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Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos.

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Academic year: 2021

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(1)Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Dissertação apresentada com vista à obtenção do 2ºciclo em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março. Orientadora: Profª Doutora Joana Carvalho. Márcio Garcia Moreira Porto, Julho de 2014.

(2) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Moreira, M. G. (2014). Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Atividade Física para a Terceira Idade, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.. PALAVRAS-CHAVE:. ENVELHECIMENTO,. TREINO DE FORÇA, IDOSOS.. II. CAPACIDADE. FUNCIONAL,.

(3) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. AGRADECIMENTOS. À minha Professora Orientadora, Professora Joana Carvalho, pela dedicação, disponibilidade e o apoio sentido ao longo desta importante fase da minha vida.. À minha Coorientadora Susana Carrapatoso, pela exigência e excelência demonstrada no desempenho das suas funções. A todos os elementos do “Espinho em Forma”, pela ajuda, cooperação e amizade partilhada ao longo deste desafio comum.. Aos meus colegas Leonardo e Cristiana que me ajudaram na realização de todos os testes. Ao Professor Joaquim Morais “Nené”, por todo contributo que deu na orientação deste magnífico grupo.. Aos meus pais, pela dedicação e o apoio incansável, ao longo de todos estes anos, para conseguir realizar este meu sonho.. Acima de tudo à minha mulher e filha que, nos momentos de menor inspiração, ajudaram, apoiaram e motivaram-me a querer continuar e não desistir dos meus objetivos.. A todos, o meu sincero agradecimento. III.

(4) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. IV.

(5) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Este trabalho foi realizado no âmbito do trabalho do CIAFEL suportado pelo PEst-OE/SAU/UI0617/2014.. V.

(6) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. VI.

(7) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. ndice Geral. Índice de Quadros ............................................................................................. XI Resumo ........................................................................................................... XIII Abstract ............................................................................................................XV Lista de Abreviaturas ......................................................................................XVII I.. Introdução .................................................................................................. 21. II. Revisão da Literatura ................................................................................. 25 1.. A realidade do envelhecimento populacional ...................................... 27. 2.. Envelhecimento, força muscular e capacidade funcional .................... 33. 3.. Avaliação da capacidade funcional no idoso ....................................... 41. 4.. Atividade física, exercício físico e envelhecimento ............................. 51. 5.. Treino de força para idosos ................................................................. 55. III. Definição dos Objetivos e Hipóteses ........................................................... 65 1. Objetivo Geral ............................................................................................ 67 2. Hipóteses ................................................................................................... 69 IV. Material e Métodos ..................................................................................... 71 1.. Amostra ............................................................................................... 73. 2.. Protocolo de treino .............................................................................. 75. 3.. Instrumento utilizado para avaliação da capacidade funcional ........... 77. 4.. Procedimentos estatísticos ................................................................. 79. V. Apresentação dos Resultados ..................................................................... 81 VI. Discussão ................................................................................................... 85 VII. Conclusão .................................................................................................. 95 VIII. Bibliografia ................................................................................................ 99 IX. Anexos ...................................................................................................... 119 1.. Anexo 1 ............................................................................................. 121. VII.

(8) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. VIII.

(9) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Índice de Quadros. Quadro 1: O paradigma do envelhecimento produtivo na prática gerontológica ……………………………………………………………………………………….101. Quadro 2: Valores médios de Aptidão Física e Funcional dos idosos antes e após treino ……………………………….………………………...……………….120. IX.

(10) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. X.

(11) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Resumo. O principal objetivo do presente estudo foi determinar os efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de idosos. Vinte e nove idosos, 14 mulheres (idade = 64,82 anos; peso = 69,15 kg; altura = 1,61 m) e 15 homens (idade = 67,68 anos; peso = 71,01 kg; altura = 1,69 m) participaram durante 9 meses num programa de exercício físico consistindo numa sessão semanal de treino de força. A capacidade funcional foi avaliada em todos os sujeitos através do teste Rikli & Jones antes e depois do programa de treino. Os resultados deste estudo mostram que 9 meses de treino de força estão associados a uma melhoria significativa nos testes: 6 - Minute Walk, Arm Curl e 30s Chair Stand (que incidem na avaliação da resistência aeróbia, força muscular dos membros superiores e força muscular dos membros inferiores). Não se registaram alterações significativas nos testes Chair Sit-and-Reach, Back Scratch e 8-Foot Up-and-Go (que incidem na avaliação de componentes como: flexibilidade dos membros inferiores; flexibilidade dos membros superiores; e, mobilidade física – velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico). Deste modo, pode-se concluir que um programa de treino de força de 9 meses é capaz de proporcionar modificações benéficas em diversos componentes da capacidade funcional de um grupo de idosos, contribuindo para a manutenção da sua autonomia e melhoria na qualidade de vida.. PALAVRAS-CHAVE:. ENVELHECIMENTO,. TREINO DE FORÇA, IDOSOS.. XI. CAPACIDADE. FUNCIONAL,.

(12) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. XII.

(13) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. ABSTRACT. The main purpose of the present study was to evaluate the effects of a strength training program in the functional capacity of an elderly group. Twenty nine elderly subjects, 14 women (age = 64,82 years; weight = 69,15 kg; height = 1,61 m) and 15 men (age = 67,68 years; weight = 71,01 kg; height = 1,69 m) participated in a 9 – month physical activity program, consisting of 1 session per week of strength training. Functional capacity was evaluated in all the subjects using the Rikli & Jones battery of tests, before and after the training period. The results of this study showed that a 9 – month strength training program is associated with a significant improvement in the tests: 6-Minute Walk, Arm Curl and 30s Chair Stand (which focus on the evaluation of aerobic capacity, upper and lower body strength). There were no significant changes in Chair Sit-andReach, Back Scratch and 8-Foot Up-and-Go (which focus on the evaluation of components such as: flexibility of the lower limbs; flexibility of upper limbs; physical mobility, speed, agility and dynamic balance). In this way, it can be concluded that a strength training program for 9 months is able to provide beneficial changes in different components of the functional capacity in an elderly group, contributing to the maintenance of its autonomy and improvement in quality of life.. KEY WORDS: AGING, FUNCTIONAL CAPACITY, STRENGTH TRAINING, ELDERLY. XIII.

(14) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. XIV.

(15) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Lista de Abreviaturas. ACSM. American College of Sports Medicine. AF CEPCEP. Atividade Física Centro de estudos dos povos e culturas de expressão portuguesa. EF. Exercício Físico. EU. União Europeia. INE. Instituto Nacional de Estatística. IMC. Índice Massa Corporal. OMS. Organização Mundial de Saúde. RM. Repetição Máxima. SPSS. Statistical package for Social Sciences. WHO. World Health Organization. XV.

(16) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 16.

(17) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. I. Introdução 17.

(18) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 18.

(19) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. “Para o ignorante a velhice é o inverno;. para o instruído é a estação da colheita” Textos Judaicos. I.. Introdução. O envelhecimento da população tem sido observado em inúmeros países nas últimas décadas. Estudos demográficos realizados nas últimas décadas relativamente à distribuição da população mundial confirmam essa tendência populacional, na medida em que se verifica um aumento do segmento da população acima de 65 anos de idade, sendo que este ritmo de crescimento se deva estender ainda pelos próximos anos (IBGE, 2006). O crescimento significativo desta faixa populacional constitui o resultado do que os investigadores denominam de transição demográfica (Kalache, 1996). Como consequência, é notória a proliferação de serviços dirigidos à população idosa, constituindo um indicador de que a sociedade está cada vez mais atenta e sensível às necessidades desta faixa etária. O envelhecimento constitui um processo multifatorial que é influenciado quer pelo tempo cronológico, quer por aspetos sociais, psicológicos e funcionais (Spirduso et al., 2005). Este processo provoca alterações e desgastes em vários sistemas orgânicos, que ocorrem de forma progressiva (Caromano et al., 1999). Numa perspetiva biológica, o envelhecimento encontra-se associado a um conjunto de progressivas alterações estruturais e funcionais, designado declínio funcional, o qual pode ser influenciado, quer por fatores intrínsecos (como a hereditariedade e doenças crónicas não transmissíveis), quer fatores extrínsecos (estilo de vida, aspetos nutricionais, exercício físico) (ACSM, 1998). A avaliação da capacidade funcional de idosos assume-se como fundamental, uma vez que, é a partir dela que se torna possível encontrar meios de prevenção ou retardamento do início de fragilidades físicas decorrentes do processo de envelhecimento (Cech & Martin, 1994). Este tipo 19.

(20) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. de avaliação, permite observar componentes físicas (força, capacidade aeróbia, flexibilidade, agilidade, equilíbrio), empregues em atividades da vida diária (Rikli & Jones, 1999a). Para Doherty (2003), um dos principais aspetos que contribui para a redução do desempenho dos componentes da aptidão funcional é a diminuição da massa e da força muscular que se verifica com o processo do envelhecimento Spirduso et al. (2005), entre vários outros autores, salientam que a atividade física (AF), constitui uma das mais poderosas intervenções, presentemente disponível, para combater a deterioração de capacidades que ocorre em função do processo de envelhecimento orgânico. O treino de força é atualmente considerado um componente essencial do plano geral de AF, sendo que o ACSM (1998a) faz referência à inclusão deste tipo de treino como parte integrante do programa de AF dirigido ao idoso. Como referem Rikli e Jones (1999), o treino de força pode contribuir para a manutenção de uma adequada capacidade física e funcional, que é de importância vital para o quotidiano da população idosa, por garantir a execução de diversas tarefas da vida diária de forma autónoma e segura. Todavia, ainda não é totalmente clara a dose recomendada para se obter o benefício desejado. Torna-se assim pertinente investigar os potenciais benefícios de uma sessão semanal de treino de força para a melhoria dos componentes da capacidade funcional da população idosa. Vários autores recomendam uma frequência de treino de 2 a 3 dias por semana (Mazzeo & Tanaka, 2001). Todavia, existem igualmente trabalhos que descrevem que baixas frequências de treino de força induzem, não somente ganhos na força (Adams et al., 2001; Laidlaw et al., 1999), mas também podem melhorar a capacidade funcional do idoso (Chandler et al., 1998). O presente trabalho pretende fornecer novos contributos para este tema. Assim, tendo por base o denominado declínio funcional neste escalão etário e as consequências deste em termos de qualidade de vida, pretende-se. 20.

(21) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. neste estudo avaliar os efeitos de um programa de treino de força realizado uma vez por semana na capacidade funcional de um grupo de idosos. A presente dissertação de mestrado encontra-se estruturada da seguinte forma: o primeiro capítulo abarca a introdução, onde se pretendeu fazer uma descrição resumida do estado do conhecimento na área, sustentando a formulação do propósito deste trabalho, bem como um enunciado resumido da estrutura do mesmo. O segundo capítulo enfoca o estado atual de conhecimentos no domínio em questão. Neste capítulo relativo à revisão da literatura é possível encontrar desenvolvimentos e análises mais exaustivas acerca: do envelhecimento demográfico; das relações entre o processo de envelhecimento e a diminuição da força e da capacidade funcional no idoso; da pertinência da avaliação da capacidade funcional neste escalão etário; nos benefícios da AF; e, especificamente, das vantagens e idiossincrasias do treino de força para esta população. No terceiro capítulo encontra-se sistematizado o objetivo geral do trabalho, bem como a hipótese formulada. No. quarto. capítulo. identificam-se. os. elementos. referentes. à. caracterização da amostra, protocolo de treino de força adotado, identificação do. instrumento. utilizado. para. avaliação. da. capacidade. funcional. e. procedimentos estatísticos empregues. Já o quinto capítulo remete para a apresentação dos resultados obtidos, de forma concisa e objetiva. No sexto capítulo é elaborada a discussão e análise dos resultados alcançados, as suas implicações bem como a sua relação com os de outros trabalhos realizados no mesmo domínio, em termos de coerência ou dissemelhanças. São, igualmente, citadas as limitações inerentes a este estudo,. bem. como. formuladas. recomendações. referentes. a. estudos. posteriores. No sétimo capítulo é exposta uma apresentação sintética das conclusões do trabalho, reportadas ao objetivo e hipótese formulados.. 21.

(22) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. O último capítulo apresenta as referências bibliográficas consultadas e incluídas neste estudo.. 22.

(23) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. II.. Revisão da Literatura 23.

(24) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 24.

(25) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. “Os anos aproximam-se silenciosamente” Ovídio. 1. A realidade do envelhecimento populacional. O envelhecimento da população constitui uma realidade evidente nas sociedades contemporâneas. Como refere Rosa (1993) a crescente proeminência estatística da percentagem da população com mais de 65 anos, resultante do processo de envelhecimento demográfico, surge como uma característica marcante do final do séc. XX e uma herança para o nosso século. Como salienta a autora, ser-se idoso não constitui presentemente uma situação de exceção, tal como ocorreria no passado, tendendo a tornar-se cada vez mais vulgar. De acordo com Spirduso (2005), o envelhecimento tem sido definido como um processo ou conjunto de processos inerentes a todos os seres vivos que levam à perda da capacidade de adaptação e á diminuição da funcionalidade. A definição do termo idoso é polémica encerrando, por vezes, abordagens distintas acerca do mesmo conceito. Há perspetivas que caracterizam o idoso, bem como o processo de envelhecimento, de uma forma negativa, em que o idoso é visto como um ser humano frágil enfrentando uma situação muitas vezes de pobreza, isolamento, exclusão, doença, dependência e sofrimento (Mauritti, 2004). Por outro lado, há uma segunda representação que descreve o idoso como um potencial segmento específico de consumo (Mauritti, 2004), perspetivando a velhice como uma época de reflexão, ócio, de auto. aperfeiçoamento,. caracterizando. o. denominado. paradigma. do. envelhecimento ativo (Fonseca, 2004; Pinto 2009). A propósito deste novo paradigma do envelhecimento ativo, os autores Osório e Pinto (2007, p. 216) esquematizam no quadro abaixo apresentado, uma comparação sobre a perspetiva tradicional do envelhecimento e a atual perspetiva:. 25.

(26) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Quadro 1: O paradigma do envelhecimento produtivo na prática gerontológica. Perspetiva tradicional Niilista Deterioração Incapacidade Institucionalização e dependência Forte resistência à mudança Incapaz de aprender Preparação para a morte Vulnerabilidade/passividade Qualidade de vida (uma dimensão) Desapego social Isolamento comunitário Negação e fuga aos desafios Necessidades, défices, perda de Oportunidades O passado e o que este poderia ter sido O microambiente Comportamentos “apropriados à idade” idade Uso de um stock terapêutico Estilo de vida sedentária Receber Fonte: Osório e Pinto (2007, p. 216). Perspetiva do envelhecimento Produtivo Esperançoso Crescimento e desenvolvimento Saúde e bem-estar Autonomia, independência e interdependência Ajustamento à mudança Estimulação intelectual Desfrutar o dia-a-dia Empowerment Qualidade de vida (multidimensional) Envolvimento social Integração comunitária Enfrentar desafios Força, habilidades, desejos, oportunidades O futuro e o que ele ainda poderá representar O macroambiente Comportamentos neutrais para a Melhoria terapêutica Ativismo e atividade Dar, prestar voluntariado, trocar. Os estereótipos associados ao envelhecimento têm sido revistos (Debert,1999), transmitindo a ideia de que os estágios mais avançados da vida podem ser momentos propícios para novas conquistas pessoais. Birren e Cunningham (1985), por seu turno, apresentam diferentes categorias de idade: . A idade biológica: referente ao funcionamento dos sistemas vitais do organismo humano, importante na vertente da saúde que afeta os indivíduos, sendo que o funcionamento desses sistemas diminui com o tempo;. . A idade psicológica: referente às competências de ordem psicológica dos sujeitos para se adaptarem eficazmente às mudanças de natureza ambiental, como o controlo pessoal e a autoestima;. 26.

(27) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. . A idade sociocultural: referente ao conjunto específico de papéis sociais que os indivíduos adotam numa sociedade, condicionando os. comportamentos,. hábitos,. estilos. de. relacionamento. interpessoal, etc.. Segundo Gorman (2000, p. 7), “O processo de envelhecimento é naturalmente, uma realidade biológica que tem a sua dinâmica própria, em grande parte fora do controle humano. No entanto, ele também está sujeito às construções pelas quais em cada sociedade faz sentido a velhice. No mundo desenvolvido, o tempo cronológico desempenha um papel essencial em que a idade de 60 a 65 anos, está legislada ser a idade de reforma e ser assim o início da velhice. Mas em muitas regiões do mundo em desenvolvimento, o tempo cronológico tem pouca ou nenhuma importância no sentido da velhice”. Fernández-Ballesteros (2000), por sua vez, avança com o conceito de idade funcional, tendo em consideração que algumas funções diminuem necessariamente de eficácia com o tempo (sobretudo as de natureza física, biológica), outras estabilizam (personalidade) e outras que, na ausência de doença, experimentam um crescimento ao longo de todo o ciclo de vida (experiência, sabedoria). Uma das implicações inerentes a esta noção é a de que uma intervenção externa dirigida para o reforço de algumas funções (competências dos idosos) possibilitará uma melhoria das condições para um envelhecimento bem-sucedido. Como é referido no Estudo do Perfil de Envelhecimento da População Portuguesa de Oliveira et al. (2010) o envelhecimento constitui um processo fisiológico inerente aos seres vivos, que durante muito tempo foi considerado um processo evolutivo inalterável. Todavia, o envelhecimento não se inicia na década dos 60, sendo anterior à infância e até à gestação, dado que também é influenciado pelo património genético (ibidem). De acordo com Gluckman (2008), há atualmente evidência científica de que o atraso de crescimento intrauterino (que se manifesta por baixo peso no nascimento) encontra-se associado a doenças na. 27.

(28) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. idade adulta, tais como a obesidade, a diabetes, a hipertensão e as doenças cardiovasculares. De igual forma, uma situação socioeconómica precária, a baixa escolaridade, a pobreza e fracas condições habitacionais originam malnutrição, aumento das doenças infeciosas e aceleração do processo de envelhecimento. Segundo Oliveira et al. (2010), a variabilidade dos fatores endógenos e exógenos, em interação com a componente genética de cada sujeito, podem condicionar processos de envelhecimento distintos. Assim, para lá do fator unicamente biológico, deve-se perspetivar o processo de envelhecimento como um equilíbrio dinâmico entre componentes físicas, psicológicas e sociais, sendo que um envelhecimento bem-sucedido implica uma capacidade adaptativa aos vários desafios inerentes ao avanço da idade (ibidem). Envelhecer bem constitui um processo heterogéneo e diferenciado, uma vez que cada indivíduo possui vivências e projetos de vida idiossincráticos, movendo-se em contextos físicos e sociais distintos. Um dos dois aspetos mais relevantes é a questão da dependência que pode afetar este tipo de população, especificamente a nível psicológico, social e em termos de capacidade de decisão e controlo da sua vida (Figueira, 2010). No nosso país, em específico, a população idosa tem vindo a tornar-se cada vez mais representativa. Segundo estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 1997, o grupo de idosos em Portugal (pessoas com mais de 65 anos) correspondia já a 15% da população. Segundo refere o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) – Relatório final “ O Envelhecimento da População” (2012) a evolução demográfica no nosso país caracteriza-se por um gradual aumento do peso dos grupos etários seniores e uma diminuição do peso da população jovem. O efeito cumulativo da redução das taxas de mortalidade e da natalidade durante várias décadas tem vindo a modificar o perfil demográfico da população do nosso país, sendo que o traço mais notório é o crescente envelhecimento da sociedade portuguesa. De acordo com os dados provisórios dos Censos 2011, observou-se comparativamente à situação observada em 2001, uma redução do peso dos. 28.

(29) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. jovens de 16 % para 14,9 % e um aumento do peso dos idosos de 16,4 % para 19,1 %. Segundo o CEPCEP – Relatório Final “ Envelhecimento da População “, a relação entre o número de idosos e jovens traduziu-se, em 2010, num índice de envelhecimento de 118 idosos para cada 100 jovens, sendo que o índice de dependência em Portugal apresentava em 2009 uma das maiores taxas da União Europeia (EU), com um valor de 26,3 %. Relativamente às projeções demográficas, de acordo com um estudo do INE designado “Projeções de População residente em Portugal: 2008 – 2060”, observa-se que a população com mais de 65 anos deverá crescer de 19 % em 2011 para 32 % em 2050 e 2060. Por outro lado, a população com idade superior a 80 anos deverá ultrapassar o valor de 1 milhão na década de 40, alcançando 1,3 milhões no final do período de projeção. O peso da população idosa (com mais de 65 anos) deverá aumentar de 19,2 % em 2011 para 32,3 % em 2060. De acordo com a World Health Organization (WHO), o atual envelhecimento da sociedade, com o aumento da esperança de vida, constitui uma manifestação de progresso, de melhoria da condição humana, bem como uma vitória sobre a morte precoce, mas por outro lado constitui igualmente um desafio ao nível social, médico e financeiro (WHO, 2002). É, assim, cada vez mais notória, por parte de diferentes entidades, a preocupação com a qualidade de vida e o bem-estar da população idosa (Carvalho & Soares, 2004). Como consequência, é notável a recente proliferação de programas e serviços dirigidos a este escalão etário, o que constitui um indicativo de que a sociedade está mais sensível às demandas do envelhecimento populacional (Debert, 1999).. 29.

(30) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 30.

(31) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. “Ninguém é tão velho que não espere que depois de um dia não venha outro” Séneca. 2. Envelhecimento, força muscular e capacidade funcional. O envelhecimento constitui um processo dinâmico e progressivo no qual se verificam alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas que vão alterando progressivamente o organismo, tornando-o mais suscetível a agressões (Fedrigo, 1999). Presentemente. encontra-se. bem. documentado. em. termos. de. investigação que se verifica uma diminuição, quer da massa, quer da força muscular com o avançar da idade (Hughes et al., 2001; Rogers e Evans, 1993). São imensas as definições de força na literatura mas, de um modo geral, todas convergem no sentido de definir o conceito de força muscular como sendo a expressão utilizada para identificar a capacidade do músculoesquelético produzir tensão. Segundo Mil-Homens (2000) a força muscular é a capacidade que um músculo ou grupo muscular tem de vencer uma dada resistência, a uma dada velocidade, num determinado exercício. De acordo com Fernández et al. (2002), a força seria a capacidade de exercer tensão através da contração muscular, permitindo vencer, suportar ou fazer pressão contra uma resistência. Na definição de Manso (1999), a força é uma capacidade condicional que se manifesta de diferentes formas em função das necessidades de ação. No desporto, entende-se força como a capacidade de um grupo muscular, mediante uma tensão muscular, vencer uma determinada resistência externa (Cervera, 1996). O género e os estados hormonais, neurológico e muscular são as condicionantes biológicas que determinam a força, mas os fatores ambientais,. 31.

(32) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. nutricionais e o nível de AF influenciam igualmente a magnitude da força muscular (Beunen & Thomis, 2000; Malina & Bouchard, 1991). Fatores morfológicos e fatores neurais são determinantes na produção da força muscular (Cormie, 2011). Os fatores morfológicos que intervêm diretamente na produção da força são: o tipo da fibra muscular, as características do arranjo arquitetónico do músculo, como a sua área de secção transversa (anatômica e fisiológica), ângulo de penação e comprimento das fibras, além das propriedades dos tendões (Spector et al., 1980; Widriek et al.,. 2002;. Kurokawa. et. al.,. 2003).. Os fatores neurais associados à produção da força muscular são: o recrutamento de unidades motoras, a frequência de estimulação das unidades motoras,. sincronização/coordenação. intramuscular,. coordenação. intermuscular, ativação dos músculos sinergistas e a co-contração dos músculos antagonistas (Cormie, 2011). De acordo com Schmidtbleicher (1992), a força pode ser caracterizada do ponto de vista global, em função da sua magnitude, velocidade de execução e tempo de duração. Existem, assim, várias formas de manifestação da força muscular: a força máxima, a força resistência e a força rápida ou explosiva. A força máxima refere-se ao mais alto valor de força que o sistema neuromuscular pode desenvolver, independentemente do fator tempo e contra uma resistência inamovível (Schmidtbleicher, 1992). Segundo Manso (1999), a força máxima pode exprimir-se de forma estática (força máxima isométrica) ou de forma dinâmica (força máxima dinâmica). A força resistência reporta-se à capacidade do organismo resistir à fadiga, em solicitações de prestação de força, ao longo de um período temporal prolongado (Fernández et al., 2002). Para Mil-Homens (2002) esta manifestação de força consiste na capacidade do sistema neuromuscular atrasar o surgimento da fadiga em exercícios de força. A força rápida ou explosiva consiste na capacidade de exercer tensão no menor tempo possível (Fernández et al., 2002). Já Quetelet (1835), décadas atrás, havia referido a diminuição da função muscular. com. o. processo. de. envelhecimento.. 32. Desde. então,. várias.

(33) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. investigações têm-se focado nesta questão, convergindo para o fato de que a diminuição da função muscular se torna mais proeminente a partir dos 60 anos (Doherty et al., 1993). De acordo com Rook et al. (1992), este decréscimo é ainda mais evidente no sexo feminino. Como referem Carvalho e Soares (2004), de acordo com vários autores, o pico da função muscular é atingido cerca dos 30 anos, mantendo-se relativamente estável até à 5ª década, idade a partir da qual começa a declinar. Como referem Larsson et al. (1979) e Rogers e Evans (1993), verifica-se um decréscimo de cerca de 15 % por década entre os 50 e os 70 anos e, posteriormente, em cada 10 anos a diminuição da função muscular é exponenciada para 30%. Por outro lado, vários autores referem que o decréscimo da força é também específico de cada grupo muscular e ainda do tipo de contração (Hughes et al., 2001; Spirduso, 1995). Como salientam Grimby et al. (1992) e Hughes et al. (2001) entre outros autores, com o envelhecimento, a redução da força dos membros inferiores é mais pronunciada do que a registada nos superiores. Segundo estes autores, a debilidade e atrofia musculares são particularmente evidentes ao nível dos membros inferiores. Este aspeto assume particular importância na medida em que poderá induzir limitações funcionais quotidianas para o idoso. Os músculos extensores e flexores do joelho assumem uma importância crucial para a capacidade de locomoção e equilíbrio corporal. Vários estudos têm comprovado esta importância em atividades como a marcha lenta e rápida (Kaneko et al., 1991), subir degraus (McFadyen & Winter, 1988), e levantar-se da cadeira (Millington et al., 1992).. Com o processo de envelhecimento, verifica-se uma diminuição da massa e da força muscular (Adams et al., 1999). Consequentemente, quer a osteoporose, quer a sarcopenia que ocorrem com o envelhecimento constituem fatores importantes para o sistema músculo-esquelético. O declínio da força, decorrente do envelhecimento, é atribuído na sua maior parte à diminuição de massa muscular, quer pela atrofia, quer pelo. 33.

(34) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. decréscimo do número de fibras musculares (Frontera et al., 1991; Lexell et al., 1988). Para além da atrofia muscular, alguns dados salientam também um aumento de tecido não contrátil com efeitos diretos na diminuição da força, registada com o envelhecimento (Lexell et al., 1995). O processo de atrofia das fibras musculares tem início aproximadamente aos 25 anos, havendo uma redução gradual da área em cerca de 10 % até perto dos 50 anos. Como referem Lexell et al. (1988), após os 50 anos, verificase uma atrofia mais significativa, sendo que perto dos 80 anos o sujeito idoso apresenta uma diminuição de cerca de 50 % na área de seção transversal do músculo. Este processo é registado mais proeminentemente nas fibras tipo II, sendo observada uma diminuição aproximada de cerca de 26 % entre os 20 e os 80 anos. Diversos estudos têm apontado, também, que com o processo de envelhecimento se verificam diminuições da capacidade de recrutamento neural, o que poderá igualmente contribuir de modo significativo para as modificações funcionais registadas no idoso (Hakkinen et al., 1996; Urbanchek et al., 2001), havendo evidências diretas e indiretas de mudanças quantitativas e qualitativas das unidades motoras com a idade. Outra possibilidade sugerida, relaciona-se com o fato do idoso apresentar uma menor capacidade para a ativação completa dos seus grupos musculares (Yue et al., 1999). De acordo com Hakkinen et al. (1996), a diminuição da força decorrente do envelhecimento não pode, assim, ser justificada em exclusivo pela redução da massa muscular, constituindo um processo multifatorial. Este fenómeno acarreta, de acordo com a literatura, consequências diversas tais como: redução da densidade mineral óssea, aumento da probabilidade de fraturas (Campbell et al., 1999), aumento do risco de quedas (Lord et al., 1995), assim como variadas alterações fisiológicas (intolerância à glicose, perturbações no metabolismo energético e na capacidade aeróbia). De acordo com Brill et al. (2000), a aptidão para realizar as diversas atividades da vida diária, bem como tarefas laborais ou recreativas é. 34.

(35) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. condicionada, em grande parte, pela capacidade de desenvolver força muscular. Como referem Carter et al. (2001), a força muscular assume um papel crucial na redução do risco de quedas prevenindo, consequentemente, o risco de fraturas derivadas pela maior desmineralização óssea inerente ao processo de envelhecimento. Para além disso, a força tem uma importância preponderante para a manutenção da mobilidade, autonomia e funcionalidade do idoso (ibidem). De igual modo, Brill (2000) refere que, a diminuição da força e da massa muscular torna os idosos mais predispostos a limitações funcionais, constituindo este um fator predisponente para processos patológicos inerentes ao aumento da morbilidade e mortalidade. Um dos grandes problemas da saúde pública atual, atendendo aos custos financeiros que acarreta, são as quedas do idoso. Como referem Daley e Spinks (2000), estas são situações que implicam habitualmente o recurso a acamamento e, assim, propiciam um agravamento do processo de senescência do idoso. De acordo com Schultz (1992), ainda que só aproximadamente 10 % das quedas originem uma fratura grave, estima-se que 20 % das mulheres que sofrem uma fratura da anca não sobrevivam para além do primeiro ano e outras 20 % fiquem com limitações ao nível da mobilidade e dependentes do auxílio de terceiros. Outra aptidão fundamental para a saúde e capacidade funcional da população idosa é, sem dúvida, a capacidade de equilíbrio (Carter et al, 2001). Como referem estes autores, o equilíbrio encontra-se muito dependente da força dos membros inferiores. O equilíbrio é afetado com o processo de envelhecimento, devido a uma multiplicidade de fatores tais como: degeneração da visão, do sistema vestibular e somatosensorial (Spirduso,1995). A correção da estabilidade do corpo é mais lenta na população idosa, bem como a amplitude e frequência da oscilação corporal (Daley e Spinks, 2000).. 35.

(36) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Também as alterações degenerativas ao nível da coluna, decorrentes do envelhecimento, afetam o equilíbrio uma vez que originam uma maior curvatura cifótica. Como refere Spirduso (1995) os discos intervertebrais, com o processo de envelhecimento, ficam gradualmente menos elásticos e mais achatados, bem. como. as. vertebras. (devido. progressivamente. adotando. a. forma. a. processos de. cunha,. osteoporóticos) o. que. resulta. vão no. desalinhamento por compensação das vertebras dorsais e cervicais. Períodos prolongados de inatividade exponenciam a curvatura da área cervical, ombros e zona lombar aumentando a degeneração da coluna, da dor e afetando a mobilidade (ibidem). Por outro lado, tarefas quotidianas como caminhar, levantar-se de uma cadeira, subir degrau, etc., podem provocar uma pressão mecânica sobre as vertebras desalinhadas, originando um aumento da dor (Carvalho & Soares, 2004). Outros fatores que podem igualmente afetar o equilíbrio são: as diversas patologias cardiovasculares e neuromusculares, bem como o recurso a terapias farmacológicas, nomeadamente as que atuam diretamente sobre o sistema nervoso central (Carter et al., 2001). Por outro lado, a perda da força decorrente do envelhecimento (nomeadamente dos membros inferiores) afeta, de igual forma, a qualidade da marcha no idoso (Kwon et al., 2001). Com o envelhecimento, a marcha do idoso torna-se gradualmente mais lenta, sendo este processo mais notório no sexo feminino e entre os 65 e 85 anos (Daley & Spinks, 2000). Provavelmente, de acordo com Judge et al. (1996), os idosos adotam uma velocidade de marcha mais lenta por forma a fazerem uma maior economia de movimentos, tendo em conta a sua estrutura corporal, peso, força e resistência. Desta forma, como referem Carvalho e Soares (2004), a passada do idoso é mais lenta e mais curta havendo uma relação mais reduzida entre tempo de balanço e o de apoio, verificando-se uma redução da fase de balanço e um aumento da fase de duplo apoio. Uma outra alteração característica da 36.

(37) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. marcha nesta população é uma menor elevação do calcanhar relativamente ao solo (Judge et al., 1996). O processo de envelhecimento encontra-se, assim, associado a diversas alterações com consequências na funcionalidade, mobilidade, autonomia, saúde e, em suma, na qualidade de vida nesta população (Carvalho & Soares, 2004). Como refere Spirduso (1995), ao aumento da longevidade deverá corresponder a capacidade de manter a qualidade de vida associada à melhor saúde, ao bem-estar, bem como à aptidão de realizar de forma autónoma as tarefas quotidianas. Segundo Andrews (2001), constitui uma prioridade o desenvolvimento de competências que possibilitem à população idosa a execução das suas tarefas básicas diárias independentemente da ajuda de terceiros. As tarefas quotidianas, como ir às compras, vestir-se, levantar de uma cadeira, exigem um nível mínimo de força muscular, flexibilidade, equilíbrio e coordenação (Adams et al. 1999). O conceito de capacidade funcional pode, então, ser definido como a eficiência do idoso para corresponder às exigências físicas do quotidiano, que engloba desde as atividades mais básicas para uma vida independente até as ações mais complexas da rotina diária (Shubert et al., 2006; Okuma, 1997). A capacidade funcional constitui-se, assim, como um novo paradigma de saúde, para que o idoso possa viver de forma independente realizando as atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção das suas atividades básicas e. instrumentais (Ramos,. 2003;. Souza,. 2002).. O. envelhecimento está frequentemente associado a níveis reduzidos de capacidade funcional, principalmente devido à depreciação das funções físicas, como a diminuição da função dos sistemas osteo-muscular, cardiorrespiratório e nervoso, situação que pode impossibilitar o idoso de executar as suas tarefas quotidianas com eficiência (Spirduso, 2005; Okuma, 1997).. 37.

(38) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 38.

(39) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 3. Avaliação da capacidade funcional no idoso. De acordo com Rikli e Jones (1999b), a capacidade funcional pode ser definida como a capacidade fisiológica para realizar normalmente atividades diárias de maneira segura e independente, sem que haja uma fadiga indevida. Esta capacidade integra componentes tais como: capacidade aeróbica, força muscular, flexibilidade, equilíbrio, destreza manual, etc. (Marieke et al., 1998). Segundo Benedetti (2007), esta aptidão pode ser considerada como a capacidade. de. executar. as. tarefas. da. vida. diária. de. forma. autónoma/independente, incluindo atividades de deslocamento, autocuidado, participação em atividades recreativas e ocupacionais, correspondendo, em suma, à capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias a uma vida com qualidade. Tal como anteriormente referido, o envelhecimento constitui um processo que provoca alterações e desgastes em vários sistemas funcionais, que ocorrem de forma progressiva (Caromano et al., 1999). Numa perspetiva biológica, o envelhecimento encontra-se associado a um conjunto de progressivas alterações estruturais e funcionais, designado declínio funcional, o qual pode ser influenciado quer por fatores intrínsecos (como a hereditariedade e doenças crónicas não transmissíveis), quer fatores extrínsecos (estilo de vida, aspetos nutricionais, exercício físico) (ACSM, 1998). Estas alterações resultam numa diminuição da aptidão física individual e no desempenho dos diversos componentes da capacidade funcional: força e resistência muscular dos membros inferiores e superiores, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e aptidão cardiorrespiratória (Toraman & Ayceman, 2005). Para Doherty (2003), um dos principais aspetos que contribui para a redução do desempenho dos componentes da aptidão funcional é a diminuição da massa e da força muscular que se verifica com o processo do envelhecimento.. 39.

(40) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. Segundo Andreotti (1999), na velhice a capacidade de execução de algumas tarefas quotidianas está comprometida, uma vez que o idoso apresenta dificuldades acrescidas para o desempenho de atividades básicas como caminhar, subir escadas, vestir-se, cozinhar, executar atividades manuais, entre outras. A avaliação da aptidão funcional de indivíduos idosos torna-se, assim, importante, na medida em que, a partir dela, é possível encontrar meios de prevenir ou retardar o início de fragilidades físicas que ocorrem em idades avançadas (Cech & Martin, 1994). Com este tipo de avaliação, é possível observar as componentes da aptidão física (força, capacidade aeróbia, flexibilidade, agilidade, equilíbrio), implicadas em diversas atividades quotidianas (Rikli & Jones, 1999a). Com este tipo de conhecimento, isto é, com a deteção de um ou mais défices nestes atributos físicos poder-se-á realizar um planeamento mais adequado para o programa de AF (Rikli & Jones, 2001). Muito embora a aptidão funcional seja uma capacidade vital e com sérias implicações para a saúde em geral, normalmente apenas quando surgem disfunções é-lhe dada a devida atenção. Através da avaliação da capacidade funcional do idoso, podem ser detetadas. eventuais. fragilidades. físicas. decorrentes. do. processo. de. envelhecimento e, assim, poder-se-á prevenir e reduzir toda uma série de declínios funcionais, possibilitando melhorias na aptidão funcional e na qualidade de vida do idoso (Rikli & Jones, 1999b). A avaliação do nível de capacidade funcional no idoso poderá balizar as intervenções. direcionadas. a. esta. população,. sendo. fundamental. na. determinação do risco de dependência futura, do agravamento ou instauração de doenças crónicas, da probabilidade de quedas e de índices de morbilidade e mortalidade (Schubert et al., 2006; Okuma, 1997). Tendo em consideração que o desempenho nas atividades da vida diária é determinado pela integração de diversas capacidades e aptidões físicas, os testes físicos têm sido utilizados como dispositivos importantes para a definição do perfil funcional do idoso, permitindo a predição de eventuais alterações. 40.

(41) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. longitudinais da capacidade funcional e sendo utilizados para a avaliação do efeito de intervenções com programas de treino (Rogers et al., 2003; Enright et al., 2003). A literatura apresenta diversas abordagens relativamente aos testes funcionais, tendo em conta a complexidade inerente às atividades quotidianas, bem como à heterogeneidade da população idosa (Rogers et al., 2003; Steffen et al., 2002). As aptidões físicas e motoras inerentes à grande maioria das atividades quotidianas apresentam um elevado nível de integração. Assim, a capacidade funcional pode ser compreendida através de uma abordagem mais globalizante, mediante a qual se procura aceder a vários atributos com a administração de um único teste, como são exemplo os testes de caminhada ou de mobilidade (Rogers et al., 2003; Enright et al., 2003). Os testes de caminhada são vistos como uma alternativa rápida e de baixo custo para avaliar o comprometimento da capacidade funcional, uma vez que podem refletir o potencial de realização das atividades da vida diária (Shubert et al., 2006; Enright et al., 2003). Dentre as alternativas existentes para este tipo de teste, pode-se destacar o teste de caminhada de 6 minutos (Solway et al., 2001) como a proposta mais estudada e estabelecida em testes de campo de caminhada. A avaliação da mobilidade também se estabelece como ponto importante da avaliação funcional, uma vez que se relaciona intimamente com a probabilidade de quedas podendo ter, por conseguinte, um impacto negativo na capacidade funcional (Spirduso et al., 2005). Um teste de mobilidade que tem sido largamente utilizado para a avaliação da capacidade funcional do idoso é o Timed Up and Go (Morris et al., 2001). A capacidade de manutenção do equilíbrio estático e dinâmico constitui um aspeto fundamental para a preservação da independência funcional, reduzindo o risco de quedas morbilidade e mortalidade na velhice (Shubert et al., 2006; Ikezoe et al., 2005). A força muscular é, igualmente uma capacidade física crucial nas atividades da vida diária, uma vez que se relaciona com a velocidade da. 41.

(42) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. marcha, habilidade para subir degraus, levantar-se da cadeira, vestir-se e alimentar-se (Spirduso et al., 2005; Okuma, 1997). A avaliação da força muscular do idoso pode, assim, contribuir significativamente para a compreensão do seu estado funcional. Para tal, encontram-se disponíveis na literatura, variados testes de força de baixo custo e fácil aplicabilidade, podendo fazer parte de avaliações funcionais em situações de campo (Camara et al. 2008). Dentre eles, salienta-se a mensuração da ação funcional de levantar-se de uma cadeira, que apela à força e potência muscular dos membros inferiores e que tem sido usada em variadas abordagens (Shubert et al., 2006; Rogers et al., 2003). Segundo Lusardi et al. (2003), a aptidão de levantar de uma cadeira ou cama constitui uma ação funcional que, embora aparentemente simples, pode ser muito exigente para o idoso, sobretudo para os que apresentam alterações músculo-esqueléticas ou neuro motoras. O desempenho neste tipo de teste pode ser utilizado como preditor da diminuição da capacidade funcional, uma vez que, se o desempenho no teste exceder 13,6 segundos, poderá ser indicativo de comprometimento funcional e probabilidade de aumento da morbilidade (Shubert et al., 2006; Marzilli et al., 2004). Ainda que a avaliação dos membros inferiores pareça ser mais relevante por se relacionar com ações funcionais mais globais e com outros atributos como equilíbrio (dinâmico e estático), velocidade da marcha e caminhada, também é proposta a avaliação da força dos membros superiores (Camara et al., 2008). Para esse fim, os testes de flexão de cubitos e de preensão manual são os mais amplamente utilizados nas investigações (Rikli & Jones, 1999; Yamauchi et al. 2005). A força de flexão de cubito pode determinar alterações de força relativamente a intervenções de programas de exercícios, podendo discriminar idosos ativos e sedentários, bem como os efeitos do destreino (Yamauchi et al., 2005; Marzilli et al., 2004). Todavia, como referem Camara et al. (2008), não foram encontrados trabalhos que evidenciassem a influência do desempenho neste teste em ações mais específicas da capacidade funcional do idoso. Complementarmente, a avaliação da força das mãos poderá constituir uma alternativa para avaliação dos membros superiores, sendo que parece ter. 42.

(43) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. potencial para indicar com mais precisão alterações funcionais (Camara et al., 2008). A força de preensão manual constitui um importante indicador da capacidade funcional do idoso, dado que parece declinar com a velhice, podendo repercutir-se em aumento da morbilidade e mortalidade desse escalão etário (Kell et al., 2001; Kimura et al., 2007; Ikezoe et al., 2005). Tarefas da vida quotidiana como vestir-se, alimentar-se e caminhar estão intimamente associadas a essa força das mãos (Enright et al., 2003; Kell et al., 2001). A interação entre as diversas aptidões físicas que compõem a capacidade funcional, poderá dificultar a determinação sobre a prevalência de qual a aptidão física é mais relevante para uma dada ação funcional (Camara et al., 2008). Esta situação pode originar interpretações erróneas sobre efeitos de intervenções de programas de exercícios dirigidos à capacidade funcional. Por exemplo, relativamente ao teste de sentar e levantar da cadeira, é recorrente observar-se argumentos de que a sua execução é determinada predominantemente pela força muscular dos membros inferiores. Todavia, esta ação funcional é, igualmente, determinada por outros fatores, tais como equilíbrio dinâmico e estático (ibidem). Como refere Camara et al. (2008), é preferível o recurso a testes ou a avaliações mais específicas, embora fique claro de que o “isolamento” definitivo de um ou outro atributo da capacidade funcional é obviamente impossível. Tendo em consideração as limitações decorrentes da quantificação dos testes (normalmente equivalente à velocidade em que se pode executar uma dada ação motora), diversos autores têm recorrido a avaliações que não limitam a capacidade funcional a avaliações com base no tempo de execução de uma tarefa, mas antes apontem ganhos qualitativos na realização das ações funcionais (Alexander et al., 2001; Weiss et al., 2000). Assim, para além do tempo despendido para realização dos testes, outra variável de crucial importância consiste no padrão da tarefa realizada (Camara et al., 2008). A modificação no padrão de execução do movimento pode ser resultado de ganhos na força e equilíbrio, originando potenciais melhorias nas atividades do quotidiano, mas sem a necessidade exclusiva da execução de ações mais. 43.

(44) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. velozes (Weiss et al., 2000). A avaliação baseada em análises mais qualitativas da capacidade funcional também pode ser obtida através da análise da marcha e da habilidade de “girar” o corpo (Hageman et al., 2002; Weiss et al., 2000). A observação de alterações qualitativas pode ser conseguida através da filmagem de testes e da posterior análise com instrumentos específicos (ibidem). Pode-se, assim, inferir que a velocidade de execução de uma tarefa motora parece não ser o único referencial da avaliação da capacidade funcional, sendo que uma abordagem qualitativa sobre o movimento pode constituir uma outra via de entendimento e compreensão da capacidade funcional do idoso (Camara et al., 2008). O desenvolvimento de testes e baterias de avaliação funcional tem sido orientado a partir das necessidades e limitações observadas na sua aplicação, tomando como base o nível funcional esperado para o idoso (Camara et al., 2008). Muitas das propostas são apropriadas para aplicação a idosos frágeis e com maiores níveis de dependência, mas mostram-se insuficientes para idosos com graus de função e aptidão física mais elevados (ibidem). Como referem estes autores, mesmo para o idoso que exiba uma capacidade funcional aparentemente intacta, é recomendável a aplicação de testes funcionais específicos, para que seja possível detetar alguma tendência de declínio, ou para a determinação da amplitude do potencial de reserva. Existem diversas baterias de testes destinadas à avaliação da aptidão física das pessoas idosas, pelo que em seguida serão expostas algumas das existentes, incluindo a bateria de testes de Rikli e Jones (1999) utilizada neste estudo. A bateria de testes da AAHPERD (American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance), proposta por Osness (1990) é composta por cinco testes motores que avaliam diversos componentes da aptidão funcional:. flexibilidade,. agilidade. e. equilíbrio. dinâmico,. coordenação,. resistência aeróbica e resistência de força de membros superiores. A seleção dos testes para a medição das componentes mencionadas foi efetuada tendo em conta o tipo de atividade que os idosos normalmente realizam no seu dia-adia (Benedetti, 2007). A bateria da AAHPERD proposta por Osness (1990) tem. 44.

(45) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. sido alvo de críticas (Malmberg et al., 2002; Rikli & Jones, 1999) devido à complexidade na realização de alguns testes físicos constantes na bateria de aptidão funcional. O "Groningen Fitness Test for the Elderly" (Lemmink et al., 1994) tratase de um projeto de avaliação da aptidão física desenvolvido na Holanda para adultos idosos a partir de 55 anos de idade. Possui uma estrutura centrada na relação desempenho mecânico eficaz-saúde. "EUROFIT. for. adults. ". (Conselho. da. Europa,. 1995). utilizado. prioritariamente a populações de adultos e idosos (18 — 65 anos). Possui uma estrutura centrada na relação exercício-saúde. "Fullerton Functional Fitness Test" – de Rikli e Jones (1999a, 1999b). Estes autores desenvolveram e validaram uma bateria de testes de aptidão funcional para o Ruby Gerontology Center, na Califórnia State University, que avaliam a capacidade fisiológica para desempenhar atividades da vida diária de forma autónoma e independente, sem que haja uma fadiga indevida. As componentes fisiológicas avaliadas, que dão suporte aos comportamentos necessários para o desempenho das atividades quotidianas, são: força dos membros superiores e inferiores, capacidade aeróbia, flexibilidade de membros superiores e inferiores e agilidade motora/equilíbrio dinâmico. As autoras, complementarmente, também utilizaram o índice de massa corporal (IMC), para a estimativa da composição corporal. Esta bateria de testes foi concebida especificamente para utilização num ambiente de campo e/ou clínico, para serem capazes produzir medidas escalares contínuas mediante uma ampla faixa de níveis de habilidade típicos na população idosa. A limitação dos testes de aptidão física desenvolvidos anteriormente, é que eram adequados para populações mais específicas de indivíduos, ora para idosos de saúde mais frágil, ora para idosos altamente funcionais, o que dificultava a comparação de dados de diferentes faixas etárias e níveis de aptidão (Nunes & Santos,2009). Num estudo que teve por objetivo analisar a confiabilidade expressa pela consistência interna e a estabilidade na aplicação de duas baterias de aptidão funcional específicas a populações idosas (AAHPERD e Fullerton), é sugerido. 45.

(46) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. que, em grupos com características mais heterogéneas, sejam aplicados os testes da bateria de Fullerton, devido a esta ter apresentado melhores coeficientes de correlação intraclasse, principalmente no que diz respeito aos testes de flexibilidade e o de resistência aeróbia (Júnior & Guerra, 2011). Como referem Batista e Sardinha (2005), a bateria de avaliação da aptidão física funcional de Fullerton foi concebida tendo em consideração duas finalidades fundamentais: 1) que possa ser facilmente administrada e que seja fiável para ser utilizada pela comunidade em geral, e 2) que esteja de acordo com padrões de aceitabilidade científica no que respeita à fiabilidade e validade. Estes autores expõem os 12 critérios que serviram de base à conceção dos diversos testes desta bateria: . Serem representativos da maioria das componentes da aptidão física funcional, ou seja, dos parâmetros físicos que suportam a realização das tarefas da vida diária de forma independente. . Grau de fiabilidade teste-reteste aceitável (r > 0,80). . Grau de validade aceitável. . Capacidade para refletir as alterações normais da capacidade funcional relacionadas com o envelhecimento. . Capacidade de deteção de alterações devidas a programas de intervenção. . Capacidade para avaliar sujeitos idosos com níveis de funcionamento físico diferenciados, isto é, dos mais frágeis aos mais aptos fisicamente. . Facilidade de administração e de classificação por profissionais qualificados mas, também, por técnicos voluntários que, por vezes, apoiam na aplicação dos testes. . Exigência mínima de equipamento e espaço de forma a poder ser administrada em qualquer centro para idosos ou outros locais semelhantes. . Possibilidade de administração em casa. . Ausência de perigo caso seja realizada sem qualquer assistência médica, com exceção de situações extremas. . Socialmente aceitável e significativa 46.

(47) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. . Razoavelmente rápida de administrar. O tempo de teste individual não requer mais de 30-45 min. O tempo de teste em grupo (24 pessoas) não requer mais do que 90 min com o envolvimento de 7 avaliadores. Concluindo, a avaliação da capacidade funcional do idoso tem sido um tema amplamente explorado na literatura, constituindo um instrumento fundamental, quer para a determinação do perfil funcional desta população, quer para o planeamento e desenvolvimento de programas de intervenção (Camara et al., 2008).. 47.

(48) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. 48.

(49) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. “Quando se é velho, é preciso ser mais ativo do que quando jovem” Goethe. 4. Atividade física, exercício físico e envelhecimento. De acordo com Carvalho e Soares (2004), o envelhecimento encontra-se associado a diversas alterações com repercussões na funcionalidade, mobilidade, autonomia, saúde e qualidade de vida da população idosa. Assim, em termos de saúde pública, é de todo o interesse descobrir formas de tentar atenuar esta progressiva degeneração (ibid.). Como refere Spirduso (1995), o aumento da longevidade deve estar associado à manutenção da qualidade de vida do idoso, traduzida por melhor saúde, bem-estar e aptidão para realizar de forma independente as atividades quotidianas. De acordo com Andrews (2001) surge como tarefa primordial, nesta população, a potenciação de capacidades que possibilitem ao idoso executar as atividades básicas diárias autonomamente, sem dependência da ajuda de terceiros. Para tal é fundamental que o idoso exiba a melhor capacidade física possível, uma vez que a qualidade de vida se encontra indubitavelmente ligada a um bom desempenho em termos motores. Daí que, como referem Carvalho e Soares (2004), a prática regular de AF seja fundamental para este escalão etário. As tarefas básicas diárias (como: levantar uma cadeira, vestir, ir ás compras) exigem níveis mínimos de aptidões como a força, coordenação, flexibilidade e equilíbrio (Adams et al., 2000). A capacidade de desenvolvimento de força muscular, em particular, é determinante para a execução de diferentes tipos de atividades (Brill et al., 2000).. 49.

(50) Efeitos de um programa de treino de força na capacidade funcional de um grupo de idosos. A diminuição da força e da massa muscular inerentes ao envelhecimento constituem fatores predisponentes a défices funcionais na população idosa, sendo um fator determinante para diversos processos patológicos relacionados com o aumento da morbilidade e mortalidade (ibid.). Inúmeros estudos têm investigado os potenciais efeitos da prática de exercício físico (EF) na saúde e capacidade funcional da população idosa. Vários deles têm documentado que a diminuição funcional e física, decorrente do envelhecimento pode ser revertida ou reduzida mediante a prática de EF (Adams et al., 2001). Presentemente são sobejamente conhecidos os benefícios decorrentes da prática regular de EF para a população idosa, nomeadamente o controle do peso corporal, da força muscular e da pressão arterial (Araújo, 2000). As evidências demonstram o efeito benéfico de um estilo de vida ativo, na manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento, minimizando a degeneração inerente a este e, assim, propiciar uma melhoria geral na saúde e qualidade de vida. O EF, enquanto subcategoria da AF, acarreta diversos benefícios agudos e crónicos. Nomeadamente melhoria na condição física, diminuição da perda de massa óssea e muscular, aumento da força, coordenação e equilíbrio, redução da incapacidade funcional, da intensidade de pensamentos negativos e doenças físicas, bem como promoção da melhoria do bem-estar e do humor (Fountoulakis et al, 2003). A prática de EF surge, igualmente, associada à diminuição da incidência de doenças cardiovasculares (Katzel et al., 1995), diabetes tipo II (Ades, 1990), hipertensão (Hagberg, 1990), neoplasia do intestino (Kohl et al., 1988), assim como a perturbações emocionais, ansiogénicas e depressivas (King et al., 1993). A prática de EF tem sido também associada a um acréscimo do conteúdo mineral ósseo e diminuição do risco de fraturas (Kerr et al., 2001; Maddalozzo et al., 2000). Diversos estudos (Ferreira & Najar, 2005; Matsudo & Matsudo, 1992) apontam o papel do EF moderado como um dos fatores decisivos para a. 50.

Referências

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