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Cinco peças para violão de Amaro Siqueira: edições críticas a partir de manuscritos

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE P -ÓS GRADUAÇÃO EM MÚSICA

ALEXANDRE HENRIQUE DE SIQUEIRA

CINCO PEÇAS PARA VIOLÃO DE AMARO SIQUEIRA:EDIÇÕES CRÍTICAS

A PARTIR DE MANUSCRITOS

NATAL-RN 2018

(2)

ALEXANDRE HENRIQUE DE SIQUEIRA

CINCO PEÇAS PARA VIOLÃO DE AMARO SIQUEIRA:EDIÇÕES CRÍTICAS

A PARTIR DE MANUSCRITOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa 2 – Processos e dimensões da produção artística, como requisito parcial para a obtenção do título deMestreemMúsica.

Orientador: Prof. Dr. Ezequias Oliveira Lira

NATAL-RN 2018

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Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial Pe. Jaime Diniz - Escola de Música da UFRN S618c Siqueira, Alexandre Henrique de.

Cinco peças para violão de Amaro Siqueira: edições críticas a partir de manuscritos \ Alexandre Henrique de Siqueira. – Natal, 2018.

117 f.: il.; 30 cm.

Orientador: Ezequias Oliveira Lira.

Dissertação (mestrado) – Escola de Música, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2018.

1. Música para violão – Análise crítica – Dissertação. I. Siqueira, Amaro – Obras Manuscritas – Dissertação. II. Lira,

Ezequias Oliveira.III. Título.

RN/BS/EMUFRN CDU 781.6

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ALEXANDRE HENRIQUE DE SIQUEIRA

CINCO PEÇAS PARA VIOLÃO DE AMARO SIQUEIRA:EDIÇÕES CRÍTICAS

A PARTIR DE MANUSCRITOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa 2 – Processos e dimensões da produção artística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.

Aprovada em:__/__/__

BANCA EXAMINADORA:

PROF . DR . ZILMAR RODRIGUES DE SOUZA

PROF . DR . EZEQUIAS OLIVEIRA LIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ORIENTADOR

MEMBRO DA BANCA

PROF . DR . EDDY LINCOLLN FREITAS DE SOUZA

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ

MEMBRO DA BANCA

(5)

Dedico este trabalho ao meu avô Amaro Carvalho de Siqueira (In memorian) que não pude conhecer, mas cuja obra musical é minha fonte inspiradora.

(6)

Aos meus familiares pelo apoio incondicional na carreira de músico e violonista a qual nasci predestinado a seguir.

À minha mãe Carmem Maria Henrique de Siqueira por todo carinho, ajuda e incentivo aos estudos.

Ao meu pai Fidja Nicolai de Siqueira meu exemplo de vida, de músico, por todo incen-tivo além da ajuda fundamental para a concretização desta pesquisa.

À minha esposa Katarina e aos meus filhos Nicholas e Heitor, por suportarem a privação do lazer que tivemos que abrir mão durante o período de meu mestrado.

Ao ilustríssimo professor Dr. Ezequias Lira pelas orientações e esclarecimentos oportu-nos.

Ao professor Dr. André Siqueira, meu irmão, por toda orientação e colocações enrique-cedoras ao longo desta pesquisa.

Ao meu irmão Flávio Siqueira, pelo incentivo e por acreditar em meu potencial.

Aos meus ex-professores, Dr. Eugênio Lima pelas contribuições importantes e ao Dr. Zilmar Rodrigues e Dra. Eliane Leão por tantas aulas com valiosos ensinamentos ao longo de minha formação no mestrado.

À direção, coordenação, professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação da UFRN, em especial à Deja, por estar sempre pronta a ajudar com eficiência e simpatia.

Aos queridos colegas de mestrado, por estarem sempre presentes.

À todos que direta ou indiretamente contribuiram para a concretização desta pesquisa.

(7)

“Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”. (Leonardo da Vinci)

(8)

Esta pesquisa tem por objetivo a realização de Edições Críticas de cinco peças para violão de Amaro Carvalho de Siqueira: Devaneios nº 1, Confidência, Valsa de Esquina nº 1, Valsa de Esquina nº 2e Prelúdio nº 5 a partir da comparação entre manuscritos, autógrafos e fonogramas. A proposta consiste em uma introdução, com as motivações que levaram a esta pesquisa seguida da biografia do compositor, em que os primeiros dados são apresentados. Na sequência, são desenvolvidos os subsídios para a fundamentação teórica da dissertação, através dos quais pôde-se refletir sobre os direcionamentos às indagações referentes as edi-ções musicais, bem como às questões interpretativas das peças. São apresentadas reflexões sobre as fontes manuscritas e as possíveis alterações nas edições, discutindo-se as prováveis razões das escolhas e delimitando os resultados para se chegar às edições críticas das obras do compositor, tendo sido também consideradas as informações de fonogramas existentes. Estabelecida esta metodologia de análise, na sequência, definiu-se o modelo de edição a ser adotado para a formatação das peças nas partituras, tendo Ricciardi (2015) como referencial teórico. O processo de Edição Crítica de cada peça, a partir dos manuscritos, passou por Revisão e/ou Correção, por Comentários e/ou Análise e Conclusões Parciais; nesta ordem. Apresentam-se, também, como consequência do processo, nas Conclusões Finais, algumas possibilidades técnico-interpretativas para as cinco músicas analisadas visando ampliar as informações referentes à performance de cada uma.

Palavras-chaves: Violão. Amaro Siqueira. Cinco Peças. Metodologia de Edições Críticas.

(9)

This research has as objective the realization of Critical Editions of five pieces for guitar by Amaro Carvalho de Siqueira: Devaneios nº 1, Confidências, Valsa de Esquina nº 1, Valsa de Esquina nº 2, Prelúdio nº 5 from the comparison between manuscripts, Auto-graphs and phono-grams . The proposal consists of an introduction, with the motivations that led to this research followed by the biography of the composer, in which the first data are presented. Subsequently, the subsidies for the theoretical basis of the dissertation are developed, through which it was possible reflect on the directions to the questions concer-ning this musical edition, as well as the interpretative questions of the pieces. Reflections on handwritten sources and possible changes in the editions are discussed, discussing the probable reasons for the choices and delimiting the results in order to arrive at the critical editions of the composer’s works, also considering the information of existing fonogra-mase. Defined this methodology of analysis, in sequence, it was defined the edition model to be adopted for the formatting of the pieces in the scores, having Ricciardi (2015) with theoretical reference. The Critical Editing process of each piece, from the manuscripts, was reviewed and / or corrected, by Comments and / or Analysis and Partial Conclusions, in that order. Also, as a consequence of the process, in the Final Conclusions, some technical-interpretative possibilities for the five songs analyzed aiming at amplifying the information regarding the performance of each one.

Keywords: Guitar. Amaro Siqueira. Biography. Five works. Critical Edition Methodology.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Long Play: Capa e contracapa do LP Saudades da Juventude - Projeto

Me-mória nº 14 da UFRN. . . 15

Figura 2 – Recorte: Jornal do Recife v.1 nº 191 p. 3, 18 de agosto de 1926. . . 19

Figura 3 – Recorte: Jornal Pequeno de Recife nº 271, p. 4, Recife 1936. . . 20

Figura 4 – Recorte: Jornal A Noite (RJ), nº 12929, p. 6, Rio 1948. . . 20

Figura 5 – Recortes: Jornal A Ordem (RN), nº 03752 de 07 de julho de 1948 e Diário de Notícias (RJ), nº 07923 de 22 de agosto de 1948. . . 21

Figura 6 – Recorte: Notícia do Diário de Pernambuco, nº 274 p. 5, de 02 de dezembro de 1958. . . 22

Figura 7 – Revista italiana: L’arte Chitarristica, maio/junho de 1949. . . 23

Figura 8 – Revista: Guitar News, agosto/setembro de 1952. . . 24

Figura 9 – Dicionário: La Guitarra y los Guitarristas. . . 24

Figura 10 – Revista: Som, Natal-RN, Junho de 1948. . . 25

Figura 11 – Foto: Recital de Amaro Siqueira na TV Jornal do Comércio, canal2, 01 de março de 1961. . . 26

Figura 12 – Fotos: O jovem Siqueira no incício de seus recitais / O velho Siqueira em um de seus últimos recitais. . . 28

Figura 13 – Compassos 1 e 2, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 39

Figura 14 – Compassos 1 e 2, Devaneios nº 1, editados. . . 39

Figura 15 – Compassos 3 e 4, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 40

Figura 16 – Compassos 3 e 4, Devaneios nº 1, editados. . . 40

Figura 17 – Compassos 5 e 6, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 40

Figura 18 – Compassos 5 e 6, Devaneios nº 1, editados. . . 41

Figura 19 – Compassos 7 e 8, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 41

Figura 20 – Compassos 7 e 8, Devaneios nº 1, editados. . . 41

Figura 21 – Compasso 9, Devaneios nº 1, manuscrito. . . 42

Figura 22 – Compasso 9, Devaneios nº 1, manuscrito. . . 42

Figura 23 – Compassos 10 e 11, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 42

Figura 24 – Compassos 10 ao 12, Devaneios nº 1, editados. . . 43

Figura 25 – Compasso 12, Devaneios nº 1, manuscrito. . . 43

Figura 26 – Compasso 13, Devaneios nº 1, editado. . . 43

Figura 27 – Compassos 13 ao 16, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 44

Figura 28 – Compasso 14 ao 17, Devaneios nº 1, editado. . . 44

Figura 29 – Compassos finais 17 e 18, Devaneios nº 1, manuscritos. . . 45

(11)

Figura 31 – Compassos 1 ao 27, Confidência, manuscritos. . . 50

Figura 32 – Compassos 1 ao 16, Confidência, editados. . . 50

Figura 33 – Compassos 1 ao 32, Confidência, editados. . . 51

Figura 34 – Compassos 20 ao 39, Confidência, manuscritos. . . 51

Figura 35 – Compassos 33 ao 48, Confidência, editados. . . 52

Figura 36 – Compassos finais, 38 ao 39, Confidência, manuscritos. . . 53

Figura 37 – Compassos finais, 40 ao 69, Confidência, manuscritos. . . 53

Figura 38 – Compassos 49 ao 67, Confidência, editados. . . 54

Figura 39 – Compassos finais, 68 ao 80, Confidência, editados. . . 54

Figura 40 – Compassos 1 ao 4, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 57

Figura 41 – Compassos 1 ao 4, Valsa de Esquina nº 1, editada. . . 57

Figura 42 – Compassos 5 ao 8, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 57

Figura 43 – Compassos 5 ao 8, Valsa de Esquina nº 1, editada. . . 58

Figura 44 – Compassos 9 ao 13, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 58

Figura 45 – Compassos 9 ao 13, Valsa de Esquina nº 1, editada. . . 58

Figura 46 – Compassos 14 ao 16, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 58

Figura 47 – Compassos 14 ao 16, Valsa de Esquina nº 1, editada. . . 59

Figura 48 – compassos 17 ao 21, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 59

Figura 49 – Compassos 17 ao 21, Valsa de Esquina nº 1, editados. . . 59

Figura 50 – Compassos 22 ao 26, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 59

Figura 51 – Compassos 22 ao 26, Valsa de Esquina nº 1, editados. . . 60

Figura 52 – Compassos 27 ao 29, Valsa de Esquina nº 1, autógrafo. . . 60

Figura 53 – Compassos 27 ao 29, Valsa de Esquina nº 1, editados. . . 60

Figura 54 – Compassos finais 30 ao 32, Valsa de Esquina nº 1, autógrafos. . . 60

Figura 55 – Compassos finais 30 ao 32, Valsa de Esquina nº 1, editados. . . 60

Figura 56 – Compassos 1 ao 10, Valsa de Esquina nº 2, manuscritos. . . 62

Figura 57 – Compassos 1 ao 12, Valsa de Esquina nº 2, editados. . . 63

Figura 58 – Compassos 11 ao 18, Valsa de Esquina nº 2, manuscritos. . . 63

Figura 59 – Compassos 13 ao 24, Valsa de Esquina nº 2, editados. . . 64

Figura 60 – Compassos 19 ao 26, Valsa de Esquina nº 2, manuscritos. . . 64

Figura 61 – Compassos 25 ao 33, Valsa de Esquina nº 2, editados. . . 64

Figura 62 – Compassos 27 ao 34, Valsa de Esquina nº 2, manuscrito. . . 65

Figura 63 – Compassos finais 35 ao 44, Valsa de Esquina nº 2, manuscrito. . . 65

Figura 64 – Compassos 34 ao 41, Valsa de Esquina nº 2, editados. . . 66

Figura 65 – Compassos finais 42 ao 50, Valsa de Esquina nº 2, editados. . . 66

Figura 66 – Compassos 1 ao 8, Prelúdio nº 5, manuscritos. . . 69

Figura 67 – Compassos 1 ao 8, Prelúdio nº 5, editados. . . 69

Figura 68 – Compassos 9 ao 14, Prelúdio nº 5, manuscritos. . . 69

(12)

Figura 70 – Compassos 9 ao 17, Prelúdio nº 5, editados. . . 70

Figura 71 – Compassos 18 ao 20, Prelúdio nº 5, manuscritos. . . 71

Figura 72 – Compassos finais 22 ao 26, Prelúdio nº 5, manuscritos. . . 71

Figura 73 – Compassos finais 17 ao 26, Prelúdio nº 5, editados. . . 71

Figura 74 – Manuscrito: sobre o violonista Amaro Siqueira, por Isidoro Bacelar, em 1959. 102 Figura 75 – Manuscrito: sobre o violonista Amaro Siqueira, por Dom Marcolino Dantas, arcebispo de Natal, em 1959. . . 103

Figura 76 – Manuscrito: sobre o violonista Amaro Siqueira, por Luís da Câmara Cas-cudo, 29 de maio de 1949. . . 104

Figura 77 – Poema: autoria de Amaro Siqueira, dedicado ao seu amigo e professor Isi-doro Bacelar, 15 de dezembro de 1956. . . 105

Figura 78 – Foto à esquerda: Amaro Siqueira em recital promovido pela Sociedade de Cultura Musical de Manaus, no Teatro Amazonas em 21 de junho de 1951. - Foto à direita: O poeta João de Oliveira Fonsêca, o violonista e compositor José de Oliveira Queirós e Amaro Siqueira. . . 106

Figura 79 – Foto à esquerda: Amaro Siqueira autografando após recital. – Foto à direita: O Professor Isidoro Bacelar, esposa e seu amigo e aluno José Xavier Júnior, ano desconhecido (Fonte: Instituto Histórico Geográfico (IHG) de Vitória de Santo Antão - PE). . . 106

Figura 80 – Foto de cima: Amaro Siqueira, plateia atenta ao seu recital. – Foto de baixo: Amaro Siqueira em entrevista após performance com orquestra, Guedes Pei-xoto e o apresentador do programa "No Caminho das Artes", José Maria Marques, TV Jornal do Comércio, canal 2, 01 de março de 1961. . . 107

Figura 81 – Foto de cima: – Amaro Siqueira enquanto proferia palestra sobre a história do violão no Salão de Honra do Instituto de Música de Aracaju. Ao seu lado, o diretor da instituição; Genaro Plech. Aracajú, 06 de maio de 1950. Foto de baixo: Amaro Siqueira e orquestra de alunos de violão, Belém (PA), 1951. . 108

Figura 82 – Foto à esquerda: Primeira notícia de um recital de Amaro Siqueira, Jornal do Recife, edição 114, Recife (PE), 1934. – Foto à direita: Amaro Siqueira em Recital (local desconhecido), Recife (PE), 1961. . . 109

Figura 83 – Foto à esquerda: O Professor e pianista Waldemar de Almeida – Foto à di-reita: Amaro Siqueira. . . 109

Figura 84 – Foto de cima: Faixada do antigo prédio da Escola de Música da UFRN na rua Potengi, Petrópolis, Natal-RN. Foto de baixo, da esquerda para a direita: Os violonistas e ex-alunos de Fidja Siqueira; Álvaro Barros, Inês Bigóis, Eugênio Lima, o prof. Fidja Siqueira e Danilo Guanais, EMUFRN, Natal (RN). . . 110

Figura 85 – Foto: O compositor e violonista Amaro Carvalho de Siqueira, 7 de julho de 1949. . . 111

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – 40 peças autorais para violão de Amaro Siqueira . . . 26

Tabela 2 – 05 peças autorais escolhidas para esta pesquisa. . . 33

Tabela 3 – Síntese dos Comentários de Devaneios nº1 . . . 49

Tabela 4 – Síntese dos Comentários de Confidência . . . 56

Tabela 5 – Síntese dos Comentários de Valsa de Esquina nº 1 . . . 62

Tabela 6 – Síntese dos Comentários de Valsa de Esquina nº 2 . . . 68

(14)

LISTADEILUSTRAÇÕES . . . . 9

LISTADETABELAS .. . . . 12

INTRODUÇÃO . . . . 15

1 SOBRE AMARO SIQUEIRA . . . . 17

1.1 Nas ondas do rádio . . . 17

1.2 Festa no hospital . . . 17

1.3 De Areia Branca aos palcos brasileiros . . . 18

1.4 Obras para violão . . . 26

1.5 Epílogo . . . 27

2 SOBRE EDIÇÕES CRÍTICAS . . . . 29

3 MODELO PARA FORMATAÇÃO DAS EDIÇÕES . . . . 34

4 CINCO PEÇAS . . . . 38 4.1 Devaneios nº 1. . . 38 4.2 Confidência . . . 49 4.3 Valsa de Esquina nº 1 . . . 57 4.4 Valsa de Esquina nº 2 . . . 62 4.5 Prelúdio nº 5. . . 68 5 CONCLUSÃO . . . . 73 REFERÊNCIAS . . . 75

78

ANEXO A Devaneios nº 1 . . . . 79 ANEXO B Confidência . . . . 82

ANEXO C Valsa de Esquina nº 1 . . . . 88

ANEXO D Valsa de Esquina nº 2 . . . . 92

ANEXO E Prelúdio nº 5 . . . . 97

SUMÁRIO

(15)

ANEXO F Depoimentos e fotos . . . 101

112

APÊNDICE A Cronologia . . . 113

A.1 Cronologia geral . . . 113 A.2 Nos caminhos da pesquisa . . . 116

(16)

15

O compositor e violonista Amaro Carvalho de Siqueira foi fundamental para o desenvol-vimento do violão nas capitais da região Nordeste do Brasil, Natal e Recife, locais onde atuou mais intensamente. Este fato, junto com a idealização e criação do Clube do Violão de Natal no fim da década de 1940, resultou no fortalecimento do cenário violonístico no Nordeste, mais especificamente nos estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco. Contudo, suas marcas para a música nestes estados, no Brasil e exterior, ficaram limitadas ao longo do tempo após o seu falecimento a fotos, artigos de revistas nacionais e internacionais, recortes de jornais, lembrança dos ex-alunos, amigos, familiares e principalmente por suas músicas que ainda ecoam nas salas de aula de violão em escolas, universidades, nos concursos para este instrumento e nas mídias em geral.

No ano de 1980, no Projeto Memória, criado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para registrar e conservar a memória dos compositores do Rio Grande do Norte, foi gravado um Long Play (LP) contemplando uma seleção de nove peças do compositor Amaro Carvalho de Siqueira.

Figura 1 – Long Play: Capa e contracapa do LP Saudades da Juventude - Projeto Memória nº 14 da UFRN.

O LP apresenta seis valsas, um choro e dois estudos, interpretados por seu filho, o vi-olonista e professor Fidja Nicolai de Siqueira (1980). Algumas das peças que serão editadas de forma crítica, refletidas após suas performances e corrigidas, fazem parte deste LP que será de suma importância para dar uma ideia de como eram as interpretações do autor, já que Fidja conviveu com ele não apenas no âmbito familiar, mas também musical. Aliás, Amaro Siqueira além de seu pai também foi o seu primeiro professor de violão. Inicialmente intencionava-se fazer uma análise técnico-interpretativa de sua obra. Com base nessa proposta, foi elaborado

(17)

Introdução 16

um anteprojeto de pesquisa, com o título "A Obra para Violão de Amaro Carvalho de Siqueira: uma análise técnico interpretativa". Em virtude da aproximação com o material, entendeu-se que o âmbito desta pesquisa estava muito amplo e que era necessário uma melhor delimitação. A partir disso foi modificada a proposta circunscrita para cinco peças do compositor, por se achar que o conjunto escolhido bem representa o estilo da sua produção musical, fato que será evidenciado no Capítulo 4, durante os comentários das cinco peças. Esta pesquisa tem por obje-tivo a realização das edições críticas de cinco peças para violão de Amaro Carvalho de Siqueira a partir da comparação entre manuscritos, autógrafos e fonogramas.

Diante de todo material do acervo da família de Amaro Siqueira e de sua notória re-levância para o ensino e divulgação do violão no nordeste brasileiro, foi concluído que dentro da proposta para o mestrado poderia ser entregue também uma contribuição para a cultura e movimento violonístico, fazendo-se para tal fim um levantamento de seus primeiros registros biográficos. Em seguida foram realizados comentários, correções e foram consolidadas as edi-ções das peças, uma delas inclusive inédita. Foram analisados manuscritos de um total de 40 obras neste acervo, vide Tabela 1. Desta forma, de maneira sistemática, foram redigidos alguns textos sobre as edições críticas com reflexões musicais que se consolidaram no Capítulo 4.

(18)

17

1 SOBRE AMARO SIQUEIRA

1.1 Nas ondas do rádio

No ano de 2008, aos vinte e quatro dias do mês de setembro, entrava no ar através da FM Cultura de São Paulo o programa de rádio de nº 143, "O Violão Brasileiro"1com a série: "O

violão no Nordeste IX parte". O apresentador Fábio Zanon, reconhecido violonista no cenário internacional, inicia o programa afirmando:

Estamos já no IX programa a respeito de violonistas e compositores nordesti-nos, sem contar aqueles perfilados individualmente. Isso é uma prova cabal do quanto o violão é vibrante na região da sanfona e triângulo, e da originalidade de seus artistas. Entretanto, dos muitos setores do violão brasileiro que care-cem de pesquisa e documentação mais profunda, a música nordestina sofre de maneira mais acentuada. São dezenas de intérpretes e compositores locais cuja a reputação passa de boca-a-boca, cuja biografia e legado mal preenche uma página distribuída por amigos. Não há ainda um mapa de quando e como o violão se desenvolveu localmente, quem foram os introdutores de uma certa maneira de se tocar e de como se estabeleceu o ensino formal. Nossos roteiros vão tirando a raspa desses buracos que só serão preenchidos com uma detida busca em jornais antigos, acervos de rádios e coleções particulares. Cada es-tado, cada cidade tem seu agente catalisador. Alguns deles tiveram repercussão um pouco maior, inclusive regional. É o caso da família Siqueira que tem atu-ado entre o Rio Grande do Norte e Pernambuco e feito muito pela causa do violão. O patriarca dessa família é Amaro Siqueira. (ZANON, 2008, programa de rádio)

Após sua fala, ecoa nas ondas da Rádio Cultura de São Paulo uma de suas obras, a valsa Confidência, interpretada por seu filho Fidja Siqueira. Quando Zanon citou a família Siqueira referiu-se a três violonistas e professores que atuaram e ainda atuam em Natal, Recife e João Pessoa. São eles Amaro, Fidja e Alexandre Siqueira. Este capítulo limita-se a um breve relato biográfico de Amaro Siqueira que, como Zanon afirmou, é o patriarca dessa família.

1.2 Festa no hospital

Aquele era mais um dia na rotina do professor Amaro Siqueira. Estava ele em plena viajem, na BR-101, dentro de um ônibus da Viação Bonfim num trajeto rotineiro feito, semana após semana, de Recife para Natal a fim de ensinar violão na recém criada Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN). Naquela manhã de maio de 1966, numa parada na garagem desta empresa que se localizava na cidade de João Pessoa, foi percebido que o Sr. Siqueira não estava passando bem e com isso infelizmente, sua saúde

(19)

Capítulo 1. SOBRE AMARO SIQUEIRA 18

ficou seriamente abalada. De fato ninguém percebeu, mas durante a viajem ocorreu um acidente vascular cerebral (AVC) que o retirou definitivamente da cena musical brasileira. O jornalista potiguar Paulo Macedo escreve de forma descontraída a notícia sobre o enfermo Siqueira no Diário de Natal, Edição 07805 de Maio 1966, p. 6, quando internado no antigo Hospital das Clínicas em Natal:

Veríssimo de Melo, o professor, folclorista internacional e uma das pessoas mais curiosas que eu conheço, soube que o seu amigo professor Amaro Si-queira estava enfermo nos Hospital das Clínicas e decidia logo fazer-lhe uma visita. Uma visita diferente a um doente hospitalizado. "Vivi"[sic] contratou o sanfoneiro Zé Minininho [sic] e mais dois artistas matutos e largaram-se para lá. O mestre Amaro Siqueira quase tem outro "insulto"[sic] cerebral, mas logo compreendeu e até melhorou. Foi uma festa no hospital. (MACEDO, 1966, p. 06 )

No ano de 1949, segundo o arcebispo de Natal Dom Marcolino Dantas, Amaro Siqueira era um violonista conhecido por suas performances que arrancavam estrepitosos aplausos de sua plateia. Não eram poucos os que o admiravam. Sobre o violonista de Areia Branca, escre-vendo em um caderno de notas acerca do seu trabalho musical, o famoso folclorista, escritor, advogado, historiador e antropólogo brasileiro Luiz da Câmara Cascudo inaugura o prestigiado caderno de lembranças e anotações do violonista Amaro Siqueira com o seguinte depoimento:

Amaro Siqueira é uma alta e formosa inteligência, criando pelo seu violão miraculoso as formas da beleza sonora. Nitidez, fidelidade, graça e ternura são os elementos reais deste príncipe valorizador do instrumento sentimental e democrático. (CASCUDO, 1949, p. 03)

1.3 De Areia Branca aos palcos brasileiros

Filho de Raulina Eliza de Carvalho Siqueira e Sérgio Fernandes Siqueira, Amaro Car-valho de Siqueira nasceu em Areia Branca, interior do Rio Grande do Norte-RN no dia 21 de setembro de 1908, apenas sete dias após seu nascimento morria o famoso escritor Machado de Assis2. Sua mãe, que tocava violão, foi a primeira professora desse instrumento que exerceria

grande influência durante toda a sua vida. Em meados da segunda década do século XX, época em que os meios de comunicação eram ainda precários em relação aos dias atuais, ele ainda jovem limitava-se a tocar valsas, choros e modinhas na boemia da sua cidade. No ápice da sua juventude sentia necessidade de conhecer outros lugares, pessoas, adquirir novos conhecimen-tos musicais que lhe abrissem outros horizontes além do que acostumara a se delimitar. Após o falecimento de sua noiva na cidade de Areia Branca, o jovem Siqueira resolve partir, mesmo sem melhores condições financeiras, em busca do sonho de tocar violão, viver de música e melhorar a vida.

2 Um dos maiores nomes da literatura brasileira, autor de vários livros como: Memórias Póstumas de Braz Cubas, Dom Casmurro, entre outros.

(20)

Capítulo 1. SOBRE AMARO SIQUEIRA 19

Figura 2 – Recorte: Jornal do Recife v.1 nº 191 p. 3, 18 de agosto de 1926.

Segundo notícia do Jornal do Recife, v.1 nº 191 p. 3, de quarta-feira de 18 de agosto de 1926, confirma-se que Amaro Carvalho de Siqueira embarcou no Vapor Nacional3 Itapevana

cidade de Macau-RN, chegando em 16 de agosto de 1926 na cidade do Recife-PE.

Ao chegar na capital pernambucana, buscava um professor de violão clássico para cres-cer mais na arte de bem tocar o violão, fato que o faz defrontar-se com Isidoro Bacelar que fora funcionário público da Delegacia Fiscal de Pernambuco, mas também respeitável com-positor, violonista e professor. Com ele, Amaro Siqueira modificaria profundamente sua vida artística. Bacelar, em 1931, residia no bairro de Cordeiro, no Recife. Era um exímio instrumen-tista, conhecedor da literatura e técnica das escolas tradicionais do violão. Siqueira procurou-o e Bacelar de pronto o acolheu como discípulo. Devido a esse fato, abriram-se novos horizontes musicais na vida do jovem Siqueira.

Casou-se em Recife no ano de 1932 com Alaíde de Castro Siqueira4aos 24 anos e teve

com ela três filhos chamados Nadja, Olga e Yegor. Aos 25 anos ingressa no trabalho policial, através da secretaria de Segurança Pública do Estado de Pernambuco, assumindo o cargo de co-missário permanente na seção de investigação de roubos e furtos. Em 24 de Maio, já violonista formado aos 26 anos, realiza sua 1º apresentação pública promovida pelo Centro Acadêmico de Direito em benefício da sua "Caixa do Estudante Pobre", no Teatro Santa Isabel em Recife (PE). Neste mesmo ano, supostamente, encerra seus estudos de violão clássico com o amigo e professor Isidoro Bacelar. No ano de 1936, de acordo com o Jornal Pequeno de Recife n. 271, p. 4, ele se submeteu a uma intervenção cirúrgica na garganta com o especialista Dr. Arthur de Sá, nesta época já era funcionário público da Ordem Social5 e retomou suas atividades neste

trabalho em 28 de janeiro de 1936, sendo exonerado do cargo ainda neste ano.

Separou-se de Alaíde no ano de 1941, no ano de 1942 casou-se novamente com Ernes-tina Andrade de Siqueira e teve com ela mais cinco filhos, Sérgio, Bóris, Fidja, Ivan e Ludmila.

3 Embarcações a vapor que navegavam pelo Brasil entre os séculos XIX e XX. 4 Primeira esposa de Amaro Siqueira

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Capítulo 1. SOBRE AMARO SIQUEIRA 20

Figura 3 – Recorte: Jornal Pequeno de Recife nº 271, p. 4, Recife 1936.

No ano de 1937, assume o posto de 2º secretário da Sociedade de Auxílios Mútuos dos Guardas Civis do Estado de Pernambuco. Em, 08 de junho é nomeado vice-presidente da União dos Fun-cionários da Polícia Civil de Pernambuco. Neste mesmo ano realiza o seu 1º recital, segundo matéria publicada no jornal O Diário de Pernambuco em 10 de outubro de 1937. Realiza seu 2º recital no Centro de Cultura Humberto de Campos às 15h do dia 20 de outubro, em ocasião a festividade do dia do Livro, em Olinda-PE.

Amaro Siqueira chegou a trabalhar na Companhia de Seguros Sul América S/A, pelo menos até o ano de 1943. Perseguições políticas o fizeram perder seu cargo de inspetor da polícia. Com sua capacidade de sustentar a família desestabilizada, volta a vender seguros na empresa Sul América S/A, mas por pouco tempo. Logo, o Instituto de Música de Natal, escola criada no ano de 1948 e dirigida pelo renomado pianista Waldemar de Almeida, o convida a lecionar violão e ele vai para a capital potiguar assumir a cadeira de Professor de violão clássico desta instituição que o lança na história como o primeiro professor acadêmico de violão de Natal.

Observa-se, para sustentar esse fato, a notícia publicada na página 6 do jornal carioca A noite, edição nº 12929, em 22 de julho de 1948, figura 4 p. 20.

Figura 4 – Recorte: Jornal A Noite (RJ), nº 12929, p. 6, Rio 1948.

O Diário de Notícias do Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1948, diz: "Foi inaugu-rada uma cadeira de violão, no Instituto de Música dessa capital, a cargo do professor Amaro

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Figura 5 – Recortes: Jornal A Ordem (RN), nº 03752 de 07 de julho de 1948 e Diário de Notícias (RJ), nº 07923 de 22 de agosto de 1948.

Siqueira". Também no jornal A Ordem de Natal de 07 de julho de 1948, "Tendo sido criada, no Instituto de Música a cadeira de violão, tomará posse da mesma, sábado próximo, o seu professor, Sr. Amaro Siqueira."

Pouco depois, no ano de 1949, época em que já estava bastante engajado no movimento violonístico e realizado diversos recitais em várias cidades brasileiras, acredita-se que foi, à serviço da polícia ou para realizar algum recital nesta cidade, visitar seu ex-professor e amigo Isidoro Bacelar em Vitória de Santo Antão-PE. Nessa ocasião Bacelar escreveu num caderno de anotações sobre seu amigo e ex-aluno o seguinte depoimento:

Sou suspeito para dizer algo sobre meu grande amigo, Prof. Amaro Siqueira, e isso simplesmente porque pelos desígnios de Deus, me coube a honra de ministrar a esse gênio musical as primeiras noções da divina arte da música. Morava eu no meu modesto mocambo no Cordeiro, Recife, há uns vinte anos mais ou menos, quando Amaro Siqueira se apresentou por si mesmo, sem me haver jamais conhecido e pediu-me para auxilia-lo nos seus estudos de mú-sica e violão, esse tão belo quanto dificílimo instrumento. Sou e sempre fui um apaixonado pela música, mas por circunstâncias várias, fui impedido de estuda-la e pratica-la convenientemente. Não obstante a minha mediocridade, Siqueira, com a sua grande inteligência e decidida vocação conseguiu progre-dir, até se tornar o que hoje é um artista que domina o instrumento e transmite, com fidelidade absoluta, as emoções provocadas pelas belezas da arte, que o faz feliz nos seus momentos de nostalgia. (BACELAR, 1949, p. 9-10)

Nesta época Bacelar morava na rua Demócrito Cavalcante, nº 168, Livramento - Vitória de Santo Antão-PE. Supostamente foi essa a última vez que Amaro Siqueira encontrou-se com seu amigo e ex-professor.

Amaro Siqueira fundou e foi o primeiro presidente do Clube do Violão de Natal, enti-dade que divulgou bastante o violão através de palestras, audições, programas de rádio e recitais entre as décadas de 40 e 50. Realizou 58 recitais, devidamente documentados. Suas apresenta-ções foram concentradas no Norte e Nordeste percorrendo os estados de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Piauí, Ceará, Pará e Amazonas. Também fez recitais em programas de rádio e televisão.

Entre 1950 e 1952, Amaro Siqueira morou na cidade de Belém do Pará, onde exerceu o ensino do violão em caráter particular, realizando vários recitais de alunos e grupos de alunos tocando em conjunto.

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Para homenagear seu amigo e ex-professor, em Salvador dia 15 de dezembro de 1956, Amaro Siqueira escreveu o poema intitulado In Memorian, catalogado em seu caderno de poesias.

Beneditino do ensino, enquanto Restou-lhe vida dedicou-se ao estudo. Na velha escola que ele amava tanto Foi sempre o mestre, o que sabia tudo. Ainda o vejo: descarnado, ossudo, Corpo de asceta, puro olhar de santo. Homem de fé, teve na crença escudo Contra o veneno atroz do desencanto. Foi professor, sem o menor desdouro, Soube reunir para fazer o bem O alto saber e o coração de ouro. Hoje descansa que a jornada é finda. Vida mais bela não viveu ninguém:

Foi sábio e justo e foi poeta ainda. (SIQUEIRA, 1956, p. 11)

Logo após a provável morte de Bacelar em 1952, Amaro Siqueira foi abalado por um outro acontecimento que o impeliu a vivenciar trágica experiência. Seu filho Yegor de Cas-tro Siqueira que havia retornado para morar definitivamente em terras pernambucanas a fim de estabelecer-se como comerciante, morreu sob circunstâncias suspeitas. Supostamente, sua morte foi forjada como intrigante e icógnito suicídio.

Figura 6 – Recorte: Notícia do Diário de Pernambuco, nº 274 p. 5, de 02 de dezembro de 1958.

Ocorreu que pouco tempo após a chegada de Yegor no Recife, na madrugada do dia 12 de setembro de 1954 ele foi encontrado sem vida, vítima ainda de subtração de grande soma em dinheiro, em sua posse para a compra de uma mercearia. Mesmo havendo indícios de latrocínio, as investigações iniciais apontavam para suicídio, contrariando o seu pai Amaro Siqueira, que nessa época residia em Belém do Pará e estava afastado do posto de policial que exercera em Recife. Siqueira suspeitava de assassinato e as circunstâncias deste fato não ficaram esclarecidas, havendo muitos vícios na investigação, como por exemplo o sumiço da arma do crime e da suposta carta de despedida de Yegor. Além disso a letra dele não foi reconhecida por seu pai, que havia pedido um exame grafotécnico, sem lograr êxito devido ao sumiço da carta.

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Capítulo 1. SOBRE AMARO SIQUEIRA 23

Esse fato fez com que ele, sua segunda esposa Ernestina Siqueira e seus cinco filhos retornassem definitivamente para a cidade do Recife. A trágica morte de Yegor também influencia em sua produção musical que não registra nenhuma peça no período desta ocorrência.

No mês de janeiro de 1956, foi fundado o Curso Amaro Siqueira de Violão situado na Avenida Guararapes no Edifício Trianon, sala 604, local onde Siqueira desenvolveu atividade docente que muito contribuiu para a difusão do Violão e formação de novos instrumentistas na cidade. Foram ex-discípulos dele os violonistas pernambucanos Henrique Annes e Júlio Moreira.

Revistas internacionais e nacionais sobre música e violão citaram Amaro Siqueira. Den-tre elas a revista italiana L’ Arte Chitarristica - Revista di cultura musicale.

Figura 7 – Revista italiana: L’arte Chitarristica, maio/junho de 1949.

A revista do reino unido Philarmonic Society of Guitarrists, a revista inglesa The Guitar Review, a revista Guitar News, O dicionário La Guitarra e los Guitarristas de José de Azpiazu. Esteve ligado à personalidades como o pesquisador e violonista Ronoel Simões, os vio-lonistas Isaías Sávio, Maria Luiza Anido, José de Oliveira Queiroz, José do Carmo, Ernesto Ja-ques, Alfredo Medeiros, Milton Dantas, José Carrion Dominguez, Arnaldo Pires, Clóvis Costa e Hélio Varella. Em 1966 recebeu novo convite do maestro Waldemar de Almeida, desta vez para lecionar violão na Escola de música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Figura 8 – Revista: Guitar News, agosto/setembro de 1952.

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Figura 10 – Revista: Som, Natal-RN, Junho de 1948.

(EMUFRN), fato que tornou Amaro Siqueira o primeiro professor de violão clássico desta ins-tituição.

Algumas personalidades deram depoimentos sobre Amaro Siqueira. Dentre elas, para citar apenas algumas; Luís da Câmara Cascudo, o violonista uruguaio Isaías Sávio, o maestro e pianista potiguar Waldemar de Almeida, o Bispo da cidade de Natal Dom Marcolino Dantas.

Sobre o violonista de Areia Branca, o famoso historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo escreveu o seguinte; "Amaro Siqueira revive no dificílimo instrumento que é o violão, os dias inesquecíveis do grande Barrios". Cascudo (1949, programa de recital)

Dom Marcolino Dantas, Bispo de Natal e presidente de honra da Sociedade de Cultura Musical do Rio Grande do Norte disse:

[...]no Brasil, entre os mestres do violão, que não são tantos, deve ser colo-cado com ufania Amaro Siqueira, que ilumina o Nordeste com seus concertos magistrais. Sua música é clássica, romântica e sentimental e seus concertos alvoroçam as plateias e arrancam os mais estrepitosos aplausos. Dantas (1949, p. 05-06)

Sobre Amaro Siqueira, o violonista Isaías Sávio, segundo informações impressas no Programa de Recital do Salão de Concertos da Assembleia Paraense, p. 1 1951, afirmou: “Espi-rito artístico e fina sensibilidade”. Sávio (1951, p. 01). No mesmo impresso consta a declaração

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do renomado professor e pianista Waldemar de Almeida que disse: “Entre os poucos violonistas brasileiros é um dos muitos”. Almeida (1951, p. 01)

Figura 11 – Foto: Recital de Amaro Siqueira na TV Jornal do Comércio, canal2, 01 de março de 1961.

1.4 Obras para violão

Amaro Siqueira compôs mais de 40 peças, algumas foram extraviadas, outras permane-cem inacabadas. Certamente, se não tivesse falecido apenas aos 62 anos, teria composto novas músicas e trabalhado ainda mais pela causa do violão. Suas composições têm o sabor do seres-teiro lírico, poético, extravasando toda sua sensibilidade.

No ano de 1980 a Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizou o Projeto Memória que objetivou a fixação das expressões culturais e artísticas do Rio Grande do Norte. Fidja Siqueira foi o intérprete escolhido para gravar, no LP do Projeto Memória nº 14, nove peças da obra para violão de Amaro Siqueira. Foram elas, pela ordem; Prelúdio nº 5, Dança Brasileira nº 1, Estudo nº 11, Estudo nº 4, Valsa de Esquina nº 1, Devaneios nº 1, Canção Triste, Reminiscências e Confidência.

Tabela 1 – 40 peças autorais para violão de Amaro Siqueira

ESTUDOS VALSAS DIVERSAS PRELÚDIOS CHOROS

nº 1 Desolação (Valsa nº 6) Romance sem palavras Prelúdio nº 5 Dança brasileira nº 1 nº 4 Valsa de esquina nº 1 Remador do Solimões - Lenda (Canção amazônica) Prelúdio nº 6 Dança brasileira nº 2 nº 11 Valsa de esquina nº 2 Vilma (Gavota) Prelúdio nº 7 Buliçoso (Opus 10) nº 8

nº 12 Confidência Gavota nº 3 -

-nº 13 Valsa nº 7 Nostalgia -

-nº 14 Valsa nº 10 Variações (Tema/Milton Dantas) -

-nº 16 Pequena valsa Recordação de Areia Branca (Serenata) -

-- Valsa nº 11 Fragmentos de tristeza -

-- Valsa nº 12 Valsa Triste (Opus 10) nº 9 - Inacabada -

-- Valsa nº 13 Romanza (valsa) -

-- Valsa nº 14 Prece ao Corcovado (Romance) - Inacabada -

-- Devaneios nº 1 - -

-- Canção triste - -

-- Modinha - -

-- Pequena valsa nº 1 - -

-- Pequena valsa nº 2 - -

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1.5 Epílogo

Fidja Siqueira foi o seu único filho que quis estudar seriamente o violão, destacando-se desde cedo como excelente instrumentista. Ele muito colaborou com destacando-seu pai no ensino de violão desde o Curso Amaro Siqueira, no Edifício Trianon, Sala 604, até a Escola de Música da UFRN, local onde assumiu em 1966, substituindo-o quando impossibilitado de lecionar por causa do AVC. Fidja deixou grandes contribuições para o violão em Natal e João Pessoa, tendo sido responsável direto e indireto pela formação de grande número de violonistas, dentre eles o compositor Vital Farias (PB), Guilherme Calzavarra (PE), o maestro Tom K (PB), Dr. Álvaro Barros (RN), Dr. Eugênio Lima (RN), Inês Bigois (RN), Dr. Danilo Guanais (RN), entre outros. Entre os dias 26 e 29 de outubro de 2017, ocorreu em Natal o V Festival Internacional de Violão de Natal6promovido pela Escola de Música da UFRN. Dentro desse evento, nos dias 27 a 28 de outubro do ano de 2017, houve o 1º Concurso de Violão Amaro Siqueira, evento sob a coordenação dos professores Dr. Eugênio Lima e Dr. Ezequias Oliveira, que contou com a presença de renomados violonistas brasileiros como por exemplo o Duo Siqueira Lima7. Em

2018, entre os dias 03 a 09 de outubro de 2018 ocorreu o VI Festival Internacional de Violão de Natal e o 2º Concurso Internacional de Violão Amaro Siqueira 8, demonstrando com isso

a força que vem ganhando o nome do compositor Amaro Siqueira no cenário acadêmico e musical Potiguar.

Como se pode observar, as contribuições de Amaro Carvalho de Siqueira foram muito importantes no âmbito da divulgação, ensino, além das composições para o violão. Sua obra ainda plange nos violões dos familiares, de outros violonistas em concursos e dos discípulos e admiradores que deixou nas terras por onde passou.

Após o AVC, Amaro Carvalho de Siqueira vê-se compulsado a suspender suas ativi-dades docentes na Escola de Música da UFRN. Retornou para sua residência no bairro do Hipódromo em Recife (PE), local onde viveu por mais 4 anos sob os cuidados da família. Com a saúde já bastante debilitada, teve mau súbito9 e foi levado as pressas para o hospital por seu filho Fidja Siqueira, porém faleceu ainda no caminho as 22:30 do dia 30 de outubro de 1970.

6 V Festival Internacional de Violão de Natal informações no link: http://bit.ly/2sJs5ks, consulta em 03 de nov. de 2018, às 10:38.

7 Duo Siqueira Lima é um duo de violões formado pela uruguaia Cecília Siqueira e pelo mineiro Fernando de Lima: https://www.siqueiralima.com/,consultaem:04deNov.às7:44

8 VI Festival Internacional de Violão de Natal informações no link: http://bit.ly/2zrq6DR, consulta em 03 de nov. de 2018, às 10:41.

9 O mal súbito pode ser definido como qualquer ocorrência repentina da perda da estabilidade hemodinâmica e/ou neurológica de um indivíduo. BRAZ, A. O. et al. O Mal Súbito e suas Notificações: ocorrência de aten-dimentos no Estado do Rio de Janeiro pelo Corpo de Bombeiros. 61º CONGRESSO BRASILEIRO DE EN-FERMAGEM, Ceará, n. 2486, p. 7096, jan. 2009. Disponível em: <http://www.abeneventos.com. br/anais_61cben/files/02142.pdf>.Acessoem:01nov.2018,às12:43.

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Capítulo 1. SOBRE AMARO SIQUEIRA 28

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2 SOBRE EDIÇÕES CRÍTICAS

Esta dissertação objetiva consolidar as Edições Críticas de cinco peças para violão de Amaro Carvalho de Siqueira através dos seus manuscritos que ainda não foram devidamente editados, embora alguns tenham passado por editoração, não foram submetidos a um processo reflexivo.

Segundo Suzana Cecília Igayara Souza:

Os termos que usamos possuem, às vezes, significados dúbios. Antes de ini-ciar uma discussão mais aprofundada sobre materiais disponíveis, convém es-clarecer alguns termos. Impressão é a técnica de produção de muitas cópias idênticas, a partir de um original [...] A edição musical é o trabalho de prepa-ração para publicação, e diz respeito às escolhas feitas na apresentação desse material, principalmente quando se trata do trabalho de uma outra pessoa que não o compositor. A publicação musical envolve a obtenção da obra a ser publicada, a partir de trabalho do compositor e/ou editor, financiamento da impressão, promoção, publicidade e distribuição das cópias. Editoração é o trabalho de preparação técnica de originais. Chama-se editoração eletrônica o conjunto de atividades ou processos de montagem e apresentação gráfica, re-alizados por meio de programas e equipamentos computacionais. Portanto, o trabalho de editoração não se confunde nem com a edição, nem com a pu-blicação, embora possa gerar uma impressão. (IGAYARA-SOUZA, 2010, p. 95-99)

Já Azevedo (2006, p. 18) diz que "Uma edição crítica consiste em restituir um texto, tanto quanto possível, à sua forma genuína". Para atingir os objetivos serão seguidas as indica-ções dos autores citados partindo dos seguintes pontos:

I - Qual ou quais fontes serão utilizadas.

II - Esclarecer intervenções e os critérios da edição-revisão.

Quanto às fontes, é importante fazer distinção entre manuscrito e autógrafo. Segundo Ricciardi (2015, p. 1), "...um manuscrito é oriundo do(s) copista(s), já o autógrafo é uma fonte grafada pelo próprio compositor". Quanto as intervenções, em se tratando do texto musical da obra de Amaro Siqueira, estudando-as minuciosamente foi detectado algumas incorreções que acredita-se serem acidentais. Talvez isso possa ter ocorrido devido ao fato de, segundo relato seu filho, Amaro Siqueira repassar seus autógrafos à sua secretária que não possuía conhecimentos musicais adequados, mas possuía boa caligrafia e habilidades para copiar o texto musical de forma aceitável. Isso poderá justificar os prováveis erros que supostamente serão apresentados mais adiante no Capítulo 4 - Revisão, Correções e Comentários.

Observa-se a importância de realizar uma distinção para elucidar a diferença entre erros do compositor e os de um copista. Afinal, o que significa um erro textual musical? Segundo

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Capítulo 2. SOBRE EDIÇÕES CRÍTICAS 30

Cambraia (2005, p. 78), "...é uma “modificação não autoral do texto”. Já o autor Spina (1997, p. 104) diz ser mais abrangente ao defini-lo como “...todo e qualquer desvio do texto original, isto é, qualquer lição que o autor do texto não pretendeu escrever, seja ela formal ou ideológica”.

Carlos Alberto Figueiredo, complementa as citações de Cambraia e Spina, afirmando que "O problema na definição de Cambraia é excluir os erros autorais e o problema em ambas é não distinguir o erro da variante."Figueiredo (2012, p. 102)

Contudo, até há algumas décadas atrás, nem sempre o autor dispôs de todas as condições legais e técnicas para rever cuidadosamente a sua obra. Em muitos casos, os próprios autores deixaram a sua obra quase ou totalmente inédita [...], o que obriga hoje a recorrer a um tipo de edição que seja cientificamente cor-recta (sic), o mais próxima possível do estado original dos autógrafos. (CEIA, 2017)

Como o objetivo de uma edição crítica é a reprodução do texto primogênito, é neces-sário, na ausência deste, uma edificação genealógica (Stemma) das versões originais, para se obter o que seria o apógrafo dos textos musicais existentes. Conforme foi elucidado, o compo-sitor Amaro Siqueira utilizava-se dos serviços terceirizados de um copista e, por isso, a grande maioria dos seus autógrafos se perderam após as cópias. Objetiva-se chegar a uma edição crí-tica, a mais genuína possível, pronta para uma possível publicação, preservando-se a suposta intenção do autor. Para tanto, será utilizado o método de Edição Crítica, que deve ter por obje-tivo refletir sobre uma obra e tentar, ao máximo, transmiti-la ao papel da forma mais fidedigna possível, mantendo suas características.

O pianista, musicólogo Paulo Gazzaneo discorre acerca deste tipo de edição afirmando que:

Uma edição crítica de determinada obra não trata apenas de uma questão sim-ples do editor sobre o que tornar permanente no papel de suas impressoras, mas uma fidelização à sua própria interpretação sobre aquele texto que o questiona, histórica, social e filologicamente. (GAZZANEO, 2014, p. 26)

Considera-se que a intenção do autor em uma obra musical pode estar desvirtuada quando em confronto com suas varias fontes não primárias. Para Carlos Alberto Figueiredo:

A Edição Critica é aquela que investiga e procura registrar, prioritariamente, a intenção de escrita do compositor, a partir daquilo que esta fixado nas várias fontes que transmitem a obra a ser editada. A Critica é essencialmente musico-lógica, baseando-se, necessariamente, em várias fontes, e adotando uma estrita aderência aos princípios e métodos da Critica das Variantes ou da Critica Tex-tual, para atingir seu texto, "o mais autêntico possível". (FIGUEIREDO, 2014, p. 45)

Este mesmo autor complementa afirmando que: "Por outro lado, o aspecto da prática musical acaba tendo uma destacada presença numa Edição Crítica". Para Feder (1987, p. 86), conforme

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Capítulo 2. SOBRE EDIÇÕES CRÍTICAS 31

citado por Figueiredo (2014, p. 46), "toda Edição Crítica apresenta o texto mais ou menos mo-dernizado, buscando a intenção sonora do compositor". Baseado nisso objetiva-se contribuir, valendo-se da momentânea aproximação com a obra de Amaro Siqueira, para uma performance mais aproximada delas. Sabe-se que o processo de estudo científico da performance é bastante complexo. A velha ideia que se tinha sobre um intérprete não ser capaz de refletir sobre a sua prática vem diminuindo à medida que crescem os trabalhos científicos nesta área. A prova disso são os já numerosas artigos, livros, publicações de teses e dissertações. Uma Edição Crítica re-fletida, objetivando a consolidação e divulgação de uma obra musical, também muito contribui para o fortalecimento da prática musical de um performer, além de divulgar de maneira mais precisa a obra de um compositor.

A citação de Feder (1987), no parágrafo anterior, corrobora o conceito de Carlos Alberto Figueiredo que faz a seguinte análise:

[...] a Edição Crítica deve fornecer vários elementos, tais como abrangentes co-mentários para a prática musical, possibilidades interpretativas "autorizadas", ou seja, aquelas que de alguma maneira são detectáveis em fontes autogra-fas ou autorizadas, além de indicações sobre práticas de execução históricas. Ainda para esse autor, deve a Edição Crítica cuidar também de documentos que transmitam a história da execução e da transmissão da obra. (DURR, 1991 apud FIGUEIREDO, 2014, p. 46)

Isso poderia claramente fazer deslocar o sentido e gerar certa dúvida com relação as divisas com uma Edição Aberta que, não só apresenta oscilações e versões paralelas de um mesmo autor, mas também mutações feitas em um texto pela tradição.

Existem discussões relativas à quantidade de informações oferecidas em um Aparato Crítico. Para Grier (1995, p. 173) “Não há necessidade de reproduzir, no aparato, todas as nuances notacionais encontradas numa fonte em particular” apud (FIGUEIREDO, 2012, p. 113).

Em contrapartida, na série de partituras intituladas Archivo de Musica Brasileira lança-das em 1934 pelo Instituto Nacional de Música como separatas da Revista Brasileira de Música, o editor responsável Luiz Heitor Correa de Azevedo coloca como princípio editorial que:

Nenhuma alteração essencial do texto musical será praticada na transcrição dos mesmos [originais]. As modificações a serem feitas ficarão adstritas, ex-clusivamente, ao campo da notação, para modernizá-la, quando for necessário; no caso de um descuido evidente do compositor, ou erro de copia, também me permitirei retifica-los. (AZEVEDO, 1934)

O musicólogo, compositor, regente e professor Jaime Diniz, na introdução de sua edição crítica do "Te Deum"de Luiz Álvarez Pinto esclarece que:

[...]houve um trabalho de revisão das partes manuscritas, não para enfeitar, ou “corrigir” aquilo que nos pareceu pertencer ao autor, como alguns “erros” de

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Capítulo 2. SOBRE EDIÇÕES CRÍTICAS 32

oitavas e quintas seguidas. Visou o trabalho de revisão somente os descuidos nas cópias, descuidos evidentíssimos em sua maioria. (DINIZ, 1968, p. 5)

Segundo Segismundo Spina,

Se nós dispomos de um texto único [um manuscrito único], codex unicus10ou uma edição única de um texto impresso a princeps11, por exemplo, os proce-dimentos de apuração dos mesmos não são os mesmos quando estamos diante de inúmeros testemunhos legados pela tradição ou de várias edições impressas de uma obra. (SPINA, 1997, p. 87)

Baseando-nos nessas ideias, na ausência de um Codices Plurimi12das obras musicais de Amaro Siqueira, objetiva-se utilizar-se do Codex Unicus, na tentativa de atingir-se uma maior aproximação com a música original do autor. Intencionando ampliar a percepção dessas obras para além das partituras manuscritas, buscou-se também referências auditiva nos fonogramas das peças do LP Saudades da Juventude.

Segundo Souza (2006, p. 01) "[...]gravações são ferramentas essenciais para uma abor-dagem mais ampla da experiência musical, informando ainda como as questões técnicas estão diretamente associadas ao processo de escuta de uma obra." Utilizando-se desses fonogramas contidos no Long Play (LP) intitulado Saudades da Juventude, interpretado por Fidja Siqueira, gravado nos estúdios da Transamérica no Rio de Janeiro em 1980 e Lançado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte no Projeto Memória nº 14, acredita-se obter uma performance que traduza de forma mais aproximada, as intenções musicais de Amaro Siqueira.

Fracischini (2009, p. 87) em seu livro intitulado; Laurindo Almeida: dos trilhos de Mi-racatu às trilhas em Hollywood, almejando seguir as ideias de Gunther Schuller, fez a seguinte citação de citação: "[...]apesar das limitações da notação musical, uma partitura de Beetho-ven ou Schoenberg é um documento definitivo, um mapa a partir do qual várias interpretações ligeiramente diferentes podem ser derivadas". Schuller (1968 apud TINÉ, 2001, p. 2)

Considerando tais ideias, foram feitas reflexões e anotações acerca das interpretações das peças de Amaro Siqueira, frutos da experiência auditiva e de um conhecimento empírico de como interpretá-las. Obteve-se dados importantes, que serão confrontados ao texto, durante as entrevistas com Fidja Siqueira que afirma ter escutado frequentemente o seu pai executar essas referidas peças ao violão. No intuito de confirmar e comparar as possíveis incorreções nos manuscritos ou inconsistências, também serão de grande valia as gravações do Long Play

10 Único códice que contém determinada obra, pelo que levanta sérios problemas ao editor crítico - Glossá-rio de Crítica Textual, online, disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/invest/glossaGlossá-rio/ glossario.htm, acessado em 03 de nov. de 2018 às 13:25.

11 Diz-se da primeira ou da principal edição de um livro. O mesmo que príncipe: edição princeps - Dicionário online de português, disponível em: https://www.dicio.com.br/princeps-2/, acessado em 03 de nov. de 2018, às 13:05.

12 Múltiplos testemunhos de um texto, manuscritos ou impressos, de existência muito frequente (vs. codex unicus) - Glossá-rio de Crítica Textual, online, disponível em http://www2.fcsh.unl.pt/invest/ glossario/glossario.htm, acessado em 03 de nov de 2018 às 12:45.

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Capítulo 2. SOBRE EDIÇÕES CRÍTICAS 33

(LP) 13Saudades da Juventude, para validar as possíveis alterações que possivelmente serão

realizadas pela crítica nas edições dos manuscritos. O intérprete Fidja Siqueira ao gravar estas peças no LP valeu-se de sua experiência auditiva-musical na convivência com seu pai, bem como da própria leitura e interpretação dos manuscritos. As dúvidas nessas decodificações, segundo Fidja, foram dirimidas pela lembrança das audições íntimas com Amaro Siqueira.

Objetiva-se realizar uma revisão geral na intenção de manter-se, o máximo possível, as indicações do autor e nos casos da ausência dessas, indica-las nas edições de acordo com as melhores possibilidades para o violão.

Apresenta-se agora uma tabela com a sequência das músicas retratadas nesta pesquisa.

Tabela 2 – 05 peças autorais escolhidas para esta pesquisa.

MÚSICA FONTES LOCAL/DATA RESULTADO

Devaneios nº 1 Manuscrito, edição e gravação LP Saudades da Juventude Recife, 04 de julho de 1960 Edição Crítica Confidência Manuscrito e gravação LP Saudades da Juventude Recife, 13 de maio de 1959 Edição Crítica

Valsa de Esquina nº 1 Autógrafo Belém, ? de maio de 1951 Edição Crítica

Valsa de Esquina nº 2 Manuscrito e gravação LP Saudades da Juventude Recife, 04 de outubro de 1960 Edição Crítica Prelúdio nº 5 Manuscrito, edição e gravação LP Saudades da Juventude Natal, ? de maio de 1948 Edição Crítica

Aborda-se a partir do Capítulo 4 alguns aspectos das reflexões necessárias para a ela-boração dos comentários interpretativos das 5 peças de Amaro Siqueira e conforme explicitado anteriormente, objetivou-se recuperar o máximo possível a música concebida pelo autor. Não se trata de uma gênese interpretativa, mas de uma busca em harmonizar a peça original ao con-texto musical e violonístico desta época, sem criar demasiada distância com a suposta intenção musical do compositor, inferidas a partir das audições de seu filho. Com base nesses registros, almeja-se também mesclar as interpretações dos exemplos ilustrativos dos fonogramas do LP de Fidja Siqueira com novas possibilidades interpretativas, apresentando-se uma versão através de textos e partituras editadas por meio da metodologia de Edição Crítica. Para apoiar esta ideia obtém-se como base as ideias de Hans-Georg Gadamer citadas por Sandra Neves Abdo:

À tese da fidelidade ao compositor, Gadamer faz uma dura crítica: tomar como referência privilegiada o significado dado pelo autor e seu tempo (como fazem, por exemplo, os que tocam com instrumentos da época, acreditando, assim, estarem mais próximos da obra e serem mais (verdadeiros), além de acarre-tar um esforço inútil (pois tal significado é inalcançável), implica um desvio, um afastamento, pois significa relacionar-se com uma mediação e, por conse-guinte, distanciar-se duplamente da obra e da sua verdade. O significado do autor e seu tempo é apenas um dentre os vários que a obra recebe ao longo de sua trajetória histórica, sendo todos igualmente legítimos. (GADAMER, 1977 apud ABDO, 2000, p. 17-18)

13 O LP Saudades da Juventude está disponível no formato [.mp3] em: http://bit.ly/2RkhWEu, consul-tado em: 03 de nov. de 2018, às 17:42.

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34

3 MODELO PARA FORMATAÇÃO DAS EDIÇÕES

Para as edições das cinco peças serão utilizadas como referência alguns dos critérios estabelecidos nas normas para edição do Serviço de Edição e Difusão de Partituras do Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música (NAP-CIPEM), do Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (DM-FFCLRP-USP), desenvolvido pelo Prof. Dr. Rubens Russomanno Ricciardi. Objetivando uma maior concisão, suprimiu-se alguns itens desse modelo por se considerar inaplicável às edições pretendidas nesta pesquisa, deixando apenas aqueles que realmente serão empregados. Observa-se a seguir os critérios que serão adotados, segundo as informações de Ricciardi (2015, p. 1-6).

Textos Altos na Primeira Página

→ Fonte Times New Roman para todo texto com palavras impresso na parti-tura.

→ Dedicatória (itálico 12) centralizada, bem ao alto da página, sobre o título. → Logo abaixo, portanto, vem o título (regular 24) centralizado. O subtítulo (regular 12), como possível especificação de gênero, data ou local da com-posição etc., também centralizado sob o título e próximo a este.

→ O nome do compositor (negrito 12) à direita, próximo à primeira linha da partitura.

→ À direita também, proporcionalmente centralizado sob o nome do compo-sitor e próximo a este, poderá estar indicado o local e a data de nascimento e de morte do dito (regular 12) sempre entre parênteses.

→ À esquerda, seguindo os mesmos critérios para o nome do compositor, quando houver canto com texto, deverá constar sempre o nome do autor do poema ou libreto (regular 12) e próximo à primeira pauta da partitura, pouco acima da altura do nome do compositor. Mas neste caso, sem indi-cações entre parênteses de datas ou locais.

→ À esquerda poderá constar dados referentes à Edição Crítica ( itálico 12). → O nome do musicólogo responsável pela edição procedido de outras

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Capítulo 3. MODELO PARA FORMATAÇÃO DAS EDIÇÕES 35

deverão estar localizados um pouco mais alto que o nome do compositor e ligeiramente mais baixo que o título.

→ Diferenciar “manuscritos” de “autógrafos” é uma nuança necessária. O termo “transcrição” só será utilizado quando houver ainda o trabalho pos-terior de um musicólogo.

→ O termo partituração não será utilizado.

→ Deve haver indicações como nome do arquivo e cidade – mas sem sigla de estado em se tratando de arquivo brasileiro – onde estão depositadas as fontes primárias.

→ Em caso de arquivo no exterior, após à cidade deverá constar o nome do país.

→ Em caso de obra com nome de poeta ou libretista e ainda com indicação do editor, este último deverá aparecer sobre aquele outro, de acordo com as normas anteriores.

Andamentos – Títulos e Indicações

→ O título do andamento – Moderato, Adagio, Andante, Presto etc. (negrito 16) nunca abreviado (ou seja, sempre por extenso).

→ Só a primeira letra do título do andamento deverá constar sempre em maiúsculo.

→ Em caso tanto de sobre nota escrita ou pausa, as fermatas deverão constar sempre tanto em todas as linhas da partitura como em todas as partes indi-vidualmente, assim como outros sinais similares referentes às questões do tempo musical.

→ Indicações de alteração de andamento, como rit. - rall. - accel. - affrett. (itálico 16) devem constar na partitura e nas partes seguindo as normas anteriores: na partitura só sobre o mais agudo instrumento das madeiras (por exemplo, flauta) e mais agudo das cordas (por exemplo, violino), mas nas partes deve constar em todas as partes individualmente.

→ Più mosso, Meno mosso, Tempo I, valem como títulos de andamento e não como alterações de andamento.

→ Todas indicações de tempo devem aparecer sobre a pauta, tanto na partitura como nas partes – nunca abaixo, pois aí é o lugar das dinâmicas.

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Capítulo 3. MODELO PARA FORMATAÇÃO DAS EDIÇÕES 36

Dinâmicas

→ Indicações de dinâmicas só aparecem nos instrumentos que estão tocando – sempre sob a respectiva pauta, tanto na partitura como nas partes. → A exceção é na escritura para vozes de canto quando houver letra.

→ Para que não se confunda com a letra, a dinâmica14(ppp, pp, mp, mf, ff,

fff, etc. deve constar acima da pauta.

→ Deve-se preferir o sf ao sfz. Exceção seja feita quando o compositor indicar o tal sfz. Mas este último, de modo algum acrescenta algo novo em relação ao velho sf, o qual permanece como ideal.

→ Indicações de dinâmica como cresc. ou dim. (itálico 14) seguem o padrão de aparições da norma anterior (sempre sob as pautas dos instrumentos que estiverem tocando, tanto na partitura como nas partes).

Idiomas

→ O italiano é a norma enquanto sempre já o idioma técnico universal da música. Contudo, não se pode evitar ou coibir expressões em vernáculo. → Todo texto musicológico introdutório ou “bula” deverá encontrar-se pelo

menos em português e inglês.

Instrumentos

→ Os nomes de cada instrumento e suas abreviaturas seguem sem alteração a posição à esquerda da clave estabelecida de acordo com o padrão do software MuseScore 2.

→ Lista de instrumentos – na primeira página da partitura - sempre por ex-tenso (como em geral em todo início de movimento).

→ Abreviaturas a partir da segunda página da partitura ou segundo sistema. → Deve constar na partitura a seguinte abreviatura para Violão (Viol.). Fine

→ O Fine será grafado sempre em (itálico 16) abaixo da pauta junto à barra.

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Capítulo 3. MODELO PARA FORMATAÇÃO DAS EDIÇÕES 37

Página-Título

→ Capa no formato A4, deve-se seguir este padrão para as edições, sempre com letra tipo Book Antiqua (negrito).

→ Título (48), uma linha logo abaixo, depois embaixo da linha o nome do Ins-trumento (20), logo abaixo o nome do Compositor (26), tudo Centralizado na página no sentido vertical e horizontal.

→ Em relação à posição de onde consta o copyrigth na primeira página da partitura, deve ser inserido abaixo e centralizado (Times New Roman 10).

Com base nesse pequeno guia normativo apresentam-se mais adiante no capítulo Ane-xos, de forma organizada, as edições das peças do compositor Amaro Siqueira.

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38

4 CINCO PEÇAS

Um bom trabalho de edição, além de transcrever o texto musical para uma diagramação mais limpa e circunspecta, aprimora a partitura facilitando a leitura e compreensão da obra.

O programa de digitalização de partituras que será utilizado para realizar as edições das peças escolhidas nesta pesquisa é o MuseScore15 versão 2.3.2, software completo, gratuito e

com várias funcionalidades passíveis de serem empregadas em vários níveis de complexidade em conformidade com as exigências das obras a serem digitalizadas e editadas.

A seguir apresentam-se trechos dos manuscritos e Edições Críticas de peças de Amaro Siqueira. Incluem-se também os resultados obtidos na tarefa de revisão e correção, além de alguns comentários gerais sobre elas. Algumas destas peças fazem parte de uma série intitulada Saudades da Juventude, nome do LP Gravado por Fidja Nicolai de Siqueira (1980) no Projeto memória nº 14 da UFRN. Sabe-se que este intérprete, conforme seu depoimento, realizou a performance no LP baseando-se também na escuta da execução instrumental de Amaro Siqueira ao longo de sua convivência musical e filial com ele.

As alterações realizadas nas edições baseiam-se na comparação dos manuscritos com os fonogramas interpretados por Fidja Siqueira, nas opiniões desse intérprete colhidas em de-poimento oral e de experiências interpretativas particulares, após realizar-se minuciosa leitura interpretativa, além da correção de possíveis erros encontrados.

4.1 Devaneios nº 1

∙ Revisões, correções e comentários

Apresentam-se agora os pontos que foram necessários expor para melhor elucidar o trabalho de revisão e correção para esta edição. Subentende-se que os trechos do manuscrito e edição não apresentados ou comentados, também não foram alterados. A peça Devaneios nº 1, (SIQUEIRA, 1960a), é solitária, no sentido de que não houve uma Devaneios nº 2, etc., para completar-se um conjunto ou atribuir-se um sentido a essa numeração. É duvidoso se o autor ainda estava por compor outras completando um possível conjunto de Devaneios.

Iniciando as observações da parte (A) na figura 13 p. 39 do manuscrito, encontra-se rabiscado o elemento rítmico quiáltera no compasso 2, após a anacruse. Acredita-se que quem o fez percebeu alguma divergência entre a intenção musical e escrita, ou talvez devido a uma má interpretação quanto a este elemento. Mesmo riscado, este componente rítmico não condiz com a interpretação dada à peça no LP Saudades da Juventude.

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Capítulo 4. CINCO PEÇAS - DEVANEIOS Nº 1 39

Quando indagado a respeito desse fato, seu filho Fidja Siqueira afirmou: "ouvia papai tocar suas composições com frequência. No manuscrito de Devaneios nº 1, há aquelas quiálte-ras riscadas, não sei quem grafou isso, mas papai não tocava assim."Fidja Nicolai de Siqueira (2018, depoimento)

Figura 13 – Compassos 1 e 2, Devaneios nº 1, manuscritos.

Partindo do efeito (a inserção da quiáltera) investigou-se a existência de uma causa (qual o responsável pela inserção e por qual motivo). Como resultado foi resolvido eliminar-se a possibilidade de se grafar uma quiáltera na edição devido ao depoimento de Fidja Siqueira a respeito da maneira de tocar do compositor Amaro Siqueira. Com tal alteração, mantém-se a suposta rítmica original da peça de acordo com o LP Saudades da Juventude, vide figura 14 p. 39.

Ainda sobre o compasso 1, figura 13 p. 39, há uma apojatura no compasso 1 que faz parte da célula rítmica básica e reincidente nesta peça. Foi mantida a escrita original na edição. Após revisão optou-se por deixar o compasso 2 de acordo com o exemplo da figura 14 p. 39, deixando então este trecho aderente quanto à interpretação no fonograma, ficando ele ainda muito próximo a suposta intenção musical do autor, segundo seu filho, e com maior objetividade para uma leitura à primeira vista.

Figura 14 – Compassos 1 e 2, Devaneios nº 1, editados.

Observa-se a seguir, no exemplo da figura 15, p.40, que a nota Lá, compasso 3 no 1º espaço superior acima da 5ª linha, foi grafada como semínima pontuada. Devido a nota Sol da melodia no 2º tempo estar grafada como semínima e se repetir no 3º tempo como colcheia, é possível que haja certa confusão quanto ao aspecto rítmico deste compasso. Ainda há entre esta figura e o conjunto de colcheias que complementam o tempo ternário, um acorde com agrupamento de semínimas, e a nota da voz superior do 2º tempo deste acorde, Sol, deveria ser grafada como colcheia ligando-se ao conjunto de colcheias seguinte. Da forma que foi escrita, facilmente poderia confundir um leitor menos atento. O mesmo ocorre no compasso 4. Nota-se que nestes compassos reaparecem as tais indicações de quiálteras riscadas que, conforme o compasso 1, foram ignoradas.

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Capítulo 4. CINCO PEÇAS - DEVANEIOS Nº 1 40

Figura 15 – Compassos 3 e 4, Devaneios nº 1, manuscritos.

Na edição, conforme a figura 16 p. 40, observam-se os trechos modificados. As semí-nimas do 2º tempo nos compassos 3 e 4, respectivamente a nota Sol no compasso 3 e Fá no 4, foram grafadas como colcheias sem que isso afetasse a rítmica da peça, deixando esses com-passos em conformidade com a interpretação feita no LP, segundo Fidja Nicolai de Siqueira (1980). Foram adicionadas as pausas de semínima das vozes harmônicas intermediárias entre a melodia e o baixo, além das indicações de corda presa na nota da melodia Sol e também nos baixos Lá e Dó, no compasso 4.

Figura 16 – Compassos 3 e 4, Devaneios nº 1, editados.

A partir do exemplo da figura 17 p.40 compasso 6, observa-se a ausência da indicação de quiálteras. Isso corrobora a tese de que elas de fato não eram intencionais, embora hajam três colcheias que compartilhem o mesmo colchete na voz mais aguda do compasso 6, observa-se antes disso uma semínima pontuada, nota Si acima da 1º linha suplementar superior.

Figura 17 – Compassos 5 e 6, Devaneios nº 1, manuscritos.

Na edição, fragmento da figura 18 p. 41, compasso 5, é colocada uma fermata no acorde Sol, Si , Mi , 2º tempo.

O ritmo foi distribuído de forma mais organizada sem modificar-se e incluiu-se as pau-sas das vozes intermediárias do acompanhamento para dar maior noção quanto à distribuição rítmica destas vozes.

Para melhor ilustrar este aspecto, por exemplo, no compasso 6 da edição a voz inter-mediária inicia-se acéfala - com pausa - no 1º tempo, no 2º atribui-se um acorde com duas semínimas e no 3º, é uma pausa de semínima, figura 18 p. 41.

Referências

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