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TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO

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Academic year: 2021

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TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO

PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO

INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES (ICT) IN THE LITERACY PROCESS.

Veronete Dias Gomes Mestranda no PPGE da Universidade Federal de Goiás (UFG) Professora Formadora da Alfabetização no CEFAPRO neth.said.ng@gmail.com Marcondes Oliveira da Luz Licenciado em Educação Física pela Universidade do Estado de Mato Grosso Professor de Educação Física pelo Concurso Público Unificado SAD/MT – (SEDUC) moliverluz@gmail.com

RESUMO

Este estudo apresenta reflexões sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no processo de alfabetização. O ponto de partida foi identificar a aplicabilidade e a apropriação das possibilidades pedagógicas das tecnologias móveis e dos dispositivos de processamento de dados na alfabetização. Como técnica de pesquisa, apropriou-se do uso da entrevista semiestruturada, envolvendo uma professora com questionamentos sobre o uso das tecnologias digitais na alfabetização, assim como a seleção e filtragem de softwares que poderiam auxiliar nesse processo. O estudo pautou-se também na observação das crianças interagindo com os softwares instalados em celular e em tablet, na observação e participação do momento formativo da professora regente e acompanhamento da transposição didática realizada pela professora. Durante a transposição, evidenciou-se que a viabilização do acesso e a formação continuada sobre as novas tecnologias enriquecem as práticas pedagógicas do professor, facilitando a aproximação dos conceitos científicos aos conceitos cotidianos dos estudantes. Porém, ainda existe uma insegurança da professora em trabalhar com essas ferramentas tecnológicas. Os jogos digitais, assim como os tablets e smartphones, auxiliam nessa interação, contribuindo com o processo de alfabetização, uma vez que facilita o envolvimento das crianças com as atividades propostas.

Palavras-chave: Tecnologias Educacionais. Alfabetização. Formação continuada.

ABSTRACT

This study presents reflections on the use of information and communication technologies (ICT) in the literacy process. The starting point was to identify the applicability and appropriation of the pedagogical possibilities of mobile technologies and data processing devices in literacy. As a research technique, the use of the semi-structured interview was used, involving a teacher with questions about the use of digital technologies in literacy, as well as the selection and filtering of software that could help in this process. The study was also based on the observation of the children interacting with the software installed on a mobile cell phone and tablet, on the observation and participation of the teacher’s formative moment and the follow-up of the didactic transposition performed by the teacher. During the transposition, it made clear that the viability of access and continuous training on new technologies enriches the pedagogical practices of the teacher facilitating the approximation of scientific concepts to the everyday concepts of students. However there is still a teacher’s insecurity about working with these technological tools. Digital games, as well as tablets and smartphones, contribute to this interaction by contributing to the literacy

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process, as it facilitates the involvement of children with the proposed activities. Keywords: Educational Technologies. Literacy. Continuous Formation

As tecnologias da informação e comunicação fazem parte do cotidiano da maioria da geração a partir da década de 1980. O envolvimento de informações, impulsionadas pelas tecnologias digitais móveis que atualmente temos disponíveis, faz com que a interação intercedida pela tecnologia se torne cada vez mais simples. Atualmente, é comum ver qualquer pessoa se comunicando por meio da internet por meio de vídeos, textos e imagens. Podemos considerar que essas tecnologias estão unificadas e que o uso nos afazeres cotidianos tem produzido competências quase que naturalmente, ou conforme Kenski (2003), novas formas de aprendizagem surgiram por meio da interação, comunicação e do acesso à informação, propiciadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual a escola apresenta dificuldade em ajustar seu currículo à riqueza das múltiplas linguagens presentes na sociedade e que contribuem positivamente na produção de conhecimentos. Nesse sentido, Silva (2011, p. 20) compreende que:

É essencial que o professor se aproprie da gama de saberes advindos com a presença das tecnologias digitais da informação e da comunicação para que estes possam ser sistematizadas em sua prática pedagógica. A aplicação e mediação que o docente faz em sua prática pedagógica do computador e das ferramentas multimídia em sala de aula, depende, em parte, de como ele entende esse processo de transformação e de como ele se sente em relação a isso, se ele vê todo esse processo como algo benéfico, que pode ser favorável ao seu trabalho, ou se ele se sente ameaçado e acuado por essas mudanças.

Ao sentimento de recusa, ameaça em relação às mudanças emergentes das tecnologias digitais da informação e comunicação, associamos os fatores históricos emergentes da revolução industrial, gerando uma resistência de natureza política, conforme discorre Libâneo (1998, p. 60). Sobre a associação entre educação e desenvolvimento tecnológico, o mesmo autor considera que, além disso, há também, “[...] razões culturais e sociais como certo temor pela máquina e equipamentos eletrônicos, medo da despersonalização e de ser substituído pelo computador, ameaça ao emprego, precária formação cultural e científica ou formação que não inclui tecnologia.”.

É sabido que há aqueles que acreditam na concorrência desses instrumentos com a cultura impressa, no entanto, tomamos a concepção de que esses modos de comunicação, com suas linguagens próprias, compõem também os estilos de vida da sociedade. Em razão disso, considerar esses novos desenhos de comunicação na escola, integrada às tantas outras estratégias, envolve trabalhar e considerar as múltiplas aprendizagens.

Desse modo, Libâneo (2004), ao se referir à função social da escola, enfatiza que a intencionalidade projeta-se nos objetivos que direcionam a ação. Na escola, isso leva à busca deliberada, consciente, planejada de integração e unidade de objetivos e ação, em torno de normas e atitudes comuns;

Como campo de investigação e estudo, tomamos como ponto de partida identificar a aplicabilidade e a apropriação das possibilidades pedagógicas das tecnologias móveis na alfabetização. Como técnica de pesquisa, apropriou-se do uso da entrevista semiestruturada, envolvendo uma professora com questionamentos sobre o uso dos dispositivos de processamento de dados (tablets e smartphones),

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assim como a seleção e filtragem de softwares que poderiam auxiliar no processo de alfabetização. Utilizou-se, ainda, a observação de 25 alunos da 1ª fase do 1º ciclo, interagindo com o conteúdo a partir de softwares educativos instalados em tablets e smartphones.

A organização do texto representa as etapas que foram desenvolvidas durante a pesquisa. Primeiro, um momento interativo que possibilitou a realização de um diagnóstico; segundo, o encontro formativo – professora alfabetizadora e softwares; e terceiro, o momento da transposição didática.

Do encontro interativo: professores formadores, professora alfabetizadora e

estudantes

Pensar o processo de alfabetização requer abranger as várias instâncias da prática educativa, dentre elas, a compreensão e a articulação de diferentes aspectos – sujeitos, intencionalidade, concepções de ensino e aprendizagem, recursos didáticos, dentre outros. Em consequência disso, tem-se ainda a necessidade de conhecer e considerar o conhecimento precedente dos estudantes. Para tanto, os professores formadores do Centro de Formação e Atualização dos profissionais de Educação (Cefapro)1, neste estudo, também enquanto pesquisadores, e a professora alfabetizadora firmaram um momento de interação com os estudantes no sentido de estabelecer uma relação de confiança e compromisso das partes.

Em virtude das exigências educacionais, mudanças sociais e situações de incertezas, um dos desafios do professor alfabetizador é a busca constante de novos caminhos e novas posturas de trabalho docente. No que se refere aos recursos tecnológicos, é preciso apreciar que a interação das crianças antecede o processo de escolarização, uma vez que seus afazeres cotidianos estão repletos de atrativos tecnológicos (brinquedos, recursos midiáticos, jogos interativos etc.) cada vez mais sofisticados e que de algum modo exige aulas mais informatizadas, dinamizadas e interativas. No entanto, é importante enfatizar que A rapidez das inovações tecnológicas nem sempre correspondem à capacitação dos professores para a sua utilização e aplicação, o que, muitas vezes, resulta no uso inadequado ou na falta de criação diante dos recursos tecnológicos disponíveis, mas não tendo mais o monopólio da transmissão de conhecimentos, exige-se à escola e ao professor, em particular, a função social de orientar os percursos individuais no saber e contribuir para o desenvolvimento de competências, habilidades e cidadania (SERAFIM, 2011, p. 24).

Nesse sentido é que foi necessário, primeiramente, por momentos descontraídos de interação entre os sujeitos da pesquisa, de modo a estabelecer uma relação de confiança entre os participantes, assim como identificar os recursos tecnológicos que os alunos possuíam e que poderiam ser utilizados como instrumento metodológico nessa aprendizagem. O gráfico abaixo representa o percentual de dispositivos de dados existentes na sala de aula selecionada para observação.

Do mesmo modo, o momento de interação entre os sujeitos deste estudo possibilitou conhecer o nível de interação que os estudantes e a professora alfabetizadora possuíam com os recursos tecnológicos

1 Centro de formação dos profissionais de Educação do Estado de Mato Grosso ligado à Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso/SEDUC-MT.

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identificados.

Assim, identificamos que, aproximadamente, 48% dos estudantes não possuem nenhum tipo de dispositivo móvel, porém, já tiveram acesso e não apresentaram dificuldade em manuseá-los. Os celulares representam a maior quantidade, visto que 52% dos estudantes possuem o dispositivo. Os Tablets estão representados de forma bem significativa entre os estudantes. É importante enfatizar que o fato de possuírem ou não esses dispositivos, as crianças apresentam facilidade em manuseá-los, uma vez que já nasceram em um mundo permeados por essas tecnologias.

Para, além disso, inteirou-se dos objetivos de aprendizagem que estavam sendo trabalhando com a turma para assim definir melhor quais procedimentos metodológicos, recursos didáticos e softwares seriam utilizados.

Nessa dinâmica adotada, observou-se que as crianças possuem habilidades admiráveis com as novas tecnologias. Por outro lado, sabemos que essa mesma habilidade não é encontrada nos professores, no entanto, temos como característica de todos os(as) professores(as) alfabetizadores(as) do município, a disposição favorável para novos conhecimentos.

Dessa forma, é imprescindível considerarmos essas ferramentas tecnológicas (celular, tablets) como instrumentos simbólicos que produzem efeitos culturais, sociais e cognitivos. Uma vez que, como caracteriza Vygotsky (1991), a relação do sujeito com o conhecimento se estabelece através de instrumentos e signos. Nesse sentido, a interação do estudante com a leitura e a escrita, a partir desses instrumentos, possivelmente proporcionará mudanças na aprendizagem, uma vez que a comunicação proporcionada por esses instrumentos é realizada por meio desses dois eixos – a leitura e a escrita - considerados primordiais na alfabetização.

É sabido que as novas tecnologias estão se tornando mais acessíveis à população de um modo geral, principalmente por meio dos aparelhos celulares. (COSTA, DUQUEVIZ, PEDROZA, 2015). Assim, tendo a concepção de que as crianças já possuem outras habilidades anteriores ao que se pretende na escola, faz-se necessário, então, realizar a interação dessas aprendizagens no cotidiano escolar.

De acordo com Soares e Almeida (2005, p. 3):

Um ambiente de aprendizagem pode ser concebido de forma a romper com as práticas usuais e tradicionais de ensino - aprendizagem como transmissão e passividade do aluno e possibilitar a construção de uma cultura informatizada e um saber cooperativo, onde a interação e a comunicação são fontes da construção da aprendizagem.

Nesse sentido é que se propôs o estudo dos conteúdos com a utilização dos celulares e tablets disponíveis. De imediato, notou-se a aceitação dos estudantes para a nova experiência, pois, até então, celulares e tablets ficavam guardados na mochila, podendo ser utilizados somente no horário dos intervalos e fora da escola. Desse modo, acreditamos que considerar essas novas configurações de comunicação na escola, além de dar um novo sentido à prática de ensino, possibilita mediar as relações sociais, diversificar conhecimentos e novos modos de ver o mundo.

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Do encontro formativo: professora alfabetizadora e softwares

A formação continuada constitui um tema de relevância no interior das unidades escolares, uma vez que as novas demandas educacionais exigem dos professores novos conhecimentos e uma constante inovação, um repensar da prática pedagógica. De acordo com Libâneo (1998), “na vida cotidiana, cada vez maior número de pessoas é atingido pelas novas tecnologias, pelos novos hábitos de consumo e indução de novas necessidades. Pouco a pouco, a população vai precisando se habituar a digitar teclas, ler mensagens no monitor, atender instruções eletrônicas. Cresce o poder dos meios de comunicação, especialmente a televisão, que passa a exercer um domínio cada vez mais forte sobre crianças e jovens, interferindo nos valores e atitudes, no desenvolvimento de habilidades sensoriais e cognitivas, no provimento de informação mais rápida e eficiente”.

Assim, compreendemos ser de fundamental importância o domínio dos professores acerca dessas ferramentas tecnológicas para que assim possam utilizá-los, não somente como recursos técnicos, mas propondo atividades e estratégias diferenciadas nessa utilização. Para tanto, conforme Libâneo (1998), os cursos de formação de professores precisam garantir espaços para práticas e estudos sobre as mídias, sobre a produção social de comunicação escolar com elas e sobre como desenvolver competente comunicação cultural com várias mídias.

Nessa direção, o processo de formação da professora alfabetizadora perpassou desde aspectos técnicos aos aspectos metodológicos, pois, segundo ela, apesar de já possuir algumas habilidades na utilização de data show, computador, celular, encontrava dificuldades como o tablet, lousa digital, assim como não possuía conhecimento sobre a existência de aplicativos educativos e sobre a contribuição destes no ensino e aprendizagem.

Sobre o aprender e o ensinar, nessa perspectiva, Almeida (2003, p. 2) comunga a ideia que:

A ação docente inovadora precisa contemplar a instrumentalização dos diversos recursos disponíveis, em especial os computadores e a rede de informação. Aos professores e aos alunos cabe participar de um processo conjunto para aprender de forma criativa, dinâmica, encorajadora que tenha como essência o diálogo e a descoberta. Com essa nova visão, cabe aos docentes empreenderem projetos que contemplem uma relação dialógica, na qual, ao ensinar, aprendem; e os alunos, ao aprender, possam ensinar.

Nesse sentido, a colaboração entre os pares deve acontecer naturalmente. Professor e estudantes em uma ação conjunta na elaboração de novos conhecimentos, curiosidades, produção. O ambiente escolar deve congregar a ideia de que o meio tecnológico nos apresenta novas formas de ver o mundo, novos modos de ler, de escrever, de pensar e agir. As informações são rápidas, as formas de leitura e interpretação são outras e, logo, os meios de comunicação são diversos.

Segundo a professora alfabetizadora,

A sociedade está intimamente ligada a essas novas tecnologias. Acredito ser impossível ficarmos sem ela. Tudo é mais rápido. O longe parece muito perto. Ter notícias de alguém distante, antes, era uma eternidade, agora, é rápido demais. Como eu utilizaria esses recursos na sala de aula? Preciso sim, aprender a lidar com... como é mesmo? Softwares. Por que com certeza contribuirá muito com meu fazer na sala de aula.

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ação intencional – ela percebia a necessidade de interagir melhor com os aplicativos educacionais, uma vez que acreditava que essa prática contribuiria significativamente com o processo de ensinar e aprender. De acordo com Libâneo (1998), conforme os interesses (valores, aspirações, objetivos) de diversos segmentos sociais, o conteúdo da educação varia de uma sociedade a outra. O sentido, as condições organizativas e metodológicas para a viabilização desses conteúdos, a partir da intervenção pedagógica, caracterizam a intencionalidade.

Assim, é necessário que o aprender dos professores acerca das novas tecnologias vá além do aspecto técnico e/ou saber usá-los simplesmente como recursos didáticos, mas que eles aprendam, nessas formações, a elaborar e a intervir no processo de aprendizagem dos alunos.

A formação da professora partiu da reflexão sobre quais Softwares contribuiriam no processo de alfabetização, considerando para isso o nível de leitura e escrita2 e as particularidades dos estudantes. Vale enfatizar que não temos por finalizado o processo de formação e exploração desses meios tecnológicos e que, o que expressamos aqui, é parte de um processo que pretendemos dar continuidade. Nesse sentido, os momentos formativos percorreram as seguintes etapas:

Apresentação e seleção de softwares: antecedendo esse momento, foi necessária primeiramente, uma pré-seleção de alguns softwares. Para o conceito de softwares, atribuímos a definição dada por Landin (2015, p. 91) como sendo os jogos digitais, os aplicativos de celulares, programa de gravação ou, simplesmente, recursos computacionais populares para o funcionamento básico de computadores. O google play e play store foram os sites que disponibilizaram os aplicativos para os smartphones e tablets. A palavra pesquisada na plataforma foi “Alfabetização”. Os resultados encontrados foram 243 softwares, sendo 30 (trinta) em língua portuguesa. Os critérios de escolha dos softwares foram relacionados ao sistema operacional android, número de instalações, versão do sistema operacional, avaliação dos usuários com quatro estrelas ou mais. Dos 30 (trinta) softwares, selecionamos, juntamente com a professora, os softwares classificados como jogos digitais, devido às especificidades de seu planejamento e aos objetivos de aprendizagem a serem alcançados.

Desse modo, a professora considerou o eixo de análise linguística – Sistema de Escrita Alfabética (SEA), visto que o processo de alfabetização estava em sua fase inicial. Assim, os jogos selecionados foram no sentido de contribuir para o desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem: reconhecer e nomear as letras do alfabeto; diferenciar letras de números e outros símbolos, conhecer a ordem alfabética e seus usos em diferentes números; compreender que palavras diferentes compartilham certas letras; identificar semelhanças sonoras em sílabas e em rimas e; ler, ajustando a pauta sonora ao escrito.

Para tanto, os jogos selecionados foram: o Silabando, o jogo Forma palavras free, o Alfabetizando, e o Rimas e sons iniciais. É importante ressaltar sobre a preocupação dos aspectos negativos que os jogos podem proporcionar, no entanto, como assegura Alves (2007, p. 63) o jogo constitui

[...] um elemento da cultura que contribui para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo dos sujeitos, se constituindo assim, em uma atividade universal, com características

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singulares que permitem a ressiginificação de diferentes conceitos. Portanto, os diferentes jogos e em especial os jogos eletrônicos podem ser denominados como tecnologias intelectuais.

Para tanto, as discussões dessa etapa giraram em torno de que os jogos poderiam contribuir no desenvolvimento das habilidades selecionadas desde que as aulas fossem rigorosamente planejadas, com objetivos, metodologias, organização do tempo e espaço etc. A utilização dos jogos não teria como objetivo a disputa ou concorrência entre os alunos, mas como meio de mediar o conteúdo estudado, de dinamizar as discussões entre estudantes e professor e/ou entre os próprios estudantes.

Conhecimento prático das ferramentas tecnológicas e dos softwares selecionados

Esse momento foi necessário, uma vez que a professora considerou não ter conhecimento técnico sobre alguns recursos que seriam utilizados como, por exemplo, o tablet, assim como manusear os jogos instalados. Nessa etapa, as oficinas realizadas decorreram de como utilizar os jogos digitais na alfabetização a partir das ferramentas tecnológicas smartphones e tablets. Durante a oficina, foi desenvolvido um planejamento que estivesse em consonância com os conteúdos aplicados em sala de aula.

O processo de alfabetização e as novas tecnologias: o fazer na sala de aula

Uma questão anterior que nos impulsionou a observar o fazer da sala de aula nesse processo foi: qual o papel que o professor deve desempenhar diante dos desafios de aprendizagem e de aplicação das novas tecnologias como recursos de ensino aprendizagem?

Assim, nossa preocupação maior, durante o momento da transposição didática, foi vincular a proposta na perspectiva de que a Alfabetização não deve fugir da concepção adotada pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Nesse sentido, como são crianças do 1º ano do 1º ciclo, atentamos ao fato de que nesta fase as crianças necessitam compreender o funcionamento da escrita alfabética e, para tanto, é imprescindível não apenas analisar as “partes sonoras” que constituem as palavras, mas também desenvolver uma série de operações lógicas como a relação entre a totalidade e as partes constitutivas e a correspondência termo a termo. (FERREIRO, 1990).

De acordo com as Orientações Curriculares de Mato Grosso (2010, p. 75),

[...] compete à escola encontrar meios de absorver as experiências do estudante de forma a integrar os suportes tecnológicos à prática pedagógica, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais significativo, reflexo de uma manifestação que expressa as características de uma cultura dinâmica, fruto de uma diversidade cultural.

Deste modo, é necessário refletir que, com o bom uso da tecnologia, aliado a outros recursos, a criança tem mais possibilidades de entrar em contato com os desafios presentes no processo da alfabetização. Neste sentido, corroboramos a utilização das tecnologias a partir do princípio de que todas as TICs repousam sobre a possibilidade de utilizar o sistema de signos [...] para representar uma determinada informação e transmiti-la. (COOL e MONEREO, 2010, p.17). Portanto, para o desenvolvimento de aprendizagem da criança com necessidades educativas especiais, tanto quanto as demais crianças, é

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importante incorporar as novas tecnologias nas práticas pedagógicas do professor em sala de aula. Falar do fazer na sala de aula impulsionou-nos a aferir sobre a prática adotada pela professora no início de cada aula. Esses momentos são iniciados sempre com instigação para o trabalho do dia: conteúdos a serem trabalhados, o que sabem sobre o assunto, como irão desenvolver os trabalhos, questionamentos sobre a aula anterior – dando a eles espaço para que também possam fazer escolhas que contribuam com o momento.

Assim, observamos que o simples fato da substituição da lousa e do livro didático, ainda muito utilizado, surtiu um novo efeito nas crianças. A expectativa da aula, a curiosidade em estar como um novo jeito de interagir com o conteúdo estudado, foi notável – olhares atentos, mãos inquietas, questionamentos diversos e respostas bem objetivas.

Sobre o trabalho com os dispositivos móveis, inquietamo-nos, inicialmente, pelo fato de que nem todas as crianças possuíam esse dispositivo. Todavia, certificamo-nos de que a Escola disponibilizava tablet para o uso dos professores. Assim, a professora achou oportuno o contato de todas as crianças com o conteúdo a partir dessa ferramenta. Além disso, a professora projetou os jogos com a utilização de Data Show de modo que a interação acontecesse simultaneamente.

Durante o percurso da aula, observamos que trabalhar com esses dispositivos no início da alfabetização pode contribuir significativamente com o desenvolvimento da aprendizagem, uma vez que são ferramentas que contêm elementos visuais que incentivam à leitura e à escrita. Considerando que os estudantes da referida turma se encontravam nos níveis silábico e silábico-alfabético, o trabalho com os jogos digitais, segundo a professora, foi bastante produtivo:

Ainda tenho dificuldades em trabalhar com esses aplicativos, mas acredito que, com a formação continuada, isso será superado. Foi bem interessante a aula com esses recursos, os alunos ficaram bem empolgados. Na alfabetização, além do cuidado que tenho em tornar a sala de aula um ambiente alfabetizador estou também procurando atividades significativas para os alunos. Nessa fase, gosto de trabalhar, por exemplo, com nome próprio e dos colegas, a letra inicial dos nomes deles mesmos. Essa interação com esse recurso dinamizou ainda mais a aula e engajou e despertou o interesse das crianças.

Pela euforia das crianças, ficou evidente que a aprendizagem com os jogos digitais foi muito interessante. A facilidade que possuem para lidar com os dispositivos, as possibilidades de interação nos aplicativos – sons, letras, números, imagens – estimulava as crianças a fazerem referência com outras situações de aprendizagem.

Como vimos no gráfico do item dois deste texto, mesmo as crianças que não possuem nenhum dos dispositivos de processamento de dados já tiveram acesso a essa tecnologia e isso, de alguma maneira, influencia nos modos de a criança ver o mundo. Assim, cada vez mais se faz necessário a escola se apropriar dessas informações e habilidades que já possuem e aprimorar os fazeres da sala de aula. Por outro lado, a insegurança do professor, em relação às tecnologias digitais, influencia na qualidade da aula. Nesse aspecto, observamos que a transposição didática teve suas limitações, que também pode ter ocorrido devido à observação da aula por outros sujeitos, nesse caso, os professores formadores, mas que, para a professora alfabetizadora, foi simplesmente o fato de não estar acostumada com essa possibilidade de trabalho.

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Destacar que neste estudo os sujeitos envolvidos participaram desde o início deste trabalho não somente como sujeitos de investigação, mas como sujeitos de formação, pois à medida que o trabalho se intensificava, os sujeitos com suas singularidades, e de acordo com o ofício de cada um, foram constituindo aprendizagens e realizando diagnóstico para intervenções futuras.

Como professores formadores, tivemos a compreensão da necessidade de efetivar, nas formações dos professores, o uso de softwares educativos e as ferramentas digitais presentes nos espaços escolares e no cotidiano dos estudantes a favor do ensino e da aprendizagem.

Ademais, à consolidação do Sistema de Escrita Alfabética exige concentração das crianças e o papel do professor é fundamental na mediação destes com o conhecimento. Nesse sentido, os jogos digitais, assim como os tablets e smartphones, auxiliam nessa interação, contribuindo com o processo de alfabetização, uma vez que facilita o envolvimento das crianças com as atividades propostas.

Referências

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COLL, César; MONEREO, Carles. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar as tecnologias da informação e da comunicação. Tradução Naila Freitas. Porto Alegre: Artmed, 2010.

COSTA, Sandra Regina Santana; DUQUEVIZ, Bárbara Cristina; PEDROZA, Regina Lúcia Sucupira. Tecnologias Digitais como instrumento mediadores de aprendizagem dos nativos digitais. Revista Quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e educacional, São Paulo, v. 19, n. 3, 2015. p. 603-610.

FERREIRO, Emilia. A escrita antes das letras. In: SINCLAIR, Hermine (org.). A produção de notações na criança. São Paulo: Cortez, 1990.

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LANDIN, R. C. S. Softwares educativos no contexto da alfabetização e do letramento nos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2015, 167 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos: UFSCar, 2015

MATO GROSSO (estado) Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Orientações Curriculares: Concepções para a educação básica. Cuiabá: SEDUC – MT, 2010. 128 p.

SOARES, Eliana Maria do Sacramento; ALMEIDA, Cláudia Zamboni. Interface gráfica e mediação pedagógica em ambientes virtuais: algumas considerações.

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