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Preço € 1,50. Número atrasado € 3,00

L’OSSERVATORE ROMANO

EDIÇÃO SEMANAL

EM PORTUGUÊS

Unicuique suum

Non praevalebunt

Ano LII, número 23 (2.720) Cidade do Vaticano terça-feira 8 de junho de 2021

Solenidade de Corpus Christi

To r n a r - s e

pão partido

para os outros

Reconciliação

e cura

No Angelus a dor do Papa pela

desconcertante descoberta

dos restos de 215 crianças numa

ex-escola católica no Canadá

«As nossas Eucaristias transformam o mundo na medida em que nos deixarmos transformar e nos tornarmos pão partido para os outros», afirmou o Papa Francisco na Missa do Corpo e Sangue de Cristo ce-lebrada na tarde de domingo, 6 de junho, na Basílica de São Pedro. Na sua homilia, o Pontífice comentou três imagens pro-postas pelo Evangelho da solenidade: a do jarro de água, pois — explicou — «é a sede de Deus que nos conduz ao altar. Se não há sede, as nossas celebrações tornam-se áridas»; a da grande sala no andar de cima, para recordar que «a Igreja dos perfeitos e dos puros é uma sala onde não há lugar pa-ra ninguém», enquanto que «a Igreja de

portas abertas... é, ao contrário, uma gran-de sala ongran-de todos pogran-dem entrar», justos e pecadores; e por fim a de Jesus que parte o Pão, «gesto eucarístico por excelência, o gesto identificador da nossa fé».

PÁGINA8

N

ESTE NÚMERO

O Pontífice reformou as sanções penais

Não há misericórdia

sem correção

PÁGINA2

Audiência geral de quarta-feira

Até no pecado e nas

dificuldades podemos

contar

com a prece de Jesus

PÁGINA3

Rumo à XVIassembleia geral ordinária

«Por uma Igreja sinodal:

comunhão, participação

e missão»

PÁGINAS4E5

Mensagem para a festa do Vesakh

Budistas e cristãos juntos

pela cultura do cuidado

e da solidariedade

PÁGINA6

Exploração da Amazónia e plano de ação da Fao

O mundo será salvo

pelos camponeses

CHIARAGRAZIANI NA PÁGINA7

Vestido vermelho de criança pendurado numa cruz perto da antiga Escola Residencial Indígena em Kamloops, British Columbia, Canadá, depois de terem sido encontrados os restos mortais de 215 crianças, algumas com apenas três anos de idade (Jennifer Gauthier/Reuters)

Acompanho com tristeza as notícias que chegam do Canadá sobre a descoberta desconcertante dos restos mortais de duzentas e quinze crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School na pro-víncia de British Columbia. Uno-me aos Bispos deste país e a toda a Igreja católica no Canadá pa-ra expressar a minha proximidade ao povo cana-dense, que ficou traumatizado com a notícia cho-cante. A triste descoberta aumenta ainda mais a consciência das dores e dos sofrimentos do passa-do. As Autoridades políticas e religiosas do Ca-nadá continuem a colaborar com determinação

para esclarecer esta triste vicissitude e para se em-penhar humildemente num caminho de reconci-liação e de cura. Estes momentos difíceis consti-tuem uma forte exortação para que todos se afas-tem do modelo colonizador e caminhem lado a lado no diálogo, no respeito recíproco e no reco-nhecimento dos direitos e dos valores culturais de todas as filhas e filhos do Canadá. Confiemos ao Senhor a alma de todas as crianças que morreram nas escolas residenciais do Canadá e oremos pe-las famílias e comunidades autóctones do Cana-dá, acometidas pela dor. Rezemos em silêncio!

Consternado pela «desconcertante descoberta dos restos de duzentas e quinze crianças, alunas» de uma escola católica no Ca-nadá, o Papa uniu-se aos bispos canadenses e a toda a Igreja do país norte-americano para expressar «proximidade ao povo traumatizado com a notícia chocante». O apelo ressoou no final do Angelus de domingo, 6 de junho, recitado com os fiéis pre-sentes na Praça de São Pedro. Anteriormente, como de costume, o Pontífice dedicou a sua reflexão (que publicamos na página 8) à solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.

(2)

L’OSSERVATORE ROMANO

EDIÇÃO SEMANAL EM PORTUGUÊS

Unicuique suum Non praevalebunt

Cidade do Vaticano

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O Pontífice reformou as sanções penais

Não há misericórdia

sem correção

Foi criado pelo Papa Francisco no Consistório de 28 de novembro passado

Faleceu o cardeal Cornelius Sim

primeiro purpurado do Brunei

Entrevista ao arcebispo Filippo Iannone

Um direito penal mais forte

depois do escândalo dos abusos

«Apascentai o rebanho de Deus, velando sobre ele não constrangidos, mas como agrada a Deus» (cf. 1 Pd 5, 2). Começa com estas palavras do apóstolo Pedro a constituição apostólica Pascite gregem Dei, com que o Papa Francisco re-forma o Livro VIdo Código de

Direito Canónico sobre as san-ções penais na Igreja. O novo texto, apresentado a 1 de ju-nho na sala de imprensa da Santa Sé, entrará em vigor no próximo dia 8 de dezembro.

«Para responder adequada-mente às exigências da Igreja no mundo inteiro — explica Francisco — parecia evidente a necessidade de submeter à re-visão também a disciplina pe-nal promulgada por São João Paulo II a 25 de janeiro de

1983, no Código de Direito Canónico, e que precisava mo-dificá-la de modo a permitir que os Pastores a utilizem co-mo instrumento salvífico e corretivo mais ágil, a utilizar tempestivamente e com cari-dade pastoral, para evitar ma-les mais graves e curar as feri-das provocaferi-das pela fraqueza humana».

O Papa recorda que Bento

XVI deu início a esta revisão

em 2007, comprometendo «em espírito de colegialidade e cooperação» peritos em Di-reito canónico do mundo in-teiro, Conferências episcopais, superiores maiores de institu-tos religiosos e dicastérios da Cúria romana. Um trabalho intenso e complexo, apresen-tado ao Pontífice em fevereiro de 2020.

Francisco observa que, ao longo dos séculos, a Igreja se dotou de regras de conduta «que unem o Povo de Deus e por cuja observância os Bispos são responsáveis», realçando que «a caridade e a misericór-dia exigem que um Padre se comprometa também a endi-reitar o que às vezes se distor-ce».

Trata-se de uma tarefa — ex-plica — «que se deve cumprir como uma exigência concreta e irrenunciável de caridade não só para com a Igreja, a co-munidade cristã e as eventuais vítimas, mas também para com quantos cometeram um crime, que precisam da miseri-córdia e ao mesmo tempo da correção da Igreja. No passa-do, causou muitos danos a fal-ta de perceção da relação ínti-ma existente na Igreja entre o exercício da caridade e o recur-so — quando as circunstâncias e a justiça o exigirem — à disci-plina sancionatória». Um mo-do de pensar que tornou mais difícil a correção, «criando em muitos casos escândalo e con-fusão entre os fiéis». Assim, «a negligência de um Pastor em recorrer ao sistema penal torna manifesto que ele não cumpre reta e fielmente a sua função». Com efeito, «a caridade exige que os Pastores recorram ao sistema penal sempre que for oportuno, tendo presentes as

três finalidades que o tornam necessário na comunidade eclesial, nomeadamente, o res-tabelecimento das exigências da justiça, a emenda do réu e a reparação dos escândalos».

«O novo texto — afirma o Papa — introduz modificações de vários tipos no direito vi-gente e sanciona algumas no-vas figuras delituosas». Foi aperfeiçoada também «do ponto de vista técnico, sobre-tudo no que diz respeito a as-petos fundamentais do direito penal, como por exemplo o di-reito à defesa, a prescrição da ação penal, uma determinação mais específica das penas», oferecendo «critérios objetivos na identificação da sanção mais adequada a aplicar no ca-so concreto» e reduzindo a discricionariedade da autori-dade, de maneira a favorecer a unidade eclesial na aplicação das penas, «especialmente pa-ra delitos que provocam maior dano e escândalo na comuni-dade».

A constituição apostólica tem a data de 23 de maio de 2021, solenidade de Pentecos-tes.

GIANCARLO LAVELLA

U

ma reforma «necessária e há muito esperada» para “re v i g o -rar” o Direito penal canónico, inclusive à luz dos escândalos recentes, em particular dos “desconcertan-tes e gravíssimos episódios de pedofilia” na Igreja. Assim D. Filippo Iannone en-quadra a nova Constituição apostólica.

Quais são as principais modificações?

Foram previstas novas penas, tais como

a multa, o ressarcimento do dano, a priva-ção de toda ou parte da remunerapriva-ção ecle-siástica, de acordo com regras depois esta-belecidas pelas várias Conferências epis-copais. Além disso, prestou-se maior aten-ção ao elenco das penas de modo mais or-denado, com maiores detalhes, de manei-ra a permitir aos superiores, à autoridade eclesiástica, identificar as mais adequadas e proporcionais a cada crime. Algumas pe-nas que antes eram previstas apepe-nas para os clérigos agora foram estendidas a todos os fiéis, dado que hoje em dia existe uma

maior participação também na vida da Igreja, com o exercício de ministérios e de ofícios por parte de não-clérigos. Por con-seguinte, prevê-se que também para eles possa haver a suspensão. Estão previstos inclusive instrumentos de intervenção mais oportunos para corrigir e prevenir os crimes, pois a possibilidade de prevenir os delitos constitui uma das finalidades do ordenamento penal. Foram revistas as normas sobre a prescrição, também com o objetivo de reduzir o tempo dos proces-sos. Outras modificações referem-se à configuração dos crimes e também à intro-dução de novos crimes que correspondem às alteradas situações sociais e eclesiais.

O que muda no caso de abusos contra menores e de crimes de natureza patrimonial?

No que se refere à legislação sobre abu-sos contra menores, existe uma novidade que é sinal do desejo de realçar a gravida-de gravida-destes crimes e também a atenção a prestar às vítimas. No código anterior, os crimes que envolvem abusos contra meno-res estavam inseridos no capítulo: «Crimes

contra obrigações especiais dos clérigos». Hoje,

estes delitos estão enumerados no capítu-lo: «Crimes contra a vida, a dignidade e a

liberda-de do homem». Além disso, foi introduzido

também o crime de abuso contra menores, cometido não só por clérigos, mas tam-bém por membros de institutos de vida consagrada e por outros fiéis. Por outro la-do, no que diz respeito à matéria patrimo-nial, há várias novidades que tencionam pôr em prática, traduzir em normas, os princípios que o Papa Francisco recorda continuamente. Em primeiro lugar, o princípio da transparência na administra-ção dos bens, depois o princípio da corre-ta gestão da administração dos bens: por-tanto, são punidos os abusos de autorida-de, a corrupção — tanto o corrupto como o corruptor — a apropriação indébita, a “ma-la gestio” do património eclesiástico. É punida também a atividade dos adminis-tradores que, para o próprio benefício ou para favorecer terceiros, gerem os bens sem respeitar as normas previstas. Diga-mos que em matéria patrimonial há mais novidades em relação ao código de 1983.

No novo texto, qual é a relação entre misericórdia e justiça?

Não se trata de dois conceitos opostos, mas que estão intimamente ligados. São Paulo VIdizia que a justiça é a mínima

par-te da caridade. S. Tomás, comentando São Mateus nas bem-aventuranças, afirma que a justiça sem piedade conduz à crueldade, mas a misericórdia sem justiça leva à dis-solução da ordem. Recordemos que o Có-digo de Direito Canónico termina, afir-mando que a salvação das almas deve ser sempre a lei suprema na Igreja. A salvação das almas exige que quantos cometeram crimes também expiem a própria culpa. Portanto, punir quantos cometeram atos criminosos torna-se um gesto de miseri-córdia em relação a eles. Esta é uma res-ponsabilidade dos pastores. A misericór-dia requer que quem errou seja corrigido. Eis as finalidades da pena. Já no Código atual, as penas servem para restabelecer a justiça, para punir ações e também para compensar aqueles que sofreram uma vio-lência. O Papa afirma: «Promulgo o texto (...) na esperança de que ele seja instru-mento para o bem das almas, e que as suas prescrições sejam aplicadas pelos Pasto-res, quando for necessário, com justiça e misericórdia, conscientes de que pertence ao seu ministério, como dever de justiça — eminente virtude cardeal — aplicar penas quando o bem dos fiéis o exigir». Por con-seguinte, os votos são de que o presente texto seja recebido pela comunidade ecle-sial, pelos pastores e pelos fiéis, no sentido almejado pelo Papa. Se a vida na Igreja for vivida no respeito pelos direitos recípro-cos e no cumprimento dos próprios deve-res por parte de cada um, julgo que se pos-sa dizer que ela preserva a comunhão, fim último da Igreja.

Tendo recebido a triste notícia da morte do Cardeal Cornelius Sim, apresento as minhas sinceras condolências ao clero, aos religiosos e aos leigos do Vicariato Apostólico do Bru-nei. Com gratidão pelo fiel testemunho do Evangelho dado pelo Cardeal Sim ao servi-ço generoso da Igreja no Brunei e da Santa Sé, uno-me de bom grado aos fiéis para re-zar pelo seu descanso eterno. A quantos choram a morte do saudoso Purpurado, na esperança segura da Ressurreição, concedo cordialmente a minha Bênção apostólica, em penhor de consolação e paz em Jesus, Pri-mogénito entre todos aqueles que morre-ram.

FRANCISCO P P.

Pe s a r

do Santo Padre

O cardeal Cornelius Sim, vigário apostólico do Brunei,

primeiro purpurado do país asiático, faleceu no dia 29 de maio, no “Hospital Memorial Chang Gung”, na ci-dade de Taoyuan, Taiwan, onde estava internado para curas médicas desde 8 de maio passado. O saudoso car-deal tinha 70 anos. Nasceu a 16 de setembro de 1951, em Seria. Ordenado sacerdote a 26 de novembro de 1989, quando foi erigida a Prefeitura Apostólica do Brunei, a 21 de novembro de 1997, foi nomeado seu primeiro pre-feito apostólico. No momento da elevação a Vicariato Apostólico, a 20 de outubro de 2004, tornou-se seu pri-meiro vigário apostólico, tendo sido eleito simultanea-mente bispo titular de Putia in Numidia. Recebeu a or-denação episcopal a 21 de janeiro de 2005. No consis-tório de 28 de novembro passado o Papa Francisco criou-o cardeal com o título de São Judas Tadeu Após-tolo.

De ascendência chinesa e dusun, o cardeal Cornelius Sim, primeiro nativo do Brunei Darussalam a receber a

púrpura cardinalícia, depois de ter sido também o pri-meiro sacerdote e o pripri-meiro bispo do Sultanado do su-deste asiático, onde os católicos constituem um peque-no rebanho: cerca de 20 mil, em quase meio milhão de habitantes — dos quais dois terços seguem a religião de Estado, islão sunita — que são na maioria estrangeiros.

Por conseguinte, mesmo sendo pastor num dos paí-ses mais ricos do mundo, governava uma Igreja local entre as menores e mais jovens de todo o planeta, com apenas três paróquias.

Desde 2017 era vice-presidente da Conferência epis-copal da Malásia, Singapura e Brunei, depois de ter si-do seu secretário-geral durante si-dois anos.

Devido à pandemia de Covid-19, tanto ele como o cardeal José Fuerte Advincula, arcebispo de Capiz, nas Filipinas, não puderam participar no consistório de 28 de novembro passado; por isso o barrete, o anel e a bu-la com o título foram-lhes entregues sucessivamente por um representante do Pontífice.

(3)

L’OSSERVATORE ROMANO

número 23, terça-feira 8 de junho de 2021 página 3

«Esta mundanidade asfixiante cura-se saboreando o ar puro do Espírito Santo, que nos liberta de estar centrados em nós mesmos, escondidos numa aparência religiosa vazia de Deus. Não deixemos que nos roubem o Evangelho!» (Evangelii gaudium, 97).

Com estas palavras podemos resumir o encontro do Papa Francisco com a comu-nidade da pontifícia Academia eclesiástica (Pae), que teve lugar na tarde de 27 de maio, na sede da instituição na Piazza della Minerva 74, que há 320 anos forma os futuros representantes pontifícias. Um encontro simples, intenso e familiar, carate-rizado pela fraternidade e proximidade do sucessor de Pedro aos jovens sacerd o t e s que se preparam para viver o seu ministério ao serviço da Igreja e do Santo Padre nas várias missões diplomáticas.

Até no pecado

e nas dificuldades podemos

contar com a prece de Jesus

O Papa visitou a pontifícia Academia eclesiástica

Foi dedicada a Jesus como modelo e alma de cada oração a catequese do Papa Fran-cisco na audiência geral de quarta-feira, 2 de junho. Prosseguindo com os fiéis presen-tes no pátio de São Dâmaso o ciclo de refle-xões sobre o tema da oração, o Pontífice ga-rantiu que até no pecado e nas dificuldades é sempre possível contar com a oração de Cristo.

Estimados irmãos e irmãs bom dia!

Os Evangelhos mostram-nos como a oração era fundamental na rela-ção de Jesus com os seus discípu-los. Isto já é evidente na escolha da-queles que mais tarde iriam ser os Apóstolos. Lucas coloca a eleição deles num exato contexto de

ora-ção, dizendo assim: «Naqueles dias, Jesus foi para o monte a fim de fazer o ra ç ã o , e passou a noite a o ra r a

Deus. Aquando nasceu o dia,

con-vocou os discípulos e escolheu do-ze entre eles aos quais deu o nome de apóstolos» (6, 12-13). Jesus esco-lhe-os depois de uma noite de ora-ção. Parece que não há outro crité-rio nesta escolha senão a oração, o diálogo de Jesus com o Pai. A jul-gar pela forma como esses homens se comportarão mais tarde, parece que a escolha não foi das melhores pois todos fugiram, deixaram-no sozinho antes da Paixão; mas é pre-cisamente isto, sobretudo a presen-ça de Judas, o futuro traidor, que mostra que esses nomes foram es-critos no desígnio de Deus.

A oração a favor dos seus amigos reapresenta-se continuamente na vida de Jesus. Os Apóstolos por ve-zes tornam-se um motivo de preo-cupação para ele, mas Jesus, dado que os recebeu do Pai, depois da oração, leva-os no seu coração, até com os seus erros, inclusive as suas quedas. Em tudo isto descobrimos como Jesus foi mestre e amigo, sempre pronto a esperar paciente-mente a conversão do discípulo. O ponto mais alto desta espera pa-ciente é a “tela” de amor que Jesus tece à volta de Pedro. Na Última Ceia Ele diz-lhe: «Simão, Simão olha que Satanás vos reclamou para vos joeirar como o trigo. Mas Eu ro

-guei por ti, a fim de que a tua fé não

desfaleça. E tu, uma vez converti-do, fortalece os teus irmãos» (Lc 22, 31-32). Impressiona, no tempo da tentação, saber que naquele mo-mento o amor de Jesus não cessa — “mas padre, se estou em pecado mortal, existe o amor de Jesus? — Sim — E Jesus continua a rezar por mim? — Sim — Mas se pratiquei coi-sas más e muitos pecados, será que

Jesus continua a amar-me? — Sim”. O amor e a oração de Jesus por ca-da um de nós não cessam, aliás, tor-nam-se mais intensos e nós estamos no centro da sua oração! Devemos sempre recordar isto: Jesus está a rezar por mim, está a rezar agora perante o Pai e mostra-lhe as feri-das que carregou consigo, para que o Pai possa ver o preço da nossa sal-vação, eis o amor que Ele nutre por nós. Mas, agora, cada um de nós pense: neste momento Jesus está a rezar por mim? Sim. Esta é uma grande certeza que devemos ter.

A oração de Jesus apresenta-se pontualmente num momento cru-cial do seu caminho, o da verifica-ção da fé dos discípulos. Ouçamos novamente o evange-lista Lucas: «Um dia em que Ele estava a

o ra r a sós com os

discí-pulos, perguntou-lhes: “Quem dizem as multidões que Eu sou?”. Responderam-lhe: “João Batista; ou-tros, Elias; ouou-tros, um dos antigos profetas re s s u s c i t a d o ”. Pergun-tou-lhes, então: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Pedro to-mou a palavra e res-pondeu, em nome de todos: “O Messias de D eus”. Ele proibiu-lhes, formalmente, de o dizerem fosse a quem fosse» (9, 18-21). As grandes mudanças da missão de Jesus são sempre precedidas de uma oração, não assim en passant, mas de oração intensa e prolongada. Há sempre naqueles momentos a oração. Esta verificação da fé parece ser uma meta, mas ao contrário é um ponto de partida renovado para os discí-pulos, pois dali em diante é como se Jesus assumisse um novo tom na sua missão, falando-lhes aberta-mente da sua paixão, morte e res-s u r re i ç ã o .

Nesta perspetiva, que instintiva-mente suscita repulsa, tanto nos discípulos como em nós que lemos

o Evangelho, a oração é a única fonte de luz e força. É necessário re-zar mais intensamente, cada vez que o caminho se torna íngreme.

E de facto, depois de anunciar aos discípulos o que o espera em Je-rusalém, tem lugar o episódio da Transfiguração. «Levando consigo Pedro, Tiago e João, Jesus subiu ao monte para o ra r. Enquanto orava, mo-dificou-se o aspeto do seu Rosto e as vestes tornaram-se de brancura fulgurante. E dois homens conver-savam com Ele: Moisés e Elias que, aparecendo rodeados de glória, fa-lavam da sua morte, que ia dar-se em Jerusalém» (Lc 9, 28-31), isto é, a Paixão. Portanto, esta manifesta-ção antecipada da glória de Jesus teve lugar na oração, enquanto o Filho estava imerso em comunhão com o Pai e consentiu plenamente à sua vontade de amor, ao seu desíg-nio de salvação. E daquela oração sobressai uma palavra clara para os três discípulos envolvidos: «Este é o meu Filho dileto; escutai-o!» (Lc 9, 35). Da oração vem o convite a ouvir Jesus, sempre da oração.

Deste rápido percurso através do Evangelho, deduzimos que Je-sus não só quer que rezemos en-quanto Ele reza, mas assegura-nos que mesmo que as nossas tentativas de oração fossem completamente vãs e ineficazes, podemos sempre contar com a sua oração. Devemos estar conscientes: Jesus está a rezar por mim. Uma vez, um bom bispo

L

EITURA D O DIA

Lucas 22, 28-29.31-32

[Durante a Última Ceia, Jesus disse aos seus discípulos:] «Vós estivestes sempre junto de mim nas minhas provações, e Eu disponho a vosso favor do Reino, como meu Pai dispõe dele a meu favor [...] Simão, Simão olha que Satanás vos reclamou para vos joeirar como o trigo. Mas Eu roguei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez converti-do, fortalece os teus irmãos».

disse-me que num momento muito mau da sua vida e de uma grande provação, um momento de escuri-dão, ele, na Basílica, olhou para o alto e viu esta frase escrita: “Eu, Pe-dro, rezarei por ti”. E isso deu-lhe força e conforto. Acontece sempre, todas as vezes que cada um de nós sabe que Jesus reza por nós. Jesus reza por nós. Neste momento, nes-te momento. Fazei esnes-te exercício de memória de repetir isto. Quando há alguma dificuldade, quando se está na órbita das distrações: Jesus está a rezar por mim. Mas será

ver-dade, padre? É verver-dade, disse-o Ele mesmo. Não esqueçamos que o que sustenta cada um de nós na vida é a oração de Jesus por todos nós, com nome, sobrenome, perante o Pai, mostrando-lhe as feridas que são o preço da nossa salvação.

Mesmo que as nossas orações fossem apenas balbúcies, se estives-sem prejudicadas por uma fé vaci-lante, nunca devemos deixar de confiar n’Ele, eu não sei rezar mas Ele ora por mim. Sustentadas pela oração de Jesus, as nossas tímidas preces apoiam-se nas asas da águia e elevam-se ao Céu. Não vos esque-çais: Jesus está a rezar por mim — Agora? — Agora. No momento da provação, no momento do pecado, também naquele momento, Jesus com muito amor está a rezar por mim.

No final da audiência, saudando os vários grupos de fiéis, o Papa dirigiu aos de língua portuguesa estas palavras.

Dirijo uma cordial saudação aos fiéis de língua portuguesa. Não es-queçais que o Senhor reza sempre por nós, e une as nossas tímidas orações à sua, para as apresentar ao Pai. Que Deus vos abençoe!

Catequese — Prosseguem as reflexões sobre a oração

O Papa Francisco, que chegou àquela instituição às 18h30, passou mais de uma hora com os sacerdotes, em diálogo simples e aberto. O presidente, em nome de to -dos, saudou e agradeceu ao Santo Padre por ter aceite o convite, apresentando a co-munidade, composta por 40 presbíteros dos quais 38 são estudantes provenientes de 25 países, e informando-o que, não obstante a crise sanitária causada pela pande-mia, se realizaram todas as atividades previstas para o ano académico, ritmadas pela oração, pelo estudo e pelos vários encontros de formação.

Num ambiente familiar, os alunos da Academia fizeram algumas perguntas ao Santo Padre, que não deixou de dar respostas claras, paternas e concretas. Foram abordados inúmeros temas, entre os quais os atuais desafios enfrentados pela Igreja, a missionariedade, o caminho sinodal e o importante papel da diplomacia pontifí -cia bilateral e multilateral.

O Santo Padre delineou algumas caraterísticas e atenções que o bom diplomata deve cultivar e exercer no seu ministério: ser homens de oração, abertos à escuta do Evangelho, às novidades, mas ao mesmo tempo firmes na Tradição, prontos para o diálogo e o confronto.

Falando sobre a almejada experiência do ano missionário dos alunos, o Papa fri -sou que este período de formação, passado nas periferias da Igreja universal, enri-quecerá a sua bagagem pessoal, humana, cultural e linguística.

Em seguida, o Pontífice jantou com a comunidade da Academia, encorajando de modo especial os 13 alunos que em breve começarão o seu serviço nas representa-ções pontifícias. A bênção apostólica concluiu o encontro e, antes de regressar ao Vaticano, o Santo Padre encontrou-se com as religiosas da “Comunidad apostolica de Maria siempre Virgen”, que prestam serviço na mesma pontifícia Academia ecle-siástica.

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página 4, terça-feira 8 de junho de 2021, número 23 número 23, terça-feira 8 de junho de 2021, página 5

Rumo à

XVI

assembleia geral ordinária

«Por uma Igreja sinodal:

comunhão, participação e missão»

Nota do Sínodo dos bispos

Entrevista com o secretário-geral Mario Grech

O Sínodo transforma-se para

dar espaço ao povo de Deus

E

m 24 de abril de 2021, o Papa

Francisco aprovou um novo iti-nerário sinodal para a XVI

As-sembleia Geral Ordinária do Sí-nodo dos Bispos, inicialmente prevista para outubro de 2022, sobre o tema «Por uma Igreja si-nodal: comunhão, participação e missão». A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, com o con-sentimento do Conselho ordiná-rio, propôs as modalidades iné-ditas para o caminho rumo à As-sembleia.

O percurso para a celebração do Sínodo será dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e uma conti-nental, que darão origem a dois diferentes Instrumentum laboris, até à fase final a nível de Igreja Universal.

O Sínodo dos Bispos é o ponto de convergência do dina-mismo da escuta recíproca no Espírito Santo, realizada a todos os níveis da vida da Igreja (cf.

Discurso do Santo Padre Francisco em comemoração do cinquentenário da ins-tituição do Sínodo dos Bispos, 17 de

outubro de 2015). A articulação das várias fases do processo si-nodal permitirá, assim, ouvir verdadeiramente o Povo de Deus e garantirá a participação de to-dos no processo sinodal. Não é apenas um evento, mas um pro-cesso que envolve em sinergia o Povo de Deus, o Colégio episco-pal e o Bispo de Roma, cada qual de acordo com a própria função.

Portanto, o caminho rumo à

XVI Assembleia Geral Ordinária

do Sínodo dos Bispos

realizar-se-á do seguinte modo:

Abertura do Sínodo (outubro de 2021)

A abertura do Sínodo terá lu-gar tanto no Vaticano como em cada diocese. O caminho será inaugurado pelo Santo Padre no Vaticano nos dias 9-10 de outu-b ro .

Com as mesmas modalidades, no domingo 17 de outubro, abrir-se-á nas dioceses, sob a presidência do respetivo bispo.

Fase diocesana (outubro de 2021 — abril de 2022)

O objetivo desta fase é a con-sulta do Povo de Deus (cf.

Epis-copalis communio, 5, 2) para que o

processo sinodal se realize à es-cuta da totalidade dos batizados, tema do sensus fidei infalível in

cre-dendo.

A fim de facilitar a consulta e a participação de todos, apresen-ta-se o seguinte itinerário:

A Secretaria Geral do Sínodo enviará um Documento prepara-tório, acompanhado por um Questionário e um Va d e - m é c u m com propostas para a realização da consulta em cada diocese.

O Documento também será enviado aos Dicastérios da Cúria Romana, às Uniões de Superio-res / Superioras MaioSuperio-res e outras uniões / federações de vida con-sagrada, aos movimentos inter-nacionais de leigos e às Univer-sidades / Faculdades de Teolo-gia.

Cada bispo nomeará um

res-ponsável diocesano (eventual-mente uma equipe) para a con-sulta sinodal, que possa servir como ponto de referência e de ligação com a Conferência epis-copal e que acompanhe a con-sulta na Igreja particular em to-das as suas fases (antes de outu-bro de 2021).

Por sua vez, cada Conferência episcopal nomeará um responsá-vel (eventualmente uma equipe) que possa servir como ponto de referência e de ligação quer com os responsáveis diocesanos quer com a Secretaria Geral do Síno-do (antes de outubro de 2021).

A consulta nas dioceses terá lugar através dos órgãos de par-ticipação previstos pelo direito, sem excluir outras modalidades que se julguem oportunas para que a própria consulta seja real e

eficaz (cf. Episcopalis communio, 6).

A consulta do Povo de Deus em cada diocese concluir-se-á com uma reunião pré-sinodal, que será o momento culminante do discernimento diocesano.

Após o encerramento da fase diocesana, cada diocese enviará as suas contribuições à Confe-rência episcopal até à data esta-belecida pela sua própria Confe-rência episcopal. Nas Igrejas Orientais, as contribuições serão enviadas aos organismos corres-p ondentes.

Começará um período de dis-cernimento para os pastores reu-nidos em assembleia (Conferên-cia episcopal), aos quais será pe-dido que ouçam o que o Espírito suscitou nas Igrejas que lhes fo-ram confiadas.

Participarão no processo de redação da síntese também o res-ponsável da Conferência episco-pal, no que se refere ao processo sinodal e à sua equipe, assim co-mo os representantes eleitos para participar na Assembleia Geral Ordinária do Sínodo em Roma, uma vez ratificados pelo Santo Pa d re .

A síntese será enviada à Secre-taria Geral do Sínodo. Serão en-viadas também contribuições de cada Igreja em particular (antes de abril de 2022).

Serão recebidas também con-tribuições enviadas pelos Dicas-térios da Cúria Romana, pelas Universidades / Faculdades de Teologia, pela União de Supe-riores / Superioras Gerais (USG / UISG), por outras Uniões /

Fede-rações de Vida Consagrada, e

ANDREATORNIELLI

O

Sínodo transforma-se para dar espaço ao povo de Deus, a fim de que todos possam fazer ouvir a própria voz. Este é o significado das novidades intro-duzidas no processo sinodal. O

cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, ilus-tra-as nesta entrevista concedida aos meios de comunicação do Va t i c a n o .

Por que foi adiado o Sínodo?

A assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos enquanto tal será celebrada em outubro de 2023. Por um lado, houve a dra-mática situação da pandemia, que aconselhava paciência para um evento eclesial que, em qual-quer caso, exige a presença em Roma dos bispos na sua fase ce-lebrativa. Por outro lado, havia a necessidade de aplicar, num pra-zo mais curto, as normas estabe-lecidas na constituição apostóli-ca Episcopalis communio. O Papa

Francisco publicou este impor-tante documento a 15 de setem-bro de 2018, transformando o Sí-nodo de evento em processo. Anteriormente, o Sínodo era, para todos os efeitos, um evento eclesial que se abria e fechava num tempo determinado — ge-ralmente entre três e quatro se-manas — e no qual os bispos membros da assembleia estavam empenhados. Esta forma de ce-lebração respondeu à configura-ção dada ao Sínodo pelo Papa Paulo VIem 1965. No motu

pro-prio Apostolica sollicitudo, de 15 de setembro de 1965, o Papa estabe-leceu um organismo de bispos «submetidos direta e imediata-mente à autoridade do Romano Pontífice», que participasse — como diz o título do motu pro-prio — na função petrina de «so-licitude por toda a Igreja». O objetivo do Sínodo era «promo-ver uma estreita união e colabo-ração entre o Sumo Pontífice e os bispos do mundo inteiro»; «obter informações diretas e exatas sobre os problemas e si-tuações que dizem respeito à vi-da interna vi-da Igreja e à ação que deve desempenhar no mundo atual»; «facilitar a concordância de opiniões pelo menos acerca dos pontos essenciais da doutri-na e sobre a forma de agir doutri-na vi-da vi-da Igreja».

O que nos ensina meio século de história dos Sínodos?

A história do Sínodo ilustra quanto bem estas assembleias fi-zeram à Igreja, mas também que o tempo era maduro para uma participação mais ampla do po-vo de Deus num processo deci-sório que diz respeito a toda a Igreja e todos na Igreja. O pri-meiro sinal foi pequeno, mas significativo: o questionário

en-viado a todos na primeira assem-bleia sinodal sobre a família em 2014. Em vez de enviar aos bis-pos os Lineamenta preparados por peritos, solicitando respostas que permitissem à Secretaria do Sínodo redigir o Instrumentum

la-boris a ser debatido na

assem-bleia, o Papa pediu que se puses-se em prática uma escuta mais ampla de todas as realidades eclesiais. O discurso de 17 de ou-tubro de 2015, no cinquentená-rio da instituição do Sínodo, abriu totalmente o cenário sobre a «Igreja constitucionalmente sinodal». Uma das frases mais citadas do Papa Francisco é tira-da desse discurso: «Precisamen-te o caminho da sinodalidade é o caminho que o Senhor espera da Igreja do terceiro milénio» e descrevia a Igreja sinodal como uma «Igreja da escuta», na qual cada um tem de aprender com o outro: povo de Deus, colégio episcopal, bispo de Roma. De facto, nisto está desenhado o processo sinodal, no qual «o Sí-nodo dos Bispos é o ponto de convergência deste dinamismo de escuta conduzido a todos os níveis da Igreja»: nas Igrejas particulares, na escuta do povo de Deus; nos níveis intermédios da sinodalidade, sobretudo nas Conferências episcopais, onde os bispos exercem a sua função de discernimento; por fim a ní-vel da Igreja universal, na as-sembleia do Sínodo dos Bispos.

Episcopalis communio não faz mais

do que sancionar estas ideias.

Em síntese, quais são todas as novida-des introduzidas por este documento?

A primeira e maior novidade é a transformação do Sínodo de evento em processo. Já o assina-lei: enquanto antes o Sínodo se concentrava na celebração da

as-sembleia, agora cada assembleia do Sínodo se desenvolve de acordo com fases que se suce-dem, que a Constituição chama «fase preparatória, fase celebra-tiva, fase atuativa». A primeira fase tem como objetivo a consul-ta do povo de Deus nas Igrejas particulares. No discurso do cin-quentenário, o Papa insiste mui-to em ouvir o sensus fidei do povo de Deus. Pode dizer-se que este é um dos temas mais fortes do atual pontificado: muitos intér-pretes sublinham corretamente o tema da Igreja como povo de Deus; mas o que mais carateriza este povo para o Papa é o sensus

fidei, o que o torna infalível in cre-dendo. Trata-se de um dado

tradi-cional na doutrina, que percorre toda a vida da Igreja: «A totali-dade dos fiéis não pode

enga-Ernesto Treccani, «Un popolo di volti» (1969-75)

(5)

L’OSSERVATORE ROMANO

página 4, terça-feira 8 de junho de 2021, número 23 número 23, terça-feira 8 de junho de 2021, página 5

Rumo à

XVI

assembleia geral ordinária

por movimentos internacionais de leigos (antes de abril de 2022).

Secretaria Geral do Sínodo

A Secretaria Geral do Síno-do procederá à redação Síno-do pri-meiro Instrumentum laboris (antes de setembro de 2022).

Fase continental (setembro de 2022 – março de 2023)

A finalidade desta fase é o diálogo a nível continental so-bre o texto do primeiro

Instru-mentum laboris, realizando um

ulterior ato de discernimento à luz das particularidades cultu-rais específicas de cada conti-nente.

A Secretaria Geral do Síno-do publicará e enviará o pri-meiro Instrumentum laboris (em setembro de 2022).

Por sua vez, cada Reunião internacional das Conferências episcopais nomeará um res-ponsável que possa servir co-mo ponto de referência e de li-gação quer com as Conferên-cias episcopais quer com a Se-cretaria Geral do Sínodo (an-tes de setembro de 2022).

Discernimento pré-sinodal nas Assembleias continentais.

Serão estabelecidos os critérios para a participação dos bispos residenciais e de outros mem-bros do Povo de Deus.

As Assembleias terminarão com a redação de um Docu-mento final, que será enviado à Secretaria Geral do Sínodo (março de 2023).

Contemporaneamente às Reuniões pré-sinodais a nível continental, recomenda-se a realização de Assembleias in-ternacionais de especialistas, que possam enviar as suas con-tribuições à Secretaria Geral do Sínodo (março de 2023).

A Secretaria Geral do Síno-do procederá à redação Síno-do se-gundo Instrumentum laboris (an-tes de junho de 2023).

Fase da Igreja Universal (outubro de 2023)

A Secretaria Geral do Síno-do enviará o segunSíno-do

Instrumen-tum laboris aos participantes na

Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

Celebração do Sínodo dos Bispos em Roma, de acordo com os procedimentos estabe-lecidos na Constituição apostó-lica Episcopalis communio (outu-bro de 2023).

nar-se na fé», em virtude da luz que vem do Espírito Santo con-cedida no batismo. O Concílio Vaticano II diz que o povo de

Deus participa na função profé-tica de Cristo. Por esta razão é necessário ouvi-lo, e para o ou-vir é necessário ir onde ele vive, às Igrejas particulares. O prin-cípio que rege esta consulta do povo de Deus é o princípio an-tigo que «deve ser debatido por todos o que é do interesse de to-dos». Não é uma questão de de-mocracia, de populismo ou al-go semelhante; a Igreja é o po-vo de Deus, e este popo-vo, devido ao batismo, é sujeito ativo da vi-da e vi-da missão vi-da Igreja.

Por que é importante esta primeira fase p re p a ra t ó r i a ?

O facto de esta fase ser

cha-mada preparatória poderia en-ganar, como se não fizesse parte do processo sinodal; na realida-de, sem esta consulta não have-ria processo sinodal, porque o discernimento dos pastores, que constitui a segunda fase, é feito sobre o que emergiu da es-cuta do povo de Deus. São dois atos estreitamente relaciona-dos, eu diria complementares: as questões que os pastores são chamados a discernir são as que emergirem da consulta, e não outras. O Instrumentum laboris é redigido com base nestes dois atos, que se referem a dois te-mas: o povo de Deus e os seus pastores. O discernimento dos pastores tem o seu ponto culmi-nante na assembleia sinodal, que reúne o discernimento de todas as Conferências

episco-pais, nacionais e continentais, e do Conselho dos Patriarcas das Igrejas Orientais. Um ato co-mum que envolve todo o epis-copado católico no processo si-nodal. Como não esperar gran-des frutos de um caminho sino-dal tão amplo e participativo? E como não esperar que as indica-ções que emergirem do Sínodo se tornem, através da terceira fase, a da execução, um veículo de renovação e de reforma da I g re j a ?

Qual foi a razão que levou o Papa e a Secretaria do Sínodo a enveredar por este novo caminho?

O processo sinodal não foi concebido com um planeamen-to; ele emergiu do próprio ca-minho da Igreja ao longo do período pós-conciliar. No iní-cio, tudo estava circunscrito a uma assembleia de bispos. Mas Paulo VI tinha deixado claro

que o Sínodo, como qualquer organismo eclesial, é aperfei-çoável. Foi um começo. Sem se início, provavelmente não es-taríamos aqui a falar de sinoda-lidade e da Igreja constitutiva-mente sinodal. O tema da sino-dalidade foi-se debilitando na prática eclesial e na reflexão eclesiológica do segundo milé-nio na Igreja católica. Era uma prática típica da Igreja do pri-meiro milénio, continuada na Igreja ortodoxa. A novidade na Igreja católica é que a sinodali-dade reemerge como coroação de um longo processo de desen-volvimento doutrinal, que leva a esclarecer o primado petrino no Vaticano I, a colegialidade

episcopal no Vaticano IIe hoje,

através da receção progressiva da eclesiologia conciliar, espe-cialmente o capítulo IIda Lumen

gentium sobre o povo de Deus, a

sinodalidade como forma de participação de todos no cami-nho da Igreja. Esta é uma gran-de perspetiva, que une a tradi-ção da Igreja do Oriente e do Ocidente, entregando à Igreja sinodal aquele princípio de

uni-dade que faltava até na Igreja dos Padres, quando a função de unidade era desempenhada até pelo imperador! Portanto, des-te caminho sinodal podem ser esperados com confiança gran-des frutos a nível ecuménico. O Papa disse no discurso no cin-quentenário da instituição do Sínodo: a sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja também oferece um quadro adequado para compreender o ministério hierárquico, espe-cialmente o ministério petrino, com o Papa que — com as pala-vras do Papa Francisco — «não está sozinho acima da Igreja; mas dentro dela como batizado entre os batizados, e dentro do colégio episcopal como bispo entre os bispos, chamado ao mesmo tempo — como sucessor de Pedro — a guiar a Igreja de Roma que preside com amor a todas as Igrejas». O processo sinodal é o teste decisivo para esta visão verdadeiramente ele-vada da Igreja.

Que frutos podemos esperar desta nova modalidade de celebrar o Sínodo?

A próxima assembleia sino-dal trata a sinosino-dalidade. Afinal, os frutos que se podem esperar já estão implicitamente indica-dos no título proposto pelo Pa-pa Pa-para a assembleia «Por uma Igreja sinodal: comunhão, par-ticipação e missão». Durante muito tempo falou-se de comu-nhão como um elemento cons-titutivo da Igreja. Hoje parece claro que tal comunhão ou é si-nodal ou não é comunhão. Pa-rece um slogan, mas o seu signifi-cado é claro: a sinodalidade é a forma de comunhão da Igreja — o povo de Deus. Na caminhada conjunta do Povo de Deus com os seus pastores, no processo si-nodal em que todos participam, cada um segundo a própria fun-ção — povo de Deus, colégio episcopal, bispo de Roma — é determinada uma reciprocida-de reciprocida-de sujeitos e funções que move a Igreja no seu caminho

em frente sob a guia do Espíri-to. Não se deve esconder que talvez no passado houvesse muita insistência na communio

h i e ra rc h i c a : a ideia de que a

uni-dade da Igreja só poderia ser al-cançada através do reforço da autoridade dos pastores. Nal-guns aspetos, essa passagem também foi necessária, quando, após o Concílio, surgiram vá-rias formas de dissidência. Mas esta não pode ser a forma ordi-nária de viver a comunhão ecle-sial, que exige circularidade, re-ciprocidade, um percurso con-junto no que concerne as respe-tivas funções no povo de Deus. Portanto, a comunhão só pode ser traduzida na participação de todos na vida da Igreja, cada um de acordo com a sua condi-ção e funcondi-ção específicas. O pro-cesso sinodal mostra bem tudo isto.

Várias vezes o Papa Francisco salien-tou a importância do povo de Deus e a necessidade de dar mais espaço às mu-lheres na Igreja, e ao mesmo tempo de-nunciou o risco do clericalismo. Como responde o documento sobre o processo sinodal a estas tensões? Estais a traba-lhar para introduzir outras inovações que permitam uma participação mais plena do povo de Deus em todos os seus componentes?

Todo o povo de Deus está envolvido no processo sinodal. A importância dada ao povo de Deus é evidente na consulta, que é o ato fundador do Síno-do. Repito: a consulta já faz parte do processo sinodal, constitui o seu primeiro e indis-pensável ato. O discernimento depende desta consulta. Aque-les que disserem que não é rele-vante, que no fundo é apenas um ato preparatório, provavel-mente não compreendem bem a importância do sensus fidei do povo de Deus. Como já disse, na Igreja primitiva este era o único exemplo de infalibilida-de reconhecido na Igreja: «A totalidade dos fiéis não se enga-na enga-na fé». Aqui todos têm o seu

lugar e a possibilidade de se ex-pressarem. A vontade da Secre-taria Geral é permitir que todos possam fazer ouvir a sua voz; que a escuta seja a verdadeira “conversão pastoral” da Igreja. Queira Deus que um dos frutos do Sínodo possa ser que todos nós compreendamos que um processo de tomada de decisões na Igreja começa sempre com a escuta, porque só assim pode-mos compreender como e para onde o Espírito quer conduzir a I g re j a .

Qual será o papel dos bispos?

Não devemos esquecer que o momento de discernimento é confiado sobretudo aos bispos reunidos em assembleia. Al-guns dirão que isto é clericalis-mo, que é um desejo de manter a Igreja em posições de poder. Mas pelo menos duas coisas não devem ser esquecidas. A primeira, reiterada continua-mente pelo Papa: que uma as-sembleia sinodal não é um par-lamento. Fazê-lo funcionar com sistemas de representação ou quotas corre o risco de res-suscitar uma espécie de conci-liarismo, já em grande parte en-terrado. A segunda: o Concílio diz que os bispos são «princí-pio e fundamento da unidade nas suas Igrejas particulares». Por conseguinte, os bispos têm uma função de discernimento, que lhes pertence em virtude do ministério que desempenham para a Igreja. Na minha opi-nião, a força do processo reside na reciprocidade entre a consul-ta e o discernimento. Nisto con-siste o princípio fecundo que pode levar a um maior desen-volvimento da sinodalidade, da Igreja sinodal e do Sínodo dos Bispos. Mas não podemos sa-ber isto hoje: quanto mais cami-nhamos, mais aprendemos à medida que caminhamos. Es-tou convencido de que a expe-riência do próximo Sínodo nos dirá muito sobre a sinodalidade e a forma de a concretizar.

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página 6 terça-feira 8 de junho de 2021, número 23

Budistas e cristãos juntos

para promover a cultura

do cuidado e da solidariedade

«Budistas e cristãos: promovamos a cultura do cuidado e da solidarieda-de». Eis o tema para 2021 da mensa-gem anual que o Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso enviou, no dia 26 de maio, aos budistas por oca-sião da festa do Vesakh, durante a qual se comemoram os principais aconteci-mentos da vida de Buda. A festa do Ve-sakh/Hanamatsuri, nos vários países de cultura budista, é celebrada em dife-rentes datas, de acordo com as diversas tradições. Este ano, na maior parte de-les, celebrou-se precisamente neste dia. Publicamos a seguir a mensagem, assi-nada pelo presidente, cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, e pelo secretário, monsenhor Indunil Janakaratne Ko-dithuwakku Kankanamalage.

Prezados amigos budistas! 1. Em nome do Pontifício Con-selho para o Diálogo Inter-Reli-gioso, escrevo-vos por ocasião da celebração da festa do Ve s a k h , para vos transmitir os meus sin-ceros bons votos. Rezo a fim de que a festa anual do nascimen-to, iluminação e trânsito de Gautama Buda proporcione alegria, serenidade e esperança ao coração dos budistas do mundo inteiro.

2. A trágica situação mun-dial, marcada pela pandemia de Covid-19, impele os seguidores de todas as religiões a colaborar de novas maneiras ao serviço da humanidade comum. Na encí-clica Fratelli tutti, assinada em As-sis no dia 3 de outubro de 2020, o Papa Francisco reiterou a ur-gência de uma solidariedade universal, que permita à huma-nidade superar em conjunto as difíceis crises que a ameaçam, pois «ninguém pode salvar-se sozinho» (Papa Francisco, Fra

-telli tutti, 32).

3. As mensagens de bons vo-tos por ocasião do Vesakh, cujo 25º aniversário celebramos no ano passado, destacaram mui-tos dos valores que comparti-lhamos e a sabedoria que sus-tém a colaboração por nós

espe-O Pontífice foi representado pelo cardeal Zenari

que leu a sua mensagem

Exéquias

do patriarca da Cilícia

dos Arménios

O funeral de Sua Beatitude Grégoire Pierre XX Ghabroyan, patriarca

da Cilícia dos Arménios, falecido a 25 de maio com 86 anos, foi ce-lebrado na manhã do dia 29, em Beirute (Líbano). Como representante pessoal do Papa Francisco, esteve presente na catedral dedicada a São Gregório o Iluminador — Santo Elias, o cardeal Mario Zenari, núncio apostólico na Síria, portador de uma mensagem do Pontífice, lida pelo purpurado e dirigida ao arcebispo Boutros Marayati, nomeado no pas-sado dia 26 de maio administrador da Igreja patriarcal da Cilícia dos Arménios, dado que é o prelado mais velho por ordenação, segundo as disposições do artigo 127 do Código dos cânones das Igrejas orientais católicas. A sua principal tarefa será convocar o Sínodo da Igreja ar-ménio-católica para eleger o novo patriarca. Com D. Marayati celebra-ram o arcebispo Raphaël François Minassian e o bispo Georges Assa-douriani — durante muitos anos colaborador do saudoso patriarca — que leu a homilia, realçando em particular a sua dedicação aos pobres. Participaram os bispos e o clero da Igreja arménio-católica, assim como representantes das Igrejas católica e ortodoxa do Líbano e da Arménia. Entre eles estavam presentes o patriarca de Antioquia dos Maronitas, cardeal Béchara Boutros Raï, o patriarca da Grande Casa da Cilícia dos Arménios, Aram I, e o patriarca da Igreja sírio-católica, Sua

Bea-titude Yousef Younan. Durante a cerimónia, o núncio apostólico no Lí-bano, arcebispo Joseph Spiteri, leu uma mensagem do cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas orientais, na qual o purpurado recordou que o saudoso patriarca tinha «servido amorosa-mente, durante muitos anos, o Senhor e o seu povo, primeiro no Exar-cado e depois Eparquia da França, e nos últimos seis anos como Pater et Caput da Igreja» arménio-católica. Em seguida, elogiou «o seu es-pírito de paternidade e orientação, vivido com uma personalidade de in-teligência perspicaz, tanto na reflexão como na administração, capaz de tecer relações a vários níveis e guardião atento da herança espiritual deixada pelos seus predecessores». A tumulação teve lugar na sede pa-triarcal do convento de Nossa Mãe em Bzommar, onde Ghabroyan foi sepultado no cemitério reservado aos patriarcas arménios. Publicamos a seguir a mensagem pontifícia.

A Sua Excelência D. BOUTROS MA R AYAT I Administrador da Igreja Patriarcal da Cilícia dos Arménios

Recebi a notícia do regresso à Casa do Pai do nosso amado irmão em Cristo, Sua Beatitude Grégoire Pierre XX Ghabroyan,

Pa-triarca da Cilícia dos Armé-nios.

Lembro-me bem que quando ele foi eleito, no ve-rão de 2015, antes de aceitar quis pedir-me uma bênção especial, para poder gover-nar a Igreja patriarcal, não obstante a idade já avança-da.

Depois houve várias oca-siões de encontro. A 7 de se-tembro de 2015 concelebra-mos em Roma a Eucaristia, durante a qual foi concedi-da a Ecclesiastica Communio: elevamos juntos o Corpo e o Sangue de Cristo, sinal vi-sível de que o fundamento de cada serviço na Igreja é a adesão e a conformação com Cristo, Crucificado e Ressuscitado.

Em 2016 acompanhou-me na Viagem Apostólica à Ar-ménia, nomeadamente quando visitei a Catedral do Ordinariato para os fiéis ar-ménio-católicos na Europa Oriental, em Gyumri, com os irmãos Bispos do Sínodo da Igreja patriarcal. E em 2018, por ocasião da inau-guração da Estátua de São Gregório de Narek, nos

Jar-dins do Vaticano. Muitos momentos especiais, que me permitiram estar próximo do Patriarca Grégoire Pierre

XX e, com ele, do amado

povo arménio, que tanto so-freu ao longo da história, mas foi sempre fiel à profis-são de fé em Cristo Salva-d o r.

Durante estes anos, como Pastor atencioso, Sua Beati-tude presidiu à Igreja Pa-triarcal da Cilícia dos Armé-nios, mantendo contactos com várias instituições civis e eclesiásticas, para apoiar algumas iniciativas de soli-dariedade a favor das popu-lações mais provadas, espe-cialmente na Síria e no Lí-bano.

Em especial, interessou-se pela abertura do processo de beatificação e canoniza-ção do seu iluminado prede-cessor, o Servo de Deus Cardeal Grégoire Pierre XV

Agagianian.

No último período da sua peregrinação terrena, en-frentou com dignidade o declínio progressivo das for-ças físicas e, com sentido de responsabilidade, interro-gou-se em consciência se ainda era capaz de guiar a Igreja arménia como Pa-triarca: o Senhor respondeu-lhe, dirigindo-lhe pela últi-ma vez a chaúlti-mada a segui-lo.

Confiemos a alma deste nosso Irmão à Misericórdia de Deus a cujo trono, disto estamos certos, é acompa-nhada pelas preces de inter-cessão da Mãe de Deus, Maria Santíssima, de São Gregório o Iluminador e de São Gregório de Narek, com todos os mártires e san-tos arménios.

Roma, São João de Latrão, 29 de maio de 2021.

FRANCISCO

Intenção de oração do Papa para o mês de junho

Redescobrir a beleza do matrimónio

O vídeo da Rede mundial de oração do Papa para o mês de ju-nho convida a redescobrir a beleza do matrimónio. Na curta-metragem — apresentada na tarde de 1 de junho — são exibidas cenas de casais diante do altar à espera de receber o sacramen-to. Mostra imagens de celebrações nupciais em igrejas de dife-rentes partes do mundo. Veem-se diversas tradições e culturas, e é variado também o contexto em que as cerimónias e os ritos decorrem. São atravessados pelo mesmo desejo dos cônjuges de se comprometerem a viver juntos durante toda a vida. Um sinal tangível da sua decisão é a promessa feita perante Deus e a comunidade cristã.

A intenção proposta pelo Pontífice para este mês de junho é dedicada precisamente ao tema «A beleza do matrimónio». «É verdade — pergunta o Papa Francisco no vídeo — o que dizem algumas pessoas, que os jovens não querem casar, especialmen-te nesespecialmen-tes especialmen-tempos difíceis? Casar e partilhar a vida é muito bo-nito», garante ele. É uma «viagem exigente, por vezes difícil,

até conflituosa», continua, «mas vale a pena arriscar». Pois, «nesta viagem de toda a vida, os noivos não estão sozinhos: Je-sus acompanha-os».

Eis o convite a considerar que o matrimónio não é «apenas um ato “so cial”» mas «uma vocação que vem do coração, uma decisão consciente para uma vida inteira, que requer uma pre-paração específica. Por favor — recomenda Francisco — nunca vos esqueçais disto! Deus tem um sonho para nós, o amor, e Ele pede-nos que o façamos nosso».

Depois o Papa exorta-nos a tornar «nosso o amor, que é o sonho de Deus» e a rezar pelos jovens que «se preparam para o matrimónio com o apoio de uma comunidade cristã: para que cresçam no amor, com generosidade, fidelidade e paciência. Pois, para amar, é necessária muita paciência». Por fim, conclui com uma provocação: «Mas vale a pena, não é?».

O vídeo também se refere à fidelidade no matrimónio. Ve-em-se dois esposos a celebrarem com os filhos e os netos o 45º aniversário de matrimónio. Uma celebração que expri-me a alegria de uma família que se renova ao ritmo das gerações.

Em seguida, abrem-se ce-nas de vida familiar sob a bandeira da felicidade: pais, avós, filhos e netos vivendo juntos o fluxo da vida quoti-diana, marcada por momen-tos de partilha e serenidade. Difundido como habi-tualmente através do site www.thepopevideo.org, o filme, traduzido em várias línguas, foi criado e produ-zido pela Rede mundial de oração do Papa em colabo-ração com a agência La Ma-chi e o Dicastério para a co-municação.

Um fotograma do vídeo

O Dicastério para o diálogo inter-religioso por ocasião da festa do Vesakh

rada, especialmente em tem-pos difíceis como estes. O so-frimento gerado pela pande-mia de Covid-19 tornou-nos conscientes da vulnerabilidade e da interdependência que compartilhamos. Somos cha-mados a descobrir e a praticar a solidariedade típicas das nos-sas respetivas tradições religio-sas. Como diz o Papa Francis-co, «nestas narrações tão anti-gas, ricas de profundo simbo-lismo, já estava contida a con-vicção atual de que tudo está inter-relacionado e o cuidado autêntico da nossa própria vi-da e vi-das nossas relações com a natureza é inseparável da fra-ternidade, da justiça e da fide-lidade aos outros» (Me n s a g e m

para o Dia Mundial da Paz, 1 de

ja-neiro de 2021).

4. O ensinamento budista sobre os Brahmavihara (as quatro moradas, ou virtudes celestiais) oferece-nos uma mensagem sempre válida de solidariedade e cuidado ativo. Falando de mettā (gentileza de amor), exorta os seguidores a cultivar o amor ilimitado por todos. «Como uma mãe prote-ge o filho até à custa da própria vida, assim se cultive uma inco-mensurável gentileza de amor para com todos os seres vivos» (Mettā Sutta). Seguindo os ensi-namentos de Buda, os médicos são igualmente encorajados a «apressar-se na prática de boas obras, abstendo-se do mal,

pois quem é lento em praticar o bem tende a ter prazer em pra-ticar o mal» (Dhammapada, 116).

5. Que a dramática situação da pandemia de Covid-19 revi-gore os nossos laços de amiza-de e nos una ainda mais no ser-viço à família humana, adotan-do «a cultura adotan-do diálogo como caminho, a colaboração co-mum como conduta, o conhe-cimento recíproco como méto-do e critério» (Fratelli tutti, 285).

6. Caros amigos budistas, são estes os pensamentos que me apraz partilhar convosco este ano, olhando para o futuro com esperança e serenidade. Feliz festa!

(7)

L’OSSERVATORE ROMANO

número 23, terça-feira 8 de junho de 2021 página 7

I

NFORMAÇÕES

Audiências

O Papa Francisco recebeu em audiências particulares:

No dia 27 de maio

Sua Ex.ciao Senhor Rumen Georgiev Radev,

Presidente da República da Bulgária, com a Ex.maEsposa e o Séquito.

O Senhor Cardeal Luis Francisco Ladaria Fer-rer, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé .

Suas Ex.cias os Senhores Stevo Pendarovsky,

Presidente da República da Macedónia do Nor-te, com o Séquito; e Carmelo Barbagallo, Presi-dente da Autoridade de Supervisão e Informação Financeira.

No dia 28 de maio

O Senhor Cardeal Luis Antonio G. Tagle, Pre-feito da Congregação para a Evangelização dos Povos; D. Gianfranco Gallone, Arcebispo Titu-lar de Motula, Núncio Apostólico na Zâmbia e no Malawi, e Representante Especial da Santa Sé na Organização do Mercado Comum da África Oriental e Austral (Comesa); D. Leo Boccardi, Arcebispo Titular de Bitettum, Núncio Apostóli-co no Japão; e D. Petar Palić, Bispo da Diocese de Mostar-Duvno (Bósnia e Herzegovina).

No dia 29 de maio

Os Senhores Cardeais Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos; e Juan Luis Ci-priani Thorne, Arcebispo Emérito de Lima (Pe-ru ) .

O Dr. Andrea Tornielli, Diretor Editorial do Dicastério para a Comunicação.

No dia 31 de maio

Os Senhores Cardeais Peter Kodwo Appiah Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; e Mauro Gambetti, Arcipreste da Basílica Papal de São Pedro no Vaticano, Vigário-Geral de Sua Santi-dade para a CiSanti-dade do Vaticano e Presidente da Fábrica de São Pedro.

O Prof. Andrea Monda, Diretor de «L’O sser-vatore Romano».

Renúncias

O Sumo Pontífice aceitou a renúncia:

A 2 de junho

De D. José Belisário da Silva, O.F.M., ao

gover-no pastoral da Arquidiocese Metropolitana de São Luís do Maranhão (Brasil).

De D. Hélio Adelar Rubert, ao governo pasto-ral da Arquidiocese Metropolitana de Santa Ma-ria, Rio Grande do Sul (Brasil).

Nomeações

O Santo Padre nomeou:

No dia 27 de maio

Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, D. Arthur Ro-che, Arcebispo-Bispo Emérito da Diocese de Le-eds (Inglaterra), até agora Secretário da mesma C o n g re g a ç ã o .

Secretário da Congregação para o Culto Divi-no e a Disciplina dos Sacramentos, D. Vittorio Francesco Viola, O.F.M., até esta data Bispo da

Diocese de Tortona (Itália), conferindo-lhe si-multaneamente o título de Arcebispo-Bispo Emérito de Tortona.

Subsecretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Rev.mo

Mons. Aurelio García Marcías, até hoje Chefe de Departamento na mesma Congregação, simulta-neamente eleito Bispo Titular de Rotdon.

D. Aurelio García Marcías nasceu no dia 28 de março de 1965, na localidade de Pollos (Espanha), e foi ordenado Sacerdote em 20 de setembro de 1992.

No dia 28 de maio

Bispo Auxiliar de Las Vegas, nos Estados Uni-dos da América, o Rev.moMons. Gregory W.

Gor-don, do clero da mesma Sede, até à presente data Chanceler, Moderador da Cúria e Vigário-Geral da Diocese de Las Vegas, simultaneamente eleito

Bispo Titular de Nova Petra.

D. Gregory W. Gordon nasceu a 4 de outubro de 1960, em Philadelphia, Pennsylvania (Estados Unidos da Améri-ca), e recebeu a Ordenação sacerdotal no dia 16 de janeiro de 1988.

No dia 29 de maio

Bispo Auxiliar da Diocese de Zamora, no Mé-xico, o Rev.doPe. Francisco Figueroa Cervantes,

até agora Pró-Vigário-Geral da mesma Sede, si-multaneamente eleito Bispo Titular de Lamas-ba.

D. Francisco Figueroa Cervantes nasceu no dia 11 de abril de 1975, em Jiquilpan, Diocese de Zamora (México), e foi ordenado Presbítero em 21 de junho de 2003.

No dia 31 de maio

Bispo da Diocese de Salem, na Índia, o Rev.do

Pe. Arulselvam Rayappan, do clero de Pondi-cherry and Cuddalore, até à presente data Dire-tor do “Centre for Canon Law Studies” no “Saint Pe t e r ’s Pontifical Institute/Seminary” de Banga-lore e Juiz do Tribunal da Arquidiocese Metro-politana de Pondicherry and Cuddalore.

D. Arulselvam Rayappan nasceu a 18 de novembro de 1960, em Sathipattu, Arquidiocese Metropolitana de Pondi-cherry and Cuddalore (Índia), e recebeu a Ordenação sacer-dotal no dia 20 de maio de 1986.

Bispo da Diocese de Morogoro, na Tanzânia, o Rev.do Pe. Lazarus Vitalis Msimbe, S.D.B., até

hoje Administrador Apostólico “sede vacante et ad nutum Sanctae Sedis” da mesma Diocese.

D. Lazarus Vitalis Msimbe,S.D.B.., nasceu no dia 27 de

dezembro de 1963, em Morogoro (Tanzânia), emitiu os votos perpétuos na Sociedade do Divino Salvador em 8 de dezem-bro de 1994 e foi ordenado Sacerdote a 21 de junho de 1998.

No dia 2 de junho

Arcebispo Metropolitano de São Luís do Ma-ranhão (Brasil), D. Gilberto Pastana de Oliveira, até esta data Bispo da Diocese de Crato, Ceará.

Arcebispo Metropolitano de Santa Maria, Rio Grande do Sul (Brasil), D. Leomar Antônio

Brustolin, até à presente data Bispo Titular de Ti-gava e Auxiliar da Arquidiocese Metropolitana de Porto Alegre.

Prelados falecidos

Adormeceram no Senhor:

A 25 de maio

D. José Melitón Chávez, Bispo da Diocese de Concepción (Argentina), de Covid-19.

O saudoso Prelado nasceu em Romera Pozo, Arquidioce-se de Tucumán, na Argentina, a 2 de julho de 1957. Foi or-denado Presbítero em 29 de novembro de 1985 e recebeu a Ordenação episcopal no dia 4 de dezembro de 2015.

A 26 de maio

D. Arturo de Jesus Correa Toro, Bispo Emérito da Diocese de Ipiales (Colômbia), de Covid-19.

O ilustre Prelado nasceu em Ituango, Diocese de Santa Rosa de Osos, na Colômbia, a 26 de abril de 1941. Recebeu a Ordenação sacerdotal em 22 de outubro de 1967 e foi or-denado Bispo no dia 20 de março de 2000.

A 27 de maio

D. Heinrich Janssen, Bispo Titular de Aquae Sirenses, ex-Auxiliar da Diocese de Münster, na Alemanha.

O venerando Prelado nasceu a 23 de outubro de 1932, no município de Kevelaer (Alemanha). Foi ordenado Sacerdote no dia 2 de fevereiro de 1961 e recebeu a Ordenação episcopal em 21 de setembro de 1986.

A 28 de maio

D. Joseph N. Latino, Bispo Emérito da Dioce-se de Jackson, nos Estados Unidos da América.

O saudoso Prelado nasceu no dia 21 de outubro de 1937, em New Orleans (EUA). Recebeu a Ordenação presbiteral

em 25 de maio de 1963 e foi ordenado Bispo a 7 de março de 2003.

Início de Missão

de Núncio Apostólico

De D. Giovanni Gaspari, em São Tomé e Prín-cipe (27 de abril).

Exploração da Amazónia e plano de ação da Fao para o meio ambiente

Agricultura e biodiversidade

o mundo será salvo pelos camponeses

CHIARAGRAZIANI

A

soja avança, a floresta retrocede. O braço de ferro entre g re e n e g ro w t h , o difícil equilíbrio entre o crescimento e a sustentabilidade ambiental é fotografado pelos sa-télites orientados para a região on-de se enfrenta um dos granon-des on- de-safios do mundo, a Amazónia.

Pulmão (mas também fígado e os rins) de um planeta poluído e sobreaquecido, terra nativa dos po-vos indígenas, despojada das suas florestas para alimentar o comércio da madeira, ameaçada pela pecuá-ria intensiva, à qual alternadamente se seguem monoculturas intensivas — sobretudo a soja — a Amazónia encarna todas as possibilidades e riscos de uma crise alimentar e eco-lógica global. E oferece o livro das soluções aplicáveis para todos.

O mundo tem fome de soja, fon-te profon-teica, e de madeira, cujos preços (mais de 50% em seis me-ses) aumentam vertiginosamente. Os satélites orientados para a re-gião dos mil rios que se estende entre o Brasil, Peru, Colômbia e Venezuela, remetem para o desdo-bramento da fronteira de cinzas que serpenteia traçada pelos incên-dios e pelo desmatamento em ge-ral.

O crescimento económico expo-nencial, que cada Estado considera um direito natural, nutre-se da bio-diversidade que literalmente man-tém vivo, purificando-o e renovan-do-o, o organismo global ao qual todos nós pertencemos. A soja é ouro para o Brasil, gigante agroali-mentar que exporta para o mundo

inteiro. E a estação que se anuncia é uma das mais promissoras.

Com efeito, o terreno cultivado com soja aumentou de 4%. O cli-ma é favorável. Mas o risco é que o lucro se obtenha em desvantagem do meio ambiente, como demons-tram as imagens dos satélites. A desflorestação provoca um incêndio atrás do outro. Os mil rios da Amazónia são percorridos por cas-telos flutuantes de troncos, que transportam a madeira da floresta tropical para as fábricas do mundo e o consumo descartável, especial-mente da Europa, grande compra-dor de matéria-prima. Nos últimos dias, o poder judiciário brasileiro abriu uma investigação penal sobre a hipótese de que a corrupção e o

contrabando alimentem a pilhagem da floresta tropical. Com efeito, o olho do satélite grava o vaivém nos rios, em detrimento do meio am-biente. E isto teria pouco a ver com o crescimento do país. Por de-finição, a corrupção desertifica a economia, transformando-a num jardim para poucos e na condena-ção para muitos. O equilíbrio entre

g re e n e g ro w t h não pode coexistir

com a corrupção.

O cultivo intensivo avança onde há falhas, depauperando o solo que precisa de alternância e descanso. E a era mágica da soja em 2021, afirmam os dados da Conab (Com-panhia nacional de abastecimento), deveria render 135 milhões de tone-ladas de sementes oleaginosas,

ten-do utilizaten-do 38 milhões e meio de hectares dos 851 milhões da exten-são total. Mas as repercussões do sucesso e o preço do crescimento ininterrupto são as criações intensi-vas e a forte pressão ambiental, que depois deixam as terras exploradas às monoculturas. Garantir o desen-volvimento económico sem desesta-bilizar um dos filtros do planeta parece uma missão impossível.

A Fao, programa das Nações Unidas para a alimentação e a agri-cultura, propõe que se inclua a pri-mazia do bem-estar e da segurança alimentar humana como ponto de equilíbrio entre g re e n e g ro w t h . Sem este equilíbrio, poderá ser garanti-do o crescimento, desigual, das economias nacionais, mas em

des-vantagem das gerações vindouras. Se a Amazónia, como outras re-servas verdes do planeta, se trans-formar em troncos navegantes, cria-ções e extensões monocromáticas e desinfetadas, as certezas serão o fracasso do planeta e um clima ina-dequado para a vida humana. A resposta da Fao é: a agricultura de-ve abranger a biodide-versidade. Não substituir-se a ela. E só o poderá fazer mediante uma aliança com as principais partes interessadas: cam-poneses, pescadores, criadores de gado, silvicultores: o chamado ra-mo agroalimentar, que por si só é o principal responsável pela utiliza-ção do solo do planeta. Segundo o diretor-geral da Fao, Qu Dongyu, nada se pode fazer sem o regresso dos camponeses à gestão, tecnolo-gicamente avançada e sábia, do meio ambiente. A osmose entre a biodiversidade vegetal e animal, e a produção diversificada de alimen-tos e matérias-primas constitui um imperativo global como a redução das emissões industriais. Em 25 de maio passado, os líderes da Fao, da organização das Nações Unidas pa-ra a educação, a ciência e a cultupa-ra (Unesco), do alto comissariado das Nações Unidas para os direitos hu-manos e do programa das Nações Unidas para o meio ambiente (Pnuma) debateram sobre este as-sunto, afirmando que as soluções estão inscritas na biodiversidade. E os camponeses sabem lê-las. A se-gurança alimentar do mundo não está menos em risco do que o seu clima. Por conseguinte, a Amazó-nia não é o problema, mas o livro das soluções que as Nações Unidas tencionam abrir.

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