL, Warwick R. Gray’s Anatomy. 38th Edition. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1995. p. 137-157. 6 – Berne RM, Levy MN. Physiology. 4th Edition. St Louis: Mosby; 1998. p. 848-871.

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SISTEMA OSTEO – ARTICULAR I

ASPECTOS HISTOLÓGICOS

I – INTRODUÇÃO

A forma do corpo humano é dada pelo padrão bilateralmente simétrico do esqueleto, constituído por estruturas ósseas e cartilagíneas, articuladas entre si e colocadas internamente à musculatura, é portanto, um endo-esqueleto.

Como em qualquer vertebrado típico, o esqueleto humano consiste de um eixo, o esqueleto axial, dividido em segmentos que lhe dão uma certa flexibilidade e de apêndices ou membros, o esqueleto apendicular, também eles divididos em segmentos articulados entre si. O esqueleto axial, é composto pela coluna vertebral, a cabeça óssea e a caixa torácica e, embora participe no movimento, está mais associado à protecção de órgãos ou estruturas vitais. Os membros, agrupados em dois pares, um superior e outro inferior, estão associados à locomoção1.

II – FUNÇÃO DO TECIDO ÓSSEO E DO ESQUELETO

O tecido ósseo é o principal componente do esqueleto humano. É dos tecidos mais rígidos e resistentes do corpo humano e, embora com uma estrutura relativamente leve, a sua arquitectura permite suportar forças consideráveis, resultantes do peso do corpo e da tensão muscular. Os sais de cálcio depositados na matriz constituinte do tecido ósseo conferem rigidez, no entanto, podem ser removidos do tecido ósseo, o que contribui para a homeostasia do ião cálcio no organismo humano. A estrutura trabeculada do osso esponjoso permite delimitar pequenas cavidades que alojam o tecido hematopoiético.

O tecido ósseo forma os elementos do esqueleto que dão suporte aos tecidos moles, nomeadamente a musculaturatura. Em parte, o esqueleto articulado é responsável pela forma do corpo.

Sendo as estruturas esqueléticas o apoio para os músculos, transformam a contracção muscular em movimentos úteis, funcionando também como alavancas que ampliam as forças geradas pela contracção muscular, por conseguinte, os elementos do esqueleto, particularmente o apendicular, participam no movimento, nomeadamente a locomoção.

Os elementos do esqueleto axial articulam de forma a delimitar cavidades que alojam órgãos vitais assumindo função de protecção1.

II -CLASSIFICAÇÂO MACROSCÓPICA DO OSSO SEGUNDO A APARÊNCIA NA SUPERFÍCIE DE CORTE:

No osso cortado e observado a olho nu, verifica-se que há zonas com minúsculas cavidades delimitadas por trabéculas de tecido ósseo e zonas sem cavidades. No primeiro caso designa-se osso esponjoso ou trabecular, no segundo caso, osso compacto1.

III - CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DO OSSO SEGUNDO A SUA FORMA :

Os ossos individuais variam na sua forma, mas algumas características comuns permitem agrupá-los em quatro grupos: longos, curtos, chatos e irregulares.

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Os ossos longos são formados por um tubo cilíndrico, a diáfise, com ambas as extremidades, alargadas constituindo as epífises. A diáfise do osso longo é constituída por osso compacto na periferia e um canal no centro, o canal medular, por sua vez, as epífises são constituídas por osso esponjoso.

Os ossos curtos são ossos com forma cubóide, trapezoidal, cuneiforme ou escafóide, constituídos por uma camada superficial de osso compacto e um interior completamente ocupado por osso esponjoso.

Os ossos chatos são ossos de extensão variável, mas com espessura mínima apresentando uma fina camada de osso esponjoso (diploe) entre duas tábuas de osso compacto.

Qualquer elemento esquelético que não se adapte às características dos ossos longos, curtos ou chatos, designa-se osso irregular1.

IV – ASPECTOS HISTOLÓGICOS – TECIDO CARTILAGÍNEO

Durante a embriogénese e a vida fetal os elementos do esqueleto são modelos de tecido cartilagíneo ou condensações de tecido mesenquimatoso que progressivamente vão sendo substituídos por tecido ósseo, o tecido predominante no esqueleto adulto1.

O tecido cartilagíneo é tecido conjuntivo especializado de consistência rígida, mas flexível desempenhando função de suporte de tecidos moles, para além de revestir as superfícies articulares, facilitando o deslizar das superfícies ósseas que articulam entre si2. Sendo tecido conjuntivo, o tecido cartilagíneo é constituído por células e material intercelular que forma a matriz extracelular. Não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido por capilares do pericôndrio, uma camada de tecido conjuntivo propropriamente dito, denso, colocado na periferia do molde de tecido cartilagíneo1, 2, 3, rico em fibras de colagénio na camada mais superficial, mas que se torna gradativamente mais rico em células nas camadas mais próximas da cartilagem2. Os nutrientes chegam às células do tecido cartilagíneo por difusão, através da matriz extracelular, aspecto que restringe o crescimento dos moldes de tecido cartilagíneo1.

Conforme as diversas necessidades funcionais do organismo, o tecido cartilagíneo diferencia-se em três tipos diferentes. A cartilagem hialina é a mais comum e a sua matriz contém fibrilas de colagénio tipo II. Forma o primeiro esqueleto do embrião e no adulto a cartilagem hialina é encontrada na extremidade das costelas, nas superfícies articulares, na parede das fossas nasais, traqueia e brônquios. A cartillagem elástica cuja matriz possui escassas fibrilas de colagénio tipo II e abundância de fibras elásticas, é encontrada no pavilhão auricular, no canal auditivo externo e na epiglote. A cartilagem fibrosa que apresenta uma matriz com abundância de fibras de colagénio tipo I, é encontrada nos discos intervertebrais e na sínfise púbica2.

1 - A matriz do tecido cartilagíneo

A matriz da cartilagem hialina (a mais comum no organismo) é constituída por fibrilas de colagéneo tipo II embebidas em substância fundamental onde predominam os proteoglicanos2, dos quais, o mais abundante é o agrecam2, 4. Os proteoglicanos são moléculas constituídas por uma estrutura proteica central de onde irradiam numerosas cadeias não ramificadas de glicosaminoglicanas. As glicosaminoglicanas são polissacarídeos constituídos por unidades dissacarídicas que se repetem ao longo da molécula, na matriz cartilagínea, as glicosaminoglicanas são predominantemente condrointinas sulfatadas1, 2, 4. Várias moléculas de proteoglicanos estabelecem ligações com uma molécula de ácido hialurónico (glicosaminoglicana), constituindo grandes agregados moleculares de proteoglicanos1, 2, responsáveis pela rigidez da matriz cartilagínea e que, por sua vez, se ligam às fibrilas de colagénio formando o arcabouço macromolecular da matriz2. Outro componente importante da matriz é uma glicoproteína designada condronectina, uma macromolécula com pontos de ligação para as células do tecido cartilagíneo, as fibrilas de colagéneo e as glicosaminoglicanas, permitindo coesão entre a matriz e as células deste tecido1, 2, 4. Toda esta estrutura molecular da substância fundamental apresenta-se fortemente hidratada2, facilitando a difusão de água e substâncias dissolvidas, através da substância fundamental1, 2.

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2 - As células do tecido cartilagíneo

As células mais periféricas da cartilagem, colocadas junto ao pericôndrio, são células jovens designadas condroblastos. Os condroblastos sintetizam os componentes da matriz, colagéneo e proteoglicanos, ficando aprisionados nessa matriz. Nestas circunstâncias, as células completamente rodeadas por matriz e colocadas no centro da cartilagem, designam-se condrócitos alojados dentro de lacunas que são escavações microscópicas na matriz. Os condrócitos têm também actividade sintética, produzindo os componentes da matriz cartilagínea1, 2.

3 – Histogénese do Tecido Cartilagíneo

No embrião, os esboços de cartilagem surgem a partir de condensações do mesenquima, um tecido constituído por células mesenquimatosas indiferenciadas1,com origem no folheto embrionário intermédio5. Pela sua capacidade de diferenciação em diferentes linhagens celulares, as células mesenquimatosas diferenciam-se em condroblastos que sintetizam os componentes da matriz cartilagínea. A consequência é o afastamento gradual dos condroblastos pela intensa deposição da matriz extracelular em seu redor, ficando aprisionados dentro de lacunas escavadas nessa matriz1, 2, adquirindo, a designação de condrócitos3.

A diferenciação do mesênquima faz-se de forma gradual, do centro para a periferia, de tal forma que, no centro aparecem condrócitos dentro de lacunas englobadas por matriz cartilagínea, mais perifericamete aparecem células mais jovens, os condroblastos. A camada mais superficial de mesênquima constitui o pericôndrio cuja camada mais interna contém condroblastos1, 2.

4 - O Crescimento da Cartilagem

O crescimento intersticial dá-se por divisão mitótica dos condrócitos envolvidos por matriz. Durante este processo cada condrócito que ocupa uma lacuna divide-se por mitose. Como resultado deste processo, no tecido cartilagíneo aparecem lacunas com vários condrócitos, resultantes da divisão mitótica do condrócito que ocupava a lacuna inicialmente, constituindo os grupos isógenos. Os condrócitos resultantes da divisão mitótica sintetizam matriz cartilagínea, afastam-se uns dos outros aumentando, obviamente, o tamanho da cartilagem. O crescimento intersticial só acontece nas primeiras fases de vida da cartilagem, à mediada que a matriz se torna mais rígida, este processo torna-se inviável1, 2.

O crescimento aposicional ocorre quando as células da camada mais profunda do pericôndrio diferenciam-se em condroblastos, que se dividem por mitose e que produzem os componentes da matriz. À medida que produzem os componentes da matriz, ficam aprisionados no interior de lacunas escavadas na matriz que produziram e passam a designar-se condrócitos1, 2, 3.

IV - O TECIDO ÓSSEO

O tecido ósseo, sendo uma forma especializada de tecido conjuntivo, é constituído por células e matriz extracelular. A matriz extracelular, também designada matriz óssea, apresenta-se fortemente mineralizada o que dá dureza ao tecido ósseo2, 3, mas impossibilitando a difusão de nutrientes através da matriz2.

As superfícies externa e interna do tecido ósseo estão envolvidas por tecido conjuntivo propriamente dito designado periósteo e endósteo, respectivamente2. No periósteo, a camada mais superficial contém, principalmente, fibras de colagénio, algumas das quais penetram no tecido ósseo, constituindo as fibras de Sharpey que permitem a firme adesão do periósteo ao tecido ósseo1, 2. Na camada mais profunda do periósteo há células osteoprogenitoras que se dividem por mitose e se diferenciam em osteoblastos, desempenhando um papel importante no crescimento em largura do osso e na reparação de fracturas ósseas2.

1 – A Matriz Óssea

A matriz óssea é constituída por duas componentes, 50% do peso da matriz constitui a parte inorgânica e o restante onstitui parte orgânica2.

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Na parte orgânica da matriz predominam as fibras de colagénio tipo I constituindo 90 a 95% da matéria orgânica da matriz4. O restante da parte orgânica é constituído por proteoglicanos e glicosaminoglicanos característicos da substância fundamental2. No entanto há também outras glicoproteínas, nomeadamente, a osteocalcina que participa nos processos de mineralização da matriz1, 6 e a osteonectina que se liga ao colagénio formando um complexo que se une aos cristais de hidroxiapatite6, participando nos processos de adesão dos elementos constituintes deste tecido1.

Na parte inorgânica da matriz predominam os iões cálcio e fosfato que constituem os cristais de hidroxiapatite, embora possam ser encontrados em menor quantidade outros iões, nomeadamente, sódio, magnésio, flúor, bicarbonato2, 4, cobre, alumínio e chumbo1.

A associação dos cristais de hidroxiapatite (parte inorgânica) às fibras de colagénio (parte orgânica) conferem a dureza e resistência do tecido ósseo, para que possa desempenhar as suas funções. A remoção dos cristais de hidroxiapatite do tecido ósseo, utilizando agentes ácidos torna o osso extremamente flexíveis. Por outro lado, a remoção da porção orgânica pela incineração torna o osso extremamente quebradiço1, 2.

2 – As Células do Tecido Ósseo

Os osteoblastos são células rugosamente cubóides, com citoplasma basófilo, situadas nas superfícies do tecido ósseo em crescimento, localizadas em íntimo contacto com o endósteo ou o periósteo1. Estas células dispõem-se lado a lado, formando uma só camada que lembra um epitélio simples, mas com as células que se unem através de prolongamentos citoplasmáticos1, 2. Os osteoblastos são as células que sintetizam a parte orgânica da matriz, nomeadamente, colagénio tipo I, proteoglicanos e outras glicoproteínas tais como a osteonectina e a osteocalcina1, 2. A matriz recém sintetizada deposita-se em torno do osteoblasto, envolvendo-o e antes de sofrer o processo de mineralização, esta matriz denomina-se osteóide1, 2. A membrana plasmática do osteoblasto é rica numa enzima designada fosfatase alcalina que aliada à osteocalcina produzida pelos osteoblastos, criam o ambiente favorável para a mineralização da matriz1, 6.

À medida que os osteoblastos sintetizam os componentes da matriz óssea ficam envolvidos por essa matriz, afastam-se dos osteoblastos vizinhos, mas permanecendo ligados entre si através dos prolongamentos citoplasmáticos. Em simultâneo, os osteoblastos vão perdendo a capacidade de síntese dos componentes da matriz e passam a designar-se osteócitos1, 2 que são o maior contingente de células do tecido ósseo1. Os osteócitos que atingiram o apogeu da maturação caracterizam-se pela escassez de organelos celulares, localizam-se no interior de escavações da matriz, as lacunas e apresentam uma trama densa de prolongamentos citoplasmáticos colocados dentro de canalículos, túneis de ínfimo diâmetro, escavados na matriz. Nas lacunas e nos canalículos, entre as células com os seus prolongamentos citoplasmáticos e a matriz óssea envolvente, há fluído intersticial, fundamental para a difusão de nutrientes e metabolitos1, 2. Embora sem actividade sintética, os osteócitos têm um papel crucial na manutenção da matriz óssea, a morte destas células leva à reabsorção da matriz 1, 2 pelos osteoclastos1.

No tecido ósseo aparece uma outra linhagem de células que se origina dos monócitos do sangue, os osteoclastos, células móveis, gigantes, multinucleadas, com numerosos vacúolos1, 2 e lisossomas com fosfatase ácida1. Estão situados na superfície óssea, próximas do periósteo e do endósteo6, em escavações da matriz designadas lacunas de Howship1, 2. A função destas células é reabsorver a matriz óssea1, 2, 6. Para isso, os osteoclastos apresentam pregueamentos ou dobras da membrana plasmática que aderem à matriz criando microambientes fechados, para onde segregam ácido, colagenases e outras enzimas que digerem a parte orgânica da matriz e dissolvem os cristais de hidroxiapatite1, 2, 6. A solubilização da parte inorgânica da matriz, permite libertar iões cálcio da matriz para a corrente sanguínea, sempre que necessário, aspecto importante na homeostasia do ião cálcio no organismo6.

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3 – Organização Histológica do Osso

O primeiro tecido ósseo que se forma apresenta fibras de colagénio sem organização definida e menor quantidade de cristais de hidroxiapatite, é designado tecido ósseo não lamelar ou primário, sendo pouco frequente no adulto2.

O tecido ósseo mais frequente no adulto é designado tecido ósseo lamelar ou secundário. A principal característica é apresentar as fibras de colagéneo organizadas em lamelas de matriz óssea com 3 a 7 micrómetros de espessura, que se dispõem em camadas concêntricas, em torno de canais constituindo os sistemas de Havers ou osteons1, 2.

Cada osteon ou sistema de Havers é constituído por um cilindro longo1, 2, com um diâmetro que varia entre 100 a 400 micrómetros1, constituído por 4 a 20 lamelas concêntricas. Cada lamela é constituída por matriz óssea com fibras de colagénio colocadas paralelamente umas às outras. As lacunas com os osteócitos estão situadas entre as lamelas e das lacunas irradiam, em todas as direcções, os canalículos que contêm os prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos. No centro do cilindro está um canal, revestido por endósteo, contendo vasos sanguíneos e designado canal de Havers2.

Num osso longo, os osteons ou sistemas de Havers dispõem-se segundo o longo eixo do osso. Vasos sanguíneos do periósteo invadem o tecido ósseo através de canais perpendiculares ao longo eixo do osso, designados canais de Volkmann. Através destes canais os vasos sanguíneos alcançam os canais de Havers. As camadas mais periférica e mais interna da diáfise do osso longo, são formadas pelos sistemas circunferenciais externo e interno, respectivamente. Estes sistemas são constituídos por lamelas paralelas que formam duas faixas, uma na periferia da diáfise e outra rodeando o canal medular, no centro da diáfise. Entre os sistemas circunferenciais externo e interno dispõem-se inúmeros sistemas de Havers1, 2.

4 – Histogénese do Osso – Ossificação Intramembranosa e Ossificação Endocondral

Durante o desenvolvimento do organismo humano, a formação de tecido ósseo é conseguida por dois processos: ou por ossificação intramembranosa, ou por ossificação endocondral1, 2. Em ambos os processos de ossificação, o primeiro tecido ósseo formado é primário ou não lamelar, este vai sendo removido e substituído por tecido ósseo secundário ou lamelar2.

A ossificação intramembranosa ocorre em membranas de tecido conjuntivo onde estão células mesenquimatosas indiferenciadas2, com origem no folheto embrionário intermédio e que têm capacidade de diferenciação em diferentes linhagens celulares5. O processo tem início quando as células mesenquimatosas indiferenciadas proliferam densamente em torno das redes de capilares1 e se diferenciam em osteoblastos1, 2. À medida que a parte orgânica da matriz, ou osteóide, é sintetizada pelos osteblastos, ocorre a sua mineralização e a matriz óssea assim formada envolve e aprisiona os osteoblastos que adquirem as características de osteócitos1, 2. A camada mais periférica da membrana de tecido conjuntivo onde ocorre a ossificação, condensa-se para constituir o periósteo1. O local da membrana de tecido conjuntivo onde o processo tem início designa-se centro

Aplicação de conhecimentos: A fosfatase alcalina existente na membrana plasmática dos osteoblastos e a osteocalcina sintetizada por estas células são importantes na deposição de matriz óssea, a concentração destas substâncias no plasma são indicadores de actividade osteoblástica e, por conseguinte, indicadores de deposição de matriz óssea. Por outro lado, quando a actividade osteoclástica está aumentada, as enzimas segregadas por estas células digerem a componente orgânica da matriz, nomeadamente o colagénio, libertando amino-ácidos, entre os quais hidroxilisina e hidroxiprolina que só existem no colagénio. A taxa de excreção urinária destes amino-ácidos é um indicador da actividade osteoclástica e, por conseguinte, da reabsorção óssea6.

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de ossificação. Os vários centros de ossificação crescem radialmente e a membrana de tecido conjuntivo propriamente dito acaba por ser substituída por tecido ósseo2.

A ossificação intramembranosa é o processo formador de alguns ossos da cabeça: frontal, parietal, parte do occipital, mandíbula e maxila. Esta forma de ossificação é também responsável pelo crescimento dos ossos curtos e pelo crescimento em espessura dos ossos longos2.

A ossificação endocondral ocorre sobre um modelo de cartilagem hialina que tem a mesma forma do osso que se vai formar, embora com menores dimensões2. Esta forma de ossificação caracteriza-se por uma série de modificações citológicas na cartilagem. Ocorre hipertrofia dos condrócitos com aumento considerável das lacunas, reduzindo a matriz cartilagínea a finos tabiques. A restante matriz cartilagínea mineraliza e ocorre a morte dos condrócitos por apoptose, deixando grandes lacunas vazias. A partir deste ponto, os capilares sanguíneos do pericôndrio invadem as lacunas da matriz cartilagínea, arrastando células mesenquimatosas indiferenciadas, osteoprogenitoras, que se diferenciam em osteoblastos1, 2. Os osteoblastos sintetizam componentes orgânicos da matriz que imediatamente mineraliza, originando a matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem que servem de apoio à ossificação. Os osteoblastos aprisionados na matriz óssea adquirem as características de osteócitos, o modelo inicial de tecido cartilagíneo dá origem a uma estrutura de tecido ósseo1, 2.

5 – Histogénese do Osso – Processo de Ossificação no Osso Longo

Os ossos longos formam-se a partir de moldes de cartilagem, envolvidos por pericôndrio, com a mesma forma que terá o osso, um cilindro central, a futura diáfise com duas extremidades alargadas, as futuras epífises2.

A zona de início de início da ossificação do molde cartilagíneo do futuro osso longo designa-se centro de ossificação primário, localiza-se na zona média da futura diáfise e o processo de ossificação progride em direcção às extremidades. O primeiro tecido ósseo a aparecer no molde cartilagíneo de um osso longo é formado por ossificação intramembranosa do pericôndrio que reveste a parte média ou cilindro central e que corresponderá à diáfise. Forma-se um cilindro ósseo designado colar ósseo que envolve perifericamente o molde cartilagíneo do cilindro central. Este colar ósseo, situa-se internamente ao pericôndrio que revestia o molde cartilagíneo e que passa a designar-se periósteo2.

Em simultâneo à formação do colar ósseo, verificam-se profundas alterações citológicas, no modelo cartilagíneo por ele envolvido, que são características do processo de ossificação endocondral. Os condrócitos hipertrofiam, as lacunas aumentam, a matriz cartilagínea mineraliza e os condrócitos degeneram por apoptose. Do periósteo partem vasos sanguíneoa que atravessam o colar ósseo e penetram na matriz cartilagínea, arrastando células osteoprogenitoras que se diferenciam em osteoblastos. Os osteoblastos sintetizam os componentes do osteóide que imediatamente mineraliza, dando origem à matriz óssea na qual os osteoblastos ficam aprisionados, adquirindo características de osteócitos. Os osteoclastos removem o osso recém-formado no centro da diáfise, aparecendo o canal medular do osso1, 2.

Mais tarde surgem os centros de ossificação secundária, um em cada extremidade do molde cartilagíneo, nos locais das futuras epífises do osso longo. Neste locais ocorrem fenómenos de ossificação endocondral que progridem radialmente na futura epífise2.

Quando o tecido ósseo formado nos centros de ossificação primária e secundária ocupa todo o molde inicial de cartilagem, o tecido cartilagíneo fica restringido a dois locais: revestindo externamente cada epífise, constituíndo a cartilagem articular que persiste toda a vida e constituindo uma camada em forma de disco situada entre a diáfise e cada epífise, constituindo a cartilagem epifisária ou de conjugação, ou disco epifisário, ou placa de crescimento, uma estrutura temporária que desaparece por volta dos 20 anos de idade2.

6 – Histogénese do Osso. Crescimento Longitudinal. O Disco Epifisário

O crescimento longitudinal do osso longo ocorre no disco epifisário, uma camada de cartilagem hialina localizada entre cada epífise e a diáfise do osso longo. O disco epifisário é uma estrutura temporária que permanece por vários anos após os processos de ossificação que levaram à formação do osso longo. O seu desaparecimento, por volta dos 20 anos de idade,

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determina o fim do crescimento em altura do corpo, dado que este crescimente depende directamente do crescimento em altura de cada osso longo2.

No disco epifisário, são identificadas camadas com características citológicas diferentes que reflectem os processos inerentes ao crescimento longitudinal do osso. Partindo da camada mais próxima da epífise em direcção à camada mais próxima da diáfise identifica-se na cartilagem do disco epifisário: uma zona de repouso onde a cartilagem hialina não apresenta quaisquer alterações citológicas; uma zona de multiplicação ou proliferação onde os condrócitos se dividem intensamente por mitose originando células filhas que se colocam em fileiras ou colunas paralelas ao longo eixo do osso, uma zona de cartilagem hipertrófica onde se encontram condrócitos hipertrofiados com aumento evidente das suas lacunas, uma zona de cartilagem calcificada onde ocorre mineralização dos tabiques cartilagíneos e morte celular por apoptose e, próximo da diáfise uma zona de ossificação onde há penetração de vasos sanguíneos vindos do periósteo, que arrastam células osteoprogenitoras que invadem as lacunas vazias da matriz cartilagínea, diferenciando-se em osteoblastos. Os osteoblastos produzem osteóide que mineraliza, ficam aprisionados na matriz, adquirindo características de osteócitos. O resultado é a deposição gradual de mais tecido ósseo permitindo um aumento longitudinal do osso longo1, 2.

Referências Bibliográficas:

1 - Williams PL, Warwick R. Gray’s Anatomy. 38th Edition. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1995. p. 425 – 484. 2 - Junqueira LC, Carneiro J. Histologia Básica. 10ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p. 130-153. 3 - Kierszenbaum AL. Histologia e Biologia Celular. Uma Introdução à Patologia. Rio de Janeiro: Elsevier; 2004. p. 103-156

4 – Murray RK, Granner DK, Mayes PA, Rodwell VW. Harper`s Illustrated Biochemistry. 36th. New York: Lange Medical Books/Mc Graw Hill; 2003. p. 514-555.

5 – Williams PL, Warwick R. Gray’s Anatomy. 38th Edition. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1995. p. 137-157. 6 – Berne RM, Levy MN. Physiology. 4th Edition. St Louis: Mosby; 1998. p. 848-871.

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