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TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS

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Academic year: 2021

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TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS O QUE É TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS?

Significa a tributação de todos os rendimentos e ganhos de capital, independentemente de onde foram gerados (em qualquer parte do mundo), isto é, não importa se foram gerados no país ou no exterior. Devem ser tributados no país onde a pessoa é residente ou onde tem seu domicílio tributário. Para as pessoas físicas isso já existe há muito tempo, antes até da Lei 7.713/1988.

Para as pessoas jurídicas isso só foi criado com a lei 9.249/95 (art.25º). Aliás, o SRF - Sr. Everardo - sempre se vangloria disse. Já o ouvi afirmar isso, por diversas vezes, de boca cheia: "Eu criei a tributação em bases universais..." O QUE A LEI 9.249/95 -ART.25º ESTABELECEU?

Estabeleceu que, a partir de janeiro de 1996, os lucros, rendimentos e ganhos de capital, auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais ou coligadas, serão adicionadas ao lucro líquido do período-base, para efeito de determinação do lucro real (lucro tributável), em 31 de dezembro de cada ano, quando do balanço da empresa.

Em outras palavras, a partir de 1996, as empresas brasileiras devem pagar imposto de renda e Contribuição social s/os lucros, de suas filiais ou coligadas, obtidos no exterior. Esse lucro deve ser incluído na declaração do IRPJ e tributado junto com o lucro da empresa sediada no Brasil.

E O IMPOSTO JÁ PAGO NO EXTERIOR SOBRE ESSES LUCROS, COMO FICA?

De acordo com o art. 26 da lei 9.249/95 poderá ser compensado. Assim, se uma empresa com sede em paraíso fiscal pagou zero de imposto não poderá compensar nada. Lógico que essa compensação é limitada ao imposto apurado no Brasil, senão poderia ocorrer a hipótese de restituição de imposto pago no exterior.

QUAL ERA O OBJETIVO DESSA LEI?

Era acabar com as fraudes fiscais que consistiam em mostrar, no papel (balanço), os lucros aqui auferidos como se fossem do exterior. Dizia-se que a maioria das controladas existentes em paraísos fiscais seriam extintas. QUEM TEM MAIS FILIAIS NO EXTERIOR? São os bancos, sem dúvida. As fraudes nos balanços foram até comentadas pelo diretor do BACEN - Sr. Alkimar Moura

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- publicada na Folha de São Paulo de 06.11.96 - Caderno O Dinheiro- disse que "estava preocupado com o crescimento dos lucros dos 67 bancos brasileiros no exterior. Apenas 12% dos ativos totais desses bancos(exceto o BB) estão no exterior, mas no primeiro semestre deste ano 28,7% do lucro total desses bancos foi obtido no exterior".

MAS COMO ERA ANTES, ESSES LUCROS NÃO ERAM TRIBUTADOS NO BRASIL?

Exatamente. Até o advento da Lei 9.249/95, os lucros auferidos no exterior não eram tributados no Brasil. Esses lucros eram informados no balanço da empresa, pois, afinal aumentam o patrimônio, mas eram excluídos do lucro tributável. Tudo isso era justificado pelo vago, etéreo, inconsistente e conveniente "princípio da territorialidade" da tributação, ainda hoje defendido por renomados tributaristas.

MAS..., ESSA LEI FOI APENAS PARA ENGANAR OS TOLOS. COMO? POR QUE?

É isso mesmo. Se você pensou que a brecha legal foi fechada de verdade, enganou-se meu amigo.

O professor de Deus resolveu, rapidinho, o problema dessas empresas que teriam que pagar imposto no Brasil. Como? Na Instrução Normativa No. 38/96, que regulamentou o art. 25 da Lei 9.249/95, foi criada a figura da "disponibilização" do lucro, inexistente na lei. Com isso, a tributação desses lucros foi diferida (jogada para frente - futuro incerto e não sabido), para quando esses lucros forem pagos, ingressarem, efetivamente, no país, ou seja, somente serão tributados quando forem pagos ou creditados na conta da empresa sediada no Brasil.

Adivinhem quando?

O QUE É ESSA FIGURA DE DISPONIBILIZAÇÃO DOS LUCROS CRIADA PELA IN 38/96?

A disponibilização dos lucros tem a ver com o momento em que ocorre o Fato Gerador do Imposto de Renda. Quando o lucro é gerado ele está disponível. A pessoa jurídica tem direito sobre ele. Então ela tem a disponibilidade jurídica, mesmo que ele for reinvestido na própria empresa ou permaneça lá registrado como lucros acumulados, pois isso vai aumentar o patrimônio. E acréscimo patrimonial é Fato Gerador do Imposto de Renda, de acordo com o CTN. De acordo com o Código Tributário Nacional, art. 43, o Fato Gerador do IR ocorre com a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda.

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Vejam só, a disponibilidade pode ser econômica ou jurídica, isto é, uma ou outra, não precisa ser as duas simultaneamente.

Para a grande maioria doutrinária e jurisprudencial, a disponibilidade econômica traduz a efetiva aquisição da renda, o seu recebimento - receita realizada. O conceito de disponibilidade jurídica, por sua vez, é o nascimento do direito a receber um crédito, ou seja, receita a realizar.

Na pessoa física, vige a disponibilidade econômica - regime de caixa, tributa-se o rendimento apenas quando recebido.

Na pessoa jurídica, vige o regime de competência (empresas tributadas pelo lucro real). Isso significa que as empresas computam no seu resultado todas as operações realizadas num determinado período, independentemente se já pagaram ou se já receberam os seus débitos e créditos, isto é, são incluídos todos os gastos e todas as receitas do período.

Assim, por exemplo, as vendas efetuadas num período, mas ainda não recebidas, são registradas como direitos a receber, mas o lucro dessas vendas é considerado disponível juridicamente (vejam que as respectivas despesas e custos também foram apropriados ao resultado). Isso é considerado e aceito no mundo jurídico todo.

O QUE FEZ A IN 38/96?

Nos parágrafos 1º e 2º, do art. 2º, da IN 38/96, diz que "consideram-se disponibilizados os lucros pagos ou creditados à matriz, controladora ou coligada, no Brasil, pela filial, sucursal, controlada ou coligada no exterior. Considera-se creditado o lucro, quando ocorrer a transferência do registro de seu valor para qualquer conta representativa de passivo exigível da filial, sucursal... domiciliada no exterior. Considera-se pago o lucro quando ocorrer o crédito do valor em conta bancária em favor da matriz, controlada ou coligadada, domiciliada no Brasil; quando entregar..; quando remeter; quando...".

Vejam só, com uma simples INSTRUÇÃO NORMATIVA o SRF mudou o CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, alterou o momento da aquisição da disponibilidade da renda, passando a ser, para os lucros auferidos no exterior, o regime de caixa. Isso contraria o tão famoso e pacífico princípio do regime de competência para as pessoas jurídicas.

É, de acordo com o tradicional conceito brasileiro de que a mudança deve ser feita para que tudo permaneça exatamente como era, esses diplomas legais -

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Lei 9249/95 e CTN - foram, via ato administrativo, deliberada, ilegal e inconstitucionalmente deturpados

.Vejam, que a Lei no Brasil (lei 2354/54, art.2º) determina que as Pessoas Jurídicas devem incluir, na escrituração da matriz, os resultados de suas filiais ou sucursais.

Portanto, a IN 38/96 frustrou a aplicação da lei 9249/96 e a tributação dos lucros auferidos no exterior.

INCONSTITUCIONALIDADE, SIM!

De acordo com o parágrafo 6º , do art. 150 da CF/88, qualquer isenção, redução da base de cálculo, só poderá ser concedido mediante lei específica, que regule exclusivamente a matéria.

Não obstante a exigência constitucional e também de Lei Complementar (pois alterou o CTN) o SR. EVERADO MACIEL editou a IN 38/96, inovando a ordem jurídica e afrontando o Poder Legislativo (legislando por IN).

O PRIVILÉGIO FOI COLOCADO NA LEI - nº 9.532/97

Dois anos depois, certamente, depois de ter percebido ou alertado da ilegalidade da IN 38/96, resolveram dar outra feição à tributação desses resultados, mas com os mesmos efeitos. Isso foi feito na Lei 9532/97, art. 1º - mudou para nada mudar- tudo que estava na absurda IN passou para a citada lei. Até parece cópia da IN.

Em princípio, verifica-se que os lucros auferidos através de filiais voltaram a ser tributados nos moldes da Lei 9249/95, mas na prática as filiais no exterior se caracterizam como uma coligada ou controlada, pois tem registros contábeis próprios e independentes.

Como se vê, a alteração legislativa deixou tudo exatamente como estava na malsinada, ilegal e imoral Instrução Normativa n.38/96, ou seja, remete para as calendas a tributação dos lucros das controladas no exterior. Com isso, "os lucros poderão permanecer indefinidamente na conta de reserva de lucros, sem tributação no Brasil, e os recursos podem vir para o Brasil através de outras empresas situadas em outros países. A Receita Federal

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jamais conseguirá rastrear o caminho percorrido". (escreveu Hiromi Higuchi, no livro Imposto de Renda das Empresas, Atlas, 24ª edição,1999, p.83)

DISCURSO DO SR. EVERARDO MACIEL

Curiosamente, o SRF declarou no Congresso Nacional, também publicado pelo Jornal do Brasil de 22.11.98, que as Instituições financeiras não pagam quase nada de Imposto de Renda - 58% não pagaram nada (consta do jornal) - que

se utilizam de brechas legais.

Ora, seria o caso de perguntá-lo: quem criou essas "brechas" ou "furos" legais? ATENÇÃO: NOVIDADES em 2001- REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO

Cabe uma avaliação política melhor dessa última alteração na legislação.

Vejam: a

Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001 DOU de 27.8.2001: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento.

Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor.

ESSA MEDIDA PROVISÓRIA REVOGOU O BENEFÍCIO ACIMA CRITICADO E COMENTADO, PORÉM COM EFEITOS DE ARRECADAÇÃO APENAS PARA JANEIRO DE 2003.

SERÁ QUE TEM ALGUMA RELAÇÃO COM A AÇÃO JUDICIAL IMPETRADA PELOS ADVOGADOS DE SANTOS, CONFORME TRIBUNA DE SANTOS? OU SERÁ QUER CONTINUAR NO GOVERNO DEPOIS DE 2002?

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