Universidade Nova de Lisboa
NOVA Medical School | Faculdade de
Ciências Médicas
Relatório Final
de
Estágio
Profissionalizante
2017/2018
Inês Vitorino Costa
nº2012231
Índice
1) Introdução ……….. 3
2) Síntese de atividades ………4
2.1) Saúde Mental………...……….4
2.2) Medicina Geral e Familiar ……….………5
2.3) Pediatria ……….………..5
2.4) Ginecologia e Obstetrícia ………..6
2.5) Cirurgia Geral ………. 6
2.6) Medicina Interna ……….7
2.7) Unidade Curricular Opcional ……… 8
3) Reflexão Critica ………..8
1) Introdução
O Mestrado Integrado em Medicina (MIM) pretende capacitar alunos de conhecimentos, competências e valores que os permita terminar a formação pré-graduada com as ferramentas necessárias para o exercício médico autónomo, em âmbito profissional. Aliado aos conhecimentos teóricos e competências práticas adquiridos ao longo do MIM, o estágio profissionalizante do 6ºano curricular permite a aplicação dos mesmos de uma forma mais autónoma, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades, comportamentos e atitudes fundamentais para a futura prática clinica.
No início do ano letivo propus-me cumprir objetivos transversais a todas as especialidades pelas quais iria passar e, também a alguns específicos, discriminados individualmente na Síntese das atividades. O primeiro objetivo a que me propus foi o de identificar lacunas, défices e limitações nos meus conhecimentos, de forma a corrigi-los, sendo que este exercício será uma constante que acompanha o trabalho do médico, ou seja, um processo dinâmico que nunca estará totalmente concluído. O segundo objetivo foi o de adquirir mais autonomia em tarefas especificas, que considero serem indispensáveis para a prática clinica futura, tais como na colheita de anamnese, execução de exame físico, interpretação de métodos complementares de diagnóstico (MCD), criação de hipóteses de diagnóstico, elaboração de plano terapêutico e execução de técnicas invasivas ou não invasivas. O terceiro e último objetivo a que me propus foi o de me integrar da melhor forma nas equipas em que fosse colocada, criando relações interpessoais fortes, interagindo com os vários profissionais de saúde, enfermeiros, técnicos de serviço social, auxiliares e administrativos, e também de criar boas relações médico-doente, através de uma
visão global do mesmo, com uma abordagem centrada na pessoa, englobando sempre o seu contexto biopsicossocial.
O presente relatório visa descrever, de forma resumida, as atividades realizadas no sexto ano curricular, e apresenta-se dividido por quatro grandes partes. A primeira, consiste numa introdução com exposição da organização do relatório e dos objetivos pessoais; a segunda corresponde à Síntese das Atividades, ou seja, exposição sucinta, por ordem cronológica, das seis valências que constituem o plano curricular (Saúde Mental, Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Ginecologia e Obstétricia, Cirurgia Geral e Medicina Interna); a terceira parte consiste numa reflexão critica e a quarta parte resume-se a uma exposição dos elementos valorativos, na forma de anexo.
2) Síntese das atividades
O estagio profissionalizante iniciou-se no dia 11/09/2017 e terminou no dia 18/06/2018. Para além de uma breve exposição sobre os seis constituintes do estágio profissionalizante, faço uma pequena descrição da Unidade Curricular Opcional.
2.1) Saúde Mental – CHPL – 11/09/2017 a 06/10/2017
O estágio parcelar de Saúde mental decorreu no CHPL, sob a regência do Professor Doutor Miguel Talina, e sob orientação do Dr. João Oliveira. Devido ao meu contacto prévio com a psiquiatria/saúde mental ter sido com a pedopsiquiatria, estabeleci como objetivos principais os de conhecer as principais patologias e distúrbios da personalidade, na idade adulta, em contexto nacional, desenvolver as minhas capacidades de comunicação e empatia e familiarizar-me com o exame do estado mental. Durante o estágio acompanhei diariamente o trabalho realizado no Hospital de dia, tendo participado nas consultas de admissão e nas reuniões do hospital de
dia, com a equipa multidisciplinar e com os doentes. Participei também na consulta externa, nas reuniões de serviço, e acompanhei o trabalho no Serviço de Urgência do HSJ. Assisti também a várias sessões clinicas, apresentadas no CHPL, sobre diversas temáticas da psiquiatria. As patologias com as quais mais tive contacto foram a esquizofrenia e o distúrbio bipolar.
2.2) Medicina Geral e Familiar – USF Cidadela – 09/10/2017 a 03/11/2017
O estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar decorreu na USF Cidadela, sob a regência da Professora Doutora Isabel Santos, sob orientação da Dra. Sónia Leal, nas duas primeiras semanas, e da Dra. Maria José Neto nas restantes semanas. Durante este estágio estabeleci como objetivos, compreender as particularidades a nível fisiológico e também biopsicossocial das várias fases etárias, desenvolver uma abordagem centrada no doente e melhorar as minhas técnicas de entrevista clinica, de maneira a construir uma boa relação médico-doente. Participei nas consultas de saúde do adulto, saúde materna, saúde materno-infantil, saúde infanto-juvenil, planeamento familiar, e consulta do dia. Por várias ocasiões foi-me dada a oportunidade de conduzir consultas de forma autónoma, sob supervisão. Elaborei um poster sobre as complicações crónicas da Diabetes Melitus, que foi posteriormente exposto na USF Cidadela no dia Mundial da Diabetes.
2.3) Pediatria – HDE – 06/11/2017 a 30/11/2017
O estágio parcelar de Pediatria decorreu no HDE, no serviço de Hematologia, sob regência do Professor Doutor Luís Varandas, e orientação da Dra.Paula Kjollerstrom. Os objetivos que estabeleci para este estágio foram os de conhecer e reconhecer as principais patologias pediátricas, treinar a realização de exame objetivo nesta faixa etária e estabelecer um discurso adequado tanto à criança ou jovem, como à família.
Acompanhei diariamente o trabalho realizado na enfermaria, tendo elaborado de forma autónoma diários clínicos, notas de entrada e notas de alta. Participei na consulta externa, na consulta imuno-alergologia, e acompanhei o trabalho da Dra. Paula Kjollerstrom no serviço de urgência. Apresentei uma história clinica sobre sequestro esplênico no contexto de drepanocitose, e apresentei no Seminário dos alunos um trabalho sobre disforia de género.
2.4) Ginecologia e Obstetrícia – HSFX – 04/12/2017 a 12/02/2018
O estágio parcelar de ginecologia e obstetrícia decorreu no HSFX, sobre regência da Professora Doutora Teresa Ventura, e orientação da Dra. Helena Pereira. Para este estagio estabeleci o objetivo de compreender os princípios gerais de atuação nas patologias mais prevalentes da especialidade, incluindo situações de urgência. Durante a rotação de ginecologia participei nas atividades da enfermaria, e na consulta externa, caraterizada por uma enorme diversidade de motivos de ida à consulta. Pude também observar a realização de ecografias ginecológicas, histeroscopias e duas histerectomias. Durante a rotação de obstetrícia participei nas consultas de diagnóstico pré-natal, consulta externa e nas atividades da enfermaria, tendo observado a realização de ecografia obstétrica. Em ambas as rotações acompanhei o trabalho realizado no Serviço de Urgência. Apresentei na reunião de serviço o tema “Sistema intrauterino de levonogestrel e cancro da mama”
2.5) Cirurgia Geral – HBA – 22/01/2018 a 16/03/2018
O estágio parcelar de cirurgia geral decorreu no HBA, sobre regência do Professor Doutor Rui Maio, e orientação do Dr. João Grenho. Como objetivos principais para este estágio destaquei os de compreender as principais síndromes cirúrgicas e familiarizar-me com as técnicas executadas em contexto de pequena cirurgia, bem
como as respetivas técnicas de assépsia e anestesia associadas. Este estágio consistiu em uma semana de aulas teóricas ou teórico-práticas, uma semana de serviço de urgência, quatro semanas de cirurgia geral e duas semanas de uma especialidade opcional, tendo escolhido a especialidade de gastroenterologia pelo gosto pessoal pela especialidade, e pelas técnicas associadas à mesma. Durante as semanas de Cirurgia Geral acompanhei o Dr. João Grenho no Bloco Operatório – onde participei como segundo ajudante numa hernioplastia inguinal – , consulta externa, que englobava primeiras consultas, por referenciação de outras especialidades, e consultas de seguimento pós-operatório. Participei no Mini-Congresso de cirurgia geral, tendo apresentado um caso intitulado de “Adenocarcinoma ulcerado da sigmoide”.
2.6) Medicina Interna – HEM – 19/03/2018 a 18/06/2018
O estágio parcelar de medicina interna decorreu no HEM, no serviço de Medicina IB, sob regência do Professor Doutor Fernando Nolasco, e orientação do Dr. João Delgado. Como principais objetivos para este estágio destaquei o facto de proceder de forma autónoma na enfermaria, e de realizar procedimentos ainda não realizados nos anos anteriores de curso. Fui integrada como um membro da equipa desde o primeiro dia do estágio, sendo responsável diariamente por 2 a 3 doentes, pela respetiva elaboração de diários clínicos, interpretação de MCDs, discussão de hipóteses diagnósticas, e elaboração de uma proposta de plano terapêutico. Destaco para além do contacto com os doentes da enfermaria de medicina, o contacto com os doentes da UCINTER, que me permitiu compreender algumas patologias mais complexas e graves, bem como a sua abordagem. Durante este estágio realizei várias técnicas, das quais destaco a realização de uma paracentese evacuadora, punção arterial femoral, colocação de acessos periféricos e várias punções arteriais radiais e
punções venosas. Pude assistir à colocação de CVC, linha arterial e entubação endotraqueal. Nestas 8 semanas contactei principalmente com doentes internados devido a agudização de quadros crónicos, sendo que a patologia crónica mais frequentemente encontrada era a doença pulmonar obstrutiva, e os motivos de descompensação eram quadros infeciosos. Destaco um caso que considero de interesse, principalmente pela marcha diagnóstica e pela frequência da patologia, uma senhora com diagnóstico de Síndrome de Sweet. Acompanhei o Dr. João Delgado semanalmente no serviço de urgência do HSFX, destacando a passagem pela sala de reanimação, devido ao gosto pessoal por situações de carater emergente. No final do estágio apresentei uma revisão teórica, com base num caso clinico, intitulada de “Endocardite infeciosa”.
2.7) Unidade Curricular Opcional – Medicina de Emergência e Catástrofe – 28/05/2018 a 08/06/2018
A escolha desta disciplina foi motivada pelo meu interesse em situações emergentes e de carater humanitário, tendo sido lecionada sob a regência do Dr. Rui Moreno. Pude visitar as instalações do CODU e INEM, e participar em exercícios Table Top e na discussão de variadas situações de emergência e catástrofe.
3) Reflexão critica
A organização do MIM forneceu as ferramentas necessárias para a formação de um jovem médico. Iniciou-se com disciplinas teóricas, progredindo para estágios observacionais, e terminando com o estágio profissionalizante onde os conhecimentos adquiridos previamente foram postos à prova, em que a autonomia foi aumentando, tendo sido possível vivenciar o dia-a-dia no meio profissional. Ao refletir sobre os objetivos a que me propus e defini na introdução, concluo que os cumpri
integralmente. No entanto, apesar de ter colmatado as minhas áreas deficitárias, com a prática do exercício clínico, irão surgir novos desafios, que implicarão um estudo e uma atualização de conhecimentos constante, e do apoio entre profissionais e trabalho de equipa.
Todas as especialidades que fazem parte do estágio profissionalizante contribuíram de forma ativa e complementar para a minha formação. Posso considerar que o estágio de Saúde Mental, foi fundamental para a minha formação, pois o meu contacto prévio com a Saúde Mental do adulto era quase nulo, e com este estágio pude contactar com as principais síndromes psiquiátricas e as suas abordagens, ferramentas fundamentais para o exercício clinico em qualquer especialidade.
O estágio de Medicina Geral e Familiar foi sem dúvida a pedra angular da criação da relação médico-doente, e foi principalmente neste estágio que pude desenvolver as minhas capacidades de comunicação/diálogo e condução de consulta. Foi neste estágio que contactei com a maior diversidade de patologias, faixas etárias, estratos sociais e económicos, consciencializando-me para o impacto que estas diferenças têm na abordagem individual do doente. Por estes motivos considero que o estágio de MGF devia ser alargado temporalmente. Destaco a importância do estágio de Pediatria pelo contacto com a faixa etária particular. Por ter interagido principalmente com crianças e famílias dos PALOP, adquiri mais capacidades no que diz respeito à compreensão do contexto biopsicossocial e às particularidades culturais deste grupo. O estágio de Ginecologia e Obstetrícia permitiu-me consolidar conhecimentos prévios, tendo sido enriquecedor pelas várias valências. O estágio de Cirurgia Geral mostrou-se útil, especialmente pela aprendizagem prática e pelos conhecimentos básicos consolidados e adquiridos na área cirúrgica, que são essenciais a todos os jovens médicos. Pelo rácio docente/discente 1:3, e pela presença de outros alunos, a
observação de cirurgias tornou-se difícil, implicando várias trocas entre os alunos. Este estágio talvez merecesse algum tipo de reformulação. O estágio de Medicina Interna foi aquele que me deu oportunidade de realizar tarefas específicas com maior autonomia desde o primeiro dia, algo que valorizo. Por ter sido o último estagio, pude aplicar todas as competências adquiridas previamente, pondo diariamente à prova os meus conhecimentos e realizado técnicas que aspirava efetuar. O facto de existir uma rotina permitiu-me conhecer todos os membros integrantes do serviço e criar boas relações interpessoais.
Ao analisar cada estágio individualmente, concluo que concretizei os objetivos específicos a que me propus.
Este ano mostrou-se fundamental na minha formação, pois, foi como que uma simulação do futuro, acompanhado de constante aprendizagem. Para além de consolidar conhecimentos, aprendi imenso, fiquei a compreender que o doente deve ser visto como um todo, e não como a soma das diferentes partes, que faz parte do papel do médico adaptar-se constantemente ao seu meio envolvente e que o trabalho em equipa é fundamental para a boa prática clinica.
Resta-me apenas congratular a NOVA Medical School pela excelente organização do MIM, e agradecer a todos os assistentes, tutores, profissionais de saúde, amigos e colegas que me acompanharam neste percurso e contribuíram para a minha formação.
