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A OPORTUNIDADE DA AMPLIAÇÃO DO USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA NA CEAM COM A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA LUZ PARA TODOS

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A OPORTUNIDADE DA AMPLIAÇÃO DO USO DE FONTES

RENOVÁVEIS DE ENERGIA NA CEAM COM A IMPLANTAÇÃO DO

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-UFAM

cdeam@ufam.edu.br

RESUMO

A utilização de tecnologias que façam uso de recursos energéticos renováveis – Teres, para suprimento elétrico de comunidades isoladas na área de concessão da Companhia Energética do Amazonas - CEAM é discutido nesse trabalho. São apresentados e discutidos elementos que demonstram a oportunidade para a forte penetração das Teres, uma vez que o suprimento elétrico tradicional, através de grupos geradores a diesel, tem se mostrado inapropriado.

Palavras-chave: Sistemas Isolados, Programa Luz Para Todos, Energias

Renováveis.

ABSTRACT

The utilization of technologies which uses renewable energy resources (TERES) to provide electricity to isolated communities at Amazon State Electricity Company’s concession area is argued at this article. Evidences that show the potential uses of TERES and its opportunity of use, as the traditional diesel power generator had been shown impropriated, are discussed.

1. INTRODUÇÃO

A área de concessão da Companhia Energética do Amazonas - CEAM é caracterizada pela predominância de comunidades de baixo poder aquisitivo, onde a renda é gerada em grande parte pelos empregos originados das atividades do poder público e do extrativismo local. A maior parte das localidades atendidas possui menos de 2.000 consumidores e se localizam em regiões distantes e de difícil acesso, denotando um alto grau de dispersão do mercado atendido e a baixa densidade populacional dessas comunidades.

No âmbito do Programa Luz para Todos, no tocante a área de concessão da CEAM, está previsto o atendimento de 70.000 unidades consumidoras (UC’s) até o ano de 2008. A implantação desse programa aumentará ainda mais a dispersão do mercado atendido, reforçando a idéia de que os serviços de energia elétrica prestados pela CEAM, devem ser vistos, no sentido amplo do conceito, como bens públicos.

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Dessa forma, se vislumbra uma excelente oportunidade de se utilizar, nessas comunidades, tecnologias que façam uso de fontes de energias renováveis – Teres, adequadas às características da região, sendo ideal que o aproveitamento energético renovável esteja associado às atividades econômicas locais e/ou ao aproveitamento de resíduos (aparas de madeira, bagaço de cana, etc.), reduzindo custos e gerando receita adicional.

Para tanto, se torna imprescindível o desenvolvimento de mecanismos que incentivem o uso dos recursos energéticos locais e a implantação de programas sociais nessas comunidades que promovam a geração de trabalho e renda, reduzindo a dependência energética e proporcionando benefícios sociais, econômicos e ambientais.

2. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS ISOLADOS DA CEAM

As 91 localidades atendidas pela Companhia Energética do Amazonas - CEAM estão dispersas em uma área de 1.566.362 km², com uma população estimada de 1.581.721 habitantes, dos quais aproximadamente 46,3% não dispõem dos serviços de energia elétrica.

O fornecimento é realizado por meio de geração de energia elétrica a partir de sistemas térmicos isolados de elevado custo operacional, que é suportado, em grande parte, pelas transferências de recursos obtidos por intermédio da Conta de Consumo de Combustível - CCC, subsídio que, segundo a Lei 10.438, deverá ser extinto no ano de 2022.

O parque gerador da CEAM é composto por 91 usinas térmicas isoladas próprias totalizando uma potência nominal de 205,8 MW e também distribui energia elétrica onde o suprimento é realizado pela empresa Manaus Energia S/A (Presidente Figueiredo, parte do município de Iranduba atendido provisoriamente em 13,8 kV e a localidade de Puraquequara) e pela Centrais Elétricas do Acre – ELETROACRE (município de Guajará). Apesar de possuírem parque térmico próprio, o município de Itacoatiara completa sua necessidade comprando energia da Hermasa Navegação da Amazônia S/A (Autoprodutor) e BK Energia Itacoatiara Ltda (Produtor Independente) e o município de Rio Preto da Eva comprando da Manaus Energia S/A.

Esse complexo de usinas é composto quase todo por usinas térmicas a diesel, com exceção dos municípios supridos pela Manaus Energia S/A que gera uma parte da energia fornecida através da Usina Hidroelétrica de Balbina e pelo Produtor Independente de Energia - PIE BK Energia Itacoatiara Ltda, que utiliza aparas de madeira.

As sedes municipais têm nível de atendimento médio próximo a 90%, enquanto na zona rural é de apenas 10%. Com a implementação do programa federal Luz Para Todos, o serviço público de energia elétrica deverá se estender a toda a zona rural do interior amazonense.

O atendimento ao mercado se processa por meio de 94 agências, distribuídas em 61 municípios e 33 comunidades, destacando-se que as 10 maiores agências são responsáveis por 54% da energia requerida bruta, estando o restante dos requisitos de energia elétrica diluído nas demais localidades atendidas pela CEAM, conforme mostra a Figura 1.

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Figura 1. Composição dos requisitos de energia elétrica em 2004. Fonte: Companhia Energética do Amazonas - CEAM

Outro dado importante que deve ser levado em consideração é que a reduzida densidade populacional do mercado atual (69 das comunidades atendidas pela CEAM, possuem menos de 2.000 consumidores e 44 menos de 1.000) deverá ser ainda menor com a implantação do Programa Luz para Todos, programado para ser totalmente executado até o ano de 2008.

A Figura 2 evidencia que a estrutura do consumo é preponderantemente residencial, representando 45,2% do mercado, contra apenas 8,7% de consumo industrial, o que caracteriza um mercado composto por localidades de economia pouco desenvolvida.

Figura 2. Estrutura de consumo em 2004. Fonte: Companhia Energética do Amazonas – CEAM.

A área de concessão da CEAM é constituída por regiões de baixa concentração de carga, onde a falta de escala econômica para exploração do negócio de venda de energia elétrica provoca desequilíbrio financeiro crônico, já que para serem rentáveis teriam que praticar tarifas muito elevadas, que certamente não estariam ao alcance dos seus consumidores, o que inibe, em princípio, investimentos privados nesses sistemas.

Por outro lado, o grande número e dispersão de pequenas unidades geradoras a óleo diesel, utilizadas em decorrência da grande dificuldade de acesso e do reduzido número de consumidores, impõe grandes desafios para superar as dificuldades nos procedimentos inerentes à operação e manutenção dos equipamentos. Estrutura do Consumo - 2004 Industrial 8,7% Residencial 45,2% Outras 31,6% Comercial 14,5% Consumo = 404.225 MWh 0% 20% 40% 60% 80% 100% Itacoatiara Manacapuru Parintins Iranduba Tefé Coari Tabatinga Humaitá Maués P. Figueiredo Demais 46% 54% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Itacoatiara Manacapuru Parintins Iranduba Tefé Coari Tabatinga Humaitá Maués P. Figueiredo Demais 46% 54% 54%

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No que concerne à logística de abastecimento, para vencer as grandes distâncias dessa região, onde há ausência ou escassez de estradas de rodagem e de ferrovias, os únicos meios de transporte possíveis são a navegação fluvial ou a utilização de aviões fretados, encarecendo sobremaneira o provimento desses sistemas.

No entanto, essas condições regionais adversas não podem impedir o atendimento aos consumidores de energia elétrica, dada a essencialidade desse serviço aos padrões mínimos de qualidade de vida e de desenvolvimento regional, bem como ao aspecto geopolítico de preservação da Amazônia brasileira.

3. ESTADO DA ARTE DA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE COM FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

Para muitas fontes renováveis de energia as tecnologias de produção de eletricidade podem ser consideradas provadas, embora em alguns casos não sejam ainda comerciais. O domínio das tecnologias de conversão de alta eficiência, por outro lado, é bastante concentrado em poucos países.

3.1 Energia eólica

A produção de eletricidade a partir da energia eólica é a que teve os resultados mais significativos nos últimos 15-20 anos, tanto em termos de capacidade instalada quanto na redução dos custos da eletricidade gerada. Segundo o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica (CRSE), o crescimento do setor tem sido de 25% e as análises dos recursos eólicos mostram a possibilidade de geração elétrica com custos da ordem de US$ 70 a US$ 80 por MW/hora.

De acordo com o Ministério das Minas e Energia (MME), o custo de geração da energia eólica ainda é um dos mais caros entre as tecnologias renováveis em nível comercial. Entretanto, o custo do aerogerador, responsável por cerca de 70% do investimento, continua a cair com o aprimoramento tecnológico e a melhoria da eficiência das máquinas. Essa redução do custo é assegurada, também, por meio da existência de um mercado mundial crescente, que, nos últimos 15 anos, quadruplicou sua potência instalada, passando de 10 GW para 40 GW.

Hoje, a capacidade de geração eólica instalada no Brasil é de 20,3 MW, com turbinas de médio e grande porte conectadas à rede elétrica, existindo também dezenas de turbinas eólicas de pequeno porte funcionando em locais isolados.

3.2 Energia solar fotovoltaica

Atualmente o custo das células solares é um grande desafio para a indústria e o principal empecilho para a difusão dos sistemas fotovoltaicos em larga escala. A tecnologia fotovoltaica está se tornando cada vez mais competitiva, tanto porque seus custos estão decrescendo, quanto porque a avaliação dos custos das outras formas de geração está se tornando mais real, levando em conta fatores que eram anteriormente ignorados, como a questão dos impactos ambientais.

No Brasil a geração de energia elétrica por conversão fotovoltaica teve um impulso notável, motivado pela implantação de projetos privados e governamentais

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em comunidades isoladas, onde o atendimento por meio da expansão do sistema elétrico convencional se mostrou economicamente inviável.

Para o meio rural brasileiro, a produção de eletricidade com células fotovoltaicas não apresenta nenhuma barreira tecnológica, sendo o potencial bastante significativo, embora seja uma alternativa mais adequada para atendimento de pequenas cargas. (Walter, A. 2000).

3.3 Energia hidráulica

A tecnologia das micro e pequenas centrais hidrelétricas é plenamente dominada já há muitos anos, podendo ser considerada totalmente comercial e confiável. De acordo com dados da Eletrobrás, em 1997 havia cerca de 340 Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs em operação no Brasil, totalizando uma capacidade de cerca de 630 MW que foi basicamente construída 30-40 anos atrás. Uma capacidade adicional de 790 MW pode ser viabilizada nos próximos anos, tendo-se por base os quase oitenta projetos sob análise ou até mesmo já em construção.

Tendo em vista o porte das PCHs (na faixa de 1 a 30 MW) e o custo unitário de capital, que é da ordem de 1.100 US$/kW instalado (custo médio de 28 empreendimentos em andamento), essa alternativa parece ser inviável para estabelecimentos rurais isolados, mas bastante factível, por exemplo, para cooperativas de eletrificação rural.

3.4 Energia de biomassa

Segundo Bajay (2005), a fonte renovável mais promissora para a Região Norte, para a geração de energia elétrica, é a biomassa, seja na forma de resíduos de madeireiras, por exemplo, para queima em unidades de cogeração, ou plantações com finalidades energéticas, como, por exemplo, óleos vegetais para queima em motores diesel.

A produção de eletricidade a partir da biomassa, em ciclos a vapor convencionais de pequena capacidade, é comercial em países como a Finlândia, a Suécia e em algumas regiões dos EUA. Já a produção de eletricidade em larga escala, em sistemas de alta eficiência (associados à gaseificação da biomassa e emprego do gás combustível resultante na alimentação de ciclos combinados de alto desempenho) envolve tecnologia ainda em desenvolvimento, que pode atingir fase comercial em até 10 anos. (Walter, A. 2000)

Segundo Walter (2000), no caso da biomassa, consideradas as tecnologias provadas, os ciclos a vapor com turbinas só seriam viáveis em complexos agro-industriais de pelo menos médio porte. Por outro lado, ciclos a vapor com motores alternativos são plenamente adequados para o meio rural, mas o único fornecedor desses equipamentos encerrou suas atividades no país há alguns anos justamente pelas dificuldades do mercado. Para as tecnologias de gaseificação de biomassa e motores de combustão interna, bem como para o emprego de óleos vegetais, ainda é preciso se avançar no desenvolvimento para que esses sistemas sejam confiáveis e competitivos.

O maior empecilho à geração de energia elétrica através de fontes renováveis alternativas, em qualquer parte do mundo, é o seu elevado custo unitário de geração vis-a-vis as opções tradicionais. Logo, o desafio do planejamento energético é encontrar os nichos de mercado em que cada tipo de tecnologia é mais

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competitivo. Os elevados custos de transporte do óleo diesel na Amazônia para geração de eletricidade em comunidades isoladas, devido às grandes distâncias e pequenas cargas elétricas envolvidas, abre algumas oportunidades interessantes para essas fontes na Região, sobretudo para a biomassa. (Bajay, S.V. 2005).

4. A UTILIZAÇÃO DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIAS NA CEAM

Energia Fotovoltaica

A utilização da energia fotovoltaica na área de concessão da CEAM foi proporcionada pela implementação do Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios – PRODEEM e do Projeto Ribeirinhas.

O Projeto Ribeirinhas é desenvolvido através da parceria entre o Centro de Pesquisa da Eletrobrás – CEPEL e a CEAM.

As ações do PRODEEM permitiram a instalação de 191 sistemas fotovoltaicos em 23 municípios, com o uso final predominantemente escolar, totalizando uma potência de 127,8 MW, conforme evidencia a tabela 1.

Destaca-se que dentre as localidades atendidas, foram beneficiadas doze comunidades indígenas, sendo seis no município de Novo Airão e seis no município de Presidente Figueiredo.

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Tabela 1. PRODEEM – Implantação de sistemas fotovoltaicos.

Municípios Quantidade Potência (kW) Alvarães 4 1.800 Apuí 5 3.536 Boca do Acre 3 1.730 Carauari 20 14.840 Eirunepé 20 14.840 Envira 18 13.356 Guajará 31 23.002 Ipixuna 16 11.872 Itamarati 12 8.904 Itapiranga 2 864 Juruá 8 5.936 Manacapuru 2 1.114 Manicoré 2 1.072 Maraã 8 3.600 Novo Airão 6 1.900 Novo Aripuanã 4 2.536 Parintins 4 2.688 P. Figueiredo 9 3.250 Rio P. da Eva / Itacoatiara 4 4.371 Silves 3 2.072 Tefé (Mamirauá) 8 3.600 Uarini 2 900 Total 191 127.783 Fonte: PRODEEM/MME – 2005.

O Projeto Ribeirinhas, até dezembro de 2004, possibilitou a instalação de sistemas fotovoltaicos individuais em 170 domicílios, distribuídos em 27 comunidades nos municípios de Manacapuru, Novo Airão e Silves, totalizando 25,5 kW instalados, sendo seu uso exclusivamente residencial, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Quantidade de comunidades e domicílios atendidos por sistemas fotovoltaicos no Projeto Ribeirinhas.

Municípios Número de comunidades Número de domicílios

Manacapuru 13 88

Novo Airão 13 67

Silves 1 15

Total 27 170

Fonte: Eletrobrás – 2005.

De acordo com a Assessoria da Diretoria Técnica da CEAM, os custos são da ordem de 10 US$/W instalado (Projeto Ribeirinhas) e de 12 US$/W instalado (PRODEEM), ressaltando-se que somente os sistemas fotovoltaicos implantados no

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âmbito do PRODEEM, obedecem ao limite mínimo de potência a ser disponibilizada (250 W), determinado pela Resolução nº 83/ANEEL, de 20 de setembro de 2004.

A CEAM em seu programa de P&D financiou o projeto “Acompanhamento e avaliação de experiências de eletrificação rural com sistemas fotovoltaicos em comunidades isoladas”, o qual foi desenvolvido pelo Núcleo de Eficiência Energética – NEFEN da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, atual Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico – CDEAM. A partir das avaliações das experiências de eletrificação com sistemas fotovoltaicos realizadas nas comunidades isoladas de Nossa Senhora Rainha da Paz e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no município de Manacapuru e Sagrado Coração de Jesus no município de Silves, foram apresentadas recomendações relevantes para a melhoria da implantação desses sistemas, dentre as quais se destacam (Souza et al, 2003):

• Inserção de mecanismos para geração de renda, por meio do estabelecimento de parceria com agência de desenvolvimento regional;

• Revitalização dos sistemas instalados;

• Capacitação dos usuários, visando a adequada operação e manutenção dos equipamentos, e;

• Modificação do arranjo do sistema de modo a atender a iluminação em corrente contínua.

Energia de biomassa

No âmbito do projeto Ribeirinhas está sendo implantado um sistema para suprimento de 22 residências nas comunidades N. Sra. das Graças e Apóstolo Paulo pertencentes ao município de Manacapuru, que consta basicamente de um grupo gerador de 20 kW acionado por um gaseificador de resíduo de madeira. Este equipamento de origem indiana deverá consumir somente 30% de óleo diesel comparativamente a um grupo gerador à Diesel.

Ressalta-se que a qualidade na oferta de energia desse sistema, no tocante a freqüência e duração das interrupções, está fortemente comprometida pelo fato de existir somente uma unidade geradora.

No município de Itacoatiara/AM existe um Produtor Independente de Energia – PIE, a BK Energia Itacoatiara Ltda, que utiliza aparas de madeira para geração de eletricidade, sendo responsável pela maior parte da energia consumida naquele município.

Como ações de P&D, foram financiados pela Manaus Energia S/A os projetos intitulados “Avaliação da performance de motor de combustão interna de pequeno porte com combustíveis alternativos” e “Levantamento do potencial energético de resíduos madeireiros no Estado do Amazonas”. O primeiro foi desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico – CDEAM, e objetivou avaliar o desempenho de um motor de combustão interna, ciclo diesel de quatro tempos, operando com misturas de óleo diesel e óleo de dendê. O segundo foi desenvolvido pela EMBRAPA Ocidental em parceria com o CDEAM/UFAM, visando avaliar a disponibilidade e viabilidade técnico-econômica da utilização de resíduos madeireiros como fonte alternativa de geração de energia elétrica nos sistemas isolados.

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9 Micro Centrais Hidrelétricas

O Ministério de Minas e Energia solicitou apoio à Eletronorte, mediante a disponibilização de equipe técnica, para realização de estudos técnicos para avaliar as condições de operação das Micro Centrais Hidrelétricas (MCH) instaladas nos Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) do Comando Militar da Amazônia (CMA), e elaborar projetos de revitalização e repotencialização dessas unidades geradoras, bem como, o estudo de ampliação da capacidade geradora, a fim de atender tanto a demanda atual como a futura.

Dessa forma, foram feitas recomendações para a revitalização das micro centrais hidrelétricas existentes (Pari-Cachoeira, São Joaquim, Querari, Maturacá e Taracuá, todas localizadas no município de São Gabriel da Cacheoira), bem como as propostas de construção de novas usinas nas comunidades de Tunuí, Cucuí, Iauretê e São Gabriel da Cachoeira (também pertencentes ao município de São Gabriel da Cachoeira), a fim de solucionar, de uma forma definitiva e permanente, os problemas de abastecimento energético dos PEF’s e dessas comunidades isoladas.

Devido às enormes distâncias a serem percorridas, tanto por via fluvial como área, o apoio logístico de manutenção se torna bastante complexo, fazendo com que seja necessária a capacitação permanente de técnicos no contingente dos Pelotões Especiais de Fronteira para operar as usinas e realizar as devidas manutenções, minimizando ao máximo a necessidade de intervenções externas.

5. O PROGRAMA LUZ PARA TODOS NO ÂMBITO DA CEAM

No contexto da Amazônia, os estados da Região Norte destacam-se no panorama da exclusão elétrica do País quanto ao seu nível de não atendimento no meio rural.

O Programa Luz para Todos contempla o atendimento das demandas no meio rural através de três alternativas: extensão de rede, sistemas de geração descentralizados com redes isoladas, ou sistemas individuais. A estratégia de atendimento, devido à facilidade de execução, está sendo iniciada pela extensão de redes.

Dentre as esperadas vantagens dessa iniciativa devem ser destacados o desenvolvimento social e econômico de áreas rurais, com impactos diretos no nível de emprego e a conseqüente redução dos ciclos migratórios em direção aos centros urbanos, que só serão concretizadas se paralelamente houver iniciativas governamentais visando a geração de emprego e renda.

Devido às peculiaridades da área de concessão da CEAM, principalmente as associadas à sua geografia econômica, dimensões territoriais continentais e dificuldades de acesso a uma população rural em sua maioria pobre e dispersa, a execução do programa, no período de 2004 a 2008, irá requerer um esforço enorme de todos os setores envolvidos, no sentido de que as dificuldades específicas dessa região sejam superadas e as metas propostas do programa sejam alcançadas.

É importante, também, a implantação de programas sociais nas comunidades que estão sendo atendidas pelo programa de universalização, visando utilizar a energia elétrica para promover algumas atividades econômicas, possibilitar

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a geração de trabalho e renda e não comprometer a continuidade do atendimento do serviço de energia elétrica a esses consumidores.

Na área de concessão da CEAM está previsto para serem atendidas 70.000 unidades consumidoras (UC’s) até 2008 conforme demonstra a Tabela 3.

Tabela 3. Metas de atendimento do Programa Luz para Todos para CEAM.

Ano Unidades Consumidoras

2004 922 2005 8.055 2006 30.023 2007 15.000 2008 16.000 Total 70.000

Fonte: Companhia Energética do Amazonas - CEAM

Até setembro de 2005 estava garantido o atendimento de 30.853 UC’s, equivalente a 42,1% da demanda de 73.290 UC’s já encaminhadas pelo Comitê Gestor Estadual do Programa Luz Para Todos, conforme mostra a Tabela 4.

Tabela 4. Situação do Programa Luz para Todos em Set/05.

Obras Quantidade de Obras Unidades Consumidoras

Executadas 82 4.379

Com contrato firmado 63 4.598

Em licitação 510 21.876

Total 655 30.853

Demandadas pelo Comitê 2.554 73.290

A serem contratadas - 42.437

% do atendimento

garantido 25,6 42,1

Fonte: Companhia Energética do Amazonas – CEAM – 2005.

Segundo o Departamento de Distribuição da Companhia Energética do Amazonas - CEAM, os principais indicadores decorrentes das obras já executadas, são os apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 – Programa Luz Para Todos - Principais Indicadores.

Indicador Previsto Realizado

Consumidor / km 6,44 7,36 R$ / Consumidor 5.452 3.607 kVA / Consumidor 3,81 2,54

Fonte: Companhia Energética do Amazonas – CEAM.

Far-se-á necessária a implantação de 10 usinas termelétricas totalizando uma potência instalada de 5.675 kW, para atender 3.455 unidades consumidoras das obras com contrato firmado, conforme demonstra a Tabela 6.

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Tabela 6. Implantação de Usinas Termelétricas

Usinas Município Potência

Instalada (kW) Unidades Consumidoras

Alterosa S.A. do Iça 300 250

Belo Monte Canutama 200 156

Betânia S.A. do Iça 500 350

Carvoeiro Barcelos 100 76

Lindóia Itacoatiara 500 328

Matupy Manicoré 2.500 1.706

Moura Barcelos 500 80

Santana S.S. do Uatumã 75 40

Santa Rita S.P. Olivença 750 320

Suncunduri Apuí 250 149

Total 5.675 3.455

Fonte: Companhia Energética do Amazonas – CEAM – 2005.

As obras que estão sendo licitadas por calha de rio, abrangem 510 localidades dispersas em 53 municípios, apontando uma média de 43 unidades consumidoras por localidade (Tabela 7), ainda não tendo sido definida a alternativa de atendimento.

Mesmo sem o levantamento de campo realizado, pode-se afirmar que as 42.437 UC’s, cujas obras ainda não foram contratadas, por estarem mais dispersas (impossibilitando o atendimento via extensão de rede) e abrangerem grande parte das comunidades ribeirinhas e indígenas do Estado, tenderão a apresentar uma média de UC’s por localidade bastante reduzida, o que certamente inviabilizará a implantação de usinas termelétricas. Assim, haverá a possibilidade para introdução competitiva das Teres, em especial a fotovoltaica e as que fazem uso de biomassa, lembrando que a primeira já tem sido bastante utilizada em diversas localidades da área de concessão da CEAM, por meio do PRODEEM e do Projeto Ribeirinhas.

Tabela 7. Obras licitadas por calha de rio.

Calha de Rio Número de

localidades

UC’s previstas

Média de UC’s por localidade Baixo Solimões 178 6.534 57 Médio Amazonas 28 1.306 47 Juruá 43 2.774 64 Purus 15 1.389 92 Madeira 117 3.710 32 Japurá 6 80 13 Negro 24 428 18 Alto Solimões 20 2.010 100 Médio Solimões 36 1.795 50 Baixo Amazonas 43 1.850 43 Total 510 21.876 43

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É importante ressaltar que, embora a CEAM esteja em atraso com suas metas, as denominadas ações integradas previstas no âmbito do Programa Luz Para Todos, as quais possibilitariam a geração de emprego e renda, não estão sendo implementadas na mesma velocidade em que está se dando o suprimento elétrico. Essa situação tem sido a principal razão para o elevado índice de inadimplência, da ordem de 70%, que tem sido registrado nesses novos atendimentos.

CONCLUSÕES

A geração de eletricidade a partir de fontes renováveis de energia pode, potencialmente, contribuir tanto do ponto de vista ambiental quanto social, em função de menores emissões atmosféricas, menor consumo d'água, geração de empregos e incentivo à atividade econômica em nível local. No entanto, o usufruto desses benefícios depende em grande parte da forma como está se dando a inserção dessas tecnologias.

A CEAM vem desenvolvendo várias ações na área de energias renováveis, no entanto, tais ações precisam ser intensificadas sob pena de, em função do fator prazo, os atendimentos virem a serem feitos através de grupos geradores a Diesel.

Finalmente, o Governo Federal só conseguirá efetivamente eliminar a exclusão elétrica no interior do Estado do Amazonas, se: (i) promover ações sociais que gerem emprego e renda, evitando a inadimplência e a conseqüente interrupção do fornecimento de energia; (ii) promover a implantação e manutenção de sistemas que utilizem fontes renováveis de energia nas localidades onde o atendimento tradicional é completamente inviável; (iii) adotar medidas regulatórias que contribuam para o fomento das fontes renováveis, e; (iv) promover uma política industrial para produção de Teres se valendo os incentivos do Pólo Industrial de Manaus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bajay, S.V. 2005. A Problemática do Fornecimento de Energia Elétrica às Comunidades Isoladas da Amazônia . T&C Amazônia, Ano III, Número 6.

Souza, R.C.R.; Seye, O.; Matos, A.A.; dos Santos, K.V. 2003. Acompanhamento e Avaliação de Experiências de Eletrificação Rural com Sistemas Fotovoltaicos em Comunidades Isoladas – Relatório Final.

Walter, A. 2000. Fomento à geração elétrica com fontes renováveis de energia no meio rural brasileiro: barreiras, ações e perspectivas. Encontro de Energia no

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