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Goli Guerreiro Universidade de São Paulo Doutoranda em Antropologia

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Academic year: 2021

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tidade étnica. Os salões de reggae de São Luís estão muito mais para espa- ços de lazer e de exercício do lúdico.

Na medida em que eles não s e articulam enquanto produtores de reggae, não constroem um discurso político, desconhecem a filosofia que embasou o reggae jamaicano, estão, na verdade, dispensando, qualquer tipo de relação com o Estado, com o turismo cultural, e com a ideologia da negritude. Os dados do livro mostram que este fluxo sociocultural está muito mais para o meramente lúdico, para o sentido do jogo (que s e mani- festa muito claramente na relação com a s pedradas) do que para manifes- tação de etnicidade.

O autor não está alheio a ambiguidade que os conceitos de identidade e etnia carregam, tendo inclusive intercambiado os termos identidade cul- tural e identidade étnica no decorrer de sua análise. No entanto, parece ter s e rendido a tentação antropológica, que movida pelo desejo de preencher uma lacuna do lugar do negro no processo histórico da sociedade brasilei- ra, acaba por eleger um caminho tantas vezes percorrido. E termina por perder de vista trilhas promissoras e bem pouco exploradas pela antropo- logia brasileira. O próprio Carlos Benedito, em conversas informais, admi- te que ainda há muito a dizer sobre o reggae em São Luís, e ele mesmo está disposto a fazê-lo. Vale a torcida para que outros caminhos sejam ten- tados.

Goli Guerreiro Universidade de São Paulo Doutoranda em Antropologia

Gilroy, Paul. m e Black Atlantic Modemity and Doiuble Consciouness. London,

Verso, 1 9 9 3 . 2 6 1 ~

Gilroy,Paul. SmallActs. Thoughts on the Politics ofBlack Cultures. London;

Serpent's Tail, 1993.257~

Nos ensaios reunidos nestes dois livros, Paul Gilroy examina políticas culturais relacionadas com raça, etnicidade e nação. O objetivo é delinear a relação entre culturas literárias e vernaculares da diáspora negra e for- mas políticas e filosóficas modernas, com o objetivo de resgatar o negro enquanto agente da história. Ele rejeita a associação íntima entre cultura, etnicidade e nação que caracteriza os nacionalismos culturais tanto bran- cos quanto negros. Ao contrario, sua abordagem enfatiza o caráter aberto

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e fluido da cultura e os processos políticos complexos que historicamente formam a s identidades raciais. No livro The Black Atlantic, Gilroy sistema-

ticamente analisa a interrelação entre escravidão, tradição e modernidade através de um estudo da tradição radical negra que inclui Martin R Delaney, Frederick Douglass, W.E.B. Dubois, assim como Richard Wright, Edward Wilmot Blyden e Toni Morrison. Em Small Acts, ele aborda temas seme- lhantes, mas o conteúdo é mais amplo, cobrindo política e cultura popular, especialmente música e artes visuais e dramáticas. Tomados em conjunto, estes dois trabalhos chamam atenção para a completa relação da escravi- dão e opressão racial com o desenvolvimento histórico da modernidade, e demonstram a s maneiras pelas quais os movimentos políticos e culturais negros usam e atuam através d e formas políticas e filosóficas ocidentais, mesmo quando eles radicalmente reformulam seus conceitos de razão, liberdade, história, progresso, cultura e nação. Dessa forma, estes dois trabalhos ao mesmo tempo resgatam a atuação negra nos terrenos contes- tados da diáspora atlântica e oferecem uma crítica ampla das categorias fundamentais da política e da filosofia modernas.

Estes ensaios são produto da experiência específica das lutas raciais e sociais na Grã-Bretanha. Seu ponto de partida é o que, em Small Acts, Gilroy descreve como "As peculiaridades do inglês negro", ou seja, a con- tradição entre ser negro e ser britânico. Gilroy acha que esta aparente anomalia está enraizada na mutante política cultural de raça. Os racismos populistas emergentes nos anos 70 e 80 (e a s reações anti-racistas) fizeram com que a discussão sobre raça fosse desviada da biologia para a cultura. Nestes discursos, raça e etnicidade são cada vez mais compreendidas por negros e brancos, tanto de esquerda como de direita, exclusivamente atra- vés dos conceitos de cultura e de identidade. Através da intima integração de cultura com etnicidade e nação, cultura torna-se naturalizada e estreita- mente concebida, como s e fosse um termo virtualmente biológico, e etnicidade é considerada como uma expressão de culturas completamen- te integradas e inteiras. Priorizam-se cultura e etnicidade em detrimento de outras dimensões da experiência social e histórica, trqtando a s primei- ras como atributos característicos das pessoas. Juntas, elas são associadas especialmente a um sentido potencial ou real de integração nacional. In- versamente, as nações são tratadas como comunidades culturais totalmente coesas e culturalmente homogêneas. Dessa forma, diferença cultural e identidade étnica emergem como absolutas e imutáveis. Negritude e britanicidade aparecem como categorias sociais e culturais mutuamente exclusivas.

Gilroy argumenta que este "absolutismo étnico" não apenas sufoca a s diferenças dentro das comunidades negras e deturpa a s relações entre os

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grupos, como, ainda mais importante, exclui da discussão a determinação inerentemente polática de categorias raciais e a s coletividades mutáveis,

instáveis que elas representam. Conseqüentemente, a s alternativas no debate sobre raça ficam restritas a s teorias essencialistas do nacionalismo cultural (branco e negro), por um lado, e, por outro, à s concepções pluralistas de raça e cultura tão abertas que tiram do foco de atenção a s formas racializadas de poder e subordinação. Embora aparentemente opos- tos, o pluralismo e o essencialismo são dois lados da mesma moeda. Cada perspectiva desconsidera, do seu próprio modo, a formação histórica e política de raça e a complexidade da experiência racial.

Com o objetivo de ir além do impasse intelectual e político criado por essas limitadas perspectivas nacionais e nacionalistas, Gilroy rejeita a con- cepção, comum a s duas perspectivas, de comunidades culturais como uni- dades (real ou potenciais) inteiramente formadas e integrais que são coextensivas ao Estado. Para ele, tratar etnicidade como s e fosse congruente com a s fronteiras de nações-Estados culturalmente coesos obscurece a diversidade, complexidade e criatividade, não apenas da ex- periência histórica dos povos negros, como também do desenvolvimento da própria sociedade muderna. De fato, a força e a originalidade da abor- dagem de Gilroy derivam, em grande parte, da sua ruptura decisiva e sis- temática com a nação-Estado como foco organizador da compreensão de história, política e cultura. Em seu lugar, ele coloca o Atlântico Negro como ponto de partida e estruturação da análise crítica da política de raça, etnicidade, cultura e nacionalidade. Ele tenta, com a noção de diáspora, especificar simultaneamente identidade e diferença fora dos padrões biná- nos restritivos de estrutura encontrados no essencialismo e no pluralismo. Esta mudança de foco remove a condenação ideológica que exclui auto- maticamente da história moderna os al6lcanos da diáspora, ao mesmo tempo em que cria a anomalia da Grã-Bretanha Negra. Simultaneamente, possi- bilita a Gilroy ver a experiência negra na Grã-Bretanha não como uma

subcultura britânica específica, que deve. ser tratada dentro dos estreitos

limites da sociologia das relações raciais, mas como parte da contracultura

transnacional complexa, ampla e bem sucedida do Atlântico Negro. Gilroy aborda o Atlântico Negro, e os problemas de cultura e identida- de que ele acarreta, como resultados do processo histórico. Assim como C.L.R. James, Eric Wiliams e W.E.13. Dubois, entre outros, ele enfatiza o

caráter intrinsecamente moderno da escravidão racial nas Américas e seu papel na formação do mundo moderno. Ele trata o Atlântico Negro como uma unidade distinta e complexa formada pela união de elementos diver- sos impostos aos povos da diáspora africana pela escravidão de plantation. A escravidão estabeleceu o elo entre a dominação racial e a produção for-

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çada de mercadorias para o mercado mundial. Contudo, embora as ideolo- gias raciais não s e desvinculem do trabalho, elas também não devem ser reduzidas a ele. Gilroy vê raça como o produto histórico de encontros cul- turais e políticos, múltiplos e complexos, entre europeus e abricanos por todo o Atlântico Negro, e enfatiza uma perspectiva transnacional e intercultural que chame atenção para as culturas compostas, "sincréticas" ou "criolas", da diáspora. Ele identifica e analisa sistematicamente os pon- tos de interseção e a constituição mútua, mesmo assimétrica e desigual, das categorias raciais no mundo moderno. Desse modo ele busca legiti- mar e entender as formas culturais híbridas do Atlântico Negro, e os pro- cessos polivalentes da sua formação para melhor compreender o racismo e as culturas políticas negras.

Ao localizar as experiências históricas das populações da diáspora do Atlântico Negro dentro dos processos históricos da modernidade, Gilroy pode reformular criticamente a oposição entre tradição e modernidade que atribui história, progresso, razão e racionalidade ao Ocidente, enquan- to atribui aos africanos e aos seus descendentes no Atlântico Negro a eter- na alteridade. As filosofias da modernidade a partir de Hegel e Nietszche, passando por Habermas e Marshall Berman, consideram a modernidade como uma ruptura absoluta, não apenas no tempo, como também no espa- ço. A negritude aparece nesta tradição intelectual como um conceito fron- teiriço cuja exclusão marca os limites da civilização ocidental, que perma- nece a fonte dos valores "universais". A história da escravidão, caso seja considerada, é vista como a história específica dos povos negros, não sen- do relevante para a modernidade filosófica. Em oposição a esta "modernidade inocente", Gilroy revela a modernidade da escravidão e a cumplicidade da modernidade na escravidão e nas formas de dominação racial. A partir desta perspectiva, a modernidade não pode mais ser consi- derada como um processo integral, internamente unificado, específico do Ocidente. Em vez disso, ela precisa ser ampliada para abranger o que pa- rece ser seu oposto

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o arcaico, o tradicional, o pré-moderno

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e, assim, precisa ser entendida como uma relação histórica intrinsecamente hetero- gênea, assimétrica e não-linear. Além disso, a tradição Íião aparece mais como um elemento exterior e oposto à modernidade, mas é continuamen- te recriada através da interação e do conflito com esta.

Ao reinterpretar a relação entre o tradicional e o moderno, Gilroy deli- mita uma zona de compromisso cultural e político onde s e forma a raça. A tradição não pode mais ser vista como um receptáculo para identidades raciais e culturais fixas. Gilroy enfatiza, em vez disso, a descontinuidade histórica representada pela escravidão e pela diáspora. Elementos da cul- tura tradicional africana são irrevogavelmente separados de suas origens.

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O s fragmentos sobreviventes devem ser ativamente recuperados pela memória social e mobilizados através da formação de comunidades de in- terpretação e de sentimento. Assim, Gilroy trata tradição como uma res- posta ativa à modernidade. Tradição e identidade são continuamente construídas e reconstruídas pelos movimentos dos povos negros por eman- cipação, cidadania e autonomia que s e desenvolvem no interior e contra a s modernas estruturas de exploração econòmica, de dominação política e d e subjugação racial. Identidades étnicas e "raciais" já não aparecem como absolutas e fucas, mas tornam-se o resultado instável e mutável de proces- sos históricos e políticos.

Esta perspectiva enfatiza a inventividade, a flexibilidade e a criatividade dos africanos escravizados e seus descendentes, em resposta a s condições a eles impostas. As culturas negras da diáspora mostram-se abertas, inacabadas e internamente diferenciadas. Elas são formadas a partir de múltiplas fontes por movimentos que s e entrecruzam no mundo atlântico, s e sobrepõem e trocam entre si e com outras culturas das potências colo- nizadoras européias. A nação-Estado permanece um importante ponto de atenção e de mediação dentro do processo transnacional, mas não define suas fronteiras. ~ x ~ e r i ê i c i a s históricas e configurações de raça e de cultu- ra, específicas a um lugar, s e condensam dentro da matriz unificadora mais ampla do Atlântico Negro. Elas são continuamente criadas e recriadas com o tempo, e sua evolução é marcada pelos processos de deslocamento e de reposição dentro do mundo atlântico, e pela disseminação através de re- des mundiais de intercâmbio de comunicação e cultura.

(O afrocentnsmo, ao contrário, pressupõe um tempo histórico linear, temporariamente interrompido pela escravidão, através do qual uma cul- tura africana invariante e integral é capaz de afirmar-se como medida de autenticidade. Embora os argumentos de Gilroy sobre a temporalidade histórica, sobre a natureza da tradição e o papel da escravidão na forma-. ção de identidades raciais no Atlântico Negro apontem, em grande parte, contra tais conceitos afrocentristas de tradição, eles s e aplicam igualmen- te aos racismos eurocentristas que usariam tradição para excluir a presen- ça negra de uma participação integral na vida moderna.)

O Atlântico Negro emerge da análise de Gilroy como polimorfo, híbri- do, composto

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a o m e s m o tempo "tradição não-tradicional" e "irredutivelmente moderna". Dentro deste conjunto "ex-cêntrico, instável e assimétrico", as culturas negras da diáspora ostentam um relacionamen- to complexo e problemático com a modernidade. Parte inerente do Oci- dente, elas são ao mesmo tempo excluídas das suas categorias universais pela identidade racial. Embora os movimentos políticos e culturais negros, que lutam por emancipação e justiça social, possam ter s e formado, em

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parte, pelos princípios modernos de liberdade, progresso, razão, eles não podem s e r completados dentro 3as normas filosóficas e políticas da modernidade. As vítimas da escravidão e do terror racial, dentro de um sistema de dominação legítima e racional, precisam dirigir o olhar para uma outra direção a fim de estabelecer sua humanidade e sua legitimidade.

Gilroy argumenta que estar "dentro" e "fora" é melhor compreendido por uma lógica de "isto e aquilo", em vez de "isto ou aquilo". Isso cria uma "dupla consciência", que dá a produção cultural da diáspora sua natureza característica. Mesmo quando a s culturas do Atlântico Negro s e baseiam na e operam sobre a s estruturas políticas e filosóficas ocidentais, elas são sustentadas e renovadas por tradições exteriores e anteriores a modernidade. Sua anti-modernidade deriva da habilidade que têm de mo- bilizar "uma pré-modernidade que é tanto imaginada de forma ativa no presente quanto transmitida intermitentemente em eloqüentes pulsações do passado". Ao invocar com sucesso a memória e a experiência históricas e ao s e apropriar de imagens, símbolos e valores do passado, os movimen- tos culturais e políticos negros, que lutam por auto-expressão, auto-eman- cipação e autonomia, formam contraculturas que revelam de imediato os limites da modernidade "inocente", e vão além deles.

Partindo desta perspectiva, Gilroy reconstrói e reinterpreta as culturas vernaculares da diáspora e a tradição negra radical de Frederick Douglas a Richard Wright, não como curiosidades exóticas, nem como uma histó- ria cultural peculiar ao povo negro exterior ao Ocidente, mas como e l e mentos formadores da modernidade contraditória e fragmentada do Atlân- tico Negro. Ele mostra como os modos de expressão, de consciência e de ser social presentes na produção da música, dança e literatura da diáspora negra recriam de uma maneira crítica temas do Iluminismo e da cultura ocidental, de forma que projetam novos conceitos de personalidade, de individuação e de subjetividade. A recuperação imaginativa da escravidão lembra um passado pré-capitalista, ao mesmo tempo em que sugere mo- dos alternativos de existência além dos limites da modernidade. Para a q u e les que nunca foram livres e que foram excluídos da condição de liberda- de, o diálogo senhor-escravo de Hegel é reinterpretado. No lugar da re- conciliação racional através da dependência e interesse mútuos, as alter- nativas são a liberdade ou a morte. As populações não-livres cujo trabalho foi extraído através da coerção e da opressão raciais abertas, não buscam apenas emancipar o trabalho do capital ou controlar a modernidade para seus objetivos próprios. Sem dúvida, o Jubileu, a utopia do escravo, é um "apocalipse revolucionário ou escatológico" que enfatiza a s dimensões ex- pressivas e estéticas da vida social e evoca conceitos de liberdade, de auto- emancipação e de auto-expressão que vão além do interesse próprio, da

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satishção das necessidades materiais e da reorganização racional do tra- balho.

Gilroy considera o Atlântico Negro como uma utopia política que ex- pressa o desejo de transcender as estruturas da nação-Estado e a s restn- gões da etnicidade e da particularidade nacional. A partir desta perspecti- va quebra-se a integridade dos espaços nacionais, e as histórias lineares e homogêneas de um Ocidente nitidamente demarcado tornam-se criativa- mente desfocadas. Não é mais possível enxergar a razão, o pr6gress0, a racionalidade como atributos distintos, fixos, coesos, uniformes, univer- salmente válidos da cultura e história européias, que organizadamente equilibram centro e margem. Eles agora s e apresentam como categorias mistas, fluidas e abertas, personificando relações e elementos contraditó- rios complexos formados em uma escala global.

Movimentos políticos e culturais negros por justiça racial, auto-expres- são e auto-emancipação s e originam da modernidade e não são necessari- amente contra princípios ocidentais de razão, progresso, liberdade, histó- ria. Compreendidos dentro do contexto de complexidade temporal e espa- cial, e de desigualdade histórica, eles questionam oposições temporais simplistas entre moderno e pós-moderno, e oferecem uma alternativa a oposição entre o racionalismo eurocêntrico

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que vê a solução da crise a h - al da modernidade, dentro de seus próprios termos, como a conclusão do projeto do Iluminismo

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e um anti-humanismo igualmente ocidental que localiza a causa da crise nas impropriedades do Iluminismo. As tradições culturais e intelectuais da diáspora do Atlântico reconstroem a s narrativas da emancipação e da redenção que marcam, não o fim da "grande narrati- va da razão", mas sua extensão, democratização e transformação de maneira a desviar "do Ocidenten o centro gravitacional da ética. Paradoxalmente, discute Gilroy, tais críticas do modernismo podem ser sua afirmação.

Assim, Gilroy radicalmente inverte o conceito de raça como um con- ceito de fronteira. No seu discurso, negritude não aparece mais como um critério de exclusão. Em vez disso, a dupla-consciência oferece um ponto de observação privilegiado de onde s e resgata a subjetividade negra e s e envolve em uma crítica teórica e política fundamental e ampla da modernidade histórica e de suas formas ideológicas e parciais. Se a exclu- são da raça dos discaarsss da moderwidade mascara seu caráter contraditó- rio, a dupla-consciência inerente as culltaams da diáspora do Atlântico r e v e la que tais discursos eonstruiram os caminhas pelos qiaais a razão e o pro- gresso estruharararn e legitimaram a escravidão e o terror racial pratica- dos contra o "outro". Assim hzendo, a dup~a~onsciCncia do Atlântico N e a o revela de imediato o elemento raça como uma relação histórica funda mental da modernidade, assim como a complexidade da experiência racial

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e a natureza fragmentada, multidirnensiswal e heterogênea da própria modernidade.

Se Marx e Engels um dia pensaram que s proletariado era herdeiro do IBuminisrno e estava destinado a completar seu projeto, Gilrog sugere que tanto s P[luminisrns como o proletariado sãlo muito mais problemáticos, arnbáguos e incertos do que ima,ginârarn os faindadsres do materialismo histórico, e que a s ssPuções para os problemas históricos não fluem inequi- vocamente do passado, mas Viajam em ziguezague pelas zonas temporais e espaciais do AtlAntico Negro. Gilroy exige uma "história primeva da modernidade do ponto de vista do escravon. Ele assim convida não sim- plesmente a incluir os excluídos em histórias paralelas porém separadas, mas a repensar a s categorias mais fundamentais de reflexão histórica a fim de conceber uma história do mundo que fica para ser escrita.*

Dale

TomÊch

U~iuersidade de New York - Binghanato~ Departamento de Socio1o~'tz

Referências

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