• Nenhum resultado encontrado

A integração curricular nas primeiras idades

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A integração curricular nas primeiras idades"

Copied!
119
0
0

Texto

(1)

Escola Superior de Educação

Investigação na Prática de Ensino Supervisionada II

A Integração Curricular nas primeiras idades

Relatório de Estágio apresentado para a obtenção de grau de Mestre na área da Educação Pré-escolar e em Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico

Denise Marina Sousa Marcelino

Orientadora: Doutora Ana Margarida Togtema

(2)

i

Dedicatória

Dedico este trabalho às pessoas que me são afetivamente especiais:

Ao meu pai que partiu no início desta jornada académica, para parte incerta, deixando-me sem chão, repleta de incertezas mas, ao mesmo tempo, cheia de vontade de lhe mostrar que conseguia, apesar de todas as dificuldades emocionais e de todas as vicissitudes da vida, tendo a certeza que metade da minha força de lutar e de vencer na vida provém dele.

À minha mãe que, mesmo sem o elemento masculino do seu lado, conseguiu com muito esforço permitir a minha entrada na faculdade e, acima de tudo, permitiu que eu terminasse este percurso, dando-me palavras de encorajamento, força e afeto.

À minha irmã que impulsionou todo o percurso com as suas sábias palavras, promovendo em mim um maior gosto pela área da Educação.

Às minhas sobrinhas fantásticas que sempre mostraram que era um motivo de orgulho para elas e que, muitas vezes, foram “cobaias” de atividades.

Ao meu namorado, que apareceu num momento crucial da minha vida e me apoiou em todos os momentos desta enorme caminhada, encorajando-me a ser sempre melhor.

Aos meus amigos, que me compreenderam, ajudaram e apoiaram nos momentos frágeis e brindaram comigo nos momentos de glória.

(3)

ii

Agradecimentos

Agradeço a todos os que contribuiriam direta ou indiretamente para o meu percurso no Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico e que, consequentemente, tornaram possível a realização do presente relatório final para a obtenção do grau de mestre.

Agradeço, primeiramente, à minha orientadora, Professora Doutora Ana Margarida Togtema que se predispôs a orientar este trabalho e que se mostrou sempre disponível, dando do seu enorme contributo para a realização deste relatório.

A todos os docentes supervisores que me acompanharam ao longo dos estágios, especial relevo para a Professora Doutora Elisabete Linhares que foi uma das peças fundamentais para o meu crescimento no decurso dos estágios.

A todos os docentes que me acompanharam nas diversas Unidades Curriculares e que estiveram sempre disponíveis durante todo o meu percurso.

A todos os educadores / professores cooperantes que me acolheram, auxiliaram com os seus valiosos ensinamentos, e me ajudaram a definir todo o percurso investigativo.

Às crianças com quem tive oportunidade de trabalhar, aprender e ensinar. Aos meus amigos pela sua presença constante na minha vida.

A todos vós, o meu gigantesco obrigada. Sabem o quão especiais e imprescindíveis foram, são e serão, na minha vida.

(4)

iii

Resumo

O presente relatório realizado no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico tem como objetivo primordial dar a conhecer o meu processo formativo ao longo do meu trajeto. Este baseia-se essencialmente nas experiências vivenciadas, no trabalho desenvolvido e, acima de tudo, nas aprendizagens significativas, no decurso das Unidades Curriculares de Prática de Ensino Supervisionada, nomeadamente no contexto de Creche, Jardim de Infância e 1º Ciclo do Ensino Básico. Neste trabalho abordo ainda todo o processo que se interliga com o desenvolvimento investigativo alusivo à “Integração Curricular nas primeiras idades”.

Por forma a dar resposta à questão investigativa, foram realizadas pesquisas e leituras baseadas em autores de referência que afirmam o quão é importante Integração Curricular e como é que esta pode ser, efetivamente, posta em prática.

A pesquisa desenvolvida tem como foco compreender que representação possuem os educadores / professores da Integração Curricular, e como é que se traduz na sua prática, ou seja, como é que estes a operacionalizam.

Palavras-chave: Integração Curricular, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade,

(5)

iv

Abstract

This report aims to obtain the Master's Degree in Pre-School Education and Teaching in the 1st Cycle of Basic Education has as its primary objective to present my formative process along my path. This is based essentially on experiences lived through my work and, above all, on meaningful learning in the course of the Curricular Units of Supervised Teaching Practice, namely in the context of Kindergarten and 1st Cycle of Basic Education. In this work I discuss the whole process which connects with the investigative development alluding to the "Curricular Integration in the early ages”.

In order to answer the research question, a literature review was carried out based on reference authors that support the importance of Curriculum Integration and how it can be effectively put into practice.

The research is focused on understanding the representation of educators/teachers about Curriculum Integration, and how it translates into their practice, i.e. how they implement it.

Key words: Curricular Integration, Interdisciplinarity, Transdisciplinarity,

(6)

v

Índice

Dedicatória ... i Agradecimentos ... ii Resumo ... iii Abstract ... iv Introdução ... 1 Parte I - Os estágios ... 2 1. Contexto de estágios ... 2

1.1. Prática de Ensino Supervisionada em Creche ... 2

1.1.1. Caracterização da Instituição ... 2

1.1.2. Caracterização da Sala ... 3

1.1.3. Caracterização do Grupo ... 4

1.1.4. Projeto Desenvolvido ... 5

1.1.5. Atividades desenvolvidas ... 7

1.2. Prática de Ensino Supervisionada em Jardim de Infância... 8

1.2.1. Caracterização da Instituição ... 8

1.2.2. Caracterização da Sala ... 9

1.2.3. Caracterização do Grupo ... 10

1.2.4. Projeto Desenvolvido ... 12

1.2.5. Atividades desenvolvidas ... 14

1.3. Prática de Ensino Supervisionada em 1º Ciclo do Ensino Básico – 1º ano ... 16

1.3.1. Caracterização da Instituição ... 16

1.3.2. Caracterização da Sala ... 17

1.3.3. Caracterização do Grupo ... 18

1.3.4. Projeto Desenvolvido ... 20

1.3.5. Atividades desenvolvidas ... 22

1.4. Prática de Ensino Supervisionada em 1º Ciclo do Ensino Básico – 4º ano ... 24

1.4.1. Caracterização da Instituição ... 24 1.4.2. Caracterização da Sala ... 25 1.4.3. Caracterização do Grupo ... 25 1.4.4. Projeto Desenvolvido ... 26 1.4.5. Atividades desenvolvidas ... 28 1.5. Desenvolvimento Profissional ... 31

Parte II - Exercício Investigativo ... 35

1. Percurso de desenvolvimento investigativo ... 35

1.1. Questão de investigação e Objetivos ... 36

2. Enquadramento Teórico ... 38

(7)

vi

2.2. A Integração Curricular como estratégia ... 46

3. Metodologia e Procedimentos ... 49

3.1. Instrumento de recolha de dados e Participantes ... 49

3.2. Apresentação e Análise dos resultados ... 51

3.3. Discussão Final e Síntese ... 57

Reflexão Final ... 57

Referências Bibliográficas ... 59

(8)

vii

Índice de Figuras

Figura 1 – Projeto “O cantinho da música” ... 7

Figura 3 - Atividade “desculpa-me” ... 14

Figura 2 – Instrumentos de pilotagem ... 14

Figura 4- Atividade interdisciplinar “Menino de todas as cores” ... 15

Figura 5 – Atividade “Quem sou eu?” ... 22

Figura 6 - Atividade interdisciplinar "Natal nas asas do arco-íris" (planificação no anexo II) 22 Figura 7 - Atividade interdisciplinar "Dez dedos, dez segredos" ... 23

Figura 8 - Atividade interdisciplinar "Contração e dilatação de materiais: dia da mãe" ... 29

Figura 9 - Atividade interdisciplinar "A eletricidade" ... 29

Figura 10 - Atividade interdisciplinar "Mondrian e as áreas" ... 30

Figura 11 – Rede esquemática para a Integração Curricular ... 39

Índice de Quadros

Quadro 1- Síntese do projeto desenvolvido – Creche ... 6

Quadro 2 - Síntese do projeto desenvolvido – JI ... 12

Quadro 3 - Síntese do projeto desenvolvido – 1ºCEB – 1ºano ... 20

Quadro 4 - Síntese do projeto desenvolvido – 1ºCEB – 4ºano ... 27

Quadro 5 – Designação dos blocos de objetivos e respetivas questões ... 50

Quadro 6 – Caracterização dos educadores / professores ... 52

Quadro 7 - Respostas dos questionários aos educadores / professores do Agrupamento de Escolas de Abrantes ... ix

Quadro 8 - Grelha de análise de conteúdo dos questionários aos educadores / professores do Agrupamento de Escolas de Abrantes ... xix

Quadro 9 - Grelha de análise de conteúdo dos questionários aos educadores / professores do Ensino Privado ... xxiii

(9)

viii

Índice de Siglas

EPE- Ensino Pré-Escolar CEB- Ciclo do Ensino Básico

OCEPE – Orientações Curriculares para o Ensino Pré-Escolar IC – Integração Curricular

PES – Prática de Ensino Supervisionada JI – Jardim de Infância

IPSS – Instituição de Solidariedade Social PE – Projeto Educativo

AAAF – Atividades de Animação e Apoio à Família PAA – Plano Anual de Atividades

AEC – Atividades de Enriquecimento Curricular PEI – Projeto Educativo Individual

OC – Orientações Curriculares

PAFC – Programa de Autonomia e Flexibilidade Curricular Cit. – Citado

(10)

1

Introdução

O presente relatório insere-se na Unidade Curricular de Investigação na Prática de Ensino Supervisionada II, integrada no Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1ºCiclo do Ensino Básico, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém, para a obtenção de grau de mestre.

Neste relatório pretendo dar a conhecer o trabalho que fui desenvolvendo ao longo deste Mestrado, nomeadamente no que concerne aos períodos de Prática de Ensino Supervisionada (PES), nos contextos de Creche, Jardim de Infância (JI) e 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB) e, ainda, todo o meu percurso investigativo acerca do estudo “A Integração Curricular nas primeiras idades”.

As PES previam que, enquanto aluna de Mestrado, tivesse a aptidão de estabelecer a ponte entre os conhecimentos adquiridos nas aulas, vulgarmente denominado de “teoria” e o trabalho de campo, que se interrelaciona com a prática. Deste modo, as PES visaram a aquisição, o aumento e o desenvolvimento de competências profissionais essenciais à prática profissional docente, em domínios fulcrais como a planificação, a reflexão, a gestão de grupo e de conflitos, a avaliação, entre outros igualmente pertinentes, e ainda no domínio da pesquisa educacional.

Este trabalho está dividido em duas partes, sendo que a primeira diz respeito à apresentação dos contextos de estágio, nomeadamente às caracterizações das instituições, das salas, dos grupos, dos projetos e das atividades desenvolvidas, relatando experiências vivenciadas e aprendizagens significativas, bem como o desenvolvimento profissional.

A segunda parte diz respeito ao exercício investigativo, onde se pretende compreender que representação possuem os educadores / professores da Integração Curricular (IC). Nesta parte destaca-se, então, o meu percurso de desenvolvimento investigativo, a questão de investigação, os objetivos, o enquadramento teórico acerca da problemática, a metodologia e os procedimentos, os participantes e o instrumento de recolha de dados, a apresentação e análise dos resultados e, ainda, a discussão final e síntese.

Este relatório culmina com a reflexão final, que reúne e integra as evidências de análise reflexiva sobre a ação, onde acompanho a teoria com a prática desenvolvida, sendo, por isso, a síntese de todo este processo.

(11)

2

Parte I - Os estágios

1. Contexto de estágios

1.1. Prática de Ensino Supervisionada em Creche

O meu primeiro estágio, no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, foi realizado de 4 de novembro a 18 de dezembro de 2015, numa creche de uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), numa freguesia pertencente ao distrito de Santarém.

1.1.1. Caracterização da Instituição

Tal como supramencionado, a instituição onde estagiei trata-se de uma IPSS e existe desde 1998. Esta situa-se no centro da cidade e foi criada como resposta a uma necessidade expressa por muitas famílias tratando-se, portanto, de uma valência de apoio não apenas à criança, mas também à família e à comunidade.

Esta instituição tem capacidade para cento e vinte crianças com idades compreendidas entre os três meses e os cinco / seis anos de idade, sendo que na valência de creche, a capacidade máxima é de cinquenta e cinco crianças com idades entre os três e os trinta e seis meses.

A nível de infraestruturas, a instituição em questão, está bastante bem equipada e conservada. Tem sete salas de atividades e estas organizam-se por faixas etárias, à exceção de uma que alberga crianças com diferentes idades tratando-se, portanto, de uma sala multietária.

No decorrer do estágio considerei que um dos maiores problemas se tratava da inexistência de um recreio exterior para as crianças brincarem, sendo que estas passavam todo o dia nas respetivas salas ou numa sala polivalente, o que na minha perspetiva acaba por não ser saudável. Erickson e Ernest (2011) afirmam que atualmente vários investigadores se têm debruçado sobre este tema reconhecendo que brincar no exterior traz enormes benefícios para o desenvolvimento da criança, desde as habilidades motoras até às habilidades sociais trazendo, deste modo, alterações positivas a nível físico, emocional, mental e espiritual. Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Pré-Escolar (OCEPE) o espaço exterior é um espaço educativo, sendo visto como um prolongamento do espaço interior. É um espaço com diversas potencialidades e oportunidades educativas e, por isso, merece a mesma atenção do educador que o espaço interior (OCEPE, 1997), coisa

(12)

3 que acabava por não acontecer nesta instituição pelo facto de não haver, efetivamente, um espaço exterior.

Segundo documentos oficiais, nesta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) destacam-se 20 profissionais, das quais é possível mencionar seis educadoras de infância, nove auxiliares de ação educativa, três auxiliares de serviços gerais e duas auxiliares integradas num programa ocupacional. Cada sala possui uma educadora e uma auxiliar de ação educativa, à exceção do berçário, que tem em permanência duas auxiliares de ação educativa e, como responsável, a educadora da sala de 1 ano.

No ano letivo 2014/2015 o Projeto Educativo (PE) tinha como tema principal a os Direitos Universais da Criança e como objetivos gerais: (i) promover uma boa adaptação à creche, transmitindo tranquilidade, segurança e afetividade; (ii) proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança, nomeadamente no âmbito da saúde individual e coletiva; (iii) respeitar os ritmos individuais de cada criança; (iv) promover o contacto com outras crianças num ambiente próprio permitindo o desenvolvimento harmonioso das personalidades; (v) proceder à despistagem de inadequações, deficiências ou precocidades e promover a melhor orientação e encaminhamento da criança; (vi) promover o desenvolvimento social da criança; (vii) desenvolver a capacidade sensorial e cognitiva; (viii) promover hábitos de higiene; (ix) despertar a curiosidade; (x) incentivar a participação da família no processo educativo; (xii) contribuir para o sucesso da aprendizagem. E, segundo a educadora titular, o projeto da sala em tudo se ligava com o amor, a partilha e a família, uma vez que estava a trabalhar o XX direito: todas as crianças têm o direito de crescer em ambiente de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

1.1.2. Caracterização da Sala

A sala onde estivemos a estagiar era relativamente pequena, mas acolhedora e tinha uma excelente iluminação natural. Estava bem equipada do ponto de vista dos materiais, todavia estes não se encontravam organizados da melhor forma, visto que acabavam por roubar área livre à sala, não facilitando a mobilidade das crianças. Por esse motivo é “(…) indispensável que o educador se interrogue sobre a função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização” (OCEPE, 1997. p.37)

Esta dispunha de áreas de desenvolvimento / áreas de atividades que proporcionavam vivências diferenciadas às crianças que, por seu turno, acabavam por estimular a imaginação, a criatividade, o raciocínio lógico-matemático e a linguagem, tais como: a área do faz de conta, da garagem, da biblioteca, dos jogos de mesa, da Expressão Plástica e do tapete.

(13)

4 tudo o que era necessário para a realização e bom funcionamento das atividades, num ambiente rico e favorecedor de aprendizagens, fossem essas livres ou dirigidas. Todavia, as atividades dirigidas surgiam apenas nas efemérides e, mesmo assim, eram concebidas, maioritariamente, pelos adultos. Deste modo, as atividades demonstravam-se pouco úteis para o desenvolvimento das crianças no seu todo.

Em suma, as atividades eram pensadas apenas para “mostrar trabalho” ao invés de ser para criar envolvimento, estímulos e, consequentemente, aprendizagem, o que nos suscitou bastante surpresa.

1.1.3. Caracterização do Grupo

No que diz respeito às características do grupo, este era constituído por dezanove crianças de dois anos, das quais treze eram do sexo feminino e oito do sexo masculino, todas elas residentes no concelho de Santarém.

A maioria das crianças integrantes deste grupo estavam familiarizadas com os espaços, com as rotinas, com os adultos e com os pares, uma vez que a grande maioria já havia frequentado a presente instituição no ano transato. Contudo, havia duas crianças que se encontravam, ainda, em fase de adaptação e, por esse motivo, acabavam por necessitar de uma maior atenção, afeto e estímulo, sendo este o fator fulcral para que haja uma adaptação progressiva, natural e harmónica.

A nível motor as crianças mostraram ser muito autónomas e isso era percetível nos momentos de rotina, mais precisamente na alimentação e higiene. Todas as crianças já controlavam os esfíncteres durante o dia, mas, durante a sesta, só cinco é que já tinham essa aquisição feita. Quanto à chucha, já nenhuma criança a utilizava no dia a dia, nem na hora da sesta.

Parente (2011) afirma que “a observação cuidada das crianças permite revelar a singularidade de cada criança, ajuda a conhecer o temperamento, pontos fortes, as caraterísticas, a forma como se relaciona com os outros, etc.” (p.4). Portanto, devido a essa observação cuidada que fui fazendo no decorrer das semanas de observação participante concluí que se tratava de um grupo que tinha dificuldade em ouvir, apesar de ser um grupo simpático, interessado, entusiasta e bastante participativo. Envolvia-se com euforia nas atividades propostas por nós e reagia muito positivamente às novidades e à surpresa. Tinha gosto especial por histórias e por cantar canções, todavia era bastante desafiador a nível do comportamento, uma vez que dificilmente acatava as diretrizes dadas pelo adulto. Isto sucedia-se com a educadora da sala, com a auxiliar e, também, com as estagiárias o que, por vezes, se tornou complexo de gerir.

(14)

5 Ao nível da linguagem a maior parte das crianças recorriam ao discurso verbal para comunicar, fazendo uso de um vocabulário elaborado e diversificado, sendo que as duas crianças em fase de adaptação demonstravam um discurso menos elaborado e, por vezes, recorriam à linguagem não verbal para se manifestarem.

1.1.4. Projeto Desenvolvido

Durante a semana de intervenção partilhada, cada vez que cantava alguma canção que era desconhecida para o grupo, este mantinha-se parado a ouvir e sentir. Estes momentos revelaram ser bastante estimulantes e as crianças demonstraram imenso interesse pelas canções e extrema curiosidade pela aprendizagem das mesmas.

Sempre que isso acontecia, notávamos que, numa primeira fase, existia espanto e, numa segunda fase, excitação por quererem que a música fosse repetida infindavelmente. Por esse facto, eu e a minha colega elaborámos um projeto que fosse ao encontro desse gosto do grupo e, acabámos por elaborar um projeto que se intitulava “O cantinho da música”.

(15)

6

Tema: “O cantinho da música”

Ideias-chave:

- Trabalhar de forma interdisciplinar e exploratória;

- Dinamizar atividades de expressões (plástica, musical e dramática); - Promover momentos de aprendizagem através do lúdico;

- Fomentar a partilha e o respeito pelo outro; - Criar situações de trabalho colaborativo; - Explorar instrumentos musicais;

- Construir os seus próprios instrumentos; - Criar o cantinho da música.

Indutores: - Histórias; - Sons; - Instrumentos musicais; Estratégias: - Fatores surpresa; - Jogos corporais; - Momentos de diálogo; Recursos materiais: - Histórias; - Rádio;

- Material plástico diverso; - Tecidos.

Objetivos centrados na criança: - Respeitar os colegas;

- Trabalhar as áreas expressivas com diretrizes específicas e sem diretrizes; - Trabalhar de forma colaborativa.

Objetivos pessoais (enquanto profissional):

- Ultrapassar o receio de trabalhar a expressão musical;

- Implementar atividades estimulantes em que as crianças fossem seres ativos e não meros observadores.

Avaliação

- Notas de campo;

- Diálogos em grande grupo.

Divulgação

- Exposição de trabalhos; - Diálogo com os familiares.

Todo este projeto foi desenvolvido tendo em vista a criação de um novo cantinho na sala, o cantinho da música. Todas as atividades realizadas no âmbito deste, foram ao encontro desse nosso objetivo. Acima de tudo, de aquilo que o grupo ia evidenciando como mais significativo no decorrer das atividades.

Realizámos atividades ligadas a todas as áreas de conteúdo, contudo focámo-nos mais nas atividades expressivas pelo facto de se tratar de um grupo de creche, onde é estritamente necessário colocar as crianças como agentes ativos durante todo o processo.

(16)

7 Figura 1 – Projeto “O cantinho da música”

1.1.5. Atividades desenvolvidas

Este projeto, tal como supra evidenciado foi sempre ao encontro da exploração dos instrumentos musicais, bem como à construção dos mesmos. Servem de exemplo algumas das fotografias acerca de: exploração de jogos de sinos; elaboração de um pau de chuva, de maracas, de guizeiras e de reco-recos. E, o final do projeto, o cantinho da música.

Importa referir que todas as atividades (figura 1) visaram o envolvimento em pleno do grupo como um todo e das crianças como ser individual, pois foram pensadas e planeadas com momentos de grande grupo, de pequeno grupo e individual.

Com as atividades

propostas, as crianças puderam explorar cores, texturas e sons bastante variados, sendo que foram sempre os agentes ativos da

(17)

8

1.2. Prática de Ensino Supervisionada em Jardim de Infância

O meu segundo estágio, no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, foi realizado de 6 de abril a 20 de maio de 2016, num jardim de infância, da rede pública, numa freguesia pertencente ao distrito de Santarém.

1.2.1. Caracterização da Instituição

Tal como descrito anteriormente, a instituição onde estagiei pertence à rede pública de ensino, situa-se numa zona limítrofe do centro da cidade, funciona no local desde 1997 e contempla apenas duas salas de atividades multietárias. O facto de ter apenas duas salas de atividades faz com que seja um estabelecimento de índole familiar. Quero com isto dizer que, devido ao facto de ser um estabelecimento pequeno, todas as crianças se conhecem e, como tal, criam vínculos entre si, sendo ou não da mesma sala.

Esta instituição tem capacidade para cinquenta crianças com idades compreendidas entre os três e os cinco / seis anos de idade e dá dois tipos de respostas aos seus utentes: a componente letiva, assegurada pelas educadoras titulares das salas e a componente de Atividades de Animação e Apoio à Família (A.A.A.F.), asseguradas pelas cooperantes externas. As A.A.A.F são implementadas pela Câmara Municipal, tendo a colaboração do Agrupamento de Escolas na supervisão e avaliação das mesmas.

Segundo documentos oficiais, nesta instituição destacam-se oito profissionais, das quais é possível mencionar: duas educadoras de infância, sendo que uma acumula funções de coordenadora do estabelecimento; quatro assistentes operacionais, uma docente de recurso de agrupamento e uma cozinheira – da empresa que gere os almoços.

A nível de infraestruturas, a instituição em questão, está bastante degradada. Tem um edifício velho, com algumas paredes interiores e exteriores danificadas, com diversos problemas ao nível da infiltração das águas das chuvas e tem áreas perigosas devido ao estado de degradação do edifício.

Em contrapartida, apesar de ser uma instituição bastante antiga e ter alguns problemas no que se reporta à segurança e higiene, contempla uma área exterior muito bem conseguida, uma vez que tem áreas amplas e zonas cobertas para os dias chuvosos. Importa salientar que esta instituição tem inúmeros recursos, quer nas salas, quer no espaço exterior o que, na nossa perspetiva, seriam aspetos muito relevantes e positivos, caso estes se encontrassem ao alcance das crianças.

No que concerne ao projeto de instituição, este não tem um tema específico pois está integrado em diversos outros projetos do agrupamento. Tal como pudemos ler no

(18)

9 Projeto Educativo do Agrupamento, todas as atividades e projetos desenvolvidos têm como objetivo a convergência de diversas áreas de conteúdos e a adequação pedagógica ao nível de desenvolvimento das crianças do grupo, assim sendo, os objetivos específicos eram: promover a participação em projetos e atividades, aumentar o envolvimento dos encarregados de educação na vida da escola, promover a qualidade do desenho e da oferta curricular, melhorar a articulação de todo o currículo, promover a inovação e a diferenciação pedagógica e, também promover o trabalho colaborativo entre docentes.

1.2.2. Caracterização da Sala

A sala onde decorreu a nossa intervenção educativa tem muitos problemas ao nível das infiltrações, tal como toda a instituição. Esta é bastante ampla, com excelente iluminação natural e tem uma enorme variedade de recursos: materiais de desgaste, livros, jogos, brinquedos, etc. Apesar de essa variedade ser olhada com positivismo, acaba por ter um lado negativo que é o facto de nada estar ao alcance das crianças. Isto é, no decorrer do estágio pudemos observar que os livros, os jogos, os brinquedos e os materiais disponíveis para as crianças eram sempre os mesmos – os incompletos, partidos, estragados-, o que acabava por não ser estimulante; uma vez que há uma variedade tão grande de recursos, na nossa perspetiva, a educadora deveria fazer uma permuta, a fim de as crianças poderem ter acesso a todos os equipamentos disponíveis e não estarem sempre a descobrir aquilo que há tanto já descobriram.

Apesar de a área da sala ser, efetivamente grande, a meu ver não é devidamente aproveitada. Com efeito, creio que as áreas podiam ser bastante mais organizadas e estimulantes a nível visual, de forma a se tornarem funcionais para quem as utiliza. Caso trabalhasse e/ou continuasse a estagiar no mesmo local iria ter isso em conta e tentar mudar as áreas da sala. Uma das alterações que faria era, sem dúvida, mudar a área da casinha de zona, uma vez que no sítio onde se encontra, acaba por perturbar quando se estão a realizar atividades em pequenos grupos. Outra das mudanças que faria era a troca da área do tapete para uma zona mais próxima da porta, a fim de facilitar o momento da chegada de algumas crianças de manhã e evitar a dispersão do restante grupo. Pois, deste modo, a criança entrava e sentava-se, sem andar a “passear” pela sala. Esta última mudança facilitava a interação entre a educadora e os pais e, acima de tudo, provocava menos turbulência na rotina da matinal. As alterações supra referidas iriam fazer com que toda a sala sofresse mudanças mas, ainda, assim creio que seriam mudanças extremamente positivas tanto para o grupo, como para a educadora e, até mesmo, para os pais.

(19)

10 “ao configurar cada novo Projeto Educativo, temos de pensar em como vamos estabelecer e organizar os espaços de maneira a que se convertam, adequadamente, facilitando tudo o que podemos fazer. Ao mesmo tempo criando uma estrutura de estímulos e oportunidades de expansão experiencial para as crianças.” p.122

As metodologias de ensino, tendo em conta o que foi falado com a educadora, são centradas no trabalho de projeto cooperativo, colaborativo e em equipa que têm como objetivo envolver as crianças em momentos de aprendizagem significativas, estimulando os seus interesses pessoais e a sua curiosidade, o seu desejo de compreender e conhecer as coisas, proporcionando oportunidades para o desenvolvimento de atitudes sociais e qualidades pessoais como a cooperação, a perseverança, a predisposição para o questionamento, a autoconfiança, a capacidade de refletir e comunicar, todavia não foi isso que pudemos observar no decurso do estágio.

As poucas atividades que eram realizadas, surgiam sem se compreender o fundamento e desapareciam do mesmo modo. Não havia articulação entre nada, fazia-se atividades simplesmente porque a sala do lado o fazia, também. Tanto esta experiência como a do estágio anterior nos fez questionar sobre o porquê de isto ser feito deste modo, ou seja, o porquê de os educadores/professores não planearem atividades com objetivos específicos, com diretrizes, com fios condutores, com articulação entre si, mas sim atividades alheadas das necessidades do grupo que hoje aparecem e amanhã desaparecem sem haver um términos propriamente dito da atividade, sem que as crianças tirem proveito de aquilo que estiveram a fazer. Ou seja, as atividades tinham um início mas, assim que parte do grupo começava a dispersar, a atividade terminava, tivessem todos feito / experienciado, ou não.

1.2.3. Caracterização do Grupo

O grupo em que estagiámos, tinha dezoito crianças, das quais oito eram de sexo feminino e dez de sexo masculino. Era um grupo multietário, sendo que catorze das dezoito crianças tinham três anos de idade e as restantes tinham quatro e cinco anos, todas elas residentes no concelho de Santarém, maioritariamente com a sua família nuclear.

As crianças deste grupo apesar de bastante agitadas, eram uma ternura. Não possuíam regras básicas de convivência social, um pouco também, por falta de incentivo ao seu cumprimento; Era difícil captar-lhes a atenção durante um período de tempo mais longo, em primeiro plano porque é próprio da idade e, também porque nunca foram habituados a tal, tendo em conta que a educadora, quando alguns elementos do grupo dispersavam, dava

(20)

11 a atividade por terminada, estando esta ainda no início – como é o caso da leitura de uma história, que acabava sempre por nunca ser lida até ao fim. Era um grupo difícil de gerir do ponto de vista das rotinas, pois ainda não conseguiam autorregular-se nas suas atitudes, aquando dos pedidos dos adultos. Era um grupo que não conseguia manter um “comboio”, dispersava com facilidade, e não acatava ordens. As crianças do grupo revelavam interesse principalmente nas áreas da expressão plástica, musical e, também, nas áreas que fomentassem o jogo simbólico. Contudo, apesar de revelarem interesse, notámos que estavam pouco estimulados a nível da motricidade fina. Era um grupo curioso, com vontade de descobrir e explorar, o que se tornou estimulante quando se levava algo “inovador” ou, simplesmente, diferente do habitual, pois queriam todos saber o que era, como funcionava, etc.

Todas estas situações nos levavam a crer que nada faria mais sentido do que ajudar o grupo a autorregular os comportamentos, de forma a eles próprios tirarem mais proveito das situações rotineiras do dia a dia.

Como tal, decidimos que seria interessante desenvolver um projeto que colmatasse esta enorme lacuna, evidenciando a importância das regras e das rotinas, que é tão relevante na Educação Pré-Escolar. A ausência de regras, segundo Schmuck & Schmuck (1992) citado por Amado (2000), “(…) torna insuportável a vida dos grupos e, muito especialmente, impossibilita o trabalho da aula e afeta todos os alunos (…)” (p. 11) pois torna o ambiente na sala pouco propício às aprendizagens e favorável à ocorrência facilitada de indisciplina e conflitos.

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997) fazem uma breve referência à rotina diária, admitindo que a sucessão de cada dia ou sessão tem um determinado ritmo, existindo, deste modo, uma “rotina que é educativa porque é intencionalmente planeada pelo educador e porque é conhecida pelas crianças que sabem o que podem fazer nos diferentes momentos e prever a sua sucessão, tendo a liberdade de propor modificações” p. 40.

Assim sendo, decidimos desenvolver um projeto que envolvesse as rotinas diárias, definindo-as com a ajuda do grupo e mudando alguns hábitos existentes, pois acreditamos que durante o período pré-escolar é de extrema importância a aquisição de certos hábitos uma vez que constituirão a base de aprendizagens em etapas ulteriores. Além disso, “quando a rotina é consistente, permite à criança aceder a tempo suficiente para perseguir os seus interesses, fazer escolhas e tomar decisões, e resolver problemas à dimensão da criança no contexto dos acontecimentos que vão surgindo.” (Hohman & Weikart, 2007).

(21)

12 Durante este tempo de estágio procurámos trabalhar, com o grupo, questões cívicas e, “se queremos contribuir para o desenvolvimento cívico de cidadãos participativos desde os anos da infância, temos de providenciar experiências onde as crianças se sintam participantes, se sintam com poder” (Oliveira-Formosinho e Lino, 2008, p.70). Procurámos, também, criar situações de partilha e de reconhecimento do espaço do “eu” e do “outro”, incentivei o “obrigada” depois de receber algo e o “se faz favor” caso quisessem mais. Segundo Robert (2004) “(…) a Educação de Infância de qualidade proporcionam a existência de oportunidades cruciais para se investir uma sociedade mais civilizada.” p.158. Proporcionámos situações em que as crianças tivessem de decidir por elas o que fazer e, também, interviemos quando achámos que deveríamos intervir.

Com o projeto trabalhámos questões cívicas, tal como supra mencionado, pelo facto de as crianças e até mesmo os adultos estarem em constante construção. E, na nossa perspetiva, adquirir regras de saber estar, saber ser e saber fazer é tão ou mais importante do que simplesmente saber. Com três anos, achamos muito mais importante que consigam dizer um “obrigado”, um “se faz favor”, um “desculpa” do que saberem que o sol é amarelo e que a relva é verde, pois a base do futuro está, efetivamente, nas regras de conduta sociais. Quadro 2 - Síntese do projeto desenvolvido – JI

Tema: “A importância das rotinas e a valorização do outro”

Ideias-chave:

- Estabelecer momentos de rotinas;

- Criar instrumentos de pilotagem e regras de ouro; - Incutir o respeito pelos materiais e pelo espaço; - Fomentar a partilha e o respeito pelo outro; - Criar situações de aprendizagem colaborativa. Indutores:

- Explorar os

conhecimentos prévios das crianças acerca das temáticas a abordar; - Histórias infantis; - Canções temáticas;

Estratégias:

- Fatores surpresa para iniciar as atividades; - Momentos de conversa; - Decisão de onde colocar os instrumentos de pilotagem, por todo o grupo;

- Decisão das regras de ouro, por todo o grupo; - Desenvolver atividades de grande grupo; Recursos materiais: - Histórias infantis: *Os coelhinhos descobrem o céu *Desculpa-me *Elmer *O menino de todas as cores *A lagartinha comilona *Sou demasiado pequena para…

(22)

13 - Desenvolver atividades

de pequeno grupo; - Partilhar experiências e conhecimento adquirido com os colegas que faltaram e com os colegas da outra sala.

- Computador; - Fantocheiro;

- Materiais de desgaste de apoio às atividades: tintas, esferovite, cartolinas, colas, etc…

Objetivos centrados na criança: - Saber estar;

- Respeitar o outro;

- Utilizar as regras de conduta social;

- Ser autónomo na gestão das atividades escolhidas; - Conhecer outras culturas;

- Percecionar as diferenças físicas e vê-las como algo positivo.

Objetivos pessoais (enquanto profissional):

- Ultrapassar a dificuldade em gerir um grupo sem qualquer regra incutida; - Implementar atividades diferentes de aquilo que se fazia habitualmente na sala; - Implementar atividades com princípio, meio e fim;

- Tornar o grupo autónomo, consciente das suas atitudes e respeitador.

Avaliação

- Notas de campo; - Filmagem;

- Análise dos filmes em grande grupo; - Diálogos em grande grupo.

Divulgação

- Exposição de trabalhos; - Diálogo com os familiares.

No decorrer do estágio considerámos o tipo de atividades e a forma como estas eram realizadas, um ponto fraco. Por esse motivo, a metodologia utilizada prendeu-se com o facto de colocarmos a criança como um agente ativo no seu próprio desenvolvimento, procurando dar sentido imediato a tudo o que fomos realizando. Desta forma, estimulámos as crianças a agirem de forma autónoma durante todo o processo.

Durante o estágio valorizámos muito os hábitos e horários de rotina implementados pelo estabelecimento e, também, os valores e as regras de conduta sociais de forma a desenvolverem o saber estar e a sua autonomia, tornando-se seres livres, autónomos e solidários.

(23)

14 ouro e às histórias que fomos contando a fim de o grupo começar a transpor as atividades realizadas para a sua própria rotina, ou seja, a mentalizar-se e atuar consoante as atitudes corretas a ter.

Uma das metodologias, por nós utilizadas foi a filmagem e a posterior visão das imagens, a fim de conseguirmos mostrar ao grupo as suas próprias atitudes, tentando que estes se focassem nos comportamentos bons e nos menos bons, procurando sempre melhorá-los.

1.2.5. Atividades desenvolvidas

Todas as atividades realizadas (figura 2, 3 e 4) foram planeadas com base num fio condutor, ou seja, todas elas estão interligadas em algum ponto, o que se tornou, realmente, benéfico para o desenvolvimento e compreensão das crianças.

Notámos que o projeto que desenvolvemos foi uma mais-valia para a educadora cooperante, que em muito nos agradeceu e para as crianças, pois começaram a respeitar-se a eles próprios e, acima de tudo, aos outros.

Este projeto, tal como supra evidenciado foi ao encontro da importância das rotinas e do respeito pelo outro, como tal, elaborámos diversas atividades, as quais estão aqui representadas por forma de fotografia e, em anexo, por forma de planificação (anexo I).

Figura 2 - Atividade “desculpa-me”

(24)

15 Figura 2- Atividade interdisciplinar “Menino de todas as cores”

(25)

16

1.3. Prática de Ensino Supervisionada em 1º Ciclo do Ensino Básico – 1º ano

O meu terceiro estágio, no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, foi realizado de 5 de dezembro de 2016 a 27 de janeiro de 2017, numa escola da rede pública, numa freguesia pertencente ao distrito de Santarém, na valência de 1º Ciclo, em uma turma de 1º ano de escolaridade.

1.3.1. Caracterização da Instituição

Tal como descrito anteriormente, a instituição onde estagiei pertence à rede pública de ensino, situa-se numa zona limítrofe do centro da cidade, funciona no local desde 2004.

O presente estabelecimento educacional aceita crianças com idades compreendidas entre os três e os catorze anos. O corpo docente apresenta-se estruturado segundo as suas especificidades e é composto por duas educadoras de infância, 6 professores do 1º Ciclo, dois professores especializados em Necessidades Educativas Especiais e três professores de Apoio Educativo, sendo somente um deles de apoio à coordenação. No que concerne ao funcionamento extra docente, a escola conta a presença de 9 assistentes operacionais.

No que diz respeito aos aspetos físicos e materiais, na nossa perspetiva, a instituição encontra-se com uma excelente organização. O edifício tem dois pisos, ligados entre si por uma escadaria principal e, ligados às diversas divisões, por corredores.

Na nossa perspetiva, o edifício é adequado às condições de todas as crianças, a nível de acesso e a nível de funcionalidade. O edifício possui um sistema de sinais no teto, direcionado aos alunos surdos, com o intuito de avisar as crianças do toque de entrada e saída. No entanto, o único aspeto negativo com que nos deparámos é o facto de o refeitório não possuir dimensões suficientes para albergar todos os alunos, o que faz com que se tenha de efetuar turnos para as diferentes turmas poderem almoçar.

O Projeto Educativo do Agrupamento de escolas em que este estabelecimento está inserido pretende promover uma educação para todos, ou seja, uma educação que assente no respeito pela diversidade, existindo, em simultâneo, uma articulação entre os diferentes níveis de ensino.

Desta forma, ambiciona-se progredir na eficácia da resposta educativa para problemas que surjam devido aos diferentes contextos escolares, com o intuito de que todos os alunos consigam aprender mais e melhor, seguindo os princípios gerais nacionais e os deliberados pelo agrupamento, sem desvalorizar, contudo, o papel transformador da escola acerca dos valores universais e humanistas.

(26)

17 Todas as atividades realizadas pelo agrupamento encontram-se no Plano Anual de Atividades (PAA), sendo este o primeiro nível de operacionalização de projeto. Este plano visa diretamente a ação educativa, para a qual traça orientações precisas e modalidades em consonância, bem como tem como objetivo desenvolver a nível pedagógico, organizacional, social e relacional dos alunos.

1.3.2. Caracterização da Sala

Relativamente à sala onde estagiámos, consideramos que a mesma possui todos os equipamentos necessários para que a transmissão dos valores e aprendizagens dos mais diversos conteúdos sejam efetuados da melhor forma. A sala conta ainda com uma boa iluminação natural, uma vez que dispõe de uma janela ampla que promove a existência de um ambiente soalheiro e acolhedor.

Apesar de os recursos e equipamentos serem bastantes e, sem dúvida, adequados ao grupo, é de salientar que, a disposição dos placares de cortiça não é a mais indicada para uma turma de 1º ano uma vez que, neste contexto, é fundamental o apoio de diversos materiais (como cartazes com letras, ditongos, números, entre outros) na frente do aluno e não atrás dos mesmos, tal como se encontram. Todavia a professora tenta minimizar a situação colando cartazes na luz do quadro de ardósia e, também, nas portas dos armários que ficam à direita dos alunos.

Na nossa perspetiva os lugares ocupados pelos discentes também se encontravam distribuídos de forma menos correta quando chegámos, uma vez que, alguns dos alunos que estavam em filas de trás deveriam estar mais próximos da professora e do quadro, para não haver distrações de maior.

Importa salientar que, durante o período de estágio de intervenção, os alunos estiveram organizados de inúmeras maneiras, o que na nossa perspetiva não é benéfico. Quando chegámos a sala estava organizada em U, posteriormente a professora organizou a turma em grupos de nível, seguidamente colocou-os todos virados para o quadro dois a dois, depois acabou por voltar à forma de U e, por fim, ficaram novamente em grupos de nível1. Este último tipo de organização que permaneceu até ao final do nosso estágio, na nossa perspetiva, acaba por ter benefícios e, também, malefícios adjacentes. Isto é, apesar de ser bastante positivo para os alunos terem um apoio específico na realização de algumas tarefas, acaba por ser negativo para quem está a tentar explicar à turma, como um todo, algum conteúdo. Ou seja, apesar de na hora de estarmos a realizar tarefas, este tipo de

1 Segundo a docente titular, “grupos de nível” são grupos elaborados em função das capacidades intelectuais

dos alunos, ou seja, o grupo com os alunos que necessitavam de mais apoio, o grupo dos alunos que estavam num nível intermédio e que por esse motivo necessitavam de menos apoio que o outro grupo e, por fim, o grupo de alunos que estava mais avançado e que conseguia realizar as tarefas de forma autónoma.

(27)

18 quem intervém acaba por acarretar uma maior dificuldade, pois alguns alunos não vêm devidamente para o quadro, outros acabavam por não ouvir e, ainda outros, acabavam por estar a falar com a professora titular. Assim, consideramos que esta organização é profícua no que concerne à especificidade de cada criança, mas não ao grupo como um todo.

As atividades desenvolvidas eram estanques e muito iguais entre si, uma vez que se prendiam única e exclusivamente com a utilização dos manuais e dos recursos digitais. Não havia preocupação em articular as disciplinas entre si e, muito menos, em realizar atividades do foro artístico por “não haver tempo”. As aulas tornavam-se, por esse motivo, bastante monótonas e pobres no que concerne à diversidade.

1.3.3. Caracterização do Grupo

A turma na qual estivemos a estagiar é constituída por 23 alunos, dos quais 15 são do sexo feminino e 8 do sexo masculino, em que a maioria tem 6 anos de idade e, apenas dois, têm 7 anos.

A turma conta com uma professora titular, uma professora de Apoio Educativo (Ninho2) e professores referentes às respetivas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) por forma a tornar a evolução dos alunos mais proveitosa. Na questão referente aos professores de Ninho, não tem que ver intrinsecamente, com o facto de serem crianças com menor capacidade intelectual, mas sim, com crianças que necessitam de um apoio específico num dado momento do seu percurso escolar.

Os alunos da turma vêm, de uma maneira geral, de um meio socioeconómico médio-baixo e a maior parte dos pais possui formação até ao 12ºano, inclusive. Quatro alunos provêm de famílias moldavas, todavia são alunos bastante empenhados; são muito bons no que concerne à disciplina de matemática, mas com algumas lacunas ao nível da disciplina de Português, derivado à dificuldade em articular alguns fonemas e compreensão de discurso.

O grupo, numa forma geral é bastante agitado, barulhento e tem dificuldade em cumprir regras e acatar decisões. Outro dos problemas que lhe está associado é o facto de não saberem comportar-se, seja na sala de aula ou fora dela. Em conversas informais com a docente titular, apercebemo-nos que esta tem uma opinião contrária à nossa, sendo que

2

A professora de ninho acolhe, temporariamente, os alunos que precisam de apoio mais intensivo / específico / individualizado. O Ninho é uma solução organizacional, temporária e flexível. Estes pequenos grupos trabalham diferentes níveis de conteúdos, não sobrecarregam o tempo letivo dos alunos, uma vez que existe simultaneidade de horário entre a turma e o Ninho, ou seja, é um apoio fornecido aos alunos na hora em que estão a ter aquela disciplina, à qual precisam de apoio que, neste caso, é a disciplina de Português. Os alunos integram o Ninho, após diagnóstico inicial realizado pelo docente titular de turma, sendo a sua permanência, ou não, constantemente reavaliada pelos docentes em questão – docente titular de turma e docente do ninho.

(28)

19 evidencia sinais claros de que é uma turma muito bem-comportada e calma, o que nunca se verificou no decorrer do estágio, seja em contexto de sala de aula, seja em saídas de campo. Esta situação chegou a ser, por nós, muitas vezes discutida porque acabávamos por não compreender o porquê de termos uma ideia tão dispare, em relação à da cooperante, da mesma realidade. Tentámos compreender os aspetos que a docente valorizava a nível do comportamento, pois podíamos avaliar de forma diferente e, até mesmo, desadequada, todavia a ideia da docente era muito similar à nossa a nível das competências a avaliar, portanto acabámos por nunca compreender o porquê de termos uma visão tão diferente, até porque a docente nunca nos esclareceu nesse sentido, afirmando que eram “opiniões”.

Esta turma evidenciou, desde início, um apreço especial no que concerne a atividades expressivas e que tenham que ver com a experiência, o aprender fazendo.

Em suma, a nossa observação e intervenção ao longo do período de estágio, possibilitou-nos caracterizar a turma e selecionar alguns pontos fortes e pontos fracos da mesma. De facto, na nossa opinião trata-se de um grupo assíduo e pontual que quando falta é por motivos de doença, bastante interessado e trabalhador nas tarefas propostas, com grande gosto em ouvir histórias e em realizar atividades expressivas. É um grupo bastante criativo e com espirito de entreajuda na medida em que se verificava que os alunos que terminavam as tarefas mais rapidamente e, após verificarem se as mesmas estavam corretas, faziam questão de nos perguntar se podiam ajudar o colega, apresentando grande facilidade na aceitação das diferenças.

No entanto, os problemas de falta de atenção e desconcentração são também uma constante, tal como suprarreferido. A turma é um pouco desorganizada nas intervenções e apresenta algumas dificuldades no cumprimento de regras de comunicação dentro da sala de aula o que por vezes dificulta a aprendizagem e a comunicação.

O Projeto Curricular de Turma é realizado pela professora titular e dá resposta às necessidades educativas e os ritmos de aprendizagem, de cada aluno e da turma, respeitando o princípio da diferenciação pedagógica.

De facto, a caracterização da turma e dos alunos que a compõem é decisiva e determinante, tanto no que diz respeito à aplicação dos diversos recursos educativos, metodologias, estratégias e atividades disponíveis e possíveis, de modo a que os alunos aprendam e desenvolvam as suas competências, cumpram e superem os resultados esperados, como relativamente à fundamentação justificada e previsível do seu não cumprimento e/ou superação destes mesmos resultados.

(29)

20

1.3.4. Projeto Desenvolvido

Durante as semanas de observação procurámos interpretar pequenas manifestações dos alunos para conseguirmos ir ao encontro dos seus interesses e satisfazer as suas necessidades e curiosidades. O que é facto é que estes mostraram sempre especial gosto pela área da expressão plástica, mesmo evidenciando falta de estímulos e diversidade no que concerne às atividades dinamizadas pela professora titular, que se limitava a fazê-los desenhar imagens de algo ou pintar figuras estereotipadas.

A metodologia utilizada prendeu-se com o facto de tentarmos colocar os alunos perante metodologias de trabalho diferentes da habitual, dispondo-os a trabalhar maioritariamente em pares e em pequenos grupos, por forma a estimular o respeito pela opinião pelo outro, criando momentos de conflito de ideias, pois só assim conseguirão conviver em sociedade, um dia mais tarde – sabendo ouvir o outro e respeitá-lo, fazendo escolhas e aceitando críticas.

Tivemos como base as áreas de expressões e procurámos trabalhá-las através de uma abordagem interdisciplinar, de forma a que os alunos conseguissem interligar todos os conceitos e atividades, tanto quanto possível, para tirarem melhor proveito de todo o processo. Tentámos, o mais possível, colocar os alunos como seres ativos da sua aprendizagem e, desta forma, fomos estimulando-os a agirem de forma autónoma. O que nem sempre se revelou fácil, tendo em conta que se tratava de uma turma de primeiro ano.

Durante o estágio valorizámos muito os hábitos de rotina implementados pela docente titular e, também, os valores e as regras de conduta sociais, à semelhança de estágios anteriores porque sempre considerámos bastante pertinentes para o crescimento pessoal.

Quadro 3 - Síntese do projeto desenvolvido – 1ºCEB – 1ºano

Tema: “A interdisciplinaridade – Valorização das Expressões”

Ideias-chave:

- Trabalhar de forma interdisciplinar e exploratória;

- Dinamizar atividades de expressões (plástica, musical e dramática); - Promover momentos de aprendizagem através do lúdico;

- Fomentar a partilha e o respeito pelo outro; - Criar situações de trabalho colaborativo.

(30)

21 Indutores: - Manual escolar; - Recursos do manual escolar; - Exploração dos conhecimentos prévios dos alunos acerca das temáticas a abordar; - Comemoração de efemérides; Estratégias: - Fatores surpresa; - Jogos didáticos; - Momentos de diálogo; - Partilha de aprendizagens; - Elaboração de trabalhos expressivos, em grupo; - Trabalhar a pares, em pequenos grupos e em grande grupo; Recursos materiais: - Histórias; - Manual escolar;

- Material plástico diverso;

Objetivos centrados na criança: - Trabalhar de forma articulada;

- Trabalhar em pares, em pequenos grupos e em grande grupo, de forma colaborativa;

- Novas técnicas de expressão plástica, dramática e musical; - Respeitar a opinião dos colegas;

- Trabalhar as áreas expressivas com diretrizes específicas e sem diretrizes;

Objetivos pessoais (enquanto profissional):

- Ultrapassar a dificuldade em gerir um grupo de 1º ciclo;

- Implementar atividades diferentes de aquilo que se fazia habitualmente na sala; - Tornar o grupo autónomo, consciente das suas atitudes e respeitador;

- Criar momentos de aprendizagem interdisciplinar;

- Criar atividades com um fio condutor, estando intrinsecamente ligadas. Avaliação

- Notas de campo; - Filmagem;

- Grelhas de observação; - Diálogos em grande grupo.

Divulgação

- Exposição de trabalhos; - Diálogo com os familiares.

Na nossa perspetiva, este projeto revelou ser bastante positivo, quer para nós, quer para o grupo, uma vez que se desenvolveram atividades e estratégias inovadoras para todos. Para nós, pois tratou-se de conseguir interligar conceitos e matérias aparentemente distintas. Para o grupo, uma vez que tentámos tanto quanto possível envolve-lo significativamente nas aprendizagens e, tornar tudo lógico aos seus olhos e para a docente titular, uma vez que adotou algumas das estratégias por nós inicialmente implementadas.

(31)

22

1.3.5. Atividades desenvolvidas

Este projeto, tal como supra evidenciado foi ao encontro da realização de atividades que se interligassem. Nestas atividades partimos, maioritariamente da disciplina de Estudo do Meio e, consequentemente abordámos as outras áreas: quer científicas, quer artísticas.

Através de uma história trabalhámos a Matemática, o Estudo do Meio, a Expressão Musical e a Expressão Plástica (figura 5 e 6). E, através da temática dos materiais moldáveis e não moldáveis (Estudo do Meio), trabalhámos a Expressão Dramática, a Expressão Plástica, e o Português (Figura 7). Servem de exemplo as atividades abaixo evidenciadas por forma de fotografia e a planificação inserida em anexo relativa à atividade “Natal nas asas do arco-íris” (anexo II).

Figura 3 – Atividade “Quem sou eu?”

Figura 4 - Atividade interdisciplinar "Natal nas asas do arco-íris" (planificação no anexo II)

(32)

23 Figura 5 - Atividade interdisciplinar "Dez dedos, dez segredos"

(33)

24

1.4. Prática de Ensino Supervisionada em 1º Ciclo do Ensino Básico – 4º ano

O meu quarto estágio, no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, foi realizado de 24 de abril a 2 de junho de 2017, numa escola da rede pública, numa freguesia pertencente ao distrito de Santarém, na valência de 1º Ciclo, em uma turma de 4º ano de escolaridade.

1.4.1. Caracterização da Instituição

Tal como descrito anteriormente, a instituição onde estagiei pertence à rede pública de ensino, situa-se numa zona limítrofe do centro da cidade, funciona no local desde 2015.

O presente estabelecimento educacional aceita crianças com idades compreendidas entre os três e os catorze anos e, à data, frequentam duzentas e vinte crianças, das quais cento e cinquenta e cinco pertencem ao 1ºCiclo do Ensino Básico e as demais ao Jardim de Infância. O corpo docente apresenta-se estruturado segundo as suas especificidades e é composto por cinco educadoras de infância (três com componente letiva, uma em função de coordenação e uma sem componente letiva), seis professores do 1º Ciclo e um professor especializado em Educação Especial que dá apoio a todas as salas. No que concerne ao funcionamento extra docente, esta instituição conta a presença de sete assistentes operacionais do quadro e três ao abrigo dos Contratos de Emprego Inserção (C.E.I.).

Na nossa perspetiva o edifício, além de estar bem dividido e conservado, é adequado às condições de todas as crianças quer a nível de acesso, quer a nível de funcionalidade, uma vez que obedece aos critérios estipulados por lei. O número de casas de banho é suficiente tendo em conta o número de crianças, as salas são bastante iluminadas do ponto de vista natural, os acessos estão idealizados para poderem ser utilizados até por pessoas com mobilidade reduzida e todas as salas estão equipadas com material tecnológico. Na nossa perspetiva a escola possui um ponto negativo que se prende com a hora da refeição que, devido à dimensão do refeitório, tem de ser feita por turnos, o que acaba por ser uma desvantagem no que reporta à organização.

O espaço exterior é um local bastante agradável, tem uma vasta área e está bem organizado do ponto de vista das estruturas. Isto significa que, além de ser um espaço grande foi igualmente bem pensado a fim de desenvolver as crianças a nível social e motor, uma vez que possui áreas que favorecem a brincadeira livre, os jogos individuais, os jogos em grupos e a interação entre pares. O que, na nossa visão, se revela uma mais valia. Pelo que pudemos observar, o recreio tem um espaço destinado à organização das turmas no momento em que soa o toque para a entrada, o que revelou ser uma estratégia muito bem

(34)

25 conseguida, pois os alunos à hora, encontravam-se ordeiramente atrás da fita amarela do chão (estas fitas são da cor das respetivas salas).

1.4.2. Caracterização da Sala

A sala onde nos encontramos a estagiar, na nossa perspetiva, possui todos os equipamentos necessários para que a aprendizagem dos valores e dos mais diversos conteúdos sejam efetuados da melhor forma, na medida em que possui as condições necessárias para tal.

A sala dispõe de um armário para organização do material do docente, um placard de cortiça onde se afixam alguns trabalhos dos discentes, um armário de cubos onde os alunos deixam os seus manuais e cadernos diários, um quadro de giz e um interativo, diversas mesas e cadeira e ainda uma sala de apoio às atividades plásticas com lavatórios e zonas de arrumação. A sala apresenta uma boa iluminação natural devido às grandes janelas e tem, também, um ar condicionado que em pouco ajuda a superação do calor que, por vezes, se faz sentir dentro da sala.

É de salientar, que a disposição dos placares de cortiça, tal como no estágio anterior, não é a mais indicada para uma turma de 1º ciclo uma vez que, neste contexto, é fundamental o apoio de diversos materiais na frente do aluno e não atrás dos mesmos, tal como se encontram. Todavia o professor tenta minimizar a situação colando cartazes nas paredes que ficam ao lado dos alunos.

Os alunos, durante as aulas, estão divididos por grupos de quatro elementos o que, na nossa perspetiva, acaba por ser uma organização bastante benéfica, uma vez que os alunos trabalham de forma individual e, quando necessário, acabam por se entreajudar.

No que concerne às atividades, concluímos que, à semelhança do estágio anterior, o docente recorria aos manuais escolares e aos recursos digitais para trabalhar nas suas aulas. Isto, como pudemos observar, foi semelhante em todos os estágios, ou seja, os docentes acabam por trabalhar todos de forma bastante similar, procurando fazer aquilo que está ao seu alcance, ao invés de trabalhar por forma a cativar e envolver os alunos o mais possível.

1.4.3. Caracterização do Grupo

A turma na qual estagiámos é constituída por 26 alunos, dos quais 18 são do sexo masculino e 8 do sexo feminino, provenientes de um meio socioeconómico médio-alto. A maioria dos discentes tem 10 anos de idade, sendo que a turma tem quatro alunos com 11 anos, um com 12 e um com 13 anos.

(35)

26 Apoio Educativo, uma professora de Educação Especial e três professoras referentes às respetivas AEC’s, por forma a tornar a evolução dos alunos mais profícua.

Dos 26 alunos que compõe a turma, três estão ao abrigo do DL nº3/2008 e beneficiam das alíneas: a) Apoio Pedagógico Personalizado e d) Adequações no Processo

de Avaliação. As medidas educativas, descritas nos seus Programas Educativos

Individuais (PEI), encontram-se adequadas aos seus perfis de funcionalidade e, segundo os documentos facultados, foram aplicadas por todos os intervenientes no seu processo educativo.

A definição dos problemas reais da turma e das suas potencialidades tem como base os domínios que constam nos critérios de avaliação previamente definidos no plano de turma: cognitivo, desempenho, atitudes e valores.

Neste contexto, as dificuldades apresentadas pela turma situam-se na aquisição de métodos de trabalho, compreensão de alguns conceitos, factos e acontecimentos, capacidade de transmitir os seus conhecimentos e ideias por escrito, demonstração de autonomia, métodos de trabalho e estudo. As potencialidades demonstradas pela turma inserem-se na criatividade, participação positiva nas atividades da sala de aula, empenho, cumprimento das tarefas atribuídas, cooperação nos trabalhos de grupo, assiduidade e demonstração de consciência cívica.

O grupo, de uma forma geral é bastante calmo e respeitador, apresentando uma irrequietude e falta de atenção/concentração residuais. Em conversas informais com o docente titular, apercebemo-nos que este tem, por opção, uma postura muito rígida no que se reporta ao cumprimento de regras de saber estar, saber ser e saber fazer por parte dos discentes, o que faz com que a turma seja muito boa ao nível do comportamento.

Esta turma evidenciou um apreço especial no que concerne a atividades expressivas e que tenham que ver com o envolvimento no ato de aprender, ou seja, o aprender fazendo.

1.4.4. Projeto Desenvolvido

Durante este estágio e todos os outros, como é evidente nas descrições acima, valorizámos muito os hábitos de rotina implementados pelo docente titular e, no caso deste, tivemos de trabalhar de forma rígida os tempos letivos indicados.

De forma a contornar e dar continuidade ao estudo que nos propusemos fazer em estágios anteriores, voltámos a querer trabalhar no âmbito da integração curricular, mais propriamente de modo interdisciplinar, sabendo de antemão o quão difícil seria tendo em

(36)

27 conta a complexidade do currículo, bem como as horas letivas obrigatórias, de cada disciplina, definidas pelo ministério, pela escola e pelo docente.

No decurso da observação realizada durante as primeiras semanas apercebemo-nos que este grupo revelava especial interesse pela área de Estudo do Meio, o que fez com que algumas das atividades tivessem surgido a partir de essa área disciplinar.

Os alunos desta turma eram extremamente ativos e curiosos, como tal, foi-nos mais fácil envolvê-los e estimulá-los a agirem de forma mais presente, no sentido crítico, e no sentido da autonomia, ainda que a turma já o fosse.

Quadro 4 - Síntese do projeto desenvolvido – 1ºCEB – 4ºano

Tema: “A interdisciplinaridade – Valorização das Expressões”

Ideias-chave:

- Trabalhar de forma interdisciplinar e exploratória;

- Dinamizar atividades de expressões (plástica, musical e dramática); - Promover momentos de aprendizagem através do lúdico;

- Fomentar a partilha e o respeito pelo outro; - Criar situações de trabalho colaborativo. Indutores: - Manual escolar; - Recursos do manual escolar; - Exploração dos conhecimentos prévios dos alunos acerca das temáticas a abordar; - Comemoração de efemérides; Estratégias: - Fatores surpresa; - Jogos didáticos; - Momentos de diálogo; - Partilha de aprendizagens; - Elaboração de trabalhos expressivos, em grupo; - Trabalhar a pares, em pequenos grupos e em grande grupo; Recursos materiais: - Histórias; - Manual escolar;

- Material plástico diverso;

Ligação com outras áreas: - Matemática com

Expressão Plástica (Mondrian);

- Estudo do Meio com Português e Matemática (Circuitos elétricos); - Matemática com Português (durante a leitura de um texto) Objetivos centrados na criança:

- Trabalhar de forma articulada;

- Compreender que o conhecimento se constrói com base em diferentes áreas do saber e que todas elas contribuem para interpretar o mundo que nos rodeia;

(37)

28 colaborativa;

- Novas técnicas de expressão plástica, dramática e musical; - Respeitar a opinião dos colegas;

- Trabalhar as áreas expressivas com diretrizes específicas e sem diretrizes;

Objetivos pessoais (enquanto profissional):

- Ultrapassar a dificuldade em gerir um grupo de 1º ciclo;

- Implementar atividades diferentes de aquilo que se fazia habitualmente na sala; - Criar momentos de aprendizagem interdisciplinar;

- Criar atividades com um fio condutor, estando intrinsecamente ligadas. Avaliação - Avaliação formativa; - Notas de campo; - Rúbricas analíticas; - Listas de verificação; - Escalas de classificação; - Diálogos em grande grupo.

Divulgação

- Exposição de trabalhos e respetivos descritores no Jardim da Liberdade, no dia da criança.

Este projeto foi, na nossa perspetiva, o culminar de todas as aprendizagens, leituras e interpretações realizadas durante os estágios supra mencionados. Isto é, aquilo que tomámos como menos positivo nos estágios anteriores, foi aquilo que fomos melhorando em todos os outros e que quisemos melhorar, ainda mais, neste estágio. Importa referir que se destaca o foco que foi dado à avaliação e as estratégias novas utilizadas; o ato da operacionalização bastante mais bem conseguido; a fluidez de ideias para criar algo transversal a nível das atividades, etc.

Em suma, consideramos que este estágio foi, sem dúvida, o reflexo do nosso crescimento enquanto profissionais e, acima de tudo, o espelho de todo o trabalho realizado até então.

1.4.5. Atividades desenvolvidas

Este projeto, tal como supra evidenciado foi ao encontro da realização de atividades interdisciplinares. Servem de exemplo as atividades abaixo evidenciadas por forma de fotografia. Através da celebração do dia da mãe trabalhámos a contração e dilatação de materiais (Estudo do Meio), trabalhámos a área por enquadramento (Matemática) e os poemas visuais (Português e Estudo do Meio) (Figura 8); Serve, também, de exemplo a

Imagem

Figura 2 - Atividade “desculpa-me”
Figura 3 – Atividade “Quem sou eu?”
Figura 7 - Atividade interdisciplinar "A eletricidade"
Figura 9 – Rede esquemática para a Integração Curricular  (Fonte: Beane, 1997, p.22)
+3

Referências

Documentos relacionados

• Quando o navegador não tem suporte ao Javascript, para que conteúdo não seja exibido na forma textual, o script deve vir entre as tags de comentário do HTML. <script Language

Com a realização da Ficha de Diagnóstico, o professor deve averiguar as aprendizagens dos alunos já realizadas sobre números racionais não negativos – operações e propriedades.

PROVA DE INGRESSO ‐ PÓS‐GRADUAÇÃO EM FÍSICA  ÁREA: FÍSICA APLICADA  OPÇÃO: FÍSICA BIOMOLECULAR  20 de outubro de 2009 

O Estágio Profissionalizante do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas da Universidade (NMS|FCM) é composto por

For the present study, considering the European countries only, and also the countries belong- ing to the European Union (EU countries, including the UK, which was a member state

Contrariamente à relevância que encontramos nalguma da literatura internacional sobre práticas arquivísticas de cariz mais informal e DIY que, como vimos

Resumo: Com o objetivo de avaliar a incidência de Cosmopolites sordidus (Germar, 1824) em uma área degradada em transição agroecológica iniciou-se o monitoramento de adultos

Possivelmente, o «sentido» é aigo transmitido, pelo menos em parte, pelo comportamento não-verbal da mãe; o modo como as mães utilizam as palavras no con- texto