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A VOZ NO TELEJORNALISMO

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Academic year: 2021

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A VOZ NO TELEJORNALISMO

Leny R. Kyrillos1 Cláudia Cotes2

RESUMO

A Fonoaudiologia atua junto aos profissionais do telejornalismo desde a década de 80. No início tal atuação baseou-se na experiência prática. No decorrer do tempo, o conhecimento na área desenvolveu-se, a partir da troca de experiências e da realização de trabalhos científicos. O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento das publicações referentes à atuação fonoaudiológica junto ao telejornalismo, e analisá-las quanto ao formato da publicação e os temas abordados, no período 2005 a 2007. Método: para o levantamento da referida produção científica, foram selecionados apenas os trabalhos relacionados especificamente ao tema telejornalismo. Recorremos aos Anais de Congressos e aos bancos de dados de instituições com programas de Especialização, Mestrado e Doutorado. Além disso, fizemos o levantamento nas publicações científicas na área. Resultados: os dados obtidos demonstram que grande parte das publicações ocorre no formato de capítulos de livros e anais. Os temas abordados modificaram-se no decorrer do período. Conclusões: o levantamento das publicações sobre Fonoaudiologia e telejornalismo, no período de 2005 a 2007 evidenciou grande queda no número de produções, mas os formatos foram mantidos. Quanto aos temas estudados, houve grande interesse nos aspectos da Expressividade, possibilitando uma atuação mais abrangente.

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INTRODUÇÃO

A atuação fonoaudiológica junto ao profissional de telejornalismo (apresentadores e repórteres) teve seu início formal numa emissora de televisão, que passou a contar com esse profissional a partir da década de 80. Na época, o atendimento ocorria dentro da emissora, e era restrito a um pequeno número de apresentadores e repórteres.

No final da década de 80, houve grande mudança no formato dos telejornais, e aquele padrão mais estereotipado de apresentador, com voz impostada e certo distanciamento, foi sendo substituído pela necessidade de um profissional que utilizasse a comunicação de maneira natural, aproximando-se do público e marcando um estilo próprio de atuação. Passou-se a valorizar mais a característica pessoal do profissional, e com isso houve a exigência de que, além de tudo, o apresentador e o repórter fossem bons comunicadores. Assim tornou-se imperativo desenvolver as habilidades pessoais, e atenuar as dificuldades motivando a procura, cada vez mais importante, pelo profissional fonoaudiólogo neste contexto.

No início da década de 90, os repórteres que buscavam o atendimento fonoaudiológico nos consultórios ainda apresentavam, em sua maioria, queixas e/ou problemas vocais; muitos, porém, optavam por continuar o atendimento após a solução do problema, com a intenção de melhor se habilitarem para a atuação profissional. De lá para cá, cada vez mais esses profissionais procuram o atendimento fonoaudiológico sem queixas específicas, com o objetivo de desenvolver o melhor padrão de emissão profissional.

Paralelo a este movimento, a atuação fonoaudiológica dentro das emissoras de televisão também cresceu. A atuação também ganhou maior abrangência, tratando da comunicação como um todo, adequando-se a postura, a expressão

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facial, uso de gestos, e privilegiando os cuidados com a voz em termos de saúde vocal e expressividade.

Por outro lado, a produção científica sempre foi muito escassa nesta área de atuação. No início, tivemos que recorrer ao conhecimento de áreas paralelas, para então iniciarmos o nosso saber científico, baseando-nos principalmente na prática fonoaudiológica junto a esses profissionais.

É uma área em franca expansão, tanto do ponto de vista da atuação, cada vez mais requisitada, quanto da produção científica, cada vez mais rica. Muitos fonoaudiólogos passaram a dedicar-se à área, e a produção científica vem crescendo a cada ano.

O objetivo do presente trabalho é realizar o levantamento das publicações referentes à atuação fonoaudiológica junto ao telejornalismo, e analisá-las quanto ao formato da publicação e os temas abordados, no período 2005 a 2007.

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MÉTODO

Para o levantamento da referida produção científica, foram selecionados apenas os trabalhos relacionados especificamente ao tema telejornalismo.

Recorremos aos Anais de Congressos e aos bancos de dados de instituições com programas de Especialização, Mestrado e Doutorado. Além disso, fizemos o levantamento das publicações científicas na área.

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RESULTADOS

Discorreremos, agora, sobre o desenvolvimento dos estudos científicos no telejornalismo, por meio das pesquisas realizadas por fonoaudiólogos, no período de 2005 a 2007, conforme pode ser verificado na Tabela 1 e Gráfico 1, apresentada a seguir.

Tabela 1 - Distribuição quanto aos formatos da produção científica fonoaudiológica brasileira sobre telejornalismo, de 2005 a 2007

Formatos N.º %

Anais de Congressos 5 22

Monografias e Especializações 2 9

Capítulos de Livros 10 45

Capítulos de Revistas Científicas 1 4

Dissertações de Mestrado 1 4

Tese de Doutorado 2 9

Livros 0 0

Trabalhos de Conclusão de Curso 1 4

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Gráfico 1 – Apresentação dos formatos da produção científica fonoaudiológica brasileira sobre telejornalismo de 2005 a 2007

Apresentaremos agora, na Tabela 2 e no Gráfico 2, a distribuição dos temas enfocados nos trabalhos científicos, bem como as referências de cada tema enfocado.

Tabela 2 - Distribuição quanto aos temas enfocados na produção científica fonoaudiológica brasileira sobre telejornalismo, de 2005 a 2007 Temas N.º % Histórico 1 (1) 4,5 Características da atuação do repórter/apresentador 4 (2-5) 18 Atuação Fonoaudiológica 3 (6-8) 13 Expressividade 12 (9-20) 54 Saúde Vocal 2 (21,22) 9

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Gráfico 2 – Apresentação quanto aos temas enfocados na produção científica fonoaudiológica brasileira sobre telejornalismo, de 2005 a 2007

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DISCUSSÃO

A Tabela 1 e o Gráfico 1 apresentam as publicações no período referido de acordo com o formato. Observamos que a maioria dos trabalhos são capítulos de livros, seguidos por anais de congressos científicos. Esta condição dificulta a divulgação dos trabalhos e a aceitação por parte da comunidade científica, já que apenas uma minoria foi publicada em periódicos científicos.

Na verdade, esta apresentação vem se mantendo constante no decorrer do tempo. Talvez com a evolução do número de dissertações de mestrado e teses de doutorado no período de 2005 a 2007, tenhamos maior número de publicações em periódicos científicos.

A Tabela 2 e o Gráfico 2 apresentam a distribuição das publicações em relação aos temas. As primeiras publicações referiam-se a experiências da prática clínica junto a este grupo; a seguir, passaram a enfocar o ambiente de trabalho e o cotidiano nas emissoras de televisão. O tema inicial discorria a respeito da saúde vocal; gradativamente, entretanto, com o amadurecimento do grupo de fonoaudiólogos, o enfoque passou a ser a expressividade verbal e não-verbal, e a fonoaudiologia passou a estudar mais o corpo, o gesto, a expressão facial e, além disso, os recursos vocais, como a ênfase, a prosódia, a curva melódica, começaram a receber maior atenção da nossa parte.

A questão da expressividade passou a ser gradativamente mais considerada, já que os profissionais passaram a ser mais exigidos a partir desse período, e o mercado de trabalho ampliou-se. Além da clareza e da credibilidade, os profissionais foram cada vez mais estimulados a serem naturais no vídeo, expressivos. Isto motivou os fonoaudiólogos a aprofundarem seus conhecimentos sobre a área.

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Assim, foi organizado, em 2005, o livro “Expressividade”, em que vários colegas descreveram suas experiências com diferentes profissionais da voz. Quatro capítulos abordaram a expressividade no telejornalismo (9-12).

Um aspecto importante a ser comentado foi a migração de pós-graduandos fonoaudiólogos para áreas correlatas, como a Lingüística, a Semiótica e a Comunicação Social, a partir de 2005. Este fato diversificou e aumentou a abrangência dos estudos sobre Expressividade.

Há muito espaço ainda para crescer, e isso ocorrerá a partir da nossa mobilização no sentido de mostrar a importância e a necessidade do nosso trabalho e os resultados que podem ser obtidos. Trata-se de uma área em que a prática profissional e a necessidade clínica nos levaram a desenvolver a ciência, e hoje esse respaldo científico valida e comprova a nossa atuação crescente junto a esse grupo profissional.

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CONCLUSÃO

O levantamento das publicações sobre fonoaudiologia e telejornalismo, no período de 2005 a 2007 evidenciou grande queda no número de produções, mas os formatos foram mantidos. Quanto aos temas estudados, houve grande interesse nos aspectos da Expressividade, possibilitando uma atuação mais abrangente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Priston JA. A evolução histórica dos diversos sotaques do português brasileiro e o trabalho de prosódia na televisão. In: Pinho OS. Temas em Voz Profissional. Rio de Janeiro: Revinter, 2007.

2. Pontes ACT, Rodrigues DN, Faria VM. Estudo do padrão comunicativo dos repórteres da TV Assembléia da cidade de Fortaleza. Anais do 15º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 7º Congresso Internacional de Fonoaudiologia. 16 a 20 de outubro de 2007. Gramado / RS.

3. Sóstenes GP. Estilo de narração de telejornalistas esportivos. In: Kyrillos L, Feijó D, Gama ACC (org). Fonoaudiologia e telejornalismo. Baseado no IV Encontro Nacional de Fonoaudiologia da CGJ. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.p 141-179.

4. Panico ACB. Julgamento do comportamento vocal de jornalistas em diferentes estilos de notícias e seus correlatos acústicos. [tese de doutorado em Psicobiologia]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2005.

5. Jesus LC, Barros MB. Caracterização Vocal dos Profissionais de Telejornalismo da TV Difusora de São Luís. Faculdade Santa Terezinha – CEST, 2005.

6. Azevedo JBM. Análise dos efeitos de uma intervenção fonoaudiológica realizada junto a telejornalistas. [dissertação em Fonoaudiologia]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2007.

7. Panico, A.C.B. Avaliação Vocal do Profissional do Telejornalismo. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. 28 a 30 de setembro de 2005.

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9. Coelho MA. O custo somático da expressividade – considerações sobre o stress no telejornalismo ao vivo. In: Kyrillos LCR. Expressividade: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

10. Panico ACB. Expressividade na fala construída. In: Kyrillos LR (org.). Expressividade: da Teoria à Prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. p.43-56. 11. Rector M, Cotes C. O uso da expressividade corporal e articulatória. In: Kyrillos, L (org.). Expressividade: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. p.57-74.

12. Stier MA, Neto BC. Expressividade – falar com naturalidade e técnica no jornalismo de televisão. In: Kyrillos LCR. Expressividade: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

13. Coelho MABF. Influências da “situação ao vivo” sobre a narração de repórteres e apresentadores. In: Gama ACC, Kyrillos LCR, Feijó D (org.). In: Fonoaudiologia e Telejornalismo: Relatos do IV Encontro de Fonoaudiologia da Central Globo de Jornalismo. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

14. Lombardo P. A expressividade do telejornalista: comparação em situação de apresentação e off. [monografia de especialização em Voz]. São Paulo: COGEAE. PUC/SP, 2007.

15. Constantini AC, Mourão LF. Estudo da ocorrência dos tipos de pausas no discurso jornalístico. Anais do 15º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. 7º Congresso Internacional de Fonoaudiologia. 16 a 20 de outubro de 2007. Gramado / RS.

16. Cotes C. O uso das pausas nos diferentes estilos de TV. Revista CEFAC. 2007:9(2).

17. Cotes C. A expressividade no telejornalismo brasileiro. In: Cortez AC, Kyrillos L, Feijó D. Fonoaudiologia e Telejornalismo. Rio de Janeiro: Revinter; 2005. p.39-59.

18. Lopes LW, Madeiro F, Aguiar MAM. Prosódia e intencionalidade no relato da notícia. 15º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 7º Congresso Internacional de Fonoaudiologia, 16 a 20 de outubro de 2007. Gramado/RS.

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19. Panico ACB, Fukusima SS. Análise acústica e percepção do telespectador de diferentes estilos de emissão em tele-reportagem. In: Gama ACC, Kyrillos L; Feijó D (org.). Fonoaudiologia e Telejornalismo - Relatos do IV Encontro Nacional de Fonoaudiologia da Central Globo de Telejornalismo. Rio de Janeiro, 2005. p.93-110.

20. Vieira VP. O efeito da orientação fonoaudiológica na expressividade em estagiários do curso de jornalismo de emissora de televisão. [monografia de especialização em Voz]. São Paulo: Centro de Estudos da Voz, 2005.

21. Chun RYS, Servilha EAM, Santos LMA, Sanches MH. Promoção da Saúde: o conhecimento do aluno de jornalismo sobre sua voz. Distúrbios da Comunicação. 2007;19(1):73-80.

22. Stier MA, Feijó D. Aquecimento vocal para telejornalista. In: Gama ACC, Kyrillos LCR, Feijó D. Fonoaudiologia e Telejornalismo. Relatos do IV Encontro Nacional de Fonoaudiologia da Central Globo de Jornalismo. Revinter; 2005. p.141-56.

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