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A ROUPA QUE HABITO: UM ESTUDO DA BASE DE MODELAGEM PARA OS SEGMENTOS UNISSEX E SEM GÊNERO.

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Academic year: 2021

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A ROUPA QUE HABITO: UM ESTUDO DA BASE DE

MODELAGEM PARA OS SEGMENTOS “UNISSEX” E “SEM

GÊNERO”.

A Study of the Modeling Basis for the "Unisex" and "Genderless" segments.

Bojar, Alexandre; Graduando; SENAI CETIQT, abojar@gmail.com1 Fulco, Paulo; Professor Orientador; SENAI CETIQT,

PFulco@cetiqt.senai.br2 Poci, Bárbara Valle; Professora Orientadora; SENAI CETIQT,

BPoci@cetiqt.senai.br3

Resumo: O objetivo principal dessa pesquisa é desenvolver uma tabela de medidas para ambos os segmentos “Sem gênero” e “Unissex”. Propõe uma adaptação na construção da base da modelagem para esses segmentos e experimenta um design funcional para ajustar as diferenças das medidas do vestuário industrial.

Palavras-chave: Sem gênero, unissex, tabela de medidas, base de modelagem. Abstract: The principal aim of this research is develop a measurement chart for both segment "Genderless" and "Unisex". It proposes an adaptation in the construction of

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Graduando em Tecnologia na Produção de Vestuário pelo SENAI CETIQT. Elabora políticas públicas para a cadeia produtiva da moda como Articulador em Economia Criativa pela Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro.

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Graduado em Artes - Indumentária e Figurino e especialista em Design de Interiores. É docente do ensino superior no SENAI-CETIQT nas áreas de Modelagem e Produção do Vestuário. Possui experiência profissional nas áreas de Moda, Confecção e Figurino, com ênfase em pesquisa, desenho técnico, desenvolvimento de produto e modelagem.

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Bacharel em Comunicação Social – jornalismo (FACHA) e Pós-Graduada em Design de Estamparia (SENAI CETIQT). É docente de graduação e pós-graduação no SENAI CETIQT nas áreas de modelagem, projetos de pesquisa e produção do vestuário. Possui experiência profissional nas áreas de Moda, Confecção e Consultoria.

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2 the modeling base for those segments and tries a functional design to fit the difference of the measures of the industrial clothing.

Keywords: Genderless, unisex, table of measurements, modeling base.

Introdução

O objetivo desse projeto de conclusão de curso foi desenvolver uma tabela de medidas e uma metodologia na construção de vestuário que torne possível uma mesma roupa vestir os corpos atribuídos ao masculino e ao feminino. Não havendo, dessa forma, uma descriminação pelo gênero do público consumidor. Especificadamente desenvolver uma base sem gênero e uma metodologia no desenvolvimento de vestuário que passe a vestir os corpos com a mesma proposta inclusiva. E oferecer ao público a liberdade de escolha com caimento adequado.

A metodologia utilizada para iniciar o estudo foi a pesquisa bibliográfica, buscando informações em estudos que sinalizam as mudanças no comportamento de gênero e a relação do gênero com a moda. Também foi necessário realizar entrevistas com usuários e consumidores específicos para analisar, a partir de dados regionais, os anseios e dificuldades na compra de vestuário desse público. E na última fase do estudo foi realizada a experimentação da base de modelagem sem gênero em diversos biótipos corporais e também a elaboração de um vestido desenhado com a função de adequação métrica às diferenças de biótipos corporais de mesma estatura.

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O Gênero e a Moda.

A partir de pesquisas bibliográficas sobre construção de gênero e gênero performático é possível compreender o aspecto classificatório do gênero e como esse sistema de classificação enquadra as pessoas, com base no formato de seus corpos, em normas sociais pré-estabelecidas (CONNELL; PEARSE. 2015). Não somente a estética desses corpos deve obedecer às normas sociais, mas todo o universo social e íntimo do indivíduo deve se enquadrar em normas que irão determinar todos os aspectos de sua vida, da relação sexual ao tipo de emprego (HAVARI. 2016).

O pressuposto da existência apenas dos sexos biológico masculino e feminino é a justificativa para esse sistema classificatório binário rígido. Fundamento desqualificado quando se apresenta os casos de indivíduos “Intersexuais”. Pessoas que nascem entre os sexos, tão comum quando os albinos, pertencem a uma realidade invisível que demonstra como nem mesmo a natureza é presa em padrões binários tão retesados. Expõe, como fratura exposta, a normatização compulsória a que todos os corpos são submetidos (PINO. 2017).

Quando os indivíduos conseguem libertar seus corpos e suas mentes desses padrões sociais rígidos testemunham experimentar na androgenia a liberdade, possibilitando a existência de ser inteiro, íntegro, ser indivíduo, que é a mais pura definição de indivisível (NAVARRO; BRAGA. 2005).

A pesquisa de público alvo realizada com vinte e oito homens que usam regularmente roupas femininas apontou as particularidades críticas da

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4 modelagem feminina quando usada por um corpo masculino, sinalizando os pontos anatômicos ombro, costas e cintura como os mais críticos. Também mostrou como é frágil a compreensão sobre o termo “moda sem gênero”, algumas vezes apontado como a “goumertização4” do termo “unissex” justificado pela falta de novidade que há nas formas atuais das roupas desse segmento, outras vezes combatido com a argumentação sobre o absurdo de se classificar as roupas com as normas de gênero, já que até mesmo as pessoas estão buscando se libertar dessas normas.

Metodologia da Pesquisa.

Para que fosse possível vestir os corpos atribuídos ao masculino e ao feminino com uma mesma base de modelagem foi necessário buscar o ponto em comum entre eles; encaixa-los numa mesma norma de biótipos corporais. Os biótipos femininos apresentados pela pesquisa Size BR do SENAI CETIQT, por ser mais variável que os biótipos masculinos, foram usados para submeter todos os corpos. São eles: ampulheta; ampulheta inferior; ampulheta superior; triângulo; triângulo invertido, colher, retângulo e oval. Eles são construídos com base na relação das circunferências: busto, cintura, quadril alto e quadril (BASTOS; SABRÁ. 2014).

O desenvolvimento da base de modelagem “sem gênero” foi feito com base nas medidas da tabela de medidas “sem gênero”. Este estudo elaborou a tabela de medidas “sem gênero” estudando as variações métricas das tabelas

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Terminologia que ataca produtos que possuem pouca ou nenhuma diferenciação de sua versão não gourmet, mas possuem preços elevados.

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5 de medidas industriais masculinas e femininas disponibilizadas nos livros do SENAC: Modelagem Masculina e Modelagem Feminina do Paulo Fulco, relacionando-as com corpos reais dos modelos voluntários Felipe Maia e Mônica Kalfmann. O resultado ficou aproximado à tabela de medidas masculina (FULCO; SILVA, 2003) com diferença de dois centímetros a mais na circunferência do quadril, aumento da medida da distância entre quadril e cintura e a diminuição da medida da altura das costas – isso ocorreu pela modificação da metodologia na retirada das medidas dessas alturas, que na tabela feminina é retirada a partir da cintura (últimas costelas) e na tabela masculina é retirada a partir do quadril alto. As medidas alcançadas contemplam o biótipo retangular, o mais comum da região sudeste segundo a pesquisa Size BR do SENAI CETIQT.

Tabela 1: Tabela de medidas sem gênero

Tamanhos 1 / P 2 / P 3 / M 4 / M 5 / G 6 / G Ombro a ombro 39 40 41 42 43 44 Largura de costas 36 37 38 39 40 41 Pescoço 36 37 39 40 42 43 Peitos 88 92 96 100 104 108 Cintura 72 76 80 84 88 92 Alt Costas 42 42,5 43 43,5 44 44,5 Alt Busto 17 17 17 17 17 17 Comp Manga 60,5 61 61,5 62 62,5 63 Quadril 90 94 98 102 106 110 Alt Gancho 28 28,5 29 29,5 30 30,5 Entrepernas 83,5 83,75 84 84,25 84,5 84,75 Alt Quadril 20 20 20 20 20 20

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Comp. Total 111,5 112,25 113 113,75 114,5 115,25

Fonte: acervo do autor

Posteriormente foi necessário elaborar uma nova forma de construir o traçado da base de corpo superior. A nova metodologia encontrada foi acrescentar a pence de cintura no traçado de base masculina. A base de modelagem inferior não sofreu nenhuma alteração no risco, apenas nas instruções de construção. A metodologia do livro (FULCO; SILVA, 2003) oferece uma formula para encontrar as distâncias de quadril e de gancho, a metodologia desse estudo oferece essas distâncias na tabela de medidas, dispensando as formulas das instruções de traçado.

Depois de provado e aprovado as bases nos modelos voluntários desse estudo, para que pudesse ser analisado o caimento em variados biótipos corporal, a bases foram gradadas nos seis tamanhos diferentes oferecidos pela tabela de medidas “sem gênero”. A partir dessa experimentação foi possível constatar que as variações dos biótipos corporais, em alguns casos, obrigam que o usuário utilize o tamanho superior diferente do tamanho inferior. Segue abaixo as provas de base onde no corpo masculino foi usada uma base tamanho 2 para parte superior e uma base de tamanho 1 para a parte inferior, já no corpo feminino foi usada uma base de tamanho 2 para parte superior e uma base de tamanho 3 para a parte inferior.

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7 Figura 2: Provas de base no corpo masculino e no corpo feminino.

Fonte: Acervo do Autor.

Design Funcional.

Para buscar soluções que conferisse melhor caimento no uso de peças inteiras por parte de um corpo onde o tamanho superior seja diferente do tamanho inferior, esse estudo se dedicou às experimentações de um design funcional para “sem gênero”. Com base nas variações métricas dos tamanhos da tabela de medidas “sem gênero” foram elaborados alguns recursos de ajuste. A peça escolhida foi um vestido com forma próxima ao corpo, foram utilizados elásticos caseados na região da cintura, costas e ombro como recurso de ajuste. Há um recorte que dá volume na região do ombro para poder vestir uma pessoa que tenha essa região corporal mais volumosa. O recorte princesa também é apresentado como um recurso de ajuste extremo com necessidade de um profissional de costura, já que a margem de costura do recorte pode ser ampliada de um para dois cm, permitindo que um

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8 costureiro solte mais tecido na área desejada, ou elimine medidas em uma nova costura, agregando ainda mais tecido à margem de costura. Também foi inserido um forro na região frontal do vestido que cobre a roupa de baixo do usuário quando sentado com pernas ligeiramente afastadas.

Figura 3: Desenho técnico de vestido com design funcional.

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9 Figura 4: Imagem da peça pronta.

Fonte: Acervo do autor.

Considerações finais

Esse estudo buscou contribuir para que a indústria de moda amplie a possibilidade de alcance de seus produtos. Sem limitar a oferta com base em classificações de gênero, que estão se mostrando ultrapassadas. Analisa as

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10 alternativas em tabelas de medidas, nas construções de bases, nas formas de gradação e na busca por um design funcional, possibilitando que a roupa tenha bom caimento no corpo que escolher usa-la, independente do sexo biológico. Sempre com soluções norteadas pela preocupação com a forma desse corpo, não com o gênero a que esse corpo foi submetido.

Existem muitos desafios técnicos a serem superados, para uma verificação da pesquisa antropométrica, seria interessante fazer a testagem de uma base de modelagem que fosse elaborada a partir da tabela de medidas “sem gênero” desse estudo com acréscimo de dois centímetros na circunferência de quadril. Talvez essa modificação diminua a ocorrência do uso, por parte de um mesmo usuário, de diferentes tamanhos da base superior e inferior. Também é possível que diminua a sobra na cintura das pessoas que possuem quadris largos. Muito importante também é a pesquisa das diferenças métricas da largura dos braços de diferentes biótipos, uma parte importante que esse estudo não contemplou.

No aspecto do design, para uma estética que ressignifique os signos estéticos até então atribuídos aos gêneros, seria interessante realizar uma pesquisa mais ampla de recursos funcionais para solucionar as diferenças antropométricas. Soluções que podem envolver recortes estratégicos, misturas de tecidos, pregas, abotoamentos, velcros etc. E no aspecto do design de moda “sem gênero” que busca a neutralidade dos signos estéticos, seria necessário um vigoroso estudo das formas, texturas e cores a fim de alcançar a representação adequada dessa estética. Ainda um trabalho hercúleo de adaptação dessa estética vanguardista para a realidade industrial. Buscar

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11 ampliar a normatização de comprimentos e de larguras das roupas com postura crítica em relação às obrigatoriedades.

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Referências

BASTOS, Sérgio. SABRÁ, Flávio. A Forma Do Corpo Da Mulher Brasileira. Rio de Janeiro: SENAI CETIQT, 2014.

CONNELL, Raewyn, PEARSE, Rebecca. Gênero, Uma Perspectiva Global. 3a Edição. São Paulo: nversos, 2015.

FOGG, Marnie. Tudo Sobre Moda. Rio de Janeiro. Editora Sextante, 2013. FLÜGEL, J. C. A Psicologia Das Roupas. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1966

FULCO, Paulo & Silva, Rosa l. Almeida. Modelagem Plana Masculina. São Paulo: Editora SENAC, 2003.

HAVARI, Yuval Noah. Sapiens - Uma Breve História Da Humanidade. 11a Edição. Porto Alegre: L&PM, 2016.

LOURENÇO, Emília Uema. O Fenômeno Da Gourmetização. Universidade de Brasília. Brasília, 2016.

NAVARRO, Regina; BRAGA, Flávio. O Livro De Ouro Do Sexo. 1a Edição. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

PINO, Nádia Perez. A Teoria Queer E Os Intersex: Experiências Invisíveis

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