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Avaliação e impacto dos planos de promoção de acessibilidade em Portugal: estudo de casos

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Academic year: 2021

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Avaliação e Impacto dos Planos de Promoção de

Acessibilidade em Portugal

- estudo de casos -

Dissertação de Mestrado em Engenharia

de Reabilitação e Acessibilidade Humanas

Sílvia Cristina Barbosa Mendes de Carvalho

Orientador: Professor Doutor Francisco Alexandre Ferreira Biscaia Godinho

Coorientadora: Engenheira Paula Cristina Ribeiro da Silva Teles

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Avaliação e Impacto dos Planos de Promoção de

Acessibilidade em Portugal

- estudo de casos -

Dissertação de Mestrado em Engenharia de Reabilitação e

Acessibilidade Humanas

Sílvia Cristina Barbosa Mendes de Carvalho

Dissertação apresentada por Sílvia Cristina Barbosa Mendes de Carvalho à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, sob a orientação do Professor Doutor Francisco Alexandre Ferreira Biscaia Godinho, Professor Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e sob a coorientação da Engenheira Paula Cristina Ribeiro da Silva Teles, Assistente Convidada da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Composição do Júri:

Professor Doutor Luís José Calçada Torres Pereira Professor Doutor Rui Paulo Soares Ribeiro

Professor Doutor Francisco Alexandre Ferreira Biscaia Godinho

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Portugal. Contudo, a emergência de cidades competitivas que oferecessem segurança, conforto e comodidade, aliada ao direito de igualdade de todos os cidadãos, independentemente das características intrínsecas a cada indivíduo despoleta, anos mais tarde, várias ações interventivas por parte de entidades governamentais, como também de associações individuais, iniciando-se uma nova era da Acessibilidade, em Portugal.

Em 2003, Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, surge o projeto piloto Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos, incentivando a promoção da Acessibilidade. Perante a elevada adesão dos Municípios a este projeto, em 2008 o Programa Operacional Potencial Humano (POPH) lança a 1ª Geração de Planos de Promoção de Acessibilidade, com uma linha específica de financiamento e com uma nova abordagem, no entanto, com o mesmo propósito - a promoção da Acessibilidade em Portugal. Em 2010, inicia-se a 2ª Geração de Planos de Promoção de Acessibilidade, proporcionando aos Municípios novo financiamento, para dar continuidade ao trabalho desenvolvido até então.

A presente investigação visa apurar o impacto dos Planos de Promoção de Acessibilidade nos territórios e seus agentes, por forma a verificar o aproveitamento efetuado pelos municípios através da realização destes projetos, nomeadamente na mudanças das práticas e mentalidades das populações que neles residem e trabalham. Projetar ambientes seguros, confortáveis e inevitavelmente acessíveis garante a sustentabilidade das gerações futuras, sendo importante para tal estudar esta área ainda pouco explorada no nosso país, mas que tão importante é para o aumento da qualidade de vida dos seus habitantes.

Palavras-chave: Acessibilidade, Mobilidade, Planos de Promoção de Acessibilidade,

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However, the emergence of competitive cities that offered safety, comfort and convenience, allied to right to the equality of all citizens, regardless of the intrinsic characteristics of each individual sets off, years later, several interventive actions by government authorities, and individual associations, initiating a new era of accessibility in Portugal.

In 2003, European Year of Disabled People, arises the pilot project National Network of Cities and Towns with Mobility for All, encouraging the promotion of accessibility. Faced with the high level of Municipalities adherence to this project, in 2008 the Human Potential Operational Programme (HPOP) launches the 1st Generation Promotion of Accessibility Plans, with a specific funding line and with new approach, however, with the same purpose - to promote accessibility in Portugal. In 2010 starts the 2nd Generation Promotion of Accessibility Plans, providing Municipalities/Cities new funding to continue the work made until then.

This research aims to determine the impact of the Promotion of Accessibility Plans in the territories and their agents in order to verify the use made by the municipalities through the completion of these projects, including changes in the practices and attitudes of the people who reside and work in them. Design safe, comfortable and inevitably accessible environment ensures the sustainability of future generations, and it is important to study this area still poorly explored in our country, but that is so important to improving the quality of life of its inhabitants.

Keywords: Accessibility, Mobility, Promotion of Accessibility Plans, People with special

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Toutefois, l’émergence de villes compétitives qui offrent sécurité, confort et bien-être, liée au droit d’égalité de tous les citoyens, indépendamment des caractéristiques intrinsèques à chaque individu, déchaîne quelques années plus tard, plusieurs actions intervenantes de la part d’identités gouvernementales, et aussi d’associations individuelles, donnant lieu à une nouvelle époque de l’accessibilité au Portugal.

En 2003, Année Européenne des Personnes Handicapées, émerge le projet pionnier Chaîne National de Villes et Villages avec Mobilité pour Tous, incitant la promotion de l’Accessibilité. Devant l’haute adhésion des municipalités à ce projet, en 2008 le Programme Opérationnel Potentiel Humain (POPH) donne lieu la 1ère Génération de Plans de Promotion d’Accessibilité, avec une ligne spécifique de financement et avec un nouvel abordage, cependant, avec le même propos – la promotion de l’accessibilité au Portugal. En 2010, débute la 2ème Génération de Plans de Promotion d’Accessibilité, permettant aux municipalités de nouveaux financements, pour donner suite au travail développé jusqu’à ce moment.

La présente recherche vise vérifier l’impact des Plans de Promotion d’Accessibilité dans les territoires et ses agents, de façon à vérifier l'utilisation effectuée par les municipalités à travers de la réalisation de ces projets, notamment dans le changement des pratiques et des mentalités des populations qui y habitent et y travaillent. Projeter des ambiances assurées, confortables et inévitablement accessibles assure le support des générations futures, étant important pour cela étudier cet espace encore peu exploité dans notre pays, mais qui est si important pour la croissance de la qualité de vie de ses habitants.

Mots-clés: Accessibilité, Mobilité, Plans de Promotion d’Accessibilité, Personnes avec des

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Dedico este trabalho aos meus queridos pais, Rómulo e Rosa e aos dois homens da minha vida, Tiago e Rui.

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Ao Professor Doutor Francisco Godinho, pela confiança, apoio e disponibilidade de orientar esta dissertação, mas acima de tudo, por todos os ensinamentos e dedicação prestada ao longo destes cinco anos, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

À Engenheira Paula Teles, pela oportunidade de integrar uma equipa deslumbrante e dinamizadora como a mpt®, mas principalmente pela coorientação fundamental deste estudo.

À mpt®, mobilidade e planeamento do território, lda e a todos os Arquitetos, Engenheiros e Geógrafos pela disponibilidade e apoio dispensado para a elaboração deste trabalho.

Ao Dr. Adelino Ribeiro, pela incansável ajuda, e pela boa disposição com que sempre me presenteia.

Ao Dr. Jorge Gorito, pela constante disponibilidade e pelos sábios conselhos que muito contribuíram para esta investigação.

Aos meus pais, Rómulo e Rosa, pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida, e principalmente neste, pelo qual tanto lutei. Obrigada por tornarem todo este meu sonho possível.

Ao meu irmão, Tiago, meu exemplo de vida, que esteve sempre presente neste meu percurso académico.

Ao meu namorado, Rui, pelo apoio incondicional, conselhos, compreensão, dedicação e pela sua fundamental presença na minha vida.

Por fim, mas não menos importantes, aos meus amigos que estiveram sempre presentes e que acreditaram em mim.

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Glossário...xiii 1. Introdução...1 1.1. Objetivos...2 1.2. Contribuições...2 1.3. Método de investigação...3 1.4. Estrutura organizativa...4 2. Enquadramento conceptual...7

2.1. O conceito de acessibilidade e sua evolução no tempo...7

2.2. Design for all...8

2.2.1. Conceito...8

2.2.2. Princípios...8

2.2.3. Missão...10

2.2.4. Importância social e demográfica...10

2.3. Enquadramento legislativo em termos de acessibilidade...10

2.3.1. Espaço Público e Edificado...11

2.3.2. Transportes...14

2.3.3. Informação e Comunicação...16

2.4. População-alvo...17

3. Rede Nacional de Vilas e Cidades com Mobilidade Para Todos...19

3.1. Conceito...19

3.2. Objetivos...21

3.3. Áreas temáticas...21

3.4. Metodologia...22

3.5. Estudo de Caso - Município de Fafe...23

3.5.1. Breve História do Município...23

3.5.2. Enquadramento Geográfico...24

3.5.3. Caracterização Demográfica...25

3.5.4. Fafe - Ano de 2004...28

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3.5.4.2. Plano de Intervenções das Acessibilidades (PIA)...28

3.5.4.3. 1º Relatório - Avaliação da Implementação do Plano de Intervenções das Acessibilidades...29

3.5.4.4. 2º Relatório - Avaliação da Implementação do Pano de Intervenções das Acessibilidades...30

3.6. Síntese...30

4. Planos de Promoção da Acessibilidade...33

4.1. 1ª Geração de Planos Municipais de Promoção de Acessibilidade...33

4.2. 2ª Geração de Planos de Promoção de Acessibilidade...34

4.3. Objetivos...35

4.4. Áreas temáticas...35

4.5. Metodologia...36

4.6. Estudo de Caso - Município de Fafe...38

4.6.1. Fafe - Ano de 2014...38

4.6.1.1. Área de intervenção - RAMPA...38

4.6.1.2. Espaço Público...39

4.6.1.3. Edificado...43

4.6.1.4. Transportes...46

4.6.1.5. Comunicação...51

4.6.1.6. Infoacessibilidade...54

4.6.1.7. Ações de Formação e Sensibilização...58

4.7. Síntese...60

5. Avaliação dos Planos de Promoção de Acessibilidade em Portugal...63

5.1. Introdução...63

5.2. Seleção dos parâmetros a avaliar...64

5.3. Inquérito...67

5.4. Resultados Obtidos...68

5.4.1. Geral...68

5.4.2. Planos de Promoção de Acessibilidade...70

5.4.2.1. Conceitos Gerais...70

5.4.2.2. Espaço Público...75

5.4.2.3. Edificado...77

5.4.2.4. Transportes...82

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5.4.3. Trabalho Futuro...94

5.5. Discussão e Análise dos Resultados...99

6. Considerações Finais e Trabalho Futuro...101

6.1. Síntese das conclusões...101

6.2. Trabalho Futuro...103

Referências Bibliográficas...105

Bibliografia...109

Referência a sítios web...113

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Figura 3.2. Cidade de Fafe ...23

Figura 3.3. Variação da População Residente em Fafe, entre 2001 e 2011...26

Figura 3.4. Pirâmide Etária...26

Figura 3.5. Área de intervenção do projeto REDE - Fafe...28

Figura 3.6. Processo do Município de Fafe na REDE...30

Figura 3.7. Percentagem global de execução do Projeto REDE...31

Figura 4.1. Adesão a Programas de Acessibilidade...34

Figura 4.2. Principais pilares da metodologia para a elaboração de PPA...37

Figura 4.3. Áreas de Intervenção...39

Figura 4.4. Boas práticas - Fafe...41

Figura 4.5. Mapa de corredores do projeto RAMPA - Fafe...42

Figura 4.6. Exemplo de intervenção de (re)desenho urbano...43

Figura 4.7. Exemplo de estacionamento ideal para pessoas com mobilidade reduzida...46

Figura 4.8. Acessibilidade nos transportes...47

Figura 4.9. A - Logótipo da Cidade de Fafe...52

Figura 4.10. B - Folheto com Brasão da Cidade de Fafe...52

Figura 4.11. Síntese da Acessibilidade Digital...56

Figura 4.12. Síntese da Acessibilidade Web...57

Figura 4.13. Ações de Formação em Fafe...59

Figura 4.14. Apresentação do Plano de Promoção de Acessibilidade de Fafe...60

Figura 5.1. Mapa dos Municípios inquiridos...67

Figura 5.2. Conhecimento do conceito de Acessibilidade...68

Figura 5.3. Aplicação do conceito de Acessibilidade...68

Figura 5.4. Conhecimento e aplicação do Guia da acessibilidade antes da elaboração de PPA...69

Figura 5.5. Importância técnica do Guia...69

Figura 5.6. Aplicação da Legislação em vigor...69

Figura 5.7. Municípios que realizaram intervenções antes da elaboração de PPA...70

Figura 5.8. Áreas de Espaço Público intervencionadas antes da elaboração de PPA...70

Figura 5.9. Adesão a Programas de Promoção de Acessibilidade...71

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Figura 5.11. Tipos de Planos...72 Figura 5.12. Acompanhamento político permanente ao longo do processo...72 Figura 5.13. Autoria da elaboração dos Planos...73

Figura 5.14. Câmaras Municipais com gabinetes suja designação inclui mobilidade e/ou acessibilidade...73 Figura 5.15. Departamento/setor/divisão no qual se insere o gabinete cuja designação inclui mobilidade e/ou acessibilidade...74

Figura 5.16. Criação do gabinete...74

Figura 5.17. Alteração de medidas organizativas, distributivas ou interventivas após a

conclusão do Plano...75

Figura 5.18. Barreiras mais frequentes no Espaço Público...76

Figura 5.19. Municípios que realizaram intervenções com base nas orientações do Plano.76

Figura 5.20. Tipo de intervenções realizadas no Espaço Público...77 Figura 5.21. Aplicação da Lei das acessibilidades e das orientações do Plano nas

restantes intervenções no Espaço Público...77 Figura 5.22. Barreiras mais frequentes no Edificado...78

Figura 5.23. Tipo de intervenções realizadas no Edificado...79 Figura 5.24. Contribuição das propostas apresentadas em sede de plano, para o

aumento do conhecimento técnico e consequentemente a realização de projetos

de maior inclusão...79 Figura 5.25. Existência de edifícios, sob tutela da autarquia, nos quais o acesso a pessoas com mobilidade reduzida continua comprometido...80

Figura 5.26. Equipamentos públicos sob tutela da autarquia, nos quais o acesso a

pessoas com mobilidade reduzida continua comprometido...80 Figura 5.27. Existência de edifícios, sob tutela do governo central ou regional, nos quais o acesso a pessoas com mobilidade reduzida continua comprometido...81 Figura 5.28. Equipamentos públicos sob tutela do governo central ou regional, nos quais o acesso a pessoas com mobilidade reduzida continua comprometido...81 Figura 5.29. Perceção por parte dos Municípios das debilidades verificadas nos

Transportes Públicos...82 Figura 5.30. Debilidades na temática de Transportes...82 Figura 5.31. Procedimentos realizados pelas autarquias para colmatar as debilidades nos Transportes...83 Figura 5.32. Tutela dos veículos...83 Figura 5.33. Procedimentos que foram efetuados junto dos operadores que tutelam os veículos para corrigir a debilidades encontradas...84

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Figura 5.36. Acesso de todos os munícipes à informação disponibilizada pela Câmara

Municipal...86

Figura 5.37. Preparação dos técnicos autárquicos, antes do desenvolvimento do Plano, sobre acessibilidade na Comunicação...86

Figura 5.38. O estudo apresentado nos PPA contribuiu para uma melhoria da informação apresentada pela Câmara Municipal...87

Figura 5.39. Aplicação das recomendações presentes no Plano...87

Figura 5.40. Conhecimento do conceito de Infoacessibilidade...88

Figura 5.41. Meio através do qual obtivera, conhecimento sobre o conceito de Infoacessibilidade...88

Figura 5.42. Ações de Formação e Sensibilização sobre Infoacessibilidade e/ou meios alternativos...88

Figura 5.43. Remodelação recente dos sites institucionais...89

Figura 5.44. Aplicação das recomendações do Plano...89

Figura 5.45. Procedimentos para remodelação do site...89

Figura 5.46. Realização de ações de Formação e/ou Sensibilização antes da elaboração de Planos...90

Figura 5.47. Público alvo das ações realizadas antes da elaboração de Planos...91

Figura 5.48. Entidade responsável pelas ações desenvolvidas antes da realização dos PPA...91

Figura 5.49. Realização de ações de Formação e/ou Sensibilização no decorrer do Plano...92

Figura 5.50. Público alvo das ações realizadas no decorrer do Plano...92

Figura 5.51. Entidade responsável pelas ações desenvolvidas no decorrer dos PPA...92

Figura 5.52. Objetivo próximo: desenvolver ações de Formação e/ou Sensibilização...93

Figura 5.53. Importância da introdução da temática da acessibilidade na população em idade escolar...93

Figura 5.54. Impacto do estudo (PPA) na mudança de mentalidades...93

Figura 5.55. Legislação ...94

Figura 5.56..Municípios consideram os PPA uma mais-valia em matéria de acessibilidade...95

Figura 5.57. Obstáculos à resolução de problemas em matéria de acessibilidade...95

Figura 5.58. Implementação planeada e sistematizada das propostas sugeridas nos Planos...96

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Figura 5.59. Motivo para a não implementação das propostas sugeridas em sede do Plano ...96 Figura 5.60. Necessidade de estipulação de tempo mínimo para revisão de Planos...96 Figura 5.61. Necessidade de novos financiamentos...97

Figura 5.62. Elaboração de novos Planos para as áreas não inseridas nos Planos

realizados ...97

Figura 5.63. Afetação de uma percentagem do Orçamento Municipal para a temática

das acessibilidades...97

Figura 5.64. Apoio externo de consultoria...98

Figura 5.65. Previsão de adquirir apoio externo de consultoria na matéria...98

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Tabela 3.2. População Residente entre 2001 e 2011...25

Tabela 3.3. Taxa de Deficiência, índice de envelhecimento, índice de dependência de

idosos, índice de dependência total...27

Tabela 4.1. Tipologias de Barreiras...40 Tabela 4.2. Ações de Formação...59 Tabela 4.3. Ações de Sensibilização...59 Tabela 4.4. Seminário...60 Tabela 5.1. Municípios inquiridos e nº de candidaturas...67

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CERTIC - Centro de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade CVI - Centro de Vida Independente do mundo

DL - Decreto-Lei

GTCDI - Grupo de Trabalho Concelhio para as Deficiências e Incapacidades ICVM - Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade

IMT - Instituto de Mobilidade e dos Transportes I.P. - Instituto Público

INCNESI - Iniciativa Nacional para Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade de Informação

INE - Instituto Nacional de Estatística

IPSS - Instituição Pública de Solidariedade Social W3C - World Wide Web Consortium

mpt® - mobilidade e planeamento do território, lda

PAIPDI - Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade PIA - Plano de Intervenções das Acessibilidades

PNPA - Plano Nacional de Promoção de Acessibilidade POPH – Programa Operacional do Potencial Humano PPA - Planos de Promoção de Acessibilidade

QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional

RAMPA - Regime de Apoio aos Municípios Para a Acessibilidade RCM - Resolução de Conselho de Ministros

REDE - Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos RNIB - Royal National Institute for the Blind

SAPA - Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio

SNRIPD - Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência

TA - Tecnologia de Apoio

TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação USA - United States of America

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A Acessibilidade consiste na facilidade de acesso e de uso de ambientes, produtos e serviços por qualquer pessoa e em diferentes contextos. Envolve o Design Inclusivo, oferta de um leque variado de produtos e serviços que cubram as necessidades de diferentes populações (incluindo produtos e serviços de apoio), adaptação, meios alternativos de informação, comunicação, mobilidade e manipulação. [Godinho, F. 2010]

Engenharia de Reabilitação

É a profissão ou atividade orientada para a aplicação da ciência e da tecnologia na melhoria da qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais, nomeadamente pessoas com deficiência e idosos. Envolve a Funcionalidade Humana, a Acessibilidade e a aplicação de qualquer tipo de tecnologia. [Godinho, F. 2010]

Pessoa com Deficiência

Aquela que, por motivos de perda ou anomalia, congénita ou adquirida, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades específicas suscetíveis de, em conjugação com os fatores do meio, lhe limitar ou dificultar a atividade e participação em condições de igualdade com as demais pessoas. [SAPA 2009]

Pessoas com Necessidades Especiais

Engloba as pessoas com deficiência e os idosos, entre outras pessoas com incapacidade. [Godinho, F. 2010]

Pessoas Idosas

Consideram-se pessoas idosas os homens e as mulheres com idade igual ou superior a 65 anos. [Godinho, F. 2010]

Produtos de Apoio

Qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema técnico usado por uma pessoa com deficiência, especialmente produzido ou disponível que previne, compensa, atenua ou neutraliza a limitação funcional ou de participação. [SAPA 2009]

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CAP. 1

Introdução

Acessibilidade é um conceito que se tem vindo a desenvolver e que já vai tomando grandes proporções na Europa, na América do Norte, em alguns países da Ásia tal como em alguns países da América do Sul. Porém, em Portugal, devido a toda a conjuntura económica e pela dificuldade de mudanças de mentalidades, é um conceito que só agora vai tomando alguma forma. Demonstrar de modo prático a importância de territórios acessíveis é fundamental para que as pessoas comecem a percecionar a relevância e a aplicabilidade futura da construção de vilas e cidades para Todos. A temática é recente e portanto carece de estudos prévios sobre planeamento urbano, arquitetura, gestão estratégica e tecnologias de apoio para que, realmente se percebam quais as grandes problemáticas na acessibilidade dos territórios portugueses.

Em Portugal, no Ano Europeu das Pessoas com Deficiência (2003), a Associação Portuguesa de Planeadores do Território (APPLA) - Universidade de Aveiro, em parceria com a Associação Portuguesa de Lesionados Medulares e Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, com o apoio da Associação Nacional de Municípios Portugueses, da Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e da Secretaria de Estado da Reabilitação deu início a um projeto pioneiro em Portugal em matéria de Acessibilidade. Surge, desta forma, o Projeto Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos (REDE) com o principal intuito de construção de Vilas e Cidades mais acessíveis. Este projeto despoletou, em muitos municípios, uma nova preocupação urbana, integrando-se assim ações de sensibilização e [in]formação, realizando workshops e ainda, utilizando outros meios de comunicação. [Teles, P. & Ribeiro da Silva, P. 2005-2006] Em 2008, assiste-se então, à 1ª Geração de Planos Municipais de Promoção de Acessibilidade onde se evidenciou claramente uma mudança do paradigma da Acessibilidade em Portugal. Assim sendo, diferentes escalas de abordagem permitiram diferentes tipologias de Planos de Promoção de Acessibilidade. [Teles, P. 2009]

A partir de 2010, em contexto nacional, foram desenvolvidos trabalhos de Promoção da Acessibilidade em diferentes escalas territoriais, assistindo-se à 2ª Geração de Planos de Promoção de Acessibilidade, a qual veio permitir aos Municípios dar continuidade ao trabalho desenvolvido anteriormente. A maioria dos planos, tanto na 1ª como na 2ª geração, foram realizados no âmbito das medidas 6.5 – Ações de investigação, Sensibilização e

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Promoção de Boas Práticas, do Eixo Prioritário 6 - Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social e medidas 8.6.5 para o Algarve e 9.6.5 para Lisboa, do Programa Operacional Potencial Humano (POPH). [POPH 2010]

Com o presente estudo pretende-se estudar a evolução do conceito de acessibilidade, e em particular averiguar quais as evoluções no terreno ao nível da acessibilidade, fundamentalmente após a implementação de Planos de Promoção de Acessibilidade. E ainda, identificar alguns dos principais indicadores de promoção de acessibilidade em Portugal. Os dados estatísticos obtidos relativos a estes planos, aos quais alguns Municípios se submeteram, e tendo em consideração a etapa na qual se inseriram, imposta pela evolução do conceito, terão um papel importante nesta investigação.

1.1. Objetivos

Numa primeira fase pretende-se aprofundar conhecimentos na área da acessibilidade, fazendo uma revisão bibliográfica alargada e participando de forma ativa na elaboração de Planos de Promoção de Acessibilidade. Após aprofundamento da matéria e relato de caso específico em estudo, a título de exemplo, realizar-se-á um inquérito a alguns Municípios que elaboraram Planos de Promoção de Acessibilidade, obtendo-se dados estatísticos específicos relativamente ao atual estado da acessibilidade em Portugal, visando cumprir o principal objetivo desta investigação. Recolher-se-ão então dados, junto de algumas autarquias, e avaliar-se-ão os desenvolvimentos obtidos nos últimos anos, tendo em conta que estas se submeteram a um diagnóstico de acessibilidade no âmbito dos Planos de Promoção de Acessibilidade. Assim sendo, apurar a) quais as mais frequentes debilidades ainda presentes nas cidades em análise; b) quais as principais mudanças nesses Municípios; c) qual o estado da acessibilidade do nosso país, tendo por base as cidades em estudo; e finalmente concluir d) quais os principais indicadores de promoção de acessibilidade em Portugal, são as questões centrais que regem esta investigação.

1.2. Contribuições

A problemática da acessibilidade cada vez toma maiores proporções no nosso país. No entanto, por vezes transparece que apenas pessoas com algum tipo de deficiência dão real importância ao assunto. Esta temática é fundamental para os cidadãos com deficiência mas também para idosos ou qualquer outra pessoa que pontualmente tenha mobilidade reduzida. Até há bem pouco tempo, a acessibilidade não fazia parte das preocupações governamentais, mas a emergência de cidades inclusivas e acessíveis a Todos começa a tomar forma em alguns países da Europa, já mais desenvolvidos e aí, percebe-se que é

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uma temática primordial e o caminho certo para minimizar a exclusão social. Para tal, este estudo é fundamental para que se percebam quais os desenvolvimentos obtidos nos últimos anos e quais os principais indicadores da promoção da acessibilidade, para que sirvam de orientação em estratégias futuras visando sempre, o aumento da qualidade de vida dos habitantes e permitindo a sustentabilidade das gerações futuras. Uma cidade de Todos e para Todos é o melhor que podemos ter e oferecer aos nossos habitantes, turistas e a todos aqueles que dela necessitam de usufruir, em toda a sua plenitude.

“Desenhar territórios acessíveis, livres de obstáculos, representa uma enorme mais-valia para todos: introduz patamares de segurança e conforto e permite a sustentabilidade ao longo das gerações futuras”. [Teles, P. 2005]

1.3. Método de Investigação

A definição do método de investigação a adotar prende-se com a natureza do estudo em questão e com os principais objetivos que se pretendem cumprir. Posto isto, optou-se por um método de investigação que consiste na análise descritiva e qualitativa, tendo em conta a complexidade do tema.

Tendo por base a pretensão de avaliar a evolução do conceito de acessibilidade e o impacto dos Planos de Promoção de Acessibilidade no atual estado da acessibilidade, em Portugal, efetuou-se primeiramente uma revisão bibliográfica sobre os conceitos diretamente relacionados com o tema em análise. Segundo Robert Yin [Yin, R. 2003] "o recurso a múltiplas fontes de evidência é a maior vantagem da recolha de dados" assim sendo, utilizaram-se várias técnicas de recolha de informação tais como: documentação; inquéritos; observação direta; e observação participante. Desta forma, foi possível focar o problema a investigar e identificar as principais variáveis passíveis de serem analisadas. O presente estudo aborda um tema ainda pouco desenvolvido em Portugal, o que o torna por si só num fenómeno complexo, englobando vários fatores e parâmetros, que estão diretamente interligados e inevitavelmente têm influência concomitante uns sobre os outros. É um problema de investigação muito pertinente, visto que tem influências em várias vertentes da sociedade mas que não se encontra muito estudado e explorado no nosso país, o que dificulta o processo. Pode então considerar-se que o objetivo metodológico é principalmente descritivo, dado que a finalidade é a caracterização do atual estado do objeto em análise. Como suporte teórico para a investigação, a análise do "estudo de caso" da Cidade de Fafe, a título exemplificativo, ajudará a percecionar a realidade presente na maioria das cidades portuguesas sendo que, foi uma ferramenta de alta relevância para a compreensão e

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aprofundamento de conhecimento por parte do autor permitindo a observação direta do problema em estudo. Tal como já referia Robert Yin [Yin, R. 2003] o "estudo de caso" é a estratégia preferida, quando se pretende responder a questões do tipo como e porquê, quando o investigador tem pouco controlo sobre os eventos e o fenómeno em estudo é contemporâneo. A escolha da Cidade de Fafe como "estudo de caso" prende-se primeiramente com o facto do autor residir nessa mesma Cidade, ter realizado estágio na empresa mpt® a qual lhe permitiu a oportunidade de trabalhar com a Câmara Municipal de Fafe na elaboração do Plano Local de Promoção de Acessibilidade, e por último pelo facto de ser uma Cidade com a distinção de Bandeira de Ouro da Mobilidade, desde 2009.

Por fim, relativamente às técnicas de análise de dados, procedeu-se a uma análise interpretativa onde se comentam e analisam os resultados do estudo, de uma forma mais abrangente para verificar se os dados empíricos vão ao encontro dos conceitos teóricos apresentados.

1.4. Estrutura organizativa

A presente dissertação desenvolve-se ao longo de 6 capítulos, descritos de forma sucinta em seguida.

O primeiro capítulo introduz o tema da Dissertação, apresenta os principais objetivos e contributos da mesma, descreve a metodologia utilizada, bem como a forma como o documento se encontra estruturado.

No segundo capítulo é desenvolvido um enquadramento conceptual, fruto da revisão teórica realizada, abordando conteúdos como a evolução do conceito de acessibilidade em Portugal, a importância do design for all e o devido enquadramento político e legislativo em matéria de acessibilidade.

O terceiro capítulo aborda um projeto pioneiro de acessibilidade em Portugal, a Rede Nacional de Cidade e Vilas com Mobilidade para Todos. Inicialmente contextualiza-se o projeto Rede em todas as suas valências, abordando os principais objetivos, a metodologia utilizada e as temáticas abordadas no projeto, exemplificando posteriormente a sua aplicabilidade com o "estudo de caso" de Fafe, no ano de 2004.

O quarto capítulo aborda os Planos de Promoção de Acessibilidade, que surgem na sequência da evolução do conceito de acessibilidade. Primeiramente definem-se as duas gerações de Planos mencionando as suas várias valências, abordando os principais objetivos, a metodologia utilizada e as temáticas abordadas nestes programas, exemplificando-se a sua aplicabilidade com o "estudo de caso" de Fafe, no ano de 2014. O

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capítulo terceiro complementa a informação apresentada no capítulo quarto mostrando, desde logo, alguma evolução das cidades e mentalidades em termos de acessibilidade. O quinto capítulo apresenta o inquérito realizado a algumas Câmaras Municipais portuguesas, os parâmetros em análise, os respetivos dados obtidos sobre o estudo realizado e por fim a análise dos resultados obtidos em comparação com os conceitos teóricos apresentados.

Por último, o sexto capítulo contém a síntese das conclusões que este estudo permitiu alcançar e as perspetivas de trabalho futuro que daqui podem advir.

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CAP. 2

Enquadramento Conceptual

Entender o conceito de acessibilidade, perceber de que forma evoluiu, qual a atual definição do mesmo, quais os pilares que suportam essa teoria, bem como, deslindar a potencialidade dos territórios acessíveis, é o ponto de partida para o presente estudo.

2.1. O conceito de acessibilidade e sua evolução no tempo

Ao longo dos tempos, o conceito de acessibilidade foi evoluindo, acompanhando, de certa forma, o pensamento e a visão das populações. Inicialmente, o termo surgiu associado a condições de acesso para pessoas com deficiência.

Consta que na década de 50 se deu início à fase de integração de pessoas reabilitadas no mundo do mercado de trabalho e nas comunidades em geral. Nesse instante, percebeu-se a dificuldade destas pessoas em se integrarem na sociedade devido à existência de barreiras arquitetónicas nos espaços urbanos, nos edifícios, nas residências e até mesmo nos meios de transporte.

Na década seguinte, dando continuidade à fase de integração mas vislumbrando uma fase de inclusão, as Universidades Americanas tomam a iniciativa e eliminam algumas barreiras arquitetónicas existentes nos seus próprios recintos.

Nos anos 70, com o aparecimento do primeiro Centro de Vida Independente do mundo (CVI), na Califórnia, deu-se um aumento significativo da preocupação dos habitantes quanto a estas questões de acessibilidade, o que levou esta temática para debates em espaço público com o mote "eliminação de barreiras arquitetónicas". [Roberts, Ed 1972]

Um dos anos que fez despoletar ainda mais a temática da acessibilidade foi em 1981 (Ano Internacional das Pessoas com Deficiência), quando as pessoas com necessidades especiais desenvolveram campanhas mundiais de sensibilização para a eliminação de barreiras e a não-inserção dessas mesmas barreiras em novos projetos que se viessem a desenvolver, visando sempre melhorar o ambiente em prol da pessoa com deficiência. No final dos anos 80 com a Lei de Bases da Reabilitação de 1989 (Lei n.º 9/89) surge uma definição concreta do conceito de Acessibilidade. “A acessibilidade visa eliminar as barreiras físicas que dificultam a autonomia e a participação plena na vida social.” [Lei n.º9/89] De

Figura 2 – Acessibilidade para Pessoas com Deficiência

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ressalvar que este Decreto-Lei foi revogado em 2004. Desde logo, a partir desta definição é percetível a visão da população sobre o conceito de acessibilidade neste período.

Em 2003, o Conceito Europeu de Acessibilidade (ECA) surge como compilação de vários trabalhos e ideias, com o intuito de melhorar as condições e igualdade de oportunidades para todos os habitantes. Portanto, não foi concebido como um manual técnico, visto que apenas visa sensibilizar a população para o trabalho efetuado e incentivar as pessoas, compartilhando informações, para que seja alcançado um resultado concreto e aprimorado sobre o conceito de Acessibilidade. Nesse mesmo ano, o Conselho Europeu de Acessibilidade, define o conceito da seguinte forma: "Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com esse ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e segura". [Conceito Europeu de Acessibilidade 2003] O conceito de acessibilidade começa a fruir e já não se cinge apenas a pessoas com deficiência, demonstrando de imediato a sua ligação com o design for all, o qual prevê produtos, equipamentos, espaços, serviços e sistemas que sejam seguros, confortáveis, eficazes e de uso independe, projetados para todo o tipo de utilizadores, independentemente da sua condição física, cognitiva ou intelectual. Ou seja, este conceito é bastante versátil e multidisciplinar, devendo estar presente em grandes temáticas como Espaço Público, Edificado, Transportes, Comunicação e Infoacessibilidade. Uma definição mais aperfeiçoada e coesa sobre Acessibilidade surge então em 2010, englobando todas estas áreas: “A acessibilidade consiste na facilidade de acesso e de uso de ambientes, produtos e serviços por qualquer pessoa e em diferentes contextos. Envolve o Design Inclusivo, oferta de um leque variado de produtos e serviços que cubram as necessidades de diferentes populações, adaptação, meios alternativos de informação, comunicação, mobilidade e manipulação, produtos e serviços de apoio/acessibilidade." [Godinho, F. 2010]

O termo muito versátil e inicialmente ambíguo, toma forma ao fim de alguns anos de estudo. Agora muito mais concreto e explícito visando abranger todo o tipo de indivíduos, tendo por base o Design Inclusivo.

2.2. Design for all

2.2.1. Conceito

O termo Desenho Universal foi usado pela primeira vez nos Estados Unidos, pelo arquiteto Ronald Mace, em 1985 [Roosmalen, L. & Ohnabe, H. 2006], no entanto começou a ter maior ênfase a partir de 1990. O Desenho Universal é uma filosofia de projeto que visa a criação

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de ambientes, edificações e objetos, considerando desde o início da sua conceção a diversidade humana. Nesta conceção, as necessidades específicas de todos os utilizadores (idosos, crianças, grávidas, pessoas com deficiência ou com limitações temporárias) devem ser atendidas, eliminando-se a ideia de fazer ou adaptar "projetos especiais". [Dischinger, M. et al 2004]

Inteiramente relacionado com acessibilidade, o conceito de Design for all ou Design Universal pressupõe o desenho de produtos, e/ou serviços, e/ou ambientes suscetíveis de serem utilizados integralmente por todas as pessoas, sem que haja necessidade de adaptação. Independentemente de fatores como idade, estatura, capacidades físicas e psíquicas deve garantir-se que, todas as pessoas possam beneficiar dos diversos ambientes e serviços disponibilizados na sociedade. Portanto, Design Inclusivo não significa pequenos ajustes referentes à funcionalidade do produto e/ou serviços oferecidos à sociedade. É necessário, que toda a sociedade esteja sensibilizada para esta temática e que todos os profissionais envolvidos na área tenham consciência e conhecimento na criação destes espaços, serviços ou produtos, visando a satisfação e o aumento da qualidade de vida de todos os cidadãos. Desta forma, o "Center of Universal Design" da Universidade da Carolina do Norte, EUA, propõe regras simples para um projeto universal, tal como se verá no próximo ponto. [Mace, R. 1985]

2.2.2. Princípios

Para que o conceito se possa cumprir na integra, definiram-se princípios que o regem, tornando-o universal e inclusivo. Surgem, assim, os sete princípios do Design for all:

 Utilização Equitativa: pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores;

 Flexibilidade de utilização: engloba uma gama extensa de preferências e capacidades individuais;

 Utilização simples e intuitiva: fácil de compreender, independentemente da experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração;

 Informação percetível: fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária, quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador;

 Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de ações acidentais ou involuntárias;

 Esforço físico mínimo: pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com um mínimo de fadiga;

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 Dimensão e espaço de abordagem e de utilização: espaço e dimensão adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da estatura, mobilidade ou postura do utilizador. [Wolfgang, P. & Koridon, S. et al 2011]

2.2.3. Missão

O desenho universal permite facilitar a implementação da acessibilidade nos territórios, regendo-se por sete princípios universais, estimulando o conceito de sociedade inclusiva. O facto de permitir a consolidação da matéria da acessibilidade e mobilidade para todos, desenham-se territórios socialmente participativos e devidamente planeados, eliminando barreiras urbanísticas, arquitetónicas, informativas, comunicativas e sobretudo, barreiras psicológicas.

Acima de tudo, o design universal tem por base o respeito pela diversidade humana, assumindo um papel importante na sustentabilidade das gerações futuras. Ao garantir continuidade, favorece o convívio entre gerações, revigora os lugares, torna-os turisticamente mais desejados e como tal, economicamente mais estáveis.

2.2.4. Importância social e demográfica

O Design for all tem-se revelado um dos conceitos que mais tem causado inquietação e discussão na sociedade atual. Planear cidades funcionais, tornando os espaços mais estéticos, com designs modernos e simplistas, mais respeitadores e atrativos, favorece as ações de convívio entre as diferentes faixas etárias.

Territórios saudáveis, funcionais e compreensíveis para a maioria dos utilizadores, favorecem a mobilidade e inclusão social. Se, independentemente das características inerentes a cada indivíduo, todos poderem utilizar espaços, equipamentos e serviços de excelência, encontramo-nos perante uma sociedade ativa e verdadeiramente inclusiva.

2.3. Enquadramento político e legislativo em termos de acessibilidade

Da mesma forma que o termo acessibilidade foi evoluindo, também a legislação portuguesa acompanhou essa evolução, havendo por vezes necessidade de refazer e criar novas leis que fossem ao encontro das necessidades dos seus habitantes. Em Portugal, o tema da acessibilidade já está presente há alguns anos porém, denota-se que apenas nos últimos dez anos, o conceito tem vindo a sensibilizar mais a população. As leis existentes, aproximadamente até ao ano de 2004, tinham por base um conceito que não abrangia Todo

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o tipo de cidadãos, independentemente da sua condição física, psicológica ou cognitiva, tornando-o por si só discriminatório. Não se entenda de forma deturpada o termo mobilidade reduzida, pois este é abrangente o suficiente para englobar idosos, crianças, grávidas, pessoas com carrinhos de bebés, acidentados temporariamente, ou por e simplesmente uma pessoa que transporta compras na via pública. Todos nós devemos encarar a acessibilidade como uma obrigação de civismo público visto que tudo é realizado em prol da melhoria de qualidade de vida de Todos e para Todos os habitantes.

No que concerne à legislação sobre acessibilidade em Portugal, esta pode agrupar-se em três diferenciados tópicos:

 Espaço Público e Edificado

 Transportes

 Informação e Comunicação

2.3.1. Espaço Público e Edificado

Qualidade de vida é um imperativo que deve estar sempre presente. As necessidades de cada indivíduo são intrínsecas a si mesmo e todos têm de aprender a lidar com as diferenças de cada qual. Portanto, independentemente das diferenças de cada um, o que deve ser sempre ressalvado é a qualidade de vida de Todos. A participação na vida cívica é um direito concedido a todo e qualquer cidadão sem exceção.

A Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (Lei n.º9/89), substituída em 2004, pela Lei de Bases da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência (Lei n.º38/2004), definia no seu artigo 13.º um conceito de acessibilidade e mobilidade meramente voltado para as barreiras físicas, patenteando, de certa forma, a mentalidade da população nessa época. [Lei n.º9/89] O Decreto-Lei n.º247/89, de 5 de Agosto, relativo ao regime de apoio técnico e financeiro para programas de reabilitação profissional de pessoas com deficiência, e respetivo Despacho Normativo n.º99/90, de 6 de Setembro, previa um subsídio para eliminação de barreiras arquitetónicas que dificultassem ou impedissem a mobilidade das pessoas com deficiência no acesso ou deslocação no local de trabalho. Este subsídio foi concedido às entidades que admitissem pessoas com deficiência, ou que mantivessem nos seus quadros trabalhadores que se tivessem tornado pessoas com deficiência e cujas limitações o justifiquem. [DL n.º247/89 & DN n.º99/90]

O grande passo para a Acessibilidade foi dado em 1997, com o surgimento do Decreto-Lei n.º123/97 que veio tornar obrigatória a supressão de barreiras arquitetónicas e urbanísticas nos edifícios públicos, equipamentos coletivos e via pública. É também, com esta legislação

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que se adota o símbolo internacional de acessibilidade. Este decreto abordava essencialmente o acesso aos edifícios e a mobilidade nos mesmos. O intuito principal com a publicação do mesmo era a melhoria da qualidade de vida das pessoas com mobilidade condicionada. Não obstante, para que tal fosse realmente direcionado a pessoas com necessidades especiais, seria importante incluir algumas vertentes tais como: transportes, comunicação e edificados de um modo geral, não focando apenas o edificado de acesso ao público, áreas estas não menos importantes do que as referidas anteriormente. Pode então dizer-se que esta legislação pioneira na área teve certo impacto nas novas construções, no entanto houve pouca adesão à supressão de barreiras arquitetónicas já existentes. Este facto deveu-se à fraca eficácia sancionatória, a poucos mecanismos de fiscalização e à falta de financiamentos para as intervenções necessárias. [DL n.º123/97]

Em 2003, Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, Portugal dá ênfase acrescido à Acessibilidade, colocando-a na agenda política governamental e autárquica. Foi um ano demarcado por campanhas de sensibilização e de algumas medidas concretas. Ainda nesse ano, destacou-se a criação e o desenvolvimento do projeto Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos.

Visto que a iniciativa legislativa n.º123/97 teve algum impacto mas as repercussões na eliminação das barreiras já existentes foi praticamente nula, surgiu a necessidade de aprimorar este decreto a vários níveis, dando origem ao atual Decreto-Lei n.º163/2006. Este permitiu corrigir imperfeições constatadas no disposto anterior, melhorar os mecanismos fiscalizadores, com maior eficácia sancionatória, aumentar os níveis de comunicação e de responsabilização dos diversos agentes envolvidos nestes procedimentos, bem como introduzir novas soluções, com a evolução técnica, social e legislativa. O objetivo do presente decreto foi a definição de condições de acessibilidade a incluir no projeto e na construção de espaços públicos, equipamentos coletivos, edifícios públicos e habitacionais. Quanto ao selo internacional de acessibilidade instituído no DL n.º123/97, o mesmo mantêm-se em vigor. [DL n.º163/2006]

Em seguimento do decreto acima exposto, o Governo Português lançou o livro “Guia da Acessibilidade e Mobilidade para Todos”. O principal objetivo deste livro foi desenhar a legislação em vigor, com o intuito de descodificar as normas técnicas apresentadas no decreto anteriormente referido. Outra preocupação do Governo Português foi a sensibilização da população para tal temática. Em virtude do disposto, foram dadas formações ao longo do país, sensibilizando a população para as condições de melhoria de qualidade de vida.

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O DL n.º163/2006 surgiu acompanhado do PAIPDI – Plano de Acão para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade aprovado na Resolução do Conselho de Ministros n.º120/2006, de 21 de Setembro e do PNPA – Plano Nacional de Promoção da Acessibilidades, aprovado Resolução do Conselho de Ministros n.º9/2007, de 17 de Janeiro. O Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidade (PAIPDI) definia um conjunto de medidas nas quais os departamentos governamentais devem atuar, bem como metas a alcançar visando criar uma sociedade inclusiva, onde possam participar Todas as pessoas.

O Plano teve cinco objetivos estratégicos:

 A promoção dos direitos humanos e o exercício da cidadania;

 A integração das questões da deficiência e da incapacidade nas políticas setoriais;  A acessibilidade a serviços, equipamentos e produtos;

 A qualificação, formação e emprego das pessoas com deficiências ou incapacidades;  A qualificação e formação dos profissionais que prestam serviços às pessoas com

deficiências ou incapacidade. [RCM n.º120/2006]

O Plano Nacional de Promoção de Acessibilidade (PNPA) visava a utilização plena dos Espaços Públicos por todo o tipo de pessoas, proporcionando o aumento da qualidade de vida, diminuindo a exclusão social, minimizando a discriminação de pessoas com necessidades especiais, promovendo a igualdade social. [RCM n.º9/2007] Para além de ser um dever cívico, a promoção de Acessibilidade é fundamental para que haja evolução, promovendo a qualidade, a sustentabilidade e a competitividade. Como consequência desta iniciativa política é incentivada a elaboração de Planos Municipais de Acessibilidade, a partir de 2008, com a contribuição de uma linha específica de financiamento do POPH – Programa Operacional do Potencial Humano no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. Este plano contemplou duas fases distintas. A primeira, de 2008 a 2010, na qual os Municípios demonstraram o seu interesse por este plano tão multidisciplinar que englobou cinco áreas temáticas: Espaço Público; Arquitetura e Edificado; Transportes; Comunicação e Infoacessibilidade. Dá-se também grande ênfase à Formação e Sensibilização, para que se dê importância a outra componente não menos relevante, a Participação Pública. A segunda fase dos Planos de Promoção de Acessibilidade decorreu de 2010 a 2014, intitulado de - RAMPA - Regime de Apoio aos Municípios Para a Acessibilidade, destacando a excelente repercussão que se obteve na primeira fase deste tipo de plano, havendo grande adesão por parte dos municípios e a taxa de execução dos mesmos ser elevada.

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Ainda em Agosto de 2006, surgiu a Lei da Não Discriminação (Lei n.º46/2006, de 28 de Agosto), tendo como finalidade a prevenção e proibição de discriminação em relação à deficiência e o sancionamento desses mesmos atos abrangendo também a recusa à inserção de pessoas com deficiência ou com risco agravado de saúde nos meios sociais e culturais, elencando várias práticas discriminatórias entre as quais “a recusa ou a limitação de acesso ao meio edificado ou a locais públicos ou abertos ao público". [Lei n.º 46/2006] Constata-se que são anos de trabalho em prol da acessibilidade, mas acima de tudo da melhoria da qualidade de vida de Todos os cidadãos. Porém, a 8 de abril de 2014 surgiu o Decreto-Lei n.º53/2014, o qual decreta no seu Artigo 4.º a dispensa de aplicação do regime legal de acessibilidades - "As operações urbanísticas objeto do presente Decreto-Lei estão dispensadas do cumprimento de normas técnicas sobre acessibilidades previstas no regime que define as condições de acessibilidade a satisfazer no projeto e na construção de espaços públicos, equipamentos coletivos e edifícios públicos e habitacionais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º163/2006, de 8 de agosto. Sendo que o dito Decreto-Lei estabelece um regime excecional e temporário aplicável à reabilitação de edifícios ou de frações, cuja construção tenha sido concluída há pelo menos 30 anos ou localizados em áreas de reabilitação." [DL n.º53/2014]

Mesmo tendo em atenção o objeto em discussão, entenda-se a gravidade do disposto no referido decreto. Inviabilizar excecionalmente o Decreto-Lei n.º163/2006, mesmo que seja apenas para edifícios ou frações, cuja construção tenha sido concluída há pelo menos 30 anos, vem contradizer e depreciar o trabalho desenvolvido por todos nós, há anos. Num momento em que se aclama por mudança de mentalidades, procurando oferecer uma sociedade mais inclusiva e por isso para Todos os cidadãos, leis como esta, irão somente elevar a exclusão social e desfavorecer a população em geral.

2.3.2. Transportes

Os transportes assumem-se como fator primordial à mobilidade. A oferta de diversas redes e de preços mais acessíveis faz com que muitos cidadãos usufruam das mesmas, por variados motivos, deslocações de trabalho, de lazer ou meramente ocasionais. Contudo, é importante garantir que os transportes sejam acessíveis mas que o acesso a estes também seja garantido na integra, isto é, os veículos (acesso exterior, interior e à informação) devem estar devidamente adaptados mas também toda a área envolvente (Espaço Público) e paragens (plataforma, acesso ao abrigo, informação e sinalização de paragem) devem ser devidamente acessíveis.

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A Lei de Bases da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação das Pessoas com Deficiência (Lei n.º38/2004) prevê uma política global de prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência, na sociedade, consagrando no seu artigo 33º o direito aos Transportes. Ou seja, a legislação visa promover a igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência a fim de estas poderem participar ativamente na sociedade. Para tal, apela-se à promoção de oportunidades de educação, formação e trabalho, promoção de acesso a serviços de apoio de acordo com as necessidades dos utilizadores, bem como à dinamização do conceito de sociedade inclusiva, que permite o acesso e participação ativa de todos os cidadãos. [Lei n.º38/2004]

Quanto à Lei da Não Discriminação (Lei n.º46/2006, de 28 de Agosto) que pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde, considera prática discriminatória “a recusa ou a limitação de acesso aos transportes públicos, quer sejam aéreos, terrestres ou marítimos”. [Lei n.º46/2006]

O Decreto-Lei n.º58/2004, de 19 de Março, não permite a entrada em circulação de autocarros novos sem acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida em serviços de transportes públicos urbanos. Porém, esta legislação não impede a introdução de autocarros antigos (anteriores a 2004) sem as características exigidas neste diploma. [DL n.º58/2004]

O Despacho n.º18406/2004, de 1 de setembro, da Direcção-Geral de Transportes Terrestres, determina a adaptação e o licenciamento dos táxis, para efeitos do transporte de pessoas com mobilidade reduzida, definindo as características específicas a que devem obedecer os veículos ou permitir a adaptação a essa finalidade. [Despacho n.º18406/2004] Infelizmente, no nosso país os táxis adaptados são ainda uma raridade. Após uma tentativa falhada de introdução de uma pequena frota de 11 táxis na década de 90, surgem nos três últimos anos notícias de algumas iniciativas na Maia, Famalicão, Valongo, Porto e Almada. O número atual de táxis adaptados em Portugal deverá ser inferior a 10 veículos. [Godinho, F. 2010]

Em 2011, surge o Decreto-Lei n.º17/2011 com o intuito de simplificar os procedimentos de emissão e de renovação do cartão de estacionamento para pessoas com deficiência, que tenham a sua mobilidade comprometida. Para tal, o presente Decreto-Lei permite a utilização dos meios informáticos, para que se efetue mais facilmente a emissão e renovação do cartão de estacionamento para pessoas com deficiência, diminuindo assim as necessidades de deslocação ao Instituto de Mobilidade e dos Transportes, I.P. (IMT, I.P.). Dispensa ainda, as pessoas com deficiência física ou motora permanente à entrega do cartão que comprove a alegada deficiência aquando da sua renovação. Por último, alarga o

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período de validade dos cartões de estacionamento de 5 para 10 anos, excecionando os casos mais suscetíveis de reavaliações. [DL n.º17/2011]

A Norma Portuguesa 4493 - Transporte público de passageiros – Linha de autocarros urbanos (pnRP 4493/2010) é a atual norma portuguesa em vigor para os transportes públicos urbanos e tem como principal objetivo promover o aumento do nível de qualidade do serviço. Para tal estabeleceu-se um conjunto de regras e condições mínimas qualitativas e quantitativas para a prestação destes serviços de transporte. A presente Norma do Serviço de Transportes Público de Passageiros – Linha de autocarros urbanos incide sobre dois pontos fundamentais: caraterísticas do serviço e fornecimento do mesmo.

Tal como o nome indica, o Projeto de Norma Portuguesa 4521 - Acessibilidade para os transportes de passageiros está ainda, sujeito a inquérito público e tem como principal intuito garantir desenvolvimentos ao nível das acessibilidades, nas redes de transportes. Com a finalidade de proporcionar o aumento de autonomia, da própria qualidade de vida de todos os cidadãos em geral e das pessoas com mobilidade reduzida em particular, propõe-se neste projeto que as empresas/entidades que levarem avante as boas práticas compiladas na norma, possam beneficiar de certificação de acessibilidade no ramo. O Projeto de Norma Portuguesa 4521 aplica-se a todas as empresas de setor de transportes públicos de passageiros e está a ser desenvolvido em quatro áreas de diagnóstico: veículos, infraestruturas de apoio, informação e comunicação e por último controlo e manutenção. [PNP4521 2003]

2.3.2. Informação e Comunicação

A Resolução de Conselho de Ministros de 25 de Março de 2002 aborda, essencialmente o Plano de Ação 2002 eEurope sobre a acessibilidade dos sítios web e do seu conteúdo, que foi lançado em 2000, com a preocupação de definir de forma concisa os objetivos desse mesmo plano. Quer-se dizer com isto, que pretende garantir que todos os cidadãos possam beneficiar das oportunidades oferecidas pela Sociedade de Informação.

A Resolução de Conselho de Ministros n.º110/2003 sucede à Resolução de Conselho de Ministros n.º96/99, e surgiu na emergência de uma reflexão e atualização da Iniciativa Nacional para Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade de Informação (INCNESI), aprovada na RCM n.º 96/99, denominada na RCM n.º110/2003 por Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação (PNPCNESI). [RCM n.º110/2003] A Presidência de Conselho de Ministros –

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Portaria n.º1354/2004, definia uma linha de financiamento para apoiar algumas das medidas do PNPCNESI, aprovado no ano anterior na RCM n.º110/2003. [Portaria n.º1354/2004] Com a aprovação da RCM n.º96/99, Iniciativa Nacional para Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação, e da RCM n.º97/99 sobre a acessibilidade dos sítios da Administração Pública na Internet, Portugal tornou-se no primeiro país da Europa a regulamentar a acessibilidade da Web [Godinho, F. 1999]. A RCM n.º97/99 é substituída pela RCM n.º155/2007, de 27 de Setembro, clarificando critérios e conseguindo um bom nível de implementação. Desta forma, a Resolução de Conselho de Ministros n.º 155/2007, visava salvaguardar o direito de que todos os cidadãos devem ter acesso à informação disponibilizada pela Administração Pública na Internet e ainda, que esta é compreensível e pesquisável por Pessoas com Necessidades Especiais. [RCM n.º155/2007] A World Wide Web Consortium (W3C) desenvolveu várias diretrizes, nas quais se enquadram as linhas orientadoras para a acessibilidade do conteúdo Web, que posteriormente se tornou numa norma mundial a seguir.

Quanto à legislação em vigor para a Televisão, a Lei n.º8/2011 veio obrigar os operadores de televisão tanto públicos como privados, a ter legendagem, interpretação por meio de língua gestual, e áudio-descrição. Definindo-se metas para a progressiva evolução da acessibilidade das emissões de televisão. [Lei n.º8/2011]

Quanto aos Terminais de Uso Público, englobam-se os Telefones Públicos, Caixas Bancárias Automáticas, Máquinas de Venda Automática de Título de Transporte, outras Máquinas de Venda Automática, Parquímetros e Quiosques de Informação. Existem variados parâmetros a ter em atenção quanto à acessibilidade dos mesmos, tais como, localização e acesso, sistema de cartões, características externas, etiquetagem e instruções, ecrãs e interação, instruções de operação, teclados, ecrãs táteis, recolha de dinheiro, cartões e recibos, tipos de letra e legibilidade e aprendizagem na forma como se lida com os aparelhos.

2.4. População-alvo

Quando o tema é acessibilidade, a tendência é associar a temática somente a pessoas com deficiência. No entanto, o tema é muito mais lato e complexo tal como se pode comprovar ao longo deste estudo. É evidente que as pessoas com deficiência são parte integrante deste público-alvo mas também idosos, grávidas, pessoas com incapacidades temporárias e até mesmo qualquer pessoa que carregue compras pode ser considerada pessoa com

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mobilidade reduzida. Para tal, usar-se-ão os dados estatísticos e estudos nacionais para a caracterização demográfica desta população.

Segundo os Censos de 2011, a população idosa com 65 ou mais anos representava 19% da população portuguesa, isto é, 2 010 064 indivíduos, ultrapassando a dos jovens até 14 anos (15%). Sendo que em 2001, a população idosa com 65 ou mais anos representava 16,4% da população portuguesa, ou seja, 1 693 493 indivíduos. Em 10 anos registou-se um acréscimo de 2% da população total do país e de 15,8% da população mais idosa. Portugal está mais envelhecido e com um índice de dependência maior, isto é, vem aumentando a percentagem das pessoas idosas comparativamente à população jovem e/ou à população em idade ativa.

Segundo o INE, a taxa de população com deficiência em Portugal era de 6,1% em 2001. E em 2011, apurou-se que 16,9% da população tem pelo menos uma dificuldade. Entenda-se por dificuldade a incapacidade de realizar tarefas como: ver, ouvir, andar ou subir degraus, problemas de memória ou concentração, tomar banho ou vestir-se sozinho e por fim compreender os outros ou simplesmente fazer-se compreender. [INE 2012]

Com os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística, percebe-se a importância de adequar as nossas vilas e cidades às capacidades dos cidadãos que dela necessitam de usufruir todos os dias. Uma cidade para Todos é uma cidade inclusiva.

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CAP. 3

Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade Para Todos

3.1. Conceito

Em 2003, Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, iniciou-se em Portugal, um projeto piloto em matéria de Acessibilidade, funcionando como um mecanismo inovador que elevou Portugal para um País atualmente mais acessível. O Projeto Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos (REDE) surge da parceria da Associação Portuguesa de Planeadores do Território (APPLA) da Universidade de Aveiro, com a Associação Portuguesa de Lesionados Medulares e a Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação e, contando ainda, com o apoio da Associação Nacional de Municípios Portugueses, da Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e da Secretaria de Estado da Reabilitação.

A REDE funcionou como um instrumento prático, com base na legislação, na altura em vigor, Decreto-Lei n.º123/97 de 22 de Maio, atualmente revogado pelo Decreto-Lei n.º163/2006 de 8 de agosto, sendo encarado como um desafio, no qual a adesão era totalmente livre e dependeu inteiramente da consciência e civismo das Câmaras Municipais Portuguesas.

Este projeto, não pode deixar de ser referido pelo enorme impulso que causou numa área tão pouco desenvolvida em Portugal, visto que foi o primeiro projeto neste país que trabalhou o tema da acessibilidade ao nível dos Municípios. A REDE teve como ano de início 2004 e ano de términus, de todas atividades desenvolvidas neste âmbito, 2010. Os Municípios aderentes a este projeto foram 74 a nível nacional e estão devidamente descriminados no mapa seguinte. [Teles, P. & Ribeiro da Silva, P. 2005-2006]

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1ª REDE

1 Penafiel 39 Torres Vedras

2 Palmela 40 Rio Maior

3 Felgueiras 41 Póvoa de Varzim

4 Setúbal 42 Castro Marim

5 Tavira 43 Guarda

6 Loulé 44 Pinhel

7 V.R.S. António 45 Oliveira do Bairro

8 Águeda 46 Alcochete

9 S.J. da Madeira 47 Entroncamento

10 Coruche 48 Faro

11 Marinha Grande 49 Sintra

12 Estarreja 50 Funchal

13 Fafe 51 Valença

14 Évora 52 V.N. de Gaia

15 Oliveira de Azeméis 3ª REDE

16 Ílhavo 53 Lourinhã

17 Esposende 54 Celorico da Beira

18 Chaves 55 Idanha a Nova

19 Castelo de Paiva 56 Castro Verde 20 Figueira da Foz 57 Pombal 21 Matosinhos 58 Alijó

22 Vila Real 59 Ponte da Barca

23 Aveiro 60 Paredes

24 Leiria 61 Marco de Canaveses

25 Vila do Conde 62 Mafra

26 S.M. da Feira 63 Peso da Régua

27 Alpiarça 64 Silves

28 Barcelos 65 Mesão Frio

29 Albufeira 66 S. João da Pesqueira

30 Cascais 67 Santarém 31 Portimão 68 Peniche 32 Oeiras 69 Coimbra 2ª REDE 70 Porto 33 Manteigas 4ª REDE 34 Lagos 71 Tabuaço 35 Arouca 72 Lagoa

36 Portalegre 73 Santa Comba Dão 37 Bombarral 74 Arruda dos Vinhos 38 Caldas da Rainha

Fonte: Associação Portuguesa de Planeadores do Território Figura 3.1. Mapa dos Municípios aderentes à

REDE

Imagem

Figura 3.3. Variação da População Residente em Fafe, entre  2001 e 2011
Figura 3.6. Processo do Município de Fafe na REDE
Figura 3.7. Percentagem global de execução do Projeto REDE 27%
Figura 4.3. Áreas de Intervenção
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Referências

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