u.#-wmr&
UÀIÍYEɧÍDÀAE O€ §VOFAMEsrneoo
EMAReutvos,
BrBLrorEcAS
EctÊrucns
DA tNFonnaeÇÃoPnnnunR
LURtxi
com
BEBÉs
rxxi
9
muses
Atxi
3
aum:
O
papel
das bibliotecas
públicas portuguesas
no
suporte
à
literacia
emergente
Dissertação
de
mestrado apresentada
por:
Susana Margarida
dos
Santos
Silvestre
ORreuraooREs: Professor Doutor José
António Calixto
Professora
DoutoraMaria
Luísa Fonseca GrácioÉvonn
Jutrtxooe2008
UruvenstDADE
oe Éuonn
Itltesnnnoo ml AReLlvos, BtBLtorEcÂs E ctÊT.lclAs DA lNronmnÇÃo
PEnnUAR
LUROS COM
BEBÉS DOS
9
MESES
AOS
3
ANOS:
O
papeldas
bibliotecas públicas portuguesas
no
suporte
à
literacia emergente
Disserta$o
de
mestrado apresentada
por
SusENa MRncnRton
oos
Snruros
StlvestRE
Orientadores:
Professor Doutor JoséAntónio
Calixto)(rg
6oo
Proíessora
Doutora Maria Luísa Fonseca GrácioÉvona
Jumnooe 2008PeRnlxan
LrvRos
cou
aesÉs Dos
I
MEsEsAos 3
ANos:
O
pApEL DASBIBLIOTECAS PÚBLICAS PORTUGUESAS NO SUPORTE À UTENECN EMERGENTE
Susana Margarida dos Santos Silvestre
RE§umo
Este estudo
tem
como objectivo percepcionaro
papel das bibliotecas públicasportuguesas
na
criação
de
competênciasde
leitura
em
idade
pré-escolar,através da implementação de projectos de literacia emergente e familiar.
Reconeu-se
ao
métodode
investigaçâo quantitativo paraa
recolha inicial dosdados,
afavés do
enviode um
questionárioque
permitiutraçar
o
panoramanacional
das
bibliotecaspúblicas
portuguesas, abertasaté ao ano de
2004.Das
86
bibliotecasque
responderamao
questionário, apenas34
dispõem de bebeteca.A
investigação incidiu,em
profundidade,em
cinco bibliotecas públicas. Combase
na
metodologiaqualitativa,
os
dados
foram obtidos
a
partir
de
umaentrevista semi-estruturada, realizada a 6 inquiridos.
Os
dados sugerem
que
o
campo
de
actuação
das
bibliotecas
públicaspoÉuguesas,
no suporte
à
literacia emergente, incidena
implementação debebetecas, na dinamização de actividades de mediação directa de leitura
e
noestÍmulo às práticas literácitas em contexto familiar.
Sâo
apontados alguns
constrangimentosque
dificultam
o
planeamento, agestão
e a
dinamização
eficaz
das
bebetecas.A
escassez
de
recursoshumanos, documentais
e
financeirose a
ausênciade
linhas orientadoras emPortugal sâo os obstáculos indicados.
PeLaVnaS-CHAVE: bibliotecas
-
literacia-
literacia emergente-
literacia familiar-leitura
PÁRfIltllÂR Ln Ros coM BEBÉS oos I MEsEs Aos 3 ANos: O pApEL DÂs BlBltorEcÀs púBllcÂs poRTucuEsÁs No supoRÍE Â [mRAcrA
EMERoENTE
lllSneruuo BooKs WTH
BABIEs AGED9
MoNTHsTo 3
YEARs: THE RoLE oF PONTueuese PUBLIc LIBRARIEs IN SUPPoRTING EMERGENT LITERAcYSusana Margarida dos Santos Silvestre
AesTRAcr
This study aims
to
understandthe role
of
portuguesepublic
librariesin
thedevelopment of reading skills since pre-school age, through the implementation
of emergent and familiar literacy projects.
The
initial data
were
collected
using
the
quantitaüve method through
aquestionnaire which enabled
a
portraitof the
portuguese public libraries openup to 20(X. From the 86 libraries that answered the questionnairê, only 34 have spacês destined for babies.
The investigation focused in depth on five PoÉuguese public libraries that were
selected after a previous questionnaire.
Based
on the
quality method, data were obtained from
a
semi-structuredinterview made to six library technicians.
Data suggest
that the role of
Portuguese public librariesas far as
supportingemergent literacy
is
concemed consists
in the
implementationof
specificspaces
for
babieswithin the
library,in
carryingout
activities involving directreading mediation and in stimulating reading habits in family context.
The library technicians questioned point out some constraints that make difficult
planning, management
and
effective functioningof
thesespaces
for
babies.They
refened as
obstaclesthe
shortageof
human resourcesand
documentsand financial funds, and the absence of guidelines for portugal.
KfV-WOROS: libraries - literary
-
emergent literary-
familiar literacy - readingPARnúoR LftrRos coM BEBÉS Dos I MESES Aos 3 Ar,ros: o pApEL DAs BtBltorEcÂs púBucÂs poRrucuEsÂs No supoRTE À
À lamHe evó ouE NUNcA sE cANSou DE pARTILHAR
AFEcTo. No coNFoRTo Do sEU coLo oUVI MUITAS
nIsTÓRIRs, APRENDI LENGA-LENGAS
E
BRINQUEI cona rRRvRlÍr.rouRs.Ao
Hosso BEBÉ, oUE AINDA NA BARRIGA, TEMouvtDo rrlrures nrsrÔnns.
PARNLHAR LN,ROS COM BEBÉS DOS 9 MESES AO9 3 ANOS: O PÂFEL DÀs BIBLIoTECIS PÚBtIcÂs PoRTUGUES§ No sUPorrE À
Acnaorcnnennos
Muitas pessoas
confibuÍram,
de
distintas formas, paÍa
a
conclusâo
deste estudo.Primeiro de tudo o meu agradecimento para os meus orientadores, o Professor
Doutor José António Calixto e a Professora Doutora Maria LuÍsa Grácio, pelos
conselhos, pelas orientaçÕes, pelo incentivo e pela disponibilidade.
À
Professora Doutora Cesaltina Pires, docente do seminário de investigação deMétodos Quantitativos,
deste
mestrado,
pelo apoio
e
disponibilidade
naverifi caçâo dos dados quantitativos.
Um
agradecimentoàs
amigas: LuÍsa
Cerveira,pelo
trabalho incansável narevisão
deste texto; Andreia Santos, pela
sua
colaboragâono
hatiamentoestatÍstico
dos
dados quantitativose
Dina
Portugal Ribeiropela
discussâo etroca
de
ideias.A
todosos
amigos, que não referi, que partilharam as minhaslamentaçÕes de exaustão, bem como o meu entusiasmo.
Um agradecimento
muito
especialao
Manuel,meu
maridoe futuro
pai, peloapoio, estÍmulo
e
serenidade que me transmiteno dia a
dia,sem o
qual nãoteria sido possÍvel terminar esta investigação.
Aos meus pais pela confiança, perseverança
e
coragemque
me transmitiramao longo da vida.
Ao meu irmâo pelo carinho que tem por mim.
PARIIT}IÂR LN,Ros coM BEBÉS Dos 9 ME§ES Aos 3 At{os: O PAPEL DAs BIBLIoTEcÂs PÚBLIoAS PoRTUoUESAS No suPoRTE À
Sumárlo
SumÂnn
hÍÍRoDuçÂo Reumo
Palavras,chave: Llteracla - Llte;acla emergente . Uteracla Íamlilar - Leltura Abstract
Agndeclmentos Sumárlo
Tabelae
GÉffcos
Blbllotecas e lltetacla: antecedentea e enquadramento Jusüflcação do estudo
Flns e obJecüvos do ostudo
Temae elgnlff caüvos na Investlgação
O papel da blblioteca pública no suporte à lÍteracia emergente
A perspec{iva da llteracla emergentê ê os contributos da Psicologia do desenvolvlmento e da aprendizagem
Literacia emergente e contexto familiar
Estrufura da lnvesügação m ln lv v! vll x x í0 1 3 4 5 6 8 12 CAPITULo 1
Blbllotecas, llteracla e o desenvotvlmento da crlança: rovlsâo da llteratura
í.í
lntroduçãoí.2 Contrlbutos para a deínlção do llteracla
-
a sltuação em portugalí.3 A lltoracla emorgente
í.4 A Ilteracla emergente e o desenvolvlmento da cÍlança
í.4.'t Contributos da teoria de Jean Piaget na aprendlzagem da leÍtura e da escrita
14 14 17 21 25 26
PÂRNLHAR I.JVROS COM BEBÉg DOS 9 MESES Aos 3 At.Ios: O PAFEL D§ BIBLIoTEcíqs PÚBLIcÂs PoRTUouEsÁ§ No SUPoRTE À
sumáÍlo
í.4.2 Contrlbüos da teoria interaccionlsta de Lov Vygotsky na aprendlzagem da leltura e da
escÍita
29í.4.3 Contrlbutos da teoria de Jerome Bruner na aprendizagem da leitura ê da
escrlta
321.5 O pape! dae blbtlotecas públlcas no desenvolvlmento da llteracla emergente 36
1.5.í Criaçâo de serviços lnfantls nas blbllotecas públicas portuguêsâ8 1.5.'1.1 As Bebetecas
1.5.2 Promover a leitura de hlstôrlas
1.5.3 Envolver as famÍllas em ac{ividade§ de literacla da leltura
í.8 Sumárlo 37 41
4
46 52 cÂPfÍulo 2 Metodologla 2.í lntrodução 2.2 Metodologlas do lnvosügação 2.2.1 Mêtodo quantltatlvo 2.2.2 Mélodo qu al itaüvo 2.2.3 Triangulaçâo 53 53 53 53il
552.3 Recolha ê anállse dos dados
2.3.í Amostra
2.3.í.1 Critérios de selecçáo das blbllotecas públicas 2.3.2 Entrevista
2.3.2.1 Entreústa exploratória
2.3.2.2 Guiâo de Entrevlsta
2.3.2.3 Reallza$o das enf evistas
2.3.2.4 Grava$o e fanscrlção das entrevistas
67 57 60 61 62 62 64 65
2.4 Anállse dos dadoe
2.4.'l Prcg'crmade anállse de dados assistido por computador: ATIâS.ti
66 67
2.6 Sumárlo 68
CAPfruLo 3
ApÍBsenhção e dlscussâo dos
resuthdos
703.í
lntsodução
70PARMHAR LNROS COM BEBÊS DOS 9 MESES AOS 3 AI,IO§: O PAPEL DÂS BIBLIOIECÂS PÚBLICAS PORTUGUESÂS NO SUPORIE À
SumáÍio
3.2 Anállso quantltaüva . os lnquérltos por quesüonárlo 71
3.3 Anállse qualltaüva
-
asentreylstaa
77A) DomÍnlo: CrlaÉo de bebetecas nas bibliotecas públicas
portuguesas
78B) DomÍnlo: Papel da blblloteca públlca no suporle à literacia
emêrgente
83 C) DomÍnlo: Papel da biblioteca pública no suporte à literaclafamlllar
87 D) DomÍnlo: Obstáculos e constrânglmentos à dinamlzaçâo de projectos de promoçâo do liwo eda
leltura
903,4 §umárlo s7
CoNcLusÃo E REGoITENDAçôE§
O papsl das blbllotecas públlcae portuguosas no supoÍte à lttemcla emergente
lmplementar bebetecas
Promovêr actlvldades de mediação direcla de leifura Esümular a literacia familiar
Recomendaç6es
lnvesügação frrtura
Obstáculos e constranglmentos colocados às blbllotecas públicas portuguesas no suporte à
llteracla
emergente
í05Limltaçâo de
recursos
106Ausência de linhas orientadoras nas blbllotecag públlc€s
portuguesas
í08 í00 101 102 104 109 111 REFERÊNGIAS BtBLIoGRÁHcÂsíí3
APÊilDlGEgíí9
Apêndlce í
-
Car& para envlo de queeüonárlo Apôndlce 2-
QuesüonárloApêndlco 3
-
Garb a oollcttar ontreylshApêndlce 4
-
Enteüsta lndlce Remlsslvo 120 121 123 124 129PARnI}|AR LniRos coM BEBÉS Dos I MEsEs Aog 3 AÀlos: o pÂpEL DÂs BrBLroTEcÂs púBLrcAs poR'ruGuEsÁs No supoRTE À
Tabelas e Gráflcos
TABELAS
Tabela í - Tipologla das Blbllotecas Públlcas Portuguesas
Tabela 2 - Caracterizaçâo das cinco bibliotecas públlcas em que lncldlu a lnvestigaÉo
Tabela 3 - Tipologla das blbllotecas públlcas lnauguradas até 2004
Tabela 4 - Comparação (%) enfre as bibliotecas que responderam ao quesüonárlo e as bibliotecas que têm bobeteca.
Tabela 5 - Locallzaçâo da bebeteca na biblioteca Tabela 6 - Recursos Humanos afectos à bebeteca
Tabela 7 - Actfuidades reallzadas nas bebetecas das bibllotecas públicas Tabela 8 - Llstagem de cffigos inseridos no ATLAS, t.l.
Gráfico 1 - Bibliotecas públicas que integram uma bsbeteca
Gráfrco 2
-
Número de bebetecas inauguradas-
evoluçâo de 199í a 2004 Gráfico 3 - Percentagem de funcionários afectos à bebetecaGráflco 4 - Formação profissional e académica
Gráfico 5
-
Percentagem de acüvidades realizadas nas bebetecas das bibliotecas públicas Gráfico 6 - Motivos para a nâo realizaçâo de activldadesGRÂFlcos 38 60 71 72 73 74 75
n
72 73 74 75 76 76PARITfiAR TJVROS COM BEBɧ DOS 9 MESES AOS 3 ANos: O PAPEL DÁs BIBLIoTEcÂs PÚBuc§ PorrUGUEsAs No suPoRTE À
lntroduÉo
InrrRoDUÇÃo
Bmuorecls
E LtrERAclA: ANTEcEDENTES E ENQUADRAMENÍoAs
bibliotecas públicas ganharamuma
importância acrescidana
sociedade,nas
últimas décadas
do
século
XX, não
só
por
acompanharem
odesenvolvimento económico,
social e
educacionaldo
paÍs,
mas também porcontribuÍrem para a mudança de atitudes na sociedade (Usherwood, 1999).
Consideradas
como
uma
das
mais
impoÉantes instituigões
para
odesenvolvimento
da literacia nos
adultose
nas
crianças (Gómez,2007),
as bibliotecas públicas desempenham um papel activo no fomento da educação eda
cultura, aumentando
as
oportunidadesdos
indivÍduos
de
acederem
àinformagâo
e ao
conhecimento, com vistaa
exercerem, de forma autónoma eactiva, os seus direitos de cidadania (Gill, 2003).
Disponibilizando
o
acessoa
múltiplos recursos documentais e tecnológicos, asbibliotecas
têm
procurado soluções para atenuaras
desigualdades sociais eeducacionais,
através
da
criação
de
programas
de
apoio
à
literacia (Usherurood, 1999; Gill, 2003).O termo literacia refere-se
de
uma forma geralàs
competênciasdo
indivÍduonuma dada área. No campo
da
leitura e da escrita,o
conceito nãoé
igual empaÍses
em
desenvolvimentoe
em
paÍses
desenvolvidos.Nos primeiros
ailiteracia conesponde
fundamentalmenteao
analfabetismo,
constituindo-secomo
o
principal problema. Nos segundos, prende-se coma
práticareal
dascompetências de leitura/ escrita e com o seu uso efectivo. Assim, a literacia diz
respeito
à forma
comoos
sujeitos extraema
informaçâodo
material escrito,transformando-a em conhecimento (Pinto, 2002).
Face
ao
n[vel elevadode
analfabetos funcionais,as
bibliotecastêm vindo
ainvestir na promoçâo da leitura, oferecendo serviços e projectos que cultivem o
interesse pelo livro e pelo prazer de ler (Gómez, 2007), destinados à famÍlia, à
comunidade
educativa
e
até
mesmo
a
adultos
(e.9.,
os
idosos
e
os emigrantes).PARIII.}iAR LNROS COM BEBÉS DOs 9 MESES Aos 3 ÂT{os: O PAPEL DAs BIBLIoIEcÁs PÚBLIcÂs PoRTUGUESAS No sUPoRTÉ À
lnlÍodugão
Em muitas comunidades, as actividades desenvolvidas pelas bibliotecas são o
primeiro
e
único contacto da criança como
livroe a
leifura, desvanecendo asbaneiras
educacionais, particularmenteentre
segmentosda
populaçâo quenecessitam
de
uma atenção especial, devidoa
carências económicas ou atémêsmo culturais (Gill, 2003).
Considerando
a
leitura
como uma
competência básica
a
que
todos
osindivÍduos devem
ter
acesso para
aprendereme
para expressaremas
suasopiniões,
as
organizaç6es intemacionais, comoa
OCDEe
a
UNESCO, têmemiüdo
recomendaçÕes,dirigidas
aos
govêmos,
para
gue
a
leitura
sejaassumida como prioridade política, considerando-a como um sustentáculo da sociedade do conhecimento.
É
neste contextoque têm
sido lançados vários estudos, destinadosa
avaliarem que
medidaa
leitura
é
uma
competênciaa
que todos os
cidadãos têmacêsso e se a utilizam de forma plena na vida quotidiana.
Em
Portugal,os
resultadosde estudos
nacionais (Benavente,Rosa,
Costa1996)
e
internacionais (Ministérioda
Educaçâo, 2001) realizados nas últimasduas décadas, demonstram que a situação nacional
é
preocupante, tendo emconta
os
baixos nÍveis
de
literacia,
significativamenteinferiores
à
média europeia.Entre
os
estudos nacionais destiaca-seA
literaciaem
Portugal: resultados deuma
pesquisa extensivae
monográfrca (Benaventeet
al., 1996)o
qual incidiuna população portuguesa adulta, com idades compreendidas entre os 15 e os
64
anos.Os
resultadosdo
estudo indicaramuma
leituramuito
reduzida, porparte
da
população inquirida,
e
uma
incapacidade notória
para
resolver situaçÕes do quotidiano, que exigissem a competência de literacia.Nos estudos intemacionais destaca-se
o
PISA
(Programmefor
lntemational SfudenÍAssessmenÍ), lançado pela OCDE, em 1997, para medir a capacidade dos jovensde
15 anos usarem conhecimentos na vida real. Os dados do PISA2000, que incidiu na literacia da leifura, revelam que Portugal se encontra numa
situação
muito
desfavorável.
Os
resultados
coloam
42Vo
dos
jovensportugueses
nos
patamares inferiores (nos nÍveis1
e
2,
numa escalade
5),PARII}iAR Ln./Ros coM BEBÉS Dog 9 MEsEs Ao§ 3 ÁÀIos; O PAPEL DÂs BIBLIoTECAS PÚBUC§ POFTTUGUESAS NO SUPORTE À
IntÍoduÉo
opondo-se âos 4o/o dos jovens que se encontram no nÍvel de proficiência mais
elevado (Ministério da Educação,
200í).
As bibliotecas públicas desempenham um papel de relevo no apolo à educação
e
à
literacia emergente, através
da
oferta
de
serviços,
de
espaços
e
deiniciativas
para
crianças, adequados
à
faixa
etária
e
ao
seu
nÍvel
de desenvolvimento.Segundo Gómez (2007),
os
programasde
literacia emergentesâo
benéficosquer em termos individuais, quer globais, uma vez que o invesümento precoce
no
desenvolvimentodas
criançasterá
repercussÕesa
longo prazo.
Quantomais
cedo
se
investir
na
educação,
mais
elevados
serão
os
resultadosescolares (Wade & Moore,
í996;
Mana & Teixeira,2002;Mala,2004).
JusrRcaçÃo
Do EsruDoA
impoÉânciadesta
investigaçâo advémda
possibilidadeda
mesma suscitarquestões que promovam a reflexão e a discussâo sobre o papel das bibliotecas
públicas portuguesas no suportê à literacia emergente e à literacia familiar.
O
contacto precoce das crianças comos
livrose
coma
leitura deveser
umapreocupação
constante
das
bibliotecaspúblicas
e
das famÍlias,
pois
maisimportante que aprender a ler, de um ponto de vista formal, é a necessidade de
promover situaçôes
de
interacção
em
tomo
do
material
impresso,proporcionadas pelos adultos, no dia-a-dia da criança.
Algumas bibliotecas públicas europeias desenvolveram projectos (Bookstart, no
Reino Unido
e
Nascufs per llegir, em Espanha), sobre a impoÉância da leiturapara o desenvolvimento da criança.
Com base
em
estudos longitudinais
é
comprovadoque
as
crianças
quecontactam com os livros e com a leitura, a partir dos
9
meses, demonstram terum
número elevadode
comportamentos literácitose
competênciasde
leitura em idade pré-escolar, quando comparadas com os grupos de controlo (Wade &Moore, 2000; Nascuts per llegir, 2007).
PARILHÁR LNRos coM BÉBÉ8 Dos g MESE§ Ao§ 3 AI{o§: O PAPÉL DAs BIBLIo.IÊoAS PÚBIIoAS PoRTUoUE§Â8 NO SUPORTE À
lntrcduÉo
Reconhecendo
a
pertinência dessas investigaçõese
tendoem
contaa
actualpolÍüca portuguesa
para
a
leitura, atravésdo
Plano
Nacionalde
Leitura, daresponsabilidade
do
Ministérioda
Educaçáo, em cooperação como
Ministérioda cultura, considera-se necessário conhecer, reflectir e discutir sobre
o
papeldas bibliotecas públicas portuguesas
na
promoçãodo
livroe da
leitura, juntodas crianças e das suas famÍlias.
O
Plano
Nacionalde
Leitura
pretendefomentar
iniciaüvasque
abranjam apopulaçâo, desde a primeira infância até
à
idade adulta, mobilizando para issoos
principais responsáveis pela educação:
educadores,professores,
pais,encanegados de educaçâo, bibliotecários, animadores e mediadores de leitura.
As
bibliotecas públicas portuguesastêm
uma responsabilidade significativa napromoção
dos
hábitosde
leitura junto das crianças, assim como na formaçãodos pais e educadores enquanto mediadores da leitura. Frus e
oa.lecruos
Do EsruDoEste estudo tem como ftnalidade reflecür sobre o papel das bibliotecas públicas
portuguesas na criação de competências de leitura desde
a
idade pré-escolar,contribuindo
para o
desenvolvimento cognitivo, linguÍsticoe
sócio-afecüvo dacriança.
Os objectivos que estiveram na base desta investigaçâo foram:
o
Desenvolveruma
metodologiae
instrumentosde
investigação adequadospara
examinar,
em
profundidade,
o
trabalho desenvolvido
em
cincobibliotecas públicas poÉuguesas no suporte à literacia emergente.
.
Averiguaras
semelhançase
diferençasdos
projectos desenvolvidos nascinco bibliotecas
em
análise, no âmbitode
projectos de leituracom
pais ebebés dos 9 meses aos 3 anos de idade.
.
lnvestigar
as
opiniÕes
dos
técnicos
que
desempenham funçÕes
nossectores infantis
das
bibliotecas públicas analisadas, quantoà
importânciade promover projectos de literacia emergente e estimular a literacia familiar.
PÂRIILHÂR LN/ROS COM BEBÉS DOS 9 MESES AOS 3 ANOS: O PAPEL DÁ§ BIBLIoTECA§ PÚBLICA§ PoRTGUESÂS No sUPoRÍE À
lnlÍoduÉo
Tenllls sreuncATtvos
Nl r-rvesleaçÃo
A
presente invesügaçãotem como
objectivo analisaro
papeldas
bibliotecaspúblicas portuguesas
na
implementação de projectos de promoçãodo
livro eda leitura, desünados a pais e bebés dos g meses aos 3 anos.
considerando
a
necessidade
de
delimitar
o
desempenho
das
bibliotecaspúblicas
em
projectos
de
literacia emergente,
junto
de
um
público-alvoespecÍfico, definiu-se que a faixa etária dos bebés oscilaria entre os 9 meses e
os 3 anos.
A
partir dos9
mesesa
criançajá
adquiriu competênciasque lhe
dão algumaautonomia,
quer
na
manipulação
dos
objectos
(o
bebé
explora
ascaracterÍsticas
fÍsicas do
objectode
forma sensorial), querna
mobilidade(á
gatinha
e
pôe-se
de
pé
com ajuda) (Matta,
2OO1).A
criança
desenvolve,gradualmente,
as
competências cognitivas, linguÍsticas
e
motoras,respondendo aos estÍmulos dos adultos que a rodeiam.
As
primeiras palavras surgempor volta dos 12
meses,a
partir de
situaçõesguoüdianas que
se
realizamde
uma forma regular, sistemáticae
repetitiva.A
princÍpio,
as
palavras nâo
têm
uma
significação conceptualnem um
valorreferencial, uma vêz gue as primeiras palavras sâo de natureza
prêléxica,
semvalor representativo para a criança (Matta, 2001).
o
contacto com o livro e a leitura, desde a idade pré-escolar, permite fomentardistintas situaçÕes interactivas
enfe o
adultoe
a
criança
(Vygotsky, 1g9S;Mana
&
Teixeira, 20021 Fernandes, 2004),
além
de
estimular
os
seuscompoÉamentos comunicacionais (Matta,
200í).
A
exploração conjunta doslivros, através
das
ilusfaçôes,
esümulamo
desenvolvimento linguÍstico dacriança, uma
vez que
oomeçaa
fazer perguntas,a
sugerir ideiase a
criar as suas próprias histórias.Com base em vários
estudos empÍricos,em que
se
analisaramos
factorescognitivos
envolvidos
na
aprendizagemda
leitura
e
da
escrita (Martins
& Mendes, 1986;Mata,
1999), considera-seque
as
criançasdevem
contactarPARTltllÂR LNRos coM BE8És Dos I MEsEs Aos 3 ANos: o pApEL DAs BlBLtorEcAs púBucÂs poRTuouEsÂs No supoRrE À lmRAcrÂ
EMERGENTE
6lntroduÉo
com
o
livro antes que este
se
convertanum
instrumentode
aprendizagem formal.No que se refere à idade limite das crianças definiram-se os 3 anos na medida
em que nesta faixa etária, para
a
maioriada
população,a
preocupação esensibilização aoerca
da
problemáticada
leituraé
menordo que
quando daentrada
da
criança para
o
Jardim
de
lnfância ficando,
em
muitos
casos, exclusivamente dependente de acções familiares. Neste sentido, as bibliotecaspúblicas poderão constituir-se
como
o
único
conteÍo
institucional
neste domÍnio.No capÍtulo 1 intitulado "Bibliotecas, literacia
e o
desenvolvimentoda
criança'será apresentada a revisão da literatura que esteve na base desta dissertação.
Os temas mais relevantes serão expostos,
de
seguida, emtrês
categorias: opapel
da
bibliotecapública no
suporteà
literacia;a
perspectivada
literaciaemergente
e
os
contíbutos
da
Psicologia
do
desenvolvimento
e
daaprendizagem e, por último, a literacia emergente e o contexto familiar.
O papel da
biblloteca pública
no supoÉe àliteracia
emergenteAs
bibliotecas públicas assumem um papel primordial no desenvolvimento dacriança
ao
nÍvel
intelectual,
social
e
cultural (Elkin,
1998), através
dadisponibilização
de
serviços
e
materiais adequadosaos seus
interesses enecessidades, tendo em conta as várias etapas do seu desenvolvimento.
Disponibilizando
o
acesso
a
livros
e
a
outros
materiais impressos,
asbibliotecas
poderâo
promover,desde muito cedo,
actividadesem tomo
daliteracia e da leitura, para que as crianças desenvolvam todo o seu potencial e
descubram uma forma vital de aprendizagem ao longo da vida (Gill, 2003).
A
necessidadede
implementar nas bibliotecas públicas, servigose
programasde promoção do livro e da leitura para bebés e crianças, em idade pr&escolar
e
escolar,tem sido
expressaem
documentos intemacionais, publicados pelaIFLA,
destacando-seas
Guidelinesfor
Children's
Libraries Seruices (IFLA,2003a), com
fadução
em lÍngua portuguesa (IFLA, 2003),e as
Guidelinesfor
Library Services
to
Babies and Toddlers (IFLA, 2007).PARTII.I{ÂR LN,ROS COM BEBÉS DOS 9 MESE9 AOS 3 ANOS: O PAPEL DÂS BIBLIOTECAS PÚBIICÂS PORIUOUE§AS NO SUPORTE À
lnÍoduÉo
O acesso das crianças, em idade pré-escolar, à linguagem escrita nâo deve ser
percepcionado
como
uma
introduçãoformal
à
leitura
e
à
escrita (Mana
&Teixeira,
2OO2:Femandes,
2004),
mas
como
uma forma
de
facilitar
oapareclmento
de
comportamentos emergentes, relacionados coma
linguagemescrita (Goodman,
í992;
Mason&
Shobha, 2002), envolvendo as crianças em actividades informais de literacia.Os
investigadores educacionais distanciam-sedo
conceito'prontidâo
para aleifura', impulsionado, entre 1920
e
1950,porAmold
Gesell (referido porTeale& Sulzby, 1992), concenfando-se no conceito "literacia emergente', introduzido
por Clay (1979, referida
por
Mason & Shobha, 2002),em í966.
Este conceitotem
na sua base uma
aproximação holÍsticaao
desenvolvimentoda
leitura,enfatizando
os
comportamentosemergentes
de
leitura
e
de
escrita
dascrianças, antes
do
inícioda
instrução formal(Ieale
&
Sulzby, 1992; Viana &Teixeira,2002).
A
participaçãoem
situaçôes
reais
de
literacia (contar histórias, falar
dasexperiências em famÍlia, falar ao telefone, comentar as notÍcias dos jornais ou
da
televisão,entre
outros), promoveo
desenvolvimentode
conhecimentos ehabilidades
das
crianças, incentivando
a
interacção
com
os
materiaisimpressos, através do auxÍlio dos adultos (Ministério
da
Educação, 1997;Sim-Sim,2002).
A literacia emergente inicia-se assim, com as interacções verbais e não verbais
da crianga com o adulto ê com o meio envolvente, e continua mesmo quando a
criança inicia
o
processode
comunicação intencional (Whitehurst&
Lonigan,200í,
referido por Fernandes, 2004).Em vários estudos sobre comportamentos emergentes
de
leitura verifica-se aimportância gue os contextos institucionais (a escola, a biblioteca e a famÍlia) e
os contextos informais assumem na emergência
da
literacia (Teale&
Sulzby,í992;
Mata, 1999, 2004; Fernandes,2005).A
dinamizaçãode
actividades especÍficas para paise
bebésnas
bibliotecaspúblicas
e
a
criação
de
espaços
adequados,como sejam
as
bebetecas,PARNUAR LN'/RO§ COM BEBÉS DO§ 9 MÉsE§ Âos 3 ANos: O PAFEL DÂs EBLIoTEcAs PÚBLIoAS PoRTUoUESAS No SUPoRTE À
lntrodução
contribui para
o
contacto precooedas
criançascom o
livro, impulsionando osseus hábítos de leitura, em idade pré-escolar (Femandes,
20M).
Os
projectos
de
leitura
paÉilhadadevem
ser
uma das
preocupaçóes dosmediadores de leifura, pois é uma das formas de incentivar
a
leitura precoce efomentar as relaçÕes afectivas em tomo do livro.
Os
mediadoresde leitura
(os animadores sócio-culfurais,os
educadores, osbibliotecários e os pais) desempenham assim, um papel acüvo e interventivo na
leitura
conjunta
de
livros (Mata,
1999;Viana
&
Teixeira,2002;
Fernandes, 2004), fomentando as capacidades da criança, ao nÍvel da compreensâo leitorae da oralidade (Viana & Teixeira, 2002; DionÍsio & Pereira, 2006).
A
percpectlva
da
llteracia emergente
e os
contrlbutos
da
Pslcologla do
desenvolvlmento
e da aprendlzagemDurante vários anos, pouca importância foi dada às experiências das crianças
nos primeiros cinco anos de vida (Gómez, 2007).
A
aprendizagem da leitura eda escrita estava associada à idade escolar, pois de acordo com a perspectiva
maturacionista (Teale & Sulzby, 1992) nâo era possÍvel ensinar a ler, antes das crianças alcançarem uma certa maturidade.
Contrariando
esta
perspectiva,e
com
o
despoletardo conceito
de
literaciaemergente
(Teale
&
Sulzby,
1992;Mana
&
Teixeira, 2002) surgem
váriasinvestigações sobre
a
aprendizagem da leitura e da escritaem
idade precoce,com origem nas perspecüvas
de
psicólogos como Piaget, Vygostkye
Bruner.Desta forma,
a
literacia emergente vai consideraro
processode
descoberta eapreensão
da
linguagem escrita
um
processo precoce,
no
qual
a
criança desempenha um papel activo enquadrado por interacçôes informais de extrema importância.Com base
na
psicologia
genética
de
Piaget
que
considera
que
odesenvolvimento
resulta
da
interacçãodo
sujeito
com
o
meio, Feneiro
eTeberosky
(1984,
1980/1985,
referidas
por
Mana
&
Teixeira,
2002) desenvolvemuma
investigaçãocom vista
a
observar
o
conhecimento dascrianças face à leitura e à escrita.
PARIII.IIÁR I.J\/ROS COM BEBɧ DOS g MESES Âos 3 ANos: O PAPEL DAs BIBLIoTEC§ PÚBUcÁs PoRTUGUEsÁs No suPoRf,E À
lntoduçáo
As
autoras observamque as
crianças transpõem váriasfases
ou nÍveis
deevolução,
de forma contínua
e
sequencial,à
semelhançados
estádios
dedesenvolvimento
de
Piaget. De inÍcio as criangas nâo distinguem a imagem dotexto,
posteriormente começam
a
construir
hipóteses
e,
mais
tarde,estabelecem ligaçóes
ente
o código oral e o escrito.Partindo do
que
Piaget chamaria de processosde
assimilaçâoe
acomodação(Tavares & Alarcão, 1992; Matta, 2001), Feneiro e Teberosky consideram que
as
crianças
só
conseguem assimilar experiências especÍficas, quando
jáadquiriram
um
conhecimento
anterior
(Feneiro,
1992).
É
quando
esseconhecimento
é
assimiladoe se
adapta àsua estnÍura
mental quea
criançaprocede à acomodaçâo de outras experiências (Matta, 2001).
Ao contrário de Piaget, Vygotsky considera que o desenvolvimento do indivÍduo
resultia da interacção social e
da
mediaçâofeita
pelos outros (Matta, 2OO1). Écom base nessa
perspectiva,que
a
teoria
vygotskianaé
significativa
paa
muitos investigadores, no estudo das interacçôes adulto-criança, em situaçôes
de leitura partilhada, com especial destaque para a leitura
de
histórias em vozalta.
Com base no conceito de"Zona de Desenvolvimento Potencial'introduzido por
Vygotsky, que distingue
o que a
criança consegue fazer autonomamentee
oque
podefazer com
a
ajuda
de
um
adulto, conclui-seque as
crianças quebeneficiam
de
actividades
de
leitura
partilhada
têm
mais
hipóteses
naaprendizagem
da
leitura, do que
aquelasonde
a
leituranáo
é
uma
práticahabitual (Sulzby, 1992; Matta, 2001, Mason & Shobha,
2002,Mata2004,2007).
Partindo
desse conceito, Sulzby (1992) desenvolve um estudo
longitudinalsobre o desenvolvimento da leitura e da escrita, com crianças entre os 5 e os 6
anos de idade, concluindo que a diversidade de estÍmulos
e
de oportunidadesinfluencia o desenvolvimento cognitivo e linguístico da criança, estimulando as
suas funçôes mentais, ao nível da memória, da atengão e da concentração.
No
processode
mediação
da
leitura,as
crianças
apercebem-sede
muitascaracterÍsticas
da
linguagem escrita, por exemploao
nÍvel funcional, iniciandoum procêsso a que Vygotsky chamou de intemalização (Matta, 2001).
PÂRT|LHÂR Ln/Ros ooM BEBÉS Do§ I MEsEs Aos 3 ÁNos: O PAFEL DAS BtBLtoÍEcÂs púBltcÁs poRruGUEsÂs No supoRTE À
lnfoduÉo
Bruner
(1983, 1984,
referido
por
Matta, 2001)
procura compreender
ainteracção
da
criança como
adulto,a
partirde
uma abordagem sócio-culfuralque considera
a
interacção determinante para o desenvolvimento. partindo daobservação
do
momento dejogo
quese
estabelece entreo
adultoe o
bebé,Bruner verifica
que
ojogo
pressupôe umtipo
de troca, muito semelhante aodiálogo
(Matta,
2001).
As
interacçÕes
daÍ
resultantes promovem
odesenvolvimento
cognitivo
e
linguÍstico
da
criança,
uma
vez que
o
jogoestimula
um
comportamento exploratório,que por sua
vez
conbibui
paralevantar hipóteses e encontrar soluç6es (Tavares & Alarcão, í 9g2).
A
partir de estudos desenvolvidos porsnow (ígg2) é
possÍvel verificar que ascrianças que
se
encontram em ambientes literácitos ricose
diversificados têmmaior
facilidade
na
aprendizagem
da
linguagem
e
na
aquisição
decom portamentos literácitos.
snow & Ninio
(í992)
observam que a linguagem utilizada pelas mâes na leiturade
livros
é
mais rica
e
complexado
que
a
utilizadano
momentode
jogo,conbibuindo para o desenvolvimento linguÍstico da criança.
uma
investigação conduzidapor
Ninioe
Bruner (197g, referidopor snow
&Ninio, 1992;
Mana &
Teixeira, 2002), sobre a observação da dÍade mãe-bebé,dos
I
aos 18 meses de idade, vai igualmente comprovar quê as intervençõesprecoces
contribuem para
a
aquisiçãoda
linguagem,assim como para
aassímilação
de
comportamentosemergentes
de
leitura (virar
as
páginas, apontar, nomear, entre outros).Llteracia
emergente
econtexto famillar
Tradicionalmente,
a
aprendizagemda
leitura
e
da escrita
era
um
processoexclusivamente do sistema educativo, uma vez que era considerado que só os
educadores
e
os professores sabiam como promover o seu desenvolvimento einiciar
o
domÍnioda
linguagem escrita pela criança (Teale& sulzby, í992). A
família
era
praticamente excluÍdado
processo, estandoa
sua
participaçáoassociada ao apoio dos
fabalhos
escolares (Mata,lggg).
PARITHÁR u/Ro§ coM BEBÉS Dos g MEsEs Aos 3 ANos: o pÂpEL DAs BlBLtorEcAs púBucÁs poRTUouEsAs No supoRrE À
urERAcrA
EMERGENTE
IntroduÉo
Um novo posicionamento se coloca com o surgimento de vários estudos sobre
a caracterização
das
práticasde
literacia familiar e também sobre a formaçâode aüfudes posiüvas face à linguagem escrita (Martins & Mendes,
í986;
Viana&
Teixeira,
2002;
Mata, 2004).
Um dos
principais contextos
onde
asinteracçôes precoces, em tomo do material impresso são desenvolvidas é, sem
dúvida, junto da famÍlia (Teale & Sulzby, 1992; Mata, 1999: Femandes, 2005).
A família êxerce
um
papel deeÍrema
importância, quer na motivaçáo para aleifura, quer no processo de apreensão e descoberta dos aspectos funcionais,
convencionais e conceptuais da linguagem escrita (Mata, 2004).
Compreende--se, assim,
que
a
leiturade
livrose
de
histórias promove aquisiçôesde
tipoafectivo
e
cognitivo,
mas também linguÍstico,
nomeadamenteao
nÍvel
dodesenvolvimento do vocabulário (Morais
,
1997; Matta, 2001).A
investigaçãotem
comparadoa
rotina
de
práticas literácitas,em
contextofamiliar,
com
o
sucesso
educaüvo.Um estudo
conduzidopor Wells
(1g88,referido por
Teale,
1992a; Mata, 2004), realizado com criançasem
idadepré-escolar,
verificou
gue
a
frequência
da
leitura
de
histórias aumentava
aaquisição de conhecimentos sobre a literacia e a compreensão da leitura.
A
práücade
leitura
de
históriasé
consideradacomo uma
actividade muitosignificativa, pelo facto de proporcionar uma grande diversidade de interacçÕes
entre
o
adulto
e a
criança,assim como
promover atitudes positivasface
à leitura (Mata, 2007).O
adulto assume
um
papel basilar
no
processo
de
mediaçâo
da
leitura, proporcionandooportunidades
à
criança
para
contactar
com
o
materialimpresso, estimulando
o
contactocom
a
linguagem escrita(Mata.
1999). Osadultos são assim, modelos significativos na exploraçâo da linguagem escrita,
uma vez que as crianças tendem
a
imitar os seus comportamentos (Vygotsky, 1995).As
acüvidadesde
leitura partilhada, desenvolvidasem
contexto familiar, sãoum
marcona infância das
crianças,não
só
pelas trocas comunicacionais einteractivas
que fomentam
o
seu
desenvolvimento,pelos laços
de
afecto
ePARILHÂR LlvRos coM BEBɧ Dos g MÉsEs Aos 3 Âr.ros: o pApEL DÀs BrBLroÍEcÁs púBucâs poRTuouEsás No gupoFTE À
lntrcduÉo
cumplicidade
que
daÍ
resultam,
mas
também
pelo
desenvolvimento deaspectos motivacionais face à leitura e à escrita.
EsrRuruRA DA rNvEsrlcAçÃo
Esta
dissertação encontra-se organizada
da
seguinte
forma:
introduçâo,revisão
da
literatura,
metodologia, apresêntaçáoe
discussãodos
dados
e conclusão.Na infodução
procedeu-se
ao
enquadramentodo
tema,
à
justificagão
dointeresse
da
investigaçâoe
à
indicação dosfins
e
objectivos subjacentes aoestudo,
O
capÍtuloI
idenüficaos
temasmais
relevantesque
esüveramna
base darevisáo da literatura. Considerando
o
papel das bibliotecas públicas no suporteà
educação, salienta-sea
importânciada
literacia emergentee
da
literaciafamiliar
na
criaçãode
hábitos de leitura nas crianças, antes da idade escolar.As
bibliotecaspúblicas
(atravésdos
sectores infantis),a
famÍlia
e
a
escolaassumem
um
papel crucial na
formaçâode
leitores, devendopara
o
efeitopromover
projectos
literácitosque
incentivema
interacçáoda
criança
e
do adulto, em tomo do livro e da leitura, desde idade precoce.A
aplicaçãode uma
metodologia adequada revelou-se de crucial importânciapara o desenvolvimento deste estudo.
O
capÍtulo2
indica as vantagense
asdesvantagens
da
aplicação
de
métodos quantitativos
e
qualitativos
emprojectos
de
investigagâo, tendo-seainda refeildo
os
instrumentos utilizados(os quesüonários
e
as
entrevistas)na
recolhados
dados. Parao
tratamentodos dados
do
questionário utilizou-seo
programa informáticoExcel e
para aanálise
das
enfevistas optou-se
pelo
programa informáticode
análise
deconteúdo, o Atlas. ti.
A
apresentaçâoe
discussâo
dos
dados,
resultantesdo trabalho
empÍrico,emergem
no
capítulo
3.
Partindoda
análise
quantitativa apresentam-se osresultados
alusivos
às
86
bibliotecas
públicas
que
responderam
aoquestionário, seguindo-se
a
análise
das
entrevistas realizadas
às
cincobibliotecas, que serviram de amostra a esta investigação.Com base na análise
PARIII.HAR LII./Ros coM BEBÉS Dos 9 MEsEs Ao9 3 A,{os: O PÂPEL DÂs BIBLIOIECAS PÚBIICâS PORTUGUESAS NO SUPOETE À
lntrodugâo
dos
dadoe
proceder-§e-àà
discussão
dos
mesmos,
confrontrando-oscom
o quadrotdrico
revisto no capÍtulo 1.Por
último,são
apresentadasas
conclusõesobtidas,
resultantesda análise
ediscussão
dos resultados,
seguindo-seas
recomendaçõese
propostras parainvestigagões futuras.
PÂRrLtüR uvRos cou
ffi
Dos g MEES Àos 3 Àt{os: O PAFE- DÀs EE-rorEcÀs púBucÀs poRÍucuEsÀs No supoRrE AcÂplrulo 1-Blbllotecas, Llteracla o o D6envoMmerúo da crlança: Revl§áo da Literatura
CAPITULO
í
B|BL|OTECA§T LttrERAclA
E
O DE§ENTTOLVIMENTO DA CR|Ar{çA: REV§ÃO DALITERATURA
'O
melo mais sêguroe
de quenunca
nG
lEmbramosé
crlar od€ejo de aprender. Dêem à criança osse d6êJo e delxem o resto (...).'
Danlel Psnnac, 1993
í.í
INTRoDUçÃOUma longa e extensa revisão da literatura foi alvo de análise, consideradas as
limitaçôes
quê se
colocama
um
investigador individual,quer em
termos derecursos, quer em questÕes temporais, de forma
a
percepcionara
informaçãoexistente e averiguar os vários referenciais teóricos sobre o tema'
Procedeu-se
à
pesquisa
de
informação
em
diversas fontes,
de
forma
aidentiftcar
a
litêratura relevante,
recoÍrendo-sea
catálogos
de
bibliotecas(Biblioteca Nacional, Biblioteca
do
lnstituto
Superiorde
Psicologia Aplicada'Biblioteca
da
Universidadede
Lisboa/ Faculdadede
Psicologiae
Ciências daEducação,
Biblioteca
da
Universidadede
Sheffield, Biblioteca
do
lnstitutoCervantes
e
British Library),
a
bases
de
dados
de
fontes
electrónicas,nomeadamente
a
LISA
e
a
ERICe,
ainda,a
serviçosde
referência on-line.Realizaram-se pesquisas na lnternet, em sites com manifesta relevância para o
tema
em
estudo
permitindo,em alguns casos,
a
recuperação integral dosdocumentos,
em outros,
reÍerências bibliográficasde
artigosou
monogrâfias importantes para a investigação.Em algumas situaçôes foram contactados institutos
e
autorescom
extensa eprofunda expêriência sobre o tema, uma vez que
a
recuperaçãodas
obras sêtomou bastante difÍcil, nomeadamente no que se refere a autores estrangeirgs, cuja data de publicaçâo das obras não é recentê.
A
pesquisateve por base as
seguintes palavras-chave: literacia, literacia daleifura, Iiteracia emergênte, literacia familiar, comportamentos emergentes de
PÂRTILHÂR Ll\rRos com BEBÉs Dos g MESES Âos 3 ANos: O pÂpEL DÀs BtBLtorEc§ PÚBLlcâs PoRTUGUE§Â§ No §uPoRTÉ À
CAplÍuLo 1 - Bibliotecas, Lltsrada o o D€ssÍwolvimsnto da CÍlança: Rêvi8áo da LitoÍahrc
leitura e desenvolvimento da criança,
àluz
da Psicologia do Desenvolvimento eda
Aprendizagem. Considerandogue a
maioria dos documentos consultadossão
esfangeiros,
procedeu-seà
tradução
das
palavras-chavesem
inglês, francês e espanhol.Seleccionaram-se
vários
documentos
em
lÍngua esfangeira
(literaturaespanhola, inglesa, francesa, sueca, americana) e de origem nacional (embora
em PoÉugal,
a
literatura sobre o tema seja escassa), publicados entre 1970 e2007.
A maioria dos artigos pesquisados é de natureza teórica, existindo um pequeno
número de investigagÕes empÍricas, na área da Psicologia e da Educação
Pré-Escolar,
que
apresentam resultadoscom base em
métodos quantitativos e qualitativos.O
interessedo tema
podeser
ilustradopela
quantidadede
informação emmonografias,
capítulos
de
livros,
artigos
em
publicações
periódicas,conferências,
entre outros.
A
maioria
das
referências bibliográficassáo
deartigos
estrangeiros, considerando-se,
por
isso
fundamental
ampliar
eaprofundar
os
estudos
portuguesesnesta área, uma vez que existe
muitopouca ou quase nenhuma bibliografia nacional sobre o tema.
O
conceitogue se
passoua
dar
à
leitura tomou-se,nos
últimosanos,
maiseficaz
e
amplo.
Se
durante muitos anos
se
falou
em
alfabetização,
nasociedade
do
conhecimento usa-se, preferencialmente,o termo
literacia parasublinhar que a competência leitora deve permitir a todos uma utilização plena
do código escrito.
Nas últimas décadas realizaram-se, em diversos paÍses industrializados, vários
estudos comparaüvos sobre os conhecimentos
e
as competências dos alunosde
15 anos, recorrendo a testes para analisaro
domÍnio,a
compreensãoe
aaplicação
dos
seus
conhecimentos
ao
nÍvel
da
literacia
da
leitura,
da matemática e das ciências.PAI{rlL}lÂR TIVRO§ COM BEBÉS DOS 9 MESES AOS 3 ANO9: O PAPET DÁS BIBLIOIECÂS PüBLICÂS PORTUGUESÂS NO §UPORTE À
CapÍrulo 1 - Blbllotecas, Llteracla e o Ds§envolvlmento da Crlança: Revisâo da Lltsratura
Nos resultados
do
estudo PISA 2000, levado a efeito pela OCDE,que
incidiusobre a literacia da leitura, PoÉugal ocupou um lugar periférico, confirmando-se
as dificuldades
de
uma grande paÉeda
populaçãoem
tarefasdo
quotidianoque exlgem competências de leitura, escrita e cálculo.
A
educação
no
ensino
pré-escolare
no
primeiro ciclo assume
um
papelprimordial na formagão futura da criança enquanto leiton
é
nesta altura que odesenvolvimento
da
linguagemtem
lugar,onde
o
raciocÍniose
desenvolve,onde
as esfuturas
cognitivase
linguÍsticas se enriqueceme a
aprendizagem da leitura e da escrita se efectuam.É
consensualque
a
literacia emergentedeve ser
promovidaem idade
pré-escolar, uma vez gue o contacto precoce com o livro infantíl e com a literatura é
reconhecido
como
fundamentalno
prooessode
ensino-aprendizagem. Para este enfoque, muito contribuiu o facto de se considerar a criança construtora doseu
próprio conhecimento, assim como
se
percepcionar
o
processo
deapreensão e descoberta da linguagem antes da criança contactar com o ensino
formal e convencional.
Nos últimos anos aferiu-se que
as
práticas tradicionais de ensinoda
leitura ede
escrita
se
revelaram pouco eficazes
no
domínio das
competências deescrita
e
de
leitura,
tendo vindo
a
verificar-se alterações
na
formaçãoacadémica dos educadores de infância e nas práücas de ensino. Exceptuam-se
alguns educadores
que
ainda pensam queos
livros para crianças devem serpartilhados após a aprendizagem da leitura.
Ao longo de vários anos, desenvolveram-se distintas teorias sobre a idade ideal
para
a
aprendizagem
da
leitura,
com
destaque
para
perspectivasmaturacionistas, rejeitando-se
a
hipótesede
fomentaro
contactoda
criançacom a leitura e com a escrita, antes do ingresso no ensino formal. Contrariando
esta perspecüva serâo abordados estudos que incidiram na aprendizagem da
leifura
e da
escritae
que üveram na sua génese os contributosde
psicólogosdo desenvolvimento e da aprendizagem como Piaget,
Vygost§
e Bruner,A
implementaçãode
serviços para pais
e
bebés
nas bibliotecas
públicas,designados
de
bebetecas, incenüvao
contacto prêcoce como
livro, fomentaPARTILHAR L[/Ros coM BEBÊS Dos 9 MEsEs Aos 3 At'Io§: O PÂPEL DAs BIBLIoTECA§ PÚBIICA§ PORTUGUESAS NO SUPORTE À
CAPÍIULo í - Blbüotocas, Llleracla e o Dê8envoMmento dâ Crlança: Rêvl6âo da Llloratlra
comportamentos emergentes
de
leitura na
criançae
promovêa
criação
delaços
com
a
leitura,
atravésdo'jogo
e
do
afecto, desenvolvldoentre
pais e filhos.Para conseguir
que os pais
incentivemas
criançase
feinem
a
competêncialeitora,
as
bibliotecas
têm
dado
um
destaque especial
à
literacia
familiar,dinamizando acüvidades
em tomo do livro
e
da
leiturae
do pafimónio
oral,como sejam
as
histórias,as
rimas infantise
as canções de embalar. eualqueruma destas acüvidades incentiva, de forma lúdica e informal, a transmissão de
conhecimentos,
de
regrase
competênciasde
literacia, motivandoa
criançapara a aprendizagem da linguagem.
As crianças que, desde cedo, contiactiam com os livros, quer seja em casa, quer
seja na
biblioteca, desenvolvemuma atitude
positivae
motivada perante aleitura, estando mais receptivas à aprendizagem formal no ensino escolar. No
entanto, os hábitos
de
leitura dos familiarese
o ambiente literático em que ascrianças vivem influenciam a sua disponibilidade e motivação para a leitura.
í.2 Conrrueuros
eARA e oeRnrçÂo DE LtrER.ActA-
A struAçÃo EM poRÍucALOs livros não são um objecto exclusivo para quem já sabe ler, nem podem ser
utilizados, unicamente, como
um
meiode
aprendizagem,no
sentido formal e clássico.A
concepçâo tradicional do livro enquanto objecto escolar,a
leitura como umaactivldade
mecânica
e
desprovida
de
sentido
e
a
ausência
de
práticacontinuada
de
leituratêm,
certamente, contribuÍdo paraos
baixos hábitos deleitura e de práticas literácitas em Portugal (Sim-Sim, 2002).
Em grande parte
dos
casos, os jovens terminama
escolaridade obrigatória aler mal, em adultos lêem pouco pela falta de hábito e de fluência,
convertendo--se em pais anedados de hábitos de leitura e, por conseguinte, não motivando,
desde cedo, as suas crianças para o contacto com o livro e com a leitura.
Com base em estudos desenvolvidos, Sim-Sim (2001) acrescenta:
PARILHÂR LNRos coM BEBÉS Dos I MEsEs Âos 3 Ar,los: o pepEL DÂs BrBLrorEcAs púBltc"cs poRTUGUÊsÂs No gupoRTE À
CAPITULo í - Blbllotecas, Ltsracla e o Dessnvolvimênto da Crlança: Rovlsáo da Lfieratura
oE
ser mau leitor é perpetuar um clclo que ultrapassa o próprio lndivÍduo adulto, pois produz efeitos direc,tos na geraçáo seguinte, na medlda em que quando se
lê mal
l&se
pouco, por isso, nâo se fomenta um ambiente de leitura para as crlanças que, partilhando o mesmo espaço de convÍvio, têm como ambiente de soclalizaçâo prlmária uma famÍlia não leitora" (p.14).Se tomarmos em linha de conta o estudo A literacia em Portugal: resultados de
uma
pesquisa extensiva e monográfrca (Bênaventeet
al., 1996), o qual incidesobre
a
literaciada
população portuguesa adulta, com idades compreendidasentre os 't5 e os 6,4 anos, é possÍvel verificar os baixos níveis de literacia:
"(...)
um
domÍnlo razoavelmente segurode
competênciasde
leitura, escrita ecálculo que
em
geralse
sup6e deverem estar adquiridas coma
escolaridadeobrigatória,
só foi
demonstradopor
uma fracção muito reduzidada
populaçáo analisada (NÍvel 4: 7,9olo)' (p.398).A
Organizagão Económicapara
a
Cooperaçãoe
Desenvolvimento (OCDE),através
do
programa PISA (Programme for lnternational Student AssessmenÍ)realiza um estudo
comparativoentre vários paÍses, cujo objectivo
é
medir,descrever
e
comparar
os
desempenhosde
alunos,
tendo
por
base
trêsdomÍnios
de
avaliaçâo: literacia
da
leitura, literacia
matemáticae
literacia cientÍÍica.Tendo
por
baseo
relatóriodo
PISA de 2000 (Ministérioda
Educação,2OA1),Portugal ocupa as últimas posiç6es, apresentando os estudantes portugueses,
de
í5
anosde
idade, um desempenho muito diminuto no domÍnio da literaciada leitura. Em comparagão com a situação média de oubos paÍses da OCDE, os jovens portugueses situam-se em nÍveis de literacia muito baixos, sendo que
somente
4% se enconfam no
nÍvelde
proficiência cinco,cerca
de42%
dosalunos situam-se
nos dois
primeiros níveis, enquanto 10%
não
atingiramsequer
o
primeironÍvel,
revelandoter sérias
dificuldadesem
usar
a
leitura como um meio efectivo de construção de conhecimentos.De acordo com Sim-Sim (2002) não será, por certo, descabido constatar que
os alunos sabem pouco e recebem um ensino desadequado:
PARTIT}IÁR LNROS COM BEEɧ DOS 9 MEsEs AOS 3 AIIos: O PapEL DAs BIBLtoÍEcÂI} PÚBLIoÂ8 PoRTUoUÉsÂs No guPoRTE À
CAptrulo 1 - Blbllotecas, Lltsracia e o DssnvolúmoíÍo da Criânça: Rsvlsâo da Llteratura
'Nâo basta quehar-nos que as crianças e os jovens nâo têm hábitos de leitura, não
se interessam por livros e nâo sabem estudar. Talvez que seja o momento de nos
intenogarmos sobre o que está a escola aÍaz:el- para os ensinar a aprender através da leitura, ou dito de outra forma, como é que estamos, realmente, a ensinar a
lef
(p.212).
Quer isto dizer que
muitosjovens não
estão aptos, segundoa
definição deliteracia da OCDE (Ministério da Educação, 2001), a:
"Compreender, usar textos escritos e reÍlectir sobre eles, de modo a atingir os
seus
objec'tivos,a
desenvolveros
seus
próprios
conhecimentos e potencialidades e a participar activamente na sociedade' (p.5).Os conhecimentos
e
as competências de que falaa
OCDE são competênciasbásicas
gue
ultrapassam
a
aprendizagemda
língua,
ao
nÍvel
da
leitura,nomeadamente,
a
velocidadede
leitura,a
compreensâo lineare
a
exactidãoleitora.
Trata-se
da
capacidade
de
percepcionar
a
informaçáo
que
estáimplÍcita; compreender
os
conceitos fundamentais;construir
significados apartir
de
pequenas subtilezasdo
texto;fazer
inferênciasde
ordem superior;avaliar de uma forma crÍtica a informação. Trata-se de compreender aquilo que
se lê.
Tendo como
referênciaos
pressupostos expostos, Benaventeet
al.
(19g6) sugerem:"(...) multos adultos, apesar de vários anos de escolarização, não dominam a
leitura, a escrita e o cálculo, demonstrando sérias diflculdades em utilizar na vida quotidiana materiais impressos ou suportes de informaçâo escrita" (p.396).
Entende-se
assim, que
a
escolartzaçâo obrigatória (actualmentefixada
emnove anos) nâo prepara os indivÍduos para a participaçâo, activa
e
interventivana vida social. Os adultos podem dominar
a
leitura,a
escritae o
cálculo, nãosabendo
aplicar esses
conhecimentos
no
dia-a-dia, nomeadamente
nopreenchimento de um simples impresso.
Benavente
et
al.
(1996) acrescentam
que
a
aquisiÉo
de
competênciasliterácitas não depende, necessariamente, dos contextos escolares.
PARNLMR LIVROS COM BEEÉS DOS 9 MESES AOS 3 ANO§: O PÂPEL DAS BIBLIOIECAS PÚBUCÂS PORTUGUESÂS NO SUPORTE À