• Nenhum resultado encontrado

Mobilidade funcional e composição corporal de idosos do International Mobility In Aging Study Brazil – IMIAS BRASIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Mobilidade funcional e composição corporal de idosos do International Mobility In Aging Study Brazil – IMIAS BRASIL"

Copied!
62
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

MOBILIDADE FUNCIONAL E COMPOSIÇÃO

CORPORAL DE IDOSOS DO INTERNATIONAL

MOBILITY IN AGING STUDY BRAZIL – IMIAS

BRASIL

RAISSA BEZERRA GUEDES

NATAL/RN 2019

(2)

MOBILIDADE FUNCIONAL E COMPOSIÇÃO

CORPORAL DE IDOSOS DO INTERNATIONAL

MOBILITY IN AGING STUDY BRAZIL – IMIAS

BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Nutricionista.

Orientadora: Profa. Dra. Clélia de Oliveira Lyra

Co-Orientadora: Marcely Araújo de Morais

NATAL/RN 2019

(3)
(4)

MOBILIDADE FUNCIONAL E COMPOSIÇÃO

CORPORAL DE IDOSOS DO INTERNATIONAL

MOBILITY IN AGING STUDY BRAZIL – IMIAS

BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do

grau de Nutricionista.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Profª. Drª Clélia de Oliveira Lyra

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Orientadora

____________________________________________________________________ Nut. Marcely Araújo de Morais

Mestranda em Nutrição (PPGNUT - UFRN) Coorientadora

____________________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Felipe Silva de Lima

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA/UFRN) 2ª examinador

(5)

“As pessoas pensam que sonhos não são reais apenas porque não são feitos de matéria, de partículas. Sonhos são reais. Mas eles são feitos de pontos de vista, de imagens, de memórias e trocadilhos, e de esperanças perdidas”

(6)

presentes e me apoiarem em minhas decisões durante não somente esta trajetória, porém durante toda minha vida. Aos meus amigos e colegas de universidade, especialmente Sthephany, Roberta, Jaquilene e Elisandra - minha vivência na universidade não teria sido a mesmas sem a amizade de vocês. E a Profª. Drª Clélia de Oliveira Lyra, Prof. Dr. Marcos Felipe Silva de Lima e Marcely Araújo de Morais, que me ajudaram imensamente a finalização de mais esta etapa da minha vida.

(7)

do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

RESUMO

A mobilidade funcional consiste nos movimentos associados ao equilíbrio funcional e à marcha utilizada no cotidiano, como, por exemplo, levantar-se e caminhar a um ritmo confortável sem o auxílio de nenhum instrumento. Modificações de composição corporal podem contribuir para desfechos desfavoráveis em relação à mobilidade funcional. O objetivo desta pesquisa foi analisar a associação entre a mobilidade funcional e a composição corporal dos idosos de ambos os sexos, residentes da cidade de Natal/RN, que fizeram parte da amostra do International Mobility In Aging Study - IMIAS Brasil. Foram avaliados 169 idosos da coorte do IMIAS Brasil, durante a 3ª onda do estudo, realizada em 2016. A avaliação da mobilidade foi realizada por meio da escala Short Physical Performance Battery – SPPB, que é constituída por três testes que avaliam o equilíbrio, a velocidade de marcha e a força muscular do indivíduo em escores. Pontuação inferior a 8 caracteriza mobilidade reduzida. Para a verificação da composição corporal foi realizado o perfil bioelétrico, que incluiu a análise do ângulo de fase, percentual de massa magra e percentual de massa gorda. Para verificar a associação entre a mobilidade funcional e a composição corporal, comparou-se as médias entre os idosos que apresentavam mobilidade reduzida e preservada. A ocorrência de redução de mobilidade nos idosos da população estudada foi de 17,5% e de excesso de peso, 56,5%. Os valores do escores SPPB força foram os menores (2,49 DP 1,24). Observou-se que o % gordura corporal foi considerando muito alto para 52,1% dos idosos, alto para 29,0% e moderadamente alto para 14,2% da população estudada. Verificou-se ainda correlações positivas entre de ângulo de fase, % massa magra, % água intracelular e de água total com os escores SPPB, enquanto que para % massa gorda e resistência as correlações foram negativas. Concluiu-se haver associação entre o perfil bioelétrico e a mobilidade funcional dos idosos, evidenciando-se que quanto maior a proporção de massa gorda, menores os escores do SPPB e maiores valores de ângulo de fase, maiores as pontuações do SPPB.

Palavras-chaves: Envelhecimento; Mobilidade Funcional; SPPB; Composição corporal; Análise de impedância bioelétrica.

(8)

Conclusion Course (Nutrition Graduate Program) - Nutrition Undergraduate Course, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2019.

ABSTRACT

A functional mobility consists of movements associated with or functional balance and non-daily use, such as, for example, getting up and walking at a comfortable or semi-auxiliary pace of an instrument. The objective of this research was to analyze an association between a body composition and a functional mobilization of two sexes of both sexes, residents of Natal / RN, which is part of the International Mobility in Aging Study - IMIAS Brazil. A guarantee of mobility is carried out by means of the Short Physical Performance Battery - SPPB scale, which measures the mobility through the performance of three tests where I estimated the balance, the walking speed and the muscular structure of the individual. Score <8 features reduced mobility. To verify body composition, the bioelectric profile was performed, which included the analysis of phase angle, lean mass percentage and fat mass percentage. As varied sociodemographic analyzed there was sex, age range, schooling and monthly income. To verify the association between a functional mobility and body composition, it was used in Pearson's chi-squared test. It was included 169 people were not present, where the proportion of female sex was higher (51.5%), with a higher percentage of excess weight (56.5%). Our choose of SPPB test was the same for both sexes. Among the associates of the SPPB and the percentage of lean mass and fat, it was observed higher values among the weightiest. In response to the reduction in mobility of the population, it was populated by a study of 17.5%. It was concluded that there is an association between the bioelectric profile and the reduction of functional mobility of the elderly.

Keywords: Aging; Functional Mobility; SPPB; Body composition; Bioelectrical impedance analysis.

(9)

(BIA)... ... 23

Figura 2: Imagem ilustrativa das posições de Side by Side, Semi-Tandem e

Tandem... ... 24

Figura 3: Frequência de Mobilidade Reduzida entre idosos do IMIAS Brasil,

2016... ... 30

Figura 4: Gordura Corporal classificado de acordo com Lohman (1997) de idosos do

(10)

que o idoso se manteve em equilíbrio...25

Quadro 2: Pontuação da prova de velocidade marcha de acordo com a distância

percorrida e o tempo gasto para realizar a prova ... ...25

Quadro 3: Pontuação da prova de força muscular (levantar-se da cadeira) de acordo com

(11)

2016... 29

Tabela 2: Estatística descritiva dos escores da escala Short Physical Performance Battery

(SPPB) dos idosos do IMIAS Brasil, 2016

... ... 30

Tabela 3: Estatística descritiva em relação ao perfil bioelétrico de idosos do IMIAS

Brasil, 2016... ... 31

Tabela 4: Correlação entre as variáveis de perfil bioelétrico e escores do teste SPPB dos

(12)

2 OBJETIVOS ... 13

2.1 OBJETIVO GERAL ... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 13

3 REVISÃO DE LITERATURA ... 14

3.1 IDOSOS: DEFINIÇÃO E SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA NO BRASIL ... 14

3.2 MOBILIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS ... 15

3.3 AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE FUNCIONAL PELO SPPB ... 16

3.4 COMPOSIÇÃO CORPORAL NA POPULAÇÃO IDOSA ... 18

4 METODOLOGIA ... 22

4.1 ASPECTOS ÉTICOS ... 22

4.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO ... 22

4.3 RECRUTAMENTO, DESCRIÇÃO E CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE DA POPULAÇÃO ... 22 4.4 COLETA DE DADOS ... 23 4.5 ELENCO DE VARIÁVEIS ... 24 4.5.1 Mobilidade Funcional ... 24 4.5.2 Composição Corporal ... 27 4.5.3 Variáveis Sociodemográficas ... 28 4.6 ANÁLISE DE DADOS ... 28 5 RESULTADOS ... 29 6 DISCUSSÃO ... 33 7 CONCLUSÃO ... 36 REFERÊNCIAS ... 37 APÊNDICES ... 50 ANEXOS ... 58

(13)

1. INTRODUÇÃO

A expectativa de vida, em nível mundial, aumentou de forma significativa nas últimas décadas. Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050, espera-se que a população mundial com 60 anos ou mais, chegue aos dois bilhões, mais 900 milhões do que em 2015. Simultaneamente a este aumento da expectativa de vida, também ocorre uma crescente mudança no perfil epidemiológico da população que, além da maior longevidade, constitui-se pelo declínio nas taxas de fecundidade e o não declínio das taxas de mortalidade (SOUZA et al., 2013; OMS, 2015; MENDES, 2019).

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, podem ser considerados idosos indivíduos a partir de 60 anos. De acordo com dados coletados em 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), paralelamente a diminuição de população jovem no Brasil entre o período de 2005 e 2015, houve um aumento no número de população adulta entre 30 a 59 anos, passando de 36,2% para 41,0%, juntamente com os idosos de 60 anos ou mais de idade, passando estes de 9,8% para 14,3%. Comparando-se com dados de 2010, onde o Brasil apresentava 10,8% da sua população composta por idosos, em 2017 esta população cresceu para 14,6%. O IBGE estima que essa proporção chegue a 19% em 2030 e a 34% em 2060 (IBGE, 2011; IBGE, 2013; BRASIL, 2016; IBGE, 2018).

O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, caracterizado por mudanças nos aspectos sociais, psicológicos e fisiológicos, os quais levam a uma diminuição das reservas funcionais do organismo, sendo possível verificar alterações em todos os sistemas. Na população idosa, a dimensão da saúde relaciona-se fortemente à sua funcionalidade global, entendida como a “capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo”. Nessa perspectiva, a funcionalidade representa um novo paradigma de saúde, particularmente relevante para o idoso, ao considerar o funcionamento dinâmico e integrado entre o ambiente, a cognição e as habilidades motoras (MACHADO; MACHADO; SOARES, 2013; BEARD; OFFICER; CASSELS, 2016; FREITAS; SOARES, 2019).

A mobilidade funcional é um importante indicador de saúde para o idoso, tendo em vista que o declínio da função física pode ser um importante indicador de

(14)

fragilidade, dependência e maior risco de institucionalização nessa população. Para que a mobilidade funcional ocorra de forma adequada, é necessário que o indivíduo apresente estabilização postural, que depende da integração entre os sistemas visual, vestibular e somatossensorial. Entre as características usualmente relacionadas a idosos com distúrbios de mobilidade funcional, encontram-se: diminuição da velocidade e do comprimento do passo, perda do balanço normal dos braços e diminuição das rotações pélvica e escapular (PIMENTEL; SCHEICHER, 2013; SILVA; PEDRAZA; MENEZES, 2015).

A idade avançada é um fator de risco para reduzir a mobilidade e, quando associada com mudanças na composição corporal, como o aumento da gordura em relação à massa magra, os efeitos deletérios podem ser potencializados. Determinar a variabilidade dos componentes da composição corporal nesse segmento etário é fundamental, uma vez que as modificações nos tecidos muscular, ósseo e da redistribuição da composição corporal podem contribuir para desfechos desfavoráveis à mobilidade, quedas, fraturas, limitação nas tarefas de autocuidado e para a vida independente, além de representar fator preditor para comorbidades e mortalidade (CHAVES et al., 2013; PREVIATO; DIAS; NEMER, 2014; STRUGNELL et al., 2014).

Estudos indicam que as mudanças na composição corporal decorrentes do processo de envelhecimento podem comprometer a mobilidade e a autonomia desta população. No referente aos métodos utilizados para a avaliação da composição corporal, a Bioimpedância Elétrica (BIA) é considerada um método não invasivo, prático, reprodutível e economicamente viável, além de apresentar uma alta velocidade no processamento das informações (RAIMANN et al., 2014; SOARES et al., 2017).

Os estudos publicados considerando a mobilidade funcional em idosos brasileiros abordam a relação com estado nutricional avaliado pela Mini Avaliação Nutricional (MAN), consumo alimentar e antropometria (ALFIERI et al., 2016; FONSECA et al., 2018). Considerando este aspecto, há uma lacuna do conhecimento no tocante a estudos que avaliem a relação entre a mobilidade funcional e a composição corporal por meio de parâmetros bioelétricos em idosos. Com isso, espera-se que este estudo possa contribuir com mais conhecimentos sobre a temática.

(15)

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL:

 Analisar a associação entre a mobilidade funcional e a composição corporal em idosos do International Mobility in Aging Study - IMIAS Brasil.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

 Descrever a população estudada em relação às características sociodemográficas.

 Verificar a prevalência de mobilidade funcional entre os idosos do IMIAS Brasil.

(16)

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 IDOSOS: SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA NO BRASIL

O aumento do número de idosos tem ocorrido de maneira global, decorrente de alterações demográficas nas últimas décadas, estando constantemente associado às transformações do perfil epidemiológico e das características econômicas e sociais das populações. O Estatuto do Idoso (2003) considera idoso indivíduos que apresentam idade igual ou superior a 60 anos, enfatizando o envelhecimento como um direito individual, e sua proteção como um direito social. Segundo projeções realizadas pelo IBGE em 2018, o número de jovens caiu para 44,5 milhões e o de idosos subiu para 28 milhões, apresentando um Índice de Envelhecimento de 63 idosos para cada 100 jovens (BRASIL, 2003; ALBERTE; RUSCALLEDA; GUARIENTO, 2015 IBGE, 2018)

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) coletados em 2017, a taxa de crescimento da população idosa mundial é de aproximadamente 3,0% ao ano, e estima-se que, em 2050, essa população será formada por 2,1 bilhões de pessoas. Existem cerca de 962 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, o que corresponde a 13,0% da população total. Até 2050, todas as regiões do mundo, exceto a África, terão quase um quarto de suas populações compondo essa faixa etária. Em 2015, 13,0% da população brasileira correspondiam a pessoas com mais de 60 anos, e de acordo com projeções realizadas pela OMS esse índice deverá chegar a 29,3% em 2050 (OMS, 2015; OMS, 2017).

Embora o Brasil ainda seja considerado um país com população predominantemente jovem, os índices de população idosa já ultrapassaram as médias presentes nos demais países da América Latina. Estudos realizados em 2016 avaliam que a população de idosos acima de 70 anos no Brasil deverá superar a de jovens até 14 anos a partir de 2030 (AMARO, 2015; REIS, BARBOSA; PIMENTEL, 2016; TAVARES, 2017).

Em geral, os idosos que ultrapassam os 70 anos desenvolvem doenças crônico-degenerativas não transmissíveis (DCNT), onde muitos deles terão algum grau de incapacidade associada, podendo afetar sua capacidade física de modo a limitar ou ter perda total de sua independência. Embora seja caracterizado por mudanças fisiológicas, estas alterações se tornam ainda mais agravantes quando somadas as DCNT, especialmente porque o idoso apresenta uma maior probabilidade de desenvolver doenças

(17)

relacionadas a osteoporose, instabilidade postural, alteração da marcha, declínio cognitivo, dificuldades visuais e auditivas. Em adição, o uso de poli fármacos entre pessoas idosas pode agravar ainda mais a qualidade de vida, as sujeitando a um risco eminente de queda (VERAS, 2009; COSTA et al., 2010; CAVALCANTE; AGUIAR; GURGEL, 2012).

3.2 MOBILIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

A mobilidade funcional consiste nos movimentos associados ao equilíbrio funcional e à marcha utilizada no cotidiano, como, por exemplo, levantar-se e caminhar a um ritmo confortável sem o auxílio de nenhum instrumento. O comprometimento desta capacidade é um fator determinante na promoção da independência do idoso, com influência na saúde física e mental, além de ser uma variável usualmente associada a predição de desfechos clínicos negativos, como a sarcopenia, dinapenia e quedas, os quais são elementos que diminuem a taxa de sobrevida do idoso (STUDENSKI; PERERA; PATEL, 2011; CRUZ-JENTOFT et al., 2018; SILVA et al., 2018; MOREIRA, 2019).

Entre as funções geralmente comprometidas na senescência, encontram-se os sistemas: cardiovascular, respiratório, nervoso, musculoesquelético, endócrino, dentre outros, que são expressos por déficits na aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade, força e equilíbrio. Estes são chamados de requisitos cinéticos funcionais e refletem diretamente na saúde do idoso, pois comprometem sua autonomia na realização de tarefas diárias. Neste contexto, um aspecto importante a ser ressaltado é o desempenho funcional, considerando-se que o declínio desta função física pode ser um importante indicador de fragilidade, dependência e maior risco de institucionalização nessa população (SILVA; PEDRAZA; MENEZES, 2015; SILVA et al., 2018).

De acordo com a Classificação Internacional da Funcionalidade (CIF), desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o declínio funcional pode ser considerado como a perda da autonomia e/ou da independência, pois limita a vida social do indivíduo. Uma das principais causas da diminuição no desempenho motor dessa população está relacionada ao decréscimo natural de massa magra, perdas de massa óssea, diminuição de tecido muscular esquelético e de água corporal. A diminuição da massa muscular é a principal responsável pelo comprometimento na mobilidade e na capacidade funcional dos idosos, gerando consequências negativas na marcha e no equilíbrio,

(18)

aumentando o risco de queda e de perda da independência funcional, bem como contribuindo para a diminuição do bem-estar e da qualidade de vida desse grupo populacional (MATSUDO et al., 2003; CAMPOS; FERREIRA; VARGAS, 2015; OMS, 2015).

A independência e autonomia estão interligadas ao funcionamento satisfatório dos domínios cognitivos, de humor, comportamento, mobilidade e comunicação do idoso. Embora a privação da independência nem sempre está associada diretamente com a perda da autonomia, considerando-se que uma pessoa idosa com perda da capacidade de deambular é capaz de gerenciar a própria vida com autonomia e participação social, a perda da independência, associada com a usual presença de condições crônicas de saúde presentes durante o envelhecimento, aumenta a complexidade do manejo clínicos destes indivíduos. Além disso, também estão associadas a maior demanda de cuidados de longa duração, geralmente realizados pela família, que, na maioria das vezes, não se encontra preparada para esta nova função (PARANÁ, 2017; GOMES, 2018; FREITAS; SOARES, 2019).

Diante das alterações funcionais e na composição corporal, estudos têm buscado verificar a influência de variáveis relacionadas à composição corporal no desempenho funcional de idosos (DANIELEWICZ; BARBOSA; DUCA, 2014; LANDI et al., 2014; QUEIROZ et al., 2014).

3.3. AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE FUNCIONAL PELO Short Physical Performance Battery (SPPB)

A capacidade física, entendida como a autonomia de movimentar-se sem assistência, é um fator crítico para a manutenção da independência funcional de idosos. Limitações na capacidade física são associadas fortemente ao aumento de quedas, hospitalização, doenças cardíacas e cerebrovasculares e mortalidade em idosos. Existem algumas formas de se mensurar a capacidade física através de testes físicos, entre as quais se encontra o Short Physical Performance Battery (SPPB) (VERBRUGGE; JETTE, 1994; GURALNIK et al., 1995; GURALNIK et al., 2000; MCGINN et al., 2008; HOLMES et al., 2009; REID; FIELDING, 2012).

O SPPB é um instrumento para avaliação da capacidade funcional, elaborado nos Estados Unidos, em 1994, por Guralnik et al. (1994), com o intuito de

(19)

fornecer medidas do desempenho físico, de fácil aplicação e reprodutibilidade. Os dados adquiridos no SPPB predizem a capacidade de desempenho global e dos membros inferiores, contribuindo para prever a mortalidade por todas as causas (MARCHON; CORDEIRO; NAKANO, 2010; PIRES, 2015; WARD et al., 2015).

O SPPB reúne dados do teste de equilíbrio estático em pé, de velocidade da marcha em passo habitual, e de força muscular estimada de membros inferiores. Esses três parâmetros de capacidade, avaliados e interpretados de forma associada, têm sido considerados válidos e como fator preditivo para o desempenho global e dos membros inferiores (GURALNIK et al., 1995; NAKANO, 2007; MARCHON; CORDEIRO; NAKANO, 2010).

A adaptação cultural e avaliação da confiabilidade da SPPB para a população idosa brasileira foi realizada por Nakano (2007). A versão brasileira da SPPB apresentou alto índice de confiabilidade, e o instrumento mostrou-se sensível e válido para a avaliação do estado funcional de idosos, tanto em pesquisa como na prática clínica (NAKANO, 2007).

Considerando-se sua acurácia na mensuração da capacidade funcional, o SPPB vem sendo considerado um instrumento útil na avaliação da população idosa. Apesar de ainda não se ter um consenso na literatura no referente a relação da força muscular e status da massa corporal sobre a capacidade física do idoso, estudos sugerem que essa relação seja atribuída, em parte, ao fato de que capacidade muscular (força muscular), ao transferir carga (massa corporal), é afetada pelo excesso de massa corporal gorda (CHEN; GUO, 2008; VASUNILASHORN et al., 2009; VINCENT; LAMB, 2010; MARCHON; CORDEIRO; NAKANO, 2011; VOLPATO et al., 2011; FREIRE et al., 2012; REID; FIELDING, 2012; BRADY; STRAIGHT, 2014; VINCENT;; STRAIGHT; BRADY; EVANS, 2015).

3.4 COMPOSIÇÃO CORPORAL NA POPULAÇÃO IDOSA

Assim como o desempenho funcional, o estado nutricional é um importante indicador da saúde do idoso. Alterações no estado nutricional com o envelhecimento estão ligadas a importantes modificações corporais, como é o caso da redução de massa livre de gordura (principalmente de massa muscular e densidade mineral óssea) e água corporal total, em simultâneo com o aumento na redistribuição da gordura corporal, com maior

(20)

acúmulo na região do tronco e vísceras, e redução nos membros (GÓMEZ-CABELLO et al., 2012).

O corpo pode ser analisado na perspectiva de dois compartimentos quimicamente distintos: massa gorda e massa isenta de gordura corporal. A avaliação corporal é um método fundamental no auxílio do conhecimento do estado nutricional e de saúde do indivíduo, considerando-se que suas alterações podem ser indicadores precoces de fatores de riscos para processos patológicos, ou ainda fornecer dados de prognóstico numa variedade de doenças agudas ou crônicas (CAMPANOZZI et al., 2007; REZENDE et al., 2007).

A distribuição de massa gorda é um importante fator de comorbidade, considerando-se que excesso de gordura abdominal está diretamente ligado ao aumento do risco de doenças cardiometabólicas. O tecido adiposo é formado por adipócitos, vasos sanguíneos e elementos estruturais, sendo o principal local de armazenamento de lipídios. É constituído por cerca de 83% de massa gorda, 2% proteínas e 15% água (HEYWARD; STOLARCZYK, 1996; LOBO, 2012).

A massa isenta de gordura corporal corresponde toda a massa livre de gordura que encontramos em qualquer tecido, entre qual se encontra a massa magra. A massa magra é composta em sua maioria pelo tecido muscular, que compreende cerca de 40% a 50% da massa corporal total, além de ser o maior consumidor energético do organismo. As demais moléculas constituintes da massa isenta de gordura corporal, como água, proteínas, sais minerais e glicogénio, coexistem numa proporção de 72,5%, 19,5%, 8% e entre 1 a 2%, respectivamente. Estas alterações anatômicas ocorrem de forma progressiva e refletem nas condições de saúde dos indivíduos, além de ter sido associadas com o baixo desempenho físico, inatividade, velocidade de marcha reduzida e diminuição da mobilidade (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004; LOBO, 2012; BUCH et al., 2016; CLOSS et al., 2016).

A água corporal total (ACT) presente no organismo pode ser definida como o volume inteiro de água contida no corpo. A ACT varia de acordo com a idade, sexo e quantidade de tecido muscular e adiposo. Em indivíduos saudáveis ocorre pouca variação do volume de água corpóreo durante a vida, com exceção de momentos como o crescimento, gravidez, lactação e envelhecimento. A massa corporal magra (MCM) é formada de 70 a 75% de água, enquanto a massa corpórea gordurosa (MCG) possui de 10 a 40%. Portanto, as mulheres usualmente apresentam maior porcentagem de MCG em

(21)

relação ao sexo masculino. Outro fator que interfere na quantidade de ACT é a idade, uma vez que a ACT varia inversamente proporcional a faixa etária. Indivíduos do sexo masculino tendem a perder menos água que os do sexo feminino com o passar do tempo, uma vez que a perda de massa muscular dependente da idade é menor no homem (WAITZBERG, 2009).

A partir da terceira década de vida, o processo de envelhecimento relativo às capacidades físicas ocasiona uma diminuição no desempenho dos testes relacionados ao controle postural, especialmente na avaliação de equilíbrio estático, onde a visão é suprimida. A diminuição do equilíbrio postural após a sexta década de vida é mais acentuada em relação às demais faixas etárias. Foi encontrado na literatura que os idosos com menor circunferência da panturrilha apresentaram maior probabilidade de mobilidade e equilíbrio ruim. Também foi observado uma significativa correlação negativa entre a força muscular, sobretudo dos extensores do joelho, e a mobilidade funcional em idosos institucionalizados. Os dados mostram que quanto maior a força muscular, maior foi o desempenho de mobilidade funcional (ALFIERI et al., 2015; SILVA; PEDRAZA; MENEZES, 2015; SOARES et al., 2017).

A composição corporal refere-se aos diferentes componentes estruturais que afetam o peso corpóreo, podendo ser mensurados através de métodos diretos ou indiretos de avaliação, os quais geram informações a respeito das características influenciadas por aspectos ambientais ou genéticos. Atualmente, as ferramentas mais utilizadas para a mensuração da composição corporal são a massa corporal, a estatura, as dobras cutâneas, os perímetros corporais e o Índice de Massa Corporal (IMC). Diante da necessidade de métodos que possibilitem a identificação de mudanças na massa magra (MM) e massa gorda (MG), a bioimpedância elétrica (BIA) tem sido amplamente utilizada na prática clínica para avaliar a composição corporal (ABESO, 2016; GLÄNZEL et al., 2018; VERMEULEN, 2019).

A análise de impedância bioelétrica corporal serve para a determinação da composição corporal, ou seja, de parâmetros de interesse clínico como massa de gordura corporal (MG), massa livre de gordura (MLG), massa de água intracelular (AIC), massa de água extracelular (AEC) e a massa de água corporal total (ACT). Estas informações são importantes, por exemplo, na preparação física e avaliação de atletas, na avaliação nutricional, no monitoramento de pacientes com doenças crônicas, nos acompanhamentos da sarcopenia, da tendência de obesidade populacional e males associados e até mesmo

(22)

no prognóstico de algumas doenças (CHUMLEA et al., 2002; CBED, 2014; MIALICH; SICCHIERI; JORDAO JUNIOR, 2014; ASSUNÇÃO; VIEIRA, 2015; SILVA; CARVALHO; FREITAS, 2018).

O método se baseia no princípio de que os tecidos do corpo se comportam como um circuito elétrico em equilíbrio estável, oferecendo oposição à corrente elétrica quando aplicada ao circuito. A impedância (Z), nome atribuído a essa oposição, apresenta dois vetores: resistência (R) e reatância (Xc). A resistência reflete a quantidade de fluidos intra e extracelulares, e a reactância, a quantidade de massa celular, a estrutura e a funcionalidade das membranas celulares. Estudo realizado por LUKASKI et al. (1985), com o modelo de bioimpedância 101 Quantum, RJL Systems (Detroit, MI), demonstra que o percentual de acurácia da BIA varia de 94 a 98%, enquanto as medidas antropométricas não superam 90% (LUKASKI et al.,1985; MARGUTTI et al., 2012; GONZALEZ et al., 2016; GENTON et al., 2017; PILEGGI et al., 2016).

O ângulo de fase é determinado a partir da resistência da água corporal e da reactância das membranas celulares, e é independente da massa e tamanho corporais. Uma função adequada das membranas celulares apresenta ângulo de fase elevado, ao contrário do apoptose celular que apresenta ângulo de fase diminuído. O AF está vinculado à integridade e funcionalidade celular, bem como a quantidade de massa magra, sendo importante tanto na avaliação de indivíduos saudáveis quanto no prognóstico de doenças, pois reflete diferentes propriedades elétricas dos tecidos corporais, indicando também estado nutricional e de hidratação (AMB, 2015; VERMEULEN et al., 2016).

A partir do conhecimento da estatura e dos resultados da impedância, determina-se o volume de água, que é o condutor de eletricidade. Conhecendo a água corporal total (ACT), se estima a massa livre de gordura (MLG). Considerando-se que o peso corporal menos a massa livre de gordura é igual à massa de gordura, quanto mais preciso for o método de avaliação da água corporal total, mais confiabilidade terá o valor obtido dos demais compartimentos corporais (AMB, 2015).

A massa celular corporal (MCC) está relacionada à água intracelular (AI). A massa de músculo esquelética é primariamente a água intracelular e proteínas. A avaliação da MCC pela BIA fornece a referência básica para medir o consumo de oxigênio do trabalho muscular, o requerimento calórico e a taxa metabólica basal. Portanto, as modificações agudas na proteína corporal ocorrem principalmente no

(23)

compartimento celular, sendo geralmente acompanhadas por alterações na água intracelular (SHIZGAL, 1987; KRAEMER, 2006; AMB, 2015).

A conformidade dos resultados da BIA varia de acordo com as equações de predição validadas, que são adaptadas conforme o sexo, etnia, idade, peso, altura e nível de atividade física do indivíduo analisado. A BIA consegue definir adequadamente a composição corporal, identificando de forma individual a massa livre de gordura e a massa de gordura total, fluídos intra e extracelulares, taxa metabólica e ainda o ângulo de fase (AF). Assim, a BIA apresenta uma menor variabilidade em suas estimativas quando comparada a métodos mais simples, como a antropometria (KYLE et al., 2004; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005; RECH et al., 2008; KYLE et al., 2015; LEE et al., 2017).

(24)

4. METODOLOGIA

4.1 ASPECTOS ÉTICOS

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob o título “Declínio da mobilidade na velhice: análise das diferenças entre os sexos sob a perspectiva epidemiológica do Curso da Vida e Carga Alostática”, com registro CAAE 0052.0.294.000-11.

4.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO

A pesquisa constitui-se em um estudo transversal, aninhado a uma coorte, cujos dados avaliados foram obtidos a partir do estudo International Mobility in Aging Study (IMIAS). O IMIAS trata-se de uma pesquisa populacional longitudinal, multicêntrica, multidisciplinar, do tipo coorte, conduzida por pesquisadores das seguintes universidades: Université de Montréal (Montreal, Canada); Queen's University (Kingston, Ontario, Canada); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal, Brasil); Universidad de Caldas (Manizales, Colômbia); e pesquisadores filiados à Albanian School of Public Health (Tirana, Albânia) (GOMEZ et al., 2018).

As coletas de dados foram realizadas durante um período de 4 anos (2012 - 2016), no qual ocorreram três ondas consecutivas (Onda 1 = 2012; Onda 2= 2014; Onda 3 = 2016). Foram avaliados os possíveis fatores associados às diferenças dos níveis de mobilidade funcional (prevalência, incidência e recuperação) entre homens e mulheres durante o processo de envelhecimento, e no impacto que os fatores de risco potencialmente modificáveis, como exposição à violência, pobreza, isolamento social e história reprodutiva, podem exercer sobre a deterioração da mobilidade funcional na velhice (GOMEZ et al., 2018).

4.3 RECRUTAMENTO, DESCRIÇÃO E CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE DA POPULAÇÃO

No Brasil, os participantes foram recrutados a partir das informações cadastrais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde foram submetidos a um teste cognitivo, cujos participantes com pontuação inferior a 4 em relação a escala de orientação do Teste de cognição PCL foram excluídos do estudo.

(25)

A população do estudo foi composta por homens e mulheres com faixa etária entre 67 a 78 anos, usuários dos serviços oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Natal, Rio Grande do Norte.

Os dados utilizados no presente estudo foram obtidos apenas na Onda 3 do projeto International Mobility in Aging Study (IMIAS), em 2016. Os dados antropométricos e de composição corporal por BIA eram para ser realizados inicialmente em 249 idosos. Dos 249 idosos participantes do estudo, somente 169 possuiriam os critérios de inclusão para a avaliação da composição corporal por BIA. Os motivos da não realização da análise de composição corporal foram a recusa de participar da avaliação (n = 58) e a presença de fatores que poderiam influenciar o resultado da BIA: implantes metálicos (n = 6), distúrbios vasculares (n = 9), amputados (n = 3) e marca-passo (n = 4), totalizando 169 indivíduos.

Figura 1: Fluxograma dos participantes da análise de bioimpedância elétrica (BIA).

4.4 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados por entrevistadores treinados, utilizando o questionário IMIAS, o qual contém perguntas e instrumentos de avaliação validados em estudos internacionais de envelhecimento humano. O treinamento dos entrevistadores foi padronizado conforme as instruções contidas no manual do IMIAS. Com o intuito de diminuir as chances de possíveis erros de avaliação, antes da aferição das medidas antropométricas e a realização da BIA, os pesquisadores envolvidos foram devidamente capacitados.

(26)

4.5 ELENCO DE VARIÁVEIS 4.5.1 Mobilidade funcional

A mobilidade funcional foi avaliada por meio da aplicação da escala Short Physical Performance Battery (SPPB), elaborada por Guralnik et al. (1994), a qual compreende um grande acervo de testes para avaliação da capacidade funcional, criado nos Estados Unidos. A SPPB apresenta três testes que avaliam, sequencialmente: equilíbrio estático, velocidade da marcha, e de força de membros inferiores (MMII) (medida indiretamente por meio do teste de senta-levanta).

Para o teste de equilíbrio, o participante avaliado precisou permanecer em cada uma destas posições por 10 segundos: side by side (em pé com os pés juntos), semi-tandem (em pé com um pé parcialmente à frente) e semi-tandem (em pé com um pé totalmente à frente) (GURALNIK et al., 1994).

Figura 2: Imagem ilustrativa das posições de Side by Side, Semi-Tandem e Tandem.

(PHYSIOTHERAPY REHABILITATION OF OSTEOPOROTIC VERTEBRAL FRACTUR, 2013)

De acordo com a posição do participante receberá uma pontuação específica. Ao finalizar da prova equilíbrio, somasse os pontos (GURALNIK et al., 1994).

No quadro abaixo está representado a pontuação da prova referente a equilíbrio de acordo com a posição dos pés e o tempo percorrido.

Quadro 1: Pontuação da prova de equilíbrio de acordo com a posição dos pés e o tempo

(27)

Posição dos pés Tempo em equilíbrio Pontos

Side by Side

< 10 segundos ou não realizou 0

10 segundos 1

Semi-Tandem

< 10 segundos ou não realizou 0

10 segundos 1

Tandem

Até 3 segundos ou não realizou 0

3 a 9,99 segundos 1

10 segundos 2

Fonte: Guralnik, 1994

Para o teste da velocidade da marcha, o participante caminhou, de modo habitual, duas caminhadas de 3 ou 4 metros, delimitadas por fitas fixas ao chão. Neste teste foi avaliado o tempo gasto na efetivação do percurso em segundos e se o participante fez uso de algum artifício que pudessem auxiliar durante a realização do teste. Caso o participante não realize a prova, relatar o motivo (GURALNIK et al., 1994).

Em caminhadas de 4 metros, a nota 0 é atribuída ao participante que não conseguir completar o teste, nota 1 se o tempo for superior a 8,7 segundos, nota 2 o tempo for de 6,21 a 8,7 segundos, nota 3 se o tempo for de 4,82 a 6,2 segundos e nota 4 se o tempo for inferior a 4,82 segundos. O tempo deve ser anotado e convertido em pontos, de acordo com a distância percorrida de 3 ou 4 metros (GURALNIK et al., 1994).

No quadro abaixo está representado a pontuação da prova referente a velocidade da marcha de acordo com o tempo percorrido.

Quadro 2: Pontuação da prova de velocidade marcha de acordo com a distância

percorrida e o tempo gasto para realizar a prova.

3 Metros 4 Metros Pontuação

< tempo de caminhada – 3,62s < tempo de caminhada – 4,8s 4 Pontos

3,62 – 4,65s 4,82 – 6,2s 3 Pontos

4,66 – 6,52s 6,21 – 8,70s 2 Pontos

> 6,52s > 8,7s 1 Ponto

Não realizou Não realizou 0 Ponto

(28)

Para o teste de força de membros inferiores, o participante deveria sentar-se e levantar-sentar-se de uma cadeira cinco vezes consentar-secutivas, o mais rápido que consentar-seguissentar-se, sem fazer uso de auxílios para executar a tarefa. Na hipótese de o participante não conseguir realizar a tarefa durante as 5 vezes ou finalizasse o teste em tempo superior a 60 segundos, sua pontuação seria 0. Caso a duração do teste fosse de 16,7 segundos ou mais, sua pontuação seria 1. Se o tempo ocorresse entre 13,7 a 16,69 segundos, sua pontuação seria 2. Se o tempo ocorresse entre 11,2 a 13, 69 segundos, sua pontuação seria 3. E, quando o tempo do teste fosse inferior a 11,19, sua pontuação seria 4 (GURALNIK et al., 1994).

Durante a avaliação, se porventura o participante utilizasse as mãos, e decidisse não prosseguir ou não finalizasse o teste, não seria pontuado. Entretanto, se a prova não fosse finalizada, o motivo seria relatado. A pontuação referiu-se ao tempo que o indivíduo levou para executar a tarefa (GURALNIK et al., 1994).

No quadro abaixo está representado a pontuação da prova referente a força muscular de acordo com a distância percorrida e o tempo.

Quadro 3: Pontuação da prova de força muscular (levantar-se da cadeira) de acordo com

a distância percorrida e o tempo gasto para realizar a prova.

Levantar-se 5 vezes da cadeira

Tempo (segundos) Pontuação

>60 0 16,7 ou mais 1 13,7 a 16,69 2 11,2 a 13, 69 3 <11,19 4 Fonte: Guralnik, 1994.

A pontuação final da SPPB foi obtida pela soma dos três testes com margem de variação entre 0 a 12 pontos. Foi utilizado um ponto de corte de menor ou igual a 8 pontos para identificar diagnóstico de mobilidade reduzida (GURALNIK, et al., 1994; PÉREZ-ZEPEDA et al., 2018).

(29)

4.5.2 Composição corporal

Para a realização da análise, cada participante do estudo foi instruído a estar deitado na maca, em decúbito dorsal, ficando numa posição relaxada e confortável, desprovido de calçados, meias, relógio, pulseiras ou afins e a esvaziar os bolsos. As pernas foram dispostas de modo a ficarem afastadas entre si e as mãos abertas apoiadas na maca (BIODYNAMICS CORPORATION, 2007).

Em seguida, foram colocados os eletrodos nos seguintes pontos anatômicos: pé direito do eletrodo distal na base do dedo médio e o eletrodo proximal um pouco acima da linha da articulação do tornozelo, entre os maléolos medial e lateral. Mão Direita: o eletrodo distal na base do dedo médio e o eletrodo proximal um pouco acima da linha da articulação do punho, coincidindo com o processo estilóide. O cabo sensor será conectado no monitor e suas extremidades nos eletrodos (BIODYNAMICS CORPORATION, 2007).

A bioimpedância elétrica (BIA) foi executada com o analisador de composição corporal BIODYNAMICS, modelo 450. Foi utilizado o relatório impresso da BIA, contendo informações referentes a: Massa Gorda (Gordura em % e Kg); Massa Livre de Gordura (Massa Magra em % e Kg); Massa Celular Corporal (Body Cell Mass – BCM), Massa Extracelular (Extracellular Mass – ECM); Relação ECM/BCM, IMC – Índice de Massa Corporal; Água Corporal Total (Litros e %); Água Corporal Total (Litros e %); Água na Massa Magra (em %); Água Intracelular (Intracellular Fluid – ICF); Água Extracelular (Extracellular Fluid – ECF); Taxa Metabólica Basal (TMB); Resistência (R): precisão de ± 0,1%, amplitude de 200 a 1500 Ohms, resolução de 0,1 Ohm; Reactância (Xc): precisão de ± 0,2%, amplitude de 0 a 300 Ohms, resolução de 0,1 Ohm; Ângulo de Fase (Phase Angle): precisão de ± 0,2%, amplitude de 0 a 20 Graus, resolução de 0,1 Grau.

A BIA é um método sensível às alterações do estado do avaliado. Logo, o consumo de álcool, cafeína e a prática de atividade física antes da aferição pode provocar uma leitura de bioresistência acima dos valores reais, desta forma superestimando a quantidade de gordura corporal. Para solucionar a situação, os pacientes do presente estudo receberam as orientações necessárias para a realização do exame.

(30)

Para realizar a análise, cada participante do estudo foi orientado a estar deitado na maca, em decúbito dorsal, ficando numa posição relaxada e confortável, desprovido de calçados, meias, relógio, pulseiras ou afins e a esvaziar os bolsos. As pernas foram arranjadas de modo a ficarem afastadas entre si e as mãos abertas apoiadas na maca. Em seguida, os eletrodos foram colocados nos seguintes pontos anatômicos dos participantes: pé direito ( eletrodo distal na base do dedo médio e o eletrodo proximal um pouco acima da linha da articulação do tornozelo, entre os maléolos medial e lateral) e mão direita ( o eletrodo distal na base do dedo médio e o eletrodo proximal um pouco acima da linha da articulação do punho, coincidindo com o processo estilóide). O cabo sensor será conectado no monitor e suas extremidades nos eletrodos.

O perfil bioelétrico foi realizado a partir das variáveis de natureza quantitativa: Ângulo de fase (º), Resistência (ohms), Reactância (ohms), % Massa magra, % Massa gorda, Água corporal total (litros), % Água intracelular, % Água extracelular. 4.5.3 Variáveis sociodemográficas

As variáveis sociodemográficas utilizadas no estudo foram: sexo (masculino/feminino), idade categorizada em faixas etárias (< 70 anos, 70 a 75 anos, > 75 anos) e anos de estudo considerando as seguintes categorias: Não alfabetizados, 1 a 4 anos de estudo, 5 a 9 anos de estudo, > 9 anos de estudo.

4.6 ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram tabulados e processados na planilha eletrônica Microsoft Office® Excel 2010, tratados e analisados em banco de dados Statistical Package for the Social Sciences - SPSS® 23.0 for Windows.

Para garantir a completude das informações para mobilidade funcional, os dados da SPPB equilíbrio, SPPB marcha e SPPB força, tiveram imputação considerando o lugar onde foi realizada a medida, idade, sexo, incapacidade (Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária), e avaliação de limitações funcionais.

A análise dos dados foi realizada de acordo com a natureza das variáveis, e apresentadas conforme a frequência percentual para as variáveis nominais, e média, desvio padrão e quartis para as variáveis quantitativas. Foi utilizada correlação de Spearman para relacionar os componentes do teste SPPB e o perfil bioelétrico.

(31)

5. RESULTADOS

A população estudada foi de 169 idosos, que apresentou maior proporção do sexo feminino. A idade mínima foi de 67 anos, e máxima de 78 anos, sendo a idade média de 72,5 anos (DP 2,5). 10,7% dos idosos apresentam idade inferior a 70 anos, 67,5% apresentam idade entre 70 à 75 anos, e 21,9% apresentam idade superior â 75 anos. A maior parte da população estudada possui baixa escolaridade, apresentando entre 1 a 9 anos de estudo.

Tabela 1: Características sociodemográficas dos idosos do IMIAS Brasil, 2016.

___________________________________________________________________ Variáveis/Categorias n % Sexo Masculino 82 48,5 Feminino 87 51,5 Faixa etária < 70 anos 18 10,7 70 a 75 anos 114 67,5 > 75 anos 37 21,9 *Anos de escolaridade Não alfabetizados 13 7,8 1 a 4 anos de estudo 67 40,4 5 a 9 anos de estudo 61 36,7 > 9 anos de estudo 25 15,1 ___________________________________________________________________ *Dados ignorados para 3 idosos.

A estatística descritiva dos escores da escala Short Physical Performance Battery (SPPB) está apresentada na tabela 2. Observou-se que para o SPPB equilíbrio a pontuação média foi a maior (3,58; DP 0,9) e o SPPB força foi o que apresentou valores menores de escores médios (2,49 DP 1,24). Dentre os três testes subdivididos, o SPPB força foi o que apresentou maior variabilidade de escores, sendo os 25% mais baixos valores até 1,0 ponto.

(32)

Tabela 2: Estatística descritiva dos escores da escala Short Physical Performance Battery

(SPPB) dos idosos do IMIAS Brasil, 2016.

Teste SPPB Média DP P25 P50 P75

SPPB equilíbrio 3,58 0,902 4,00 4,00 4,00

SPPB velocidade da marcha 3,11 0,831 3,00 3,00 4,00

SPPB força 2,49 1,239 1,00 3,00 4,00

SPPB total 9,19 2,355 8,00 10,00 11,00

De acordo com a somatória da pontuação, representada pela figura 2, a frequência de idosos que apresentaram mobilidade reduzida foi de 17,5% e a que apresentaram mobilidade preservada foram 82,5%.

Figura 3: Frequência de Mobilidade Reduzida entre idosos do IMIAS Brasil, 2016.

No tocante ao percentual de gordura corporal, observou-se proporção elevada em relação aos idosos que apresentaram percentuais “muito alto” (52,1%), “alto” (29%) e “moderadamente alto” (14,2%) (figura 3).

Figura 4: % Gordura Corporal de acordo com Lohman (1997) de idosos do IMIAS Brasil,

2016. 17.5% 82.5% Sim Não 0.6 4.1 14.2 29 52.1 0 10 20 30 40 50 60 Baixo Adequado Moderadamente alto Alto Muito alto

(33)

A tabela 3 disposta abaixo demonstra a estatística descritiva em relação ao perfil bioelétrico dos participantes.

Tabela 3: Estatística descritiva em relação ao perfil bioelétrico de idosos do IMIAS

Brasil, 2016. Variáveis de composição corporal Média DP P25 P50 P75 Ângulo de fase (º) 5,50 0,69 5,00 5,50 6,00 Resistência (ohms) 538,54 90,21 477,10 528,20 593,70 Reactância (ohms) 53,67 29,69 46,15 51,60 57,05 % Massa magra 67,07 7,75 60,60 67,20 72,90 % Massa gorda 32,92 7,75 27,10 32,80 39,40

Água corporal total (litros) 32,43 6,43 27,25 31,80 36,95

% Água intracelular 50,36 3,81 47,40 50,80 53,55

% Água extracelular 16,00 2,91 13,80 15,90 17,75

Verificou-se correlações significativas entre ângulo de fase, % de massa magra, % de massa gorda e % de água intracelular com todos os testes do SPPB e os escores totais do teste. Os valores encontrados na massa gorda e de resistência apresentaram correlações negativas com o SPPB total, pois quanto maior foi o % massa gorda e a resistência, menores foram os escores SPPB. Todas as outras correlações significativas foram positivas entre o perfil bioelétrico e os testes SPPB, evidenciando que quanto maiores os valores dos escores do SPPB, maiores os valores destas variáveis. Embora quase todas as correlações tenham sido significativas, todas foram consideradas baixas ou fracas (tabela 4).

(34)

Tabela 4: Correlação entre as variáveis de perfil bioelétrico e escores do teste SPPB

dos idosos do IMIAS Brasil, 2016.

Variáveis SPPB Equilíbrio SPPB Velocidade da marcha SPPB Força SPPB Total Ângulo de fase (º) 0,224** 0,337** 0,332** 0,386** Resistência (ohms) -0,025 -0,115 -0,171* -0,178* Reactância (ohms) 0,123 0,136 0,056 0,103 % Massa magra 0,169* 0,224** 0,327** 0,345** % Massa gorda -0,167* -0,222** -0,326** -0,344** Água corporal total (litros)

0,033 0,076 0,168* 0,157*

% Água intracelular

0,231** 0,237** 0,364** 0,393** % Água extracelular

-0,056 -0,022 0,029 0,008

* Correlação de Spearman p-valor < 0,01

(35)

6. DISCUSSÃO

No presente estudo foram investigados a composição corporal através da bioimpedância, com o desempenho funcional dos idosos participantes do IMIAS, 2016. Apesar de existirem estudos anteriores que pesquisaram associações entre a mobilidade funcional e a composição corporal em públicos da terceira idade, não foi encontrado na literatura estudos utilizando o método Short Physical Performance Battery (SPPB) e a análise de bioimpedância elétrica para avaliar associações, especialmente com a população brasileira (RONCATO et al., 2014; FARIAS et al., 2015; SILVA; PEDRAZA; MENEZES, 2015; ALFIERI et al., 2016).

Os achados da pesquisa se assemelham a outros quanto à predominância do sexo feminino em pesquisas com populações idosas. A maior ocorrência de baixa escolaridade também é reportada em outros estudos com idosos. Além disso, em pesquisas associando fatores determinantes para redução de mobilidade funcional (Tabela 1) e prevalência de quedas em idosos, observou-se que os participantes com baixa escolaridade apresentaram uma prevalência maior em quedas quando comparado aos participantes com alta escolaridade (BEZ; NERI, 2014; NASCIMENTO; TAVARES, 2016; VANCAMPFORT et al., 2017; MARINHO et al., 2018; SEBASTIÃO et al., 2018; SOUSA et al., 2018; VIEIRA et al., 2018).

Acrescentando-se às condições apresentadas no estudo, cita-se a mobilidade funcional. Embora no presente estudo apenas 17,5% da população estudada tenha apresentado redução na mobilidade funcional (Figura 3), estudos indicam que dificuldades de locomoção atingem 26,2% dos idosos brasileiros e chamam a atenção para a ocorrência de dependência e perda de autonomia entre idosos. O SPPB é considerado um método de alto valor preditivo para redução de mobilidade, que é validada através da combinação dos testes de equilíbrio, de velocidade da marcha e de força muscular estimada de membros inferiores (GURALNIK et al. 2000; LEGRAND, 2014; SILVA; NOGUEIRA; IWANAGA, 2014; CARAMANO; KANSO, 2016).

Entre os testes do SPPB, o que costuma apresentar maior pontuação é o teste de equilíbrio, seguido pelo teste de velocidade de marcha e o de força, o que corrobora com os resultados encontrados nesta pesquisa.Dentre os três testes subdivididos, o SPPB força foi o que apresentou maior variabilidade de escores, apresentando 25% de redução

(36)

na população do estudo (Tabela 2). Essa alteração pode ser explicada, em parte, pelo decréscimo da força e massa muscular durante o envelhecimento que afetam usualmente os membros inferiores. Ademais, ressalta-se que em outros estudos houve uma forte associação do declínio de força muscular dos membros inferiores com o prejuízo no desempenho físico funcional na escala SPPB, com declínio da mobilidade nas atividades de caminhada e subir e descer degraus e com redução no desempenho funcional para levantar e sentar (SPOSITO et al., 2010; MERRICK, 2012; SPOSITO et al., 2013; HOLANDA; SILVA, 2013; BILORIA et al., 2017; DUARTE, 2018).

No que se refere às variáveis de composição corporal, verificou-se associação significativa entre a redução de mobilidade funcional, o ângulo de fase, % de massa magra, % de água intracelular, e uma correlação negativa com o % de massa gorda. O ângulo de fase relaciona-se positivamente com o tecido muscular. Os homens, geralmente, apresentam mais % de massa magra, tendo também ângulos de fase superiores. Em todas as idades, verifica-se que os indivíduos do sexo masculino apresentam ângulo de fase significativamente superior ao dos do sexo feminino. Estudos realizados por Selberg & Selberg (2002), observaram uma associação entre o ângulo de fase e a força muscular, sugerindo que um baixo ângulo de fase está associado a um estado funcional mais debilitado (SELBERG; SELBERG, 2002; BARBOSA-SILVA et al., 2005; KYLE et al., 2012; FRANCISCO, 2015).

A redução na massa magra é uma das variáveis mais frequentemente utilizadas para indicar perdas na mobilidade. Estudos têm demonstrado o efeito do envelhecimento na força muscular, principalmente da musculatura extensora do joelho em idosos. Pesquisas realizadas com idosos, observa-se que indivíduos do sexo masculino apresentaram maior reserva de massa muscular quando comparados às mulheres. Entre o período que compreende 25 a 65 anos, ocorre diminuição de 10 a 16% na massa muscular magra. Para esses autores, esta diminuição decorre da redução ocasionada pelo envelhecimento da massa óssea, no músculo esquelético, e por causa da redução da água corporal (ANIANSSON et al. 1986; RITZ, 2001; FECHINE; TROMPRIERI, 2012; SILVA et al., 2013; ABE et al., 2014; ALEXANDRE et al., 2014).

Estudos realizando comparação entre idosos saudáveis e portadores de doenças demonstraram que os idosos que apresentavam mobilidade reduzida apresentaram menor quantidade de água intracelular e uma maior quantidade de água

(37)

extracelular na parte superior e inferior dos das pernas, quando comparados com os idosos saudáveis. É importante ressaltar que a água corporal intracelular é o maior componente da massa muscular e seu declínio durante o envelhecimento pode ser considerado um indicador de diminuição da massa corporal magra. Por isso, não apenas a mensuração da massa muscular total é importante, mas também a avaliação do volume de água intra e extracelular faz-se necessário para verificar a relação entre massa muscular e função física (PINA et al., 2013; YAMADA et al., 2014).

A redução progressiva da % massa magra em idosos é uma preocupação constante para os profissionais da saúde, devido sua relação com a incapacidade física, mobilidade e mortalidade. No presente estudo, foi observado que os idosos com maiores valores de % massa magra não apresentaram um bom desempenho nos testes para mobilidade e equilíbrio comparados aos com menores valores de % massa magra (REID et al., 2008; CHIEN; KUO; WU, 2010; BUNOUT et al., 2011).

Além de aumentar o risco de doença coronariana, o excesso de gordura corporal em idosos pode limitar sua mobilidade. Isto ocorre em virtude da elevação do índice de massa gorda ou a maior proporção de gordura corporal, que podem aumentar a sobrecarga corporal, limitando os movimentos e aumentando o estresse nas articulações e músculos, acentuando o risco de incapacidade nos idosos com excesso de gordura (STENHOLM et al., 2007; VISSER et al., 2000).

No presente estudo foi observado um resultado negativo para o % de massa gorda, ou seja, quanto maior a proporção de massa gorda, menores são os escores do SPPB. Considerando-se a faixa etária predominante no estudo, resultados similares foram encontrados o estudo de Sallinen et al. (2010), onde associação entre o percentual de gordura corporal e a velocidade máxima de caminhada foi mais significativa para indivíduos com idade entre 60 e 79 anos, enquanto que para idosos maiores de 80 anos essa associação não foi muito evidente (SALLINEN et al., 2010).

Os resultados desta pesquisa sugerem haver uma associação entre os parâmetros bioelétricos com a redução da mobilidade funcional. As amostras coletadas foram de uma população específica e, portanto, a capacidade discriminativa de composição corporal não deve ser generalizada. Ressalta-se que este estudo apresenta uma contribuição relevante para a literatura considerando que há escassos estudos desta natureza em população idosa brasileira.

(38)

7. CONCLUSÕES

Diante dos resultados, conclui-se que a frequência de idosos que apresentaram mobilidade reduzida foi de 17,5% e houve proporção elevada em relação aos idosos que apresentaram percentuais “muito alto”, “alto” e “moderadamente alto” de gordura corporal. Em adição, houve associação entre o perfil bioelétrico e os escores do SPPB, evidenciando-se correlações positivas entre de ângulo de fase, % massa magra, % água intracelular e de água total com os escores totais do SPPB, ou seja, quanto maiores os valores do perfil bioelétrico, maiores as pontuações do SPPB. Já em relação ao % massa gorda e de resistência, as correlações foram negativas, demonstrando que quanto maiores os valores percentuais de massa gorda e de resistência, menores eram as pontuações do SPPB.

(39)

REFERÊNCIAS:

XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA-CBED, 2014, Uberlândia. BIOIMPEDÂNCIA COMO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA

COMPOSIÇÃO CORPORAL EM REMADORES BRASILEIROS. Rio de Janeiro:

Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, 2014. 961 p.

ABE, Takashi et al. Prevalence of site-specific thigh sarcopenia in Japanese men and women. Age, v. 36, n. 1, p.417-426, 18 maio 2013. Springer Science and Business Media LLC.

ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

Diretrizes Brasileiras de Obesidade. 4. ed. São Paulo: 2016.

ALBERTE, Josiane de Souza Pinto; RUSCALLEDA, Regina Maria Innocencio; GUARIENTO, Maria Elena. Qualidade de vida e variáveis associadas ao envelhecimento patológico. Rev Soc Bras Clin Med., v. 13, n. 1, p.32-39, mar. 2015.

ALEXANDRE, Tiago da Silva et al. Sarcopenia according to the European Working Group on Sarcopenia in older people (EWGSOP) versus dynapenia as a risk factor for disability in the elderly. The Journal Of Nutrition, Health & Aging, v. 18, n. 5, p.547-553, maio 2014. Springer Science and Business Media LLC.

ALFIERI, Fábio Marcon et al. Equilíbrio e mobilidade funcional em indivíduos independentes para o autocuidado de diferentes faixas etárias. Revista Kairós

Gerontologia, São Paulo, v. 4, n. 18, p.151-163, dez. 2015.

ALFIERI, Fábio Marcon et al. Relações entre equilíbrio, força muscular, mobilidade funcional, medo de cair e estado nutricional de idosos da comunidade. Revista Kairós

Gerontologia, São Paulo, v. 19, n. 2, p.147-165, jun. 2016.

AMARO, Fausto. Envelhecer no mundo contemporâneo: oportunidades e incertezas.

Rbceh, Passo Fund, v. 12, n. 3, p.201-211, dez. 2015.

AMB. Associação Brasileira de Nutrologia. Avaliação da Composição Corporal por

Bioimpedanciometria. 2015. 18 p.

ANIANNSON, A. et al. Muscle morphology, enzymatic activity, and muscle strength in elderly men: a follow up study. Muscle Nerve, v. 9, n. 7, p. 585-591, sept. 1986.

(40)

ASSUNÇÃO, Gabriel Vasconcelos; VIEIRA, Cláudia Maria da Silva. Composição corporal por bioimpedância de policiais da companhia de choque do BPRONE da polícia militar do Piauí. Somma, Teresina, v. 1, n. 1, p.68-77, dez. 2015.

BEARD, John R.; OFFICER, Alana M.; CASSELS, Andrew K.. The World Report on Ageing and Health. The Gerontologist, v. 56, n. 2, p.S163-166, 18 mar. 2016. Oxford University Press (OUP).

BEZ, Joelita Pessoa de Oliveira; NERI, Anita Liberalesso. Velocidade da marcha, força de preensão e saúde percebida em idosos: dados da rede FIBRA Campinas, São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 8, p.3343-3353, ago. 2014. FapUNIFESP (SciELO).

BILORIA, Bruno Teodoro et al. Maior índice de massa corporal e menor circunferência da cintura estão associados com maior desempenho físico (SPPB) somente em idosas dinapênicas. Acta Fisiatr., v. 1, n. 24, p.22-26, 01 mar. 2017.

BORGES, Gabriel Mendes; ERVATTI, Leila Regina; JARDIM, Antônio de Ponte.

Mudança demográfica no Brasil no início do século XXI: subsídios para as projeções

da população. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. 156 p.

BRADY, Anne O.; STRAIGHT, Chad R.. Muscle capacity and physical function in older women: What are the impacts of resistance training?. Journal Of Sport And Health

Science, v. 3, n. 3, p.179-188, set. 2014. Elsevier BV.

BUCH, Assaf et al. Muscle function and fat content in relation to sarcopenia, obesity and frailty of old age — An overview. Experimental Gerontology, v. 76, p.25-32, abr. 2016. Elsevier BV.

BIODYNAMICS CORPORATION. Copyright © 2007. Monitor de composição corporal biodynamics modelo 450 versão v. 5.1 – internacional. Manual de instrução. 1. Ed. São Paulo, 2007. 24p.

BIODYNAMICS CORPORATION. Copyright © 2004-2017. Quick start guide for the BIA 450. 2004. 25 p.

BRASIL. Lei nº 10.741, de 1 de outubro de 2003. Estatuto do Idoso: Dispõe sobre o estatuto do idoso e das outras providências. Brasília, Senado Federal.

(41)

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Estratégia Brasil Amigo da Pessoa

Idosa. Caminho para o envelhecimento ativo, saudável, cidadão e sustentável.

Processo de integração de políticas públicas para que comunidades e cidades se tornem mais amigas da pessoa idosa. Brasília, 2018.

CAMPANOZZI, Angelo et al. Evaluation of lean body mass in obese children. European

Journal Of Pediatrics, v. 167, n. 5, p.533-540, 6 jul. 2007. Springer Science and

Business Media LLC.

CARAMANO, A. A.; KANSO, S. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica. In: FREITAS, E. V.; PY, L. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. cap 5, p. 203-235.

CAVALCANTE, André Luiz Pimentel; AGUIAR, Jaina Bezerra de; GURGEL, Luilma Albuquerque. Fatores associados a quedas em idosos residentes em um bairro de Fortaleza, Ceará. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p.137-146, 2012. FapUNIFESP (SciELO).

CHAVES, Layana Rodrigues et al. Estado nutricional e consumo alimentar de idosos assistidos na estratégia saúde da família. Rev Enferm Ufpe On Line., Recife, v. 7, n. 12, p.6780-6789, dez. 2013.

CHEN, Honglei; GUO, Xuguang. Obesity and Functional Disability in Elderly Americans. Journal Of The American Geriatrics Society, v. 56, n. 4, p.689-694, abr. 2008. Wiley.

CHUMLEA, Wc et al. Body composition estimates from NHANES III bioelectrical impedance data. International Journal Of Obesity, v. 26, n. 12, p.1596-1609, dez. 2002. Springer Nature.

CLOSS, Vera Elizabeth et al. Medidas antropométricas em idosos assistidos na atenção básica e sua associação com gênero, idade e síndrome da fragilidade: dados do EMI-SUS.

Scientia Medica, v. 25, n. 3, p.1-17, 26 jan. 2016. EDIPUCRS.

COSTA, Alice Gabrielle de Sousa et al. Identificação do risco de quedas em idosos após acidente vascular encefálico. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p.684-689, dez. 2010. GN1 Genesis Network.

(42)

CRUZ, Danielle Teles da et al. Prevalência de quedas e fatores associados em idosos.

Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 46, n. 1, p.138-146, fev. 2012. FapUNIFESP

(SciELO).

CRUZ-JENTOFT, Alfonso J et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age And Ageing, v. 48, n. 1, p.16-31, 24 set. 2018. Oxford University Press (OUP).

DANIEL, Fernanda et al. Representações sociais do envelhecimento ativo num olhar genderizado. Análise Psicológica, Lisboa, v. 34, n. 4, p.353-364, 12 dez. 2016. ISPA - Instituto Universitário.

DANIELEWICZ, Ana Lúcia; BARBOSA, Aline Rodrigues; DUCA, Giovâni Firpo del. Nutritional status, physical performance and functional capacity in an elderly population in southern Brazil. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 60, n. 3, p.242-248, jun. 2014. FapUNIFESP (SciELO).

DIAS, Laís Alli et al. Caracterização da capacidade física em idosas ativas. 8º Congresso

de Extensão Universitária da Unesp, p.1-4, 21 set. 2015.

DUARTE, Tamiris Campos. NÍVEIS DE SARCOPENIA E FORÇA DA

MUSCULATURA RESPIRATÓRIA EM IDOSAS COMUNITÁRIAS. 2018. 70 f.

TCC (Graduação) - Curso de Reabilitação e Desempenho Funcional, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2018.

FARIAS, João Paulo et al. EFEITO DE OITO SEMANAS DE TREINAMENTO FUNCIONAL SOBRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL E A APTIDÃO FÍSICA DE IDOSOS. Cinergis, v. 16, n. 3, p.194-197, 1 dez. 2015. APESC - Associacao Pro-Ensino em Santa Cruz do Sul.

FECHINE, B.R.A.; TROMPRIERI, N. O processo de envelhecimento: As principais Alterações que acontecem com o Idoso com o passar dos anos.

Inter Science Place Revista Cientifica Internacional. Ed20.vol.1.p.115-121, 2012.

FONSECA, Ana Ilian Santos et al. Efeito de um programa de treinamento de força na aptidão física funcional e composição corporal de idosos praticantes de musculação. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v. 12, n. 76, p.556-563, ago. 2018.

(43)

FRANCISCO, Susana Isabel dos Santos. Ângulo de fase como indicador do estado

funcional em idosos. 2015. 92 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Exercício e Saúde,

Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa, 2015.

GLÄNZEL, Marcelo Henrique et al. Associação de variáveis antropométricas e de bioimpedância em diferentes níveis de aptidão cardiorrespiratório. Revista Brasileira de

Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v. 12, n. 77, p.750-756, out. 2018.

GOMES, Maria de Lourdes de Freitas. Atividades instrumentais de vida diária e risco

de quedas em pessoas idosas participantes do centro de convivência do idoso no município de Vitória da Conquista-BA. 2018. 79 f. Tese (Doutorado) - Curso de

Medicina e Saúde Humana da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, 2018.

GOMEZ, FERNANDO. et al. Cohort Profile: The International Mobility In Aging Study (IMIAS). International Journal Of Epidemiology, Oxford, v. 47, n. 5, p.1-9, abr. 2018 GÓMEZ-CABELLO, A. et al. Aging and body composition: the sarcopenic obesity in Spain. Nutr. Hosp., Madrid, v. 27, n. 1, p.22-30, fev. 2012.

GÓMEZ-CABELLO, A. et al. Envejecimiento y composición corporal: la obesidad sarcopénica en España. Nutr. Hosp., Madrid, v. 27, n. 1, p.22-30, fev. 2012.

GURALNIK, J. M. et al. A Short Physical Performance Battery Assessing Lower Extremity Function: Association With Self-Reported Disability and Prediction of Mortality and Nursing Home Admission. Journal Of Gerontology, v. 49, n. 2, p.85-94, 1 mar. 1994. Oxford University Press (OUP).

GURALNIK, J. M. et al. Lower Extremity Function and Subsequent Disability: Consistency Across Studies, Predictive Models, and Value of Gait Speed Alone Compared With the Short Physical Performance Battery. The Journals Of Gerontology

Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 55, n. 4, p.M221-M231, 1 abr.

2000. Oxford University Press (OUP).

HEYWARD, Vivian H.; STOLARCZYK, Lisa M.. Applied Body Composition

Referências

Documentos relacionados

Foi notado que todos os ambientes de programação visual descritos nos artigos pesquisados para o desenvolvimento deste trabalho possuem uma estrutura padrão composta de

(a) Localização dos máximos e mínimos do campo magnético no segundo modo de ressonância nas duas bobines. (b) Distribuição de correntes na bobine no segundo modo de ressonância

individualizado de Enfermagem de Reabilitação, cuidam-se pessoas com necessidades (neste estudo com défice no autocuidado, alterações de funcionalidade e do foro

A fim de ilustrar as diferenças no desempenho obtido com a mesma máquina com FCEM trapezoidal sendo alimentada no modo seis pulsos e através do controle vetorial com a

O uso, tanto institucional quanto por parte do fiel, garante a formação de mais uma esfera do agir comunicativo inserida na comunidade de fala entre os fiéis da Assembleia de Deus

CEB – Câmara de Educação Básica CNE – Conselho Nacional de Educação COGEC – Comitê Gestor de Educação do Campo do Rio Grande do Norte CONTAG – Confederação Nacional

Nesse sentido, a gestão democrática das cidades prevê vários instrumentos garantidores de maior e crescente nível de participação cidadã como, por exemplo, “debates,