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SOCIEDADE E TECNOLOGIA ARTIGO Preconceito regional BEATRIZ AYUMI MORITUGUI

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Academic year: 2021

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Avaliação da opinião dos usuários do Facebook sobre o problema da

discriminação regional

Beatriz Ayumi Moritugui

Fatec Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes - São Paulo, 2013

RESUMO

O Brasil é um país com uma das maiores miscigenações do mundo, e um fato indiscutível é que pessoas são psicológica e socialmente excluída, devido à sua procedência geográfica. A intolerância leva à violência física ou verbal, na vida real ou mesmo nas redes sociais e páginas de internet. Este artigo pretende avaliar a opinião de internautas de 18 a 25 anos bem como mostrar a importância de grupos e comunidades discurem os acontecimentos relacionados ao fato, procurando se expressar e defender seus direitos. Como metodologia, foi feita a leitura de artigos e notícias sobre o preconceito regional; Foi aplicado um questionário usuários do Facebook, obtendo 11 respostas espontâneas. A opinião geral é que não é tão simples quanto parece lidar com as diferenças quando se tem o preconceito envolvido. Foram encontrados muitas postagens ofensivas dos indivíduos, sem considerar sua cultura e valores despertando indignação e abuso por parte delas. Concluiu-se que as redes têm uma grande força e podem ser usados de muitas formas, tanto para defender a dignidade das pessoas, quanto para propagar preconceitos.

Palavras-Chave: Preconceito. Região. Radicalismo. Tecnologia. Redes sociais. Exclusão social.

1 INTRODUÇÃO

O preconceito regional prejudica várias pessoas no país, ainda mais nas mídias digitais.

A maioria das pessoas logo relaciona ouvir a palavra xenofobia com preconceito. Isso porque os meios de comunicação, no geral, apontam para este tipo de definição. Um fato interessante é que ela se trata de um transtorno psiquiátrico que, como em todas as fobias, caracteriza-se pelo medo excessivo de alguém ou algo estranho. Neste caso, há um temor enorme quanto ao desconhecido – pessoas, situações ou objetos. Pode vir também de um nacionalismo exagerado. Esse fator condiz bem com a realidade de que muitas pessoas tem medo de conviver com alguém de costumes e culturas completamente diferentes do que estão acostumados e acabam praticando o bulling, sem considerar as consequências tanto para ele, quanto para receptora.

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O preconceito contra nordestinos é uma das mais ocorridas. A mídia é uma das responsáveis, elas estereotipam uma má imagem do Nordeste e seu povo como preguiçosos, de pouca cultura, estudo e pela maneira de falar.

É objetivo desta pesquisa mostrar que essa exclusão e racismo se manifestam também em mídias digitais, procurando entender como a sociedade virtual se comporta diante desse problema, tanto no caso de postagens ofensivas quanto à origem regional como no caso da criação de grupos e comunidades que propagam ideais de respeito e tolerância.

O racismo pode ser compreendido como forma de exclusão social. Os fatores que determinam que os nordestinos sejam discriminados são: renda econômica mais baixa, seu modo de falar e o apego a seus valores. Isso ocorre não só com nordestinos, mas em várias regiões do país. Embora muitas vezes não se dê importância a ele, este é um problema a ser trabalhado e discutido.

Uma publicação feita por Luana Guedes explica bem o problema ao dizer que há preconceito regional quando alguém ou um grupo acredita que a população de uma determinada região é inferior cultural e intelectualmente, seja pelo seu modo de falar, por seus hábitos e principalmente pelo status financeiro desta região. Também é fortemente ligado ao preconceito linguístico, haja vista que o sotaque é um dos principais elementos de identidade cultural de um povo, afinal “todos carregam suas regiões em suas marcas linguísticas”. (Guedes, 2003)

Todos têm os mesmos direitos à inclusão social independente da origem regional linguística, no entanto pessoas pensam de forma muito individualista, separam conceitualmente as pessoas do Norte do Sul por exemplo.

Este artigo discute as ocorrências mais evidentes desse preconceito e citações em páginas do Facebook.

2 MATERIAIS E METÓDOS

Primeiramente, foi feita uma pesquisa preliminar sobre o preconceito regional em sites relacionados, artigos e conversas para que fosse formada, abordada e posteriormente discutida.

Em seguida foi aplicado um questionário de nome na rede social Facebook com 7 perguntas referentes ao tema: Você já recebeu ou observou, no Faceboook, algum comentário ou postagem que deixasse você ofendido quanto ao preconceito pela origem regional?; Que tipo de postagem foi?; Qual foi conteúdo das postagens recebidas?; Você considerou alguma postagem no Facebook ou em algum site preconceituoso?; Quais as tecnologias usadas por você?; Utiliza as redes sociais na internet? Explique o por quê.; Qual rede(s) social(is) você mais utiliza?. Foram perguntas tanto de múltipla escolha para analisar respostas quantitativas quanto textuais com finalidade de analisar respostas qualitativas na pesquisa proposta. As respostas foram analisadas de acordo com os modelos do referencial teórico.

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3 RESULTADOS OBTIDOS

Dos quatro canais utilizados, no Facebook, foram obtidas 11 respostas espontâneas aos questionários. Trata-se de um meio de comunicação que alcançou diversas pessoas e classes sociais, de modo que interagem constantemente, criando grupos e sociedades de acordo com seus interesses e necessidades. Não é possível saber se as respostas obtidas advieram das postagens publicadas na linha do tempo, ou das comunidades. É certo que não houve nenhuma resposta da comunidade “Preconceito Regional”, uma vez que aparentemente ela está inativa, não há postagens e nem comentários com datas recentes.

Na comunidade “Preconceito é para os fracos”, obteve-se uma resposta do criador do grupo e algumas resposta de seus seguidores, o que mostra importância desse trabalho. Também foi aplicado o questionário à comunidade “Fatec MC” no qual não se obteve resposta para utilizar na pesquisa.

Em publicações divulgadas nas páginas de uma lista específica de 25 pessoas, foram obtidas 11 respostas nos quais foram questionados com perguntas de múltipla escolha e textual, conseguindo resultados quantitativos e qualitativos tanto de dados em si quanto de opiniões.

Perguntados se já tinham observados ou visto algum tipo de postagem relacionado a discriminação pela origem regional, 36% responderam que algumas vezes, embora a maioria tenha informado o contrário. Dos que presenciaram, 44% observaram postagens em texto, 33% assinalaram outras formas além das opções fornecidas, enquanto 22% apenas em ilustrações.

Parte significativa do conteúdo visto foi sobre o preconceito contra nordestinos, referindo-se a eles como cidade do fim do mundo e culpando-os, injustificavelmente de o Brasil não crescer sem levarem em conta que esses são comentários ofensivos contra os valores dessas pessoas.

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Em outra pergunta 33% responderam que já viram no facebook ou em algum outro site postagens preconceituosas e 67% que nunca viram. A grande maioria concorda que esses lugares não deviam publicar esses tipos e nenhum tipo de ofensa. Mais uma vez um entrevistado diz que há pessoas agredindo os nordestinos verbalmente.

64% dos entrevistados responderam das tecnologias citadas que usa a internet, enquanto 18% diz usar celulares e computadores.

Todas as pessoas entrevistadas informam usar a rede social Facebook. A maioria delas diz que utiliza mais de uma rede social além do facebook como Skype, Tumbl, whatsapp entre outras.

Os entrevistados responderam que utilizam as redes sociais por serem práticas, convenientes e um importante meio de comunicação para falar com pessoas distantes ou amigos com quem tem contado.

Além disso, houve uma resposta interessante: convém aos entrevistados utilizarem as redes sociais não só para ter contato com as pessoas, também para expressar suas opiniões e propor àqueles que postam textos ou imagens ofensivas, que não façam isso, sobre o risco da violação da lei.

4 CONSIDERAÇÕES

O resultado do questionário aplicado aos jovens de 18 a 25 anos na internet demonstrou que a tecnologia é muito importante além de atrair pessoas de todas as idades e

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classes sociais pela facilidade, liberdade e rapidez que ela oferece. A maioria delas utiliza internet e celulares, bens razoavelmente acessíveis que possibilitam informação e comunicação a todo momento.

Apesar de todos esses benefícios, os internautas também estão desprotegidos quanto à possibilidade de encontrar no caminho textos ou imagens com más intenções e ofensivas, quanto a sua origem, pelo fato da internet permitir maior liberdade de expor muitas e quaisquer informações no qual se forem estendidas podem prejudicar suas vítimas em proporções ainda maiores.

A mensagem postada no Twitter por uma estudante de Direito de São Paulo contra os nordestinos prova que discriminação não é um assunto sério devendo-se tomar muito cuidado ao retratá-la. Ela cita a mensagem na madrugada da segunda-feira, depois do resultado da eleição presidencial: “Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”.

A mensagem apesar de curta provocou uma enorme indignação e chegou até à Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB-PE) e ao Ministério Público Federal, visando à abertura de ação penal pelos crimes de racismo e por incitação à prática de homicídio na internet.

A estudante Mayara Petruso contrariou todos os princípios da ética que um profissional do Direito deve preservar. O crime de racismo é previsto no Artigo 20 da Lei 7.716, Constituição de 05/01/1989 – “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia ou procedência nacional”. Já o crime de incitação pública à prática de ato delituoso é mais brando, prevê detenção de 3 a 6 meses ou multa.

O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/06 altera a Lei 7.716/89, trata da punição de crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional no caso entra o preconceito regional. A proposta inclui entre os crimes abrangidos pela lei a discriminação por gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. O projeto pune a discriminação no trabalho e torna crime "impedir, recusar ou proibir o ingresso ou a permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento, público ou privado, aberto ao público" por motivo de preconceito.

Apesar dessa onda de manifestações contra o nordeste houve também a criação de várias comunidades na internet em defesa aos direitos dos nordestinos, assim como dos seres humanos. São pessoas movidas pelo descontentamento de verem sua imagem violada até em meio as redes virtuais.

Geralmente, os usuários esquecem que nos meios de comunicação utilizados na internet necessitam ter ainda mais cuidado tanto para quem está divulgando as informações quanto para quem está usufruindo dela, pois existe uma ética segura a ser seguida de respeito e cidadania nas postagens e divulgações de informação evitando situações de inconformidade e discussão.

Esse preconceito está crescendo ainda mais por conta do aumento de suas ocorrências em notícias, e com isso gerado vários grupos pelas redes digitais exigindo igualdade e respeito mesmo por pertencerem ao mesmo país.

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Portanto as mídias digitais ajudam muito as pessoas com interesse em comum, mostrando que ela pode ser também benéfica. Está as auxiliando a se comunicarem, interagirem e se informarem quanto ao mundo e aos seus direitos humanos, dando a elas mais liberdade de expressão e facilidade. As pessoas estão mais atentas aos problemas da discriminação, por conta da conectividade. As redes sociais serviram como um aprendizado em como lidar com essas situações e problemas sociais por outras formas reivindicando seus direitos quando preciso, principalmente quando a web é usada para difamar e discriminar as pessoas.

5 REFERÊNCIAS

Agência Senado. Projeto amplia abrangência de lei contra discriminação e preconceito. Disponível em: http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2011/05/10/projeto-amplia-abrangencia-de-lei-contra-discriminacao-e-preconceito-1814007920. Acesso em: 26 out. 2013.

ALBERTO S., Jorge; MACHADO. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas para os movimentos sociais. Sociologias, Porto Alegre, ano 9, nº18, julh./dez. 2007, p. 248-285.

EGLER TANIA COHEN, Tamara. Redes tecnossociais e democratização das políticas públicas. Sociologias, Porto Alegre, ano 12, nº 23, jan./abr. 2010, p.208-236.

Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Preconceito e discriminação no contexto escolar. Guia com sugestões de atividades preventivas para a htpc e sala de aula. São Paulo, 2009. p.11-98.

GUEDES, Luana. Não é tudo igual: O preconceito linguístico e regional sofrido pela população do Nordeste. Disponível em:

http://alemdosmuros.wikispaces.com/file/view/Preconceito+Regional+-+Luana+Guedes.pdf.Acesso em: 25 out. 2013.

NCST paraná. OAB denuncia onda de preconceito contra nordestinos. Disponível em:

http://www.ncstpr.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=938:oab-denuncia-onda-de-preconceito-contra-nordestinos&catid=33:saiu-na-imprensa. Acesso em: 26 out. 2013.

VIANA, Jaqueline Lima Vivian; BENTES, Haroldo de Vasconcelos. A mídia brasileira como instrumento de racismo e interdição do negro no contexto das ações afirmativas. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-midia-brasileira-como-intrumento-de-interdicao-e-racismo-do-negro-no-contexto-das-acoes-afirmativas/26012/#ixzz23XnuB99d. Acesso em: 29 out. 2013.

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