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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Graduação

Dauri Perotto Junior

Ijuí, RS, Brasil

2014

(2)

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Dauri Perotto Junior

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária, Área de Bovinocultura de Leite, da Universidade

Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS),

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médico Veterinário.

Orientadora: Med. Vet. MSc. Denize da Rosa Fraga

Supervisor: Med. Vet. Lucas Locatelli

Ijuí, RS, Brasil

2014

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2

Universidade Regional do Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por

Dauri Perotto Junior

como requisito para obtenção do grau de

Médico Veterinário

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________

Denize da Rosa Fraga (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________

Lisandre Oliveira (UNIJUÍ)

(Banca)

(4)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que me apoiaram nesta caminhada, principalmente a minha noiva e a minha família.

(5)

4

RESUMO

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado Departamento de Estudos Agrários

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE BOVINOCULTURA DE LEITE

AUTOR: DAURI PEROTTOJUNIOR ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA Data e Local da Defesa: Ijuí, 04 de dezembro de 2014.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, com sede localizada em Erechim – RS, totalizando 150 horas, realizadas no período de 26/08/2014 a 07/010/2014, sob orientação da Professora Médica Veterinária MSc. Denize da Rosa Fraga e supervisão do Médico Veterinário Lucas Locatelli. Durante o período do estágio foram acompanhados atendimentos clínicos, exames ginecológicos e de medicina veterinária preventiva. Relato aqui dois casos clínicos, um deles sobre prolapso total de útero em bovino e outro de cisto folicular ovariano em bovino. O estágio proporcionou a conciliação da teoria com a prática e possibilitou uma aproximação com a área de trabalho, bem como vivenciar a realidade do dia a dia do trabalho à campo.

Palavras-chave: Prolapso. Cisto. Reprodução.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo das atividades desenvolvidas durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014... 10 Tabela 2 – Atividades desenvolvidas na área de medicina veterinária

preventiva durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Auto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014... 10 Tabela 3 – Atendimentos obstétricos acompanhados durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014... 11

Tabela 4 – Atendimentos clínicos realizados durante o período de

Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014... 12 Tabela 5 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014... 12

(7)

6

LISTA DE ANEXO

(8)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 10

2.1 Atividades em medicina veterinária preventiva ... 10

2.2 Atendimentos e procedimentos obstétricos e ginecológicos ... 11

2.3 Atendimentos clínicos ... 11

2.4 Procedimentos cirúrgicos ... 12

3 RELATOS DE CASO ... 13

RELATO DE CASO I ... 13

Prolapso total de útero em bovino pós-parto ... 13

RELATO DE CASO II ... 21

Cisto ovariano em vaca holandesa ... 21

4 CONCLUSÃO ... 29

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 30

(9)

8

1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, localizada na Rua Amado Fagundes, nº 708, Centro – Erechim – RS, no período de 26/08/2014 a 07/10/2014, totalizando 150 horas, sob a supervisão do Médico Veterinário Lucas Locatelli e orientação da professora Mestre, Médica Veterinária Denize da Rosa Fraga. O estágio foi efetuado na área de assistência técnica em Medicina Veterinária.

A Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai – COPERAL é formada por pequenos produtores de leite. Estes há mais de 20 anos fundaram a cooperativa com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar, desde então atua na área de laticínios, buscando novos mercados para a matéria prima produzida pelos seus associados. Hoje a cooperativa possui um grande número de associados e filiais em dois municípios da região, acabando de adquirir nesse ano um posto de resfriamento de leite e fábrica de queijos, sendo que a captação média diária de leite da empresa chega próximo aos 150.000 litros de leite.

A equipe de assistência presta atendimento clínico somente às propriedades rurais dos associados, principalmente nas áreas de clínica de grandes animais, medicina veterinária preventiva, reprodução e fomento.

A cooperativa possui somente um médico veterinário, sendo o mesmo, responsável por atender todos os associados atuando na área de fomento e clínica de grandes animais. A empresa conta também com dois técnicos agrícolas, sendo os mesmos responsáveis pelo controle das inseminações artificiais, da vacinação contra brucelose, da qualidade do leite e fomento as propriedades.

Tais profissionais atuam na região do Alto Uruguai abrangendo quatorze municípios, entre eles Erechim, Gaurama, Severiano de Almeida, Áurea e Centenário, onde se concentram o maior número de associados.

A região do Alto Uruguai é localizada ao norte do estado do Rio Grande do Sul e tem como características marcantes, fonte de grandes riquezas, a força de trabalho que atua em vários segmentos, entre eles a agropecuária como grande geradora de matéria prima, a indústria, o comércio e a prestação de serviços. No setor agropecuário destaca-se a grande produção de grãos, carne e leite, sendo o

(10)

leite por sua vez, produzido em sua maior parte, por pequenos agricultores que vêem na atividade leiteira uma alternativa para se manter no meio rural.

Durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi acompanhada a rotina do médico veterinário na área de clínica de grandes animais, exames ginecológicos e de medicina veterinária preventiva. A partir do acompanhamento e auxilio ao futuro colega de profissão, o estágio teve como objetivo relacionar os conhecimentos adquiridos durante a jornada acadêmica com a realidade do cotidiano à campo, possibilitando o conhecimento da área de atuação profissional.

(11)

10

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão, resumidamente, descritas na Tabela 1.

Tabela 1 – Resumo das atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014.

Tipo de Atividade n %

Medicina veterinária preventiva 223 60

Atendimentos e procedimentos obstétricos e

ginecológicos 109 29

Atendimentos clínicos 26 06

Procedimentos cirúrgicos 17 05

Total 376 100

2.1 Atividades em medicina veterinária preventiva

As atividades desenvolvidas na área de medicina veterinária preventiva durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas na Tabela 2.

Tabela 2 – Atividades desenvolvidas na área de medicina veterinária preventiva durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Auto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014.

Tipo de Atividade n %

Vacinação para brucelose 03 01

Aplicação de brincos mosquicidas 70 31

Vacinação para tristeza parasitária bovina 50 22

(12)

Vacinação para clostridioses 50 22

Total 223 100

2.2 Atendimentos e procedimentos obstétricos e ginecológicos

Os atendimentos e procedimentos obstétricos e ginecológicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritos na Tabela 5.

Tabela 3 – Atendimentos e procedimentos nas áreas obstétrica e ginegológica acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014.

Atendimentos/ Procedimentos n % Parto distócico 01 01 Indução ao parto 01 01 Palpação retal 79 72 Retenção de placenta 02 02 Acompanhamento de parto 02 02

Inseminação artificial em tempo fixo 16 15

Prolapso de útero 01 01

Hidropsia da gestação 01 01

Metrite 01 01

Inseminação artificial 03 03

Tratamento de cisto folicular ovariano 02 02

Total 109 100

2.3 Atendimentos clínicos

Os atendimentos clínicos realizados durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritos na Tabela 3.

(13)

Tabela 4 – Atendimentos clínicos realizados durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014.

Diagnóstico n %

Suspeita de tristeza parasitária bovina 09 35

Crescimento excessivo do casco 03 12

Timpanismo ruminal 01 04 Cetose 01 04 Mastite subclínica 01 04 Mastite clínica 02 08 Ulcera de abomaso 01 04 Hipocalcemia 03 12 Pneumonia 01 04

Lesão de medula espinhal 01 04

Gangrena gasosa 01 04

Ceratoconjuntivite 01 04

Edema de úbere 01 04

Total 26 100

2.4 Procedimentos cirúrgicos

Os procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritos na Tabela 4.

Tabela 5 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na empresa Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, Erechim – RS, no período de 26 de agosto a 07 de outubro de 2014.

Procedimentos Cirúrgicos n %

Amochamento térmico em bovino 05 29

Orquiectomia em bovino 07 41

Descorna com fio serra em bovino 03 18

Drenagem de abscesso mandibular 01 06

Redução de hérnia umbilical em bovino 01 06

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3 RELATOS DE CASO

RELATO DE CASO I

Prolapso total de útero em bovino pós-parto

Dauri Perotto Junior, Denize da Rosa Fraga, Lucas Locatelli

RESUMO

A atividade leiteira vem ao longo dos últimos anos sofrendo importantes transformações na sua cadeia produtiva, dentro desse contexto a eficiência reprodutiva dos bovinos leiteiros se torna uma peça chave para o sucesso da produção. Durante o estágio foi atendido no município de Gaurama, Rio Grande do Sul, Brasil, um bovino fêmea da raça holandesa, de aproximadamente 450Kg, recém parida, com prolapso total de útero. As alterações encontradas no exame clínico realizado no animal foram um volumoso tecido prolapsado na região vaginal e dificuldade do animal em levantar-se, permanecendo sempre em decúbito esternal com a cabeça voltada ao flanco, além do prolapso uterino o animal apresentava sinais clínicos condizentes com hipocalcemia puerperal. O objetivo deste relato é descrever um caso clínico de uma fêmea bovina com prolapso uterino pós-parto. O prolapso de útero constitui-se no movimento do órgão virando ao avesso e se exteriorizando pelos lábios vulvares, no caso relatado optou-se por realizar no animal terapia a base de cálcio juntamente com a recondução do útero para sua posição anatômica correta. É evidente que a conduta clínica emergencial em animais acometidos é de fundamental importância para se obter o êxito na terapia adotada favorecendo ao animal o retomar da sua atividade reprodutiva.

(15)

Introdução

A atividade leiteira vem ao longo dos últimos anos sofrendo importantes transformações na sua cadeia produtiva, buscando o aumento da produção, associado a viabilidade econômica da atividade perante o cenário atual da pecuária brasileira. Dentro desse contexto a eficiência reprodutiva dos bovinos leiteiros se torna uma peça chave para o sucesso da produção, e, para que ela ocorra, é necessário que as vacas retornem a função reprodutiva o mais rápido possível, surgindo então dentre outras patologias às complicações do puerpério, como o prolapso uterino.

O prolapso uterino em bovinos constitui-se no movimento do órgão virando ao avesso e se exteriorizando pelos lábios vulvares. A predisposição de alguns animais está relacionada diretamente com a disposição anatômica do útero, ovários e ligamentos, ocorrendo geralmente no pós-parto imediato (PRESTES e ALVARENGA, 2012).

Podem ser citados como causas de prolapso uterino em bovinos a atonia uterina, tenesmo, parto distócico, retenção de placenta, inadvertida remoção manual da placenta, falta de exercícios, entre outros (DIVERS e PEEK, 2008).

O objetivo deste relato é descrever um caso clínico de um bovino que apresentou sinais clínicos condizentes com prolapso uterino pós-parto.

Metodologia

Durante o estágio foi atendido no município de Gaurama, Rio Grande do Sul, Brasil, um bovino fêmea da raça holandesa, de aproximadamente 500Kg, multípara (3 crias), com uma massa tecidual prolapsada na região vulvar. Após identificação do animal, na anamnese o proprietário relatou que o bovino havia parido durante a noite, sendo que o mesmo não acompanhou o parto e ao amanhecer encontrou o animal em decúbito esternal, onde permanecia até o momento. Relatou ainda que o animal havia parido um terneiro macho de grande porte.

Ao exame clínico, as alterações encontradas foram um volumoso tecido prolapsado na região vaginal e dificuldade do animal de levantar-se, permanecendo sempre em decúbito esternal com a cabeça voltada ao flanco, a vaca também apresentou temperatura de 39,8ºC, mucosas normocoradas e batimentos cardíacos e movimentos respiratórios normais. A partir destes sinais clínicos o veterinário fez o diagnóstico de prolapso total uterino e suspeita de hipocalcemia puerperal.

(16)

Diante do caso optou-se primeiramente em tratar o animal para o controle da possível hipocalcemia, administrando no mesmo uma solução a base de Gluconato de Cálcio (22,83g/100mL), na quantidade de 500mL, por via endovenosa lenta, juntamente com 15mL de Cetoprofeno (3mg/Kg) para o controle da dor, sendo que ao fim da aplicação medicamentosa realizada no animal o mesmo conseguiu levantar-se e andar, sendo conduzido até um estábulo para uma melhor avaliação da mucosa uterina prolapsada e definição da conduta a ser realizada.

Para uma avaliação detalhada procedeu-se a retirada de contaminantes e corpos estranhos, o útero foi lavado com água corrente cuidadosamente até que ficasse limpo. Após a lavagem foi observado que a mucosa prolapsada ainda estava viável, pois se apresentava de coloração avermelhada e sem áreas de necrose, ficando evidente a possibilidade de recolocá-la em sua posição anatômica normal.

Dando inicio ao procedimento foi realizada uma anestesia epidural com 5mL de Cloridrato de Lidocaína 2% com vasoconstritor, após a aplicação anestésica foi aplicado açúcar do tipo cristal na mucosa prolapsada com o objetivo de reduzi-la de tamanho, posteriormente lavou-se novamente o útero para que fosse reintroduzido de forma mais asséptica possível. O útero foi reposicionado cuidadosamente de forma lenta e gradual, manualmente, em sua posição anatômica normal, realizando se então duas suturas na região da vulva na forma de U deitado (técnica de Flessa modificada) e com o auxílio de dois pedaços de mangueira de aproxinadamente 10cm cada devidamente limpos, por onde foram passados os fios, um de cada lado da vulva, sendo fixados e fechados os pontos com fio nailon.

Após estes procedimentos o animal ainda recebeu uma aplicação de antibiótico para prevenção de infecções, a base de Cloridrato de Ceftiofur (2mg/Kg), via intramuscular, sendo recomendado ao produtor que repetisse a aplicação no dia seguinte e ainda administrasse Cetoprofeno (3mg/Kg) por mais três dias, via intramuscular.

Resultados e Discussão

A hipocalcemia puerperal também conhecida como febre do leite, pode ocorrer em vacas leiteiras recém paridas (RADOSTITS et al., 2010). Segundo Smith (2006) ocorre geralmente dentro de setenta e duas horas após o parto e é comum

(17)

ocorrer em vacas de alta produção, deve ser considerada como emergência e requer terapia intravenosa imediata.

Os sinais cínicos da hipocalcemia são divididos em três estágios clínicos distintos, segundo Smith (2006) no primeiro estágio o animal ainda é capaz de se manter em estação, mas pode apresentar sinais de hipersensibilidade e excitabilidade, e se não for realizado terapia com cálcio ele desenvolvera sinais mais graves do segundo estágio de hipocalcemia. Já no segundo estágio Smith (2006) relata que entre outros sinais podemos constatar que a vaca é incapaz de permanecer em estação, mas ainda é capaz de se manter em decúbito esternal, sendo possível também a observação de anorexia, depressão, focinho seco, cabeça voltada ao flanco, incapacidade para defecar, perda do tônus do esfíncter anal e alterações cardíacas. Acredita-se que o animal em questão apresentava sinais característicos com os descritos pelo autor na hipocalcemia de segundo estágio, pois não tinha capacidade de manter-se em estação, mas apresentava-se em decúbito esternal, com a cabeça voltada para o flanco, embora sua freqüência cardíaca, respiratória e demais parâmetros estivessem normais. Em relação ao terceiro estágio da hipocalcemia, ou seja, a mais grave os sinais clínicos que são descritos por Smith (2006) como flacidez muscular completa, incapacidade de manter-se em decúbito esternal, não respondem ao estímulo, entre outros, não cabem ao animal, pois o mesmo respondia sempre que estimulado e também apresentava uma boa contratilidade muscular.

Devem ser feitos todos os esforços para tratar os bovinos acometidos o mais rápido possível depois de evidenciado os sinais clínicos (RADOSTITS et al., 2010). Para hipocalcemia puerperal recomenda-se o tratamento a infusão intravenosa de gluconato de cálcio, na dosagem de 1g de cálcio para cada 45Kg (SMITH, 2006). A dosagem de cálcio venoso administrada pelo veterinário no animal foi um pouco abaixo do recomendado na literatura, foi aplicado 9,34g de cálcio. O boroglucanato de cálcio contém 8,3% de cálcio, considerando um animal de 500Kg, deveria ter sido aplicado 11,11g. Apesar da dosagem baixa o animal apresentou rápida recuperação levantando-se.

Como descrito anteriormente após o tratamento contra hipocalcemia o animal foi conduzido a um estábulo para que então se iniciasse os procedimentos em relação ao prolapso uterino. Smith (2006) define como prolapso quando o corno uterino grávido se torna invaginado depois da expulsão do feto e se faz protusão a

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partir da vulva. De acordo com o que ocorreu com o bovino em questão, que expôs a mucosa uterina pela vagina após o parto.

Várias são as possíveis causas de prolapso uterino em bovinos, contudo no animal em questão acredita-se que a causa seja a hipocalcemia a qual o animal apresentava, pois segundo Divers e Peek (2008) essa condição é bastante associada com a hipocalcemia em bovinos, sendo que a mesma resulta em atonia uterina e consequentemente o prolapso. Como o animal apresentou evidentes sinais clínicos de hipocalcemia pós-parto atribuiu-se então a este quadroa causa principal, do animal ter prolapsado o útero.

Segundo Smith (2006) os sinais que podem acompanhar o prolapso uterino podem incluir tensão, inquietação, dores abdominais, anorexia e ainda frequência cardíaca e respiratória aumentada. Prestes e Alvarenga (2006) relata que os sinais clínicos observados em casos de prolapso uterino são o aumento de volume uterino podendo ser de tamanho variável prolapsado pela vulva, expondo o endométrio uterino característico do pós-parto. Como foi observado no animal em questão.

De acordo com Smith (2006) imediatamente após o prolapso, os tecidos estão quase normais, todavia, em poucas horas a mucosa pode dilatar-se e tornar-se edematosa. Segundo Prestes e Alvarenga (2012) dependendo do tempo de evolução, pode ainda observar-se graus variáveis de edema ou desvitalização, lesões ou escoriações superficiais ou profundas, corpos estranhos aderidos e fezes e ainda o atrito da cauda ou do solo no órgão pode provocar hemorragia e destacamento de placentomas. O animal apresentava o tecido prolapsado bastante dilatado e edemaciado devido ao tempo decorrido da evolução do caso. Também havia presença de corpos estranhos oriundos do ambiente, entretanto, não apresentava lesões ou áreas de necrose, tornando assim a mucosa uterina viável para que fosse recolocada em sua posição anatômica normal.

Dando início ao tratamento do prolapso uterino foi realizado no animal anestesia epidural para gerar analgesia durante o procedimento. De acordo com Turner e McIlwraith (2002) esta técnica consiste em injetar uma solução analgésica local entre a dura-máter e o periósteo do canal espinhal (espaço epidural) que dessensibilizará as raízes o nervo caudal após elas emergirem da dura-máter. Em bovinos a injeção do agente analgésico pode ser feita entre a primeira e a segunda vértebra coccígeas ou no espaço sacrococcígeo, embora a região anterior seja um espaço preferido por ser mais largo e mais facilmente perceptível. Após localizar

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essas estruturas, lançando o rabo do animal para cima e para baixo, administrou-se 5mL de Cloridrato de Lidocaína para promover a analgesia. A Lidocaína utilizada nesse caso, em sua formulação comercial possui vaso constritor. Segundo Mama e Steffei (2003) a lidocaína é amplamente utilizada em medicina veterinária, sendo metabolizada pelos animais via hepática e seu uso juntamente com vasoconstritor se dá para que se obtenha um efeito prolongado da mesma.

A utilização do açúcar após a lavagem se deu devido ao seu poder higroscópio, sendo útil no auxílio da redução do edema dos tecidos prolapsados, embora Smith (2006) afirme que a ação do açúcar quando aplicado livremente no útero tenha seu valor limitado.

Após o reposicionamento da mucosa uterina prolapsada a mesma foi mantida na sua posição normal com o uso da técnica de Flessa modificado para a oclusão da vulva. Segundo Prestes e Alvarenga (2012) para manter os tecidos prolapsados no interior da vulva, utilizam-se suturas vulvares, podendo ser utilizados para essa operação vários processos cirúrgicos. O uso da técnica de Flessa modificado no caso em questão se deu devido à habilidade do médico veterinário em realizá-la e também por ser de fácil remoção ao fim do tratamento. Adams (2012) relata não ter tido sucesso com o uso da técnica de flessa modificada em um caso clínico de prolapso cervical e vaginal em um zebuíno.

Ao fim da técnica administrou-se no animal para a prevenção de infecções secundárias uma aplicação de antibiótico a base de Cloridrato de Ceftiofur, que segundo Webster (2005) é a única cefalosporina aprovada para animais de produção. Ao contrário da maioria das cefalosporinas de terceira geração, tem boa atividade contra bactérias Gram (+), é também eficaz contra a maioria dos Gram (-), exceto Pseudomonas sp. De acordo com Vadem e Riviere (2003) as cefalosporinas distribuem-se de forma ampla por todo o organismo e alcançam elevadas concentrações no sangue, bile, entre outros. Sendo o motivo pelo qual o veterinário fez o uso desse medicamento, na dosagem de 20mL da associação comercial, ou seja, 2mg/Kg, via intramuscular, por três dias.

O Cetoprofeno utilizado no animal segundo Spinosa et al. (2010) é um antinflamatório não esteroidal que atua rapidamente na analgesia, redução do edema e no bloqueio de respostas inflamatórias. É absorvido rapidamente no trato gastro intestinal e atua bloqueando a cicloxigenase. Utilizou-se no animal a dosagem de 3mg/kg, via endovenosa, no dia do atendimento, repetindo por mais três dias, via

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intramuscular, sendo possível perceber que o animal teve um alívio considerável da dor desde a primeira aplicação.

Conforme Prestes e Alvarenga (2012) o prognóstico em geral é bom com relação à vida, porém reservado quanto à fertilidade futura do animal. Já Smith (2006) afirma que o prognóstico pode variar, mas em geral é favorável se não tiver ocorrido grave lesão uterina, todavia a taxa de infertilidade é mais alta que a de outras vacas do rebanho, tendo ainda como consequência um maior intervalo entre partos nas vacas acometidas. Diante do caso recomendou-se ao produtor que acompanhasse a involução uterina do animal, bem como a ocorrência de alguma outra patologia que por ventura viesse acometer o animal, para que então o mesmo avaliasse a viabilidade de manter o animal em seu plantel.

Conclusão

O prolapso de útero pode acometer bovinos leiteiros com frequência após o parto, o que implica na necessidade de um acompanhamento contínuo do rebanho, principalmente no período que antecede o parto e os dias subsequentes para que se possa diagnosticar precocemente as patologias mais comuns desse período, como o prolapso de útero, por tanto o sucesso do tratamento varia de acordo com a precocidade do diagnóstico nesses casos. A conduta clínica emergencial também é de fundamental importância para se obter o êxito na terapia adotada, favorecendo o animal a retomar sua atividade reprodutiva o mais rápido possível, minimizando as perdas econômicas. Pode-se concluir também que, a técnica de Flessa (modificada) utilizado nesse caso, teve sucesso pelo fato do animal não apresentar recidiva nos dias subsequentes ao tratamento.

Referências Bibliográficas

ADAMS, R. C. Prolapso Vaginal e Cervical em Bovino de Corte de Raça

Zebuína. 2012. 53p. Relatório Final de Estágio, Universidade Regional do Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2012.

DIVERS, T. J., PEEK, S. F. Diaseases of Dayey Cattle. 2. ed. Missouri: Elsevier, 2008. 686 p.

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MAMA, K. R., STEFFEY, E. P. Anestésicos locais. In: ADAMS, H. R. Farmacologia

e terapêutica em veterinária. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. cap.

15. p. 285-298.

PRESTES, N. C.; LANDIM-ALVARENGA, F. C. Obstetrícia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 241 p.

RADOSTIS, O. M. et al. Clínica veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 1737p.

SPINOSA, H. S. et al. Farmacologia aplicada a medicina veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 897 p.

SMITH, B. P., Medicina interna de grandes animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2006. 1728 p.

TURNER, A. S., McILWRAITH, C. W., Técnicas cirúrgicas em animais de grande

porte. São Paulo: Roca, 2002. 341 p.

VADEM, S. L., RIVIERE, J. E. Penicilinas e antibióticos B-lactâmicos. In: ADAMS, H. R. Farmacologia e terapêutica em veterinária. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. cap. 41. p. 683-689.

WEBSTER C. R. L., Farmacologia Clínica – Em Medicina Veterinária. 1. ed. São Paulo: Roca, 2005. 155 p.

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RELATO DE CASO II

Cisto ovariano em vaca holandesa

Dauri Perotto Junior, Denize da Rosa Fraga, Lucas Locatelli

RESUMO

Muitos problemas na reprodução de bovinos leiteiros estão relacionados a patologias que afetam, direta ou indiretamente, o sistema reprodutor, tendo como consequência grandes perdas econômicas aos produtores de leite, sendo que uma causa comum de déficit reprodutivo em matrizes leiteiras são as alterações ovarianas que podem causar no animal irregularidade cíclica e consequentemente um maior intervalo entre partos, tornando de suma importância seu diagnóstico nos rebanhos leiteiros. Este trabalho tem como principal objetivo relatar um caso clínico de ocorrência de cisto ovariano, diagnosticado via palpação retal, em uma fêmea leiteira da raça holandesa. O cisto ovariano ou doença folicular cística é uma das alterações reprodutivas que tem grande importância para bovinos, sendo que nesse caso foram utilizados no tratamento hormônios sintéticos como progesterona, prostaglandina e Gn-RH para restabelecer o ciclo estral do animal. Pode-se concluir que diversos são os tipos de tratamento descritos em literatura nessa situação, sendo que o tratamento hormonal utilizado nesse caso teve prognóstico favorável em relação ao restabelecimento do ciclo estral da fêmea.

Palavras-chave: bovino, anestro, reprodução.

Introdução

Muitos problemas na reprodução de bovinos leiteiros estão relacionados a patologias que afetam, direta ou indiretamente, o sistema reprodutor feminino, tendo como consequência grandes perdas econômicas aos produtores de leite no Brasil, o

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que torna imprescindível para o sucesso da cadeia produtiva um melhor entendimento sobre as possíveis patologias reprodutivas que podem acometer os bovinos. Uma causa comum de déficit reprodutivo em matrizes leiteiras são as alterações ovarianas que podem causar no animal irregularidade cíclica e consequentemente um maior intervalo entre partos, tornando-se de suma importância seu diagnóstico nos rebanhos leiteiros. Prestes e Alvarenga (2012) relata que um intervalo ótimo entre partos seria de 12 meses para bovinos.

O cisto ovariano folicular, ou doença folicular cística, é uma das alterações reprodutivas que tem grande importância para bovinos, segundo Smith (2006) os cistos ovarianos estruturalmente assemelham-se a folículos ovarianos, e se originam devido a uma falha na ovulação. Apresentam-se de um modo geral com mais de 25mm de diâmetro e prosseguem na ausência de corpo lúteo por um período superior a dez dias. Conforme Bueno et al. (2007) é alta a ocorrência de cistos ovarianos em vacas leiteiras, sendo causa de muitos transtornos na cadeia produtiva.

De acordo com Andrade (2008) a ovulação é um mecanismo fisiológico complexo no quais vários fenômenos endócrinos, bioquímicos, celulares e mecânicos têm participação, sendo que a etiologia dos cistos ovarianos pode estar ligada a qualquer um desses mecanismos. Contudo, uma das hipóteses mais utilizadas está relacionada aos níveis inadequados de hormônio luteinizante na fase final de maturação folicular, sendo insuficiente para que ocorra a ovulação e assim surjam os cistos ovarianos foliculares.

Este trabalho tem como principal objetivo relatar um caso clínico de ocorrência de cisto ovariano, em um bovino leiteiro, em anestro, da raça holandesa.

Metodologia

No período da realização do estágio foi atendido no município de Áurea, Rio Grande do Sul, Brasil, uma propriedade rural, onde ao realizar exames ginecológicos nos animais, algumas patologias reprodutivas foram diagnosticadas, entre elas a ocorrência de cisto ovariano em uma fêmea, da raça holandesa, do plantel. Após identificação do animal, na anamnese o proprietário relatou que o bovino não apresentava sinais de cio desde o parto ocorrido há quatro meses, tinha uma boa produção diária de leite e que o animal possuía um grande valor genético. O

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proprietário relatou ainda que em sua ficha de controle reprodutivo do rebanho consta que o animal em questão não necessitou auxílio para parir e que teve uma involução uterina normal, quando examinada por outro veterinário, alguns dias após o parto.

Frente ao exame clínico, o animal apresentava um bom escore corporal, avaliado com nota 3 em uma escala de 1 a 5, as mucosas apresentavam-se normocoradas e não se aferiu temperatura, bem como freqüência cardíaca e respiratória. Ao avaliar o útero e ovários via palpação retal não foram encontradas alterações em relação ao útero do animal, o mesmo encontrava-se sem contratilidade e com simetria de cornos uterinos. Já nos ovários foram encontradas pequenas vesículas de diferentes tamanhos parecendo estarem repletas de líquido, sem a presença de corpo lúteo, suspeitando-se de ocorrência de cisto folicular.

Após a constatação cística, optou-se por realizar no animal um protocolo para o tratamento de cisto folicular e restabelecer a ciclicidade no animal. O protocolo teve duração de 11 dias e teve inicio com a aplicação intramuscular com 5mL de uma associação comercial a base de acetato de buserelina (0,02mg) juntamente com a inserção de um dispositivo intravaginal de progesterona (1,9g), sendo que o mesmo permaneceu no animal até o 9º dia do protocolo. O dispositivo intravaginal foi implantado no animal, com o uso de um aplicador específico devidamente limpo, após uma lavagem na região da vulva com uma solução de água e iodo com o objetivo de evitar a entrada de sujidades no trato genital do bovino, prevenindo assim uma possível contaminação que trouxesse prejuízos ao animal. Após estes procedimentos recomendou-se ao produtor que o mesmo administrasse via intramuscular no 7º dia de tratamento, 2mL de um produto comercial a base de d-Cloprostenol (0,150mg) e retirasse o dispositivo intravaginal no 9º dia de tratamento, observando o cio no 11º dia e inseminasse o animal.

Ao final do tratamento conforme recomendado o proprietário realizou a inseminação, onde relatou posteriormente que o animal não confirmou a gestação, contudo apresentou cio 21 dias após a inseminação, demonstrando que sua atividade cíclica supostamente tivesse retornado ao normal e novamente foi inseminado.

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Resultados e Discussão

Segundo Hafez e Hefez (2004) o ciclo reprodutivo das fêmeas bovinas está relacionado com vários fenômenos como maturidade sexual, puberdade, ciclo estral e atividade sexual pós-parto, tudo isso regulado por fatores ambientais, genéticos, fisiológicos, hormonais e comportamentais.

De acordo com Smith (2006) as fêmeas bovinas são animais poliéstricos, com ciclo estral variando entre 14 a 25 dias, mas em média o ciclo dura 21 dias e as vacas tem sua ovulação espontânea após o término do estro. Segundo Cunningham (2004) o ciclo estral nas vacas é dividido em estágios, sendo eles anestro, proestro, estro, metaestro e diestro. Ainda subdivididos em fase folicular (proestro e estro) e fase luteínica (metaestro e diestro) onde a ovulação separa as mesmas. Segundo Hafez e Hefez (2004) em vacas a ovulação ocorre geralmente entre 24 a 30 horas após o inicio do cio.

Os cistos ovarianos, ou também conhecidos como doença ovariana cística, segundo Nascimento e Santos (2003) caracterizam-se por ser estruturas foliculares com diâmetro maior que 20mm, sem a presença de corpo lúteo que permanecem por um período superior a 10 dias, com a interrupção da atividade ovariana cíclica normal. Ainda Andrade (2008) ressalva que o diagnóstico se dá facilmente baseando-se no histórico reprodutivo, bem como nos achados clínicos. No caso em questão por não ter disponibilidade de um aparelho de ultrassonografia para o diagnóstico definitivo, o diagnóstico presuntivo se deu via palpação retal com a constatação da presença de pequenas vesículas em ambos os ovários sem a presença de corpo lúteo, juntamente com o histórico clínico reprodutivo do animal de anestro. Andrade (2008) afirma que o sucesso do tratamento de cistos foliculares está diretamente relacionado com a precisão do diagnóstico.

Smith (2006) relata que através do exame dos ovários via palpação retal podem ser encontradas estruturas dilatadas repletas de líquido que se sobrepõem à superfície do ovário, aumentando consideravelmente o tamanho do mesmo. Com o uso da ultrassonografia pode ser feita à diferenciação mais precisa entre um único cisto de tamanho grande e diversos cistos de menor tamanho, bem como a presença de cistos luteínicos e foliculares. Ainda ressalva que as estruturas normais presentes nos ovários podem complicar o diagnóstico ao realizar o exame via palpação retal. O que reforça ainda mais a necessidade e o quanto é importante para o veterinário que trabalha a campo ter disponível o recurso de ultrassonografia para a realização de

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um diagnóstico preciso. De acordo com Muller e Heuwieser (2012) os cistos ovarianos podem ser identificados via palpação retal sem grandes dificuldades, contudo, diferenciá-los entre cisto folicular e cisto luteínico é dificultoso e podem ocorrer erros, neste sentido com uma imagem ultrassonogáfica é possível fazer essa diferenciação para adotar a terapia adequada.

Segundo Smith (2006) cerca de 70 a 80% das vacas que apresentam cistos foliculares permanecem em anestro, enquanto as demais, ou seja, de 20 a 30% apresentam sinais de ninfomania ou estro frequente. Já Bueno et al. (2007) afirma que o anestro seja o principal sintoma apresentado pelos bovinos. Conforme relatado pelo proprietário, o bovino em questão, não apresentou cio após o parto, permanecendo em anestro por aproximadamente 120 dias. Ainda segundo Smith (2006) o anestro é definido como uma falha na percepção do estro na fase prevista ou desejada e ainda pode ser incluído como uma das causas o cisto folicular. Como se acredita que seja a causa de anestro apresentada pelo animal em questão, contudo, Nascimento e Santos (2003) ressalvam que a ocorrência de cisto folicular em bovinos leiteiros se dá com maior frequência no primeiro ciclo após o parto e o comportamento da vaca com essa patologia pode ser variável.

Ainda de acordo com Nascimento e Santos (2003), não está clara a etiopatogenia do cisto folicular ovariano, embora uma das causas aceitas seja devido à resposta exacerbada do hormônio folículo estimulante (FSH) e não liberação do hormônio luteinizante (LH) pela adeno-hipófise. Outra hipótese seria que o hipotálamo não secrete o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), e com a falta desse hormônio não haverá estímulo para que a hipófise anterior secrete o LH e FSH. Outra causa de cisto folicular ovariano está relacionada com a ausência de receptores de LH no folículo maduro, quando há deficiência de LH e o folículo maduro não está exposto à ação do mesmo, não há ovulação. No animal em questão não se buscou definir qual a causa que levou o mesmo a apresentar essa patologia reprodutiva, justamente por se tratar de um mecanismo complexo que nem sempre é possível estabelecer uma causa única e definitiva. Contudo a fim de fazer com que o animal retornasse a atividade reprodutiva e restabelecesse o ciclo estral, fez-se o uso de um tratamento clínico para a patologia.

Smith (2006) afirma que o tratamento de cisto folicular ovariano visa induzir a luteinização do cisto para reestabelecer o ciclo estral novamente. Sendo que vários métodos vem sendo adotados para tratar essa patologia, dentre eles está desde a

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espera pela recuperação espontânea, o tratamento hormonal ou até mesmo a ruptura manual dos cistos, este por sua vez possui poucos estudos em relação ao índice de recuperação, mas os mesmos assemelham-se com a eficiência de resultados descritos pela recuperação espontânea, sendo pouco utilizado. No caso relatado optou-se por realizar o tratamento com hormônios para o tratamento clínico.

A progesterona utilizada via intravaginal no tratamento, na forma de dispositivo de liberação lenta de 1,9g, segundo Andrade (2008), tem a função de inibir a fase final do crescimento folicular, realizando a supressão da onda ovulatória, ou seja, simulando os efeitos de um corpo lúteo. Ainda Gonçalves et al. (2008) afirmam que a liberação de progesterona deve ser lenta e constante. Os demais hormônios utilizados juntamente com a progesterona na sincronização de estros têm por objetivo induzir a luteólise, sincronizar as ondas foliculares, promovendo de alguma maneira um grau de sincronismo nas ovulações.

No tratamento também foi utilizado acetato de burserelina, um análogo sintético de Hormônio Gonadotrófico (GnRH), na dosagem de 0,02mg. Thompson (2003) relata que a condição de cisto ovariano folicular pode ser tratada com aplicação de GnRH, resultando na luteinização da estrutura cística e o estro ocorrendo em 18 a 23 dias, também afirma que o seu uso se dá a fim de promover a ovulação ou a luteinização de um cisto ovariano. Segundo Spinosa et al. (2010) os análogos de GnRH tem sido bastante utilizados e podem causar aumento de sua atividade ou até mesmo a redução da mesma, e a sua aplicação estimula a ovulação em bovinos. Thompson (2003) afirma que o GnRH é secretado pelo hipotálamo e transportado para a hipófise, onde atua aumentando a secreção de FSH e LH, o autor ainda salienta que administrações frequentes de GnRH pode ocasionar em secreção diminuída dos hormônios hipotalâmicos trazendo prejuízos aos animais.

Segundo Smith (2006), para aumentar as chances de recuperação de animais císticos tratados com GnRH, no momento do diagnóstico pode se administrar uma dose luteolítica de prostaglandina 7 dias depois da dose de GnRH. Sendo assim se o cisto for folicular ou lúteo, quando o diagnóstico não for seguro na diferenciação, o tratamento será efetivo nas duas situações trazendo mais segurança ao tratamento. Esta foi a abordagem realizado nesse caso, foi aplicado via intramuscular no 7º dia de tratamento 0,150mg de Cloprosterol, um análogo de prostaglandina (PGF2a) objetivando reduzir o tempo para a inseminação. De acordo com Spinosa et al. (2010) o mecanismo de como atua a prostaglandina não está totalmente

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esclarecido, mas pode estar ligado a mudanças no fluxo sanguíneo por constrição dos vasos útero-ováricos, provocando isquemia e falta de aporte nutricional para as células que compõem o corpo lúteo. Segundo Kussler et al. (2011) os cistos podem ocorrer novamente após a realização do tratamento, o que deve ser considerado no descarte de animais acometidos.

Conclusão

A ocorrência de cisto ovariano folicular em bovinos leiteiros é uma patologia que embora haja muitos estudos, ainda há muito que ser pesquisado em relação às causas que levam os animais e desenvolverem os sintomas. A observação do comportamento dos bovinos em relação à reprodução é de grande valia para que juntamente com o exame clínico do trato reprodutivo se faça um diagnóstico seguro e preciso, também ficou evidente o quanto é necessário e útil fazer o uso da ultrassonografia para o diagnóstico definitivo. Pode-se concluir também que diversos são os tipos de tratamento descritos em literatura nessa situação, sendo que o tratamento hormonal utilizado nesse caso teve prognóstico favorável em relação ao restabelecimento do ciclo estral da fêmea. Como há casos de recidivas, os produtores devem ficar atentos quanto ao descarte dos animais acometidos.

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4 CONCLUSÃO

Durante a realização do Estágio Curricular em Medicina Veterinária percebeu-se o quanto é importante a pecuária leiteira para a economia da região do Alto Uruguai, bem como, para a permanência dos pequenos agricultores no meio rural. Também foi possível um melhor entendimento prático de como funciona a cadeia produtiva desse setor, onde foi possível conciliar e aprimorar os conhecimentos adquiridos durante os anos da graduação.

A Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Uruguai, através dos seus excelentes profissionais, propiciou um ambiente onde foi possível vivenciar o cotidiano e os desafios do médico veterinário que trabalha à campo.

Nesse contexto ficou evidente a importância da realização do estágio para a minha formação acadêmica e pessoal.

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