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MUDANÇA DE P ARADI GMAS P OP ART E MI NI MAL ART

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Academic year: 2021

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M UDANÇA DE P ARADI GM AS ­ P OP  ART E M I NI M AL ART 

Objetivos 

Analisar o contexto social que proporcionou espaço para o desenvolvimento da Pop Art e  da Minimal Art. 

Tópicos 

1.  Da Seg und a Guerra à P op A rt 

2.  M inim al A rt – N ad a m ais q ue o m ínim o 

1 . Da Segunda Guerra à P op Art 

A Segunda Guerra Mundial mudou para sempre os rumos da História. Milhões de mortos em  batalhas e nos campos de extermínio foram uma experiência que, mesmo hoje, passados mais de  60 anos, exige um grande esforço de compreensão. E a conclusão frustrada: por mais que  racionalizemos (e é necessário racionalizar, é necessário analisar, e mais necessário ainda não  esquecer, para que esses erros não voltem a ser cometidos), é impossível entender o motivo de  tamanha violência e caos.  Os artistas, de modo geral, não fingiram tentar entender. Eles simplesmente transmitiram esse  caos para suas obras, numa tentativa (supomos) de dar um pouco de ordem àquilo que não pode  ser ordenado. Ou, como propôs Aristóteles, buscar a catars e , ou seja, a purgação, uma limpeza  interior através de uma nova vivência dessas experiências. Esse caos pode ser vislumbrado na  obra, entre outros, de Jackson Pollock, criador do Expressionismo Abstrato: um caos tão literal  que hoje seus quadros começam a ser estudados pelo Massachussetts Institute of Technology, o  MIT, em busca de pistas sobre a Teoria do Caos.  Pollock, entretanto, buscou um caminho difícil de afastamento de influências anteriores e uma  libertação cada vez maior dos métodos convencionais de pintura (costumava, por exemplo,  colocar as telas no chão e respingar tinta sobre elas). Sua quebra das “regras da arte”, como  poderíamos dizer, não o levou em nenhuma direção crítica além da arte pela arte. Embora outros  artistas, como De Kooning e Rothko, continuassem a produzir durante as décadas de 1950 e  1960, foi Pollock (morto precocemente em 1956, aos 44 anos, num acidente) quem deu o tom  dessa corrente abstracionista norte­americana do pós­guerra, primordialmente durante os anos  1940.  O começo da década de 1950 assistiu a uma mudança de paradigma na arte. Buscando a  abstração, Pollock e os expressionistas abstratos ainda estavam vinculados aos artistas modernos  – ainda que os tivessem superado. Entretanto, surgiram outros grupos de artistas cujo foco  estava mais voltado para outras questões. No caso da arte pop, uma crítica de conteúdo. No caso  da minimal art (ou minimalismo), uma crítica da funcionalidade. 

P op art : s up erb acana 

Toda essa gente se engana  Ou então finge que não vê que eu nasci  Pra ser o superbacana  Eu nasci pra ser o superbacana  Superbacana Superbacana  Superbacana Super­homem  Superflit, Supervinc  Superhist, Superbacana

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Estilhaços sobre Copacabana  O mundo em Copacabana  Tudo em Copacabana Copacabana  O mundo explode longe, muito longe  O sol responde  O tempo esconde  O vento espalha  E as migalhas caem todas sobre  Copacabana me engana  Esconde o superamendoim  O espinafre, o biotônico  O comando do avião supersônico  Do parque eletrônico  Do poder atômico  Do avanço econômico  A moeda número um do Tio Patinhas não é minha  Um batalhão de cowboys  Barra a entrada da legião dos super­heróis  E eu superbacana  Vou sonhando até explodir colorido  No sol, nos cinco sentidos  Nada no bolso ou nas mãos  Um instante, maestro  Super­homem Supervinc  Superflit, Superhist  Superviva, Supershell  Superquentão  (Caetano Veloso, Superbacana ) 

A letra desta canção de 1967 dá o tom do zeitgeist (que, em alemão, significa espírito do tempo):  os anos 1960 foram um momento da história em que, culturalmente, valia de tudo, um pouco de  cada coisa, uma mistura de referências formando um caldo saboroso, uma geléia geral (para usar  uma expressão criada nessa época, música de Gilberto Gil, mas cujo nome remete a uma coluna  de jornal que o poeta Torquato Neto tinha no jornal Última Hora, no Rio de Janeiro, em que falava  de toda a efervescência cultural da época). 

Mas essa coisa toda na verdade surgiu muito antes, na Londres  de 1952, com a criação do I nd ep end ent Group . Formado por  Richard Hamilton, Lawrence Alloway e Reyner Banham, entre  outros, o Independent Group surgiu depois de uma série de  encontros entre seus membros e de um desejo de trabalharem  juntos para discutir (cada um à sua maneira) questões como a  produção industrial dos Estados Unidos no seu caráter técnico e  analisar a emergência da cultura do consumismo popular nesse  país – e que logo se espalhou pelo mundo.  É preciso lembrar que a situação dos EUA pós­Segunda Guerra  não era das melhores. Depois de ter enviado a maior parte da  sua força de trabalho para lutar no exterior e de modificar a  produção de sua indústria para o esforço de guerra (e  conseqüentemente aumentando muito a capacidade de produção de bens, que não poderia ser  reduzida sob pena de falência das empresas, inchadas com o aumento da produção durante a  guerra), o governo dos Estados Unidos percebeu que não bastava ter ganho a guerra: era preciso  agora conquistar corações e mentes em seu próprio quintal.  Uma das estratégias usadas para isso foi a publicidade. Os anos 1950 foram de grande expansão  para o mercado publicitário e para a venda de eletrodomésticos, que começaram a ser fabricados  em massa logo após a guerra. Segundo Rafael Cardoso, em seu livro Uma Introdução à História  do Design, o público­alvo da venda desses bens de consumo era a mulher, que passou a ser  “imbecilizada”, tratada como uma dona de casa cuja vida deveria girar em torno do cuidado do  lar, do marido e dos filhos – mas sempre auxiliada por fabulosos dispositivos elétricos que  supostamente tornariam sua lida doméstica muito mais fácil. Surge aí o conceito de mulher como  “rainha do lar”.  Os membros do Independent Group não estavam alheios a essas estratégias. Em 1956, na  Whitechapel Art Gallery, em Londres, eles inauguram oficialmente sua atividade para além das  discussões teóricas na Exposição This is Tomorrow. Ali, tendo como inspiração o trabalho de  precursores como Eduardo Paolozzi (autor de quadros­colagens como É um Fato Psicológico que o

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Prazer Melhora Sua Disposição, de 1948, que mostra mulheres lindas fazendo alegremente o  trabalho de limpar a casa com vassouras e aspiradores de pó) e as colagens de Picasso e Braque,  Richard Hamilton expôs O Que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão  Atraentes? Esse quadro de nome tão grande é uma colagem ainda mais “mal­comportada” que a  de Paolozzi, apresentando uma crítica aos corpos “sarados” e bonitos, à televisão, aos produtos  industrializados e – evidentemente ­ à propaganda de eletrodomésticos.  Rejeitando a chamada “alta cultura” do modernismo (que jamais aceitaria uma vinculação com a  publicidade, por exemplo, mesmo que essa vinculação fosse para criticá­la), o pessoal do  Independent Group começava ali a buscar inspiração para suas obras na cultura popular, ou  popular culture. Da abreviação da palavra popular (e, segundo um dos teóricos do grupo,  Lawrence Alloway, da marca do pirulito que aparece no quadro de Hamilton) surgiu o termo pop,  que o próprio Alloway utiliza em seus escritos para classificar o movimento que estava surgindo.  Em seu livro Theory and Design in the First Machine Age (1960), Reyner Banham cunha o termo  “estética do descartável” para descrever todo esse processo. Para Banham, a Primeira Era das  Máquinas foi o m od ernis m o. A Segunda Era estaria sendo vivida agora, e seria “a era da  eletrônica doméstica e dos produtos químicos sintéticos”.  E foi nessa segunda era que um outro grupo, do outro lado do Atlântico, começou a ficar bastante  interessado no que o Independent Group fazia. Esse grupo (na verdade vários artistas que se  conheciam, mas não compunham nenhum coletivo ou grupo formal de teoria ou mesmo prática)  era formado por nomes como Andy Warhol, Claes Oldenburg e Roy Lichstenstein, entre outros.  Contudo, foram necessários cerca de dez anos até que eles começassem a mostrar seu trabalho.  Em 1963, no estado norte­americano da Filadélfia, foi realizada a mostra Art 1963: A New  Vocabulary. Em seguida, uma mostra semelhante foi feita em Nova York, chamada The New  Realists.  Mas que novo vocabulário era esse que os chamados “novos realistas” estavam apresentando?  Era uma nova linguagem que tinha como base materiais encontrados no meio comercial, cores  vivas e desenho simplificado. No caso de Andy Warhol, serigrafias que copiavam fotos de astros  como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Já para Roy Lichstenstein, a inspiração vinha diretamente  das histórias em quadrinhos, especialmente as românticas, feitas “para moças”, então em voga  nos EUA. É a cultura de massa tomando conta do espaço da arte.  David McCarthy define muito bem isso com o seguinte comentário: “As imagens eram localizadas  o bastante em seu tempo para que não se precisasse de uma formação clássica ou religiosa para  reconhecer a iconografia”. Ou seja: nada de abstracionismo que (segundo eles) as pessoas não  conseguiam entender, e nem imagens de uma cultura mais sofisticada, que só uma pessoa com  formação acadêmica poderia apreciar. O fundamental agora era dar ao povo aquilo que o povo  conseguia entender. Devolver os produtos da cultura de massa sob a forma de arte. Em vez de  um modernismo elitista acessível a poucos, o que a pop art queria era propor uma nova arte,  aberta às massas. 

2 . Minimal Art – Nada mais que o mínimo 

Mas é importante notar uma coisa: a história da arte não acontece com um movimento de cada  vez, ocupando um espaço organizado e bem definido. Para fins de explicação historiográfica,  divisões são necessárias, mas muitas vezes alguns movimentos bem diferentes uns dos outros  ocupam o mesmo lugar no tempo e no espaço. Foi o caso, por exemplo, da Minimal Art, ou  simplesmente Minimalismo.  Quase ao mesmo tempo em que a pop art começou sua trajetória bem­sucedida nos EUA, surge  um outro grupo, mais voltado para a tridimensionalidade, e com pouca ou nenhuma preocupação  com os aspectos da cultura de massa que o pop abraçara. Na verdade, esses artistas, embora  tenham realizado várias exposições juntas, não constituíram um grupo de estudos e pesquisas,  também ao contrário do Independent Group. Os nova­iorquinos Carl André, Dan Flavin, Donald  Judd, Sol LeWitt e Robert Morris tinham em comum o uso de materiais industriais, unidades  modulares, ausência de artesanato ou ornamentação e arranjos regulares, simétricos ou em  grade. Tinham também em comum uns com os outros a identificação com a proposta de uma  arte mais simples, reducionista sem ser imbecilizante, uma arte com muito a dizer mas poucos  elementos a revelar. Essa proposta seria publicada no ensaio “Minimal Art”, de Richard Wollheim,  escrito em 1965, e muito bem resumida por outro artista que, embora mais eclético que os cinco  citados acima, também pode ser considerado um minimalista: Frank Stella.  Minha pintura se baseia no fato de que só o que pode ser visto está ali.

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­ Frank Stella  No mesmo ano do ensaio de Wollheim, é publicado outro texto fundamental: “Specific objects”, de  Donald Judd. Ali, além de ressaltar pontos semelhantes aos do outro artigo, ele assume uma  postura crítica não muito diferente da levantada anos antes por Abraham Palatnik, ao declarar  que “mais da metade dos melhores trabalhos novos dos últimos anos não foi nem pintura nem  escultura”. Como classificar essas obras, então?  Cada um dos cinco rotulava seus trabalhos de uma maneira. Judd se referia à suas obras como  “trabalhos tridimensionais” ou “objetos”. LeWitt chamava seus trabalhos de “estruturas”. Flavin,  de “propostas”. Andre foi o único que continuou a se referir às suas obras com o termo  “escultura”. Robert Morris manifesta­se contra os termos “estrutura” e “objeto” em uma série de  ensaios na revista Artforum, “Notes on Sculpture”, publicados em 1969. Nessa série, ele declara:  “A escultura morreu e começaram os objetos”.  Os objetos minimalistas, além de industriais, têm como  característica comum a repetição de unidades. As  composições modulares de Judd, por exemplo, se notabilizam  pelas estruturas de caixa aberta, os materiais planos e lisos e  o uso de cor inerente (ou seja, já pertencente previamente  ao objeto) ou aplicada (pintada pelo próprio artista). Morris  criticava o uso da cor e do relevo na escultura, e desprezava o  uso de “unidades modulares repetidas”. Usava quase sempre  madeira compensada, pintada em cinza­claro uniforme (não  considerava o cinza uma cor) e acreditava numa relação  triangular objeto­espaço­espectador. Suas obras eram feitas  para serem visitadas e percorridas pelos espectadores dentro  de um espaço específico.  Carl Andre é o único do grupo que tem sua origem numa  tradição de escultura  Apóia­se no uso repetido de uma unidade básica e um padrão  diagonal. Além disso,  usa materiais modernos ou que foram processados por meios  industriais. Outra característica interessante do trabalho de  Andre é que os materiais por ele usados são “simplesmente  juntados”: o resultado é o que chamamos de escultura de  disposição.  Dan Flavin é o único dos cinco que trabalhava exclusivamente com luz. Segundo Donald Judd,  Flavin usava a luz “como um objeto industrial”. A composição das suas “propostas” assumem o  lugar de pinturas e lembram molduras. O uso de produtos industriais (como lâmpadas 

fluorescentes) coloca suas obras com um pé no conceito de readymade de Marcel Duchamp,  deslocando­as de seu lugar como mero elemento de iluminação e fazendo­as atingir o status de  arte.  Sol LeWitt era o “matemático” do grupo. Trabalhava com Superfícies de aspecto “duro e  industrial”, quase sempre de madeira ou metal. Eram sempre estruturas repetitivas de cubos  modulares (sólidos até 1965; após essa data, vazados), seguindo padrões matemáticos de  repetição (como a famosa série de múltiplos de 1, 2 e 3). É LeWitt que, em 1967, cunha o termo  “arte conceitual”. E o minimalismo, mais do que a maioria dos grupos anteriores, é conceitual no  sentido mais estrito do termo: trabalha em função de uma idéia quase obsessiva: menos é mais.  Mas sempre com conteúdo. 

3 . Bibliografia 

BATCHELOR, David. M inim alis m o. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. 

CARDOSO, Rafael. U m a I ntrod ução à H is tória d o Des ig n. Edgard Blucher, 2004.  MACCARTHY, David. A rte P op . São Paulo: Cosac & Naify, 2001. 

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