• Nenhum resultado encontrado

A construção de conhecimentos sociológicos em ambientes colaborativos de aprendizagem: uma interação tecnometodológica

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A construção de conhecimentos sociológicos em ambientes colaborativos de aprendizagem: uma interação tecnometodológica"

Copied!
107
0
0

Texto

(1)

Mestrado em Ciência da Computação

Área de Concentração: Informática na Educação

Dissertação de Mestrado

A construção de conhecimentos sociológicos em ambientes

colaborativos de aprendizagem - uma interação tecnometodológica

Orientador Prof® Dr.Leandro José Komosinski

Orientanda Eunice Léa de Moraes

Belém - Pará

2001

(2)

Mestrado em Ciência da Computação

Área de Concentração: Informática na Educação

Dissertação de Mestrado

A construção de conhecimentos sociológicos em ambientes

colaborativos de aprendizagem - uma interação tecnometodológica

Socióloga Eunice Léa de Moraes

Dissertação de Mestrado, apresentada como exigência para obtenção do Titulo de Mestre em Ciência da Computação, área de concentração Informática na Educação, pela Universidade Federal de Santa Catarina em convênio com o Centro de Estudos Superiores do Pará, orientada pelo Prof Dr. Leandro José Komosinski

Belém - Pará

2001

(3)

colaborativos

de

aprendizagem:

uma

interação

tecnometodológica.

Eunice Léa de Moraes

Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Ciência

da Computação Área de Concentração Sistemas de Conhecimento e aprovada em sua

forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação.

Leandro José Komosinski, Dr.

Orientador

remando Ostuni Gauthier, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora

Leandro José Komosinski, Dr.

Presidente

(4)

“Vivam por mim, já que eu não posso mais viver a alegria de trabalhar com estas crianças e estes adultos, que com sua luta e com sua esperança estão conseguindo ser eles mesmos e elas mesmas’’.(Paulo Freire,

dez. 1996. Mensagem aos

educadores e educadoras do MST)

(5)

À minha família, em especial Célia e Ana Letícia pelo estímulo, compreensão e apoio nas horas difíceis que passamos nessa trajetória que por ora finalizamos.

Ao sobrinho e afilhado Lucas, que a nossa luta pela educação humanizadora, política e libertadora, possibilitem um futuro melhor para sua geração que se insere no mundo da palavra neste novo milênio.

Aos alunos e alunas de Metodologia de Ensino Ciências Sociais, pela colaboração na percepção e análise das aulas de Sociologia do Ensino Médio, que deram o toque especial na construção deste trabalho.

Aos professores e colegas do Mestrado, pela unidade construída na diversidade vivida na totalidade do curso.

(6)

Aos Mestres com carinho, ProP Ottilia Moraes, (in memóriam).Mãe, obrigada por ter nos colocado no caminho da educação.

ProP Paulo Freire, (in memóriam). Obrigada por ter construído uma Educação humanizadora, política e libertadora.

ProP Florestan Fernandez, (in memóriam). Obrigada pela Sociologia crítica que fez pensarmos diferente.

ProP Ana Tancredi e ProP Olgaíses Maués, companheiras de luta.Obrigada pelo estímulo e apoio na vida acadêmica.

ProP Leandro Komosinski orientador.Obrigada pela orientação, estímulo e dedicação nessa trajetória que por ora finalizamos.

ProPJorge Antonio Souza, obrigada pela colaboração na orientação do trabalho.

Aos deuses, santos e orixás, obrigada pela proteção.

(7)

O projeto desenvolvido enfocou a questão da construção coletiva do conhecimento de Sociologia no Ensino Médio, através da integração de tecnologia computacional, metodologia e atividades de aprendizagem.A pesquisa foi categorizada como uma pesquisa qualitativa através da qual estruturou-se uma experiência didático- metodológica, de construção de conhecimentos de Sociologia em Ambiente de Aprendizagem Colaborativo, com apoio do computador.A proposta metodológica que se implementou, com apoio do computador, tem como foco a construção do conhecimento pelos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem.Embasa - se na abordagem sociointeracionista, no pensamento de Paulo Freire e Vygotsky.

O modelo criado de modelagem do Ambiente de Aprendizagem Colaborativo de Sociologia do Ensino Médio, denominado - ACASEM - é uma grande teia que interliga vários ambientes, formando um imenso hipertexto. Este ambiente é composto pela

agenda de estudos, aula expositiva, lista de discussão, home page, dúvidas. Estes

associados entre si formam os elos da teia e criam outros ambientes conectados mutuamente, constituindo novos elos de ligação ao ambiente central - ACASEM. Os cinco ambientes são acessados no menu principal, possibilitando penetrar nos diversos assuntos sociológicos, de acordo com as orientações das temáticas geradoras construídas na sala de aula, além de pesquisa, cadastro de endereços, trocas, debates, arquivo das aulas, construção coletiva.Deste modo, os conteúdos sociológicos, serão os resultados de um processo dialógico que desperta nos sujeitos envolvidos uma outra maneira de relacionar-se com a experiência vivida. As interações entre os diversos ambientes do ACASEM acontecem a partir das conexões que o aluno estabelece na sua participação em construir o conhecimento.

Palavras Chaves: Aprendizagem - Sociologia - Educação -Construção - Sujeitos Colaboração - Dialética- Interação - Ambientes - Conhecimento-lnformática

(8)

The developed design focused the question of the collective construction of the knowledge of Sociology in Ensino Midio, through the integration of computational technology, methodology and activities of learning. A research was categorized as a qualitative research through which structuralized an experience didactic-methodology, of construction of knowledge of Sociology in Environment of Collective Learning, with bracket of computer. A proposal methodology that if implemented, with bracket of the computer, has as focus the construction of the knowledge for the involved citizens in the process of learning. Embasa - if in the social interactive boarding, in the thought of Paulo Freire and Vygotsky.

The model bred of modeling of the Environment of Learning Collective of Sociology of Ensino Midio, called. ACASEM - it is a great web that stabilized connection some environments, forming immense hiper text. This environment is composite for the agenda of studies, explosive lesson, stack of quarrel, Home Page, doubts. These associates between itself form the links of the web and create other hardwired environments at the same time, constituting new connector links to the central environment. ACASEM. The five environments are had access in the main menu, making possible to penetrate in the diverse sociological subjects, in accordance with the orientation of the thematic generating constructed in the classroom, beyond research, register in registration of addresses, swaps, debates, archive of the lessons, collective. Sinse construction mode, the sociological contents, will be the results of a dialog process that awakes in the involved citizens one another way to become related with the lived experience. The interactions between the diverse environments of the ACASEM happen from the connections that the pupil establishes in its participation in constructing the knowledge.

Words Keys: Learning - Sociology - Education - Construction - Citizens Contribution - Dialectic Interaction - Surrounding - Knowlegment - Informatic.

(9)

Introdução

Capítulo 1 - Educação e Tecnologia 1.1. Considerações Gerais

1.2.A Relação entre Educação e as Tecnologias Computacionais

Capítulo 2 - A Perspectiva Histórica da Sociologia. 2.1.A Sociologia como Ciência

2.2.A Sociologia da Educação

2.3.0 Ensino da Sociologia no Brasil. Capitulo 3 - Enfoques Teóricos sobre Aprendizagem

3.1. Principais Correntes Teóricas 3.2. Abordagem Sociointeracionista 3.3.Aprendizagem Colaborativa.

Capítulo. 4 - Modelagem de um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem de Sociologia do Ensino Médio 4.1 Introdução

4.2. Construção da Teia de Conhecimentos 4.3. A Teia de Conhecimentos Sociológicos Capítulo 5 - Conclusões finais e futuros trabalhos Bibliografia Consultada

Anexos

Anexo 01 - Implementação Parcial do ACASEM Anexo 02 - Manifesto

Anexo 03 - Projeto de Lei

(10)

INTRODUÇÃO

O aparecimento de um novo paradigma de produção industrial - produção flexível, no contexto mundial, vem configurando um complexo processo que tem sido denominado de reestruturação produtiva. Este processo, aliado ao fenômeno da globalização da economia, configura um novo padrão de acumulação, provocando mudanças significativas na produção, no consumo e nas relações sociais de trabalho. Estas mudanças entre outras, tem exigido uma outra qualificação dos trabalhadores.Nesta nova fase de organização do trabalho, o conhecimento, a capacidade e as competências passam a concorrer com a própria conceituação de trabalho, servindo de base para a construção de condições plenas para servir ao mercado, tanto no que diz respeito à área de produção quanto à dos serviços.A ênfase que está sendo dada é ao fator qualidade, o que implica prioritariamente em discutir e perseguir a qualidade da educação e dos processos de ensino - aprendizagem.

No entendimento de Moram (2000), educação de qualidade difere de ensino de

qualidade. Na educação, o ponto focal, além de ensino, é possibilitar a integração desse

ensino à vida, ou seja, conhecimento e ética, ação, reflexão e ação, para construir uma visão de totalidade. Educação, nesta ótica, é a articulação de todas as dimensões da vida humana, na busca da autonomia intelectual, pessoal, profissional e afetiva que possibilite a construção de uma nova sociedade, diferente da atual. Neste sentido, o conhecimento e o domínio sobre a informática surgem como um elemento de conquista da cidadania, tanto como instrumento de utilização doméstica cotidiana como um dos meios para a disseminação e democratização da informação e do conhecimento. Assim, para alcançar este fim, é preciso um processo educativo que favoreça a apropriação desse saber ao sentido da cidadania coletiva.Isto vem reforçar a necessidade de projetos de estudos e pesquisas que envolvam a formação profissional de educadores, em diversas abordagens voltadas para os diferentes ramos e ocupações produtivos e processos de trabalho.

O projeto desenvolvido enfocou a questão da construção coletiva do conhecimento de Sociologia no Ensino Médio, através da integração de tecnologia computacional, metodologia e atividades de aprendizagem.

(11)

A pesquisa foi categorizada como uma pesquisa qualitativa1, através da qual estruturou-se uma experiência didático-metodológica, de construção de conhecimentos de Sociologia, em Ambiente de Aprendizagem Colaborativo, com apoio do computador.

A utilização do computador num processo de trabalho voltado para a Educação deve considerar prioritariamente dois fatores jmportantes: a ferramenta de construção de conhecimento e o ambiente de aprendizagem.

O computador como ferramenta de construção de conhecimento possibilita ao sujeito tanto dar formas às suas idéias, quanto analisá-las para poder modificá-las. Além da disponibilidade do uso da ferramenta, é importante que o sujeito envolvido no processo educativo esteja inserido em um ambiente de aprendizagem onde tenha a oportunidade de vivenciar determinadas situações nas quais possa utilizar conceitos, estratégias e idéias suas compartilhadas com outros sujeitos que integram o contexto onde a experimentação acontece.

Estas idéias estão dentro de uma concepção de educação em que o processo de aprendizagem caminha melhor quando o conhecimento tem um significado para o sujeito, possibilitando o compreender, o usufruir ou o transformar a realidade. Desta forma, a construção do conhecimento contribui para a conquista dos direitos da cidadania, para dar prosseguimento aos estudos, bem como, para o trabalho. Há uma apropriação do saber pelo sujeito.

Assim, o computador como um recurso didático pode criar melhores condições de aprendizagem, desde que sejam exploradas todas as vantagens que esta ferramenta pode oferecer, numa sala de aula /ambiente educacional possibilitando ao aluno raciocinar através de uma situação - problema, de modo que possa descrever raciocínio próprio e refletir sobre o resultado alcançado, podendo desencadear um processo de reformulações do raciocínio original rico na busca de melhores soluções.

As razões que estas novas tecnologias sejam usadas na educação justificam-se pela concepção de mundo, de sociedade e de homens e mulheres que se quer formar.

Neste sentido o interesse pela temática partiu da comprovação de que as transformações que vem ocorrendo na sociedade, nos seus processos de organização e produção, têm pressionado significativamente a educação no sentido de operar

1 " a

abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma

interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O

conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa: o sujeito - observador é parte

integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado." Chizzotti (1991, p. 79 ):

(12)

mudanças na forma de ensinar e de aprender. Por outro lado os avanços tecnológicos ocorridos fora do espaço escolar têm colocado também, em xeque as formas convencionais de aula utilizadas pela escola desmotivadoras tanto para professores quanto para os alunos.

Dados levantados pelos alunos de Metodologia de Ensino de Ciências Sociais da UFPA nos últimos cinco anos, sobre o desenvolvimento da disciplina Sociologia do Ensino Médio, dão conta de que as aulas são monótonas, fora da realidade, sem

significação concreta para as necessidades e interesses dos alunos.

Na pesquisa feita pelos alunos e alunas da disciplina de Metodologia de Ensino de Ciências Sociais da UFPA, esta tendência aparece muito forte, conforme se observa nas falas dos entrevistados.

Espero que esta matéria seja mais interessante do que as outras e que tenha um sentido mais claro, (aluno da cidade de Abaetetuba/PA, 1999).

deveria explicar melhor, fugir da rotina do quadro e do giz, fazer mais trabalhos práticos e mais exercícios, (aluno da cidade de Belém, 1998).

deveria ter debate, aula dialogada, trabalho de campo, são importantes para entender a disciplina, assim como, de vídeos, revistas, comparando com a realidade, associando tudo aquilo que é importante para a vida de cada um, ampliando a visão de mundo de cada um. (aluna de Belém, 1998).

Percebe-se pelas falas dos professores entrevistados que a disciplina Sociologia tem como objetivo desenvolver o senso crítico do aluno frente à realidade, entretanto, quando perguntados sobre a metodologia utilizada e o material didático, as respostas da grande maioria foi: aula expositiva, trabalho de grupo, seminário, quadro de giz, apostila, resumo.

A Sociologia é importante por que ajuda na compreensão da sociedade em que se vive, favorecendo uma reflexão crítica sobre os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, pelos quais passam uma sociedade, tendo em vista que a Sociologia oferece oportunidade para que se faça uma retrospectiva histórica das sociedades e assim compará-las com a sociedade atual. (Professora da Cidade de Santarém/PA, 1997)

Geralmente usamos aulas dialogadas, debates e discussões através de seminários, trabalhos práticos, que o aluno tem a total liberdade para criar. (Professor da cidade de Belém/PA, 2000)

Os alunos ainda não são trabalhados desde a sua inserção na escola para pensar e refletir sobre sua realidade, portanto, este momento acontece com mais seriedade no ensino médio e aí temos que desenvolver nesses alunos o processo de reflexão e formação da cidadania (Professora da escola pública da cidade de Abaetetuba/PA, 1999).

Eu passo todo o conteúdo aos alunos e estes escolhem os temas que mais gostaram.(Professor da cidade de Castanhal/PA, 2000).

(13)

Para um professor, o planejamento da disciplina não é importante. E ele deixou claro na entrevista que joga as questões de revistas e jornais e que os alunos se saem

muito bem nas d/scussões.Finalizou dizendo que:

Hoje o aluno é outro, trabalha com coisas atuais, eu não discuto sexo dos anjos com eles, eu começo com uma simples introdução, digo pra ele que a Sociologia vai falar da sôciedade e do homem, falo do objetivo do ensino da sociologia no segundo grau, falo da realidade. (Professor da rede pública da cidade de Belém,

1998).

Nota-se na fala do professor, uma falta de entendimento e conhecimento sobre a disciplina, além do descompromisso com a educação e formação dos alunos, é como se ele não fizesse parte do universo da disciplina, porque ela "fala por si só". Não há uma preocupação com a aprendizagem.

Cursos assim, desordenados e fragmentados, reproduzem o senso comum que vê a Sociologia como uma ciência cujo conhecimento é adquirido (e mesmo produzido!) de forma evolutiva, através da mera soma de palavras ou temas apreendidos pelos alunos. São cursos em que os conceitos ou temas nem aparecem sistematizados a partir de uma concepção histórica, nem mesmo relacionados entre si numa seqüência lógica, o que leva à concepção de totalidade social como uma soma de partes diferentes entre si.(Meksenas, 1994) Estas referências apontaram a necessidade de um estudo cujos objetivos e os fundamentos busca transformar a prática docente em uma práxis crítica, criativa, inovadora e participativa, envolvendo educadores (as) e educandos (as) no processo de aprendizagem desenvolvido na disciplina Sociologia, possibilitando um

ensino e uma educação de qualidade, através da construção de conhecimentos

sociológicos em ambientes de aprendizagem colaborativos. Ou seja, a proposta metodológica de aprendizagem trabalhada no projeto, tem como centralidade à construção do conhecimento pelos sujeitos envolvidos num processo de aprendizagem colaborativa A aprendizagem colaborativa, definida como "uma atividade síncrona

coordenada que é o resultado de uma tentativa continua de construir e manter uma concepção compartilhada de um problema” (Roschelle 7 Teasley, 1995)apud. (Rosatelíi et alli, 2000).Infere-se, assim, que o conhecimento é construído pelo sujeito na sua

relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.(Freire). A proposta metodológica de aprendizagem colaborativa que se implementou, com apoio do computador, tem como foco a construção do conhecimento pelos sujeitos envolvidos no

(14)

computador, tem como foco a construção do conhecimento pelos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem. A proposta embasa - se na abordagem sociointeracionista, no pensamento de Paulo Freire e Vygotsky.

Essa concepção metodológica busca fomentar a troca de experiências, vivências e conhecimentos entre educadores e educandos, mediados pela realidade social, de forma interdisciplinar, na perspectiva libertadora de educação que parte da compreensão que o desenvolvimento humano se processa de maneira dialética e dialógica. A metodologia situa-se como mediadora do saber escolar e as condições reais dos sujeitos, possibilitando o desenvolvimento do conhecimento, com o objetivo à apropriação crítica da realidade para transformá-la. O ponto de partida e de chegado da trajetória da construção do conhecimento é a prática social com o fim de transformá-la. (Moraes, 2001, p. 139,140.)

A base teórica do trabalho fundamentou-se na corrente dialética1 do pensamento, onde a construção do conhecimento se desenvolve através do envolvimento crítico dos sujeitos em suas relações sociais. A metodologia dialética2 fundamenta-se numa concepção de conhecimento que compreende o homem e a mulher como seres ativos e de relações. Assim, o conhecimento trabalhado em sala de aula é construído pelo sujeito na sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.

Com estes pressupostos, problematizou-se o seguinte: como transformar a prática dos professores e professoras de Sociologia do Ensino Médio, em crítica, inovadora e participativa, com auxilio do computador? A partir desta problemática, algumas questões nortearam esse estudo tais como: qual a relação entre educação e as tecnologias computacionais? Quais os principais fundamentos pedagógicos na área da aprendizagem em ambientes colaborativos? Qual a relação entre esses ambientes e o ensino da Sociologia? Como construir um “modelo” de aprendizagem de Sociologia em ambiente colaborativo? Que fatores têm que ser considerados na construção desse “modelo”? Esta estratégia didática contribui para o processo de aprendizagem dos alunos e alunas de Sociologia, no sentido da formação da cidadania?

2 Em Hegel, significa, ao mesmo tempo: a) uma propriedade das coisas ou fenômenos que supõem ou

implicam seu oposto ou contrário; b) o método pelo qual as coisas ou fenômenos são examinados em sua totalidade _ como afirmação ou negação. O método dialético de Marx toma a dialética hegeliana como ponto de partida, mas a inverte: contrariamente a Hegel, para Marx, o mundo material não é um reflexo da " Idéia Absoluta", mas as idéias é que são um reflexo do mundo material. Para Marx, as mudanças na sociedade capitalista têm origem nas suas próprias contradições _ entre valor de uso e valor de troca, entre forças produtivas e relações sociais, entre capital e trabalho. É como resultado do desdobramento dessas contradições internas que a sociedade2* capitalista se transforma, quantitativamente e qualitativamente, numa outra coisa. O método dialético é aquele que toma em consideração a natureza dialética é aquele que constituem estas transformações. (Silva, 2000, p. 40).

(15)

A solução proposta ao problema levantado foi o desenvolvimento de um modelo de aprendizagem em ambiente colaborativo apoiado por computador, utilizando uma ferramenta de comunicação/discussão em grupo baseada em Web.

Existem vários trabalhos na área da Sociologia que analisam as novas tecnologias, abordando o processo de Globalização, a Informatização, a Sociedade do Conhecimento do ponto de vista sociológico. Outras experiências tratam da utilização da informática enquanto ferramenta na utilização de jornais, revistas eletrônicas. Entretanto, experiência tematizando a informática aplicada ao ensino de Sociologia ainda é incipiente, sobretudo na abordagem sociointeracionista segundo o pensamento de Paulo Freire e Vygotsky, assim como, na perspectiva de construção do currículo integrado em rede.

A relevância contemporânea e científica da pesquisa realizada justifica-se pela constatação de que a experiência ainda é incipiente.

Para discussão da temática, a dissertação. Foi organizada em 4 capítulos: o primeiro trata da relação entre Educação e Tecnologia, o segundo versa sobre A Perspectiva Histórica da Sociologia, o terceiro trata dos Enfoques Teóricos sobre Aprendizagem, e o último aborda a concepção e construção de um modelo de Ambiente Colaborativo de Aprendizagem de Sociologia do Ensino Médio. - ACASEM.

(16)

CAPÍTULO 1 - EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA 1.1 Considerações Gerais

O Banco Mundial formado por um conjunto de instituições, com a presidência na mão dos EUA, é quem determina hoje as políticas educacionais. Em um relatório de 1995 , o Banco mundial expressa de maneira clara como deve ser tratada a formação do educador

" o conhecimento das matérias por parte dos professores esta fortemente

associado e consistentemente relacionado ao rendimento dos alunos(..) A estratégia mais eficaz para assegurar que os professores tenham um conhecimento idôneo demonstrados através da avaliação de seu desempenho(..) A capacitação em serviço também pode melhorar o conhecimento da matéria e das práticas pedagógicas pertinentes. Ela é ainda mais eficaz quando se vincula diretamente à prática da sala de aula e é realizada pelo diretor da escola"

(Warde,96:160).

Para o Banco mundial, a capacitação em serviço é mais importante que a formação inicial nos cursos de graduação das licenciaturas, o conhecimento da matéria tem mais peso para o rendimento dos alunos do que o conhecimento político- pedagógico.Esta lógica do Banco Mundial, teve um peso importante na aprovação da Lei de Diretrizes Base da Educação Brasileira - LDB, em dezembro de 1996, sob o número 9.394/96.No art. 61 e incisos, essas análises foram traduzidas deste modo.

"a formação de profissionais da educação... terá como fundamentos a associação entre teorias e práticasf. ) inclusive mediante a capacitação em serviço e o aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades"..

Percebe-se claramente que a LDB brasileira, cumpre religiosamente a determinação do Banco Mundial, que é o aligeiramento da formação do educador.Estas incursões são necessárias para que possamos entender o quadro que esta posto pelos governos neoliberais para a educação.Para entendermos as estratégias que o projeto neoliberal no Brasil tem reservado para a educação é necessário compreendermos que este processo é parte de um processo internacional maior.

Esta tentativa nacional de conquista hegemônica segue os mesmo passos e de forma atrasada, um processo que se desenvolveu em paises centrais como EUA e Inglaterra com os primeiros governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher. A constmção da política como manipulação do afeto e do sentimento; a transformação do espaço de discussão política em estratégias de convencimento publicitário; a celebração da suposta eficiência e produtividade da iniciativa privada em oposição à ineficiência e ao desperdício dos serviços públicos; a redefinição da cidadania pela qual o agente político se transforma em agente econômico e os cidadãos em consumidores são todos elementos centrais importantes do projeto neoliberal global. É nesse projeto global que se insere a redefinição da educação em termos de mercado. (Silva, 1995: p. 14, 15).

No âmbito da produtividade, podemos destacar a revolução da micro - eletrônica ou informática, as mudanças na organização do trabalho, na forma como as empresas se articulam, na regulação entre capital e trabalho, na emergência de novos modelos de produção (toyotismo).Esse conjunto de novos elementos que aparecem na sociedade atual, se convencionou chamar de reestruturação produtiva, que para alguns estudiosos

(17)

o novo contexto elimina a sociedade do trabalho, que é substituída pela sociedade da informação, o trabalho com categoria ontológica central da sociedade desaparece.

As atenções voltam-se para a Educação, que para muitos é o sustentáculo da nova sociedade, onde a informação é poder - aprender a se informar, manipular sistemas abstratos de informação, torna-se condição sine qua non para se incluir na sociedade. Surge a indagação: quais as habilidades e comportamentos que se espera dos Educadores no novo contexto? Como aprendê-las? Qual será o destino dos Educadores que não se adaptarem à nova ordem?Estas questões não serão resolvidas simplesmente pela aplicação da LDB. Parto do princípio de que a Universidade não pode apenas formar profissionais, sua função não é simplesmente profissionalizante. A Universidade tem a função de construir saber,

um saber comprometido com a verdade porque ela é a base de construção do conhecimento. Um saber comprometido com a justiça porque ela é a base das relações entre os humanos. Um saber comprometido com a beleza porque ela possibilita a expressão da emoção e do prazer, sem o que a racionalidade reduz o humano a apenas uma de suas possibilidades. Um saber comprometido com a igualdade porque ela é a base da estrutura social e inerente à condição humana(Belloni, 92).

A produção do conhecimento na educação implica em que as questões sociais, políticas, econômicas e culturais sejam tratadas em sua unidade, evitando obter-se um conhecimento fragmentado, parcial da realidade. As especializações no campo da educação devem buscar a integração de seus domínios naquilo que se verifica de fato na realidade social.

A LDB apresenta alguns avanços e outros recuos no processo de democratização da educação brasileira. O Art. 1o diz que a “educação abrange os

processos formativos que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais".

Este é um conceito abrangente de educação, que possibilita a correção do processo fragmentado da educação que ocorre em nosso país. È um ponto positivo, pois a concepção de educação básica é ampliada, considerando que este nível de conhecimento é indispensável à todos os cidadãos e cidadãs, compreendendo a educação infantil, fundamental e média, projetando uma nova dimensão à formação do homem e da mulher. Outro ponto relevante é o preceito de que a educação escolar deve estar vinculada ao mundo do trabalho e a prática social. È evidente que precisamos ter claro o entendimento sobre mundo do trabalho e prática social, a lei ao preconizar este preceito nos induz a uma análise da prática educacional no país em relação a desvinculação entre teoria e prática, trabalho intelectual e manual, escola e realidade, além da forma rígida e autoritária que a escola esta organizada, em função dos novos conceitos e práticas educacionais que o mundo atual aponta.

A lei sinaliza de modo geral uma certa flexibilização da forma de organização do tempo, no aproveitamento de experiências extra-classe; definição de calendário, critérios de promoção, ordenação curricular, inclusão da educação artística como atividade obrigatória, inclusão no nível médio da Sociologia e da Filosofia, tão necessárias à formação da cidadania.

A exigência de um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; um terço do corpo docente em regime de tempo integral; possibilidade de transferência de alunos regulares entre as instituições de nível superior,

(18)

havendo vaga, mediante processo de seletivo, o aumento do numero de dias letivos na educação superior ,para duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais são alguns pontos positivos.

Vários aspectos da educação na LDB são tratados de modo equivocado e simplista, contrariando o processo de conquistas que o movimento docente vinha avançando. Entre tantos, podemos citar a carreira e valorização dos profissionais da educação.O ensino médio e superior foram os mais atingidos, houve um retrocesso no encaminhamento dado à eles na LDB.A formação do educador aparece de forma confusa e indefinida, numa proposta aligeirada, desvalorizada e desrespeitosa, deixando brechas para a privatização da escola pública, para o desmonte da educação profissional e das universidades.

Como um projeto alternativo contraria ao projeto Neoliberal, a ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação), defende que a Universidade é o espaço privilegiado de formação dos profissionais da educação, pela sua universalidade e locus da investigação e pesquisa, e em seu interior, o papel central que as Faculdades/ Centros de Educação tem na organização e produção de conhecimento na área da educação.

Os Centros e Faculdades de Educação, vem fazendo um grande esforço no campo da formação de professores, apesar da ausência de política na área e dos graves problemas que afetam as universidades públicas, em razão da política financeira dos últimos tempos, como a falta de recursos, infra-estrutura deficiente, bibliotecas defasadas, aposentadorias em massa, tem dificultado muito essas instituições darem respostas aos novos desafios que estão postos para a formação dos profissionais da educação. A ANFOPE coloca com pressuposto básico para a formação dos profissionais da educação o seguinte: a relação entre teoria e prática, ensino e pesquisa, conteúdo específico e conteúdo pedagógico, de modo a atender a natureza e a especificidade do trabalho educativo.

Os cursos de formação dos profissionais da educação devem se organizar com projeto pedagógico específico para a formação, articulados, nas universidades e IES, ao projeto pedagógico global da instituição. O projeto pedagógico das escolas de formação, será resultante de trabalho coletivo e interdisciplinar propiciando fortalecimento da escola como local de formação continuada.

Além disso, o PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR, construído democraticamente no espaço do I e II CONED, estabelece entre outros princípios: consolidação de um Sistema Nacional de Educação; a valorização dos profissionais da educação; educação pública, gratuita e de qualidade; autonomia das escolas e universidades na elaboração do projeto político-pedagógico de acordo com a s características e necessidades da comunidade; a organização dos currículos que assegurem a identidade do povo brasileiro, o desenvolvimento da cidadania, as diversidades regionais, étnicas, culturais; instituir mecanismos de avaliação interna e externa, em todos os segmentos do sistema de Nacional de Educação, com a participação de todos os envolvidos no processo educacional, através de uma dinâmica democrática, legítima e transparente, que parte das condições básicas.

Precisamos conhecer e nos apropriar das estratégias que as organizações populares e democráticas ligadas a educação estão propondo ao combate ao neoliberalismo, e lutar em todos os fóruns e esferas para a implementação das mesmas.

Relacionar a educação às novas tecnologias suscita situá-la no contexto das relações sociais. Por intermédio da educação, enquanto fator ideológico, as classes

(19)

dominantes criam, organizam, estabelecem e divulgam os padrões culturais, éticos, científicos, artísticos etc, em favor de seus interesses, embora, não se possa dizer que a educação é somente a representação dos interesses dominantes.

.A educação compreende processos formais, informais, institucionais, ideológicos, políticos, pedagógicos, éticos que são elaborados, organizados e socializados.

Nas novas tecnologias, há um conhecimento científico avançado que é aplicado ao processo produtivo Para Barros (1988), indubitavelmente, a Informática constitui um salto qualitativo na história da humanidade, pois com ela, pela primeira vez o desenvolvimento tecnológico deixa de apenas ampliar a capacidade sensório motora do homem para ampliar parte de sua própria capacidade mental de processar informações. Entre a Educação e a Informática existe uma vinculação histórico - social que se precisa entender..

Pierre Lévy, no livro Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era

da informática (1999) chama atenção para uma visão denominada de ecologia cognitiva. Para introduzir esta nova versão do pensar e do conviver no mundo da

informática, traça uma linha do tempo e um mapa de concepções historicamente produzidas por sujeitos coletivos.Faz um recorte, estabelecendo um paralelo entre as teses defendidas sobre o pensamento, conhecimento e técnica com um novo conhecimento - a informáticaA partir desta introdução, defende a idéia da ecologia

cognitiva, argumentando no II Capítulo -Os três tempos do espírito: a oralidade primária, a escrita e a informática - a questão da palavra e memória, a escrita e a história, a rede

digital, o tempo real e o esquecimento.Mostrando dados técnicos, questiona a temporalidade social e os modos de conhecimento inéditos que emergem do uso das novas tecnologias intelectuais baseadas na informática Deste modo o autor re-significa a evolução contemporânea da informática, dentro da história das tecnologias intelectuais e as formas culturais em que elas estão ligadas, perguntando como e por que diferentes tecnologias intelectuais geram estilos de pensamento distintos. O argumento utilizado é o de que para se passar das descrições, sejam antropológicas ou psicológicas, para as explicações são necessárias análises que articulam sistemas cognitivos humanos com técnicas de comunicação, e para isso os dados da Psicologia Cognitiva são úteis.

(20)

Segundo essa psicologia, existem várias memórias funcionando ao mesmo tempo . Memórias de curto prazo (atenção /repetição) e longo prazo (armazenamento/ rede associativa). O problema que o autor levanta é como encontrar um fato/ imagem

que se achem muito longe de nossa zona de atenção, uma informação que há muito tempo não está em estado ativo? Estaria na estratégia de codificação a chave da

resposta.A Psicologia Cognitiva teria esses elementos. Ele ressalta, como estratégias, a Representação e a Elaboração (causas e efeitos) e a inconveniência dessas estratégias de codificação, dizendo que a memória humana não tem um equipamento ideal de armazenamento e recuperação das informações.

Na análise de alguns autores, o conhecimento produzido nas áreas Educação e Informática está ligado aos interesses dominantes da sociedade uma vez que historicamente, na sociedade capitalista, situa-se dentro da divisão social do trabalho - separa o saber de o fazer . Estando o saber controlado pelos donos dos meios de produção (pensar, elaborar, organizar) e o fazer pelos operários (execução), desvinculando-se teoria e prática.(Kawamura, 1990) Esta é uma visão histórico - materialista que deve ser considerada no estudo das novas tecnologias e educação sem, entretanto, perder a visão da totalidade do conhecimento.

Atualmente apesar de haver maior difusão de informações (era da informação), há menos acesso a essas informações pela maioria da população. Sem dúvida este processo de informatização é fruto do avanço das "novas" tecnologias que possibilitaram a criação de outros espaços do conhecimento, além da escola. A informação tomou uma outra dimensão, provocando transformações na forma de organização da sociedade e, conseqüentemente , também uma outra maneira de organização da educação. Com o uso da Internet, o espaço domiciliar, o espaço do trabalho e o espaço social tornaram-se locais de estudo.A partir do acesso ao

ciberespaço da formação, o usuário busca (troca) informações e conhecimentos

necessários à sua demanda.Isto modifica a idéia de tempo e espaço apropriado para acontecer o processo de aprendizagem

Com estes espaços, há uma maior possibilidade de democratização da

informação do conhecimento, ou seja, menos distorção e menos manipulação, menos controle e mais liberdade. É uma questão de tempo, de políticas públicas adequadas e de iniciativa da sociedade. (Gadotti, 2000, p. 106.). Entretanto, não se pode fechar os

(21)

conteúdo/conhecimento armazenado em computadores substitui a mediação pedagógica do professor, a interação professor-aluno.

dependendo do paradigma utilizado em informática aplicada à educação, instrucionista ou construtivista, mudará o enfoque da formação profissional. No primeiro caso, o professor precisará de conhecimentos rudimentares sobre o funcionamento desses instrumentos, assim como do software que será utilizado. Para essa situação, o professor necessita ser treinado no uso do computador como recurso de suporte ao ensino de sua disciplina. Se temos o paradigma construcionista, é imprescindível o conhecimento da ferramenta computacional ( linguagem de programação e banco de dados) e dos processos de aprendizagem de ter uma visão dos fatores sociais e afetivos que contribuem ao ensino; assim como saber intervir através do método de Piaget e de Vygostsky. Toma-se necessário, nessa perspectiva um processo de formação.(Célia Maria Portela,

1996, p.237-238 apud, Gadotti, 2000)

1.2. A Relação entre Educação e as Tecnologias Computacionais

A tecnologia tem como base de sustentação a área das ciências exatas. Para alguns autores, predomina um caráter de calculabilidade e previsibilidade de acertos e erros, que se associam às idéias de precisão, eficiência e competência, objetiva conseguir maior rentabilidade com menor custo.

Para José Carlos Peliano, a educação ao longo da história da humanidade tem tido diversas concepções, pois não se refere somente ao que é ensinado na escola, no institucional. Também está ligada à sabedoria popular, ao cotidiano, podendo de forma sistemática ou assistemática refletir o modo de produção na qual está inserida e respaldando a sua forma de pensar e agir, contribuir para a consolidação dos valores fundamentais de determinado modo de produção.

A educação quando relacionada ao trabalho, à ciência e à tecnologia está diretamente inserida no contexto social e nas suas transformações. Assim, a educação, a ciência e a tecnologia, servem-se do trabalho enquanto produção e reprodução do conhecimento. A educação para atender às novas demandas da sociedade deve contemplar todas as dimensões do humano e não apenas prepará-lo para o trabalho, como acontece no modo de produção capitalista, onde a relação capital x trabalho é de dominação e exploração.

O autor entende que existem pelo menos dois pólos pelos quais passam os avanços científicos, a saber: de um lado, tem o que atua para esclarecer, transparecer, democratizar e informar livremente, onde a educação tem um papel fundamental em veicular, socializar, integrar as pessoas e o conhecimento; do outro lado, o que favorece

(22)

a intenção capitalista do lucro das grandes corporações. Entretanto, para o autor há sempre uma esperança que a primeira idéia triunfe.

Espaços podem ser criados para se fazer a contra hegemonia, a resistência a essa ideologia dominante, gestar uma nova hegemonia, contando com múltiplos sujeitos políticos que terão suas ações nas relações do cotidiano em todas as esferas do social. Esta idéia de reverter o papel dominante dos aparelhos hegemônicos é essencial a qualquer projeto de transformação social.E vai depender da correlação de forças sociais estabelecidas, com a criação ou ampliação de segmentos que produz a independência organizativa e cultural da classe trabalhadora.

Pode-se dizer que as novas tecnologias associadas às práticas educacionais desenvolvidas pelas classes dominantes tendem a separar o saber do fazer, privilegiando com seu avanço científico e técnico, os “competentes” no controle da produção científica e ideológica, numa prática monopolista de interesses.Esta é uma visão predominante que é dada ao uso da informática na educação, embasada pela teoria funcionalista de sustentação do capitalismo, a qual é aprofundada pelos neotecnocratas a cada dia. Estes produzem e se apropriam do saber tecnológico para a dominação.

Várias visões de aprendizados estão subjacentes à utilização da informática na educação. A teoria sociológica funcionalista influiu bastante em determinadas concepções presentes na pedagogia moderna que, de alguma forma, contém as proposições de Durkheim, que são chamadas de “conservadoras” pois consideram que a função da educação é a reprodução da sociedade capitalista através da adaptação dos indivíduos à vida social. Entre as teorias sociológicas funcionalistas existem três tendências pedagógicas que mais se destacam: pedagogia tradicional, a pedagogia

nova e a tecnicista.

A pedagogia tradicional tem como princípio à assimilação de conhecimentos acumulados pela humanidade sobre a cultura e a ciência, objetivando a transmissão destes conhecimentos de geração a geração. O saber sistematizado, incluindo o saber escolar, decorre dos conhecimentos da classe dominante e o seu repasse é prioritário. Esta concepção de educação é assumida como elitista e autoritária que transmite e conserva privilégios econômicos, sociais e políticos, fundamentada na relação de poder de submissão.O professor é responsável pela transmissão das “verdades científicas”. É o centro do processo ensino-aprendizagem, decide os conteúdos com base na sua

(23)

competência teórico-prática, estruturando-os a partir da sua lógica de inteligência adulta. Transmite as informações através de aulas expositivas, preocupa-se com o controle da disciplina. Os alunos são considerados receptores de saberes que precisam ter suas inteligências moldadas e domesticadas.Há uma valorização da percepção e da memória como pontos importantes para garantia da aprendizagem, que o capacitará para ingresso no mercado de trabalho e conseqüentemente ascenderá na pirâmide social pelo seu esforço pessoal.

A pedagogia nova surge para contrapor-se a esta educação autoritária. Fundamentada no ideário liberal, tem como princípios à individualidade, a liberdade e a potencialidade individual, propõe o envolvimento dos alunos na aprendizagem, ele passa a ser o centro do processo educativo. Incentiva a realização de pesquisas como a forma de descobrir conhecimentos. Prioriza as atividades em grupo, dinâmica, debate como estratégias do aprender fazendo. O professor assume uma postura de orientador.

Segundo alguns autores esta concepção cria o mito da não diretividade do ensino e da democracia como democratismo, pois não há igualdade de oportunidade para todos os alunos, a noção de democracia está relacionada à liberdade de ascensão sócial enfatizada pela competição e adaptação do indivíduo à sociedade, sem transforma-la.

Esta concepção escolanovista torna-se um campo de experimentação de diversos métodos de ensino, segundo Silvia Manfredi (1999, p.4) são classificados como: método de trabalho individual representado pelos métodos Montessori, Mackinder e Plano Dalton; método de trabalho individual/coletivo: trabalha com os dois tipos de atividades - Sistema Winnetka e o Plano Howard: método de trabalho coletivo: dá ênfase ao aspecto da colaboração, sem perder de vista o individual - Método de Projetos e métodos de caráter social: dão ênfase aos aspectos ético-sociais - cooperativas, sistema de auto gestão e a comunidade escolar.

Para a pedagogia tecnicista, o individuo se adapta à sociedade capitalista a partir do recebimento de determinadas informações que estão no eixo estimulo - resposta, ou seja, o aluno recebe a informação (estimulo), à qual deverá apresentar uma resposta adequada.Na prática de sala de aula, a tarefa do professor seria aplicar um estímulo e programas elaborados por especialistas. Teria apenas que treinar/adestrar o aluno a realizar com êxito uma tarefa; e o aluno teria que responder ao estímulo, sem questionar.

(24)

A concepção tecnicista, portanto, enfatiza a idéia da metodologia enquanto um conjunto de procedimentos, técnicas e recursos pedagógicos que garantam uma maior eficência entre o binômio: objetivos pretendidos e resultados obtidos. Seus defensores enfatizam a necessidade e a importância da utilização, no campo da educação, das inovações tecnológicas aplicadas aos setores produtivos: ensino por módulos, o uso da informática e dos computadores, a utilização de instrumentos de mensuração e controle do rendimento da aprendizagem, etc. (Manfredi, 1999, p. 6 )

A psicologia comportamentalista, de maneira geral, defende esta concepção. Um dos expoentes é Skinner representante da mais completa sistematização do posicionamento associativista, behaviorista e ambientalista da psicologia atual (Moreira, 1982). Na sua abordagem, o fundamental é o comportamento observável, visto que o condicionamento respondente desempenha papel pouco importante na maior parte do comportamento humano, que através do condicionamento operante é que se adquirir a maior parte do comportamento.Para Skinner, o comportamento humano estaria condicionado pelas relações que se processam no ambiente e por suas conseqüências; o homem teria propensão a apresentar comportamentos que têm conseqüências positivas, evitando assim as negativas. Para isto, é necessário modificar este comportamento, através da manipulação das conseqüências. O comportamento operante é que produz as conseqüências que determinam. Ele trabalha com a idéia de reforço - Estímulo e Resposta (S-R). Considera o homem como um organismo passivo comandado por estímulos externos ambientais, sem autonomia. Percebe-se que, o fundamental nessas teorias são as estruturas, a exterioridade. Pouco considera as outras dimensões da aprendizagem, por exemplo, a humana e a sociocultural.

Tal concepção transportará para a metodologia de ensino as diretrizes do planejamento racional e eficiente adotados nas modernas empresas capitalistas, baseados nos princípios da maximização da eficiência e da eficácia na relação objetivos/ meios/resultados.. È a fase em que a metodologia de ensino passa por um processo de taylorização e de modernização tecnológica: desenvolvem-se técnicas de operacionalização de objetivos educacionais, tendo em vista uma melhor programação das atividades e práticas de ensino, práticas estas que são, cuidadosamente, programadas a partir da definição de pré-requisitos, seqüências, cadeias conceituais e avaliações com instrumentos pré-validados.(Manfredi, 1999,

P- 5)

No Brasil, esta concepção na década de 70 foi hegemônica, coordenada pelo Ministério da Educação e pelas secretarias de educação dos municípios, dos estados que definiam as políticas e o planejamento na área da educação no país.

Os estudos de Vygotsky, se contrapondo às correntes idealista e mecanicista do comportamento humano, buscam através de métodos e princípios do materialismo dialético a superação dessas teorias, propondo uma nova abordagem psicológica para

(25)

entendimento do aspecto intelectual humano.A nova teoria do psiquismo proposta por ele é baseada no aspecto histórico-cultural. Essa teoria ficou conhecida como histórico- cultural ou sociohistórica do psiquismo, ou ainda, como abordagem sociointeracionista. Tendo como centralidade: “caracterizar os aspectos tipicamente humanos do

comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida de um indivíduo” (Vygotsky, 1984, p.21 apud. Rego, 2000).

Esse estudo tinha como objetivo responder a três questões fundamentais sobre a psicologia humana e animal:

A primeira se referia à tentativa de compreender a relação entre os seres humanos e o seu ambiente físico e social".

A segunda, à intenção de identificar as formas novas de atividade que fizeram com que o trabalho fosse o meio fundamental de relacionamento entre homem e natureza, assim como examinar as conseqüências psicológicas dessas formas de atividade.

A terceira e última questão se relacionava à análise da natureza das relações entre o uso de instrumentos e o desenvolvimento da linguagem °(ibidem)

Para alguns autores, estas idéias de Vygotsky podem contribuir para um outro pensar sobre a educação, o papel da escola e o trabalho pedagógico.’’Educação implica

para Vygotsky não apenas o desenvolvimento das potências individuais, mas a expressão histórica e crescimento da cultura humana da qual o homem procede” (Bruner, 1981 apud: Freitas, 1999, p. 105.).

Nesta mesma linha teórica, o pensamento da educação libertadora 3ensejada por Paulo Freire considera a educação como prática de liberdade Esta liberdade acontece no campo cognitivo, sociai político e o ato educativo deve ser sempre um ato de re-significação de significados, de recriação.Considerando que não se pode deixar de lado a relação sujeito e objeto na aprendizagem, a mediação aluno conhecimento -realidade são fundamentais para que a educação seja libertadora.

Na obra de Freire, o homem é o sujeito da educação e, apesar de uma grande ênfase no sujeito, evidencia-se uma tendência interacionista, já que a interação homem - mundo, sujeito - objeto é imprescindível para que o ser humano se desenvolva e se tome sujeito de sua práxis. Segundo está abordagem, não existem senão homens concretos, situados no tempo e no espaço, inseridos num contexto sócio-econômico-cultural-político, enfim, num contexto histórico.

3 , inicialmente utilizado por Paulo Freire, o termo refere-se a atividades educacionais ligadas a um projeto

político mais amplo de luta contra a opressão e a dominação. De acordo com as implicações do conceito freireano de "conscientização", a libertação relativamente às estruturas sociais de opressão e dominação está estreitamente conectada à libertação relativamente às formas ideológicas pelas quais aquelas estruturas são internalizadas na consciência, tomando-se aceitáveis. Utiliza-se também, no mesmo sentido, o termo “educação e emancipadora".(Silva, 2000, p.48).

(26)

Considerando-se está inserção, a educação, para ser válida, deve levar em conta necessariamente tanto a vocação ontológica do homem (vocação de ser sujeito) quanto às condições nas quais ele vive (contexto). (Mizukami, 1986, p. 86).

Referindo-se a Vygotsky, Marta Kohl pontua as relações sociais entre o indivíduo e os outros homens: para Vygotsky

a dimensão sócio-histórica do funcionamento psicológico humano está sua concepção da aprendizagem como um processo que inclui relações entre indivíduos. Na construção dos processos psicológicos tipicamente humanos, é necessário postular relações interpessoais: a interação do sujeito com o mundo se dá pela mediação feita por outros sujeitos. Do mesmo modo que o desenvolvimento não é um processo espontâneo de maturação, a aprendizagem não é fruto apenas de uma interação entre indivíduos e o meio. A relação que se dá na aprendizagem é essencial para a própria definição desse processo, que nunca ocorre no indivíduo isolado. (Oliveira, 2000, p. 56).

A construção do conhecimento deve apontar para a transformação da realidade, e não para a dominação ou conservação. O conhecimento deve ser baseado em critérios críticos (significativo), criativos (aplicado/transformador) e duradouros que levem o sujeito a compreender a sua realidade para poder transformá-la.(Vasconcelos, 1994) Neste sentido, a informática na educação deve ser usada numa perspectiva dialética, para que o conhecimento possibilite o compreender, o usufruir ou o transformar a realidade. Sujeito e objeto de conhecimento mantêm uma relação recíproca, no processo histórico-social considerando que o homem e a mulher são produtores de conhecimento, resultante de um pensar e um agir.

Segundo estes pressupostos, os avanços científicos devem ser cada vez mais socializados e humanizados em favor das classes desprovidas dos meios de produção, diminuindo a distância entre os que têm e os que não têm, ou seja, os conhecimentos, devem ser democratizados para mudar a correlação de forças existentes na sociedade em favor da maioria da população com menor condição social.

(27)

CAPÍTULO 2 - A PERSPECTIVA HISTÓRICA DA SOCIOLOGIA

2.1 A Sociologia como Ciência

A Sociologia como ciência crítica, que objetiva estudar o vasto universo de fenômenos em

que homens e mulheres estão inseridos socialmente, procura compreender os fenômenos na

perspectiva de intervir na realidade. Entretanto a análise sociológica sempre se depara com o

problema da historicidade do seu objeto. Independentemente da perspectiva teórica, em geral, a

sociologia envolve questões relativas às tendências, condições de possibilidades, determinações,

desenvolvimentos, mudanças, causas, variáveis intervenientes ou antecedentes e tendências dos

fatos sociais que analisa.

Algumas correntes procuram atribuir à sociologia a tarefa de examinar apenas, ou

principalmente, o presente, deixando qualquer passado à historiografia. Outras consideram que a

sociologia não precisa impor-se limitações, podendo analisar tanto o presente quanto qualquer

passado, próximo ou remoto. Sempre ressurge na análise sociológica o problema da duração. A

sociologia periodiza tempos, épocas, ciclos, fases, etapas, da mesma forma que focaliza crises,

mudanças, transformações, rupturas, conjunturas, estruturas.

A Sociologia surge com a Revolução Francesa, em 1789, embalada pela força dos

movimentos, das crises na sociedade da época e das transformações sociais. A Sociologia

preconiza o ideal de ordem social e sua sistematização se dá no conceito de grupo social. Nasce

herdando o conservadorismo europeu, apesar da Revolução Francesa trazer como princípios o

individualismo, a secularização, o racionalismo e o igualitarismo. O conservadorismo da época,

principalmente o francês, repudia estes princípios, por considerar que a revolução arruinaria a

ordem social, provocando a desunião dos homens sem, entretanto, dar a liberdade aos indivíduos.

Esses conservadores acreditavam que o individualismo revolucionário extinguiria o

princípio divino do poder da monarquia, além de ofender a Igreja Católica. Para eles, a

fundamentação da liberdade social e política estava nos grupos; o indivíduo se transformaria num

'ser humano "a partir da ação da sociedade que lhe daria os elementos históricos, éticos e lógicos".

A defesa da ordem social é muito presente nos estudos de Augusto Comte (1798-1857),

considerado o criador do termo Sociologia, e Herbert Spencer (1820-1903), que permaneceu

usando o termo "Sociologia". São considerados como fundadores da Sociologia.

Para alguns estudiosos a Sociologia estaria a serviço dos interesses dominantes.Outros, a

consideram a expressão teórica dos movimentos revolucionários (Martins, 1994). Nestes

posicionamentos percebe-se uma grande contradição, plenamente justificável, considerando que

surge ao mesmo tempo das grandes transformações econômicas, políticas e culturais, como a

revolução industrial e francesa (século XVIII). Este contexto histórico é também o período de

grande expansão do capitalismo.

Martins (1994) entende, que essa situação levou em grande parte a Sociologia a ser

empregada como técnica de manutenção das relações dominantes, onde várias pesquisas

realizadas por sociólogos foram incorporadas à cultura e à prática das grandes empresas, do

Estado moderno, dos partidos políticos, à luta cotidiana pela preservação das estruturas

econômicas, políticas e culturais do capitalismo moderno.

Para Florestan Fernandes a Sociologia pode ser definida como a ciência que tem por

objeto estudar a interação social dos seres vivos nos diferentes níveis de organização da vida.

(28)

condições sociais de existência dos seres vivos, representa um produto recente do pensamento

moderno. Considerava que a Sociologia é um processo onde vários fatores histórico - sociais e

culturais concorrem.(1976).

Ianni. Afirma que:

há um historicismo generalizado nas ciências sociais, que é

particularmente visível na sociologia. O método funcionalista( Durkheim),

o compreensivo (Weber), o dialético(Marx), o estrutural-

funcionalista(Parson), o estruturalista (Althusser) ( e outros, cada um a

seu modo, todos implicam numa forma peculiar de apanhar a historicidade

do objeto da sociologia. Todos como que instaram modalidades de

historicidades. Na sociologia, da mesma forma que nas outras ciências

sociais, a historicidade dos acontecimentos é apanhada em termos

deterministas, mecanicistas, evolucionista, funcionalista, dialéticos e outras

maneiras de pensar e capturar as ações, relações, processos e estruturas. (

Ianni, 1989,p.236)

Tudo isto provoca uma reflexão sobre a constituição da Sociologia.Neste contexto, a

atuação da Sociologia como ciência social busca questionar, analisar e re-significar problemas,

conflitos, fenômenos e as contradições que surgem na sociedade industriaLNesta dinâmica social

de transformações, conflitos e contradições, ela nasce e se desenvolve.Várias Sociologias têm

surgido no decorrer do tempo conforme a orientação teórica que tomam. Pode-se citar pelo menos

três grandes correntes sociológicas importantes: a funcionalista, a compreensiva e a marxista.

2.1.1. Sociologia Funcionalista

A Sociologia Funcionalista tem dois preceitos que norteiam sua análise, de modo geral.O primeiro admite que a interpretação sociológica surge a partir de um sistema organicista que estabelece identidade entre os organismos biológicos e as sociedades humanas; o segundo diz respeito às relações funcionais que esse sistema organicista mantém com as suas partes.

O conceito de sistema é fundamental para o Funcionalismo Sociológico, pois é o fundamento das investigações, que gera as analises de estrutura e de processo.Aos poucos esse sistema organicista foi deixando sua identidade como biológico e assumindo -se como sistema social, representando o conjunto de modelos que são aceitos socialmente, que objetivam dirigir e regular o comportamento dos membros de uma determinada sociedade.

Este conceito de sistema social, preconizado pelo funcionalismo, permite a formulação dos conceitos de estrutura e de processo funcionalista.Em função disso, o Funcionalismo passou a também ser denominado de Estrutural-funcionalismo, considerando que a estrutura reproduz os elementos estáticos da sociedade,

(29)

compreendendo todas as relações básicas e padronizadas dessa mesma sociedade, tanto dentro de um grupo, quanto entre seus grupos.

As características primordiais do sistema Funcionalista Sociológico são os fatos

sociais que são os modos de pensar, sentir e agir de um determinado grupo social,

eliminando os pensamentos religiosos filosóficos, políticos ou quaisquer outros pensamentos.Estes fatos quando são oriundos de pesquisas passam a ter valor relativo, e são comparados entre si. Suas características são: a generalidade, ou seja, o fato social é sempre comum a todos os membros de um determinado grupo; exterioridade, o fato social é sempre externo ao indivíduo, sua existência independe da vontade do indivíduo; coercitividade, os indivíduos são obrigados a seguirem os comportamentos estabelecidos pelo grupo social ao qual pertence.

O Funcionalismo surge com a Sociologia de Augusto Comte, mas é com Émile Dürkheim (1858 - 1917) que tem seu apogeu. Sua obra foi muito importante por definir um método para a Sociologia e também por ter estabelecido os primeiros conceitos para a nova ciência.

2.1.2.Sociologia Compreensiva

A Sociologia Compreensiva estabelece uma distinção entre as ciências físicas e as ciências culturais. Considera que o pensamento humano tem formas diferenciadas e possui um método específico em cada ciência. As culturais abordam os significados e suas compreensões (agrupamento/relação/interpretação) enquanto que as físicas se preocupam com os fatos e suas explicações (experimentação, leis)

As principais características da Sociologia Compreensiva são: relações significativas acontecem na vinculação entre os motivos e as ações, entre os meios e os fins; as relações significativas são compreendidas nas ações dos outros indivíduos e também em nossas próprias ações; toda realidade consiste num processo de desenvolvimento de seres humanos, carregado de significados que precisam ser compreendidos; as pesquisas se realizam principalmente por meio da construção de tipologias e por meio do estudo comparativo, fundamentado nessas tipologias; as tipologias se compõem de tipos ideais que são personalidades, situações, mudanças, revoluções, instituições, classes, hipoteticamente concretas. Tais tipos são construídos pelo pesquisador que utiliza os elementos tipológicos mais valiosos, visando a efetuar comparações cada vez mais rigorosas (Vieira, 1994).

Referências

Documentos relacionados

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar

Para Oliveira (2013), a experiência das universidades a partir da criação do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB e mais

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Por outro lado, os dados também apontaram relação entre o fato das professoras A e B acreditarem que seus respectivos alunos não vão terminar bem em produção de textos,

Em que pese ausência de perícia médica judicial, cabe frisar que o julgador não está adstrito apenas à prova técnica para formar a sua convicção, podendo

Entretanto, é evidenciado uma menor quantidade de células CD4+ e CD8+ nos pulmões dos animais P2X7RKO infectados com a cepa Beijing 1471 em relação àqueles dos camundongos

O objetivo desse trabalho ´e a construc¸ ˜ao de um dispositivo embarcado que pode ser acoplado entre a fonte de alimentac¸ ˜ao e a carga de teste (monof ´asica) capaz de calcular

Inspecção Visual Há inspeccionar não só os aspectos construtivos do colector como observar e controlar a comutação (em