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ANÁLISE DO PERFIL DE LESÕES EM BAILARINAS CLÁSSICAS

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ANÁLISE DO PERFIL DE LESÕES EM BAILARINAS CLÁSSICAS

RIBEIRO, Michele Franco¹; CARDOSO FILHO, Geraldo Magela²; REZENDE, Silas Pereira³; CARVALHO, BOAVENTURA, Cristina de Matos³, MAGAZONI, Valéria Sach³

¹ Acadêmica do curso de fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo UNITRI – MG, Brasil. (michelefr17@gmail.com).

² Orientador e professor do curso de fisioterapia do Centro Universitário do Triângulo UNITRI – MG, Brasil. (gmcardoso25@hotmail.com)

³ Co Orientadores e professores do curso de fisioterapia do Centro Universitário do Triangulo UNITRI – MG, Brasil. (professorsilas2014@gmail.com).

RESUMO

Introdução: A prática regular desta modalidade pode levar, ao longo dos anos, modificações anatômicas, biomecânicas, morfológicas e físicas, assim como algumas tendências posturais. Objetivo: Identificar a presença de lesões associadas à prática do balé e classifica-las quanto tipo e localização. Metodologia: Grupo composto por 14 bailarinas da cidade de Uberlândia - MG, com mais de dois anos de prática de ballet clássico, foram avaliadas através de um questionário sobre prática da dança. Resultados: A média do tempo de prática do ballet foi de 11 anos, com uma média de 2,5 horas de aula por dia, em uma média de 4 dias por semana. As lesões mais encontradas foram distensão muscular e entorse. Conclusão: O presente estudo concluiu que na amostra estudada, a frequência de bailarinas com lesões associadas à prática do balé foi baixa e os tipos de lesões mais frequentes foram entorse e distensão na região do tornozelo.

Palavras-chave: lesões, ballet clássico, balé clássico.

INTRODUÇÃO

A dança sempre esteve presente na história da humanidade e já foi utilizada como elemento cultural, instrumento de sedução ou até mesmo de poder. Foi parte integrante de rituais sagrados, comemorações cívicas e sazonais. O ballet clássico nasceu com a Renascença no século XVI, na Corte de Médicis, em Paris, França, inicialmente refletindo gestos, movimentos e padrões típicos da época. Sua prática era restrita à nobreza e estava fortemente incorporada ao currículo da educação formal de adolescentes e jovens (SCHWEICH et al., 2014).

Mesmo que existam benefícios com a prática da dança, como ganho de habilidades motoras, flexibilidade, consciência corporal e socialização, é necessária atenção aos praticantes

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de balé tanto profissionais quanto aqueles que o procuram como forma de praticar algum exercício físico no seu dia a dia. As preocupações estão voltadas à saúde e à segurança na realização dessa prática, principalmente no que diz respeito à integridade do sistema musculoesquelético e também à eficácia e eficiência dos movimentos que exigem extrema técnica, treinamentos longos e repetitivos (DORNELES et al., 2014). A prática regular desta modalidade pode levar, ao longo dos anos, a modificações anatômicas, biomecânicas, morfológicas e físicas, assim como algumas tendências posturais (MEIRA et al, 2015).

SOUZA e colaboradores em (2016) ressaltam que para um bom desempenho, é necessário que todos os segmentos corporais estejam posicionados corretamente, para que permitam o movimento correto, mas se algo estiver interferindo na mobilidade natural da articulação ou interferindo em sua estabilidade, há uma compensação postural e alterações fisiológicas, podendo causar fadiga e posteriormente resultando em lesões.

Em nações desenvolvidas observou-se crescente preocupação com as lesões na dança; grande quantidade de informações é dirigida a esses artistas no sentido de ajudá-los a entender o condicionamento próprio e o uso efetivo do corpo (GREGO et al., 1999). Vários são os fatores que estão relacionados com o aparecimento e a frequência dos traumatismos na dança ou atividade física própria da dança. Porém, a fadiga muscular provocada pelo excesso de atividade física, em especial na época em que se aproximavam os espetáculos, as competições, somadas às aulas e aos ensaios, parece ser um dos principais fatores desencadeantes e, muitas vezes, o que torna a lesão ainda mais incapacitante do ponto de vista funcional (DORE; GUERRA, 2007).

Estudos sugerem que as lesões nos praticantes de balé clássico são mais localizadas nos membros inferiores (quadris, joelhos e pés) e coluna lombar sendo que as distensões musculares, entorses, com o aparecimento de processo inflamatório e fratura por estresse são as lesões mais comuns, além do quadro álgico que é sempre acompanhado durante o desempenho da atividade da dança. É necessário pontuar que não só os fatores biomecânicos e psicológicos influenciam na acentuação das lesões, há a interferência ambiental, que está relacionada com o espaço físico, o tipo de piso usado no ambiente; fatores nutricionais, em que se considera o excesso ou falta de peso (LIMA et al., 2014).

O ballet clássico tem, como exigência de quem o pratica, o desempenho de um atleta. Exigências são impostas por horas de ensaios, por conta de coreografias e espetáculos durante todo o ano, as quais fazem a parte fisiológica e suas aptidões tão importantes, quanto o desenvolvimento de suas habilidades (SOUZA et al., 2016). O bailarino lesionado é tão ansioso para voltar a sua prática quanto qualquer outro atleta, ainda mais se possuidor de bom nível

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técnico. Segundo Fitt 1988, eles são muito impacientes com o processo de cura e reabilitação. Alguns, imediatamente após a ocorrência de uma lesão, submetem-se a exercícios excessivos, correndo grande risco de agravar sua situação. A alta performance e a elevada capacidade de dançar com dor parecem ofuscar seu efeito imediato, porém, deveriam observar que se trata de informação importante (GREGO et al., 1999).

Acredita-se que o profissional fisioterapeuta e os demais profissionais da área da saúde têm o dever de conhecer a fundo a fisiologia e a biomecânica da dança, e de adquirir informações a respeito dos benefícios que esta proporciona ao praticante e de quando indicá-l’a como forma de reabilitação ou de lazer. Deve igualmente conhecer as disfunções posturais e lesões mais frequentes em bailarinos para saber como prevenir e tratar tais alterações (MEEREIS et al, 2011).

Devido à alta recorrência da queixa dolorosa e a crescente incidência de alterações posturais e lesões musculoesqueléticas na prática da dança é que as pesquisas relacionadas a essas variáveis ganharam maior importância na comunidade científica, embora ainda seja um assunto novo e em crescente desenvolvimento. Podemos perceber a necessidade de pesquisas que possam caracterizar melhor essa população, para futuramente poder definir os fatores de risco da dança e então desenvolver meios de prevenção e tratamento para as companhias (COUTO; PEDRONI, 2013).

É importante conhecer as lesões associadas à prática do balé uma vez que a fisioterapia está cada vez mais inserida na prevenção e tratamento das lesões associadas ao esporte.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo observacional, exploratória e quantitativa, de caráter transversal. Participaram da pesquisa 14 voluntárias, com idade entre 10 e 27 anos, praticantes de ballet clássico. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Triangulo (UNITRI), referente ao parecer 2.278.826, em conformidade com a resolução 466/12 do CNS/CONEP.

Após realizar um levantamento das escolas de dança da cidade de Uberlândia – Minas Gerais que ofereciam a modalidade ballet clássico, duas escolas foram selecionadas por demonstrarem maior receptividade à pesquisa e serem de fácil acesso aos pesquisadores. Nestas escolas foi encontrado um total de 134 praticantes de ballet clássico, destas, foram incluídas bailarinas que estivessem regularmente matriculadas em uma escola de dança, que pratiquem ballet clássico por pelo menos 2 anos, com rotina de aulas de pelo menos duas vezes por semana, no mínimo uma hora em cada dia. Os critérios de exclusão foram os casos de não aceite em

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participar da pesquisa, voluntárias que não assinaram o termo de consentimento até o dia da coleta, não compareceram nos dias das coletas de dados, ou estivessem realizando algum tratamento relacionado à postura corporal.

As voluntárias compareceram ao local da avaliação, sob prévio agendamento, e responderam a um questionário sobre os dados pessoais, a rotina de dança, histórico de dor e lesões. As bailarinas foram abordadas anteriormente ao início dos ensaios e receberam orientações referentes às questões dos questionários, também foram esclarecidas dúvidas em relação aos mesmos.

O questionário escolhido foi utilizado por Costa e colaboradores em 2016 e publicado no Brazilian Journal of Physical Therapy no mesmo ano, ao realizarem estudo com 110 bailarinos de ambos os sexos no Rio de Janeiro, em duas escolas e uma empresa de balé.

RESULTADOS

Inicialmente a amostra foi composta por 19 bailarinas que se enquadravam nos critérios de inclusão, porém cinco apresentaram-se dentro dos critérios de exclusão, sendo duas excluídas devido aos responsáveis não assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, uma por realizar aulas de Pilates considerado um tratamento postural, uma por conter artrodese da coluna torácica e parte da lombar, e uma por não ter comparecido ao dia da coleta. Sendo assim, participaram desta pesquisa 14 bailarinas, com tempo médio de 11 anos de prática de balé. As características da amostra podem ser observadas nas tabelas a seguir.

Na tabela 1, estão demonstrados os valores mínimos, valores máximos, médias e desvios padrão, relativos às idades das bailarinas, seus pesos e alturas.

Tabela 1 – Distribuição das bailarinas referentes a idades, pesos e alturas Variáveis V. Mínimos V. Máximos Médias Desvios Padrão Idade 9 anos 27 anos 17 anos e 10 meses 5 anos e 10 meses

Peso 34,50 kg 77 kg 55,75 kg 43,27 kg

Altura 1,33 m 1,76 m 1,60 m 0,09 m

Pode-se observar quanto à idade média, que as bailarinas são jovens e apresentam peso e altura com médias dentro dos parâmetros considerados normais para a população estudada.

As frequências e porcentagens relativas ao número de dias praticados na semana e os resultados totais, estão demonstrados na tabela 2 que segue.

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Tabela 2 – Distribuição de frequências relativas aos dias em que dançam Dias da semana Frequências Porcentagens (%)

Dois 2 14

Três 7 50

Quatro 1 7

Cinco 4 29

Total 14 100

Todas as bailarinas da amostra dançam no mínimo duas vezes por semana, sendo que (n=7) correspondente a 50% da população estudada dançam três vezes.

Já na tabela 3, estão demonstradas as frequências e porcentagens relativas às horas diárias em que dançam e resultados totais.

Tabela 3 – Distribuição relativas às horas diárias em que dançam Horas Diárias Frequências Porcentagens (%)

1,30 h 4 29

2,00 h 2 14

3,00 h 8 57

Total 14 100

Nota-se que todas as bailarinas dançam pelo menos 1 hora e 30 minutos diárias, sendo que a maioria (n=8) dançam três horas diárias.

Frequências e porcentagens de respostas das bailarinas à questão “você pratica outra atividade física?” e resultados totais estão na tabela 4 abaixo.

Tabela 4 – Distribuição relativa sobre prática de outra atividade física

Respostas Frequências Porcentagens (%)

Sim 4 29

Não 10 71

Total 14 100

Observa-se que a maioria das bailarinas (n=10) não pratica outra atividade física. Estão demonstradas na tabela 5 as respostas das bailarinas, quanto ao tempo de atividade física que praticam além do balé.

Tabela 5 – Tempo de prática de outra atividade física

Respostas Tempo

Handball 1 semana

Crossfit 8 semanas

Yoga 10 semanas

Futsal 48 semanas

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As porcentagens, frequências e resultados totais das respostas das dançarinas à questão “você já apresentou alguma lesão?”, podem ser verificados na tabela 6.

Tabela 6 – Distribuição de frequências de lesões Respostas Frequências Porcentagens (%)

Sim 10 71

Não 4 29

Total 14 100

Percebe-se que a maioria das bailarinas relatou já ter apresentado alguma lesão (n=10). As respostas das bailarinas à questão “qual foi a lesão?”, frequências, porcentagens e resultados totais, seguem abaixo na tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição de frequências e porcentagens do tipo de lesão

Respostas

Frequências Porcentagens (%)

Distensão Muscular

2

20

Entorse

1

10

Entorse e Distensão Muscular

4

40

Fratura

1

10

Fratura, luxação, subluxação, entorse

1

10

Fratura, subluxação, entorse, distensão muscular, outros

1

10

Identifica-se que a maioria das bailarinas apresentou entorse e distensão muscular (n=4), seguido por distensão muscular (n=2) e o resultado total (n=10) deve-se ao fato de apenas 10 bailarinas terem apresentado alguma lesão conforme demonstrado na tabela 6.

Apresentam-se na tabela 8, as frequências, porcentagens e resultados totais das respostas das bailarinas à questão “qual foi a localização da lesão?”

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Tabela 8 – Distribuição de frequências e porcentagens de localização da lesão

Respostas Frequências Porcentagens (%)

Artelho 2 20 Patela 1 10 Tornozelo 2 20 Pés 5 50 Lombar 1 10 Perna 2 20 Coxa 1 10 Virilha 2 20 Polegar 1 10

Posterior de coxa esquerda 1 10

Outros 1 10

O total da tabela apresenta um número maior em relação ao número de voluntárias, pois as bailarinas apresentaram lesões em mais de um local, portanto a maioria tiveram ocorrência de lesão em pés (n=5), seguido de artelho (n=2), tornozelo (n=2), perna (n=2) e virilha (n=2).

Em relação à questão “já apresentou alguma lesão com a prática da dança?”, segue abaixo na tabela 9, as frequências, porcentagens de respostas das bailarinas e resultados totais.

Tabela 9 – Distribuição e frequência das lesões com a prática da dança

Respostas Frequências Porcentagens (%)

Sim 4 29

Não 10 71

Total 14 100

Conforme já demonstrado na tabela 6, das 10 bailarinas que apresentaram alguma lesão, 4 apresentaram lesão relacionada à prática do balé.

É demonstrado na tabela 10, as frequências, porcentagens e resultados totais das respostas das bailarinas à questão “qual foi a lesão com a prática da dança?”.

Tabela 10 – Distribuição de frequências e porcentagens do tipo de lesão com prática da dança

Respostas Frequências Porcentagens (%)

Entorse e luxação 1 25

Entorse e distensão muscular 2 50

Entorse e ruptura 1 25

Total 4 100

Constata-se que a maioria das bailarinas apresentou entorse e distensão muscular (n=2). Seguem na tabela 11, as frequências, porcentagens e resultados totais das respostas das bailarinas à questão “qual foi a localização da lesão com a prática da dança?”.

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Tabela 11 – Frequências e porcentagens da localização da lesão com a prática da dança

Respostas Frequências Porcentagens (%)

Tornozelo e artelho 1 25

Tornozelo e coxa 1 25

Tornozelo e virilha 1 25

Tornozelo, LCA esquerdo e menisco medial esquerdo 1 25

Total 4 100

Verificou-se que das 4 bailarinas que apresentaram lesão com prática da dança como demonstrado na tabela 9, cada uma delas tiveram uma localização de lesão diferente.

Referente às frequências e porcentagens de respostas das dançarinas à questão “quanto tempo ficou afastada do trabalho?” e resultados totais, podem ser conferidos na tabela 12.

Tabela 12 – Distribuição e frequências de afastamentos por lesões

Respostas

Frequências

Porcentagens (%)

Sete dias 1 25

Dez dias 1 25

Trinta dias 1 25

Trezentos e sessenta e cinco dias 1 25

Total 4 100

Apenas 4 bailarinas tiveram afastamento, estas mesmas foi em decorrência de lesão com a prática da dança, conforme abordado na tabela 9.

Na tentativa de correlacionar a frequência das lesões dentro do balé com duração da aula, horas diárias de prática da dança e dias por semana. Não houve essa possibilidade, pois por se tratar de uma resposta entre sim ou não, seria necessário utilizar o teste do qui-quadrado, porém dentro de uma amostra com 14 indivíduos. Segundo a estatística o qui-quadrado não é sensível para este resultado.

DISCUSSÃO

A maior parte das bailarinas no presente estudo dança três vezes por semana. Em contrapartida a este estudo Souza e colaboradores em 2016, ao publicarem um trabalho que também avaliava a frequência semanal das bailarinas a prática do balé, em uma população com média de idade de 20,7±2,4 anos, encontraram que as mesmas praticam o balé duas vezes por semana. No estudo de Grego e colaboradores em 2006, com meninas na faixa etária de 12 a 17 anos, foram selecionadas 83 participantes dividas em três grupos: bailarinas clássicas (n=27),

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bailarinas não clássicas (n=10) e escolares (n=37), onde a maior parte das bailarinas clássicas praticava quatro ou mais aulas semanais. Na literatura, no levantamento dos artigos para este estudo não foram identificados autores que concordam com presente trabalho na questão tempo de balé.

Quanto ao tempo gasto na prática de balé, a maior parte das bailarinas realiza por três horas diárias. Lima e colaboradores em 2014, quando publicaram um trabalho onde também avaliava a frequência de horas de prática do balé em uma população com média de idade de 28,05 anos e horas de treino de 4,76 por dia também encontraram resultados parecidos com o presente trabalho. Dados esses que corroboram com o estudo de Kuwae e Silva em 2007, que afirmam que os bailarinos profissionais possuem uma rotina de treinamento de 3 a 6 horas diária.

Em relação à prática de realização de atividade física fora do balé, observa-se que 71% das bailarinas não realizam outra prática de atividade física fora do balé. Batista e Martins em 2010, ao publicarem trabalho que também avaliava prática de atividade física fora do balé em uma população de 30 bailarinas clássicas do sexo feminino, com média de idade de 20,4 anos apresentado desvio padrão de 4,5. Verificou-se que 43,3% (n=13) das bailarinas realizam outros tipos de atividades físicas além da dança, sendo que 56,7% (n=17) das entrevistadas não praticam nenhum outro tipo de atividade física. Em contrapartida a este estudo, Lima e colaboradores em 2014, constataram que a maior parte da amostra 52,6% praticava outra atividade física, encontrando em alguns casos, quem praticasse duas ou mais outras atividades físicas, como por exemplo, musculação + pilates.

Observou-se no presente estudo que todas as bailarinas que são praticantes de outra atividade física realizam a mesma há pelo menos uma semana, sendo a prática de maior tempo o futsal há quarenta e oito semanas.

Quanto à presença de lesão, a maioria das bailarinas 71% já apresentou lesão. Em estudo de Couto e Pedroni em 2013, ao avaliarem uma amostra composta por 15 bailarinas com idade média de 16,13 anos, também foi observado uma frequência próxima, onde 73,33% das bailarinas relataram ter sofrido algum tipo de lesão no último ano. Já em estudo realizado por Schweich e colaboradores em 2014, em pesquisa composta por 124 praticantes de balé clássico, de ambos os gêneros com média de idade de 17,6±5,2 anos, 61 bailarinas (49%) relataram terem se lesionado.

Nesta pesquisa, a entorse e distensão muscular teve a maior frequência referente ao tipo de lesão presente nas bailarinas avaliadas. Vilas Bôas e Ghirotto em 2006, quando avaliaram 47 bailarinas com idade entre 15 e 25 anos, encontraram dados que corroboram com o presente

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estudo, pois, das 47 bailarinas que sofreram 80 lesões, as mais frequentes concentraram-se em distensão de virilha e coxa (18,7%), seguidas pela entorse de tornozelo (13,7%), o que permitiu os autores por observação assistemática considerar que a falta de aquecimento adequado ou excesso de ensaio foram fatores consideráveis para a determinante destas lesões. Os dados encontrados no estudo de Couto e Pedroni em 2013, também corroboram com nosso estudo, visto que a lesão mais presente na população foi a entorse de tornozelo, acometendo 50% da população que apresentou algum tipo de lesão.

Quanto à localização da lesão, o local que teve maior acometimento pelas bailarinas em nosso estudo foram os pés. Concordando com está pesquisa Vilas Bôas e Ghirotto em 2006, quando também analisarem as estruturas anatômicas mais lesionadas, observaram que estas foram mais presentes nos pés (22%). Já em pesquisa realizada por Motta-Valencia (2006), mostra que o balé é uma dança que utiliza posições extremas como rotação externa dos quadris e flexão plantar de tornozelos e pés, os quais sobrecarregam músculos, ligamentos e tendões. As lesões podem ocorrer por inúmeros fatores, destacando-se o calçado e seu uso; a superfície do solo em que treinam. Há relatos que entre 17 a 95% das lesões ocorridas com os praticantes de balé, demonstraram serem maiores para membros inferiores (57% a 75%), seguido pelo tornozelo e/ou pé (34 a 54%), e menos frequente na parte inferior das costas e/ou pélvis (12% a 23%).

Já quando investigadas lesões relacionadas à prática do balé, foram encontradas em quatro bailarinas correspondentes a 29% da amostra total, sendo mais presentes a entorse e distensão muscular (50%) e quanto à localização da lesão, todas as bailarinas apresentou em comum o tornozelo. Meira e colaboradores em 2015, em amostra composta por 14 bailarinas, com média de idade de 16,79 anos (±2,39), também verificaram variáveis relacionadas às lesões sofridas durante a prática do balé, com resultados similares ao presente estudo. Verificou-se que 42,86% das bailarinas sofreram lesão durante o treino, sendo 14,28% localizadas no tornozelo/pé, com 50% por torção e 50% por distensão muscular.

Ainda concordando com esta pesquisa, Costa e colaboradores em 2016, ao realizarem estudo com 110 bailarinos de ambos os sexos sendo estes, profissionais (n=53), com média de idade de 34,2±6,6 anos e não profissionais (n=57) com média de 25±9,4 anos. Observou-se que todos os bailarinos profissionais avaliados, independentemente do sexo, já haviam sofrido alguma lesão em decorrência da prática de balé, já no grupo dos bailarinos não profissionais 77,2% apresentaram lesão. Em relação à localização da lesão, o tornozelo foi o local mais acometido, este correspondeu a 56,6% nos bailarinos profissionais e 35,1% nos não profissionais, quanto aos principais tipos de lesão a entorse correspondeu a 69,8% nos

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profissionais e 42,1% nos não profissionais, seguidas de contraturas musculares nos dois grupos.

Já Meereis et al 2011., em estudo realizado com 10 bailarinas, com média de idade de 15,7±2,2 anos. A taxa de lesão entre as bailarinas do estudo foi baixa 10%, onde apenas uma bailarina referiu ter sofrido lesão durante o ensaio, sendo esta uma distensão na coxa.

A entorse de tornozelo é a lesão mais comum no meio da dança devido aos movimentos repetitivos de ponta e meia ponta, e devido à sobrecarga articular e ligamentar que ocorre com o movimento de flexão plantar forçada e descarga de todo o peso do bailarino nos ossos dos pés, sendo principalmente os metatarsos (HILLIER et al., 2004). Picon et al., (2002), que também demonstrou serem o pé e o tornozelo os locais de maior frequência de lesões em bailarinos. Isso porque a prática da dança exige uma ampla e complexa movimentação dos pés, exigindo por vezes, posicionamentos extremos e anti-anatômicos.

Para MACINTYRE (1994), o balé, com sua posição única de ponta de pé, requer esforços extras para manter a estabilidade dos pés, tornozelos e pernas. A performance ideal exige que todos os membros estejam posicionados de forma adequada para suportar o peso do corpo e permitir o movimento. Se algo interferir na mobilidade normal da articulação ou na estabilidade, o organismo necessitará de compensações posturais e alterações de movimento que podem levar a aumento de estresse ou, até mesmo, sobrecarga em outras partes do corpo, que podem resultar em lesão. De fato, MILLER et al., (1975) acrescentam que o artista, no sentido de criar graça e beleza, força as extremidades de forma não fisiológica, em posições não anatômicas, que são extremamente prejudiciais.

A sapatilha de ponta, associada a movimentos específicos, é mais um motivador de destaque no desenvolvimento de lesões, uma vez que ela não é desenhada a fim de proteger os pés contra estresses (PICON et al. 2002). Simões e dos Anjos (2010), afirma que: O início precoce da utilização das sapatilhas de ponta tem sido apontado como um dos fatores determinantes para o ocasionamento de lesões. Sabe-se que os exercícios realizados sobre a ponta dos pés constituem um trabalho muito estressante e que exige treinamento gradual da bailarina como um todo, além de coordenação e colocação de cada parte do corpo, com distribuição uniforme de peso sobre os pés (sem tendência de maior descarga de peso em algum dos dedos, prejudicando o alinhamento), com joelhos esticados e perfeito equilíbrio.

Guimarães e Simas (2001), afirmam que no balé clássico, a maioria das lesões deve-se a erros de técnica e treinamento, sugere que o erro mais frequente é o giro forçado. Forçar o pé a rotar para fora no solo, à custa dos joelhos, quadris e costas, provoca um padrão previsível de lesões, as elevadas amplitudes articulares dos quadris e joelho, e a repetitividade desses

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movimentos podem estar desequilibrando grupos musculares, alterando, assim, a biomecânica do corpo e comprometendo a função, refletindo na estrutura corporal, podendo aumentar a predisposição a lesões características em bailarinas clássicas. A dança na ponta dos pés está associada a um conjunto de problemas e lesões por excesso de uso. Como os sapatos para o trabalho de ponta são bem mais rígidos e mais estreitos que os sapatos de meia ponta, a realização de tração sobre o assoalho é mais difícil até mesmo quando os pés estão totalmente em contato com a superfície.

Todas as bailarinas que sofreram lesão em decorrência da prática do balé ficaram afastadas, sendo o período maior um ano. Já em estudo realizado por Azevedo e colaboradores em 2007, composto por 100 bailarinos com média de idades de 26,88±5,40 anos, 76% referiram como principal tipo de dança o contemporâneo e 24% a dança clássica. Em quase metade (44,5%) das lesões, os bailarinos não interromperam por nenhum dia a sua atividade profissional (apesar desta ter sido condicionada ou procurarem profissional da saúde). Apenas, 13,7% das lesões é que fizeram os bailarinos parar por mais de 30 dias. Há pesquisas que sugerem que os bailarinos não param porque têm medo de perder os seus lugares na companhia (Krasnow e Chatfield, 1996 citado por Bhyring et al., 2002). E este é um fato que pesa muito para os bailarinos, pois a dança é a sua profissão. As célebres frases “The show must go on” (o espetáculo tem de continuar) ou “Work it out” (continuar a trabalhar) refletem a necessidade da prática da atividade física, mesmo com lesão.

Mesmo que neste estudo não tenham sido encontradas correlações estaticamente significantes entre o tempo de prática de balé clássico e as lesões, a amostra demonstrou um padrão com lesões bastante semelhantes, sendo estas de predomínio no membro inferior, o que sugere que a prática do balé em longo prazo possa levar a essas lesões, uma vez que o tempo médio dessa prática é elevado quando se trata de tempo de prática esportiva, fato este observado no levantamento bibliográfico. No entanto, cabe citar que este trabalho encontrou algumas limitações, como por exemplo, o tamanho reduzido da amostra. A literatura sobre este assunto ainda é limitada, o que indica que mais pesquisas devem ser realizadas nessa área.

CONCLUSÃO

O presente estudo concluiu que na amostra estudada, a frequência de bailarinas com lesões associadas à prática do balé foi baixa e os tipos de lesões mais frequentes foram entorse e distensão na região do tornozelo.

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Referências

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