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Exceção feita a tudo aquilo que me é elogioso, a história que lhes vou contar é rigorosamente verídica. Todos os personagens são reais e nenhum nome f

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Academic year: 2021

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Exceção feita a tudo aquilo que me é elogioso, a história que lhes vou contar é rigorosamente verídica. Todos os personagens são reais e nenhum nome foi trocado, já que não há mais inocentes que mereçam proteção.

I.

O meu espírito estóico, com leve tendência ao masoquismo, fez-me acordar cedinho num domingo para suar e maldizer os sete quilômetros que separam o clube Monte Líbano do shopping Eldorado. Suei, maldisse e manquitolei todo aquele interminável Caminho de Abraão ao lado de sócio minoritário que mostrava uma desenvoltura saltitante – e ipso facto irritante – incompatível com as dores que meus tarsos e meus metatarsos irradiavam calcanhar adentro. Terminei, assim, em pouco mais de quarenta minutos, a interminável tortura.

Recusei a carona oferecida pelo minoritário, já pensando em uma ação de exclusão, liminares etc.: toda aquela exibição de disposição aniquilou a affectio societatis, como reconheceria qualquer juízo societário e sedentário.

Confiava nos cinqüenta reais que eu havia metido no zíper do short de corrida, ao lado do meu cartão de visitas (penso que se eu apagar, e souberem que sou advogado, me tratam bem, com medo de processo), para pagar a decerto extorsiva bandeira dois daquela manhã ensolarada.

Dizia o Ortega y Gasset, filósofo que vale por dois, que la vida es lo que hacemos… y lo que nos pasa. Na minha, a proporção do que me passa é muito maior do que aquilo que eu faço. E, enquanto eu claudicava pelas largas calçadas da Faria Lima à cata do redentor taxista, passou à minha frente a fachada de uma ingente padaria, de decoração retangular, emadeirada e envidraçada, que trazia a promessa de um Gatorade e de pãezinhos exóticos, com os quais eu imediatamente me dispus a surpreender a prole, por certo ainda no quinto sono, naquela manhã de sol e suor.

Cantarolando mentalmente o Libiamo, esvaziei o Gatorade gelado enquanto colhia chipas, pães australianos, cacetinhos portugueses e outras indecências das bancadas falsamente rústicas da resplandecente padaria.

Como o perspicaz leitor já sabe, mas esta besta nunca pensou, a minha frugal libação, acrescida das extravagâncias do farnel familiar, levou o caixa a somar nada menos que R$ 38,00. Como eu seria absolutamente incapaz de devolver o que quer que fosse às prateleiras, enrubesci de raiva, percebendo que os miseráveis R$ 12,00 que me sobraram não suportariam a auri sacra fames de nenhum taxista da Faria Lima.

Esta, então, a situação em que vos deixo, enquanto vou ali fazer uma petição: extenuado, manquitola, carregando sacolas de pães delicadíssimos, tinha apenas R$ 12,00 para fazer o percurso entre a Faria Lima e a acolhedora Vila Mariana. Só a Providência Divina me poderia salvar. E salvou, como verão.

II.

Quando vos deixei, encontrava-me em sérios apuros: tinha R$ 12,00 para ir da brutal Faria Lima à doce Vila Mariana. Estávamos nas primeiras horas de um domingo; eu tinha atrozes dores calcâneas e carregava nas mãos o delicado pão-nosso daquele dia. Era um dilema. Mas a solução não demorou para atingir as minhas retinas fatigadas: um ônibus, dirigido em velocidade diretamente proporcional ao mau-humor de quem é

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obrigado a dirigir um ônibus no domingo de manhã, passou junto ao meio-fio, fazendo saltar de uma poça despercebida uma água preta, grossa e perfumada, na minha atlética, conquanto ligeiramente hesitante, fisionomia.

Juntei uma sacola à outra na mão esquerda e, com a direita, eliminei o que pude da malcheirosa gosma, além da bituca que havia se aninhado às minhas sobrancelhas. Foi então que me ocorreu, com a rapidez de um raio: um ônibus! Mas qual? Meu interesse por transporte público cessa no metrô, e a linha quatro ainda era, naquela sofrida matina, uma amarela esperança.

Passei a examinar as placas indicativas que se colocam, estrategicamente, nos pontos de ônibus. Algumas delas, quando se consegue limpar um pouco a poluição da rua e os rabiscos dos pujantes grafiteiros, trazem os roteiros dos coletivos: era só achar algum que passasse minimamente próximo à onírica Vila Mariana e, voilá, depois de uns poucos sacolejos, eis-me em casa.

Manquei pelo primeiro ponto; nada. No segundo, não consegui ler os roteiros, por conta de ofertas de serviços, lançadas com certa audácia e alguma crueza, em pequenos adesivos que alguém – quiçá o(a) própria(o) prestador(a) de serviços – havia pregado na placa. E justamente naquele momento, enquanto tentava imaginar o que seria o “tudo, sem frescura” que a Nicole propunha-se a fazer, e porque raios alguém anunciaria, com o número do telefone, sua questionável posição política (“Leila liberal” – aliás, ninguém se anunciava “conservador”, o que só corrobora o que já sabemos, isto é, que a esquerda está dominando o País), mas justamente naquele momento de hesitação e dúvida, passou, em velocidade decerto muito superior à permitida no local, um ônibus com as duas aneladas palavrinhas no visor: “Ana”e “Rosa” (para quem é alienígena, não custa explicar: a estação Ana Rosa é na Vila Mariana, uma bairro todo feminino e burguesinho, onde ainda vivem, e estacionam em fila dupla, muitos herdeiros do brioso serviço público paulistano).

O zeloso motorista, no entanto, não atendeu ao meu clamor braçal, indo parar apenas dois pontos adiante. Tentando evitar espalhar minhas preciosas chipas pela calçada (confesso que havia mastigado uma, entre a padaria e o ponto, tendo rasgado um cantinho do saco de papel para levá-la à boca, já que a mão estava insalubérrima), corri claudicante pela esburacada calçada, apenas para ver o coletivo, depois de depositar um obeso cidadão na calçada, afastar-se desinteressada mas constantemente, sem dar ouvidos às minhas polidas imprecações.

Perdia já as esperanças: o gorducho, depois de estranhar o meu estado geral de aparência, virara a esquina e a Faria Lima – como decerto nunca mais acontecerá na história da cidade – ficou integralmente deserta, a não ser pela minha já-não-tão-augusta presença.

Mas eis que a Providência Divida – sim, eu já lhes havia alertado: a Providência Divina! – pôs nos meus olhos cabisbaixos, desta vez, não mais os negros respingos da sujeira asfáltica, mas uma reluzente (tão reluzente quanto é possível a uma nota ser) nota de R$ 20,00.

Sim, você talvez já tenha lido algo parecido por aqui – mas é a pura verdade: apareceram, milagrosamente, R$ 20,00. Suficientes para, somados aos R$ 12,00 que me restavam, contentar qualquer taxímetro dominicial.

Procurei o adiposo cidadão; cheguei até a dobrar a esquina por onde ele tinha ido para tentar avistá-lo – a nota só poderia ter caído de algum bolso que a pança impedia de ficar fechado. Mas ele já se escafedera. E a nota ficou sendo inexoravelmente minha.

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Com o mesmo sentimento que Lancelot teve ao avistar a Guinevere pela primeira vez, vi emergir daquele vazio urbano, branco e impoluto, o ansiado táxi. Sinalizei e entrei rápido o bastante para que o motorista não pudesse me recusar (o cheiro dos resquícios da pocinha preta era realmente atroz) e cantarolei ao nobre piloto: “Vila Mariana, por favor!”. Estava, enfim, a caminho da segurança. E mal sabia o preço que pagaria por isso.

III.

A boa sorte daquela fatídica manhã, contudo, não me abandonou: eu não conseguia esquecer que tinha encontrado R$ 20,00 num momento de seriíssimas dificuldades; tinha o dever moral e a supersticiosa obrigação de passar adiante a graça recebida. A oportunidade veio em outro dia de competição pedestre: voltava eu, agora de metrô, de um embate de 9 km. Portava um paupérrimo farnel que distribuem aos gordotos velocistas no final dessas provas, e que contém uma arenosa maçã, uma espancada banana e um indecifrável sanduíche. Também trazia nos fundilhos – do calção, esclareça-se – uma nota de R$ 20,00 (mas outra, claro; aquela eu tinha usado para pagar o táxi, como o mais atento leitor recordará).

Saindo da Estação Ana Rosa, avistei um senhor mendigo que galhardamente abordava os transeuntes com pedidos formulados com alguma rudeza vocabular – talvez por isso, o que conseguia eram olhares de pavor das moças e xingamentos variados dos rapazes. Ele olhou para mim, há-de ter percebido o suor que me encobria, os tênis desgastados, o ar aparvalhado e virou o rosto com ar de superioridade.

Mas eu já estava decidido: precisava repassar os R$ 20,00. E para não arriscar um agradecimento muito efusivo, meti a nota no farnel, dei meia volta, botei o pacote na mão estendida do mendigo e continuei caminhando rápido, sem olhar para trás.

Cria, enfim, ter pago minha dívida divino-previdenciária. Mas, o quê: aquela ponta de orgulho ferido que senti ao perceber o desprezo no olhar mendigo era um sinal da culpa rascolnicóvica que estava por me esperar. E eu, feliz e ingênuo com a falsa boa ação, não o percebi.

IV

No final da tarde do dia seguinte, eu cambaleava de volta ao meu reduto, Conselheiro Rodrigues Alves abaixo, com um saudável e distante dolorido nas panturrilhas e com a cabeça nas plúmbeas nuvens que sempre aparecem depois de um dia de insano lavor. Fui arrancado do meu alheamento aparvalhado por um tropicão, inesperado como os tropicões insistem em ser. O golpe foi suave, mas suficiente para catapultar meus fones dos pavilhões auriculares, interrompendo um assobio do Renato Carosone. Voltei o olhar, raivoso, para a protuberância desequlibrante, já dirigindo pensamentos impróprios ao Kassab (é dele a culpa de tudo, não é?) – e tive o susto de uma década. Não fosse eu experimentado (embora eventual) esportista e decerto meu radiador cardíaco, naquela hora, teria entrado em ebulição: era um pé, um enorme e sujo e cheio de unhas pé, que saía de debaixo de uns trapos largados no muro.

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Trêmulo e temendo encontrar apenas o resto de um fêmur preso ao imundo apêndice, afastei os trapos para me deparar exatamente com o mendigo a quem eu havia, na véspera, contrabandeado os R$ 20,00. Ao lado dele, jaziam, vazias e culpadas, quatro garrafas pet, dessas pequenas e bojudinhas, decerto previamente prenhes de pinga clandestina. O cidadão estava absolutamente inerte, salvo pelo cheiro forte, verde e agressivo, que espancava minhas boquiabertas e indefesas narinas.

Minha judaico-cristã conclusão era inevitável: matei-o! Dei vinte reais e ele bebeu tudo em pinga clandestina! Entrou em coma alcoólico e apagou aqui, abandonado na rua. E eu ainda chutei o seu pé!

Olhos marejados, pensei que não havia muito o que fazer. E o pouco que podia fazer, fiz.

V.

O que havia a fazer, e eu fiz, era ligar do celular para o 156, que me parece uma espécie de factótum do Kassab. Não foi ele que atendeu, contudo: era uma moça de voz muito simpática, a quem comecei a narrar a questão com gusto. Chegava no momento do tropicão fatal quando percebi que ela não se interessava pela minha história, e propunha alternativas: se quisesse falar sobre iluminação, deveria discar 1, transporte público 2, e várias outras opções.

A questão que eu queria tratar era multifacetada, envolvia diversos daqueles algarismos. Disquei todos, um por vez, até que surgiu na linha outra mocinha (ou assim supus, pela voz que pipilava no final de cada palavra, como se costuma fazer no final da adolescência), esta um pouco mais irritada:

- Com quem falo?

Sem hesitar, informei meu nome, RG ,endereço e telefone. O celular (sempre informo só o celular, por segurança).

- Pois não, seu Mauro. O que o senhor deseja?

- Nada para mim, obrigado. É sobre um senhor que está aqui na rua…

- Ele está incomodando? Se estiver incomodando, o senhor deve ligar para o 190. - Não, não, não me incomoda. É que acho que ele morreu.

- Ah, é acidente? O serviço de remoção do SAMU…

- Não, não. Calma, eu explico. Acho que ele bebeu demais e não sei se está em coma ou se morreu.

- Mas não dá para o senhor verificar a pulsação?

- Eu tentei, mas não consigo me concentrar. Quando chego perto demais, o cheiro… - É morador de rua?

- Não, filha. Já lhe dei meu endereço e tudo! - O senhor não, ele.

- Ah, sim. Acho que sim.

- Mas ele está incomodando? Se estiver incomodando…

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- O senhor também não precisa usar essa linguagem. - O que foi que disse? Feder?

- Ah, entendi outra coisa, desculpe. Ele fede muito?

- Extraordinária e agressivamente. Mas não foi por isso que liguei. - Por que ligou então, meu senhor? Este número já tem…

- Calma, eu explico.

E expliquei, enfim, o que o atento leitor já sabe. Ela pipilou:

- Então o senhor aguarde, que eu vou mandar um pessoal aí, para ver se ele está vivo. - Aguardo aqui? No meio da rua?

- Não senhor. Aguarde onde quiser. Depois do atendimento, aviso o senhor.

Desliguei, confesso, com descrença: primeiro, porque esperava falar com o Kassab ou com algum assessor próximo dele, não com uma adolescente pipilante. Depois, convenhamos quem espera que serviços da prefeitura dêem retorno?

Pode até parecer propaganda eleitoral, mas não é: pouco depois, quando eu já tirava as suadas peúgas e me preparava para entrar em minhas vestimentas de nuit, atendi ao telefone e, de imediato, reconheci a pipilante moçoila.

VI.

- Sr. Mário?

- É Mauro, pois não.

- Então, o pessoal da assistência social foi até o endereço que o senhor passou, seu Paulo, e conversou com o morador de rua.

- Ah, ele está vivo, então?

- Acho que sim, porque ele disse aos assistentes que não queria nada, não iria para lugar nenhum e estava tudo beleza.

- Poxa, mas não dá para levar ele para, sei lá, pentear o cabelo, arrumar um emprego? - Olha, pelo que o pessoal disse, ele vai precisar muito mais que um penteado novo para arrumar um emprego.

Com uma resignada aquiescência, agradeci a atenção da moça, que pipilou um “algo mais?” e, diante da minha perplexa negativa, desligou.

Resolvi que pararia por ali mesmo: se o cara está vivo, ótimo. Daí para frente é com ele; se não quer nem a ajuda do Kassab, que poderia eu fazer? Os Kassabs existem não para fazer o bem à revelia dos cidadãos, mas para evitar que se faça o mal - e olhe lá. Minha consciência, porém, não me largava: passei a noite pensando no destino daquele cidadão a quem eu, querendo fazer um bem social, fiz tanto mal. Na manhã seguinte saí de casa com tanta pressa, que acabei esquecendo de pôr o cinto. Mas tanta era a minha curiosidade que fui assim mesmo – de paletó, gravata e sem cinto.

O mendigo ainda estava lá na calçada, embaixo do mesmo amontoado de espuma de colchão e trapos. Enfrentei, sem pensar nem respirar, o fedor agravado por mais uma noite sem banho e cutuquei-o no que parecia ser seu ombro. O corpo inteiro balançou e

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um olho só se abriu, ao mesmo tempo em que a boca, embaixo de uma barba imemorial, se zangava.

- Mas não se pode dormir nesta rua, meu Deus do céu?

- Ah, o senhor desculpe, viu. É que eu achei que o senhor não estava bem, e quis ver se precisava de ajuda.

Ele abriu o segundo olho, arqueando o sobrolho com ar de surpresa. Intuí que ele não estivesse acostumado a receber ofertas tão generosas.

- O senhor reparou que está sem calças?

A sorte é que uso boxers pretas e o escândalo não foi tão grande. Só uma senhora que passava justamente naquele instante, imaginando sabe-se-lá que perversão, deu-me um chute no tornozelo e declinou palavrões que fariam enrubescer o tarado que ela achava que eu era. Trouxe as calças de volta à cintura e tornei à minha filantrópica missão: - Desculpe, esqueci o cinto. Posso lhe dar alguma ajuda?

- Bom, preciso aí de uns vinte contos, o senhor pode me arranjar?

Mas justamente vinte reais? Era a quantia que despertara toda a saga, a cifra que, qual o farfalhar de uma asa de borboleta, havia modificado tanto o universo que, agora, eu tinha um hematoma no tornozelo! Vinte! Por que não dez ou cinqüenta? Por que vinte? Foi justamente o que vocalizei:

- Vinte! Por que não dez ou cinqüenta? Por que vinte?

- É que ontem eu estava precisando comprar uns remédios aí, de vinte reais. O senhor vai achar que é mentira, mas eu achei uma nota de vinte num saquinho de pão que me deram ontem. Comprei os remédios, tomei e dormi que nem um neném. E quando a gente tem sorte assim, precisa repassar, né. E aí, doutor, pode arranjar uns vinte?

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