A MATEMÁTICA NA ANTROPOMETRIA Autores : Emily Filippi, Rose Mari Klepa SCHEFFER, Ana Silvia de Lima VIELMO.
Introdução
A antropometria é o estudo das medidas físicas do corpo humano. Segundo PANERO, ZELNIK, 1991 apud RODRIGUES, 2011), “a origem da antropometria remonta-se na antiguidade, pois Egípcios e Gregos já estudavam a relação das diversas partes do corpo humano”. Um dos pioneiros da técnica de medir o corpo humano foi o alfaiate francês Guglielmo Campaign com sua obra A Arte da Alfaiataria de 1830.
No Brasil, é difícil estabelecer uma tabela única que seja padrão Brasil, devido a grande miscigenação de raças. Um dos problemas que trazem muitos questionamentos com relação à roupa infantil, são as dúvidas que as mães tem ao comprar a roupa para seu filho, uma vez que o tamanho da roupa nem sempre corresponde com a idade da criança.
A norma NBR 15800 de 2009 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), estabelece um padrão de medidas do vestuário bebê infanto-juvenil, mas não atende a todas as regiões do Brasil, pois as crianças apresentam biotipos diferentes sobre influência das etnias e também dos hábitos alimentares culturais.Conforme dados do Sindicato de Fiação Têxtil e de Confecção, a região do Alto Vale possui 700 empresas de confecção do vestuário cadastradas sendo muitas do setor infantil, justificando um estudo de grande valia. Diante destas questões, levantou-se a necessidade de desenvolver esta pesquisa com os alunos do Curso Superior em Designer de Moda, onde pudessem buscar na prática dados reais para trabalhar os conteúdos das disciplinas, fazendo a interdisciplinaridade com a Matemática, tendo como objetivo principal levantar as medidas antropométricas masculino e feminino de 6, 8, 10 e 12 anos em escolas públicas, da cidade de Ibirama e Rio do Sul , apurar esses dados, construir uma tabela regional e após esta etapa fazer um comparativo da tabela elaborada com os artigos fabricados por empresas da região.
Material e Métodos
As cidades de Ibirama e Rio do Sul estão no Alto Vale e a economia dessa região gera em torno das indústrias têxteis e de confecção, onde muitos de nossos alunos trabalham e reconhecem a realidade sobre a falta de padronização de tamanhos do vestuário. A proposta deste trabalho teve como objetivo aproximar a realidade dos conteúdos das disciplinas, onde o aluno é capaz de resolver problemas e levar soluções para dentro das empresas, contribuindo para a qualidade dos produtos e a competitividade no mercado. Assim, desempenharam as seguintes etapas:
Etapa 1- Iniciou-se com um levantamento bibliográfico sobre antropometria, e os estudos antropométricos desenvolvidos no Brasil, bem como a Norma da Associação
Brasileira de Normas Técnicas, a fim de subsidiar em termos de conhecimento o desenvolvimento da Pesquisa.
Etapa 2 - Foi solicitada autorização ao Comitê de Ética, e após consentimento, fez-se os contatos com a Secretaria de Educação dos Municípios e direção de escolas para iniciarem as tomadas de medidas, usando como ferramenta a fita métrica, bem como entrega do Termo de Consentimento Livre aos Pais.
Etapa 3 – A seguir a coleta de medidas nas escolas e o registro dos mesmos, conforme mostram as fotos abaixo.
Foto 1: O autor (2015) Foto 2: O autor (2015)
Etapa 4 - A fim de tirar medidas exatas, foram confeccionadas peças ajustadas em malha, sendo shorts masculino, shorts e top feminino para os tamanhos 6, 8, 10 e 12, conforme mostram as fotos abaixo.
Foto 3: O autor (2015) Foto 4: O autor (2015)
Etapa 5 – Nesta etapa foram realizadas a compilação e tabulação dos dados com base nos cálculos estatísticos. Para a construção da tabela de medidas infantis masculino e feminino, foram estudadas Medidas de Tendência Central segundo FABER, LARSON (2010), que determinam os valores típicos ou representativos de um conjunto de dados, trabalhando com a Média, Mediana, Moda e Ponto Médio para futura análise de um resultado que mais se aproxima com a realidade. Na tabela abaixo estão as tomadas de medidas de busto do tamanho 10 feminino. Com base nesta tabela, calcular a medida dentro das tendências: Média, Mediana, Moda e Ponto Médio.
Tabela com medidas do Busto Feminino tamanho 10
63 60 65 56 70.5 68 62.5 63 67 62 61 62.5 57.5 58 78 65 62 65 75 56 68 81 68 69 63 72 66 85 68 60 61 57 62 67 61 61 61 67 69 70 59 78.5 67 93 61 68 60 81 70 52 72 76 57 57 70 63 Fonte: autor (2015) 1. MÉDIA:
Pela média, todos os valores são considerados. Foram somadas as 56 amostras e dividido pelo número de amostras.
Soma= 3.690 56
Resultado = 65.8 cm 2. MEDIANA:
É o valor do meio do conjunto de dados, quando os valores estão dispostos em ordem crescente ou decrescente. Se o número é ímpar, este valor é a Mediana. Se for par é a média de dois valores. Neste caso, os valores estão em ordem crescente, portanto os valores são: 62.5 e 63 que somando e dividindo por 2 = 62.7
52, 56, 56, 57, 57, 57, 57.5, 58, 59, 60, 60,60,61, 61, 61, 61,61, 61,62, 62,62,62.5, 62.5, 63,63, 63,63,65,65,65,66,67,67,67,67,68,68,68,68,68,69,69,70,70,70,70.5,72, 72, 75, 76,78,78.5,81,81, 85,93
3. MODA
É o valor que ocorre com mais frequência; No caso da tabela acima o valor é 61. 4. PONTO MÉDIO
Corresponde ao valor que está no meio do caminho, entre o maior e o menor valor da tabela. Neste caso, o maior valor será somado com o menor valor e dividido por 2. Assim: 93 + 52
2 Resultado: 72.5
Etapa 6 : Com o tratamento dos dados através da aplicação das Medidas de Tendência Central e análise destes, os valores que mais se aproximaram foram pela Média e Mediana. Dessa forma optou-se aplicar a Média Aritmética, em todos os dados e construiu-se a Tabela de Medidas Infantil Regional.
Etapa 7: Levantamento das empresas confeccionistas do setor infantil em Rio do Sul e Ibirama e visita em 10 empresas de maior porte para a verificação das medidas dos produtos confeccionados e a comparação dos mesmos. Como padrão mediram-se camisetas básicas masculinas e femininas.
Resultados e discussão
A seção Resultados e Discussão deve conter os dados obtidos, podendo ser apresentados, também, na forma de Tabelas e/ou Figuras. A discussão dos resultados deve estar baseada e comparada com a literatura utilizada no trabalho de pesquisa, indicando sua relevância, vantagens e possíveis limitações.
As Tabelas e/ou Figuras (fotografias, gráficos, desenhos) devem ser elaboradas de forma a apresentar qualidade necessária à boa reprodução. Devem ser inseridas no texto e numeradas com algarismos arábicos. Nas Tabelas (sem negrito), o título deve
ficar acima e nas Figuras (sem negrito), o título deve ficar abaixo. É recomendável evitar a apresentação dos mesmos dados na forma de Figuras e Tabelas.
Conclusão
Com a pesquisa concluída, foram feitas as discussões e análise comparativa das medidas obtidas na tabela através deste estudo antropométrico regional com as medidas de artigos infantis das empresas confeccionistas da região. Para fazer o comparativo das roupas com a tabela, levou-se em consideração que a tabela possui medidas de busto/tórax ajustados. Para construir moldes de camiseta, ideal aplicar mais 9% da medida do busto/tórax como folga de movimento.
Exemplo: Tamanho 10 masculino, tórax = 69 cm 69cm - 100% - Resultado = 75.2 cm X 9%
Na tabela abaixo, verificamos esse comparativo das medidas resultantes do estudo com as marcas encontradas no mercado, na camiseta masculina tamanho 10.
Empr 1 Empr 2 Empr 3 Empr 4 Empr 5 Empr 6 Empr 7 Empr 8 Empr 9 Empr 10 Tabela pesquisa 71 71 71.5 72 72.5 72.5 73 74 76 88 75.2 Fonte: autor (2016)
Como resultados, pode-se concluir que as medidas existentes nas roupas são bastante discrepantes da tabela de acordo com a realidade regional. Conforme Boletim do SEBRAE (2014), o empresário deve avaliar com sua equipe as dificuldades encontradas com a tabela de medidas em uso, comparar com os padrões das principais marcas nacionais e internacionais e planejar ações para readequação das tabelas junto à equipe.
Referências
FABER, Betsy; LARSON, Ron.2010 Estatística Aplicada. 4ed. São Paulo: Pearson Education, 216p.
PANERO, JULIUS e ZELNIK, Martin. 1991. Las dimensiones humanas en lós espacios interiores. Estándares antropométricos, 5. Ed México: G. Gili, 278p.
SEBRAE.2014. Como Driblar a Falta de Padronização nas Medidas do Vestuário. São Paulo. Disponível em: <www.sebraemercados.com.br.marketing> Acesso em: 28.jun.2016.
