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A prática do Andebol em escalões de formação: da escola para o clube

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A prática do Andebol em escalões de formação:

da Escola para o Clube

Dissertação de Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Ao abrigo da Recomendação do CRUP)

Marco Aurélio Mesquita Moutinho

Orientador: Prof. Doutor Helder Miguel Fernandes

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A prática do Andebol em escalões de formação:

da Escola para o Clube

Dissertação de Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Ao abrigo da Recomendação do CRUP)

Marco Aurélio Mesquita Moutinho

Orientador: Prof. Doutor Helder Miguel Fernandes

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Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensinos Básico e Secundário, sob a orientação do Professor Doutor Helder Miguel Fernandes.

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Agradecimentos

Pelo apoio, disponibilidade, esforço, colaboração, amizade e atenção, agradeço a todos (as) os (as) que colaboraram na realização desta Dissertação.

Especialmente grato ao Professor Doutor Helder Fernandes pela compreensão, disponibilidade e orientação.

À minha família, em especial à minha mãe, que é o pilar da minha existência.

Aos meus amigos que gostam de mim como sou e que são como o Sol: nem sempre brilha mas sabemos que está sempre lá.

À minha esposa pelo amor, amizade, paciência, compreensão e ajuda.

Ao meu filho porque existe na minha vida e me inspira todos os dias.

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Marco Moutinho

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Índice Geral

Índice de Figuras ... vi

Lista de Abreviaturas ... vii

Resumo ... ix

Abstract ... x

INTRODUÇÃO ... 1

Capítulo 1 - ANDEBOL NA ESCOLA ... 3

1.1-Enquadramento do Ensino do Andebol ... 3

1. 2- As Orientações para o Ensino ... 4

1.3-Trabalho desenvolvido no 1.ºciclo e relevância dos torneios ... 9

Capítulo 2- DESPORTO ESCOLAR ... 13

2.1- Enquadramento do Desporto Escolar ... 13

2.2- Possibilidades de práticas do Andebol no Desporto Escolar ... 14

2.3 -Atividade Interna e Atividade Externa ... 15

Capítulo 3 - A PONTE ENTRE O DESPORTO ESCOLAR E O ANDEBOL FEDERADO ... 17

3.1- A lei de bases ... 17

3.2-Pirâmide desportiva ... 19

3.3 - O Clube na Escola ... 22

Capítulo 4 - Percurso profissional ... 25

4.1 – Intervenção pedagógica /profissional por ano letivo ... 25

4.2. Ações de Formação/Obtenção do grau de treinador na modalidade de Andebol . 45 Considerações finais ... 48

BIBLIOGRAFIA ... 50

REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS ... 53

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Marco Moutinho

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Índice de Figuras

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Marco Moutinho

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Lista de Abreviaturas

1.ºCEB – 1.º Ciclo do Ensino Básico AAG- Associação de Andebol da Guarda AAV- Associação de Andebol de Viseu AD - Atividades Desportivas

AE - Atividade Externa

AEC - Atividades de Enriquecimento Curricular AF - Atividades Físicas

AFD - Atividades Físicas desportivas AI - Atividade Interna

AIE - Atividade Interna de Escola

APEE de Fornos de Algodres – Associação de Pais e Encarregados de Educação de Fornos de Algodres

CDE - Clube do Desporto Escolar DE - Desporto Escolar

DF - Desporto Federado

DGE - Direção-Geral da Educação DGS - Direção-Geral da Saúde EF - Educação Física

FAP- Federação de Andebol de Portugal FD - Federações Desportivas

IHF – International Handball Federation

IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude MEC- Ministério da Educação e Ciência

NAP- Núcleo de Andebol de Penedono P/T - Professor/Treinador

PAA - Plano Anual de Atividades PAI - Plano de Atividade Interna PDE - Programa de Desporto Escolar PDE - Programa de Desporto Escolar

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Marco Moutinho

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A prática do Andebol em escalões de formação:

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Marco Moutinho

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Resumo

O presente trabalho surge e tem como objetivo retratar reflexivamente o meu percurso profissional, vivido ao longo destes anos como docente de Educação Física (EF), responsável de grupos equipa de Desporto Escolar (DE) da modalidade de Andebol e enquanto treinador federado.

Esta dissertação é uma descrição da minha vida profissional onde reflito e relato o desempenho das funções de Professor/Treinador (P/T), através de uma análise de pontos fortes e fracos detetados, estratégias e experiências pedagógicas vividas nas diferentes escolas. Tento evidenciar durante este processo todas as opções metodológicas adotadas, bem como a identificação dos fatores inibidores e promotores do ensino/treino da modalidade de andebol, nas várias instituições de ensino onde desempenhei funções de docente de EF.

Neste âmbito, considero ser suposto que um P/T, através duma postura dinâmica e proactiva na escola e no grupo/equipa do DE, e através de uma valorização positiva e de confiança dos alunos, consiga desenvolver um projeto de escola de referência. O P/T deve procurar entender os anseios e necessidades dos alunos, possibilitando-lhes a confiança em si mesmos, segurança e estabilidade emocionais, conseguindo deles o respeito e admiração.

Este tipo de projetos deverá ter sempre como principio básico o envolvimento de todos na comunidade escolar (Alunos, Encarregados de Educação, Pais, Assistentes Operacionais, Docentes), da comunidade local, da autarquia, associações e federações, com o intuito do desenvolvimento de Clube do DE para uma dimensão de Clube do Desporto Federado (DF).

Estou convicto que a elaboração deste trabalho, desta natureza e com uma vasta partilha de informações, conhecimentos, opções e experiências, pode dar algum contributo e incentivo aos docentes de EF. Sabendo desta minha prática, e investindo numa modalidade desportiva numa dada escola, é possível concretizar-se um projeto de sucesso, com vista ao desenvolvimento desportivo local, regional e nacional.

Palavras-chave: Desporto Escolar, Desporto Federado, Andebol, Aluno/Atleta, Clube.

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Marco Moutinho

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Abstract

This work comes up and aims to portray, as a reflection, my professional career through the years as a Physical Education teacher, the person in charge of developing School Sport handball teams and as an accredited coach by the Portuguese Handball Federation.

This project reflects my professional life and here I will write and describe my performance as a Teacher and a Coach through an analysis of the strengths, the weaknesses, the strategies and the pedagogical experiences I have lived in different schools. I will try to focus on all the adopted methodological options, as well as to identify the inhibiting and the promoting factors of teaching and coaching handball in several of the institutions where I have worked as a Physical Education teacher.

Therefore, I believe a Teacher/Coach is supposed to be able to develop a school reference project through a dynamic and active attitude in the School Sports team and through trust on the students and a positive appreciation of their practice. The Teacher/Coach should try to understand the students’ wishes and needs allowing them to believe in themselves, to have emotional safety and stability, and, in return, get their respect and admiration.

This kind of projects should always have, as a basic principle, the involvement of all the members of the school community (students, parents, tutors, school employees and teachers), the local community, the Municipality, associations and federations, aiming to develop the School Sport Team on its way to becoming a National Federation Team.

I am convinced that this essay may be helpful and useful to my fellow Physical Education teachers because I am sharing a large amount of information, knowledge, options and experiences. After reading what I have written and investing in a specific sport in any school, I think it is possible to materialize a successful project aiming to develop sport at a local, regional and national level.

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Marco Moutinho

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INTRODUÇÃO

Este projeto foi elaborado no âmbito da dissertação de mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. A prática do Andebol em escalões de formação, da Escola para o Clube, constitui um suporte indispensável para a construção das várias etapas de formação desportiva do aluno/atleta no seu processo evolutivo, do desporto escolar, para o desporto federado. O presente trabalho tem como objetivo principal identificar e descrever as várias experiências da minha vida profissional pelos diversos estabelecimentos de ensino em que lecionei a disciplina de EF e, especificamente, a modalidade de Andebol como atividade interna e externa, no âmbito do DE. A vontade de saber mais e de aprofundar conhecimentos sobre o tema “A prática do Andebol em escalões de formação, da Escola para o Clube” foi a grande rampa de lançamento para este desafio de frequentar este curso de mestrado.

No primeiro capítulo irei aprofundar o modo de abordagem da modalidade de Andebol nas nossas escolas, de forma a ser mais motivante e eficaz em todo os seus processos ensino e aprendizagem, quer através do desenvolvimento das habilidades técnicas, quer ao nível das capacidades tático-cognitivas, nas várias faixas etárias.

É neste contexto que foi ressalvada a importância do P/T como líder de todo o processo através das suas intervenções pedagógicas, promotor, motivador da prática e sucesso desportivo de uma escola. O Professor de EF é um agente educativo que promove a transversalidade a todos os ciclos de ensino em busca do maior número de praticantes e o gosto da prática desportiva.

No segundo capítulo irei debruçar-me sobre o enquadramento do DE na escola. Existem várias possibilidades que os nossos alunos possuem para praticar a modalidade de Andebol no DE, através de atividades internas (torneios inter-turmas, intra-turmas, festands), ou através das atividades externas, sendo atividades orientadas por um docente responsável por um grupo-equipa de uma dada modalidade e participam em concentrações ou jogos inter-escolas, no âmbito distrital, regional e nacional.

No terceiro capítulo irei estabelecer uma ponte entre o DE e o Andebol Federado. Pretende-se demonstrar que o DE e Desporto Federado (DF) podem caminhar de “mãos dadas”, basta para isso uma boa coordenação, harmonia e gestão entre os dois sistemas, de forma a concretizar os mesmos objetivos, isto é, o desenvolvimento do desporto juvenil nacional.

No último capítulo não poderei deixar de fazer uma alusão ao meu percurso profissional. Ele é o “motor” e a base deste meu trabalho de reflexão! Para isso, irei identificar e descrever as etapas da minha vida profissional desde o ano letivo de 2000/2001

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Marco Moutinho

2 a 2015/2016, como Professor/Treinador, quer no âmbito do DE, quer no âmbito do DF. O meu relato está centrado na prática do Andebol em escalões de formação, da Escola para o Clube, constituindo um suporte indispensável para a construção das várias etapas de formação desportiva do aluno/atleta no seu processo de evolutivo, do DE para o DF.

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Marco Moutinho

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Capítulo 1 - ANDEBOL NA ESCOLA

1.1-Enquadramento do Ensino do Andebol

O Andebol pode ser definido como um jogo coletivo de invasão, em que cada equipa invade o espaço do adversário, tendo como possibilidade o contacto físico entre os elementos da equipa contrária (Estriga & Moreira, 2013, p. 17). É um jogo onde se cumpre um regulamento, o que condiciona os comportamentos dos jogadores, que se dispõem de uma forma particular no terreno de jogo, movimentando-se de modo a atingir a vitória (Garganta, 1998), através da posse de bola e em busca da marcação de um maior número de golos em relação à equipa contrária (Prudente, 2006). É uma modalidade desportiva onde impera a instabilidade e a incerteza, apelando-se às tomadas de decisões dos alunos/atletas. No andebol, todos os problemas surgidos são de solução múltipla e, como tal, no jogo, o atleta tem que dominar as componentes técnicas, táticas e estratégicas que, sendo indissociáveis se encontram interligadas, inter-relacionadas e interdependentes. É esta estrutura combinada que dá vida ao jogo (Ribeiro & Volossovitch, 2004).

O Andebol caracteriza-se pela relação de cooperação/oposição e pela sua interação. Os alunos/atletas executam ações, tendo em vista os objetivos a atingir pela sua equipa, em cada momento do jogo. Assim, o aluno/atleta comporta-se com os companheiros e adversários num contexto em permanente mudança, com o qual interage (Prudente, 2006).Na mesma linha de pensamento, Feu (2001, citado por Rosado, 2009) menciona que a maioria das ações no Andebol realizam-se debaixo de uma grande pressão temporal, com pouco tempo para o jogador decidir. É um desporto em constante evolução, devido às trocas dos companheiros e adversários. A própria estrutura interna do Andebol apresenta adversidades a nível preceptivo e de tomada de decisão.

Segundo Fernandes e Pereira (2001), o Andebol, como desporto coletivo, contribui para o desenvolvimento de uma relação de interajuda com os companheiros, concluindo que “a união faz a força” (p. 11). Como atividade de grupo, confere uma prática vantajosa, favorecendo a integração social do jovem. A sua prática mostra-se benéfica a uma maior concentração, quer na atenção que é preciso ter de modo a não transgredir as regras de jogo, bem como na noção de espaço a ser ocupado pelo aluno/atleta, durante as várias fases de jogo. Exige, igualmente, por parte dos intervenientes, a observação de todas as movimentações, quer dos adversários, quer dos companheiros de equipa, tendo como principal objetivo o sucesso da equipa.

Garganta (1998, citado por Silva, 2001) sustenta que os Jogos Desportivos Coletivos devem ser abordados, a partir dos jogos condicionados, fazendo com que o treinador adote

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Marco Moutinho

4 uma determinada metodologia no seu processo de treino. Para isso, pode e deve utilizar exercícios que vão de encontro às situações de jogo, abordem fundamentalmente a técnico-tática individual e os meios táticos de grupo, indo de encontro aos sistemas de jogo. Segundo Marques (1984, citado por Ribeiro,1998) o jogo é considerado o ponto de partida e de chegada, sendo extremamente valorizado como meio efetivo de treino.

Para Ribeiro e Volossovitch (2004) a sua construção tem que ter em conta as fases iniciais do processo de ensino-aprendizagem dos alunos/atletas, descrevendo-o como um jogo complexo, coletivo, de cooperação/oposição e de estrutura múltipla. Consideram-no, igualmente, um jogo dinâmico, com variadas situações proporcionadas pelo próprio jogo, tais como: o ambiente de instabilidade e incerteza, as habilidades motoras abertas, a “distância reduzida com contacto autorizado” (p. 13), onde o atleta se encontra rodeado de vários estímulos e, na qual, deve ser capaz de captar e analisar a informação relevante do jogo. O aluno/atleta deverá tomar as decisões fundamentais para o resultado final, possuindo os jovens dois pontos-chave no processo de formação, sendo eles a melhoria da capacidade tática individual e a procura de uma técnica adaptativa (Laguna, 2001).

Assim, conclui-se que os diferentes contextos em que decorrem os jogos influenciam constantemente as decisões técnicas e táticas dos jogadores, decisões essas que têm como finalidade enfrentar os adversários, jogando sempre em equipa no sentido cooperativo, no sentido de atingir o objetivo de jogo.

1. 2- As Orientações para o Ensino

Organização do treino

No ensino e treino do Andebol, segundo Muller et al. (1996, citado por Silva, 2001), o jogo deve ser o ponto de partida de todo o processo de formação desportiva, pelo que não deve estar dissociado do processo de ensino e treino.

Para que o Andebol seja motivante e pouco confuso no processo de ensino-aprendizagem nas nossas escolas, nos segundo e terceiro ciclos, Ribeiro (1998) propõe que haja redução do espaço de jogo e do número de jogadores, clarificando o jogo e aumentando a participação do aluno no jogo; a redução do tamanho da baliza, de forma a impedir a utilização de remates com trajetória parabólica, aumentando os índices de maior sucesso do guarda-redes; a redução do tamanho da bola e sua textura. Tudo isto contribui para o êxito das ações fundamentais do jogo, como o remate e o passe, existindo uma alta correlação entre a qualidade da bola e o sucesso no jogo, embora sejam sugeridas bolas de espuma com ressalto.

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Marco Moutinho

5 Segundo Silva (2001), ao reduzir-se o número de atletas, aumenta-se quer o tempo real de exercitação, quer o número de repetições que os mesmos podem executar, aumentando a carga de treino, conseguindo que os alunos/atletas se concentrem exclusivamente na tarefa a realizar e ampliando as possibilidades de sucesso, visto que os estímulos são consideravelmente mais reduzidos. O P/T deve decompor o jogo nos seus elementos fundamentais, deverá criar situações com regras adaptadas que guiem os alunos/atletas a adquirir, tanto os gestos técnicos, como os comportamentos de ordem tática que se pretende trabalhar.

Segundo Fernandes e Pereira (2001), o ensino do Andebol deve incidir, quer ao nível da aprendizagem e do desenvolvimento das habilidades técnicas (passe, remate, drible, entre outros) quer ao nível das capacidades tático-cognitivas (forma como os alunos/atletas se movimentam no jogo, comunicam entre si e definem uma estratégia coletiva). Na sua prática orientada, pretende-se o desenvolvimento das capacidades motoras (entre outros, a resistência, a força, a velocidade, a coordenação), bem como de outros níveis de desenvolvimento: do espírito de organização e da disciplina consciente, com aceitação das regras do próprio jogo; da iniciativa, da combatividade, e da vontade necessárias para vencer as contrariedades do jogo e, por último, do desenvolvimento de um pensamento prático, de modo a responder à imprevisibilidade do jogo. As atividades devem ser ajustadas às crianças, atendendo ao perfil etário do desenvolvimento dos jovens.

O Mini Andebol / Andebol de 5 pode ser considerado como uma forma pedagógica de iniciação desportiva e como um jogo infantil, adaptado num conjunto de ações culturais no contexto de um processo educativo que pode ter lugar na Escola, nas atividades de lazer, no Clube e nas Associações. O Mini Andebol / Andebol de 5, caracteriza-se como um jogo coletivo, constituído por 5 jogadores em cada equipa (4+GR), praticado num terreno de 20x20m (meio campo de Andebol), com áreas de balizas circulares, com um raio de 5m, sem meio campo, linha de 9m e sem zona de substituições (Ribeiro & Volossovitch, 2004), mantendo todas as regras iguais ao jogo formal 7x7. O seu crescimento e desenvolvimento do aluno/atleta são conseguidos por uma pedagogia real para a formação desportiva e por um enquadramento apropriado para a competição. Ignorar a competição na formação desportiva dos jovens constituirá um erro pedagógico a ser evitado (Carvalho, 2000). Para Silva (2001), a competição deverá estar presente em todas as situações de exercitação, fomentando no aluno/atleta a vontade de vencer, de superar os adversários e de se superar a si mesmo. A oposição de um adversário é de grande importância, a fim de proporcionar o desenvolvimento da sua capacidade tática, já que vai determinar a seleção e realização do gesto técnico mais adequado para a referida situação de jogo.

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Marco Moutinho

6 Também, segundo Cruz (2009), é fundamental para a progressão dos alunos na prática da modalidade de Andebol, a realização de jogos reduzidos. Esta fase de aprendizagem da matéria deve ser praticada através de um jogo de 4+1 x 4+1, ou seja, Andebol de 5, em vez da original versão de 7x7. O mesmo autor considera que a utilização do jogo 5x5 é o ideal para a adaptação às características do jogo dos iniciantes, por necessitarem de maior espaço e tempo para desenvolverem as suas ações, promoverem maiores oportunidades de aprendizagem, através do aumento da participação dos jogadores, menor número dos mesmos, maior proximidade com a bola, logo maior possibilidade de contactar a bola; maior proximidade das balizas favorecendo a oscilação ofensivo-defensivo, bem como o aumento do número de remates e, por consequência, dos golos (objetivo do jogo), mantendo a estrutura base do jogo adulto.

Organização do jogo

No ensino-aprendizagem o jogo não deverá servir apenas como referência, mas sim, como o principal meio de ensino (Ribeiro & Volossovitch, 2004), aprende-se jogando, pratica-se jogando, utilizando situações de aprendizagem simplificadas, correspondente ao jogo real do Andebol (Patón,2010). É perante o jogo que o aluno terá de utilizar todas as suas capacidades e valorizá-las ao máximo. Para que o jogo seja competitivo e equilibrado, o professor terá de se preocupar aquando da situação de jogo ou de outra atividade competitiva que os grupos de trabalho sejam homogéneos (Ribeiro, 1998). O aluno deverá perceber que tudo o que se aprende no treino tem de ser aplicado em situação de competição. Deve ainda resolver, por si próprio, os problemas decorrentes do seu envolvimento no jogo, tomando as suas próprias decisões (Ribeiro & Volossovitch, 2004).

Segundo Garganta (1998, citado por Silva, 2001), a inteligência tática permite uma correta compreensão e aplicação dos princípios de jogo, em que os gestos técnicos surgirão em função da tática, de forma orientada e provocada.

Para facilitar a avaliação diagnóstica do nível do jogo, os especialistas propõem distinguir diferentes níveis de domínio do jogo. Adaptando a ideia de Garganta (1995), utilizam-se quatro critérios para reconhecer os distintos níveis de domínio do jogo, sendo eles a ocupação do espaço, a progressão no terreno, o domínio da bola e as ações de cooperação. Estes critérios vão estar inseridos, com características diferentes, em quatro níveis de domínio de jogo, sendo eles o jogo espontâneo, o jogo intencional, o jogo estruturado e o jogo elaborado.

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7 No jogo espontâneo o aluno/atleta ocupa o espaço e progride no terreno em função da bola, tendo insuficiente domínio da mesma, havendo uma falta de cooperação do aluno/atleta perante os colegas de equipa.

No jogo intencional o aluno/atleta começa já a ter a perceção da ocupação do espaço em função dos adversários e colegas de equipa, progredindo em função da baliza. O aluno/atleta tem instável domínio da bola, utilizando uma cooperação intermitente com os colegas de equipa.

No jogo estruturado o aluno/atleta já tem uma ocupação racional do espaço, progredindo no terreno em função dos colegas, adversário, bola e baliza. O aluno/atleta já apresenta um domínio estável da bola, com uma cooperação consciente com os restantes colegas de equipa.

No jogo elaborado o aluno/atleta ocupa e progride o espaço de jogo estrategicamente, contendo um domínio estável e criativo com a bola, utilizando uma cooperação já automatizada.

Fases Sensíveis/ótimas de treino

Segundo Año (1997, citado por Alvarez, 1999) os jovens até aos 8 anos devem desenvolver as habilidades motoras (correr, saltar, lançar, travar, rodar, entre outros) visto que o sistema nervoso central ainda não se encontra desenvolvido, para realizar certos movimentos, sendo a sua capacidade de concentração ainda reduzida. Nesta fase, as situações táticas de jogo não são vistas pelo jovem como pensamento lógico, aptidões que somente serão desenvolvidas posteriormente. É a faixa etária compreendida entre os 8 e os 12 anos que representa um dos momentos férteis para as aprendizagens dos jovens, sendo um período no qual o jovem realiza qualquer movimento por mais difícil que ele seja, através do seu desenvolvimento psicomotor. Carvalho (2000) considera que as crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos iniciam uma atividade desportiva com objetivos prioritariamente educativos e formativos, apontando o seu desenvolvimento global. Na mesma linha de pensamento, Maldonado (1991, citado por Silva, 2000) é de opinião que existem duas fases de aprendizagem. A primeira é relativa a uma aprendizagem global e está compreendida entre os 8 e 9 anos e uma segunda fase, na faixa etária dos 13 aos 14 anos, denominada de iniciação específica.

Segundo Bayer (1997, citado por Castro, 2003) os alunos/atletas com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos encontram-se na faixa etária mais adequada, onde as suas aprendizagens motoras são facilitadas pelo aumento da capacidade de atenção, pelo desenvolvimento das qualidades coordenativas e pela estabilidade da relação entre os

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Marco Moutinho

8 fenómenos inibitórios e excitatórios. Para Tschiene (1995, citado por Silva, 2000), os alunos/atletas que têm idades compreendidas entre os 10 e 14 anos, encontram-se numa idade favorável para se iniciar num desporto. Também Marques (1995, citado por Silva, 2000) define a etapa de formação desportiva de alunos/atletas entre os 9 e os 15 anos, denominado treino de base, dotando os atletas de pressupostos fundamentais para a sua prestação desportiva, na iniciação à modalidade escolhida pelo jovem.

Para Ribeiro (1997, citado por Castro, 2003) preconiza para os alunos/atletas com idades compreendidas entre os 13 e os 14 anos, a construção do treino deve ser orientada para o jogo propriamente dito, estabelecendo 90% de carácter formal, colocando os restantes 10% nos aspetos técnico-táticos, de modo a que a transmissão dos conteúdos se processe com mais fluidez. Já Sanchez (2001, citado por Castro, 2003) é da opinião que os alunos/atletas com idades compreendidas entre os 15 e os 16 anos, deverão ter diferenciação no treino, devido ao seu aumento da capacidade de análise, uma vez que, segundo Bayer (2001, citado por Castro, 2003) ocorrem melhorias ao nível psicomotor, permitindo aos alunos/atletas destas idades atuarem com maior rapidez em espaços cada vez mais reduzidos.

Em modo de conclusão, das fases sensíveis e ótimas de treino, Marques (1991) e Tschiene (1985), citados por Silva (2000), consideram que no seu processo de formação desportiva, o atleta deverá ser submetido a um trabalho que permita uma variação de caráter multilateral, evitando meios de treino que conduzam a uma especialização desportiva precoce e a uma limitação das capacidades futuras para atingir níveis de rendimento elevados.

A intervenção pedagógica do professor

A intervenção pedagógica do professor no ensino do Andebol deve pautar por uma aprendizagem consciente, não “robotizando” o aluno com as respostas aos problemas técnicos e táticos criados pelo jogo e pelos exercícios (Ribeiro, 1998). Para Ribeiro (2000) o P/T deverá intervir, pedagogicamente, de modo a conduzir os alunos/atletas, quer em situação de jogo ou através de exercícios, num dado momento, com o intuito de consciencializar as soluções positivas ou propor caminhos novos, no caso de as soluções não terem sido as mais adequadas. A sua intervenção pedagógica deve ser claramente percetível, oportuna e bem-humorada. Deverá incutir uma conduta socio-desportiva irrepreensível, valorizando o respeito pelos companheiros de equipa e adversários. Deverá ainda promover o equilíbrio em todas as situações de competição, quer individualmente, quer em grupo, potencializando o crescimento do aluno/atleta, tratando os alunos/atletas

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9 todos da mesma forma, tendo exigência e rigor na execução dos exercícios, de acordo com os objetivos pré-definidos.

Segundo Richeimer (2003), o P/T deve utilizar feedbacks, como modo de auxiliar os alunos/atletas a desenvolverem as suas habilidades psicomotoras, de forma a melhorar o desempenho dos alunos nas aulas de EF, bem como no desporto em geral. O feedback é um instrumento que o P/T utiliza em todo o processo de relação pedagógica com o aluno/atleta através da comunicação.

Em suma, partilho a opinião do seguinte autor quando afirma que “...os professores devem aprender a deixar os alunos aprender” (Ribeiro, 2000, p.17).

1.3-Trabalho desenvolvido no 1.ºciclo e relevância dos torneios

O trabalho desenvolvido no 1.º ciclo é essencial para a promoção, divulgação e desenvolvimento da modalidade de Andebol. Considera-se que é nesta faixa etária, que se deve motivar os alunos do 1.º Ciclo de Ensino Básico (CEB) para a prática da modalidade. É com os jogos que os alunos começam a ter a perceção da cooperação, oposição e da sua aprendizagem social. Desta forma, as crianças conhecem-se, aceitam os outros e compreendem que há regras a respeitar (Maria & Nunes, 2006).

Na nossa realidade atual, o ensino e treino da modalidade de Andebol poderá ser desenvolvido no 1.º ciclo ao nível das Atividades de Enriquecimento Curricular, bem como nas Atividades Físicas Desportivas (AFD) concretamente nos 3.º e 4.º anos. Também poderá ser dinamizado em atividades desenvolvidas pelos professores de EF que lecionam a modalidade no DE no 1.º ciclo, sendo este um projeto piloto aplicado no ano letivo 2013/2014. Convém ainda recordar alguns projetos existentes, tais como, o Andebol4Kids, Andebol for All (andebol em cadeiras de rodas) que se encontram inseridos nos Planos de Desenvolvimento Regional da Federação de Andebol de Portugal e das Associações de Andebol, estando a ser implementados em conjunto com as Autarquias, Agrupamentos de Escolas e Clubes. Estes projetos estimulam assim a prática das atividades desportivas, neste caso do Andebol, desde que devidamente adequadas aos escalões etários dos alunos.

Enriquecimento Curricular com as Atividades Físicas desportivas

As orientações programáticas do 1.º CEB da AFD (Maria & Nunes, 2007), na sequência do Despacho n.º 12591/2006 (2.ªsérie), publicado no Diário da República n.º 115,

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Marco Moutinho

10 de 16 de junho, enquadram as Atividades de Enriquecimento Curricular a ser aplicadas aos alunos do 1.º CEB.

As AFD tem subjacente uma conceção de educação integrada, através dos conhecimentos adquiridos na vida familiar, na comunidade e específicos a cada aluno (Associação Nacional de Municípios Portugueses, 2006).

As AFD pretendem desenvolver as suas capacidades motoras, alargando o seu campo de experiência, indo de encontro à satisfação da criança na realização das atividades. Neste contexto, o professor deverá organizar e incentivar diferentes situações de aprendizagem, de modo a que a criança encontre a melhor forma de as resolver. A acrescentar às finalidades da AFD, esta fomenta a aquisição de hábitos e comportamentos de estilos de vida saudáveis que se pretende que se prolonguem para toda a vida, contribuindo para o incremento da prática desportiva no conjunto da população, fomentando o espirito desportivo e do fair-play e, por último, estimulando a consciencialização para a preservação da natureza (Maria & Nunes, 2007).

Segundo o programa proposto, as áreas de intervenção e matérias consideradas fundamentais da AFD foram sistematizadas em dois grupos: as Atividades Físicas (AF), a serem abordadas nos 1.º e 2º anos (onde estão contempladas matérias como a exploração da natureza, deslocamentos e equilíbrio, atividades rítmicas e expressivas, jogos [lúdico-motores], atividades de manipulação e oposição e luta) e Atividades Desportivas (AD), a serem abordadas nos 3.º e 4.º anos e onde estão inseridos os jogos pré-desportivos, Andebol, Basquetebol, Futebol, Voleibol, Atletismo, Ginástica e Natação.

Desporto Escolar

A Direção-Geral da Saúde (DGS), a Direção-Geral da Educação (DGE) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) assinaram um protocolo, a 21 de março de 2013, para a implementação do DE no 1.º CEB. Foi criada uma plataforma designada de “Desafie-se, mude de vida! Desporto, educação e saúde”, que visa a promoção da saúde do desporto e de cidadania, através do desenvolvimento de projetos de educação, formação, divulgação e sensibilização destas temáticas (Comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens, 2013).

A implementação deste projeto-piloto do DE ao 1.º CEB, no decurso do ano letivo 2013-2014, teve como público-alvo os alunos dos 1.º e 2.º anos de escolaridade, através de atividade interna, bem como os alunos dos 3.º e 4.º anos de escolaridade, através da constituição de grupos-equipa, no âmbito da atividade externa. O projeto tem como objetivos: a diminuição do comportamento sedentário nas crianças e o incentivo de

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11 comportamentos saudáveis, envolvendo várias formas de participação recreativa e desportiva, com o aumento da atividade física (AF) e promovendo valores e princípios associados a uma cidadania ativa (PDE,2015).

O Programa de Desporto Escolar (PDE) 2013- 2017 pretende materializar o disposto no Decreto-Lei n.º139/2012, de 5 de julho, desenvolvendo a execução de atividades complementares aos currículos dos ensinos básico e secundário e proporcionando aos agrupamentos de escolas e às escolas não agrupadas o desenvolvimento da EF e do DE. Visa especialmente a utilização criativa e formativa dos tempos livres, ajudando assim à formação integral e pessoal dos alunos. Pretende-se ainda um aumento da oferta de atividades físicas e desportivas, de caráter formal e não formal, para a promoção de modalidades com elevado potencial desportivo, extensível a todos os alunos abrangidos pela escolaridade obrigatória.

O PDE 2013-2017 tem vindo a consolidar os projetos iniciados em 2013-2014, através da ampliação das atividades desportivas ao 1.º ciclo e da criação dos centros de formação desportiva. Tem como objetivo acrescentar o envolvimento dos alunos, ampliando a área de abrangência geográfica e promovendo a formação de professores em áreas mais deficitárias. No ano letivo de 2014-2015 houve um acréscimo dos créditos letivos direcionados ao DE, havendo o alargamento do número de escolas e de alunos do 1.º ciclo a participarem no DE, com um aumento do número de centros de formação desportiva (Ministério da Educação e Ciência - Gabinete do Ministro - Despacho n.º 6984-A/2015).

Torneios

Segundo Herrero (2009), o aluno será capaz de jogar autonomamente um desporto quando alcança o conhecimento e a compreensão nas noções básicas dos regulamentos e sua aplicação real ao jogo. O Professor terá como objetivo dotar os alunos dessa autonomia, a fim de praticarem as diferentes modalidades desportivas sem a sua intervenção e controlo constante. Para que se atinja esse objetivo, o Professor deve permitir progressivamente a participação e o desenvolvimento de responsabilidades, como treinadores, árbitros e dinamizadores de atividades relacionadas com uma modalidade desportiva. O mesmo considera que, no meio da unidade didática, se organize um torneio intra-turma, em que cada jogo e para cada equipa haja um treinador e um árbitro diferente.

Por sua vez, Ribeiro (2000) encara a competição escolar como um meio de grande importância pedagógica, devendo ser entendida como um complemento das atividades curriculares, de acrescido valor educacional. Diz ainda que é indispensável que esta seja

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12 aplicada de três formas: torneios intra-Turmas, torneios intra-Escolas e torneios inter-Escolas.

Na minha opinião, deve ser prática generalizada a de dedicar algum tempo a modalidades no término de cada da unidade didática e no encerramento do ano letivo, com o objetivo de proporcionar momentos de competição ao maior número de equipas/alunos, evidenciando, assim, o trabalho desenvolvido nas várias aulas/treinos que foram direcionadas para as diferentes modalidades ao longo do percurso escolar.

O torneio simboliza para os nossos alunos o culminar das habilidades/competências adquiridas nas aulas/treinos, a parte lúdica e competitiva que a nossa disciplina proporciona aos mesmos. Sendo o jogo a sistematização do treino, o torneio será o meio de avaliação do trabalho desenvolvido pelo Professor/Alunos.

Na busca de apresentação e captação de atletas para uma dada modalidade, o processo mais fácil e exequível será a realização de torneios, seja nas AFD ou através dos Festands, Andebol de Relva, no DE (proporcionando torneios na atividade interna e externa) ou no Clube, através de jogos e torneios no âmbito federativo.

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Capítulo 2- DESPORTO ESCOLAR

2.1- Enquadramento do Desporto Escolar

Conceito

Segundo o Decreto-Lei n.º95/91 de 26 de Fevereiro, secção II, artigo 5.º, documento que veio regulamentar a EF e o DE, compreende-se por DE o conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com objetivo desportivo, num regime de livre participação e opcional, integradas no plano de atividades de cada escola, desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres, coordenadas no âmbito do sistema educativo.

O documento orientador do Desenvolvimento do DE de 2003, considera uma atividade de complemento curricular, com cariz opcional, possibilitando aos alunos a prática de atividades desportivas, em ambiente escolar, sob a orientação de professores, colocando os nossos jovens a participar em quadros competitivos, de forma regular (Ministério da Educação, 2003).

A Direção-Geral da Educação (DGE) (2013) considera a atividade desportiva realizada, no âmbito do DE, como um espaço privilegiado para estimular hábitos saudáveis, competências sociais e valores morais, tais como a responsabilidade, a disciplina, a tolerância e o respeito, desenvolvendo potencialidades quer físicas quer psicológicas, de modo, a contribuírem para o desenvolvimento global dos jovens.

Para Freire (2010), o DE é uma parte integrante de um conjunto de atividades de complemento curricular, que visam a promoção do desenvolvimento cívico e cultural, a educação física e desportiva, a educação artística e a inclusão de todos os alunos na comunidade.

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) invoca o despacho nº 9302/2014 do Programa do XIX Governo Constitucional, considerando o desporto um elemento ao desenvolvimento completo do individuo. A fim de querer um programa que caminhe de encontro à promoção do sucesso educativo, de estilos de vida saudáveis, à introdução da prática desportiva e à competição, dá uma especial importância ao DE, no âmbito da educação.

O PDE, refletindo os propósitos enunciados, e tendo presente o disposto no Decreto-Lei n.º139/2012, de 5 de julho, alterado pelo Decreto-Decreto-Lei n.º91/2013, de 10 de julho, propõe criar condições necessárias para o aumento progressivo da oferta de atividades físicas e

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14 desportivas, de caráter formal, não formal e informal, regular de qualidade, a todos os alunos que se encontram em escolaridade obrigatória, contribuindo para a promoção do seu sucesso escolar, de estilos de vida saudáveis, de valores, cidadania, de visão integrada e inclusiva. A promoção destas modalidades inseridas no DE tem um elevado potencial desportivo, presentes nos quadros competitivos nacionais e internacionais indo de encontro aos estímulos dos alunos (Ministério da Educação, 2013).

O PDE de 2013-2017 pretende incluir todas as infraestruturas desportivas públicas, privadas e associativas, possibilitando a rentabilização das mesmas e incentivando a celebração de protocolos entre as escolas, autarquias, associações, Instituto Português do Desporto e Juventude, e Instituto do Emprego e Formação Profissional, para a utilização e rentabilização das infraestruturas desportivos escolares durante os períodos que se encontram inativos. Desta forma, permite-se assim uma maior abertura da escola à comunidade.

Parcerias do desporto universitário entre autarquias, movimento associativo desportivo e instituições do ensino superior poderão fortalecer a articulação entre o DE, Federado e o Desporto Universitário, garantindo que, aquando da candidatura ao ensino superior, seja possível a introdução à prática desportiva dos jovens, de forma a facilitar a sua inclusão no desporto universitário.

A Resolução da Assembleia da República n.º94/2013, nos termos n.º5 do artigo 166.º da Constituição, recomenda ao Governo que:

“ reformule o projeto do DE atualizando a sua missão, visão estratégia de operacionalização nacional, nomeadamente na sua articulação com outras entidades e agentes, em particular escolas, autarquias locais e o movimento associativo desportivo.”

2.2- Possibilidades de práticas do Andebol no Desporto Escolar

A modalidade de Andebol dá o seu início na escola através da atividade física e desportiva no 1.ºciclo, nos 3.º e 4.º anos, voltando a ser abordada no terceiro ciclo e no secundário nas aulas de EF, havendo um esquecimento da modalidade no programa da disciplina no 2.º ciclo. No âmbito do DE, a modalidade está inserida como projeto piloto em algumas escolas do 1.º ciclo desde 2013-2014, como atividade interna (dia da modalidade, torneios intra-turmas e inter-turmas) e como atividade externa (grupo - equipa no Clube do DE não federado e Clube do DE federado) para os alunos/atletas desde o 5.º ano ao 12.º ano de escolaridade.

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15 Como é referido no Regulamento do Programa do Desporto Escolar 2015-2016 (RPDE) no artigo 12.º, mencionando que os alunos participantes nas várias competições do DE distribuem-se por escalões etários, desde os Infantis A (9-11 anos), Infantis B (12-13 anos), Iniciado (14-15 anos), Juvenis (16-18 anos) até aos juniores (19-22 anos).

2.3 -Atividade Interna e Atividade Externa

O programa do DE 2009/2013 define como atividade interna um conjunto de atividades físico desportivas referente ao Plano Anual de Atividades (PAA) de cada Escola, dinamizadas pelo Grupo/Departamento de Educação Física, sob a responsabilidade do Coordenador Técnico do Desporto Escolar e fomentada pelo Clube do Desporto Escolar (CDE). O programa do DE 2013/2017 considera como atividade interna (AI) todas atividades desportivas efetuadas e dinamizadas internamente em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

A Atividade Interna de Escola (AIE) deve resultar das dinâmicas internas da disciplina de EF, devendo ser enquadrada por todos os docentes de EF, aos quais seja imputado horário para a sua dinamização. A AIE é de aceitação obrigatória por parte de todos os docentes de EF, sendo uma atividade de escola e que reverte para a atividade especifica destes docentes, podendo ser atribuídos a outros docentes, caso tenham formação específica em determinada modalidade desportiva. Estas atividades poderão ter a participação e apoio das Associações de Estudantes e Encarregados de Educação da instituição de ensino, autarquias, associações desportivas ou clubes, tornando o CDE mais dinâmico e aberto à comunidade local. É este, na minha opinião, o procedimento que permitirá suportar o verdadeiro projeto de escola viva, ativa e desportiva. É um projeto que visa o envolvimento dos alunos, contribuindo para o combate ao insucesso e abandono escolar e a inclusão dos mesmos, a fim de se encontrarem motivados para o seu sucesso educativo. Visa a criação de hábitos de prática desportiva, promoção de saúde, qualidade de vida, de valores e princípios associados a uma cidadania ativa que tanto necessitamos (MEC, 2013).

Na preparação do Plano de Atividade Interna (PAI) deve ter-se em atenção o ciclo e ano de escolaridade, as condições físicas e humanas, a tradição e a dinâmica da escola, bem como da comunidade local. Estas atividades são desenvolvidas num horário semanal, ao longo do ano letivo, de forma a ser acessível e alargada ao maior número possível de crianças e jovens.

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16 Para Cunha (2002) a AI pode assumir as seguintes formas:

- Conjunto de atividades realizadas intra-muros ou em intercâmbio com outras escolas de proximidade geográfica e desenvolvidas pelo coordenador do Desporto Escolar e pelos outros professores;

- Conjunto de atividades que se encontram no plano anual da disciplina de Educação Física;

- Conjunto de atividades integradas no plano anual da respetiva modalidade ou disciplina desportiva e organizadas pelos próprios grupos/equipas.

No PDE 2007/2009, o PAI contemplou as seguintes atividades: campeonatos/torneios internos (inter-turmas); corta-mato; dias ou semanas da modalidade; formação de dirigentes, monitores e juízes/árbitros; atividades para alunos com necessidades educativas; Mega-sprinter; Mega-salto; Mega-kilómetro; Basquetebol 3x3; Projeto Escola Pessoa Ativa e Aplicação da Bateria de Testes Fitnessgram (MEC, 2007).

No ano letivo 2015-2016 as escolas têm ao seu dispor como projetos complementares as atividades de: Basquetebol 3X3; Corta-mato; Dia do Futebol feminino; Final da Liga dos Campeões – Torneio de Futebol Feminino; Mega Sprinter; Tag Rugby na Escola; Taça Desporto Escolar/CNID, bem como o Fit Escola (PDE, 2015).

De acordo com o PDE 2013/2017, define-se como atividade externa (AE) toda a atividade desportiva desenvolvida no âmbito dos grupos/equipa, através da participação em encontros Inter-Escolas, de carácter competitivo, a um nível crescente: Campeonatos Locais, Campeonatos Regionais, Campeonatos Nacionais e Campeonatos Internacionais (ISF-International School Sport Federation ou FISEC - Fédèration Internationale Sportive de l'Enseignement Catholique) ou de carácter não competitivo, através de encontros/convívios com outros estabelecimentos de ensino.

A AE pretende-se que seja subsequente da AI proporcionando atividades de formação e/ou orientação desportiva, tendo em vista a aquisição de competências físicas, técnicas e táticas, respeitando os princípios do desportivismo, quer na evolução desportiva, quer na formação integral do jovem.

Na AE, a planificação, coordenação, organização e operacionalização das atividades é da responsabilidade das diversas estruturas do MEC (Escolas, Equipas de Apoia às Escolas Distritais, Direções Regionais de Educação e Grupo Coordenador do Desporto Escolar), em alguns casos em articulação com instituições do sistema desportivo e/ou autarquias e desenvolve-se através da participação dos grupos/equipas (Ministério da Educação, 2009).

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Capítulo 3 - A PONTE ENTRE O DESPORTO ESCOLAR E O

ANDEBOL FEDERADO

3.1- A lei de bases

Segundo a Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto, Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro, do artigo 28º:

A educação física e o desporto escolar devem ser promovidos no âmbito curricular e de complemento curricular, em todos os níveis e graus de educação e ensino, como componentes essenciais da formação integral dos alunos, visando especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como fator de cultura. As atividades desportivas escolares devem valorizar a participação e o envolvimento dos jovens, dos pais e encarregados de educação e das autarquias locais na sua organização, desenvolvimento e avaliação.

O Despacho n.º 6984-A/2015, de 23 de junho determinou a atribuição do número de créditos de tempos letivos para o PDE e definiu a regulamentação dos grupos-equipa com a atividade externa. As informações mais importantes a reter deste despacho são:

- o número de crédito horário global para o desenvolvimento das atividades do desporto escolar na componente letiva é de 21.800 tempos letivos.

- a oferta desportiva, no âmbito do Programa de Desporto Escolar, desenvolve-se nos seguintes níveis de atividade:

Nível I - atividades que visam a promoção e divulgação desportivas, organizadas pelos docentes de Educação Física ou docentes “especializados” dando continuidade dos conteúdos curriculares da disciplina;

Nível II - atividades de treino desportivo regular de grupos-equipa e de competição desportiva interescolar formal de âmbito local, regional, nacional e eventualmente internacional;

Nível III - atividades de aprofundamento da prática desportiva, treino e competição, em modalidades e grupos-equipa de elevado potencial desportivo;

Centros de Formação Desportiva - pólos de desenvolvimento desportivo, dinamizados por agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, em parceria com federações, municípios e parceiros locais que visam a melhoria do desempenho desportivo, através da concentração de recursos humanos e materiais em locais para onde possam

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18 convergir alunos de vários agrupamentos, quer nos períodos letivos, quer em estágios de formação desportiva especializada, nas interrupções letivas.

- A distribuição do crédito horário pelos docentes dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas para as atividades do desporto escolar é realizada nos termos a seguir definidos e decorre da aprovação da candidatura prevista no n.º 12 do presente despacho:

- Professor responsável por grupo-equipa de Nível II - até 3 tempos letivos;

- Professor responsável por grupo-equipa de Nível III - até 2 tempos letivos, acumuláveis com os tempos letivos atribuídos na alínea anterior;

- Exercício de funções nos Centros de Formação Desportiva - até 12 tempos letivos, acumuláveis com os tempos letivos atribuídos na primeira alínea.

- nas modalidades coletivas os grupos-equipa devem ter, no mínimo, 18 alunos; - nas modalidades individuais (exceto nos desportos gímnicos) os grupos-equipa deverão ter um mínimo de 18 alunos, independentemente do escalão/género sendo obrigatória a existência de 9 alunos do mesmo escalão/género;

- nas modalidades gímnicas os grupos-equipa são constituídos, no mínimo, por 18 alunos, independentemente do escalão/ género;

- nas modalidades de desportos náuticos e nos grupos-equipa exclusivos de alunos com necessidades educativas especiais, o número mínimo de alunos é de 8, independentemente do escalão/género;

- no final de cada período do ano letivo, os responsáveis dos grupos-equipas terão de redigir um documento a ser entregue ao diretor de turma, para ser apresentada na reunião com os encarregados de educação, fazendo um balanço do trabalho realizado pelo aluno contendo os resultados dos quadros competitivos, a avaliação qualitativa e a assiduidade;

O Ministério da Educação (2003, pp.5-6) elaborou no documento orientador do desenvolvimento do desporto escolar, três grandes finalidades do DE:

- A Promoção da Saúde, pelo contributo que pode representar para o bem mais importante da vida das pessoas. Considera-se que a prática de atividades desportivas escolares podem constituir-se como um fator determinante de influência na melhoria da saúde das crianças e jovens alunos, contribuindo decisivamente para a aquisição de hábitos de vida ativa e estilos de vida saudável, ao longo da vida.

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19 - O Desenvolvimento da Cidadania, visando promover a integração dos alunos na sociedade, no respeito pelos seus princípios, leis e valores, em autonomia, ou seja, de forma conjugada com os princípios, regras e valores de cada um. É indiscutível o elevadíssimo potencial de socialização que a prática dos jogos desportivos encerra, pela possibilidade de expressão de sentimentos de emoção, prazer e risco controlado; de adoção de comportamentos autonomia, responsabilidade e sentido crítico; de criação de ambientes de comunicação e de cooperação, no sentido do desenvolvimento da autoestima e do sentimento de pertença a um grupo.

- A Formação de candidatos a Bons Praticantes de Desporto é outra das finalidades. Quer isto dizer, possibilitar boas práticas desportivas a todos os alunos que, pelas mais diversas razões, queiram começar a praticar DE e, mais ainda, criando condições para que todos aqueles que pretendam aperfeiçoar as suas competências desportivas e, posteriormente, desejem especializar-se, tenham mais possibilidades de o conseguir.

O DE tem ainda como objetivos encontrar formas de equilíbrio entre a competição e o convívio, aumentar o número de praticantes, melhorar algumas competências motoras através do treino, das competições e atividades sócio/recreativas, combater o abandono escolar precoce, aumentar a oferta de atividades de enriquecimento curricular e melhorar a qualidade das práticas desportivas (Saldanha, 2008).

3.2-Pirâmide desportiva

As políticas educativas sociais no desporto só terão sucesso se as escolas, autarquias e clubes estiveram em sintonia e trabalharem em prol do desenvolvimento do mesmo. O programa do governo em 2006 referia que o desporto deveria ter um papel de serviço público, que a sua prática deveria ser executada em segurança, com qualidade, com dimensão internacional e que partilhasse de competências entre Administração Pública e o movimento associativo.

Só será exequível um desporto de qualidade se respeitarmos a pirâmide do desenvolvimento desportivo, em que todos juntos, Escola, Autarquias e Clubes colaborem em parceria, para o seu sucesso e para o seu elevado desempenho desportivo.

A base da pirâmide desportiva deverá ser ampla e bem alicerçada, com o objetivo de envolver o maior número de praticantes nas mais diversas modalidades desportivas.

É através da organização da Escola, Autarquias e Clubes que se iniciará a sensibilização para a prática desportiva. Na Escola, através de práticas recreativas e competitivas, nos Clubes a mobilização de jovens para as suas escolas de modalidade e, por fim, as Autarquias ao promoverem atividades desportivas para as suas populações, de

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20 forma a sensibilizar as mesmas para a importância da atividade física no bem-estar físico, mental e social do indivíduo (Petrica, 2006). Para tal, a pirâmide de desenvolvimento desportivo contém várias etapas até chegar à alta competição praticada nos Clubes, começando pela sensibilização e iniciação dos jovens para a atividades desportivas nas Escolas, Clubes e Autarquias, a fim de orientá-los e especializá-los de forma a ingressarem no desporto de alto rendimento, trabalho esse desenvolvido pelos Clubes.

(Escolas, Clubes, Autarquias….) Figura 1 – Pirâmide desportiva (Petrica, 2006).

Como demonstra a figura acima, a etapa da sensibilização requer, por parte dos agentes envolvidos, levar a que os jovens e a população em geral compreendam a importância das atividades desportivas na vida de cada um. Na iniciação, os objetivos são meramente educativos e formativos. A etapa de orientação tem os mesmos objetivos da etapa da iniciação, mas incidindo na integração dos jovens. Por fim a especialização, não se desviando dos objetivos educativos e formativos das outras etapas, mas sim elevando a qualidade de prestação desportiva, tem como finalidade o êxito desportivo, com marcas e recordes nas várias modalidades (Petrica, 2006).

SENSIBILIZAÇÃO INICIAÇÃO ENSINO Orientação ALTA COMPETIÇÃO ENSINO INICIAÇÃO SENSIBILIZAÇÃO Orientação Especialização ALTA COMPETIÇÃO

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21 A atual situação Desportiva Nacional

Em Portugal, embora haja uma participação quantitativa das populações nas práticas desportivas informais e de lazer, os números estão ainda longe do desejado, sendo no desporto de excelência onde se encontra uma confrontação mais desfavorável, com êxitos ocasionais de alguns atletas. Existe um crescimento pouco significativo do número de atletas nas federações desportivas, onde em algumas modalidades a tendência seja regressiva a números alcançados em décadas anteriores (Comité Olímpico de Portugal (COP), 2015).

É essencial que as políticas desportivas nacionais dêem importância à educação física e desportiva nas escolas, contribuindo para que haja uma correlação entre os níveis elementares do sistema desportivo. Tem havido “falta de convergências entre o sistema desportivo e o sistema escolar, quer nas condições de acesso à prática do desporto, quer, ainda, nas de complementaridade das exigências de preparação desportiva e escolar (COP, 2015, p. 4).

O país tem assistido a um declínio dos clubes de base local e regional, sendo estes em tempos o viveiro do sistema desportivo. Com a perda da vitalidade do associativismo, são as autarquias locais que vão subsistindo a este desmoronar do sistema desportivo.

Houve por parte do país, um investimento ao nível das infraestruturas de qualidade, sem que os ganhos qualitativos tenham acompanhado esse investimento. Há falta de objetivos bem definidos por forma a mobilizar todos os intervenientes: associações, atletas, dirigentes e famílias. Isto revela uma visão pouco clara, sem um estudo rigoroso, estratégico e benéfico para a qualidade da prática desportiva local, regional e nacional.

Para que se projete o desporto português para patamares mais próximos da média europeia e contribua para um maior envolvimento da sociedade com o desporto, é necessário que as entidades que compõem o sistema desportivo construam uma estratégia de desenvolvimento, em volta de quatro parâmetros (COP, 2015):

- melhorar, alargar e fidelizar a participação desportiva em todas as idades e segmentos sócio-económicos;

- melhorar a capacidade desportiva da população e, complementarmente, a sua aptidão física, desenvolvimento emocional e cognitivo através do desporto;

- melhorar a excelência desportiva;

- melhorar a intervenção e as sinergias entre os intervenientes no processo de valorização desportiva.

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3.3 - O Clube na Escola

Sendo a escola um lugar privilegiado de encontro de crianças e jovens, é lá que se deve fomentar o gosto pelo desporto, tanto nas aulas de EF como no DE. Contudo, o programa de formação desportiva é pouco explorado. Para que os programas desportivos tenham sucesso, é de grande importância que haja uma maior envolvência de atletas de escalões mais baixos (Filho et al., 2011). Na mesma linha de pensamento, Teixeira (2007) refere que o desporto na escola não pode dissociar-se do movimento federado, seja qual for o seu modelo organizacional, com o risco de estar a incrementar um desporto sem sentido.

Para se alcançar e obter, por parte dos jovens atletas, os resultados desejados, a escola e o clube têm por obrigação desempenharem as suas funções, quer na de iniciação desportiva, quer no desporto de alto rendimento, desenvolvendo as bases necessárias para que o jovem obtenha o seu sucesso desportivo (Cafruni, Marques & Gaya, 2006; Silva, L. et al., 2003).

O DE deve ser o local de encontro para fomentar a ligação entre a escola e a comunidade local, de forma a permitir a participação de todos parceiros sociais no desenvolvimento das suas atividades (Carvalho, 1987). Ainda relativamente à problemática do DE/Desporto Federado (DF), Teixeira (2007) afirma que o DE e o DF confluem para o mesmo objetivo, o desenvolvimento do desporto nacional, embora haja neles a desarmonia e descoordenação entre os dois sistemas. Por sua vez, Bento (1991) refere que não existe incompatibilidade entre o clube e escola, entre professor e treinador, entre educação e treino. Alude que não há um desporto, puro e educativo na escola e outro não pedagógico, impuro e não educativo; nem um desporto bom que se deve preferir e um desporto mau que se deve abdicar. Reforçando a ideia, Pires (2005, p.200) refere que:

“quer o DE, quer o DF têm a mesma vocação, ou seja, satisfazer as necessidades de prática desportiva dos jovens em idade escolar, e contribuírem em sentido mais lato para o desenvolvimento desportivo. A diferença entre os dois reside na missão. O DF tem como missão o rendimento, a medida, o recorde, o espetáculo e o profissionalismo. O DE deve ter uma missão de educação, generalização, catarse, recreação e saúde”.

No seguimento da correlação que deverá existir entre o DE e DF, o Documento Orientador do Desporto Escolar “Jogar pelo Futuro, Medidas e Metas para a Década” define que “a estratégia global do DE deverá desenvolver-se num triângulo com as Federações Desportivas (FD), as Autarquias e a Comunidade Educativa. No que diz respeito ao

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23 relacionamento com as FD, serão desenvolvidas iniciativas globais e específicas, junto dos diversos agentes do subsistema desportivo federado, no sentido de ver estabelecida uma necessária articulação ideológica, de suporte à indispensável cooperação a concretizar” (Ministério da Educação 2003, p.19). A este propósito, o PDE (2006-2007) refere nos seus objetivos específicos relativos à sua organização, que é importante “Reforçar as parcerias entre desporto escolar e outros agentes desportivos, incluindo associações locais, autarquias e o desporto federado” (Ministério da Educação, 2006, p.9).

O Sistema Educativo/Desporto Escolar e o Sistema Federativo/Desporto Federado, como já foi referido anteriormente, deverão cooperar entre si. Existindo ganhos nesta cooperação, como menciona Garcia (2005), o DE poderia assumir-se como um local de deteção de talentos para o desporto de elevado nível.

Em modo de conclusão, deve defender-se, cada vez mais, a ideia da criação de clubes escolares, tendo a escola um papel extremamente importante de contribuição nas etapas iniciais do processo de formação desportiva dos nossos alunos/atletas. A promoção da prática desportiva na escola servirá de estímulo para uma maior responsabilização dos direitos e deveres dos alunos, da família e da comunidade envolvente (sociedade). O PDE 2009/2013 procura concretizar o princípio que o DE só cumprirá a sua função social e cultural se houver cooperação entre o Sistema Educativo (SE) e o Sistema Desportivo (SD). Como Professor responsável de grupos de equipa no âmbito do DE, acredito piamente no “valor acrescentado” que o mesmo traz ao DF, sendo através do DE que se dá a iniciação e a orientação de uma dada modalidade, com vista à sua especialização.

Sarmento (1999, p.4) considera que:

"Muitos defendem que o papel do DE terá sempre uma plataforma de continuidade, assegurando as fases iniciais de formação desportiva, para mais tarde o sistema desportivo tradicional ou federado dar continuidade. Somos de opinião ligeiramente diferente, não reduzindo o papel de nenhum deles a qualquer tipo de submissão, que não sejam os condicionalismos impostos pelas limitações do estudo dos seus intervenientes."

Soares (2002) apresenta sumariamente algumas potencialidades do CDE:

1. Organização das práticas desportivas por níveis de aprendizagem;

2. Aproveitamento e rentabilização das instalações desportivas com horários compatíveis;

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24 3. Maior ligação entre a atividade desportiva e a atividade escolar curricular;

4. Autonomia financeira e organizativa;

5. Especialização dos professores no desporto escolar e criação de incentivos; 6. Maior abertura da escola em relação à comunidade através do desporto.

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Capítulo 4 - Percurso profissional

4.1 – Intervenção pedagógica /profissional por ano letivo

Neste capítulo farei uma abordagem às experiências educativas que ocorreram por efeito da minha prática profissional nos estabelecimentos de ensino, quer na componente curricular (disciplina de Educação Física), quer na de complemento curricular (modalidade de Andebol como atividade interna e externa do DE).

4.1.1 – Ano letivo 2000/2001

Após o estágio pedagógico, realizado em 2000, na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, defrontei-me com a candidatura a mini concursos de colocação de professores (nível nacional). Elegi diversos Centros de Área Educativa (CAE), tendo ficado colocado na Escola Básica e Secundária de Tarouca, com um horário letivo de vinte e cinco horas semanais.

Esta escola marcou-me particularmente por ter sido aí que iniciei a minha vida profissional como docente “autónomo”. Nela descobri a minha paixão pela modalidade de Andebol, tendo sido responsável por um grupo-equipa de iniciadas femininas, que foram campeãs da Direção Regional de Escolas do Norte, no ano letivo de 2000/2001.

Esta primeira aventura na modalidade não foi fácil. Tinha falta de formação específica na modalidade com a qual tinha contactado apenas no decurso da minha licenciatura. Acrescia ainda a minha falta de experiência como treinador/professor. Neste âmbito desempenhou um papel facilitador o amigo e colega de profissão, professor Carlos Dias, que me aconselhou, pedagogicamente, em relação às várias situações de treino. A sua experiência dentro de campo e a elevada capacidade de liderança que projetava em todos os alunos da escola constituíam um dos motores fundamentais da “engrenagem” da modalidade naquela escola.

Passo agora a descrever os passos seguidos para captar o interesse de potenciais atletas para a prática desportiva da modalidade, um dos quais foi um torneio intra e inter turmas realizado pelo Grupo de Educação Física. A ação facilitou muito o meu trabalho de captação e seleção, quer ao nível da qualidade, quer ao nível da motivação evidenciada pelas atletas. Foi também formalizado um compromisso para a realização de treinos às segundas-feiras, quartas-feiras e nos tempos livres, sempre que as partes tivessem disponibilidade. E assim começava o processo de treino, ao mesmo tempo que se procedia à pesquisa de informação em obras técnicas e documentação específica da área.

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