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Inclusão social dos Surdos na escola: uma visão do professor

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Academic year: 2021

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Inclusão social dos Surdos na escola: uma visão do professor Palavras chaves: Surdo, linguagem, inclusão.

O objetivo do presente trabalho é analisar o relato de experiência de 10 docentes sobre seus respectivos trabalhos na escola regular inclusiva (de nível médio), em relação aos seus alunos surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter exploratório, cujas referências teóricas estão fundamentalmente ancoradas em BARDIN (2004).

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição Proponente por meio da processo nº 177/2008.

Após processo de esclarecimento, em relação às formas de adesão à pesquisa e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os professores foram entrevistados no período de setembro à Outubro de 2008, aceitando gravar as entrevistas, e a pesquisadora posteriormente transcreveu e analisou as mesmas, segundo as recomendações do mesmo autor supracitado.

A pesquisa verificou, por meio da percepção dos professores, discrepâncias e ambiguidades em relação a atuação das equipes de professores ao que se refere aos sentimentos desses frente ao contato com os alunos surdos, também a LIBRAS (como língua de instrução e uso), formas de uso da LOF (Leitura Orofacial) e em relação às proposições das políticas públicas inclusivas.

A seguir serão apresentados os termos que constituem as categorias analíticas que foram recorrentes em todos (ou quase todos os discursos), mostrando algumas das respostas dos professores ligadas a cada termo.

Termos Respostas de alguns professores

1. Dificuldade, difícil

“ Os Surdos superam as

dificuldades, junto com os colegas ou perguntando para o próprio professor, ou com a professora da sala de “recurso” (professora “auxiliar”). Ela tem ajudado muito nas dificuldades deles.”

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2. LIBRAS “...os professores estão interessados em aprender a LIBRAS....é difícil no começo pra gente, mas alguma coisa a gente já está pegando”.

3. Leitura Orofacial “... a dificuldade é se o professor fala

depressa ou estiver de costas para o aluno quando estiver falando, isso é uma atenção que o professor tem que tomar...”

4. Inclusão “Eu acho que a inclusão está sendo

100%, eles se dão bem inclusive com os outros alunos”.

Pelos discursos dos professores, pude notar que as dificudades por eles relatadas podem estar localizadas na falta de uma língua comum entre eles e os alunos, pois, muitas vezes, questionam o fato de não saberem a língua materna dos Surdos, precisando de alguém que os auxilie, um colega ou o professor da sala de recursos. Em relação a LIBRAS, no geral, os docentes parecem saber que essa língua é difícil de ser aprendida, mas muito deles estão tentando aprender. É sabido, desde a década de 1960 quando Stokoe demostrou que a língua de sinais é uma língua

completa, com estruturas gramáticais próprias e indepedente da língua oral que

essa é a língua natural dos Surdos .

Sabemos também que a Libras é um dos principais instrumentos para que haja uma inclusão efetiva desses alunos Surdos. Portanto, é preciso que haja uma integração de toda a escola junto com esses alunos, viabilizando um espaço em que todos estejam capacitados e preparados para receber estes Surdos.

Ao identifiar a leitura orofacial (LOF) como um fator importante para os Surdos, os professores demostram ter o cuidado e preocupação em notar essa questão em sala de aula, facilitando algumas vezes o entendimento da matéria.

A leitura orofacial pode fazer parte da linguagem oral do Surdo desde que trabalhada por um fonoaudiólogo, mas esse trabalho é extremamente facilitado quando é possibilitado ao Surdo a aquisição de Língua de Sinais como primeira língua, desde que será essa primeira língua que facilitará o desenvolvimento da segunda língua (a lingua oral) e consequentemente da leitura orofacial . Entretanto,

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sabe-se também que a LOF pode ser ambígüa e não oferecer ao Surdo a possibilidade de compreensão completa dos enunciados feitos pelo professor (Svarthom, 2008), mas a utilização da mesma sempre seria algo com que o Surdo poderia aumentar sua possibilidade de participação efetiva na sala de aula.

Sobre a questão da inclusão em sala de aula, os professores deixam claro em suas respostas que não há exclusão, falam que pelo contrário dão muita enfâse em que o aluno Surdo se dá muito bem com o aluno ouvinte.

Não podemos saber, baseados apenas no discurso dos professores se a inclusão real por eles relatada está acontecendo realmente com esses Surdos, para termos uma informação verdadeira necessitaríamos de dados que englobassem observações desses alunos em sala de aula, o que não foi possível nesse trabalho. Mas, o que podemos verificar é que os professores desejam acreditar que a inclusão está acontecendo e que se esforçam para que isso aconteça, ainda que não tenham os instrumentos necessários para tanto (domínio da Libras). Para que haja uma efetiva inclusão para o real aprendizado do Surdo segundo Lacerda e Góes (2000): deve-se:

“Examinar os discursos circulantes sobre surdez; os projetos sócio-educacionais em

que se inserem as propostas de

escolarização; a qualidade das interações sociais; a abordagem da diferença nas

situações escolares cotidianas; as

possibilidades ou limites de funcionamento dialógico do Surdo no encontro com diferentes interlocutores; e as formas de atuação pedagógica”. (P.7).

A análise dos dados nesse trabalho evidenciam um descompasso entre o desejo e ansiedade dos professores em atender adequadamente a esses jovens demonstrando a inadequada formação dos professores em oposição às proposições e exigências das políticas públicas vigentes.

Além disso os dados apontam as contradições presentes no discurso dos entrevistados, especialmente ao que se refere a avaliação geral sobre se os jovens estariam ou não incluídos satisfatoriamente.

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Precisamos lembrar que a Declaração de Salamanca (op. Cit, 1994) coloca em seus princípios que:

“Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade à todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades.

Na verdade, deveria existir uma

continuidade de serviços e apoio

proporcional ao contínuo de necessidades especiais encontradas dentro da escola.”

O sistema educacional necessita responsabilizar-se e investir na formação das equipes, subsidiando os professores para que uma educação inclusiva de qualidade possa acontecer. O profissional da Fonoaudiologia configura-se importante agente social, podendo oferecer consultoria e aporte teórico e prático por dominar conceitos das diferentes áreas afins: desenvolvimento e uso da língua e linguagem, bem como da própria fonoaudiologia escolar.

Para que isso possa ocorrer de forma real devemos valorizar os Surdos e os tratarmos como verdadeiros cidadãos, entendendo sempre que a Língua de Sinais não é somente mais uma forma de comunicação, mas sim sua língua materna e verdadeira que deverá estra presente na sua educação. Somente assim a inclusão social poderá se fazer eficaz para toda a sociedade.

Referências bibliográficas:

Bardin, L. Os conteúdos da consciência do trabalhador exposto ao ruído. Dissertação de Mestrado apresentado à PUC SP. São Paulo: Análise de Conteúdo Lisboa, Edições 70 In Linder, MB, 1996.

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Lacerda, C.B.F.; Poletti, J.E. A escola inclusiva para os surdos: a situação singular do intérprete de língua de sinais. [Internet]. [cited 2008 Dez 04]. Disponível em: http://74.125.113.104/search?q=cache:a4hRQbrn0HMJ:www.anped.org.br/reunioes/27/gt15/t 151.pdf+Cristina+Lacerda-+interprete&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=7&gl=br&lr=lang_pt

Lacerda, CBF. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos professores e intérpretes sobre esta experiência. [Internet]. [cited 2008 Ago 05]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010132622006000200004&lng=pt&nr m=iso.

Moura, MC. O surdo: Caminhos para uma nova identidade. São Paulo: Revinter , 1996. Svartholm, K. Educação Bilíngüe para os Surdos na Suécia: Teoria e Prática. Universidade de Stockholm. Suécia.

Referências

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