6 de julho de 2016
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Fundamentos sustentam preços
• Os fundamentos positivos (com ajustes de oferta menor e demanda robusta) seguem contribuindo para a alta dos preços
das commodities.
• Revisamos para cima as projeções de soja e açúcar para o fim de 2016, incorporando a perspectiva de oferta menor.
• Reduzimos ligeiramente as projeções de petróleo (Brent, de US$ 55 para US$ 52 por barril, ao fim de 2016), incorporando
os impactos do referendo no Reino Unido (Brexit): crescimento global menor e dólar mais forte
Os preços das commodities subiram em junho
(3%, segundo o Índice de Commodities Itaú - ICI),
alcançando 18% de alta no ano
.
Os metais
apresentaram o melhor desempenho do mês, subindo
8%. As commodities energéticas avançaram 4%, e o
grupo das agrícolas fechou o mês no mesmo patamar
do fim do mês anterior.
Commodities continuaram em alta
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60
65
jan-16
fev-16 mar-16
abr-16
mai-16
jun-16
jul-16
ICI Commodities
Índice de Commodities Itaú* (2010=100)
Fonte: Itaú.
O resultado do referendo no Reino Unido mostra
que o petróleo é mais afetado por choques
macroeconômicos em países desenvolvidos do
que metais ou commodities agrícolas
. O ICI-energia
caiu 4,1% em 24 de junho, enquanto o ICI-agrícola e o
ICI-metais caíram 1,0% e 1,3%, respectivamente.
Todos os componentes se recuperaram nos dias
seguintes, juntamente com outros ativos de risco
.
Nós revisamos para cima algumas projeções de
preços agrícolas, e para baixo o nosso cenário de
petróleo para o fim de 2016; projeções de metais
mantiveram-se inalteradas
. O ajuste nas agrícolas
leva em conta quebras de safra no Brasil e revisões
de área plantada nos EUA, fatores que reforçam a
perspectiva de queda dos estoques globais no
ano-safra de 2016/17. Ajustamos as projeções de petróleo
Brent de US$ 55/bbl para US$ 52/bbl devido ao menor
crescimento das economias avançadas e ao
fortalecimento do dólar que se seguiu ao resultado do
Brexit.
Nosso cenário é consistente com o ICI
mantendo-se constante nos níveis atuais com preços
agrícolas e petróleo em alta de 3% mas metais
com queda de 9%).
De forma agregada, preços internacionais
devem manter níveis atuais
45
55
65
75
85
95
105
115
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dez-11 dez-12 dez-13 dez-14 dez-15 dez-16 dez-17
Anterior
Atual
Índice de commodities Itaú* (2010=100)
Petróleo: Brexit não muda cenário de
equilíbrio entre $50 e $60.
O preço do petróleo tem mostrado volatilidade
após o resultado do referendo no Reino Unido. As
oscilações refletem incertezas sobre o crescimento e
ajuste no valor das moedas das economias
desenvolvidas. Ambos têm um efeito maior no preço
de energia do que de outras commodities.
Apesar da volatilidade, O petróleo permanece
próximo a US$ 50 por barril, refletindo os avanços
no ajuste do setor. Neste nível de preço, há sinais
(muito) incipientes de reação dos produtores dos EUA.
O número de sondas de exploração aumentou entre o
fim de maio e a segunda quinzena de julho, e a
produção aumentou em uma das semanas. O
movimento é pequeno e não evita a queda agregada
da produção, mas mostra que alguns projetos/poços
voltaram a ficar rentáveis e estão sendo retomados.
Retomada nos investimentos nos EUA?
20
30
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50
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1300
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1700
jul-13
jul-14
jul-15
jul-16
Preço Petróleo (dir)
Sondas de Exploração
Fonte: Itaú e Bloomberg.
Apesar de não ter ocorrido reação relevante até
agora, acreditamos que preços entre US$ 50 e US$
60 levam a alguma retomada no investimento dos
EUA (nos poços incompletos) e podem estabilizar
o mercado. O impacto do Brexit para economia global
não altera esse equilíbrio. Acreditamos que o
consenso do mercado tem se movido na direção
dessa mesma visão.
Reduzimos ligeiramente as projeções de preço
para o fim de 2016 (Brent, de US$ 55 para US$ 52
por barril; WTI, de US$ 52 para US$ 50 por barril). A
revisão incorpora um dólar mais forte e alguma
redução do crescimento nos países avançados. Junto
com os estoques elevados, a demanda menor diminui
a intensidade de investimento necessária para
equilibrar o mercado, o que é consistente com preços
um pouco mais baixos.
Fim do excesso de oferta no 2º semestre
-3%
-2%
-1%
0%
1%
2%
3%
86
88
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92
94
96
98
mar-11 mar-12 mar-13 mar-14 mar-15 mar-16
Demanda
Oferta
Saldo global (% do consumo)
Fonte: Itaú e IEA.
Grãos: clima e surpresas na área plantada
dos EUA aumentam a volatilidade
Os preços de milho e trigo recuaram 11% e 7%,
respectivamente, enquanto a soja subiu 9% no
mês de junho.
Divergência entre soja e as demais
agrícolas desde meados de junho
800
850
900
950
1000
1050
1100
1150
1200
350
400
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nov-15
jan-16
mar-16
mai-16
jul-16
Milho
Trigo
Soja (dir)
Preços do futuro do CBOT com vencimento no
fim de 2016
O mês de junho foi marcado por duas surpresas.
A primeira foi a perspectiva de uma onda de calor
no Meio-Oeste dos EUA (que não se realizou),
causando uma alta temporária das três commodities.
A segunda foi o relatório de revisão de área
plantada do Departamento de Agricultura dos EUA
(USDA, na sigla em inglês), que não mostrou
migração de área plantada do milho para a soja
desde o relatório de intenção de plantio. Os preços
de soja subiram e os de milho (e trigo) recuaram, após
o relatório, no último dia do mês.
Essa última estimativa também indicou que a área
plantada combinada de milho e soja nos EUA vai
ser a maior da história (ver gráfico). Assim os preços
observados no 2T16 são suficientes para a
continuidade da expansão da oferta. Na nossa visão é
necessário um clima desfavorável para altas
adicionais de preços.
Milho e soja: recorde histórico de área
plantada combinada
50000
55000
60000
65000
70000
75000
1992
1996
2000
2004
2008
2012
2016
Área Plantada (Soja e Milho)
1000 hectares
Fonte: Itaú e USDA.
Elevamos as projeções de preços de soja de US$
10,0 para US$ 11,0 por bushel ao fim de 2016,
incorporando a área plantada menor nos EUA e a
perspectiva de alguma redução de área na próxima
safra do Brasil (deslocada para milho e feijão).
Mantemos as projeções de milho e trigo em US$ 4,0 e
US$ 5,1 por bushel, respectivamente.
Nosso cenário considera uma transição para o
fenômeno La Niña apenas no fim do ano, afetando
a próxima safra do Hemisfério Sul – mas sem impacto
na safra atual dos EUA. Consideramos ainda
condições climáticas próximas ao padrão sazonal na
safra atual dos EUA.
O balanço doméstico de milho no Brasil, apertado
após quebras na safra de inverno e muitas
exportações no começo do ano, deve se ajustar
em duas fases. A primeira está ocorrendo com a
entrada da safra de inverno, algum cancelamento de
exportações contratadas e importações acima do
normal da Argentina. Essa “fase” fez o prêmio dos
preços domésticos (Esalq, em Campinas, em relação
aos preços de Chicago) recuar pela metade (de até
R$ 20,0 para R$ 10,0 por saca). O resto do ajuste
deve ocorrer apenas com a entrada da próxima safra
de verão (ver gráfico).
Prêmio dos preços domésticos deve
continuar recuando
-10
-5
0
5
10
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25
10
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mar-09
mar-11
mar-13
mar-15
mar-17
Milho CME
Prêmio
Milho Esalq
Fonte: Itaú e Bloomberg.
Açúcar: preços ainda mais elevados
Os contratos internacionais de açúcar bruto
continuaram a subir em junho. O contrato com
vencimento em outubro subiu 15% (para US$ 0,2078
por libra-peso) e já acumula alta de 39% no ano.
Esse movimento de alta ainda reflete a mudança
no balanço global, que passa a ficar em déficit
após cinco anos de excesso de oferta. Estimamos
déficit de 9,7 milhões de toneladas no ano-safra
2015/16 e projetamos déficit de 3,5 milhões de
toneladas no ano safra 2016/17 (abril – março), com
reequilíbrio apenas em 2017/18.
Perspectiva de dois anos com queda de
estoques globais
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
-15
-10
-5
0
5
10
4/5
6/7
8/9
10/11 12/13 14/15 16/17
M
M
to
n
Balanço global
Estoque uso %
Fonte: Itaú e LMC.A correlação entre o açúcar e a moeda do Brasil
deixa de ser relevante em um balanço global
deficitário. Com a capacidade das usinas brasileiras
de deslocar produção (entre açúcar e etanol), os
preços do etanol no Brasil passam a atuar como piso
para o açúcar – daí a correlação.
Voltamos a elevar as projeções de preços para o
fim de US$ 0,175 para US$ 0,185 por libra-peso. O
conjunto de informação é semelhante ao do mês
passado (quando elevamos para US$ 0,175), mas a
evolução recente sugere que o mercado vai exigir
preços mais altos diante do déficit atual.
O viés para o cenário continua de alta, dados os
preços correntes (US$ 0,20 por libra-peso). No
entanto, o excesso de posições compradas por parte
de hedge funds pode ter exagerado o movimento, e é
provável uma correção em breve. É possível também
que o mercado ainda subestime a capacidade de
mudança de mix (açúcar x etanol) da produção do
Brasil.
Artur Manoel Passos
Ivan Lasaro
Projeções:
dez-10 dez-11 dez-12 dez-13 dez-14 dez-15 dez-16 dez-17 35 55 75 95 115 135 155
Índice de Commodities Itaú (ICI) *- por grupo
Fonte: Itaú
Agrícola
Metais
Atual Atual Anterior Atual Anterior
a/a - % -15,1 9,8 9,8 0,7 0,4
var. média anual - % -14,0 -0,9 -1,1 2,7 2,7
a/a - % -28,4 18,1 18,8 1,5 0,3
var. média anual - % -32,7 -6,6 -6,7 7,2 7,3
a/a - % -12,5 11,6 8,5 -0,5 0,6
var. média anual - % -16,0 3,4 2,3 5,2 4,0
fim de período 880 1100 1000 1050 1000 média anual 943 1046 980 1073 1000 fim de período 371 400 400 400 400 média anual 378 379 391 400 400 fim de período 480 510 510 520 520 média anual 508 475 484 515 515 fim de período 15,0 18,5 17,5 18,5 17,5 média anual 13,1 17,5 16,5 18,5 17,6 fim de período 122 134 134 135 135 média anual 133 130 126 134 134 a/a - % -39,1 33,7 39,9 4,3 -0,1
var. média anual - % -44,7 -14,0 -12,4 16,4 16,7
fim de período 39 52 55 54 55
média anual 54 46 47 53 55
a/a - % -33,6 7,6 7,6 0,5 0,5
var. média anual - % -29,7 -9,9 -11,4 -3,4 -1,8
fim de período 38 42 42 42 42
média anual 53 48 47 42 42
fim de período 4640 4850 4850 4908 4908
média anual 5501 4768 4746 4881 4881
a/a - % -22,2 12,7 12,0 0,9 0,5
var. média anual - % -25,0 -3,7 -4,2 5,5 5,1
ICI - Inflação **
Minério de ferro - US$/mt
Cobre - US$/mt Petróleo Brent - US$/bbl
ICI - Metais Milho - US$/bu ICI - Energia Trigo - US$/bu Açúcar - US$/lb Café - US$/lb ICI - Agrícolas Soja - US$/bu
Índice de Commodities Itaú (ICI)* Índice CRB
Commodities
2015 2016P 2017P
Pesquisa Macroeconômica – Itaú
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