• Nenhum resultado encontrado

Organizações escolares aprendentes e desempenho organizacional das instituições de ensino superior portuguesas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Organizações escolares aprendentes e desempenho organizacional das instituições de ensino superior portuguesas"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)

Livro de Atas

IV Encontro Internacional de Formação na Docência (INCTE)

Proceedings

4

th

International Conference on Teacher Education (INCTE)

Título: IV Encontro Internacional de Formação na Docência (INCTE): Livro de atas Edição: Instituto Politécnico de Bragança

Editores: Manuel Vara Pires Instituto Politécnico de Bragança Cristina Mesquita Instituto Politécnico de Bragança Rui Pedro Lopes Instituto Politécnico de Bragança Elisabete Mendes Silva Instituto Politécnico de Bragança Graça Santos Instituto Politécnico de Bragança Raquel Patrício Instituto Politécnico de Bragança Luís Castanheira Instituto Politécnico de Bragança

Ano: 2019

ISBN: 978-972-745-259-0

(4)

Organizações escolares aprendentes e desempenho organizacional das

instituições de ensino superior portuguesas

Marina Godinho Antunes1, Pedro Ribeiro Mucharreira2,3, Maria do Rosário Texeira

Justino1, Joaquín Texeira Quirós4

maantunes@iscal.ipl.pt, prmucharreira@ie.ulisboa.pt, mrjustino@iscal.ipl.pt, jtexeira@unex.es

1 Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Portugal 2 ISCE, Instituto Superior de Ciências Educativas, Portugal

3 UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa, Portugal 4 Universidad de Extremadura, España

Resumo

Esta investigação pretende estudar o papel que as dinâmicas inerentes às organizações aprendentes podem ter no desempenho organizacional das instituições de ensino superior (IES) portuguesas, através de uma revisão de literatura que apoie a apresentação de um modelo conceptual proposto pelos autores. As organizações aprendentes podem ser definidas como instituições que facilitam a aprendizagem de todos os seus elementos e em que se encontra implícita a necessidade de serem implementadas práticas de melhoria contínua. Atualmente, as IES sofrem grande pressão para (re)criar ambientes de aprendizagem significativos para os seus alunos, atendendo à crescente diversidade cultural, linguística, étnica e socioeconômica destes, das suas famílias e dos seus professores. Neste sentido, um dos principais objetivos das IES é alcançar a excelência académica nos mais diversos âmbitos, podendo estas práticas de melhoria potenciar uma gestão mais eficaz e eficiente destas organizações. Por outro lado, a literatura é consensual ao referir que o desempenho organizacional é um conceito difícil de definir e até de medir. Entre os estudos existentes sobre o desempenho, é possível afirmar que não há um único critério para definir o desempenho, o que dificulta a mensuração ou a comparação dos resultados. Para superar essa ambiguidade em relação aos critérios de desempenho, nesta investigação serão consideradas três perspetivas de desempenho, a saber, a vertente financeira, a vertente operacional e a vertente de posicionamento de mercado. Em termos metodológicos, perspetiva-se a realização de um estudo de natureza qualitativa, com recurso a técnicas quantitativas. Os dados serão obtidos através da aplicação de um questionário elaborado pelos autores tendo em vista avaliar as diferentes dimensões do modelo conceptual proposto. A amostra será por conveniência, composta por cerca de 200 emails de membros das direções executivas das universidades e institutos politécnicos portugueses, da rede pública e privada. No que diz respeito ao tratamento dos dados, será utilizado o modelo de equações estruturais, tendo em vista investigar as possíveis relações entre as diferentes dimensões incorporadas no modelo proposto.

Palavras-Chave: ensino superior, organizações escolares aprendentes, desempenho

(5)

Abstract

This research aims to study the role that learning organizations may have on organizational performance in Portuguese higher education institutions (HEIs), through a literature review that supports the presentation of a conceptual model proposed by the authors. The survival of HEIs depends on how these institutions accept change, improve their practices and react to competitiveness. Nowadays, the most relevant aspects of education in higher education are translated by learning, dynamic structures, flexibility and quality. Consequently, the higher education system will have to adapt to the continuous changes and new requirements, to achieve the success and the proposed objectives. Thus, to differentiate themselves from their competitors, organizations must develop their resources, promoting the creation of knowledge and the dissemination of information. Learning organizations can be defined as organizations that facilitate the learning of all their elements, assuming themselves as learning entities that have certain characteristics to meet the changing needs of the environment. Currently, HEIs suffer great pressure to create significant learning environments, this is, learning spaces that can fully train their students, based on educational projects that take on and respond to the growing cultural, linguistic, ethnic, and socioeconomic diversity of students, their families and their teachers. An educational organization that intends to establish itself as a learning organization will have to consider multiple dimensions, such as the individual behaviour of different educational agents, teamwork and organizational culture, structured and fostered by factors such as trust, time, technology and joint reflection. Learning organizations will be able to follow developments and improvements in the business environment to perform their actions successfully. Thus, one of the key goals of HEIs is to achieve academic excellence among students, and as such, need to transform into learning organizations and subsequently improve the overall performance of the organization. Organizational performance, on the other hand, has proved to be a difficult concept to define and even measure. Among the existing studies about the performance, is possible to state that there isn’t a single criterion for defining the performance, which makes difficult to measure or compare the results. To overcome this ambiguity concerning the performance criterion, in this research will be considered three perspectives of performance, namely, financial, operational, and market performance. Regarding the methodology, the data will be obtained through a questionnaire to evaluate the different dimensions of the proposed conceptual model. The sample will consist of about 200 emails from members of the management boards of Portuguese HEIs. In the treatment of quantitative data, a model of structural equations (SEM) will be used, to investigate the possible relations between the different dimensions incorporated in the model.

Keywords: higher education, learning organizations, organizational performance.

1 Introdução

Hoje em dia as instituições de ensino superior (IES) enfrentam desafios crescentes colocados pelos mercados competitivos e dinâmicos. Isso leva a mudanças disruptivas que forçam as organizações a mudar a sua estratégia para sobreviver. A expansão da economia global, bem como a concorrência global, novos desenvolvimentos e inovações, mudanças rápidas e novas tecnologias, expectativas dos clientes, gestão de qualidade, mudanças demográficas, e a procura de habilidades específicas, representam um enorme desafio para a flexibilidade de uma organização que opera neste cenário. As organizações precisam de mudar e adotar novas formas para continuarem a ser

(6)

competitivas. Para sobreviver num ambiente competitivo e em rápida mudança, torna-se essencial a aprendizagem contínua.

Desta forma, para desenvolver e sustentar uma vantagem competitiva superior, as organizações têm de recorrer à gestão dos seus recursos de conhecimento, pois o valor deve ser criado a partir de ativos de conhecimento a fim de melhorar o desempenho. Tem-se revelado cada vez mais importante que as organizações adotem uma cultura de aprendizagem, na medida em que essa orientação poderá contribuir para o sucesso organizacional. Contudo, como a capacidade para aprender poderá não ocorrer com a prontidão ou espontaneidade que seriam desejadas, revela-se imprescindível que as organizações assegurem que todos os seus recursos e esforços sejam direcionados para o desenvolvimento de uma filosofia de aprendizagem. Da mesma forma, revela-se fundamental que também as IES se transformem em organizações aprendentes, de forma a garantir que os seus objetivos institucionais sejam alcançados, num contexto de crescente diversidade cultural, linguística, étnica e socioeconómica dos alunos, das suas famílias e dos seus professores (Husu & Tirri, 2007; Mucharreira, 2017). O conceito de organizações aprendentes tem vindo a ser relacionado com o desempenho das organizações em várias investigações já realizadas (Watkins & Marsick, 1999; Power & Waddell, 2004). Alguns estudos evidenciam mesmo uma forte relação entre estes dois conceitos (Khandekar & Sharma, 2006; Ho, 2011).

A capacidade para lidar com a mudança e a procura pela melhoria contínua para se superarem os desafios que vão surgindo no dia a dia das organizações tem sido relacionada com a capacidade que essas organizações têm para aprender (Senge, 1990; Armstrong & Foley, 2003). Quer isto dizer que as organizações que revelam capacidade de aprendizagem, serão capazes mais facilmente de acompanhar os desenvolvimentos e as mudanças no ambiente onde operam, de forma a serem bem-sucedidas na sua área de negócio. Desta forma, Kalsom e Ching (2011) referiram que, tal como outras organizações, também as IES terão necessariamente de se tornarem organizações aprendentes com vista a alcançar os seus objetivos estratégicos, uma vez que as organizações aprendentes procuram a transformação e a excelência através de uma renovação organizacional (Griego, Geroy, & Wright, 2000).

Atualmente, os aspetos mais relevantes da educação no ensino superior são traduzidos pela aprendizagem, estruturas dinâmicas, flexibilidade e qualidade. Consequentemente, o sistema de ensino superior terá que se adaptar às mudanças contínuas e a novas exigências, para alcançar o sucesso e os objetivos propostos. Isso significa que todo o sistema educativo irá, necessariamente, revestir-se de altos níveis de qualidade, revelando-se prioritária a inovação para que estas instituições ofereçam os melhores serviços aos alunos e professores e à própria sociedade, promovendo, em última análise, crescimento e desenvolvimento económico (Mucharreira & Antunes, 2015).

2 Enquadramento teórico

A aprendizagem organizacional é um fator crucial a ser gerido proactivamente pelas organizações, com vista à sua sobrevivência e a serem bem-sucedidas na atividade na qual operam. A aprendizagem incentiva as pessoas a desenvolver a sua capacidade para a resolução de problemas, promovendo a melhoria da qualidade das suas ações. Desenvolver colaboradores qualificados é uma das valências da aprendizagem contínua que pode criar vantagem competitiva a longo prazo para as organizações e que

(7)

proporciona o sucesso no desempenho organizacional. A aprendizagem organizacional prioriza a criação e a aquisição de novos conhecimentos e enfatiza o papel das pessoas na criação e utilização desse conhecimento (Denton, 1998). Desta forma, o conceito de aprendizagem organizacional proporciona os alicerces fundamentais para alcançar a vantagem competitiva, traduzindo-se no bom desempenho e sucesso das organizações (Dunphy & Griffths, 1998).

Sendo certo que existe um grande número de referências na literatura sobre as organizações aprendentes nas mais variadas áreas de negócio, o estudo das IES tem sido um pouco negligenciado nessa análise, revelando-se escassos os estudos encontrados sobre este tipo de instituições. No entanto, para atingirem altos níveis de qualidade, as IES devem aplicar certos conceitos da gestão, avaliando o seu desempenho e orientadas para a aprendizagem contínua. As IES desempenham um papel importante na economia baseada no conhecimento. Como organizações aprendentes, as IES serão capazes de ampliar os ativos de conhecimento, preparar profissionais e investigadores de alta qualidade, aumentar a inovação e a criatividade, e contribuir efetivamente para a produção de conhecimento e o desenvolvimento da propriedade intelectual (Kok, 2005). O aumento de ativos de conhecimento é a questão central do ensino superior e contribui claramente para o futuro do desenvolvimento económico e social de qualquer sociedade. Desta forma, a relevância desta investigação assenta na enorme importância que as IES têm vindo a assumir na economia do conhecimento, apresentando-se novos desafios no estudo destas dimensões (Bhusry & Ranjan, 2011).

2.1 Organizações escolares aprendentes

Uma escola que pretenda constituir-se como organização aprendente terá que ter em conta múltiplas dimensões, como o comportamento individual dos diferentes agentes educativos, o trabalho em equipa e a cultura organizacional, estruturadas e potenciadas por fatores como a confiança, o tempo, a tecnologia e a reflexão conjunta (OCDE, 2016). Nesta mesma linha já Senge (1990) clarificava que as organizações aprendentes, por regra, desenvolvem cinco capacidades - ou como o autor as designa, disciplinas nucleares -, como os sistemas aprendentes, o domínio pessoal, os modelos mentais, a visão partilhada e a aprendizagem em equipa. Por sistemas aprendentes, podemos entender todo um corpo de conhecimento e ferramentas que ajudam na identificação e perceção de como estes podem ser transformados, tendo sempre presente a existência – e a vontade em contorná-la – de certas dinâmicas que são verdadeiros obstáculos à mudança. Se um sistema não registar mudanças, continuará a gerar os mesmos resultados, mesmo assumindo a individualidade de cada colaborador. Nem sempre as causas e efeitos dos problemas estão centrados no espaço e no tempo, sendo importante que as organizações aprendentes procurem múltiplos níveis de entendimento no domínio destas realidades complexas onde a educação se insere (Senge, Cambron-McCabe, Lucas, Smith, & Dutton, 2000).

Bowen, Ware, Rose e Powers (2007) acreditam que quando se assumem as IES como organizações aprendentes, tal facto poderá conduzir ao desbloquear de processos criativos e de dinâmicas que permitam mudanças significativas, dando resposta aos novos e crescentes desafios que são colocados ao ensino superior, em demanda de uma realização educacional, mas também pessoal. Celep, Konakli e Recepoglu (2011) referem também a importância da motivação de todos os intervenientes no contexto das IES, do papel do trabalho e aprendizagens colaborativas, sustentadas por um claro

(8)

acompanhamento dos avanços tecnológicos que vão estando disponíveis no contexto educativo, para uma eficaz transformação das instituições em organizações aprendentes. Bowen et al. (2007) esclarecem que as organizações aprendentes conseguem valorizar, adquirir e utilizar informação que emerge da organização e dos seus colaboradores para redefinir e avaliar estratégias para atingir determinados objetivos. Segundo os autores, pode ser encarada como aprendente uma instituição que manifesta diversas propriedades ou características, agrupadas segundo determinadas ações e sentimentos.

De acordo com Webber, Bowen, Melão e Dinis (2013), referindo-se ao paradigma das organizações aprendentes, embora tendo a origem no mundo económico e empresarial, torna-se cada vez mais premente assumir a sua aplicação nas organizações educativas. Outros autores, como Fullan e Hargreaves (2000) e Alarcão (2005), corroboram que as instituições de ensino que assumem este paradigma conseguem ser mais eficazes nos processos de mudança, sendo possível verificar um benefício no desenvolvimento profissional docente que se reflete em melhores aprendizagens por parte dos alunos. Algumas críticas são apontadas a este processo em contexto do ensino, como nos aponta Bolivar (2000), particularmente nas dificuldades de implementação deste conceito nas instituições públicas, apontando os exemplos da elevada burocracia, da centralização excessiva e pouca abertura à mudança.

2.2 Organizações escolares aprendentes e desempenho organizacional

O conceito de organização aprendente é um meio importante e valioso para facilitar a aprendizagem e a gestão do conhecimento, e tem sido considerado um fator relevante para a melhoria do desempenho organizacional e para manter a competitividade da organização (Davis & Daley, 2008). As organizações aprendentes promovem a inovação e a criatividade dos colaboradores, o que por sua vez poderá implicar um incremento do desempenho organizacional (Calantone, Cavusgil, & Zhao, 2002). Da mesma forma, também promove a transferência e a partilha de conhecimento dentro da organização, o que se revela de enorme importância no processo do desempenho organizacional (Jiang & Li, 2008).

Segundo DeSimone, Werner e Harris (2002), uma organização aprendente pode ser caraterizada por cinco diferentes dimensões organizacionais, nomeadamente, estrutura, sistemas de informação, recursos humanos e práticas de desenvolvimento de recursos humanos, cultura organizacional e liderança. Em termos de estrutura, as organizações aprendentes são conhecidas por eliminar barreiras hierárquicas e promoverem estruturas colaborativas, como sejam as equipas multifuncionais. Além disso, as organizações aprendentes definem estruturas e práticas que estimulam a partilha de informações e, ao mesmo tempo, implementam sistemas de recompensa que reforçam o desempenho a longo prazo e o desenvolvimento de novas competências e conhecimentos. A cultura das organizações aprendentes é caracterizada por uma ênfase, promoção e reforço da tomada de risco.

Na perspetiva de Harbour (2008), o desempenho organizacional pode ser medido através da implementação de uma série de medidas que representam o resultado final da atividade das organizações. Outros autores, como Peterson, Gijsbers e Wilks (2003), definiram o desempenho organizacional como a capacidade de as organizações utilizarem os seus recursos de forma eficiente, com vista a produzir os resultados consistentes com os seus objetivos estratégicos. Outros estudos consideraram o

(9)

desempenho organizacional como algo que permite avaliar o sucesso das organizações e que visa alcançar o seu sucesso (Antony & Bhattacharyya, 2010).

3 Definição das hipóteses de investigação

Alinhados com diversos outros autores, Ramírez, Morales e Rojas (2011) e Pokharel e Choi (2015) têm sugerido que as organizações aprendentes têm um impacto significativo no desempenho das suas atividades. Goh, Elliott e Quon (2012) encontraram uma relação positiva entre a capacidade de aprendizagem organizacional e o desempenho organizacional, em que o desempenho não financeiro, traduzido pela inovação, eficiência e satisfação no trabalho, entre outros, se revelou mais fortemente associado à capacidade de aprendizagem organizacional, do que propriamente o desempenho numa perspetiva financeira. Ramírez et al. (2011) evidenciaram que a aprendizagem organizacional está positivamente relacionada com o desempenho organizacional nas universidades públicas espanholas, concluindo que uma maior ênfase na dimensão das organizações aprendentes equivale a um melhor desempenho na organização.

Vários estudos têm explorado o impacto da aprendizagem organizacional sobre o desempenho empresarial. As conclusões obtidas permitem aferir que existem duas perspetivas diferentes sobre o conceito de desempenho, ou seja, consideram-se o desempenho financeiro e o desempenho não financeiro (Bontis, 1999; Hult et al., 2003; Ngo & Loi, 2008; Goh et al., 2012). O estudo de Bontis (1999) permitiu concluir que o desempenho pode ser medido por dois aspetos que incluem, por um lado, resultados económico-financeiros e, por outro, o desempenho não financeiro. Hult et al. (2003) incidiram nos resultados não financeiros, como sejam, a inovação e a eficiência dos colaboradores. Goh et al. (2012) analisaram o desempenho financeiro considerando fatores como a competitividade, a rentabilidade, o crescimento do lucro, o crescimento de vendas, o return on investment (ROI) e o return on equity (ROE), e o desempenho não financeiro, focando-se nos itens como a inovação, a eficiência e a satisfação no trabalho. Ngo e Loi (2008) consideraram no seu estudo aspetos relacionados com o mercado, juntamente com as características pessoais inerentes ao desempenho dos negócios, como por exemplo, a satisfação dos colaboradores, a retenção dos colaboradores, a satisfação dos clientes e a retenção de clientes.

De facto, a literatura existente sobre esta temática considera a aprendizagem organizacional como a base para se obter uma vantagem competitiva sustentável e aumentar o desempenho da organização (Martinez-Costa & Jimenez-Jimenez, 2009). Seguindo esta premissa, considera-se que as organizações que adotam estratégias consistentes com o conceito de organizações aprendentes obtenham um melhor desempenho (Ellinger et al., 2002; Calantone et al., 2002). Ellinger et al. (2002) analisaram a relação entre as organizações aprendentes e o desempenho financeiro, tendo o seu estudo procurado determinar os efeitos da aprendizagem contínua, a investigação e o diálogo, a colaboração e a aprendizagem em equipa, a capacidade dos colaboradores para uma visão coletiva, a conexão da organização ao seu meio ambiente, e o foco da liderança nas medidas financeiras de desempenho, nomeadamente, o ROE, o ROA, e o market value added (MVA). Esta investigação sugeriu uma relação positiva entre as práticas de uma organização aprendente e medidas objetivas do desempenho financeiro das empresas.

(10)

A orientação para a aprendizagem de uma organização influencia o seu desempenho indiretamente, na medida em que melhora a qualidade de comportamentos orientados para o mercado, e diretamente, uma vez que facilita a aprendizagem que potencia a inovação. Outra evidência encontrada na literatura é o estudo de Calantone et al. (2002), que referem que a aprendizagem organizacional afeta o desempenho organizacional por meio do desempenho inovador da empresa. Também Martinez-Costa e Jimenez-Jimenez (2009) evidenciam a influência positiva da aprendizagem organizacional sobre o desempenho das organizações, referindo que as organizações que melhor aprendem têm maiores hipóteses de identificarem eventos e tendências no mercado que, por sua vez, levarão ao aumento de vendas e a uma maior participação de mercado. Para além deste aspeto, a aprendizagem organizacional proporciona uma estrutura mais flexível às organizações para que elas possam responder de forma mais rápida e assertiva a novos desafios do que os seus concorrentes. Por outro lado, a aprendizagem contínua também proporcionará à organização uma melhor eficiência e rapidez no processamento de informações oriundas dos mercados (Martinez Costa & Jimenez-Jimenez, 2009).

Tendo por base as várias investigações realizadas sobre estes temas, são agora apresentadas as três hipóteses de investigação que pretendem dar resposta à possível relação existente entre as organizações aprendentes e o desempenho organizacional das IES, sendo consideradas neste estudo três diferentes perspetivas do conceito de desempenho, nomeadamente, a perspetiva financeira, operacional e de mercado.

• H1: As dinâmicas das organizações aprendentes influenciam positivamente o

desempenho financeiro das IES.

• H2: As dinâmicas das organizações aprendentes influenciam positivamente o

desempenho operacional das IES.

• H3: As dinâmicas das organizações aprendentes influenciam positivamente o

desempenho no mercado das IES.

Concluída a descrição dos fundamentos que levaram à definição das hipóteses de investigação, com base na revisão de literatura, é apresentado de seguida, na Figura 1, o modelo conceptual proposto:

(11)

4 Metodologia

No que diz respeito à metodologia, a investigação é de natureza qualitativa, com recurso a técnicas quantitativas, sendo os dados obtidos por meio da aplicação de um questionário elaborado pelos autores no sentido de se avaliarem as diferentes dimensões do modelo conceptual proposto.

Neste estudo, assume-se como variável independente a aprendizagem organizacional, enquanto a variável dependente é o desempenho organizacional, medido em três diferentes perspetivas, a saber, a financeira, a operacional e a de mercado.

A amostra será composta por cerca de 200 emails de membros da direção das universidades e politécnicos portugueses. Para o tratamento dos dados, será utilizado o modelo de equações estruturais (SEM), para investigar as possíveis relações entre as diferentes dimensões incorporadas no modelo. O questionário será elaborado com perguntas fechadas, utilizando-se uma escala de Likert de cinco pontos para avaliar as conceções dos respondentes sobre as dimensões consideradas, em que 1 representa “discordo plenamente” e 5 representa “concordo plenamente”. Para a caracterização dos respondentes e organizações, serão utilizadas escalas nominais e ordinais.

5 Considerações finais

Nos dias de hoje, para que uma organização inove e se possa desenvolver é necessário que maximize o uso do potencial humano de que dispõe. Para além disso, torna-se crucial que assuma e consiga estabelecer uma cultura de aprendizagem e de progresso contínuos.

A presente investigação pretende estudar o papel que as organizações aprendentes podem ter no desempenho organizacional das IES, através de uma revisão da literatura que apoie a apresentação de um modelo conceptual proposto pelos autores.

Esta investigação, que se encontra em desenvolvimento, perspetiva obter os primeiros dados nos próximos meses. No entanto, através da revisão da literatura apresentada neste trabalho e pelo referencial teórico adstrito ao modelo conceptual proposto, parece-nos de grande importância ressaltar as dimensões a serem estudadas e o impacto dos resultados que se esperam obter. Tendo por base estes resultados esperados, perspetiva-se compreender melhor as dinâmicas das IES portuguesas enquanto organizações aprendentes e, num âmbito mais amplo, o impacto destas instituições no desenvolvimento económico e social de Portugal.

Agradecimentos

O presente trabalho resulta do projeto de investigação com a referência IPL/2018/HEIP&FS_ISCAL, promovido e financiado pelo IPL - Instituto Politécnico de Lisboa através do IDI&CA 2018 (3.ª edição).

(12)

7 Referências

Alarcão, I. (2005). Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez Editora. Antony, J. P., & Bhattacharyya, S. (2010). Measuring organizational performance and

organizational excellence of SMEs – Part 2: An empirical study on SMEs in India.

Measuring Business Excellence, 14(3), 42-52.

Armstrong, A., & Foley, P. (2003). Foundations of a learning organization: Organization learning mechanism. Learning Organization, 10, 74-82.

Bhusry, M., & Ranjan, J. (2011). Knowledge collaboration in higher educational institutions in India: Charting a knowledge management solution. International Journal of Computer

Science, 8, 5-10.

Bolivar, A. (2000). Los centros educativos como organizaciones que aprenden. Madrid: Editorial La Muralla.

Bontis, N. (1999). Managing organizational knowledge by diagnosing intellectual capital: Framing and advancing the state of the field. International Journal of Technology

Management, 18(5), 433-462.

Bowen, G., Ware, W., Rose, R., & Powers, J. (2007). Assessing the functioning of schools as learning organizations. Children & Schools, 29(4), 199-208.

Calantone, R., Cavusgil, S., & Zhao, Y. (2002). Learning orientation, firm innovation capability, and firm performance. Industrial Marketing Management, 31(6), 515-524. Celep, C., Konakli, T., & Recepoglu, E. (2011). Organizational learning: Perceptions of

teachers in Turkey. International Online Journal of Educational Sciences, 3(2), 474-493.

Davis, D., & Daley, B. J. (2008) The learning organization and its dimensions as key factors in firms’ performance. Human Resource Development International, 11(1), 51-66.

Denton, J. (1998). Organisational learning and effectiveness. Londres: Psychology Press. DeSimone, R. L., Werner, J. M. & Harris, D. M. (2002). Human resource development.

Orlando: Harcourt College Publishers.

Dunphy, D., & Griffths, A. (1998). The sustainable corporations. St Leonards: Allen and Unwin.

Ellinger, A. D., Ellinger, A. E., Yang, B., Howton, S. W., Baldwin T. T., & Danielson C. C. (2002). The relationship between the learning organization concept and firms’ financial performance: An empirical assessment (and invited reaction). Human Resource

Development Quarterly, 13(1), 5-29.

Fullan, M., & Hargreaves, A. (2000). A escola como organização aprendente. Porto Alegre: Artmed Editora.

Goh, S. C., Elliott, C., & Quon, T. K. (2012). The relationship between learning capability and organizational performance: a meta-analytic examination. The learning organization,

19(2), 92-108.

Griego, O. V., Geroy, G. D., & Wright, P. C. (2000). Predictors of learning organizations: A human resource development practitioner’s perspective. The Learning Organization,

7(1), 5-12.

Harbour, J. L. (2008). The performance paradox: Understanding the real drivers that critically

affect outcomes. Boca Raton: CRC Press.

Ho, L. A. (2011). Meditation, learning, organizational innovation and performance. Industrial

Management and Data Systems, 111, 113-131.

Hult, G., Ketchen, D., & Nichols, E. (2003). Organizational learning as a strategic resource in supply management. Journal of Operations Management, 21, 541-56.

(13)

Husu, J., & Tirri, K. (2007). Developing whole school pedagogical values - A case of going through the ethos of ‘‘good schooling”. Teaching and Teacher Education, 23, 390–401. Jiang, X., & Li, Y. (2008). The relationship between organizational learning and firms’ financial

performance in strategic alliances: A contingency approach. Journal of World Business,

43(3), 365-379.

Kalsom, S., & Ching, C. H. (2011). Proceedings from ICIKM 2011: The 8th International

Conference on Intellectual Capital, Knowledge Management & Organisational Learning. Bangkok, Thailand: Academic Conferences Limited.

Khandekar, A., & Sharma, A. (2006). Organizational learning and performance: Understanding Indian Scenario in Present Global Context. Education + Training, 48(8/9), 682-692. Kok, A. (2005). Intellectual capital management as part of knowledge management initiatives as

institutions of higher learning. The Electronic Journal of Knowledge Management, 5(2), 181-192.

Martinez-Costa, M., & Jimenez-Jimenez, D. (2009). The effectiveness of TQM: The key role of organizational learning in small businesses. International Small Business Journal, 27, 98-125.

Mucharreira, P. R. (2017). O papel da formação contínua, centrada na escola, na

(re)construção do projeto educativo e no desenvolvimento profissional docente – um estudo de caso. Lisboa: Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

Mucharreira, P. R., & Antunes, M. G. (2015). Os efeitos das variáveis macroeconómicas no desempenho das organizações: Evidência das pequenas e médias empresas em Portugal.

Portuguese Journal of Accounting and Management, 17, 113-143.

Ngo, H. Y., & Loi, R. (2008). Human resource flexibility, organizational culture and firm performance: An investigation of multinational firms in Hong Kong. The International

Journal of Human Resource Management, 19(9), 1654-1666.

OCDE. (2016). What makes a school a learning organisation? - A guide for policy makers,

school leaders and teachers. Paris: OECD Publishing.

Peterson, W., Gijsbers, G., & Wilks, M. (2003). An organizational performance assessment

system for agricultural research organizations: Concepts, methods, and procedures.

The Hague: International Service for National Agricultural Research.

Pokharel, M. P., & Choi, S. O. (2015). Exploring the relationships between the learning organization and organizational performance. Management Research Review, 38(2), 126-148.

Power, J., & Waddell, D. (2004). The link between self-managed work teams and learning organizations using performance indicators. The Learning Organization, 11(3), 244-259.

Ramírez, A., Morales, V., & Rojas, R., (2011). Knowledge creation, organizational learning and their effects on organizational performance. Engineering Economics, 22(3), 309- 318. Senge, P. M. (1990). The fifth discipline: The art and practice of learning organization. New

York: Doubleday.

Senge, P., Cambron-McCabe, N., Lucas, T., Smith, B., & Dutton, J. (2000). Schools that learn:

A fifth discipline fieldbook for education, parents, and everyone who cares about education. New York: Doubleday.

Watkins, K. E., & Marsick, V. J. (1999). Facilitating learning organizations: Making learning

count. Aldershot: Gower Publishing Limited.

Webber, K., Bowen, G., Melão, N., & Dinis, M. (2013). As escolas portuguesas são organizações aprendentes? Um estudo empírico. Revista Portuguesa de Investigação

Educacional, 13, 7-26.

Imagem

Figura 1: Modelo conceptual proposto.

Referências

Documentos relacionados

No decorrer da palestra a mesma explicou aos alunos o que é o programa Bolsa Família e quais as condicionalidades impostas para que haja efetivação do seu

O presente artigo tem o objetivo de refletir sobre o processo de intervenção pedagógica realizado no Centro de educação infantil ARTE VIDA com crianças de um

Isso resultaria em uma distribuição diamétrica errática e também não balanceada, pois o formato de “J” invertido pode ser atribuído ao constante recrutamento e à taxa

Acredita-se que este estudo, em parte, forneceu ferramentas para a elaboração de políticas de promoção do Design junto às empresas de micro e pequeno porte e, por outra

O texto apresenta os resultados da pesquisa que vem sendo desenvolvida sobre as diferentes modalidades propostas pelas Universidades para ouvir

Depois de comparados os dois métodos, são óbvias as vantagens duma ecografia de rotina na primeira metade da gravidez para calcular a idade gestacional, método a preferir ao cálculo

Com a extin<;:ao das equipas de Educa<;:ao Especial, espa<;:o fulcra! de partilha, emergiu urn vazio na atividade dos docentes desta area, passando a

Dessa forma, pretende-se avaliar, por meio de algumas trajetórias, as respostas que os trabalhadores negros socializados na rede urbana da cidade de Pelotas deram aos empecilhos