• Nenhum resultado encontrado

Perfil epidemiológico do diabetes mellitus na população de um município maranhense

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Perfil epidemiológico do diabetes mellitus na população de um município maranhense"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Perfil epidemiológico do diabetes mellitus na população de um município

maranhense

Epidemiological profile of diabetes mellitus in the population of a maranhense municipal

Perfil epidemiológico del diabetes mellitus en la población de un municipio maranhense

Magnólia de Jesus Sousa Magalhães

1

*, Nobilina de Jesus Sousa Magalhães

2

, Amanda Suellenn

da Silva Santos Oliveira

3

, Joyce Lopes Macedo

4

, Irislene Costa Pereira

4

RESUMO

Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico do Diabetes Mellitus na população de um município maranhense. Métodos: Estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo de abordagem quantitativa. Utilizou-se dados secundários por meio do Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA), disponibilizados pelo DATASUS nos anos de 2002 a 2012. As variáveis estudadas foram: tipo da doença, ano, faixa etária, sexo, tabagismo, sedentarismo, sobrepeso, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, pé diabético, amputação por pé diabético e doença renal, todas variáveis disponibilizadas e selecionadas no sistema. Resultados: No período de estudo foram registrados 568 casos novos de diabetes mellitus, o Diabetes Mellitus tipo II foi o mais predominante na população com 87,8% (n= 498). O ano que houve uma maior incidência de Diabetes Mellitus registrado foi em 2007 com 17,1% para o tipo II e 20% do tipo I. Quanto a faixa etária, a de 40-59 anos foi a mais acometida pelos tipos 1 e 2 da patologia. Em relação ao sedentarismo, os casos de DM tipo II, em sua maioria, 52,2% eram sedentários, a maior parte dos indivíduos com os tipos I e II da doença não apresentaram excesso de peso. Entre as outras complicações analisadas, o pé diabético foi o mais incidente nos casos de DM1 com 5,7% (n= 4) e o acidente vascular cerebral o mais predominante entre os cadastros de DM tipo 2 com 4%. Conclusões: O Diabetes Mellitus é frequentemente encontrado na população, o tipo 2 foi o mais predominante, com o risco de desenvolver diversas complicações. Palavras-chave: Diabetes mellitus tipo 1; Diabetes mellitus tipo 2,; Epidemiologia.

ABSTRACT

Objective: To describe the epidemiological profile of Diabetes Mellitus in the population of a municipality of Maranhão. Methods: Descriptive and retrospective epidemiological study of a quantitative approach. Secondary data were obtained through the Hypertensive and Diabetic Registration and Monitoring System (HIPERDIA), provided by DATASUS from 2002 to 2012. The variables studied were: type of disease, year, age group, sex, smoking, sedentary lifestyle, Overweight, acute myocardial infarction, stroke, diabetic foot, diabetic foot amputation and renal disease, all variables available and selected in the system. Results: In the study period, 568 new cases of diabetes mellitus were recorded; type II diabetes mellitus was the most prevalent in the population with 87.8% (n = 498). The year that there was a higher incidence of Diabetes Mellitus was registered in 2007 with 17.1% for type II and 20% of type I. Regarding the age range, the age group 40-59 was the most affected by types 1 and 2 Of pathology. Regarding the sedentarism, the cases of type II DM in the majority 52,2% were sedentary,

1

Nutricionista Doutoranda em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde. Universidade Luterana do Brasil – ULBRA. Coordenadora e Professora em Tempo Integral do curso de Nutrição na Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão (FACEMA). *E-mail: magmagalhaes2009@hotmail.com.

2

Enfermeira Especialista em Enf. do Trabalho pelo Inst. Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão. 3

Nutricionista Pós graduanda em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia pela FACEMA. 4

Graduanda em Nutrição FACEMA.

DOI: 10.25248/REAS80_2017

(2)

most of the individuals with types I and II of the disease were not overweight. Among the other complications analyzed, the diabetic foot was the most frequent in cases of DM1 with 5.7% (n = 4) and the most prevalent cerebrovascular accident among DM 2 type 4%. Conclusions: Diabetes mellitus is often found in the population, type 2 was the most prevalent, with the risk of developing several complications.

Keywords: Diabetes Mellitus Type 1; Diabetes Mellitus; Type 2. Epidemiology.

RESUMEM

Objetivo: Describir el perfil epidemiológico de la Diabetes Mellitus en la población de un municipio maranhense. Métodos: Estudio epidemiológico descriptivo y retrospectivo de abordaje cuantitativo. Se utilizaron datos secundarios a través del Sistema de registro y acompañamiento de hipertensos y diabéticos (HIPERDIA), disponibles por DATASUS en los años 2002 a 2012. Las variables estudiadas fueron: tipo de enfermedad, año, grupo de edad, sexo, tabaquismo, sedentarismo, Sobrepeso, infarto agudo de miocardio, accidente cerebrovascular, pie diabético, amputación por pie diabético y enfermedad renal, todas variables disponibles y seleccionadas en el sistema. Resultados: En el período de estudio se registraron 568 casos nuevos de diabetes mellitus, la Diabetes Mellitus tipo II fue el más predominante en la población con 87,8% (n = 498). El año que hubo una mayor incidencia de Diabetes Mellitus registrado fue en 2007 con el 17,1% para el tipo II y el 20% del tipo I. En cuanto a grupo de edad, la de 40-59 años fue la más acometida por los tipos 1 y 2 De la patología. En cuanto al sedentarismo, los casos de DM tipo II en su mayoría el 52,2% eran sedentarios, la mayoría de los individuos con los tipos I y II de la enfermedad no presentaron exceso de peso. Entre las otras complicaciones analizadas, el pie diabético fue el más incidente en los casos de DM1 con 5,7% (n = 4) y el accidente cerebrovascular más predominante entre los registros de DM tipo 2 con el 4%. Conclusiones: La diabetes Mellitus es frecuentemente encontrada en la población, el tipo 2 fue el más predominante, con el riesgo de desarrollar diversas complicaciones.

Palabras-clave: Diabetes mellitus tipo 1; Diabetes mellitus tipo 2; Epidemiología.

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é descrito como conjunto heterogêneo de distúrbios no metabolismo da glicose, com mecanismo patogênico característico do aumento dos níveis de glicose no sangue (hiperglicemia), em consequência do defeito na ação e/ou secreção de insulina, com o posterior progresso da presença de complicações do sistema neurológico e vascular (SBD, 2016).

É determinado mundialmente como uma das maiores emergências em saúde do século XXI. A cada ano a doença acomete inúmeros indivíduos, a qual poderá provocar diversas complicações ao longo da vida. Atualmente 415 milhões de adultos têm diabetes, e 318 milhões de adultos possui intolerância à glicose, o que aumenta o risco do desenvolvimento da patologia no futuro (IDF, 2015).

De acordo com Brasil (2013), a incidência do diabetes encontra-se em crescimento devido aos processos de transição demográfica, característico do frequente envelhecimento da população com maior expectativa de vida, um percentual elevado de pessoas residindo na zona urbana, a presença crescente de excesso de peso, obesidade e inatividade física dos indivíduos em geral, bem como uma maior sobrevida de pacientes com a patologia.

O diabetes mellitus é classificado segundo a sua etiologia e não pela terapêutica utilizada. A World

Health Organization (WHO) e a American Diabetes Association (ADA) classificam a patologia por suas

formas clínicas: (1) Diabetes Mellitus Tipo 1, de etiologia autoimune ou idiopática, é descrito pela presença de ataque as células betas do pâncreas com consequente prejuízo na produção de insulina, (2) Diabetes Mellitus Tipo 2, tipo mais comum da patologia, e é caracterizada pela resistência à insulina, (3) Diabetes Mellitus Gestacional, definida pela presença de intolerância à glicose no período gravídico e (4) outros tipos específicos. Entretanto, ressalta-se ainda a existência de duas classes, o chamado pré-diabetes e a tolerância à glicose diminuída. Esses dois tipos não são caracterizados como formas clínicas, mas são fatores indutores para o progresso da patologia (ADA, 2015).

Nesse contexto, o presente estudo objetivou descrever o perfil epidemiológico do Diabetes Mellitus na população de um município maranhense.

(3)

MÉTODOS

Estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo de abordagem quantitativa. Foram utilizados dados secundários por meio do Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA), disponibilizados pelo DATASUS/TABNET (BRASIL, 2017).

A população elegível para o estudo foram todos os casos de Diabetes Mellitus ocorridos em Caxias – MA e cadastrados no Sistema Hiperdia no período de junho de 2002 a setembro de 2012, devido esses anos apresentar cadastro de informações dos dois tipos da patologia, portanto, totalizou-se 568 indivíduos.

As variáveis incluídas no estudo foram: tipo da doença, ano, faixa etária, sexo, tabagismo, sedentarismo, sobrepeso, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, pé diabético, amputação por pé diabético e doença renal, todas disponibilizadas e selecionadas no sistema por meio do conjunto de opções disponíveis (Linha, Coluna, Conteúdo e Período disponíveis).

A coleta de dados ocorreu entre junho e julho de 2017 com a utilização de questionário que contemplou todas as variáveis supracitadas. Posteriormente os dados foram tabulados, analisados e encontra-se disposto em tabelas e figuras.

O estudo contemplou dados secundários de domínio público, não necessitando encaminhar à Plataforma Brasil/Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP).

RESULTADOS

No período de obtenção dos dados sobre diabetes mellitus em Caxias – MA, identificou-se 568 novos casos registrados da patologia no município, com a forma diabética tipo 2 evidenciando predominância nesta população 87,8% (n= 498), entretanto, observou-se também notificações quanto a presença de diabetes do tipo I 12,2% (n= 70).

Quanto ao ano de maior ocorrência de diabetes no município, o ano de 2007 foi o que apresentou maior incidência para o tipo I (n=14) e tipo II (n=85) e os anos que foram registrados um menor número de novos casos foi em 2011 e 2012 para as duas formas patológicas, DM2 com 5 notificações em cada ano e DM1 não apresentou registro de novos casos (Figura 1).

Figura 1. Incidência de Diabetes Mellitus, segundo o ano. Caxias – MA, 2002-2012.

Fonte: MS - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, 2017.

6

9

6

6

7

14

7

6

9

0

0

81

29

41

35

73

85

46

46

52

5

5

0

20

40

60

80

100

2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2

DM tipo 1

DM tipo 2

(4)

Ao avaliar a faixa etária que mais foi acometida pelo diabetes, verificou-se que a de 40-59 anos de idade foi onde houve maior incidência da doença de ambos os tipos (I; 5,6%) (II; 45%), seguido da faixa de etária de indivíduos que possuíam idade igual ou maior que 60 anos (Tabela 1).

Tabela 1. Incidência de Diabetes Mellitus, segundo a faixa etária. Caxias – MA, 2002-2012.

DIABETES MELLITUS FAIXA ETÁRIA 0-19 anos % 20-39 anos % 40-59 anos % ≥ 60 anos % Total % TIPO I 10 1,8 11 1,9 32 5,6 17 2,9 70 12,2 TIPO II 3 0,5 56 9,8 256 45 185 32,5 498 87,8 Fonte: MS - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, 2017.

Com relação à distribuição segundo o sexo, observou-se que no período de 2002 a 2012, o maior percentual de novos casos de diabetes foi no sexo feminino, tanto no tipo I (57,1%), como no tipo 2 (60,8%) (Figura 2).

Figura 2. Incidência de Diabetes Mellitus, segundo o sexo. Caxias – MA, 2002-2012.

Fonte: MS - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, 2017.

Na análise da presença de tabagismo, sedentarismo e sobrepeso entre os indivíduos registrados no sistema, identificou-se que o tabagismo não foi frequente na população, visto que 91,4% dos casos de diabetes tipo I e 81,5% do tipo 2 não eram tabagistas. Em relação ao sedentarismo, os casos de DM tipo II em sua maioria 52,2% (n= 260) eram sedentários, enquanto que no DM tipo I 41,4% (n= 29) não praticavam nenhuma atividade física. Quanto ao sobrepeso, 15,7% (n= 11) e 34,5% (n= 172) dos indivíduos com DM1 e DM2 respectivamente encontraram-se com excesso de peso (Tabela 2).

42,90%

39,20%

57,10%

60,80%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

DM1

DM2

Masculino

Feminino

(5)

Tabela 2. Incidência de diabetes mellitus, segundo o tipo e as variáveis modificáveis (tabagismo, sedentarismos e sobrepeso). Caxias – MA, 2002-2012.

Variáveis DM tipo 1 DM tipo 2 Total

Sim % Não % Sim % Não % Sim % Não % Tabagismo 6 8,6 64 91,4 92 18,5 406 81,5 98 17,3 470 82,7 Sedentarismo 29 41,4 41 58,6 260 52,2 238 47,8 289 50,9 279 49,1 Sobrepeso 11 15,7 59 84,3 172 34,5 326 65,5 183 32,2 385 67,8 Fonte: MS - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos, 2017.

Entre as complicações analisadas, o pé diabético, a amputação por pé diabético e o infarto agudo do miocárdio foram mais incidente nos casos de DM1 com 5,7%, 4,3% e 2,9%, respectivamente. Por outro lado, o acidente vascular cerebral e a doença renal foram mais predominantes entre os cadastros de DM tipo 2 com 4% e 3,2%, respectivamente (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição dos casos de diabetes mellitus, por tipo e segundo as complicações crônicas e comorbidades. Caxias – MA, 2002-2012.

Variáveis

DM tipo 1 DM tipo 2 Total

N % n % n %

Pé Diabético

Sim 4 5,7 13 2,6 17 3

Não 66 94,3 485 97,4 551 97

Amputação por pé diabético

Sim 3 4,3 10 2 13 2,3

Não 67 95,7 488 98 555 97,7

Infarto Agudo do Miocárdio

Sim 2 2,9 3 0,6 5 0,9

Não 68 97,1 495 99,4 563 99,1

Acidente Vascular Cerebral

Sim 1 1,4 20 4 21 3,7

Não 69 98,6 478 96 547 96,3

Doença Renal

Sim 1 1,4 16 3,2 17 3

Não 69 98,6 482 96,8 551 97

(6)

DISCUSSÃO

Conforme American Diabetes Association (2015), o Diabetes Mellitus é uma patologia de curso crônico, a qual apresenta como perfil clínico característico a elevação da glicose circulante no sangue a níveis que ultrapassam a normalidade, com modificações do metabolismo, danos às células beta pancreáticas e presença de resistência à ação ou secreção do hormônio insulina. A patologia apresenta ainda como principais fatores etiológicos a genética e o ambiente.

No estudo observou-se uma maior incidência de diabetes mellitus tipo 2 (87,8%) na população de Caxias – MA, e o ano de maior ocorrência para as duas formas patológicas foi em 2007. Resultados semelhantes foram identificados no estudo realizado em Salvador (BA) por Palmeira e Pinto (2015), que verificaram um maior percentual de indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 (86,2%), entretanto nesse estudo o ano em que mais foram notificados novos casos foi em 2006.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (2016) e a Federação Internacional de Diabetes (2015) referem que o tipo 2 da patologia é a forma mais comum, predomina em 90 a 95% dos casos, tem aumentado progressivamente em todo o mundo e está relacionada com as mudanças no perfil populacional como o envelhecimento, desenvolvimento econômico dos países, aumento da urbanização e modificações no estilo de vida quanto a ingestão alimentar e nível de atividade física.

A faixa etária em que mais se registraram novos casos de diabetes foi entre 40-59 anos de idade para ambas formas patológicas, o que corrobora com os achados de Bortoloni et al. (2010), realizado no município de Água Doce (SC), neste estudo os autores observaram um maior percentual de diabetes entre os indivíduos da faixa etária 50-59 anos.

Segundo Stopa et al. (2014), o envelhecimento populacional tem sido um dos principais fatores indutores para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, que estão em ascensão e são consideradas problemas de saúde pública. Entre as quais o diabetes mellitus é frequentemente identificado entre a população adulta e idosa.

Quanto ao sexo em que a patologia foi mais incidente, destacou-se o sexo feminino, tanto em DM1 como em DM2, resultados também verificados em outros estudos, como a pesquisa realizada por Silva et al. (2016) em Estratégia de Saúde da Família em Porto Alegre (RS), a qual identificou-se uma maior prevalência de diabetes em mulheres. Outro estudo também realizado no Rio Grande do Sul por Dicow (2015), em portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, observou-se uma prevalência superior da doença em indivíduos do sexo feminino (66,53%).

De acordo com Carolino et al. (2008), esses dados podem ser justificados devido haver uma demanda maior de mulheres nos serviços de saúde e um maior cuidado pessoal das mulheres com saúde quando comparado com os indivíduos do sexo masculino, com maior atenção aos sinais e sintomas patológicos, o que auxilia no diagnóstico precoce.

Na avaliação das variáveis modificáveis, foi observado que 8,6% e 18,5% dos portadores de diabetes tipo I e tipo II respectivamente eram tabagistas. Para o DM2 o percentual mostra-se elevado, visto que, estimativa da VIGITEL no ano de 2016, demonstrou no conjunto das 27 capitais que o percentual de adultos fumantes foi de 10,2%, assim como também quando comparado com a capital do Maranhão, São Luís que apresentou percentual de 5,4% de adultos fumantes (BRASIL, 2016).

O tabagismo e/ou sua exposição passiva são considerados importantes fatores indutores para o acometimento por diversas doenças crônicas, o qual a utilização do tabaco é considerada uma das principais causas evitáveis de mortalidade (WHO, 2011).

Segundo Chang (2012), o uso do tabaco apresenta efeitos negativos para indivíduos com diabetes mellitus, os quais favorece o surgimento de outras complicações metabólicas a nível macro e microvascular, além do que o tabagismo possui associação com à resistência à insulina. Portanto, o autor ressalta ainda

(7)

que parar de fumar é um dos principais objetivos para o controle da patologia, bem como também evitar suas complicações.

O sedentarismo foi frequente nessa população, com maior percentual entre os indivíduos com DM2 (52%). Resultados esses que refutam com a pesquisa desenvolvida por Lyra et al. (2010) na população de Canaã/ Triunfo (PE), o qual obtiveram um maior percentual de indivíduos diabéticos que não eram sedentários. De acordo com Mendes et al. (2013), o exercício físico auxilia a perda de peso, reduz as complicações metabólicas e contribui para a melhora do controle glicêmico.

A condição de sobrepeso encontrado em 32,2% dos indivíduos diabéticos, mostra-se semelhante aos resultados obtidos na pesquisa de Ferreira e Ferreira (2009), que ao avaliarem pacientes diabéticos atendidos na rede pública, cadastrados no Sistema HiperDia em Cuiabá (MT), verificaram que no grupo etário de adultos 36% encontraram-se com o estado nutricional de sobrepeso, entretanto, nesta população, os autores observaram ainda a presença de obesidade entre os adultos (40,1%). Os resultados corroboram ainda com a pesquisa realizada em Porto Alegre (RS) que ao avaliar indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 identificaram 34,4% da amostra com estado de pré-obesidade (sobrepeso) (GRILLO e GORINI, 2007).

Ao comparar o percentual da população avaliada com os resultados da prevalência de sobrepeso na população geral das 27 capitais do Brasil, verificou-se que os resultados encontrados no estudo diferem dos obtidos em âmbito nacional, visto que os dados da VIGITEL (2016), referem uma frequência excesso de peso de 53,8% no conjunto das capitais brasileiras (BRASIL, 2016).

Segundo a American Diabetes Association (2015), apesar de a predisposição genética exercer influencia importante no surgimento de diabetes mellitus do tipo 2, atualmente o aumento da prevalência da doença é reflexo das modificações nos hábitos de vida, com o alto do consumo de alimentos calóricos, o declínio na realização de exercícios físicos, concomitantemente com a presença de sobrepeso e obesidade.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (2016), refere que o sobrepeso ou a obesidade está presente na grande maioria dos diabéticos (80 a 90%). A SBD menciona ainda que a promoção de perda de peso entre 5 a 10% do peso preliminar, melhora expressivamente a sensibilidade à ação da insulina e o perfil glicêmico tanto nos indivíduos que possuem diabetes como também em indivíduos com predisposição.

No estudo apesar do registro da presença de complicações e comorbidades relacionadas ao diabetes como o pé diabético, amputação por pé diabético, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença renal, não foi verificado um percentual elevado desses eventos em ambos os tipos patológicos.

Estudo realizado em Cuiabá por Ferreira e Ferreira (2009) com pacientes diabéticos cadastrados no Sistema HiperDia foi verificado a presença de comorbidades entre os casos estudados, entretanto, difere dos resultados do estudo de Caxias – MA o alto percentual de infarto agudo do miocárdio observado entre os diabéticos da pesquisa de Cuiabá (81,3%).

A frequência de pé diabético, amputação por pé diabético e infarto agudo do miocárdio foi mais incidente na população com o tipo I da doença e o acidente vascular cerebral e a doença renal foi maior entre os casos de diabetes tipo II, resultados esses que não corroboram com a pesquisa de Araújo Filho et al. (2017) no estado do Piauí, que observaram que a presença de todas as complicações associadas ao diabetes foi maior nos indivíduos com Diabetes Mellitus tipo 1.

As comorbidades e complicações metabólicas de curso crônico em consequência do diabetes mellitus são resultados principalmente do seu descontrole, do tempo de desenvolvimento e de aspectos genéticos da patologia. As complicações metabólicas do diabetes são micro e macrovasculares, as quais incluem entre outras, o dano renal, o pé diabético, com possível evolução para sua amputação, o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral. A população com diabetes apresenta risco três vezes maior de morte em consequência às essas complicações vasculares quando comparado com os indivíduos com doença cardiovascular (TSCHIEDEL, 2014).

(8)

As complicações metabólicas relacionadas ao diabetes são consideradas umas das principais causas de incapacidade, redução da qualidade de vida e morte precoce. Essas complicações podem acometer diversas partes do corpo, na qual se manifestam de diferentes formas entre os indivíduos (IDF, 2015).

De acordo com Bertoldi et al. (2013), com o progresso do diabetes mellitus, é evidenciado um aumento da morbimortalidade que prejudica diretamente as condições de vida dos indivíduos, demanda de maiores gastos para efetividade de seu controle, bem como do tratamento das comorbidades e complicações associadas.

CONCLUSÃO

A partir da análise dos dados de diabetes registrados em Caxias – MA, observou-se que o Diabetes Mellitus é frequentemente encontrado na população, com o predomínio tipo 2 da patologia. A maior parte dos casos foram registrados em indivíduos com idade ≥ 40 anos e o sexo feminino apresentou maior incidência. Entre as variáveis estudadas, foi observado a presença do sedentarismo em maior proporção no tipo 2, entretanto, verificou-se também a presença de tabagismo e sobrepeso entre os indivíduos estudos. Foi verificado ainda nesta população a presença de complicações associadas ao diabetes como pé diabético, amputação por pé diabético, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença renal, o que requer um maior cuidado quanto às condições de saúde, visto que o progresso do quadro clínico poderá levar à morte. Portanto, os resultados obtidos no estudo indicam a necessidade da implementação de políticas de prevenção que visem à minimização das complicações metabólicas relacionadas ao diabetes e promova uma melhoria das condições de vida da população diabética do município.

_____________________________________________ REFERÊNCIAS

1. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care. 2015 (suppl 1):s8-16.

2. BERTOLDI AD, KANAVOS P, FRANÇA GVA, et al. Epidemiology, management, complications and costs associated with type 2 diabetes in Brazil: a comprehensive literature review. Global Health. 2013;9:62.

3. BORTOLONI ETT, FIN G, NODARI JÚNIOR RJ et al. Perfil epidemiológico dos diabéticos do município de Água Doce, SC. Evidência, Joaçaba. 2010; 10(1-2):131-138.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. Hiperdia – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?hiperdia/cnv/hdMA.def>. Acesso em: 05/06/2017.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Brasília; 2013.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2016: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2016 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

7. CAROLINO IDR, MOLENA-FERNANDES CA, TASCA RS, et al. Fatores de risco em pacientes com diabetes melitus tipo 2. Rev. latino-am enferm., Ribeirão Preto, SP. 2008; 16(2): 238-244.

8. CHANG AS. Smoking and Type 2 Diabetes Mellitus. Diabetes Metab J. 2012; 36(6): 399–403.

9. DICOW L. Perfil epidemiológico de pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 residentes do município de Agudo, RS. Cinergis 2015;16(4):261-266.

10. FERREIRA CLRA, FERREIRA, MG. Características epidemiológicas de pacientes diabéticos da rede pública de saúde: análise a partir do sistema Hiperdia. Arq. bras. endocrinol. metab., São Paulo. 2009; 53(1):80-86.

11. FILHO ACAA, ALMEIDA PD, ARAÚJO AKL, et al. Perfil epidemiológico do diabetes mellitus em um estado do nordeste brasileiro. Rev Fund Care Online. 2017; 9(3):641-647.

12. GRILLO MFF, GORINI MIPC. Caracterização de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF. 2007; 10(1). 13. INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. Atlas de la DIABETES de la FID 2015. – 7ª edição; 2015.

14. LYRA R, SILVA RS, MONTENEGRO JÚNIOR, RM et al. Prevalência de diabetes melito e fatores associados em população urbana adulta de baixa escolaridade e renda do sertão nordestino brasileiro. Arq Bras Endocrinol Metab. 2010; 54(6).

15. MENDES GF, RODRIGUES GBA, NOGUEIRA JAD, et al. Evidências sobre efeitos da atividade física no controle glicêmico: importância da adesão a programas de atenção em diabetes. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. 2013; 18(4):412-423.

16. PALMEIRA CS, PINTO SR. Perfil epidemiológico de pacientes com diabetes mellitus em Salvador, Bahia, Brasil (2002-2012). Revista Baiana de Enfermagem, Salvador. 2015; 29(3):240-249.

17. SILVA AB, ENGROFF P, SGNAOLIN V et al. Prevalência de diabetes mellitus e adesão medicamentosa em idosos da Estratégia Saúde da Família de Porto Alegre/RS. Cad. Saúde Colet., 2016, Rio de Janeiro, 24 (3): 308-316.

18. SOCIEDADE BRASILEITA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech...[et. al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio - São Paulo: A.C. Farmacêutica; 2016.

19. STOPA SR, CÉSAR CLG, SEGRI NJ, et al. Diabetes autorreferido em idosos: comparação das prevalências e medidas de controle. Rev Saude Publica. 2014;48(4):554-62.

20. TSCHIEDEL, B. Complicações crônicas do diabetes. JBM, 2014;102(5).

Referências

Documentos relacionados

Como o sobrepeso infantil está intimamente ligado a fatores externos, é de extrema importância o papel de um profissional de educação física que auxilie tanto no

Assim, o mito de Perséfone pode ser recuperado nesses versos por meio das imagens que são elencadas, alguns até utilizadas em outros poemas de Dora sobre a esposa

Diferente das técnicas clássicas de otimização, as meta- heurísticas podem ser aplicadas para qualquer tipo de função, desde que a modelagem do problema seja adequada ( as

Em suma, o FUNDEB prioriza a aplicação de investi- mentos em todas as etapas da educação básica, com cotas estaduais e municipais proporcionais ao núme- ro de alunos para fins

O sistema de cultivo que adota a época de semeadura de meados de outubro, seria a realidade de produtores que optam pelo arranjo trigo - soja safra, que no caso de alguns

E como as drags representação a trans- formação de uma performance de gênero no sentido do masculino para o feminino, elas findam por realizar uma releitura sobre como a imagem

Este texto está organizado da seguinte maneira: O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográca sobre redes dinâmicas, algoritmos distribuídos e grafos evolutivos; o Capítulo

(Li et al, 2001) Posteriormente, em trabalho oriundo do mesmo grupo, Muthukumar e colaboradores, também avaliando o mRNA extraído de células do sedimento urinário, dessa