• Nenhum resultado encontrado

15MAMÍFEROS. Antônio Rossano Mendes Pontes Cristina Mendonça Brazil Iran Campello Normande Paulo Henrique Asfora Lopes Peres

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "15MAMÍFEROS. Antônio Rossano Mendes Pontes Cristina Mendonça Brazil Iran Campello Normande Paulo Henrique Asfora Lopes Peres"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

15

MAMÍFEROS

Antônio Rossano Mendes Pontes

Cristina Mendonça Brazil

Iran Campello Normande

(2)

INTRODUÇÃO

Originalmente a Floresta Atlântica brasileira se estendia quase que continuamente do Estado do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, cobrindo uma área de 1.200.000 Km² ou 12% do país, da qual restam apenas 5 a 10% (Brown & Brown 1992). No Nordeste brasileiro a situação é especialmente crítica, onde restam apenas 2%, submetidos à severa pressão antrópica (Brown & Brown 1992; Ranta et al. 1998; Silva & Tabarelli 2000; Uchôa-Neto 2002).

No Centro de Endemismo Pernambuco, a unidade biogeográfica que compõe a Floresta Atlântica localizada ao norte do Rio São Francisco (Prance 1982; 1987), a maioria dessas áreas remanescentes é composta por fragmentos que possuem menos de 10 ha, sendo que apenas 7% dos fragmentos possuem mais de 100 ha (Ranta et al. 1998). Fragmentos pequenos, mesmo na total ausência de atividade de caça, tendem a perder quase imediatamente a maioria das espécies de mamíferos, que necessitam de grandes áreas de uso para sobreviver, como frugívoros e grandes predadores (Fernandes 2003; Rosas-Ribeiro 2004), o número de espécies dependendo extremamente da área (Chiarello 1999).

Uchôa-Neto (2002) mostrou que, das 43 Unidades de Conservação de proteção integral do Estado de Pernambuco, 75% são exploradas de forma incompatível com os objetivos a que se destinam, 50% não possuem formato circular, e 100% são rodeadas por uma matriz de agricultura intensiva. Estas Unidades de Conservação são uma porção significativa do que resta deste importante Centro de Endemismos, ao menos no Estado de Pernambuco (CIMA 1991).

A maioria dos remanescentes, que não são áreas de proteção integral, está localizada em pequenas propriedades privadas, sendo isolados e altamente impactados (Fonseca 1985; Viana

et al. 1997). Esta significante redução de área, combinada com o isolamento por uma matriz

não-florestal tem causado não apenas problemas imediatos, como as extinções locais e regionais, mas também problemas de graves conseqüências a longo prazo, como a interrupção dos processos ecológicos, como polinização e dispersão, assim como mudanças no comportamento e ecologia dos mamíferos (Harrington et al. 1997; Ranta et al. 1998; Roda & Mendes Pontes 1998; Silva & Tabarelli 2000; Melo et al. 2003). Isto tem culminado em mudanças irreversíveis na estrutura e composição da comunidade vegetal e animal (Silva & Tabarelli 2000; Fernandes 2003).

Mesmo diante deste panorama, os trabalhos relacionados com a riqueza, abundância e diversidade de pequenos mamíferos nos ecossistemas brasileiros têm se concentrado na Floresta Atlântica do Sudeste do Brasil (Rigueira et al. 1987; Fonseca & Robinson 1990; Cerqueira et al. 1993; Bonvicino et al. 1996; Leite et al. 1996; Santori et al. 1996; Pires & Fernandez 1999; Talamoni & Dias 1999; Caceres & Monteiro 2001; Quental et al. 2001; Pinheiro et al. 2002; Pires et al. 2002), enquanto que para a Floresta Atlântica Nordestina existem apenas alguns poucos trabalhos (Bergallo & Cerqueira 1994; Stevens & Husband 1998; Aléssio et al. 2005).

Em relação às comunidades de mamíferos de médio e grande porte, os trabalhos têm se concentrado na Amazônia e América Central (Eisenberg & Thorington 1973; Eisenberg 1980; Glanz 1982; Emmons 1984; Glanz 1990; Peres 1997; 1999; Mendes Pontes 1994; 1999; 2000;

(3)

2004), sendo mais recentes na Floresta Atlântica (Chiarello 1999), especialmente na Floresta Atlântica Nordestina (Cruz & Campelo 1998; Cruz et al. 2002; Fernandes 2003; Rosas-Ribeiro 2004).

A Floresta Atlântica, segundo Myers et al. (2000), é considerada uma prioridade mundial para conservação da biodiversidade, sendo inclusive o quarto hotspot mais importante. Numa das mais significativas extensões de mata preservada do Centro de Endemismo Pernambuco, entretanto, a maioria dos mamíferos de grande porte e alguns mamíferos de médio porte já se encontram local e/ou regionalmente extintos (Fernandes 2003).

Como nenhum trabalho sobre o impacto da fragmentação da Floresta Atlântica Nordestina, ou do Centro de Endemismo Pernambuco, sobre a comunidade de mamíferos de pequeno, médio e grande porte, havia sido realizado até o presente momento, é fundamental analisar-se como reagem a estas mudanças graduais de seus habitats, conhecer sua abundância e as formas como eles utilizam a paisagem fragmentada, para que possamos traçar estratégias eficazes de preservação e restauração destes fragmentos.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

O estudo foi realizado em 12 fragmentos representativos da Mata Atlântica do Centro de Endemismo Pernambuco, reunidos em três classes de tamanho: pequenos (<100 ha), médios (100 - 1000 ha) e grandes (>1000 ha). Estes fragmentos estão agrupados em três conjuntos: Reserva Ecológica de Gurjaú (1.077,10 ha) (8º10'00”-8º15'00” e 35º02'30"-35º05'00"), RPPN Frei Caneca SA (630,42 ha) (08º42'37”S e 35º50'01”O) e Usina Serra Grande (arquipélago de 8.000 ha) (35º52'12”O e 9º00'00”S) (para detalhes sobre as áreas ver capítulo 2).

Na Reserva Ecológica de Gurjaú foram estudados os fragmentos denominados Mata do Café (6,8 ha), Mata do São Brás (37,1 ha), Mata do Cuxio (118,4 ha) e Mata do Xangô (8,9 ha). Na RPPN Frei Caneca foram estudados os fragmentos: Mata da Serra do Quengo (500 ha), Mata do Fervedouro (300 ha), Mata do Ageró (50 ha) e Mata do Espelho (50 ha). Na Usina Serra Grande foram estudados os fragmentos: Mata de Coimbra (3.478 ha), Mata da Cachoeira (270 ha), Mata de Aquidabã (23,9 ha) e Mata do Bom Jesus (41,5 ha) (Tab. 1).

(4)

Tabela 1. Sítios estudados no Centro de Endemismo Pernambuco. Fragmento Área (ha) Transecto (m) Classe de tamanho Altitude (m) Latitude S Longitude O Coimbra Cachoeira Bom Jesus Serra Grande Aquidabã Serra do Quengo Espelho Ageró RPPN Frei Caneca Fervedouro Cuxio Café São Brás Gurjaú Xangô 5000 3000 500 830 1900 1000 500 1000 900 450 700 500 08º 59' 42,5'' 08º 56' 44,3'' 09º 01' 16,0" 08º 97' 88,0" 08º 43' 04,0'' 08º 43' 12,4'' 08º 44' 16,6'' 08º 45' 08,0'' 08º 13' 37,6'' 08º 14' 11,9'' 08º 13' 28,3'' 08º 14' 23,3'' 3.478,3 270,9 41,5 23,9 500,0 50,0 50,0 300,0 118,4 6,8 37,1 8,9 Grande Médio Pequeno Pequeno Médio Pequeno Pequeno Médio Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno 397 481 540 522 645 645 530 458 84 98 94 87 35º 50' 27'' 36º 03' 36'' 09º 01' 16" 35º 90' 98" 35º 50' 27'' 35º 50' 40'' 35º 50' 33'' 35º 51' 36'' 35º 03' 44'' 35º 02' 59'' 35º 04' 30'’ 35º 03' 55'' Coleta de Dados

Censo de pequenos mamíferos: roedores e marsupiais:

Censo de mamíferos de médio e grande porte:

As populações foram estudadas pelo método de captura-marcação-recaptura, utilizando 80 armadilhas do tipo “live trap” (40 cm x 17 cm x 17 cm), dispostas em um único transecto linear, formado por 40 estações de captura distantes 20 m uma da outra. Cada estação, formada por duas armadilhas, uma sendo disposta no chão e a outra suspensa em galhos ou troncos (1,5 - 3 m de altura). Não foram utilizadas armadilhas de copa devido a problemas logísticos. Um fragmento diferente foi visitado a cada mês, totalizando 12 meses de estudo. As sessões de captura consistiram em cinco noites consecutivas em cada fragmento.

As armadilhas foram iscadas com abacaxi e inspecionadas todos os dias ao amanhecer. Os animais capturados foram acondicionados em sacos individuais e recolhidos à base de campo, onde foram identificados e medidos. A identificação foi feita ao nível de espécie seguindo Emmons & Feer (1997) e de acordo com Dr. A. Langguth, da UFPB. Os dados tomados foram: comprimento total, comprimento da cauda, diâmetro interno da orelha, comprimento da pata posterior, peso, sexo e condição reprodutiva das fêmeas (se estavam lactantes ou com filhotes). Os indivíduos foram soltos no mesmo local onde foram capturados. A marcação dos animais foi feita através de código de cortes nas orelhas, feitos com uma pequena tesoura cirúrgica.

O censo visual de mamíferos de médio e grande porte, escansoreais, terrestres e arbóreos, foi realizado seguindo o Método do Transecto em Linha [Line Transect Method, de Burnham et al. (1980); Buckland et al. (1993); Mendes Pontes (2000)]. Os transectos de 1 m de largura foram estabelecidos randomicamente nas áreas de estudo e percorridos a uma velocidade média de 1 Km/h nos períodos diurno e noturno.

Os dados coletados para os cálculos de densidade foram: espécie avistada; número de indivíduos por grupo; distância do animal/grupo ao observador; localização na trilha; azimute (ângulo); dia; hora e distância percorrida pelo observador (Mendes Pontes 2004; Buckland et al. 1993; Brockelman 1987; NRC 1981; Burnham et al. 1980). Os censos noturnos seguiram o

(5)

mesmo método, com a adição de uma lanterna comum apontada para o chão e um farol de milha

spotlight, utilizado sempre que houve suspeita sobre a presença de algum animal.

Dados vestigiais como pêlos, carcaças, ossadas e pegadas, indicativos da presença de mamíferos de médio e grande porte nos locais de estudo, foram coletados e/ou registrados, como em Chiarello (1999) e Fernandes (2003), sendo posteriormente depositados na coleção de mamíferos da UFPE. As pegadas foram identificadas com o auxílio de Emmons & Feer (1997).

Com o intuito de obter informações sobre animais raros e/ou com densidades naturais muito baixas, foi utilizado, como método adicional, a armadilha fotográfica do tipo TrailMaster Telonics, USA. A câmera foi posicionada no interior dos fragmentos, preferencialmente na base de uma árvore em frutificação. Foram utilizados abacaxi, banana, jaca, frutos nativos e melaço como isca. As guildas alimentares foram estabelecidas de acordo com Stevenson & Rylands (1988) e Mendes Pontes (2000; 2004).

A riqueza de espécies (S) foi considerada como o número total de espécies encontradas. A abundância relativa foi definida como o número total de indivíduos capturados de uma espécie (n) sobre o número total de indivíduos capturados (N). A diversidade de espécies (H´) foi calculada pelo Índice de Shannon-Wiener na base 2, com o auxílio do programa de computador Ecological Measures. As correlações foram determinadas através do Coeficiente de Correlação de Spearman.

Foram calculadas taxas de avistamento, de acordo com Chiarello (1999), como forma de estimar a abundância relativa das espécies em cada fragmento, pois os métodos mais robustos para cálculo de densidade com o programa Distance Sampling (Burnham et al. 1980; Buckland et

al. 1993; Mendes Pontes 2000; 2004) e com o método de King (Robinette et al. 1974; Glanz 1982;

Emmons 1984; Nunes et al. 1988; Mendes Pontes 1994; 1999), exigem números de avistamentos superiores aos registrados no presente estudo.

Utilizou-se o Coeficiente de Correlação de Spearman para testar a influência do tamanho do fragmento sobre as taxas de avistamento de Callithrix jacchus e Nasua nasua (para os quais se possuía mais registros), e a influência do tamanho do fragmento sobre o número de espécies registradas, através do programa Biostat 2.0. A média dos tamanhos de grupo foi calculada dividindo-se o número total de indivíduos avistados pelo número total de grupos.

Análise dos Dados

Roedores e marsupiais

(6)

RESULTADOS

Pequenos Mamíferos

Roedores

Lista de espécies do Centro de Endemismo Pernambuco

Um esforço de captura de 4.082 armadilhas-noites resultou na captura de 33 indivíduos (taxa de captura de 0,80%) nos 12 fragmentos e permitiu elaborar a lista das sete espécies de pequenos roedores ocorrentes no Centro de Endemismo Pernambuco (Anexo 13). Oryzomys sp (n=16) e Oryzomys subflavus (n=5) foram as duas espécies mais abundantes.

Status de conservação das espécies do Centro de Endemismo Pernambuco

Nenhuma das espécies ocorrentes no Centro de Endemismo Pernambuco encontra-se na Lista Vermelha da IUCN (2004) e nenhuma delas está inclusas na Lista das espécies brasileiras ameaçados de extinção, publicada pelo IBAMA (2003).

Composição de espécies e abundâncias

Nenhuma espécie esteve presente em todos os 12 fragmentos estudados. Apenas uma,

Oryzomys sp, foi encontrada em cinco fragmentos e outra, Oryzomys subflavus, foi encontrada em

três dos fragmentos amostrados. Bolomys lasiurus, Nectomys squamipes e Rhipidomys

mastacalis foram encontradas em apenas uma localidade (Tab. 2).

A riqueza de espécies (S) variou de zero, na Mata do Bom Jesus e nos fragmentos do Complexo Gurjaú (Mata do Xangô, Mata de São Brás, Mata do Cuxio, e Mata do Café) até seis espécies, na Mata do Fervedouro e na Mata do Ageró. A diversidade de espécies (H´) variou de zero, nos fragmentos do Complexo Gurjaú, até três, na Mata do Fervedouro e Mata do Espelho (Tab. 3).

Tabela 2. Abundância das espécies de roedores por fragmento no Centro de

Endemismo Pernambuco. Serra Grande: 1 Cachoeira, 2 Bom Jesus, 3 Coimbra, 4 Aquidabã; Frei Caneca: 1 Espelho, 2 Ageró, 3 Fervedouro, 4 Quengo; Gurjaú: 1 Xangô, 2 São Brás, 3 Cuxio, 4 Café.

Bolomys lasiurus Nectomys squamipes Oecomys aff. concolor Oryzomys sp. Oryzomys subflavus Rattus rattus Rhipidomys mastacalis Total 1 -1 -1 2 -3 -1 -3 -4 4 -3 -1 4 1 -1 2 1 -4 2 -1 -5 -6 3 1 -4 1 -6 4 -2 -2 1 -3 -4 -3

(7)

As riquezas mais elevadas de espécies do Centro de Endemismo Pernambuco foram obtidas nos fragmentos de área compreendida entre 300 e 500 ha, apesar de não ter havido nenhuma correlação significativa com o tamanho dos fragmentos (r =0.486; p=0.10). A Mata da s

Serra do Quengo (n=8), a Mata do Fervedouro e do Ageró (n=6) foram responsáveis pelo maior número de indivíduos capturados.

A abundância relativa do Centro de Endemismo Pernambuco apontou Oryzomys sp (n=16 ou 48%) e Oryzomys subflavus (n=5 ou 15%) como as espécies mais abundantes e Bolomys

lasiurus (n=1 ou 3%), Nectomys squamipes (n=1 ou 3%) e Rhipidomys mastacalis (n=1 ou 3%)

como as menos abundantes (Fig. 1).

Figura 1. Número de indivíduos por espécie de pequenos roedores capturados

durante o estudo no Centro de Endemismo Pernambuco (pequenos roedores).

10 15 20 N ú m e ro d e I n d iv íd u o s B o lo m y s la s iu ru s N e c to m y s s q u a m ip e s O e c o m y s a ff . c o n c o lo r O ry z o m y s s p O ry z o m y s s u b fl a v u s R a tt u s ra tt u s R h ip id o m y s m a s ta c a lis Marsupiais

Lista de Espécies do Centro de Endemismo Pernambuco

Um esforço de captura de 4.082 armadilhas-noites resultou na captura de 59 indivíduos (taxa de captura de 1,44%) nos doze fragmentos e permitiu elaborar a lista das 8 espécies de marsupiais ocorrentes no Centro de Endemismo Pernambuco (Anexo 1). Micoureus demerarae (n=17) e Metachirus nudicaudatus (n=15) foram as duas espécies mais abundantes (Fig. 2A e B).

us de conservação das espécies do Centro de Endemismo Pernambuco:

Das oito espécies ocorrentes no Centro de Endemismo Pernambuco, duas encontram-se na Lista Vermelha da IUCN (2004) e nenhuma delas está inclusa na Lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, publicada pelo IBAMA (2003). Caluromys philander (Fig. 2C) e

Monodelphis americana são a Stat

mbas classificadas como LR/nt, principalmente devido à destruição Tabela 3. Riqueza e índice de diversidade de Shannon-Wiener

de roedores do Centro de Endemismo Pernambuco.

Fragmento S H' Fragmento S H'

Cachoeira 1 0 Fervedouro 3 1,252 Bom Jesus 0 - Serra do Quengo 1 0 Coimbra 2 0,811 Xangô 0 - Aquidabã 2 0,811 São Brás 0 - Espelho 3 1,5 Cuxio 0 -

(8)

Figura 2. Espécies de mamíferos ocorrentes em diferentes fragmentos de Floresta Atlântica do Centro de

Endemismo de Pernambuco, Nordeste do Brasil. A - Micoureus demerarae Thomas 1905; B - Metachirus

nudicaudatus E. Geoffroy 1803; C - Caluromys philander Linnaeus 1758; D - Nasua nasua Linnaeus 1766

F o to : Ir a n N o rm a n d e F o to : Ir a n N o rm a n d e

A

B

D

C

F o to : P a u lo A s fo ra F o to : P a u lo A s fo ra

de habitats pela atividade humana (IUCN 2004).

Composição de espécies e abundâncias

Nenhuma espécie esteve presente em todos os 12 fragmentos estudados. Apenas uma espécie, Metachirus nudicaudatus, foi encontrada em sete fragmentos e duas outras, Marmosa

murina e Didelphis albiventris, foram encontradas em seis dos fragmentos amostrados. Caluromys philander e Monodelphis americana foram encontradas em apenas uma localidade. A Mata da

Serra do Quengo (n=18) e a Mata do Fervedouro (n=10) foram responsáveis pelo maior número de indivíduos capturados, respectivamente (Tab. 4).

Tabela 4. Abundância das espécies de marsupiais por fragmento no Centro de Endemismo

Pernambuco. Usina Serra Grande: 1 Cachoeira, 2 Bom Jesus, 3 Coimbra, 4 Aquidabã; RPPN Frei Caneca: 1 Espelho, 2 Ageró, 3 Fervedouro, 4 Quengo; Reserva Ecológica de Gurjaú: 1 Xangô, 2 São Brás, 3 Cuxio, 4 Café.

Serra Grande Frei Caneca Gurjaú

Espécie Caluromys philander Didelphis albiventris Didelphis marsupialis Marmosa murina Metachirus nudicaudatus Micoureus demerarae Monodelphis americana Monodelphis domestica Total 1 2 3 4 - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - - - - - 3 1 1 2 3 4 - - - - - - 1 1 1 - 1 2 - 1 1 1 2 1 1 6 - - 5 6 - - - 2 2 - 1 - 5 2 10 18 1 2 3 4 - - 1 - 2 2 - 1 - - - - 1 3 - 1 - 1 2 2 1 - 2 - - - - - - 1 - - 4 7 5 4

A riqueza de espécies (S) variou de zero, na Mata da Cachoeira e na Mata do Bom Jesus, até seis, na Mata do Fervedouro e na Mata da Serra do Quengo. A diversidade de espécies (H´) variou

(9)

de zero, em fragmentos do Complexo Serra Grande, até 2.224, na Mata da Serra do Quengo (Tab. 5).

A riqueza de espécies no Centro de Endemismo Pernambuco foi maior naqueles fragmentos considerados como de tamanho médio (riqueza média 3,75 2,87), ou seja, naqueles fragmentos de área compreendida entre 300 e 500 ha, ficando em segundo lugar os fragmentos pequenos (riqueza média 2,29 1,38).

Apesar da comparação de médias indicar este resultado, as correlações entre área dos fragmentos e riqueza de espécies não apontaram nenhuma correlação significativa entre estas variáveis (r =0,084, p=0,794).s

A abundância relativa do Centro de Endemismo Pernambuco apontou Micoureus

demerarae (n=17 ou 28%) e Metachirus nudicaudatus (n=15 ou 25%) como as espécies mais

abundantes e Monodelphis americana (n=2 ou 3%) e Caluromys philander (n=1 ou 2%) como as menos abundantes (Fig. 3).

Tabela 5. Riqueza e índice de diversidade de

Shannon-Wiener (H') de marsupiais do Centro de Endemismo Pernambuco Fragmento Cachoeira Bom Jesus Coimbra Aquidabã Espelho Ageró 0 0 1 1 3 2 -0 0 1,522 1 Fervedouro Serra do Quengo Xangô São Brás Cuxio Café 6 6 3 4 3 3 2,161 2,224 1,5 1,842 1,522 1,5 S H' Fragmento S H'

Figura 3. Número de indivíduos por espécie capturados durante o estudo

no Centro de Endemismo Pernambuco (marsupiais).

C a lu ro m y s p h ila n d e r D id e lp h is a lb iv e n tr is N ú m e ro d e I n d iv íd u o s D id e lp h is m a rs u p ia lis M a rm o s a m u ri n a M e ta c h ir u s n u d ic a u d a tu s M ic o u re u s d e m e ra ra e M o n o d e lp h is a m e ri c a n a M o n o d e lp h is d o m e s ti c a 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Mamíferos de médio e grande porte:

Lista de Espécies do Centro de Endemismo Pernambuco

Foram registradas 12 espécies de mamíferos de médio e grande porte para as áreas de estudo. Do total de espécies, sete foram visualizadas ou deixaram vestígios exclusivamente em áreas de floresta, quatro exclusivamente em áreas abertas (estradas ou matriz de cana-de-açúcar)

(10)

e uma foi visualizada ou deixou vestígios tanto em áreas de floresta quanto em áreas abertas (Tab. 6).

O fragmento com o maior número de espécies foi o Coimbra, em Serra Grande com cinco espécies e o com o menor número foi o Cuxio em Gurjaú com apenas uma espécie, não sendo encontrada correlação significativa entre o tamanho do fragmento e o número de espécies registradas (r =0,488 p=0,107).s

Não houve correlação significativa entre as taxas de avistamento de C. jacchus e o tamanho do fragmento (r =-0,511 p=0,089) nem entre as taxas de avistamento de N. nasua e o tamanho do s

fragmento (r =-0,487 p=0,10).s

Status de conservação das espécies do Centro de Endemismo Pernambuco

Das 12 espécies registradas neste estudo, nenhuma se encontra na Lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, nem na lista vermelha da IUCN (IBAMA 2003; IUCN 2004).

Composição de espécies e abundâncias

O complexo Serra Grande foi o local onde foram registradas mais espécies (n=11), das quais três foram visualizadas exclusivamente em áreas abertas. Foram registradas cinco espécies na RPPN Frei Caneca, e Gurjaú foi a área com o menor número de espécies (n=3) (Tab. 7).

Tabela 6. Forma de inclusão, habitat e hábito dos mamíferos terrestres de médio e

grande porte encontrados no Centro de Endemismo Pernambuco. Inclusão: c= visualizado durante os censos; v = visualizados fora dos censos; trap = fotografado pela camera trap; carc = carcaças; cap = capturado; voc = vocalização e p = pegadas. O habitat indica onde o animal foi observado: f = áreas florestais e a = áreas abertas (estradas e canaviais). Hábitos: a primeira letra indica (d) diurnos, (n) noturnos e (c) catemerais, e a segunda, (a) arborícolas, (t) terrestres ou (e) escansoriais.

Ordem/Nome científico Nome vernacular Inclusão Habitat Hábitos

Carnívora

Cerdocyon thous Raposa v a nt

Procyon cancrivorus Guaxinim p a nt

Nasua nasua Quati C, trap f de

Galictis vittata Furão C f ce

Rodentia

Dasyprocta prymnolopha Cutia v,carc,trap f/a dt

Agouti paca Paca carc f nt

Coendou prehensilis Porco espinho carc f ne

Hidrochaeris hidrochaeris Capivara v, p a nt

Sciurus alphonsei* Esquilo c, cap f da

Lagomorpha

Sylvilagus brasiliensis Tapiti v a nt

Primates

Callithrix jacchus Sagüi c, voc f da

Xenarthra

(11)

Tabela 8. Tamanho médio de grupo e número de registros por guilda alimentar de

mamíferos ocorrentes no Centro de Endemismo Pernambuco.

Espécie Guilda Nº de registros Média de grupo

Bradypus variegatus Folívoro 4

Callithrix jacchus Frugi-insetívoro 41

Galictis vittata Frugi-faunivoro 1

Nasua nasua Carnívoro 8

Sciurus alphonsei Grani-frugivoro 3

Total 57 - 2,2 ind. - 2,5 ind. -

-A espécie com a maior taxa de avistamento foi C. jacchus no fragmento São Brás com 14 avistamentos por cada 10 km percorridos, e a espécie com a menor taxa de avistamento foi S.

alphonsei no fragmento Cachoeira com 0,62 avistamentos/10 km percorridos (Tab. 9).

Através do método de armadilha fotográfica, foram feitas 50 fotografias das quais 32 foram úteis na identificação de espécies. Foram registradas quatro espécies em um total de 716:35 h distribuídas em seis fragmentos. As espécies mais e menos fotografadas, respectivamente, foram

N. nasua (Fig. 2D) com 10 registros e D. prymnolopha com apenas um registro.

Censo de mamíferos e armadilha fotográfica:

Foram percorridos 130,35 km em 131:01 horas de censo, a uma velocidade média de 0,99 km/h. Foram visualizadas cinco espécies pertencentes a quatro ordens, totalizando 57 registros e 120 indivíduos. A média de tamanho de grupo foi 2,22 indivíduos para C. jacchus e 2,5 para N.

nasua, sendo os registros para as demais espécies de apenas um indivíduo por vez. A guilda

alimentar dos insetívoros foi a que obteve o maior número de registros e a dos frugi-faunívoros, o menor número de registros (Tab. 8).

Tabela 7. Distribuição das espécies de médio e grande porte por

fragmento no Centro de Endemismo Pernambuco. Usina Serra Grande: 1 Cachoeira, 2 Bom Jesus, 3 Coimbra, 4 Aquidabã; RPPN Frei Caneca: 1 Espelho, 2 Ageró, 3 Fervedouro, 4 Quengo; Reserva Ecológica de Gurjaú: 1 Xangô, 2 São Brás, 3 Cuxio, 4 Café. Serra Grande Frei Caneca Gurjaú Nome científico 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Agouti paca x Bradypus variegatus x x x Callithrix jacchus x x x x x x x x x x Coendou prehensilis x Dasyprocta prymnolopha x x Galictis vittata x Nasua nasua x x x x Procyon cancrivorus x Sciurus alphonsei x x x x

(12)

DISCUSSÃO

Pequenos mamíferos

O número de espécies de pequenos mamíferos encontrado, para o Centro de Endemismo Pernambuco (15), está de acordo com outros estudos realizados na Floresta Atlântica Brasileira, figurando inclusive como um dos mais elevados. Fonseca & Robinson (1990), Stevens & Husband (1998) e Pires et al. (2002) relataram, respectivamente, 19, 12 e nove espécies em suas áreas de estudo.

As riquezas de espécies e as diversidades mais altas foram encontradas nos fragmentos considerados como de tamanho médio. Isso provavelmente se deve ao fato desses fragmentos apresentarem uma heterogeneidade maior de microhabitats, possuindo áreas de interior de floresta assim como áreas abertas, podendo abrigar espécies características desses dois habitats.

O número de indivíduos de cada espécie capturada, contudo, ficou abaixo da média encontrada em outros trabalhos para a Floresta Atlântica, excetuando-se Metachirus

nudicaudatus (n=15), que atingiu um patamar semelhante em todos os estudos (Fonseca &

Robinson 1990; Leite et al. 1996; Stevens & Husband 1998; Pires et al. 2002). Apesar disso, entretanto, três espécies não estavam referidas como ocorrentes em Pernambuco (Emmons & Feer, 1997).

O fato de nenhuma espécie estar presente em todos os fragmentos, algumas tendo sido encontradas em apenas um deles, indica que já estão sofrendo extinção local, desaparecendo daqueles fragmentos que não oferecem condições de sobrevivência e que são totalmente isolados.

Sabe-se que a extinção em fragmentos pequenos de floresta é um evento comum para algumas espécies de pequenos mamíferos, sendo a sobrevivência da população dependente de

Tabela 9. Taxas de avistamento das espécies de mamíferos de médio e grande porte por cada 10 km andados

nos diferentes fragmentos do Centro de Endemismo Pernambuco.

Fragmento Callithrix jacchus Cachoeira - Bom Jesus 2 Coimbra - Serra Grande Aquidabã - Espelho - Serra do Quengo 0,69 Ageró 3 Frei Caneca Fervedouro 2,32 Cuxio 4 Xangô 11 Café 5 Gurjaú São Brás 14 Nasua nasua 1,23 3 1,41 - - 0,69 - - - - - -Galictis vittata - - 0,71 - - - - - - - - -Bradypus variegatus - - - - - - - - - 2 2 -Sciurus alphonsei 0,62 - - - 0,87 - - - - - - 1

(13)

eventos de re-colonização. Por sua vez, esta re-colonização só será possível caso as espécies presentes originalmente na região sejam capazes de cruzar a matriz entre os fragmentos (Pires & Fernandez 1999; Boyett et al. 2000; Krohne 1997; Pires et al. 2002).

No caso do Centro de Endemismo Pernambuco, no qual não existe uma grande mancha principal de habitat que abrigue uma população persistente, pois até seu maior fragmento (Coimbra, com 3.478,3 ha) encontra-se depauperado e inclui-se entre aqueles de menor riqueza e abundância, as extinções não poderão ser balanceadas por re-colonizações, como afirma Krohne (1997).

Isoladas nesta situação, algumas populações já se extinguiram localmente da maioria dos fragmentos do Centro de Endemismo Pernambuco e suas extinções regionais já estão em curso, ainda que nenhuma destas espécies esteja incluída na Lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção (IBAMA 2003), embora inclusas na lista da IUCN.

Espécies incapazes de utilizar a paisagem fragmentada ou de formar metapopulações tendem a se extinguir regionalmente à medida que as populações isoladas remanescentes se extinguirem, o que fatalmente ocorrerá, pois o tamanho das populações restantes as torna inviáveis em longo prazo (Nunney & Campbell 1993).

Por outro lado, espécies generalistas e capazes de grande mobilidade, através da paisagem fragmentada, tenderão a dominar o ambiente, contribuindo para a diminuição da biodiversidade, principalmente, através da exclusão competitiva (Fonseca & Robinson 1990). Didelphis albiventris atingiu o maior número de indivíduos nos fragmentos mais próximos de áreas urbanas, provavelmente excluído das áreas de floresta conservada por Didelphis marsupialis, que apresentou mais indivíduos capturados naqueles fragmentos menos perturbados pela ação antrópica e de maior área.

Os resultados apontam Metachirus nudicaudatus como provável espécie dominante no Centro de Endemismo Pernambuco em médio prazo, tendo sido encontrada em fragmentos que variaram de 38 a 500 ha e sob diferentes graus de pressão antrópica, demonstrando que esta espécie está bem adaptada à paisagem fragmentada. Isto provavelmente se deve à sua grande capacidade de dispersar e mover-se entre fragmentos (Pires et al. 2002).

Deste modo, notamos que o Centro de Endemismo Pernambuco, apesar de ainda possuir uma alta riqueza de espécies de marsupiais, apresenta populações pequenas, isoladas e já em processo de extinção regional.

A situação dos roedores, especificamente, parece ser ainda mais grave, não tendo sido encontrados em metade dos fragmentos estudados. Dentre as seis espécies nativas identificadas, três foram representadas por apenas um indivíduo. A sétima espécie, Rattus rattus, é originária do Velho Mundo e considerada invasora para a Floresta Atlântica. Embora um único indivíduo tenha sido capturado em todo o estudo, sua presença sugere um desequilíbrio ecológico devido ao fato de ter sido a única espécie coletada naquele fragmento. Este resultado indica a necessidade de estudos mais aprofundados para verificar se R. rattus está excluindo as demais espécies nativas dos fragmentos.

(14)

atenção para o fato de que Rhipidomis mastacalis só havia sido coletado até a presente data em brejos de altitude, sendo, portanto, o primeiro registro para a Floresta Atlântica nordestina de Pernambuco e Paraíba.

Além da presença de espécies invasoras, este trabalho também detectou uma grande desigualdade nas abundâncias dos roedores, com a comunidade sendo claramente dominada pelo gênero Oryzomys. Os animais deste gênero são terrestres, não sendo diretamente afetados pela descontinuidade da copa, e alimentam-se principalmente de insetos e sementes, com muitas espécies estando bem adaptadas à vegetação secundária e plantações. Oryzomys subflavus, especificamente, é uma espécie de áreas abertas e alagadas.

Isto sugere que, atualmente, permanecem na Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco apenas aquelas espécies adaptadas às condições da paisagem modificada (áreas abertas, copas descontínuas, densa vegetação de sub-bosque), tendo as espécies dependentes de condições de interior de Floresta entrado em extinção. Mais alarmante ainda, em Gurjaú a fragmentação já atingiu um nível tal que nem mesmo as espécies de áreas abertas foram encontradas, sugerindo uma breve extinção da comunidade de pequenos roedores naquela reserva.

Corremos o risco de assistir, já a médio prazo, a diminuição drástica da riqueza de espécies no Centro de Endemismo Pernambuco, várias delas sendo regionalmente extintas num curto intervalo de tempo.

Os resultados encontrados para as três áreas de estudo não apresentam a riqueza esperada quando comparada a outras áreas de Floresta Atlântica do Sudeste e do Nordeste do país (Cruz & Campello 1998; Chiarello 1999; Fernandes 2003), e tampouco quando comparada a áreas de Floresta Amazônica (Emmons 1984; Bodmer 1989; Schwarzkopf & Rylands 1989; Mendes Pontes 1994; 1999; 2000; 2004).

Contrariando a teoria da biogeografia insular (MacArthur & Wilson 1967) que afirma que quanto maior a área maior o número de espécies, não foi observada, neste trabalho, uma correlação significativa entre a riqueza e o tamanho do fragmento. Também foi observado que a riqueza dos fragmentos menores não foi uma subamostra da riqueza do fragmento grande, contradizendo a hipótese de que as amostras de fragmentos menores seriam uma subamostra dos maiores (Patterson 1987).

Chiarello (1999) sugere que áreas inferiores a 200 ha não suportam grandes mamíferos como antas (Tapirus terrestris), porcos-do-mato (Tayassu pecari e Tayassu tajacu), e veados (Mazama sp.). Não houve, contudo, registro dessas espécies nem nos fragmentos maiores (3400 e 500 ha), sugerindo que tais espécies estejam extintas regionalmente, com exceção do porco cateto (Tayassu tajacu), já que Fernandes (2003) registrou a presença dessa espécie em dois dos fragmentos estudados (Mata do Coimbra e Mata da Cachoeira) considerados grande e médio respectivamente. Também é sabido que a Usina Serra Grande, local onde ocorreram as visualizações, mantém uma população de porcos catetos em cativeiro com objetivos de

(15)

introdução desses animais em ambiente natural.

Os predadores de topo, como os grandes felinos, são os mais sensíveis ao processo de fragmentação do habitat. Por requererem grandes áreas de uso, tais espécies ficam comprometidas em longo prazo pela indisponibilidade de alimento e de outros recursos nos fragmentos pequenos (McNab 1963; Redford & Robinson 1991). Apesar da ausência de registros de felinos no presente estudo, Fernandes (2003) visualizou três espécies, Herpailurus yaguarondi,

Leopardus tigrinus e Leopardus pardalis, no maior fragmento (Mata do Coimbra, 3400 ha).

A ocorrência de Bradypus variegatus em dois fragmentos pequenos pode ser explicada pela capacidade de alguns folívoros de incluir vegetação secundária em sua dieta e pela total ausência de predadores como felinos e a harpia Harpia harpyja (Chiarello 1999; obs. pessoal).

O elevado número de diferentes espécies registradas em áreas abertas indica a grande importância da matriz de cana-de-açúcar para os animais se deslocarem entre os fragmentos, ou como fonte de recursos. O deslocamento de espécies entre fragmentos é fundamental em paisagens fragmentadas, pois possibilita o fluxo gênico, a formação de metapopulações e a re-colonização de fragmentos depauperados. A tendência é que espécies que não consigam fazer uso da matriz para se deslocar entre os fragmentos se extingam regionalmente, à medida que populações isoladas remanescentes também se extingam devido ao reduzido tamanho populacional, o que as torna inviáveis a longo prazo (Nunney & Campbell 1993).

O sítio Serra Grande foi o que apresentou a maior diversidade de espécies. Isso indica que, apesar do avançado processo de fragmentação, a área ainda suporta algumas populações isoladas que estão a caminho da extinção se medidas de manejo, restauração e re-conexão não forem rapidamente colocadas em prática.

Apesar de não haver correlação significativa entre as taxas de avistamento do sagüi (C.

jacchus) e o tamanho do fragmento, as altas taxas de avistamento encontradas nos menores e

mais impactados fragmentos de mata indicam a associação entre espécies generalistas (Scanlon

et al. 1989) e fragmentos de menor área, os quais apresentam um alto grau de perturbação (Silva &

Tabarelli 2000). As espécies generalistas são favorecidas pela ausência de predadores e competidores em fragmentos pequenos (Chiarello 1999; Fernandes 2003), pela baixa ou nula pressão de caça para animais relativamente pequenos (obs. pessoal), e pela adaptação para explorar recursos alternativos, como os exsudados vegetais (Scanlon et al. 1989; Aléssio 2004; Aléssio et al. 2005). Com base em tal constatação é sugerido, neste trabalho, o uso da espécie

Callithrix jacchus como indicador para ambientes perturbados na Mata Atlântica Nordestina.

As taxas de avistamento do quati (Nasua nasua) são consideradas altas quando comparadas aos trabalhos de Fernandes (2003) e Chiarello (1999). As populações de mesopredadores, como o quati, parecem ser influenciadas pela empobrecida ou ausente fauna de predadores de topo. Os mesopredadores teriam suas populações consideravelmente aumentadas, o que resultaria inclusive em efeitos negativos sobre as comunidades de aves e pequenos mamíferos (Saether 1999).

Apesar de não termos registrado nenhuma espécie ameaçada, Fernandes (2003) registrou em seu trabalho realizado em Coimbra, Leopardus pardalis e Leopardus tigrinus, que figuram ou

(16)

na Lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção (IBAMA 2003), ou estão presentes na lista vermelha da IUCN (2004). Tais dados conferem à área extremo valor biológico e sugerem que importantes processos ecológicos ainda ocorrem, ao menos no maior fragmento de Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco.

Concluímos de imediato que, a comunidade de mamíferos se encontra em gravíssimo risco de ser totalmente extinta local e regionalmente, devido: (a) às baixíssimas taxas de ocorrência registradas, mesmo em fragmentos grandes; (b) devido à caça, e (c) devido ao fato de que fragmentos pequenos (e.g. 10 ha) estão totalmente depauperados de quaisquer mamíferos de grande porte, de muitos dos de médio porte, e da maioria dos pequenos. São um indicativo do que poderá vir a ser toda a paisagem altamente fragmentada da Floresta Atlântica nordestina, ou Centro de Endemismo Pernambuco, em um tempo não muito distante.

Hoje, apenas preservar os fragmentos remanescentes já não é uma estratégia eficiente para reverter o processo de extinção local e regional a que estão submetidas as espécies do Centro de Endemismo Pernambuco.

A curto prazo é necessário:

(1) Continuar a realização de levantamentos rápidos da biodiversidade de outros fragmentos da paisagem altamente fragmentada do Centro de Endemismo Pernambuco, como uma forma de identificar áreas de alto valor biológico, novas ocorrências para a região (a exemplo deste trabalho), endemismos, ou mesmo novas espécies.

(2) Identificar fragmentos ou arquipélagos para serem restaurados e implementar a re-conexão e expansão das áreas, como uma maneira de permitir a migração e o fluxo gênico entre populações isoladas, assim como para permitir a re-colonização por espécies já extintas localmente.

(3) Concomitantemente ao item (2), realizar estudos sobre espécies de árvores zoocóricas e quantificação da produtividade de partes vegetais, como uma forma de avaliar a capacidade suporte do ambiente, visando futuras re-introduções.

(4) Determinar as populações mínimas viáveis necessárias à manutenção dos processos ecológicos inerentes, o que norteará a dimensão da restauração dos fragmentos. Neste caso, será importante determinar (a) a área total necessária para se recompor toda a comunidade, considerando inclusive aqueles mamíferos de grande porte já regionalmente extintos, como onças pintadas (Panthera onça), antas (Tapirus terrestris), queixadas (Tayassu pecari), e veados (Mazama americana) que ocorriam na região (Marcgraf 1639; Patterson et al. 2003), assim como (b) a área mínima viável a curto prazo para que se possa manter ao menos as populações

(17)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aléssio, F.M. 2004. Comportamento de Didelphis albiventris em um remanescente de mata

atlântica no Nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de

Pernambuco, Recife.

Aléssio, F.M.; Mendes Pontes, A.R. & Luna, V.S. 2005. Opportunistic feeding by Didelphis

albiventris on tree gum in the Northeastern Atlantic forest of Brazil. Mastozoologia

Neotropical (no prelo).

Bergallo, H.G. & Cerqueira, R. 1994. Reproduction and growth of the opossum Monodelphis

domestica (Mammalia: Didelphidae) in northeastern Brazil. Journal of Zoology 232: 551-563.

Bodmer, R.E. 1989. Ungulate biomass in relation to feeding strategy within Amazonian forest.

Oecologia 81: 547-550.

Bonvicino, C.R.; Cerqueira, R. & Soares, V.A. 1996. Habitat use by small mammals of upper Araguaia River. Revista Brasileira de Biologia 56 (4): 761-767.

Boyett, W.D.; Endries, M.J. & Adler, G.H. 2000. Colonization-extinction dynamics of opossums on small islands in Panama. Canadian Journal of Zoology 78: 1972-1979.

Brockelman, W.Y. & Ali, R. 1987. Methods of surveying and sampling forest primate populations. 2. Pp. 23-62. In: C.W. Marsh & R.A. Mittermeier (Eds.). Primate Conservation in the Tropical

Rainforest. John Wiley & Sons, New York.

Brown, K.S. Jr. & Brown, G.G. 1992. Habitat alteration and species loss in Brazilian forests. Pp. 119-142. In: T.C. Whitmore & J.A. Sayer (Eds.). Tropical deforestation and species extinction.

Este trabalho recebeu apoio financeiro do Ministério do Meio Ambiente - MMA e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq - Projeto PROBIO. Obtivemos ainda o apoio logístico do Centro de Estudos e Pesquisas Ambientais do Nordeste CEPAN, e Departamento de Botânica da UFPE. A Dra. Leonora Pires Costa e o Dr. Alfredo Langguth contribuíram significativamente nas técnicas de identificação dos pequenos mamíferos. Somos gratos ao CPRH, à Usina Serra Grande e à RPPN Frei Caneca por nos terem autorizado a realização desta pesquisa em suas áreas.

remanescentes, especialmente aquelas que exigem áreas maiores para sobreviver. A longo prazo:

(1) A translocação, para áreas protegidas e viáveis a longo prazo, de populações relictuais ocorrentes em áreas ameaçadas.

(2) A re-introdução de espécies nativas em áreas onde o ambiente ainda apresente capacidade suporte adequada, mas que as populações estão reduzidas ou extintas local ou regionalmente.

(18)

Chapman & Hall, London.

Buckland, S.T.; Anderson, D.R.; Burnhan, K.P. & Laake, J.L. 1993. Distance sampling.

Estimating abundance of biological populations. Chapman and Hall, London.

Burnhan, K.P.; Anderson, D.R. & Laake, J.L. 1980. Estimation of density from line transect sampling of biological populations. Wildlife Monograph 72:1-202.

Caceres, N.C. & Monteiro, E.L.A. 2001. Food habits, home range and activity of Didelphis aurita (Mammalia, Marsupialia) in a forest fragment of southern Brazil. Studies on Neotropical

Fauna and Environment 2 (36): 85-92.

Cerqueira, R.; Gentile, R.; Fernandez, F.A.S. & Dandrea, P.S. 1993. A five year population study of an assemblage of small mammals in Southeastern Brazil. Mammalia 57 (4): 507-517.

Chiarello, A.G. 1999. Effects of Fragmentation of The Atlantic Forest on Mammal Communities in South-Eastern Brazil. Biological Conservation 89: 71-82.

CIMA, 1991. Relatório da comissão internacional sobre o desenvolvimento e meio

ambiente. Brasília.

Cruz, M.A.O.; Cabral, M.C.C.; Silva, L.A.M. & Campello, M.L.C.B. 2002. Diversidade da mastofauna no Estado de Pernambuco. Pp. 557-579. In: J.M.C. Silva & M. Tabarelli (Orgs.).

Diagnóstico da biodiversidade de Pernambuco. Ed. Massangana, Recife.

Cruz, M.A.O.M. & Campello, M.L.C.B. 1998. Mastofauna: primeira lista e um estudo sobre o

callithrix jacchus Erxleben, 1777 (Calitrichidae: Primates) na Reserva Ecológica de Dois

Irmãos. Pp. 253-269. In: I.C. Machado, A. V. Lopes & K.C. Porto (Eds.). Reserva Ecológica de

Dois Irmãos: estudos de um remanescente de Mata Atlântica em área urbana. Editora

Universitária UFPE, Recife.

Eisenberg, J.F. 1980. The density and biomass of tropical mammals. Pp. 35-55. In: M. Soulé & B.B. Wilcox (Eds.). Conservation Biology: An Evolutionary-Ecological Perspective. Sinauer Associates, Mass.

Eisenberg, J.F. & Thorington, Jr., R.W. 1973. A preliminary analysis of a Neotropical mammal fauna. Biotropica 5 (3): 150-161.

Emmons, L. 1984. Geographic variations in densities and diversities of non-flying mammals in Amazonia. Biotropica 16: 210-222.

Emmons, L.H. & Feer, F. 1997. Neotropical Rain Forest Mammals, A field Guide. The University of Chicago Press, Chicago.

Fernandes, A.C.A. 2003. Censo de mamíferos em alguns fragmentos de floresta Atlântica no

Nordeste do Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

Fonseca, G.A.B. 1985. The vanishing Brazilian Atlantic forest. Biological Conservation 34:17-34. Fonseca, G.A.B. & Robinson, J.G. 1990. Forest size and structure: competitive and predatory

effects on small mammal communities. Biological Conservation 53: 265-294.

Glanz, W.E. 1982. The terrestrial mammal fauna of Barro Colorado island: census and long-term changes. Pp. 455-468. In: E.G. Leigh, Jr., A.S. Rand & D.M. Windsor (Eds.). The Ecology of a

Tropical Forest: Seasonal Rithms and Long-Term changes. Smithsonian Institution Press,

Washington.

Glanz, W.E. 1990. Neotropical mammal densities: how unusual is the community in Barro Colorado island, Panama? Pp. 287-313. In: A.H. Gentry (Ed.). Four Neotropical Rainforests. Yale University Press, New Haven.

Harrington, G.N.; Irvine, A.K.; Crome, F.H.J. & Moore, A., 1997. Regeneration of large-seeded trees in Australian Rainforest fragments: a study of higher-order interactions. Pp. 292-303. In: W.F. Laurence and R.O. Bierregaard Jr. (eds.). Tropical forest remnants: ecology, management,

and conservation of fragmented communities. University of Chicago Press, Chicago.

IBAMA. 2003. Lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção. Disponível em: www.ibama.gov.br. Acesso em 20 Jan. 2004.

IUCN, 2004. Red List of Threatened Species. Disponível em: www.redlist.org. Acesso em 20 Jan. 2004.

Krohne, D.T. 1997. Dynamics of metapopulations of small mammals. Journal of Mammalogy 78: 1014-1026.

Leite, Y.L.R.; Costa, L.P. & Stallings, J.R. 1996. Diet and vertical space use of three sympatric opossums in a Brazilian Atlantic forest reserve. Journal of Tropical Ecology 12: 435-440.

(19)

Linhares, K.V. 2003. Esquilos Sciurus alphonsei (Mammalia: Rodentia) como dispersores de

Attalea oleifera (Arecaceae) em remanescentes de Floresta Atlântica Nordestina, Brasil.

Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

MacArthur, R.H. & Wilson, E.O. 1967. The Theory of Island Biogeography. Princeton University Press, Princeton.

McNab, B.K. 1963. Bioenergetics and the determination of the home range size. American

Naturalist 97: 133-1140.

Melo, L.; Mendes Pontes, A.R. & Cruz, M.A.O.M. 2003. Infanticide and cannibalism in wild common marmosets. Folia Primatologica 74: 48-50.

Mendes Pontes, A.R. 1994. Enviromental determinants of primate abundance in Maracá

island, Roraima, Brazilian Amazonia. M.Phil. Thesis, University of Cambridge, Cambridge.

Mendes Pontes, A.R. 1999. Enviromental determinants of primate abundance in Maracá island, Roraima, Brazilian Amazônia. Jounal of Zoology 247: 189-199.

Mendes Pontes, A.R. 2000. Ecology of a mammal community in a seasonally-dry Forest in

Roraima, Brazilian Amazonia. Ph.D. Thesis, University of Cambridge, Cambridge.

Mendes Pontes, A.R. 2004. Ecology of a community of mammals in a seasonally dry forest in Roraima, Brazilian Amazon. Mammalian Biology 3: 1-18.

Myers, N. 1991. Tropical deforestation: the latest situation. Bioscience 41: 282.

National Research Council (NCR). 1981. Techniques for the Study of Primate Population

Ecology. National Academy Press, Washington.

Nunes, A.P.; Ayres, J.M.; Martins, E.S. & Silva, J.S. 1988. Primates of Roraima (Brazil). I. Northeastern part of the territory. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, série Zoologia

4 (1): 1-33.

Nunney, L. & Campbell, A.K. 1993. Assessing minimum viable population size: demography meets population genetics. Trends in Ecology and Evolution 8: 234-239.

Oliveira, F.F. 2003. Pequenos mamíferos (Didelphimorphia & Rodentia) da Paraíba e

Pernambuco. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

Patterson, B.D. 1987. the principle of nested subsets and it´s implication for biological conservation. Conservation Biology 1: 323-334.

Patterson, B.D.; Ceballos, G.; Sechrest, W.; Tognelli, M.F.; Brooks, T.; Luna, L.; Ortega, P.; Salazar, I. & Young, B.E. 2003. Digital distribution maps of the mammals of the western

hemisphere. Version 1.0. NatureServe, Arlington, Virginia.

Peres, C.A. 1997. Effects of habitat quality and hunting pressure on arboreal folivore densities in Neotropical forests: a case study of howler monkeys (Alouatta spp.). Folia Primatologica 68: 199-222.

Peres, C.A. 1999. The structure of nonvolant mammal communities in different Amazonian forest types. Pp. 564-581. In: J.F. Eisenberg & K.H. Redford (Eds.). Mammals of the neotropics: the

central neotropics. Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. University of Chicago Press, Chicago.

Pinheiro, P.S.; Carvalho, F.M.V.; Fernandez, F.A.S. & Nessimian, J.L. 2002. Diet of the marsupial

Micoureus demerarae in small fragments of Atlantic Forest in southeastern Brazil. Studies on

Neotropical Fauna and Environment 37: 213-218.

Pires, A.S. & Fernandes, F.A.S. 1999. Use of space by the marsupial Micoureus demerarae in small Atlantic Forest fragments in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology 15: 279-290.

Pires, A.S.; Lira, P.K.; Fernandez, F.A.S.; Schittini, G.M. & Oliveira, L.C. 2002. Frequency of movements of small mammals among Atlantic Coastal Forest fragments in Brazil. Biological

Conservation 108: 229-237.

Prance, G.T. 1982. Forest refuges: evidences from woody angiosperms. Pp.137-158. In: G.T. Prance (Ed.). Biological diversification in the tropics. Columbia University Press, New York. Prance, G.T. 1987. Biogeography of neotropical plants. Pp.175-196. In: T.C. Whitmore, G.T. Prance

(Ed.). Biogeography and quaternary history in tropical America, Claredon Press, Oxford. Quental, T.B.; Fernandez, F.A.S.; Rocha, F.S. & Dias, A.T.C. 2001. Population dynamics of the

marsupial Micoureus demerarae in small fragments of the Atlantic Forest in Brazil. Journal of

(20)

Ranta, P.; Blom, T.; Niemela, J.; Joensuu, E. & Siitonen, M. 1998. The fragmented Atlantic rain forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodiversity Conservation 7: 385-403.

Redford, K.H. & Robinson. 1991. Park size and the conservation of forest mammals in Latin America. Pp 227-234. In: M.A. Mares & D.J. Schimdly (Eds). Latin American mammology,

hystory, biodiversity and conservation. University of Oklahoma Press, Norman.

Rigueira, S.E.; Valle, C.M.C.; Varejão, J.B.M.; Albuquerque, P.V. & Nogueira, J.C. 1987. Algumas observações sobre o ciclo reprodutivo de fêmeas do gambá Didelphis albiventris (Lund, 1841) (Marsupialia, Didelphidae) em populações naturais no estado de Minas Gerais, Brasil. Revista

Brasileira de Zoologia 4: 129-137.

Robinette, W.L.; Loveloss, C.M. & Jones, D.A. 1974. Field test of strip census methods. Journal of

Wildlife Management 38 (19): 81-96.

Roda, A.S. & Mendes Pontes, A.R. 1998. Polygyny and Infanticide in Common Marmosets in a Fragment of the Atlantic Forest of Brazil. Folia Primatologica 69: 372-376.

Rosas-Ribeiro, P.F. 2004. Mastofauna de médio e grande porte da Reserva Biológica de

Saltinho, Pernambuco. Monografia de Graduação. Universidade Federal de Pernambuco,

Recife.

Saether, B.E. 1999. Top dogs maintain diversity. Nature 400: 510-511.

Santori, R.T.; Moraes, D.A & Cerqueira, R. 1996. Diet composition of Metachirus nudicaudatus and

Didelphis aurita (Marsupialia, Didelphoidea) in Southeastern Brazil. Mammalia 60 (2):

307-311.

Scanlon, C.E.; Chalmers, N.R. & Monteiro da Cruz, M.A.O. 1989. Home range use and the exploration of gum in the Marmoset Callithrix jacchus jacchus. International Journal of

Primatology 10: 123-136.

Schwarzkopf, L. & Rylands, A.B. 1989. Primate species richness in relation to habitat structure in Amazoian rain forest fragment. Biological Conservation 48:1-12.

Silva, J.M.C. & Tabarelli, M. 2000. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlantic forest of northeast Brazil. Nature 404: 72-74.

Stevens, S.M. & Husband, T.P. 1998. The influence of edge on small mammals: evidence from Brazilian Atlantic forest fragments. Biological Conservation 85: 1-8.

Stevenson M.F. & Rylands, A.B. 1988. The marmoset, genus Callithrix. Pp. 197-205. In: R.A. Mittermeier; A.B. Rylands; A. Coimbra-Filho & G.A.B. Fonseca (Eds). Ecology and behaviour

of neotropical primates. WWF, Washington.

Talamoni, S.A. & Dias, M.N. 1999. Population and community ecology of small mammals in southeaster Brazil. Mammalia 63: 167-181.

Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae. Brasil-Holandês (Dutch-Brazil). 1995. Icones Animalium

Brasiliae. Vol. III, D.C. Mentzel (Ed.). Index Press, Rio de Janeiro.

Uchoa Neto, C.A.M. 2002. Integridade, grau de implementação e viabilidade das unidades de

conservação de proteção integral na floresta atlântica de Pernambuco. Dissertação de

Mestrado, Universidade Federal de Pernamnuco, Recife.

Viana, V.M.; Tabanez, A.J. & Batista, J.L. 1997. Dynamics and restoration of forest fragments in the Brazilian Atlantic moist forest. Pp. 351-365. In: W.F. Laurance & R.O. Bierregaard Jr. (Eds.).

Tropical forest remnants: ecology, management, and conservation of fragmented communities. The University of Chicago Press, Chicago

Referências

Documentos relacionados

Realizado pelo Coletivo Kuikuro de Cinema em direção coletiva e produção de Vincent Carelli (Video nas Aldeias), As Hipermulheres traz não só um hábil agenciamento de ficção

Ao propor um estudo de caso longitudinal, numa pesquisa qualitativa, identificando as estratégias da organização para fazer frente às oscilações e turbulências

Como corolário deste resultado obtemos o Teorema 5.2.10 que conclui acerca da existência genérica de ramos de soluções espacialmente periódicas por uma rede hexagonal e com

The focus of this thesis was to determine the best standard conditions to perform a laboratory-scale dynamic test able to achieve satisfactory results of the

​ — these walls are solidly put together”; and here, through the mere frenzy of bravado, I rapped heavily with a cane which I held in my hand, upon that very portion of

O trabalho de Silva (2006) estendeu o estudo e a avaliação do comportamento de ligações parafusadas viga-coluna, com base em seções transversais constituídas

This highly sensitive approach permits identification and quantification of a wide variety of amino acid misincorporations, but does not produce a comprehensive view of

A reinserção, nesta perspectiva, convoca um papel mais activo da sociedade e, nesta medida, é preferível, enquanto conceito que encerra um programa de acção para a