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UMA METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA EFICIÊNCIA AMBIENTAL DE EMPRESAS INDUSTRIAIS

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Academic year: 2021

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UMA METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA EFICIÊNCIA AMBIENTAL DE EMPRESAS INDUSTRIAIS

António Casimiro de Freitas Borges Barreto Archer

Engenheiro Químico e Mestre em Engenharia do Ambiente, UP Professor Universitário e Sócio da Empresa de Consultadoria ALQUÍMICA, L.da

Sumário

No presente artigo apresenta-se de forma simplificada uma metodologia desenvolvida pelo autor para a avaliação integrada e quantitativa do desempenho ambiental de empresas industriais. Trata-se de uma metodologia de abordagem sistémica, que, partindo de um estudo ambiental integrado da empresa a avaliar e de uma análise detalhada do processo industrial e da cadeia de valor, permite chegar a uma quantificação do seu desempenho ambiental através de dois índices ou rácios que avaliam a sua eficiência ambiental e são especialmente adequados para comparação sectorial.

Abordagem Inicial

Numa primeira fase tem lugar uma visita preliminar à empresa para exame do seu ciclo produtivo. Este é representado através de um diagrama de blocos no qual são individualizadas as várias fases do processo. A cada fase será associado um formulário no qual será feita uma descrição das operações envolvidas, dos produtos químicos em jogo, do parque de máquinas, da formação e competências dos operadores e dos problemas ambientais potenciais. Este trabalho deverá ser feito conjuntamente com os técnicos da empresa e a partir dos dados recolhidos serão elaborados os seguintes documentos:

- registo da legislação aplicável: documento que situa a empresa no contexto legal das normas e regulamentos ambientais;

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António Barreto Archer pág. 2 / 6

potenciais efeitos da actividade da empresa sobre o ambiente.

Estudo Ambiental Integrado

Após a obtenção desta primeira fotografia ambiental da empresa, estaremos então em condições de planear a realização de um estudo mais aprofundado. Feito o planeamento do estudo, terá lugar uma inspecção técnica, a realizar por uma equipa de trabalho que integre pelo menos um engenheiro processual com formação na área do ambiente e um técnico do sector a que pertence a empresa a avaliar. O trabalho deverá iniciar-se por uma reunião com o orgão de gestão, o qual prestará esclarecimentos sobre a estratégia global da empresa, a política ambiental definida e os principais projectos de investimento previstos. Posteriormente, será feito um exame aprofundado do ciclo tecnológico nos seus diversos componentes (processo, instalações, ambiente interno e externo, organização do trabalho), o qual compreenderá uma verificação da conformidade com as normas aplicáveis à actividade da empresa e uma estimativa dos impactes sobre o ambiente. Será conveniente, também, fazer uma avaliação da capacidade da empresa para gerir a política ambiental definida e do grau de definição dos objectivos e metas dessa política ambiental.

É fundamental que se realizem nesta fase todos os estudos laboratoriais necessários para a caracterização da situação ambiental da empresa, de modo a haver um conjunto de dados precisos e fiáveis que permitam avaliar o seu desempenho face às exigências ambientais. Finalmente, e a partir dos dados reunidos, será elaborada uma lista de pontos fracos e fortes no que respeita à situação da empresa em termos de cumprimento das normas ambientais, bem como uma lista de ameaças e oportunidades de génese ambiental que externamente se lhe coloquem. Proceder-se-á então à comparação entre a estratégia adoptada pela gestão e uma matriz construída a partir do cruzamento entre a lista de pontos fortes e fracos e a lista de ameaças e oportunidades.

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António Barreto Archer pág. 3 / 6

Aplicação do Modelo

Chegamos então ao momento em que podemos aplicar à empresa estudada o modelo de avaliação do desempenho ambiental cuja apresentação e explicação do modus operandi é o objectivo essencial deste artigo. Comecemos por explicar em que consiste este modelo de avaliação. Trata-se de um modelo que permite resumir através de dois rácios quantitativos o desempenho ambiental da empresa, possibilitando um certo juízo em termos absolutos da sua eficiência ambiental, mas, tal como se passa com os rácios utilizados na análise financeira, tem sobretudo utilidade para comparação entre empresas do mesmo sector. O Modelo Sistémico de Avaliação do Desempenho Ambiental (MOSADA) permite o cálculo de dois índices que medem a eficiência do desempenho ambiental da empresa, a partir de um balanço ao sistema composto por esta, globalmente considerada.

O MOSADA parte da representação da empresa como um sistema de blocos, composto por dois sub-sistemas, um deles integrando as diferentes estruturas produtivas e o outro as diferentes estruturas existentes para o tratamento das emissões poluentes, quaisquer que elas sejam. Esta representação completa-se com os seguintes fluxos de entrada e saída:

- FP: Factores de Produção (mão-de-obra, matérias primas, energia); - P: Produtos (avaliados pelo valor das vendas);

- IA: Impactes Ambientais (tratados ou não, conforme explicaremos adiante). A representação simbólica da empresa que o MOSADA utiliza parte de uma concepção sistémica desta com os respectivos fluxos de entrada e saída e ilustra-se de forma esquemática na Figura 1.

FP

P

Produtos

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António Barreto Archer pág. 4 / 6

Figura 1 – Representação esquemática da empresa utilizada pelo Modelo Sistémico de Avaliação do Desempenho Ambiental.

Os Impactes Ambientais são de dois tipos:

- Os Impactes Ambientais não tratados (IANT), ou seja aqueles que saem da empresa sem que esta os tente minimizar através dos seus sistemas de tratamento ou despoluição;

- Os Impactes Ambientais tratados (IAT), ou seja aqueles que são minimizados pelos sistemas de tratamento ou despoluição existentes na empresa.

Dentro de cada uma destas correntes ou fluxos de Impactes Ambientais, e usando uma terminologia bem conhecida dos economistas, existem impactes externalizados, que são os que não determinam qualquer penalização económica para a empresa, prejudicando apenas as entidades terceiras que os suportam e impactes internalizados, que são os que, tratados ou não, acarretam um prejuízo económico mensurável para a empresa que os produz. Matematicamente, teremos:

IAT = IAText + IATint IANT = IANText + IANTint

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António Barreto Archer pág. 5 / 6

Avaliando todos estes fluxos em dinheiro, que é a unidade de medida comum a todos eles, é possível então definir um Índice de Custo Ambiental, ICA, através da seguinte equação:

ICA = IAint / FP

Este índice, que é sempre inferior a 1, permite-nos comparar as empresas dentro de cada sector em termos da fracção de custo de produção que teriam de despender para se colocarem no estrito cumprimento da legislação ambiental, ou seja, dá-nos a fracção que os custos ambientais teóricos representam nos custos totais da empresa. Isto porque os IAint são avaliados considerando o custo que tem ou teria (no caso da empresa não os minimizar no momento actual, como no caso dos IANT) a sua minimização até aos valores exigidos pela legislação em vigor.

Passando agora para uma macro-perspectiva, que considera a empresa na sua envolvente ambiental, há que avaliar os IAext. Esta avaliação é feita considerando o prejuízo que estes causam aos terceiros que os suportam, concepção que coincide com o método de cálculo das indemnizações a exigir às empresas em caso de danos ambientais por elas provocados, nos termos da Responsabilidade Civil Extracontratual Objectiva, estabelecida pela Lei de Bases do Ambiente. É possível então definir um Índice de Impacte Ambiental, IIA, calculando-o através da equação seguinte:

IIA = (P - FP) / IAext ≈ Lucro / IAext

O valor deste índice, que pode ser menor ou maior do que 1, permite-nos comparar sectorialmente as empresas em termos da sua eficiência ambiental externa. Para além desta comparação dentro do mesmo sector, podemos ainda dizer que se o valor do IIA para uma determinada empresa for inferior a 1, então ela gera mais valor acrescentado do que os impactes ambientais que externaliza, sendo portanto uma unidade

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gera um impacte ambiental externo cuja avaliação supera o seu lucro bruto, pelo que não se pode considerar uma unidade ambientalmente eficiente.

Conclusão

A metodologia apresentada, permite-nos, através do modelo concebido - Modelo Sistémico de Avaliação do Desempenho Ambiental – calcular dois rácios ou índices que traduzem de uma forma quantitativa o desempenho de uma empresa em termos ambientais. Estes índices podem ser utilizados pela gestão para definir a política ambiental mais adequada e, uma vez esta implementada, avaliar e controlar o êxito dessa implementação. Por outro lado, a realização de um estudo deste tipo resultará na elaboração de um Relatório Técnico que será um importante documento base para a definição de um Sistema de Gestão Ambiental da empresa, uma vez que será uma fotografia detalhada do desempenho ambiental desta, resumindo os resultados obtidos no estudo realizado e apresentando observações úteis com vista à redução do impacte ambiental e à melhoria das condições da sua envolvente externa. Ainda quanto aos valores obtidos para os índices de eficiência ambiental, será muito interessante para a gestão procurar compará-los com os de outras empresas do sector, de modo a conhecer o posicionamento da empresa face à concorrência, no que respeita ao factor de competitividade “ambiente”.

Referências

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